XXVIII Congresso de Iniciação Científica
O processo de organização intratópica em editoriais do século XX do jornal “O Estado de S. Paulo”
Autora: Jaqueline Jurkovich, orientador: Prof. Dr. Eduardo Penhavel, Câmpus de São José do Rio Preto, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Licenciatura em Letras, jurkovich.jaque@gmail.com, ISB.
Palavras Chave: Organização Tópica, Tópico Discursivo, Editorial.
Introdução
Este trabalho insere-se numa pesquisa mais ampla (desenvolvida por um grupo de pesquisadores) que analisa a diacronia do processo linguístico-textual de organização tópica, em diferentes gêneros textuais, no português paulista, considerando o período entre os séculos XIX e XXI. Nesse contexto, o presente trabalho aborda uma parte do processo de organização tópica, a organização intratópica (isto é, a estruturação interna de Segmentos Tópicos Mínimos), em editoriais (um dos gêneros textuais estudados no projeto mais amplo) de jornais paulistas do século XXI.
Objetivos
O objetivo geral do trabalho é analisar a articulação intratópica em editoriais de jornais paulistas do século XXI. Especificamente, o objetivo é identificar se existiria uma regra geral de articulação intratópica e, em se identificando a presença dessa regra, descrever seu funcionamento.
Material e Métodos
O material utilizado é constituído por editoriais do jornal “O Estado de S. Paulo”, por ser um dos jornais de maior circulação no estado. Foram extraídos editoriais do acervo digital do jornal, considerando diferentes anos distribuídos ao longo do século XX.
O trabalho adota o método da análise tópica (JUBRAN, 2006),1 que prevê a divisão de textos em Segmentos Tópicos Mínimos por meio da categoria analítica do Tópico Discursivo e a análise interna de Segmentos Tópicos Mínimos por meio do critério da centração tópica e de seus traços particularizadores de relevância, concernência e pontualização.
Resultados e Discussão
De acordo com nossa pesquisa, foi possível constatar que os editoriais analisados apresentam, sim, uma regra geral de estruturação intratópica.
Trata-se de um padrão de estruturação que pôde ser identificado na maioria dos Segmentos Tópicos Mínimos estudados.
Esse padrão, que é similar ao identificado por Penhavel (2010)2 no gênero relato de opinião, consiste na alternância de duas unidades tópicas, que, seguindo o autor, chamamos de Posição e Suporte. A Posição consiste em um grupo de enunciados que constroem referências centrais relativamente ao tópico nuclear do Segmento Tópico, enquanto o Suporte consiste num grupo de enunciados que constroem referências subsidiárias em relação ao tópico.
Posição e Suporte constituem unidades de natureza essencialmente argumentativa. A Posição consiste na expressão de um ponto de vista, de uma tese, e o Suporte consiste na formulação de argumentos que sustentam a tese expressa na Posição. Desse modo, a identificação dessas duas unidades nos Segmentos Tópicos é condizente com a finalidade sociocomunicativa essencial dos editoriais que, em geral, consiste na defesa de um ponto de vista que representa a voz do jornal relativamente a determinado assunto.
Conclusões
A constatação de uma regra geral de estruturação intratópica em editoriais contribui para confirmar a hipótese de Penhavel (2010) de que o Segmento Tópico Mínimo constitui uma unidade textual estruturalmente sistemática. Além disso, a identificação de que essa regra envolve as unidades de Posição e Suporte, regra também identificada em editoriais do jornal “O Estado de S. Paulo” do século XIX, indica que a combinação dessas unidades representaria um dos traços composicionais diacronicamente estáveis do gênero editorial.
Agradecimentos
Agradeço ao Prof. Eduardo Penhavel pela orientação do presente trabalho.
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1 JUBRAN, C. C. A. S. Tópico Discursivo. In JUBRAN, C. C. A.
S.; KOCH, I. G. V. (Orgs.). Gramática do português culto falado no Brasil – v.I: Construção do texto falado. Campinas: Editora da UNICAMP, 2006, p. 89-132.
2 PENHAVEL, E. Marcadores Discursivos e Articulação Tópica.
168f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.
