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REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E AS IMPLICAÇÕES PARA A POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL

RAIMUNDO SOUSA1

RESUMO

Discute a política educacional no contexto brasileiro a partir das mudanças e transformação da estrutura da sociedade capitalista. A partir de referenciais teóricos analisa as mudanças provocadas pela reestruturação produtiva que afetam o processo educacional e as políticas em geral. Uma delas é a redução dos direitos sociais provocada pelas reformas em andamento no congresso nacional que objetivam favorecer projetos da classe dominante ao mesmo tempo em que buscam ampliação de riquezas à custa da exploração da classe trabalhadora.

Palavras-chave: Educação, Crise do capital, Estado, política educacional brasileira

ABSTRACT

It discusses educational policy in the Brazilian context from the changes and transformation of the structure of capitalist society.

From theoretical frameworks analyzes the changes brought about by productive restructuring that affect the educational process and politics in general. One of them is the reduction of social rights caused by the ongoing reforms in the national congress that aim to favor projects of the ruling class while seeking to expand wealth at the expense of the exploitation of the working class.

Keywords: Education, Crisis of capital, State, Brazilian educational policy

1 Doutorando em Educação, linha Políticas Públicas Educacionais, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Pará.

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade capitalista é marcada pela desigualdade social expressa principalmente pela exploração do trabalho e apropriação de riquezas por uma minoria dominante que se articula regularmente pela manutenção do status quo frente ás resistências das classes exploradas. Este comportamento da classe dominante é fundamental para a continuidade do capitalismo que, conforme as condições objetivas da realidade, tem passado por diferentes mutações com vistas a sua reestruturação, com o objetivo de acumular riquezas via exploração do trabalho humano.

Segundo Lazzareschi (2008) "a estrutura econômica da sociedade capitalista originou-se da acumulação primitiva do capital ainda na estrutura econômica da sociedade feudal". Marx (1971) denomina esse período do capitalismo de "acumulação primitiva", especialmente com a exploração das riquezas descobertas no Novo Mundo. Neste texto trataremos das transformações do capitalismo e como estas mudanças alteram as políticas sociais, especialmente no campo das políticas educacionais.

2. AS TRANSFORMAÇÕES NO MODELO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

A racionalização do processo de produção se dá ainda no século XVIII, como uma demonstração já das mudanças na forma de produção do capitalismo. Em a Riqueza das Nações, Adam Smith explora bem o processo de divisão do trabalho que ocorrera naquele século:

Um homem estica o arame, outro o retifica e um terceiro corta; um quarto faz a ponta e um quinto prepara o topo para receber a cabeça; a cabeça exige duas ou três operações distintas: colocá-la é uma função peculiar, branquear os alfinetes é outra e até alinhá-los num papel é uma coisa separada: o importante na fabricação de um alfinete é deste modo dividido em cerca de dezoito operações que, em algumas fábricas, são executadas por mãos diferentes, embora em outras o mesmo homem às vezes execute duas ou três delas (SMITH, 1973, p. 4-5)

Nesse sentido, as mudanças do modo de produção capitalista ocorrem desde as manufaturas. Tais mudanças acarretam duras consequências para os que lidam diretamente na produção da riqueza porque exigem novas adequações e novas formas de comportamento, e beneficiam os que possuem a posse da propriedade. No século XIX, com o advento das máquinas, a organização racional do trabalho passa por novas modificações.

Sendo objeto de estudo de Marx, as novas mudanças no processo de trabalho são denominadas de divisão “tecnológica do trabalho”. No entanto, segundo Touraine (1973) ainda no final do século XIX o trabalho na indústria era desenvolvido por operários

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especializados, o que lhe garantia independência, pois possuía habilidades aprendidas no interior das fábricas. Angeli (2015) assim diferencia o trabalho na manufatura e na fábrica :

A transformação em indústria moderna é caracterizada pela máquina e pela diversidade dos produtos capazes de ser produzidos. O trabalhador da manufatura possui tarefas simples e complexas, o que requer diversos níveis de treinamento e de conseqüência, diferente remuneração. O novo processo produtivo constitui-se por uma hierarquia de trabalhadores que corresponde a tarefas diferentes, salários diferentes e diferentes possibilidades de uso da capacidade criativa, sendo ela, no entanto, limitada ou nula para todos os trabalhadores, independente do lugar que este ocupa.

Este quadro da organização do trabalho sofrerá profundas mudanças com a introdução de um novo modelo de organização e produção do trabalho no início do século XX: o taylorismo/fordismo. O ponto fundamental para levar a cabo o desenvolvimento de seu novo método que vai revolucionar o processo de produção é que o trabalhador das fábricas é "vadio2". Para a vadiagem no trabalho era constante o que comprometia a produtividade e a prosperidade dos patrões. Nesse sentido, sua intenção, a qual foi sucesso, era de fazer o trabalhador trabalhar mais. Segundo Marx (1974, p. 363)

A finalidade do modo de produção capitalista é extrair a maior quantidade possível de mais valia, e consequentemente, de explorar o trabalhador o máximo possível (...), mas é ao mesmo tempo uma função da exploração do trabalho social, estando portanto enraizado no inevitável antagonismo que ele explora”

O modelo taylorista surge com o objetivo de ampliar a mais valia dos capitalistas, o que implica em mais exploração. Com o taylorismo cria-se a gerência para que o planejamento estude formas de controlar os tempos e movimentos para que os operários cumpram suas tarefas com precisão e rapidez. Com o taylorismo também se acentua a separação entre o trabalho intelectual e o trabalho manual, o trabalhador é expropriado de seu trabalho e por não dominar todo o processo de produção se confunde com a própria máquina no interior da fábrica (LAZZARESCHI, 2008).

Assim, o taylorismo caracterizado pela centralidade do controle da produção foi complementado pelo fordismo. O fordismo, criado por Henry Ford, apresenta uma inovação tecnológica para exigir maiores esforços dos operários nas fábricas: a linha de montagem controlada pela gerência, a qual exercia total controle sobre o ritmo de trabalho.

A forma de organização do trabalho nos moldes do taylorismo/fordismo foi adotada em vários países. Foi uma resposta segura para a reorganização do capitalismo. A reestruturação produtiva do capital teve êxito, mas sua completa consolidação exigiu alterações profundas na própria estrutura do Estado, que de liberal passou, especialmente nos países centrais, para um Estado de Bem Estar social, o qual criou uma extensa rede de proteção ao trabalho, previdência, educação e outras garantias trabalhistas. No entanto, não

2 Em seu livro a "Vadiagem no Trabalho" Taylor descreve suas percepções do trabalhador.

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se analisa estas conquistas com uma dádiva do Estado mas como um resultado de um processo de crise do capital em que foi necessária a construção de políticas sociais para manter sobre controle as crises entre capital e trabalho. Neste processo também se fortaleceu as redes de sindicatos.

Embora o modelo taylorista/fordista tenha tido êxito, especialmente logo após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 1970 uma nova crise estrutural do capital, provocada pelo aumento do Petróleo no mercado internacional e pelas disputas de mercados. A instabilidade econômica, o avanço das novas tecnologias, a emergências de novas formas de organização da economia surgidas no Japão, levaram ao questionamento no taylorismo/fordismo, o qual fora criado para a produção em larga escala num modelo de gestão verticalizado e controlador do tempo e movimento dos trabalhadores.

Além do que, os baixos investimentos das grandes empresas levaram a queda da lucratividade dos "senhores do mundo3", o que concorreu para uma rápida ofensiva do capital contra o trabalho. O modelo de maior aceitação foi o Toyotismo. O toyotismo criado em 1950 por Toyota Motor Company, no Japão se caracteriza por uma nova forma de organização do trabalho baseada no fluxo de demandas e no estabelecimento de metas para os trabalhadores e a "participação" destes no processo produtivo. Conforme Augusto Pinto (2010, p. 70):

No sistema toyotista, a autonomação, a polivalência e a organização celular permitiram que a capacidade produtiva dos postos de trabalho passasse a ser flexível, absorvendo variações quantitativas e qualitativas na demanda dos produtos, sem manutenção de estoques e contando com um número idealmente fixo de trabalhadores, dos quais podem ser exigidas jornadas flexíveis, com aumento significativo de horas extras.

O sistema toyotista na reestruturação produtiva do capital foi batizado por Harvey (1992) como um modelo de acumulação flexível, pois sustenta “a flexibilização dos mercados de trabalho, das relações de trabalho, dos mercados de consumo, das barreiras comerciais” (PINTO, 2010). A implementação desse nova reestruturação implicou em profundas mudanças na própria estrutura política, exigindo, inclusive, a despeito dos direitos dos trabalhadores a redução do papel do Estado nas políticas sociais, em outras palavras, a extinção de direitos garantidos constitucionalmente através das lutas sociais no decorrer do século XX, especialmente.

Todo esse processo de formação - reestruturaçaõ produtiva - que nada mais é segundo Angeli (2015) "do que uma adequação entre o econômico e o político", emergindo nos anos 1970 obrigou os Estados Nacionais, especificamente das periferias a realizarem reforma no Estado. Estas reformas foram sinalizadas principalmente no Consenso de

3 Termo utilizado por Noam Chomsky

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Washington em 1989, no qual foram apresentadas o receituário neoliberal para os ministros da fazenda e planejamento dos países convocados. Os anos 1980 e 1990 foram marcados pelo avanço das propostas neoliberais na agenda dos estados latino-americanos, com vista ao alinhamento internacional da nova ordem do capital, qual seja o modelo de organização do trabalho calcado na acumulação flexível.

O taylorismo/fordismo e toyotismo são formas de organização do trabalho para conter a crise do capital e ampliar ainda mais a riqueza da classe dominante. Estes trouxeram consequências positivas para os capitalistas - aumento da mais valia-, ao passo que para os trabalhadores, a despeito de alguns ganhos, foram desastrosas, desde as doenças até a completa alienação do trabalho, o que contribui para a desumanização.

Estas alterações no plano da forma material de produção humana tem fortes repercussões no processo educacional. Estas implicações se dão principalmente pela articulação de diferentes organismos internacionais que classificam a educação como importante para a manutenção do sistema capitalista e adequação dos sujeitos às diferentes estratégias que o Capital cria e implementa para manter a produtividade e a lucratividade.

3. EDUCAÇÃO E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Para Frigotto (1995) a sociedade vive a ditadura do capital, e no bojo da crise capitalista apresenta o projeto neoliberal como capaz de fazer superar os problemas advindos das alterações estruturais do capital. As estratégias de reconfiguração do capital tem como fulcro a destruição dos direitos sociais universais em prol da lógica mercadológica, esta nova lógica mercadológica é patrocinada pelos "senhores do mundo"

via organizações multilaterais.

O Consenso de Washington que foi realizado em 1989 deu o tom para o rumo das políticas dos Estados periféricos. Estas reformas inervam as políticas sociais, na qual destacamos a educação. Para tanto, a estratégia capitalista, para ofuscar a crise do capitalismo, é que a crise não é do capital, mas do Estado, o que justifica e legitima as transformações no papel do Estado como garantidor dos direitos sociais.

No Brasil, a receituário neoliberal teve início no governo Collor (1991-1992), mas aprofundou-se no Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O principal articulador das Reforma do Estado foi Bresser Pereira, seu argumento era de que o Estado estava em crise, uma crise fiscal, e que, portanto, necessitava ser reformado. Para Montaño (2012), a reforma do Estado previu a suspensão da seguridade social por meio de suposta parceria entre o público e o privado, o terceiro setor, instrumentalizado por orientações neoliberais, assume a direção da condução social. Neste caso, é o Estado quem subsidia e promove as

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ações do terceiro setor, os direitos sociais são mercantilizados e os necessitados destes direitos são responsabilizados por não possuírem.

Apesar da promulgação da Constituição Federal de 1988 que garantiu diferentes direitos, é com a reforma do Estado que o desmonte da educação tem início, principalmente com o processo de mercantilização da educação e da privatização de setores essenciais da economia e tentativas de entregar para o capital financeiro a Educação Superior. As mudanças no papel do Estado levaram este a desenvolver políticas "restritivas de gasto"

(SOUZA, 2007). Para Haddad (2008) havia um interesse muito forte em fazer na educação uma ampla reforma como parte da grande reforma do Estado. Nesse sentido a educação é submetida pós Consenso de Washington e da participação da Conferencias Mundiais de Educação, onde assumiu vários compromissos, aos interesses do capitalismo.

Nesse processo de reforma, capitaneado pelo Governo do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), a educação recebe, a partir da aprovação no Congresso Nacional, diferentes instrumentos legais de regulação da educação. Um deles a Lei 9394/1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Seguindo a cartilha dos neoliberais, este instrumento apresentou como obrigatório somente o Ensino Fundamental, em detrimento da Educação Infantil e do Ensino Médio. O financiamento da educação passou a ser focalizado e baseado no sistema contábil, sendo a base de cálculo a matrícula do ano anterior. Isto se deu principalmente pela 9424/1996 que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), substituído em 2006, pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação Básica (FUNDEB), que a despeito da não ampliação de recursos para toda a Educação Básica, como bem enfatizou Saviani (2009), não houve aumento proporcional de recursos.

Neste processo, uma das questões que mais afetou a construção e implementação das políticas públicas no bojo das exigências do capital, foi a relação público privada na educação. A educação como mercadoria atraiu o olhar dos investidores. Organizações não governamentais como o Instituto Ayrton Senna passaram a comandar a educação de vários municípios e a ditar as regras de gestão e de currículo, minando qualquer possibilidade de uma gestão democrática, pois o modelo de gestão passa a ser empresarial, baseado em metas e resultados e na responsabilização (acountability). Estas organizações estão manifestadas principalmente em redes. Conforme Shiroma (2012), no Brasil, as redes políticas se manifestam em organismos como o Todos Pela Educação, no qual diferentes empresas e outras instituições se engajam num suposto projeto que objetiva educação para todos, alianças são formadas entre o público e o privado que influenciam as políticas macros e locais.

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Freitas (2012) também analise esta forte ação do mundo empresarial na educação pública. Para o referido autor o Movimento Compromisso Todos Pela Educação é um movimento que exige reformas no sistema educacional brasileiro que se sustentam na

“indústria da educação”, o que inclui prestação de “serviços de avaliação da qualidade de ensino, de consultoria, de gestão (de escolas) e de apostilamento de conteúdo aplicado aos alunos” (FREITAS, 2012, p. 13).

As políticas educacionais em curso, apesar da ascensão de um governo popular e de rupturas (OLIVEIRA, 2009) com o modelo do governo de FHC, ainda mantém fortes vínculos com a iniciativa privada, grande interessada na mercantilização da Educação e na formação de sujeitos para o mercado. O Plano de Desenvolvimento da Educação, embora com grandes dificuldades, principalmente pela falta de recursos, é um dos avanços do governo petista. No entanto um dos pilares desse Plano para a Educação Básica é o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, o que parece evidenciar aproximação, pelo menos no nome, com o projeto Todos Pela Educação capitaneado pelo empresariado e sob a presidência do megaempresário Jorge Gerdau. Para Frigotto (2012) o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação se pauta numa pedagogia de resultados. O Termo de Compromisso assinado pelos estados e municípios assemelha-se aos contratos de gestão, no qual o financiamento está atrelado ao atingimento de metas pactuadas até o ano de 2022.

A partir de 2015, novas condições objetivas da realidade da política brasileira entram em cena, especialmente com a derrubada, pelas forças conservadoras e alinhadas ao capital internacional, do Governo de Dilma Rousseff. Considerado um golpe para a maioria dos analistas da política nacional e internacional, a ascensão de Michel Temer ao poder busca consolidar o controle do Estado pelas mãos da classe dominante e implementar projetos que beneficiam os capitalistas em detrimento das políticas públicas sociais. Dentre os vários projetos de leis que desmontam os direitos garantidos na constituição federal está a aprovação da Emenda Constitucional nº 95/2016, a qual limita os gastos públicos e deixa livre o pagamento e as amortizações da dívida pública para os próximos 20 anos.

Conforme Amaral (2016, p.2) a EC nº 95, antes denominada de PEC 241, na câmara federal, e PEC 55 no Senado Federal, irá inviabilizar a implementação das 20 metas do Plano Nacional de Educação, instituído pela Lei No 13.005 de 25 de junho de 2014, exatamente pela redução dos gastos públicos que serão reajustados a partir dos percentuais do “índice inflacionário referentes à inflação do ano anterior, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”. Os projetos, ora em andamento no governo “ilegítimo” de Michel Temer, atende os anseios dos capitalistas e objetivam alinhar o Brasil à ordem

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econômica norte-americana e aprofundar o avanço de neoliberalismo no país, para que as riquezas brasileiras sejam exploradas pelas grandes empresas multinacionais.

Destas considerações, as impactantes influências da reestruturação produtiva sobre a organização política dos Estados, no caso, o brasileiro, provocam alterações no plano da realidade social. Formar para o trabalho, para atender as demandas mercadológicas não contribui para formação crítica cidadã.

O sucateamento das escolas públicas revela o descaso com a educação pública, o que vulnera estes serviços públicos para que se justifiquem a transferência da gestão pública para a iniciativa privada, com o discurso de que o público "não presta" é ineficiente e que o que é privado é que é eficiente, mas que a despeito disso não realiza nada sem o aporte financeiro do Estado. É preciso, pois, como nos alerta Mészáros (2011), pensarmos uma educação que vá para além do capital, o que não se faz sem lutas e resistências frente às ofensivas do capitalismo e de suas tentativas de desumanizar a todos pela exploração do trabalho na busca ambiciosa e desenfreada do lucro.

4 –CONSIDERAÇÕES FINAIS

O capitalismo enquanto modo de produção na sociedade moderna, para se manter enquanto tal, sofre por várias mutações. Estas mutações chamadas de crises redirecionam as estratégias de acumulação do capital e da exploração do trabalho. As crises de 1929 e de 1970 foram desequilíbrios que exigiram mudanças estruturais na forma econômica, que por sua vez, alteram o plano social, político e cultural e reforçou, a despeito das resistências, o processo de dominação.

Dentre as estratégias de reestruturação do capitalismo, destacam-se o modelo taylorista/fordista e o toyotismo. O taylorismo/fordismo foi caracterizado principalmente pelo controle do tempo e dos movimentos do trabalhador sob a coordenação da gerencia que controlava todos os passos dos trabalhadores, além do que a linha de montagem aumentou a produção ao mesmo tempo em que o trabalhador alienou-se de seu trabalho pois não dominava todo o processo de produção, separou-se, assim, o trabalho intelectual do trabalho manual. Este modelo possibilitou o aumento da lucratividade, articulou com o Estado de Bem Estar Social, mas entrou em crise nos anos 1970, dada uma nova crise do capitalismo frente as condições objetivas, como as novas tecnologias e o advento da microeletrônica.

O Toyotismo emerge com uma nova ordem para a solução da crise do capitalismo.

Sua principal característica é a flexibilização do trabalho e mudança na forma de produção no interior da fábrica. A produção a partir do fluxo de demandas e a participação dos

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trabalhadores no processo de produção são algumas das características do toyotismo. Este modelo, no entanto, trouxe sérias consequências para os trabalhadores, como redução dos postos de trabalhos, redução de direitos, uma vez que também exigiu reconfiguração do papel do Estado na condução das políticas sociais.

As mudanças provocadas pela reestruturação produtivas também afetam o processo educacional e as políticas em geral. Uma delas é a transformação do direito educação em mercadoria e submissão dos processos educacionais na lógica mercadológica, o qual tem como objetivo a formação de sujeitos autômatos e direcionados para exercer o papel homo faber nas empresas.

As atuais mudanças no quadro político brasileiro, como a destituição de Dilma Rousseff do poder, vulneram o Brasil no que se refere a implementação de diversos projetos que objetivam destruir os direitos e sufocar a classe trabalhadora, como é o caso da Emenda Constitucional nº 95/2016, que mesmo diante de fortes protestos por todo o país, foi aprovada pelo congresso nacional e sancionada pelo governo ilegítimo de Michel Temer.

Nesse sentido, importa a o exercício de uma educação que prime pela formação de um sujeito crítico e criativo que resista aos ataques de governos ilegítimos que operam ações para massacrar os mais pobres, e também que lutem por uma sociedade justa e igualitária.

REFERÊNCIAS

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Referências

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