Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
34a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
Atividade Antiradicalar de Extratos de Solanum paniculatum (Solanaceae)
Gerardo Magela V. Júnior1*(PQ), Marcelo R. Amorim1(IC), Cláudia Q. da Rocha1(PG), Lourdes C. dos Santos1(PQ), Wagner Vilegas1(PQ) *gerardovieira@yahoo.com.br
1Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, UNESP – CP 355, CEP 14800-900, Araraquara-SP Palavras Chave: Solanum paniculatum, extrato EtOH, atividade antiradicalar.
Introdução
Solanum paniculatum L. (Solanaceae), conhecida popularmente como Jurubeba é uma espécie vegetal do tipo arbusto de 1,5-1,7 m de altura sendo encontrada de Norte a Sul do país, principalmente no Nordeste e amplamente encontrada no estado de São Paulo. Na medicina tradicional é utilizada como tônico, antitérmico e no tratamento de disfunções gástricas. Suas raízes e frutos são popularmente recomendados como purgante, para tratar icterícia, hepatite e distúrbios intestinais. A planta é um componente de várias formulações farmacêuticas incluindo: xaropes, infusões ou decocções (2%), extratos etanólicos, tinturas e elixir. A decocção das folhas é empregada para tratar parasitas intestinais, mas também indicada para desordens estomacais1,2.
Do ponto de vista fitoquímico, este gênero produz uma grande variedade de esteróides saponinas e glicoalcalóides. Além de alcalóides, os flavonóides constituem um dos grupos de substâncias mais frequentes3. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antiradicalar dos extratos EtOH (70%) das folhas, frutos e caule de S. paniculatum mediante o sequestro do DPPH.
Resultados e Discussão
Os extratos EtOH (70 %), obtidos por percolação, dos talos, folhas e frutos de S. paniculatum foram submetidos a avaliação da atividade antiradicalar frente ao ensaio do sequestro do DPPH, utilizando- se quercetina e ácido gálico como controles positivo.
Os resultados obtidos (Figura 1) indicaram a seguinte ordem crescente de atividade antiradicalar dos extratos frutos<talos<folhas. Na concentração de 200 g.mL-1 os extratos apresentaram uma porcentagem de sequestro de 15,3% (frutos), 44,0%
(talos) e 50,8% (folhas). Apenas o extrato das folhas possui capacidade sequestrante superior a 50%, CE50 198,4 g.mL-1.
O perfil cromatográfico em CLAE-DAD (Figura 2) do extrato das folhas indica a presença de flavonóides, detectados pelas suas bandas de absorção no UV em 327 e 297 nm, sugerindo que estas substâncias podem ser responsáveis pela atividade antiradicalar.
0 50 100 150 200
0 20 40 60 80 100
% AA
Concentraçao (mg.mL-1) talos folhas frutos Quercetina Acido Galico
Figura 1. Atividade antiradicalar dos extratos EtOH (70%) dos talos, folhas e frutos de S. paniculatum.
nm
220 240 260 280 300 320 340 360 380
mv
0 50 100 150 200
mv
0 50 100 150 200
326
219 236
nm
200 220 240 260 280 300 320 340 360 380
mv
-100 0 100 200 300 400 500 600 700
mv
-100 0 100 200 300 400 500 600 700
327
219 241
nm
200 220 240 260 280 300 320 340 360 380
mv
-100 0 100 200 300 400 500 600 700
mv
-100 0 100 200 300 400 500 600 700
327
218
203
1 2 3
nm
220 240 260 280 300 320 340 360 380
mv
0 100 200 300 400 500
mv
0 100 200 300 400 500
219 329
nm
220 240 260 280 300 320 340 360 380 400
mv
0 200 400 600 800 1000
mv
0 200 400 600 800 1000
211 257 354
nm
220 240 260 280 300 320 340 360 380
mv
0 50 100 150 200 250 300
mv
0 50 100 150 200 250 300
219 329
4 5
6
Figura 2. Cromatograma e espectros no UV do extrato EtOH (70%) das folhas de S. paniculatum.
Conclusões
Com base no exposto, conclui-se que o extrato das folhas possui maior atividade antiradicalar, incentivando-nos à busca das substâncias responsáveis por esta atividade. Concomitantemente aos resultados preliminares, estamos buscando agregar valor a este recurso natural que já é consumido pela população e que também é usado em formulações farmacêuticas.
Agradecimentos
À FAPESP pelos auxílios financeiros e pela bolsa concedida.
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1 Mesia-Vela, S.; Santos, M. T.; Souccar, C; Lima-Landman, M. T. R. e Lapa, A. J. Phytomedicine. 2002, 9, 508.
2 Botion, L. M.; Ferreira, A. V. M.; Côrtes, S. F.; Lemos, V. S. e Braga, F. C. J. Ethnopharmacol. 2005, 102, 137.
3 Silva, T. M. S.; Carvalho, M. G.; Braz-Filho, R. e Agra, M. F. Quim.
Nova. 2003, 26, 517.