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“TEMOS NOSSO PRÓPRIO TEMPO”: UM CASO DE ANSIEDADE E DISCALCULIA NUMA PERSPECTIVA NEUROPSICOLÓGICA

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Academic year: 2023

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Trata-se de um relato decorrente do processo de reabilitação neuropsicológica de um paciente com transtorno de ansiedade generalizada, depressão moderada e discalculia do desenvolvimento. Além disso, é possível avaliar como é possível uma intervenção neuropsicológica em relação aos transtornos acima mencionados em um serviço de Neuropsicologia dentro das estruturas de uma universidade pública. Luria também defendeu, como princípios de avaliação, primeiro a observação acurada do paciente que por sua vez leva à formação de uma hipótese.

A avaliação neuropsicológica também conta com a utilização de entrevistas, observações e testes de triagem para auxiliar no exame da integridade ou comprometimento da função cognitiva, com o objetivo de identificar alterações no funcionamento psicológico e esclarecer o diagnóstico nos casos de alterações não captadas pela neuroimagem. . aspectos comportamentais que podem estar relacionados a distúrbios psiquiátricos ou neurológicos, para que, conhecendo a extensão do déficit cognitivo, possa-se planejar um programa de reabilitação individualizado (Tirapu-Ustárroz, 2011 apud Ramos & Hamdan, 2016). 11 necessidades, oferecendo uma intervenção neuropsicológica de alta qualidade, com o objetivo de devolver uma vida mais digna e funcional ao paciente através da melhoria das habilidades cognitivas fundamentais. O presente trabalho baseou-se num estudo de caso através de uma abordagem holística da reabilitação neuropsicológica.

O objetivo deste estudo foi apresentar um relato de caso de André, paciente que apresentava déficit cognitivo decorrente de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), depressão moderada e discalculia do desenvolvimento, e mostrar como a reabilitação neuropsicológica pode atuar em benefício do desenvolvimento do doença. promissor.

Relato de caso

13 a ansiedade partiu da queixa do próprio paciente por meio de comportamentos e sentimentos previamente relatados, enquanto a depressão foi observada pela primeira vez na história por meio do relato de cansaço persistente e do relato de episódios de reclusão por dias em seu quarto, além da pontuação obtida no Escala de Beck para depressão, que o colocou em estado considerado moderado.

Método

Avaliação neuropsicológica

  • Anamnese
  • Construção da Linha do tempo
  • A aplicação de Instrumentos psicológicos
    • As escalas Beck
    • Neupsilin
  • Tarefas para avaliação do desempenho matemático
    • Construção da “Trajetória escolar”
    • Tarefa de verificação de desempenho em Aritmética
    • Tarefa de Avaliação de Reconhecimento Numérico
    • Tarefa de Ditado numérico
    • Tarefa de verificação de capacidade de subitização
    • Questionário para investigação de discalculia

No início da triagem também foi constatado funcionamento atípico do paciente em termos de habilidades aritméticas. Ao final da avaliação neuropsicológica, foi criado o perfil de um paciente que sofre de ansiedade grave acompanhada de depressão moderada e presença de pensamentos suicidas na fase inicial, ou seja, sem presença de planos relacionados ou tentativas de suicídio. O percurso da avaliação neuropsicológica percorreu um caminho surpreendente ao reunir diversas evidências da presença de discalculia do desenvolvimento em André.

Durante a anamnese foi possível detectar o quanto a ansiedade, o estado depressivo, os sintomas discalculicos e os déficits decorrentes dessas condições afetaram o funcionamento do paciente. A linha do tempo consistiu em uma atividade para listar temporariamente os acontecimentos da vida do paciente nos últimos dois anos em relação ao transtorno de ansiedade, a fim de verificar a hipótese diagnóstica de transtorno de pânico ou transtorno de ansiedade generalizada (TAG). 17 Segundo o DSM – V (2013), o transtorno de ansiedade generalizada é caracterizado por uma antecipação ansiosa que toma conta do dia a dia do paciente por pelo menos seis meses, com dificuldade de controlar as preocupações relatadas.

O desempenho do paciente nesse quesito chamou a atenção pela alta escolaridade de André, que representou um resultado abaixo do esperado. Percebendo o desconforto do paciente com a tarefa, o estagiário enfatizou que esta tarefa não tinha limite de tempo para conclusão e que o paciente poderia utilizar qualquer estratégia que desejasse realizar. Após a tentativa A5, é lida uma lista de 15 substantivos (lista B), que também deve ser lida e imediatamente lembrada (tentativa B1).

O desempenho do paciente nesta fase, que representa a introdução dos distratores no teste, ficou em nível médio inferior, indicativo de possível déficit clínico. Esses indicadores mostraram o quanto o paciente necessitava de intervenção neuropsicológica em relação à sua memória, pois a falta dessa habilidade certamente afeta negativamente o desempenho de uma pessoa cujo cotidiano é dedicado a um laboratório de pesquisa, como é o caso do paciente. André apresentou um tempo considerado elevado para leitura e contagem, mas a observação do paciente permite dizer que o resultado se deveu ao cuidado excessivo do paciente com a intenção de não cometer erros.

André trabalha riscando diversas pequenas linhas nas folhas para fazer pontuações, e quanto maior o número envolvido, maior a dificuldade do paciente em utilizar essa estratégia, deixando o espaço da atividade muito confuso visualmente. Após análise dos resultados recolhidos no processo de avaliação neuropsicológica, foi planeada uma intervenção neuropsicológica com o objetivo de trabalhar e desenvolver os défices do paciente.

Intervenção Neuropsicológica

  • Mindfulness
  • Psicoeducação breve acerca do modelo cognitivo, Pensamentos automáticos negativos e distorções cognitivas
  • Psicoeducação breve acerca da respiração
  • Tarefas com foco na Discalculia do Desenvolvimento e na memória
    • Memorizando números
    • Trabalhando formas geométricas
    • Memorizando palavras

Realizamos alguns exercícios com o paciente para questionar alguns de seus pensamentos automáticos. Após as perguntas, o paciente deveria avaliar o quanto em uma escala de 0 a 100% ele ainda acredita que seus pensamentos correspondem à realidade (Leahy, 2006). A tarefa consiste em apresentar ao paciente uma foto aérea da instituição de ensino onde estuda para que ele pratique sua memória visuoespacial.

O paciente recebeu um cartão e nove pequenos cartões, cada um com a foto e o nome de uma espécie, para que o paciente pudesse reproduzir a ordem dos animais lembrada no cartão. Imediatamente após o exercício de exibição dos cartões, o paciente foi solicitado a reproduzir as sequências de que se lembrava. Foram disponibilizados ao paciente um cartão e nove pequenos cartões, cada um com um número, para que o paciente pudesse reproduzir a sequência de números armazenada no cartão.

Imediatamente após a prática de exposição dos cartões, o paciente foi solicitado a reproduzir as sequências de que se lembrava. Imediatamente após essa etapa, o paciente foi solicitado a reproduzir as sequências de que se lembrava. Em seguida, perguntou-se ao paciente se ele conseguiria montar as sequências memorizadas ao contrário.

O paciente foi então solicitado a reproduzir as sequências memorizadas por escrito, mas adicionar 1 a cada número da sequência. É importante notar que o paciente era constantemente lembrado de que o objetivo não era resolver o problema, mas sim praticar a obtenção dessa solução. Foram fornecidos ao paciente um cartão e nove cartões pequenos, cada um contendo uma palavra que permitia ao paciente reproduzir a sequência de palavras armazenada no cartão.

Resultados e Discussão

Em relação à escala de Beck, foi observado grande sucesso no paciente em relação ao seu estado de ansiedade. Quanto à capacidade de manter temporariamente o conteúdo verbal apresentado (experimento A1), o paciente passou de desempenho abaixo para abaixo da média. No experimento A2, que mede a curva de aprendizagem auditivo-verbal, o paciente passou de uma pontuação indicativa de possível déficit clínico para uma pontuação classificada como típica; Nos Experimentos A3, A4 e A5, que medem o mesmo construto, o paciente passou de um desempenho clínico potencial para um desempenho típico, ou seja, médio.

Na memória verbal de curto prazo (B1), o desempenho de André passou de médio para típico. Na tarefa Evocação Imediata (A6), que avalia a memória episódica verbal de curto prazo, o desempenho do paciente passou de baixo para médio. Na fase de reconhecimento, que traz elementos à capacidade de motivar e organizar a resposta verbal, o paciente passou de um desempenho abaixo da média para uma média típica.

Em relação ao índice de aprendizagem, a pontuação total do paciente classificou-o como um típico desempenho médio, em contraste com a pontuação da avaliação que o classificou como inferior. Ao aprender através dos ensaios, o paciente passou de uma pontuação de 5 para uma pontuação de 19, fazendo-o passar de uma classificação inferior para uma classificação média típica. Em relação à velocidade de esquecimento, que analisa o efeito da passagem do tempo, o paciente passou de um desempenho inferior para um desempenho médio superior.

Na interferência retroativa, que se refere à capacidade de manter informações previamente aprendidas (lista A) após ser exposto a novos conteúdos (lista B), André passou de um desempenho inferior para um desempenho médio inferior. Em comparação com a primeira aplicação, houve progressos, sendo importante destacar a evolução do paciente ao nível da sua capacidade de aprendizagem, pois obteve melhorias significativas nestes aspectos. A tabela a seguir também compara os escores brutos nos diversos instrumentos utilizados para avaliar e reavaliar o paciente, indicando melhora (↑), declínio (↓) ou estagnação do escore (-) na reavaliação em comparação com a avaliação neuropsicológica Estágio.

O paciente procurou a neuropsicologia com a primeira queixa de diagnóstico de transtorno de pânico, que após avaliação foi descartado e considerada a hipótese diagnóstica de TAG. A aquisição em tenra idade do chamado sentido numérico resultaria no que é chamado de pensamento aritmético, que depende das funções cognitivas adquiridas na infância, da genética, da capacidade de simbolização numérica e da memória de trabalho.

Considerações finais

A memória pode ser definida como um processo relacionado ao aprendizado, armazenamento e lembrança de informações, onde a maior parte das informações é aprendida por meio de experiências (Kapczinski et al, 2004). No caso do André foi possível perceber como essa individualidade da base neurobiológica de cada indivíduo pode se manifestar. 43 A reavaliação por meio de instrumentos psicológicos mostra de forma concreta o quanto ocorreu melhora no estado neuropsicológico do paciente.

Em um tempo relativamente curto foi possível melhorar o estado do paciente, o que mostra que a psicologia baseada em evidências é uma forma eficaz de reduzir o sofrimento psicológico do paciente. Através de tarefas ecológicas, alicerçadas em muita investigação e criatividade, foi possível desenvolver e aplicar uma intervenção de baixo custo, adaptada às necessidades do André, demonstrando que o objectivo de oferecer um programa de reabilitação neuropsicológica de elevada qualidade à comunidade é completamente realista. . utiliza os serviços de extensão de universidades públicas. Antunes, Andressa Moreira, Júlio-Costa, Annelise, Starling-Alves, Isabela, Paiva, Giulia Moreira, &Haase, Vitor Geraldi.

Reabilitação neuropsicológica do transtorno de aprendizagem matemática na síndrome de Turner: um estudo de caso. Antunes, Andressa Moreira, Júlio-Costa, Annelise, Starling-Alves, Isabela, Paiva, Giulia Moreira e Haase, Vitor Geraldi. Charchat-Fichman, Helenice, Fernandes, Conceição Santos, &Landeira-Fernandez, J. Psicoterapia neurocognitivo-comportamental: uma interface entre psicologia e neurociência. da Silva, Sérgio Leme; Pereira, Danilo Assis; Veloso, Fabrício; Satler, Corina Elizabeth, Arantes, Adriana e Guimarães, Renato Maia.

Haase, Vitor Geraldi, Salles, Jerusa Fumagalli de, Miranda, Mônica Carolina, Malloy-Diniz, Leandro, Abreu, Neander, Argollo, Nayara, Mansur, Letícia Lessa, Parente, Maria Alice de Mattos Pimenta, Fonseca, Rochele Paz, Mattos, Paulo, Landeira-Fernandez, Jesus, Caixeta, Leonardo Ferreira, Nitrini, Ricardo, Caramelli, Paulo, Teixeira Junior, Antônio Lúcio, Grassi-Oliveira, Rodrigo, Christensen, Christian Haag, Brandão, Lenisa, Silva Filho, Humberto Corrêa da, Silva , Antônio Geraldo da, & Bueno, Orlando Francisco Amodeo. Op bewijs gebaseerde praktijk in de psychologie en de geschiedenis van de zoektocht naar empirisch bewijs van de effectiviteit van psychotherapieën. Manfro, Gisele Gus, Heldt, Elizeth, Cordioli, Aristides Volpato, & Otto, Michael W. Cognitieve gedragstherapie bij paniekstoornis.

Imagem

Tabela 1 - Resumo da construção diagnóstica de André

Referências

Documentos relacionados

O objetivo deste estudo é apresentar a hipnose como técnica de manejo do paciente ansioso em exodontias de terceiros molares inferiores, através do relato de dois casos