• Nenhum resultado encontrado

Indexação e realimentação inflacionaria

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Indexação e realimentação inflacionaria"

Copied!
24
0
0

Texto

(1)

~

I

..•.

N<?

47

INDEXAÇAO E REALIMENTAÇAO INFLACION~RIA

FERNANDO DE HOLANDA BARBOSA

(2)

INDEYAÇÃO E REALI~ENTAÇÃO INFLACIONÂRIA

Fernando de Holanda Barbosa

(3)

INDEXAt-:ÃO E

.

REALn~.ENTACÃO INFLACIONARIA

Fe~nando

de Holanda

Ba~bo~a

1. Introdução

Uma das principais criticas ao sistema de indexação

adotado no Bra3~_: ,~ de que ele se constitui num fator importan

te no processo de realimentação àa inflação, processo este

pe-lo qual a inflação do passado se transmite ao Dresente e se

propaga para o futuro.

O objetivo deste trabalho consiste em examinar a de

pendência do coeficiente de realimentação da inflação dos para

metros que refletem a correçao monetária dos juros, a politica

salarial e a politica cambial, dentro de um arcabouço teórico

onde as oriqens da inflação estão localizadas: a) na própria

história recente da inflacão; b) na evolucão das noliticas mo-

.

"

netária e fiscal, e c) ~CS c~~:ues de oferta.

Este trabalho está orqanizado do sequinte modo. A

segunda seçao procura identificar a partir dos parâMetros de

indexação existentes na economia brasileira os coeficientes de

propagação, isto ~. oS coeficientes pelos quais a inflação pa!

sada se incorpora nos salários, no câmbio e na taxa de juros .

A terceira seção procura investigar a relação entre esses

di

-versos coeficientes de propaaaçao e o coeficiente de

realimen-tação inflacionária. A quarta seçao contém um sumário das con-·

(4)

.2.

2. Os Coeficientes de Propagação

Entre os principais canais pelos quais a inflação do

passado se prcpan~ ao presente, cabe mencionar tr~s: os

salá-rios, a taxa de juros e a taxa de câmbio. A secruir procuraremos

d escrever as caracterlsticas mais imoortantes desses mecanismos. ~

1/

2.1. A Polltica Salarial

A indexação dos salários na economia brasileira tem

duas fases distintas. Na primeira que vai de 1965 até 1979 os

, _ _ _ 2/

sa1arios sao reajustados atraves da seguinte formula:

(1)

~ (-:-:-~-~-:-:-:-_-~-l-)

o

objetivo de tal polltica seria a preservaçao do

sa-lário real médio do trabalhador entre reajustes consecutivos. To

davia, uma a:ná~i3R 0esta fórmula mostra 0ue mesmo na hipótese de

que o lndice de ~reços no final do per iodo fosse previsto

acura-damente, ela não assegur~rja um salário real médio constante,mas

sim que haveria igualdade entre dois salários reais avaliados p~

ra a média dos indices de preços entre dois ~eriodos de reajuste.

Do ponto de vista analltico é interessante fazer uma

pequena modificação na fórmula precedente, calculando-se o

salá-rio real para indices geométricos de preços, isto é:

1/2

(pe )

1/2

Pt - l

(2) St

=

t St-l

1/2 1/2

(5)

J

.

...)

.

Designando-se por letras minúsculas os logarítmos das

respectivas variáveis, esta expressa0 pode ser escrita como:

(3)

Segue-se,então, que a variação percentual dos

salári-os nominais é igual a média aritmética da inflação passada e da

inflação prevista, no início do período, para o período de

vi-gência do novO salário.

A política salarial sofreu mudança substancial em

1979 quando foi adotada nova fórmula de reajuste, que pode ser

expressa por:

( 4 )

onde Pt-l é a taxa semestral de inflação entre as datas de dois

reajustes,

e

representa o número de salários mínimos/vigente no

mes de reajuste, contidos no salário St-l' e a e f. sao

parame-tros que variam em função de

e .

A Tabela 1 indica os valores

desses parárnteros par.a os divprsos instrumentos leaais que

vigo-raram desde 1979.

Uma aproximação desta nova fórmula numa

versão~ili-zada , para fins analíticos, pode ser escrita corno:

(5 )

.-o coeficien~e ne p~oryaqaçao ~e~ende, então, da faixa

sa-larial em que o trabalhador se encontra no momento do reajuste

(6)

.4 •

'fABELA 1

PA~~ETROS DA POL!TICA SAIA~IAL:

1979-I

e

(J 8

l-

I-Lej. n9 6708 (30/10/1979)

\3 ~ 3 1,1

°

3 r-: 8 ~ 10 1,0 0,3

.

10 < A 0,8 2,3

Lei n9 6886 (10/12/1980)

G ~ -,

1,1 O

)

3

<

[j <10 1,0 0,3

10 "-~ G <;15 0,8 2,3

15

<

8 ~20 0,5 6,8

20 <'

e

°

16,8

",

Decreto-Lei n9 2012 (25/1/1983)

e

.:--3 1,0

o

-.::;:::

3 :- 8 ~ 7 0,95 0,15

7 / A

'- ~;;15 0,8 1,20

15

o

~20 0,5 1,65

20 , ~ 8

o

2,65

Decreto-Lei n9 202':: (25/5/19R3)

e

< 7 1,0 O

I

7 / ,

e

<15 O,R 1,4

!

I

I

15 /

e

<20 1

", 0,5 5,9

I

20 / , 8

I

O 15,9

I

-""

Decreto-Lei n? 2045 (13/7/1983)

--- i

I

/

O O , 0,8

!

°

i

I

! _.,

I

2065 (27/10/1983)

I

Decreto-Lei n9

,

I

e

-<; 3 I

I

1,0 f

o

i

3 , / " fi ~ 7 0,3 0,6

I

, /

~15

7 , El 0,6

I

2,0

-

-

f)

(7)

.5.

A ~r( __ , " d da indexação tem analisado o efeito de

va-rios esquemas de indexação dos saláva-rios sobre o nível de

ati-vidade e a taxa de inflação.3/Entre as várias fórmulas

exami-nadas nesses modelos teóricos podemos enumerar as seguintes:

(6) St

=

St + <!l (Pt

-

Pt' e

(p t

e

St

=

St + q> + "Y ut

-

pt )

( 7 ,

(m t

e

St == St + ,';'

,..

-

m+-)

<-(8)

<!lI {pt

e

(y e

St

=

St +

-

pt ) + <P

2 t

-

Yt )

(9 )

onde todas as variáveis estão em logaritmos, St e o salário

nominal accra~do com as informaç~es disponíveis no inIcio do

contrato de trdoalho, Pt' mt e Y

t indicam, respectivamente, o

Indice de preços, estoque de moeda e o nível de produção, o

Indice e adicionado ao símbolo de uma variável representa o

valor esperado da mesma. A letra grega ~ indica o coeficiente

de indexação, e "y e o parâmetro de expurgo incidente sobre o

choque de oferta u t .

Na fórmula de indexação (6) o salário

é

corrigido em

função da variação não antecipada de taxa de inflação. Quando

~ for igual a 1 a indexação

é

total. Na fórmula (7) o salário

é

corrigido por urna fração da inflação não antecipada, ao

mes-mo tempo que o Indice de preço

é

expurgado dos choques de

ofer-ta que porventura venham a ocorrer durante o período do

contra-to de trabalho. Na fórmula (8) a indexação dos salários usa

como fator de correção a taxa de crescimento da oferta

(8)

.

()

.

a inflação não antecipada e tambér:~ as variações não previstas

no nível de produção. Não cabe aqui discutir as vantagens e

desvantagens de cada uma dessas fórmulas, mas apenas lembrar

-"

que algumas sao mais adequadas em economias sujeitas a choque~

de oferta.

Uma simples comparação das fórmulas (6)-(9) com

a-quelas que têm sido usadas na política salarial brasileira,

expressoes (3) e (5), revela que as fórmulas oficiais dos

nB-justes salariais no Brasil estão bem distantes de se

consti-tuirem em ,:'q:;:::':,: Lmações de mecanismos de indexação que

prote-_~ais das variações não antecipadas da

infla-ção. Poderia se argumentar que na prática é impossível se ter

um mecanismo que, ex-post, fizesse um ajustamento no salário

para levar em conta a inflação não-antecipada. Este

argumen-to se constitui mais num desafio

à

imaginação criadora do que

em um teorema da impossibilidade que colocaria por terra qua~

quer tentativa de indexação dos salários.

política Cambial

A política cambial brasileira no período de agosto

de 1968 até dezembro 1979 se caracterizou por dois fatos: as

minidesvalorizações e a regra de desvalorização baseada no

diferencial e~tre as taxas de inflações interna e externa.

A-nalíticamcnb:' l . , pode ser representada pela seguinte fórmula:

(lO)

onde e

(9)

• 7 •

Pt o índice de preços internacionais, e todas as variáveis

sao expressas pelos seus respectivos logarItmos.

Em dezembro de 1979 o cruzeiro sofreu uma

'maxides-valorização de 30%, em 1980 a taxa de des'maxides-valorização foi

pre-fixada, em fevereiro de 1983 houve urna nova

maxidesvaloriza-ção de 30%, e 3tualmente a taxa de desvalorização mensal e

igual a taxa de inflação, taxa esta medida pela variaçao do

índice geral de preços. Esta política equivale a suprimir-se

na fórmula (10) o termo que mede a taxa de inflação externa.

A Correção Monetária

A existência de ativos financeiros indexados na

e-conomia brasileira, as Obrigações Reajustáveis do Tesouro

Na-cional (ORTN's), os Certificados de Depósito Bancário (CIE's) e

os Depósitos nas Cadernetas de Poupança, cujos rendimentos ~

minais dependem da correção monetária, fazem com que a taxa

de juros nominais seja formada por duas componentes, a taxa

de juros prefixada e a correção monetária. Analiticamente ~

ríamos:

onde it

é

a taxa de juros nominal, rt

é

a componente da taxa

de juros que é prefixada, ~ é o coeficiente de indexação e

Pt-Pt-l'

é

a taxa de inflação. Estamos supondo que existe UM

certa defasagem na fixação da correção monetária em relação a

inflação, hipótese esta que não

é

consistente com a política

atual, mas que reflete a experiência brasileira nos últimos

(10)

.8.

Cabe ainda assinalar que no caso dos dep6sitos das

cadernetas de poupança e dos certificados de depósito

bancá-cio a taxa rt

é

fixada a priori. Quanto as ORTN's elas em

geral são negociadas com ágio ou deságio, de acordo com as

condições de mercado, fato este que implica que a taxa rt

va-ria com o tempo.

3. O Coeficiente de Realimentacão

.

O coeficiente de realimentação, pelo qual a

infla-9

ao do passado se transmite a taxa de inflação atual,

depen-de não ·.spmente dos coef icientes depen-de ~ropagação mas também da

estrutura da economia. A seguir apresent~rp.mos um modelo

bas-tante simples com o intuito de explicitar tais relações.·

Admita-se que a quantidade demandada de moeda depen

da do nlvel de Lenna

Y

t e da taxa de juros nominal i t deacor

do com:

A taxa de juros nominal

é

função do coeficiente de

correçao monetária ~ m , da taxa de inflação, e da proporção do

déficit do governo em relação ao produto nominal. Isto é:

CO\"lbinando-se estas duas equaçoes obtém-se a seguin

(11)

(13) 1

+

m

-t

ex 8

2

Ct

l

+

Ct.2 <5 1-('12 (q; - 6 )

m

y -t

cp rn

1-0: (q, -6)

2 m

.9.

que pode ser interpretada corno urna equaçao de demanda agregada.

Se o coeficiente de correção monetária for tal que ele

satisfa-ça a restrição, qJ <. 6+ l/'.),?_, o lndice de preços aumenta com a

m

quantidade de moeda e o déficit fiscal, e diminui com o aumento

da renda real e do nlvel de preços do periodo anterior.

A economia que estamos descrevendo tem dois setores:

indfistria e acricultura. O Indice geral de preços dessa

econo-mia é aproximaáu por urna média geométrica dos lndices de preços

da agricultura e da indústria. Isto é:

(14)

= (

l-w) p, t+ J; p .

1, a,l:

=

p. 1, t + CIJ (p a, t - p. 1, t)

onde a letra a indica agricultura e a letra

l

corresponde

.

a

indGstria, e w ~ a particiuac~o do setor agrlcola no disp~ndio

total.

A relação de trocas entre a agricultura e a indústria

depende da relação entre o produto agrlcola atual e aquele qus

se obtém em condições normais de produção do setor, de acordo

com:

( 15) p a, _ +- - p. 1 , t

=

T - O

o

SEcor industrial tem uma estrutura oligopollstica e

(12)

-~- - - - ----~

.10.

custos unitários de produção, que envolve dois fatores:

mão-de-obra e matéria-prima importada. Su~ondo-se uma função de custo

unitária do tipo Cobb-Douglas, o nlvel de preços do setor

in-dustrial

é

dado por:

onde y é a participação da mão-de-obra e l-y a participaçãoda

matéria prima importada no custo unitário de produção, qt mede

*

a eficiência da mão-de-obra e IT

t é o preço da matéria prima

importada em moeda nacional, que por sua vez depende do

compor--tamento da taxa d~ câmbio e dos preços internacionais do insurnn

importado. Isto e:

A indexação da taxa de câmbio se dá de acordo com a

seguinte fórmula:

onde $c

é

o coeficiente de indexação cambial.

A taxa de crescimento dos salários é o resultado de

duas componentes. Uma delas capta o efeito da indexação

sala-rial e a outra leva em conta o fato de aue as condições de

mer-cado de trabalhe fazem com que os salários não aumentem de

(13)

.11.

onde ht

é

o nlvel de capacidade ociosa da economia e St reflete

qualquer fator autônomo que possa existir no mercado de

traba-lho e que afete a determinação do salário.

Combinando-se as seis últimas equaçoes obtém-se a se- <

quinte equação de oferta agregada:

'"'{ (-',

B

(20 ) 6p= ' I s llPt-l

-

y ht + Y (St - II

Clt)

t

l-(l-y)~ l-(l-,)(jl 1-(1-Y)$c

c c

l-y (6p*

-

~c IIp*) w

e

+ m,t t

-

At

1-(l-y) <p 1-(l-y) ~

c c

onde o simbolo II representa a primeira diferença da variável, e.

g. 6Pt=Pt-Pt-l' At

é

igual a diferença entre a taxa de

cresci-mento do produto agricola e a taxa de crescicresci-mento normal do

se-tor: At =6y a,t

-lly

a,to

Quando os coeficientes de indexação salarial e cambia __

forem ambos iguais à unidade, ~s=~c=l a equação anterior

reduz-se a:

6 Pt= 6P

t-1 - 5ht + (St - :'lq,) t : + l-y Y (t\P,* m,t -6p"') -t

~

y A t

Os t-xê::.' últimos termos desta expressa0 refletem

dife-rentes tipos de choques de oferta que podem ocorrer na economia:

choques de salários, de preços de insumos importados e de

ofer-ta agrlcola.

As equaçoes (13) e (20) juntamente com a identidade

que liga o nivel de capacidade ociosa com as taxas de

(14)

fornecem a seguinte função de transferência para a taxa de in~

fIação: 4/

onde os valores dos par~metros a. , b. e c. sao explicitados na

J J J

Tabela 2. Esta equação mostra que a taxa de inflação depende:

i} da própria inflação passada através dos coeficientes de

rea-limentação aI e a2i ii) das pollticas monetária e fiscal de

a-cordo com os par~metros b

l e b2, e iii) dos diferentes choques

de oferta que podem ocorrer na economia. Os coeficientes

c

2 e c3 medem o impacto desses choques sobre a taxa de inflação.

Vale a pena analisar com certo detalhe as propriedades dos

pa-râmetros desta equação para se compreender a influência da

in-dexação na din~ica da inflação.

Em primeiro lugar verifiquemos a questão da

estabili-dade do processo inflacionário. Uma equação de diferentes

fi-nitas de segunda ordem é estável quando os coeficientes aI e a 2

sejam tais que satisfaçam as seguintes condições: l'-a

l-a2 > O,

1+a

l-a2>0 e 1+d2>O. Um pouco de álgebra leva-nos a concluir

que estas desi0ualdades são equivalentes as seguintes:

Ç2 > (aI + CX" _ 8)y<p s

(15)

-~---,

Origens

lirnt

~ft

-St-liQt

lip* m,t

-cp

~p* c t

At

.13.

Tl\i3ELA 2

As Oriqens da Inflação

a 1 ==

Coeficientes

*

(0.1 +0.2.6) (1- (l-y)

CPc

+ycps) ]-0.2 Y<P

r

J

0.

a 2

=

-b

l

=

--1.L

n

o. ôyf;

b 2

2

=

n

(C1.

l +C1.2o) y (l-L) c ==

0. 1

(a.

l+a.20) (l-y) (l-L) c

=

2

n

(a.

1 +0.20 }w8 (l-L)

-c 3

=

n

*

O sirnbolo L t]\ te ar,arece oos coe f icientes c

1' c? e c1 é o cnerar'l.or de defasagens: L X

(16)

,

~

.

~ .

.

Isto significa dizer que D deve ser maior do que o máximo entre

os dois números expressos no lado direito de cada uma dessas

desiqualdades. Se os coeficientes de indexação do câmbio do

salário e da taxa de juros forem iguais

à

unidade, ~ =~ =~

=

1,

s

m c

segue-se que as seguintes restrições entre os parâmetros do

mo-delo estrutural devem ser obedecidas para que a taxa de

infla-ção siga um processo estável:

e:

1

a + 8 > 1

+ 8 > 2

A sorna dos coeficientes al , a

2, bl e b2 e igual a 1:

Isto significa dizer que, no longo prazo, quando a taxa de

ex-pansão monetária for constante e quando a proporçao do déficit

do governo em relação ao produto nominal se mantiver inalterada,

a taxa de inflação será igual

à

taxa de crescimento da oferta de

moeda.

No curto prazo a realimentação inflacionãria e os cho-'

ques de oferta desempenham papel importante no processo

infla-cionário, pois as pollticas monetária e fiscal afetam apenas ~­

cialmente a taxa de inflação. A Tabela 2 mostra que a açao das

pollticas monetária e fiscal sobre a taxa de inflação depende,

entre outras variáveis, da proporção do salário no custo

(17)

.15.

economia sobre o comportamento dos salários. Se o coeficiente

B for igual a zero a tratet6ria da inflaçâo independe das

po-liticas monetária e fiscal, e nestas circunstâncias se os

coe-ficientes de in~exaçâo dos salários e do câmbio forem iguais a

unidade, ~ s =~ c =1, a taxa de inflacão segue um ~rocesso

estocás-

~-tico do tipo caminho aleatório (random-walk), desde que o

ter-mo estocástico que for adicionado à equação seja um ruido br~

co (white-noise), o que equivale a supor que os choques de

0-f erta nao apresentem correlaçao serial. - -

5/

Os ef (,i sos de variações dos coeficientes de indexaçâo dos salários, do câmbio e da taxa de juros sobre os parâmetros

da funçâo de transferência da taxa de inflação, equaçâo (21),

estão indicados na Tabela 3.

Um aumento do coeficiente de indexa~âo salarial faz

com que o coeficiente de inflação defasada de um oeriodo

taM-bém aumente e o coeficiente de inflação defasada de dois

dos diminua. Entretanto, a soma dos coeficientes de

realimenta-çao nâo se altera. Os demais parâmetros da equação da taxa de

inflação nâo se modificam quando o coeficiente de indexação xr

larial se altera.

Quanto aos coeficientes de indexação do câmbio e do

juros nada se pode afirmar a priori sobre a acão deles no

coe-ficiente da inflação defasada de um periodo, eft1bora o efeito

global sobre o co~{iciente de realimentação seja no sentido ne

diminui-lo quando os coeficientes de indexaqão aumentem. Nos

demais parâmetros da equação da taxa de inflação o aumento do

grau de indexação cambial e de juros da economia provoca um

(18)

.16.

TABELA 3

Indexação x Taxa de Inflação

Coeficientes

r

I

*

I

Parâmetrr"., I

de I

i

rc;I

Indexação

I

; b

l b2

I

I

aI a2 al + a2 cI c2

I

-t--

!

,

Salarial ( cp )

+

-

N N N N N N

s

I

I

i

Cambial ( <Pc) ?

-

I

i

-

+ + + + +

I

I

I

I

+

i I

Monetária ( q, ) I

I

?

-

I

-

+ + + +

m

1

J

." Os sl.nt:olos r:ue aparecEm nesta tabela :I..micam os sinais das derivadas

parcias dos parârretros a:rn relação aos coeficientes de indexação. O

sInix:>lo N irrlica c:rue a cterivada narcial

é

iemal a zero e o 'X>nto de

interrogaç,ão cyue o sinal de cterivada rarcial é a pri?ri irrletenninado.

!

I

,

(19)

.17.

Ati aqui admitiu-se que a indexação nao afeta os

pa-râmetros estruturais da economia. Cabe agora relaxar esta

hi-pótese e verificar até que ponto as conclusões que acabamos de

enunciar se mantém. Na medida em que o trade-off de curto ~a­

zo, da Curva de Phillips, entre inflação e capacidade ociosa,

depender do grau de indexação da economia o coeficiente de

rea-limentação se altera. Com efeito, se a indexação dos salários

fizer com que o parâmetro B da Curva de Phillips diminua, os

coeficientes b

1 e b2 que dele dependem decrescerão, Dois:

> 0<

Como consequência deste fato a potência das

pollti-cas monetária e fiscal será reduzida. Seg~e~se, portanto, que

o coeficiente de realimentação aumenta, em virtude de:

o

combate

à

inflaçdo através de pollticas monetária

e fiscal se torna mais penoso, pois o custo social do processo

de desinflação será mais elevado.

4. Conclusões

A função de transferência da taxa de inflação

deriva-da a partir de um modelo estrutural bastante simples deriva-da economi

a, desenvolvido na seção ~recedente, mostra de maneira clara co

mo a indexação pode afetar o coeficiente de realimentação e a

(20)

.18.

A desindexação da economia corno instrumento de

comba-te

à inflação poderia se justificar na hipótese de que os

pró-prios parâmetros estruturais da economia estejam relacionadosoam

o grau de

indexação da mesma. Esta é uma hipótese que

deve

ser devidamente testada e para a qual não se dispõe ainda

de

evidência empIrica.

g importante salientar o fato de que a simples

desin-dexação da economia não iria eliminar a realimentação

inf1acion~

ria. A realimentação existe em economias com diferentes graus

de indexação e com os mais variados esquemas de intervenção

do

governo no sistema de indexação. Um programa de combate

à

infla-çao que pretenda traçar uma nova história oara o ritmo de

aumen-to de preços tem de quebrar o elo da corrente que une o passado

ao futuro. Este corte na história da inflação poderia ser feito

de modo menos traumático através de uma po1Itica de rendas

num

curto intervalo de tempo. De acordo com tal po1itica os

preços

dos bens e serviços e as remunerações dos diversos fatores

de

produção não seriam mais baseados no passado, mas sim no futuro,

para o qual se deseja escrever uma nova história. Esta polItica

de rendas ter ia de ser consistente com as polI ticas

rn::m.etária

e

fi~

cal pois, de outro modo, o programa de combate

à inflação

esta-ria fadado ao insucesso.

Notas de Rodapé

1/ Urna descrição mais detalhada destes mecanismos para o per Iodo

1964/80 encontra-se em Barbosa (1983).

2/ Esta é uma fórmula que revela o núcleo central da fórmula da

(21)

deta-.19.

lhes técnicos.

31

Para uma análise de algum desses esquemas de indexação

ver

Barbosa (1984)

41

A função de transferência de uma variável endógena de um

mo-delo estrutural

é

uma das diversas formas que o modelo pode

ser resolvido. Para maiores detalhes, consulte-se, por

exem-plo, Zellner e Palro (1974).

51

A hipótese de caminho aleatório para a taxa de inflação

bra-sileira foi sugerida por Cardoso (1983).

Referências Bibliográficas

Barbosa, F.de H.

A Inflação Brasileira no Pós-Guerra: f10netaris

mo x Estruturalismo. Rio de Janeiro: PNPE, 1983.

Barbosa, F.de H. Ensaios Sobre Inflação e Indexação, EPGE,' Ensa'-'

ios Econômicos, 1984.

Cardoso, E.A. Indexação e Acomodação Monetária: Um Teste do

Pro-cesso Inflacionário Brasileiro. Revista Brasileira de Econo

mia, 37: 3-11, 1983.

Zellner,A. e F. Palmo Time Series Analysis and Simultaneous

Equ~

tion Econometric Models. Journal of Econometrics, 2: 17-54,

(22)

ENSAIOS ECONOMICOS DA EPGE

1. ANALISE

COM~ARATIVA

DAS ALTERNATIVAS DE POLTTICA COMERCIAL DE UM PAIS EM

PRO-CESSO DE

INIijSTRIALIZAÇ~O

- Edmar Bacha • 1970 (ESGOTADO)

2.

ANALISE

ECONOM~TRICA DO

MERCADO INTERNACIONAL DO

CAF~

E DAPOLrTICA

BRASILEI-RA DE PREÇOS - Edmar Bacha - 1970 (ESGOTADO)

3.

A ESTRUTURA ECONOMICA BRASILEIRA - Mario Henrique Slmonsen - 1971 (ESGOTADO)

4.

O PAPEL

DO

INVESTIMENTO EM EDUCAÇ.O E TECNOLOGIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMEN

TO ECONOMICO - Carlol Geraldo Langonl - 1972 (ESGOTADO)

-5.

A

EVOLUÇ~O

DO ENSINO DE ECONOMIA NO BRASIL - Luiz

de

Frelta. Bueno - 1972

6.

POLrTICAANT'-INFLACIONARIA •

ACONTRtBUIÇ~O

BRASILEIRA - Mario Henrique

SI-mon.en -

197'

(ESGOTADO)

7.

ANALISE DE

S~RIES

DE TEMPO E MODELO DE FORMAÇAO DE EXPECTATIVAS - José

LuIz

Carvalho - 197' (ESGOTADO)

8.

DISTRleU,ç~O

DA RENDA E DESENVOLVIMENTO ECONOMICO DO BRASIL: UMA

REAFIRMAÇ~­

Carlo. Geraldo Langonl - 1973 (ESGOTADO)

9.

UMA NOTA SOBRE A

POPULAÇ~O

OTIMA DO BRASIL - Edy Luiz Kogut - 1973

10~

ASPECTOS DO PROBLEMA DA ABSORÇAO DE MAO-DE-OBRA: SUGESTOES PARA PESQUISAS

JOlé LuIz Carvalho - 1974 (ESGOTADO)

11. A FORÇA DO

TRAB~LHO

NO BRASIL - Mario Henrique SImonsen - 1974 (ESGOTADO)

12. O SISTEMA BRASILEIRO DE INCENTIVOS FISCAIS - Mario Henrique Slmonlen - 1974

(ESGOTADO)

13. MOEDA - Antonio Maria da Silveira - 1974 (ESGOTADO)

14.

CRESCI~ENTO

DO PRODUTO REAL BRASILEIRO - 1900/1914 • Claudio LuIz Haddad

197" (ESGOTADO)

15.

UMA NOTA SOBRE NOMEROS rNDICES - José Luiz C.rvalho - 1974 (ESGOTADO)

16. ANALISE DE CUSTOS E BENEFrCIOS SOCIAIS I - Edy Luiz Kogut -.197'

(ESIITADO)

(23)

32. MICROECONOMIA - Parte A - TEORIA DA DETERMINAÇAO DA RENDA E DO NrVEL DE PREÇOS

José Julio Senna - 2 Volumes - 1980

33.

ANALISE DE CUSTOS E BENEFrCIOS SOCIAIS I I I - Edy Luiz Kogut - 1980

34.

MEDIDAS DE CONCENTRAÇAO - Fernando de Holanda Barbosa - 1981

35.

CR~DITO

RURAL: PROBLEMAS ECONOMICOS E SUGESTDES DE MUDANÇAS - Antonio SaJazar

36.

DETERMINAÇAo

NUM~RICA

DA TAXA INTERNA DE RETORNO: CONFRONTO ENTRE ALGORrTIMOS

DE BOULDING E DE WILD - Clovis de Faro - 1983

37"

MODELO DE EQUAÇOES SIMULTANEAS - Fernando de Holanda Barbosa - 1983

38, A

EFICI~NCIA

MARGINAL DO CAPITAL COMO CRITtRIO DE AVALIAÇAo ECONOMICA DE PROJE

TOS DE INVESTIMENTO - Clovis de Faro - 1983 (esgotado)

-39. SALARIO REAL E INFLAÇAO (TEORIA E ILUSTRAÇAO EMPTRICA) - Raul José Ekerman

- 1984

40. TAXAS DE JUROS EFETIVAMENTE PAGAS POR TOMADORES DE EMPREsTIMOS JUNTO A BANCOS

COMERCIAIS - Clóvis de Faro - 1984

41. REGULAMENTAÇAo E DECISDES DE CAPITAL EM BANCOS COMERCIAIS: REVISAo DA LITERATURA

E UM ENFOQUE PARA O BRASIL - Uriel de Magalhães - 1984

42. INDEXAÇAO E AMBlrNCIA GERAL DE NEGOCIOS - Antonio Maria da Silveira - 1984

43.

ENSAIOS SOBRE INFL.:\çAO E INDEXAÇAO - Fernando de Holanda Barbosa - 1984

44. SOBRE O NOVO PLANO DO BNH: "SIMC

II

* -

Clovis de Fáro - 1984

45. SUBSTDIOS CREDITrCIOS

A

EXPORTAÇAo - Gregório FoL. Stukart - 1984

46.

PROCESSO DE DESINFlAÇAO - Antonio C. Porto Gonçalves - 1984

47.

INDEXAÇAo E REALIMENTAÇAo INFLACIONARIA - Fernando de HolAndA Barbosa

~

1984

000035887

(24)

17.

DISTRI8UIÇ~0

DE RENDA: RESUMO DA EVIDENCIA - C.rlos Geraldo Langonl - 1974

(ESGOTADO)

18. O MODELO ECONOMtTRICO DE ST. LOUIS APLICADO NO BRASIL: RESULTADOS

PRELIMINA-RES - Antonio Carlos Lemgruber - '975

19. OS MODELOS CLASSICOS E NEOCLAsSICOS DE DALE W. JORGENSON - Ellseu R.

de Andr~

de

Alwl - '975

.

20. DIVID: UMPROGAAMA FLEXrvEL PARA

CONSTRUÇ~

DO

~UADRO

DE

EVOLUÇ~

DO ESTUDO DE

UMA DrvlQA .. Clóvis

de

Faro - 197"

21. ESCOLHA ENTRE OS REGIMES DA TABELA PRICE E DO SISTEMA DE AMORTIZAÇDES

CONSTAN-TES: PONTO-DE-VISTA DO MUTUARIO - Clovl.

de

Faro - 1975

22. ESCOLARIDADE. EXPERIENCIA NO TRABALHO E SALARIOS NO BRASil - JOlé Julio Senna

- 1975

23.

PES~UISA

~UANTITATIVA

NA ECONOMIA - lulz de Freltal Bueno - 1978

2".

UMA ANALISE EM CROSS-SECTION DOS GASTOS FAMiliARES EM CONEXXO COM

NUTRIÇ~.

SAODE. FECUNDIDADE E CAPACIDADE DE GERAR RENDA .. José lulz Carvalho - 1978

25.

DETERMINAÇAo DA TAXA DE JUROS IMPLrCITA EM ESQUEMAS

GEN~RICOS

DE FINANCIAMENTO:

COMPARAçab ENTRE OS AlGORtrlMOS DE WILD E DE NEWTONRAPHSÓN Clóvll de Faro

-1978

26. A.

UR8ANIZAÇ~O

E O CrRCULOVICIOSO DA POBREZA: O CASO DA CRIANÇA URBANA NO BRA

Sll - José LuIz Carvalho e Urlel de Magalhães - 1979

-27. MICROECONOMIA - Parte' - FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS PREÇOS - Mario Henrique

Slmonlen - 1979

28. ANALISE ·DE CUSTOS E BENEFrCIOS SOCIAIS II - Edy Luiz Kogut - 1979

29. CONTRAD.IÇM APARENTE - OctávIo Gouvêa

de

Bulhões - 1979

30. MICROECONOMIA .. Parte 2 - FUNDAMENTOS DA TEORIA 005 PREÇOS - Mario Henrique

Slmonlen - 1980 (Em fase de Impressio)

Referências

Documentos relacionados

RESUMO: A presente invenção apresenta condições de cultivo bacteriano para a produção de polihidroxibutirato utilizando como fonte de carbono o caldo de

Quanto à existência de política de indexação e manual de indexação, 13 das bibliotecas afirmaram que possuem política de indexação disponível para consulta pela equipe de

Important to highlight that in the portals is not realized studied mechanisms to facilitate and stimulate the collaboration for the organization, except, Portal of The

As confi gurações da temperatura e umidade do ar em associação com a velocidade do vento condiciona- ram condições de desconforto térmico nas duas escalas consideradas pela

Atas do I Congresso de História do Movimento Operário e dos Movimentos Sociais em Portugal, 13- 167 fora da agricultura mas mantém ligações quase constantes com ela, é na vila de

De acordo com a Lei Orgânica do Ensino Industrial (1942), os Cursos Industriais eram destinados ao ensino de um ofício de modo completo, necessitava de uma longa

resultado constituiu a frequência de cocitação entre os autores mais citados nos

– Um segmento é um conjunto de extensões que contém todos os dados para uma estrutura de armazenamento lógico específico dentro de uma tabela.. Armazenamento de Base de