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Perfil da administração tributária em municipios com ate 30.000 habitantes: esforço fiscal e viabilidade municipal

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(1)

PERFIL DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EM

MUNICÍPIOS COM ATÉ 30.000 HABITANTES:

esforço fiscal e viabilidade municipal

(2)

MUNICÍPIOS COM ATÉ 30.000 HABITANTES:

esforço fiscal e viabilidade municipal

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Fundação Getulio V.U"g~!C Esc.oLade Admini&traçao . de Empresas de S30Paulo .

Biblioteca

S 111\ 111111111111111

1200301102

Banca examinadora:

Orientador: Prof. Dr. Haroldo Clemente Giacometti

Prof. Dr. Adriano Henrique Rebelo Biava

(3)

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Resumo: Analisa a questão do esforço fiscal e da viabilidade municipal

em termos de arrecadação potencial nos municípios brasileiros. Avalia

a formação educacional do primeiro escalão do executivo municipal e

da Secretaria de Finanças nos municípios com até 30.000 habitantes, e

o quantitativo, por função, do quadro funcional destas últimas.

VESCOVI, José, Junior. PERFIL DA ADMINISTRAÇÃO

TRIBU-TÁRIA EM MUNICÍPIOS COM ATÉ 30.000 HABITANTES: esforço

fiscal e viabilidade municipal. São Paulo: FGV/EAESP, 2003. 103 fls.

(Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

FGVIEAESP, Área de Concentração: Finanças Públicas)

(4)

ÀzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAIsabel, pelo apoio, dedicação e paciência nos

(5)

A defesa desta dissertação é o corolário de três anos de estudos e pesquisas

desde nosso ingresso no Curso de Mestrado em Administração Pública e Governo da

FGV/EAESP. E agradecer a tantos que, neste período, de uma forma ou de outra,

colaboraram para que a empreitada chegasse a seu término, não deixa de ser uma tarefa

difícil, porquanto corre-se sempre o risco de cometer uma injustiça, pela omissão de

alguém cuja colaboração tenha sido, por alguma razão, mais relevante.

De qualquer forma, não poderia deixar de agradecer a orientação dos

mestres de que fui, com prazer e admiração, discípulo. Mestres que, além de transmitir o

conhecimento das disciplinas exigidas, souberam mostrar que, na administração

pública, as áreas não são estanques, mas se inter-relacionam, tomando, mesmo a "área"

de finanças públicas, multi-disciplinar.

Agradeceria especialmente ao meu orientador, Prof. Giacometti.

Conhe-cendo o temperamento de seu orientando - fomos também colegas fora da vida

acadê-mica - abdicou de manter um acompanhamento mais próximo da evolução da pesquisa,

aceitando, pacientemente, fazer as correções e reorientando o trabalho de seu aluno

quando era a tanto instado. Espero não decepcioná-lo pela confiança depositada .VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

. . . .

Não poderia deixar de agradecer ao Prof. Adriano H. R. Biava, em especial

pela sua segura orientação quanto à questão da contribuição de melhoria, área da qual é

estudioso e profundo conhecedor.

Ao Prof. Antonio Luiz Carvalho Leme, do IBGE - Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, meus agradecimentos pela orientação quanto às fontes de

pesquisa sobre o tema, não só dentro do próprio IBGE, quanto em outras fontes.

Não poderia deixar de agradecer ao apoio do NPP - Núcleo de Pesquisas e

Publicações da FGV /EAESP, pelo suporte financeiro e logístico na pesquisa efetuada

com os 4.644 municípios com menos de 30.000 habitantes existentes em 1997, para os

quais foi enviado questionário solicitando, entre outros dados, informações sobre o

primeiro escalão da administração e sobre a Secretaria de Finanças dos mesmos. Não

fosse este apoio e não teria sido possível a análise qualitativa desenvolvida no presente

trabalho.

Por derradeiro, ejihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAla s t b u t n o t least, um agradecimento especial à Isabel, que

(6)

Introdução

Parte I - A questão federativa

Introdução

Capítulo 1 - O federalismo brasileiro

1.1 - O federalismo fiscal brasileiro

Capítulo 2 - A criação de municípios

Capítulo 3 - Os tributos municipais

Parte 11- As receitas tributárias

Introdurão

Capítulo 4 - A arrecadação e a heterogeneidade municipal

4.1-

O perfil dos municípios

4.1.1 - A distribuição dos municípios por faixa populacional

4.1.2 - A distribuição dos municípios por faixa de renda per capita

4.1.3 - A distribuição dos municípios por faixa de comprometimento da renda 28

com a receita tributária

4.2 - O esforço fiscal

4.2.1 - O comprometimento da renda com a receita tributária por faixa 30

populacional

4.2.2 - O comprometimento da renda com a receita tributária por faixa de 31

rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita

4.3 - A viabilidade municipal 32

4.3.1 - A receita tributária por habitante por faixa populacional 32

4.3.2 - A receita tributária por habitante por faixa de renda p e r c a p ita 3 3

4.3.3 - A receita tributária por habitante por faixa de comprometimento da 34

renda com a receita tributária

Capítulo 5 - O esforço fiscal

5.1 - O esforço fiscal por faixa populacional

5.2 - O esforço fiscal por faixa de renda p e r c a p ita

Capítulo 6 - O perfil administrativo

6.1 - As Secretarias

6.2 - A Secretaria de FinançaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(7)

6.3 - As normas legais e os órgãos de apoio

Parte In -

o

esforço fiscal e a viabilidade municipal

Introdução

Capítulo 7 - A arrecadação perdida

7.1 - Os Impostos

7.1.1 - O ISS

7.1.2 - O IPTU

7.1.3 - O ITBI

7.2 - As Taxas

7.3 - A Contribuição de Melhoria

Capítulo 8 - A viabilidade municipal

60

63

63

65

66

68

69

70

71

72zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

74

8.1 - A distribuição de Municípios viáveis por faixa de Receita Tributária por 75

habitante

8.2 - A viabilidade municipal por Estado 76

8.2.1 - O total dos Municípios viáveis no Brasil 76

8.2.2 - O total dos Municípios viáveis até 30.000 habitantes 77

Capítulo 9 - As Despesas Legislativas e de Planejamento 79

9.1 - As Despesas Legislativas e de Planejamento por faixa populacional 80

9.2 - As Despesas Legislativas e de Planejamento nas unidades da federação 81

Parte IV - Conclusões e Recomendações 84

Introdução 84

Capítulo 10 - Conclusões 86

Capítulo 11 - Recomendações 89

Referências Bibliográficas 91

Anexos 94

Anexo 1 - Municípios com % de Rec. Trib./Renda superior a 80 % 94

Anexo 2 - Composição percentual da Receita Orçamentária 95

(8)

I N T R O D U Ç Ã OzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Quando escolhemos para tema de nossa dissertação de mestrado a questão

da administração tributária municipal, fomos motivados não só pelo fato de ser um tema

ligado à nossa atividade profissional, mas, principalmente, pelo fato de ser o Município

o ente mais próximo do cidadão, aquele no qual ele mais exercita sua cidadania e junto

ao qual mais condições tem de cobrar dos governantes a correta aplicação dos recursos

dele arrecadados.

Ademais, a imposição de tributos insere-se na questão maior do exercício da

cidadania. Além de manifestação da soberania nacional ( ou de independência da União,

no caso dos entes federativos sub-nacionais) o poder de império de lançar, administrar

e arrecadar tributos é exercido com o fito de prover o bem-estar comum, constituindo-se

seus desvios - seja de que ordem forem - em prejuízo às atividades-fim desse mesmo

Estado.

Ainda que com características distintas da administração privada, a

adminis-tração pública não deixa de ter com aquela pontos em comum. Assim, a adminisadminis-tração

financeira de uma empresa encontra sua contra-partida na Secretaria de Finanças, que

abrange todo o aspecto fiscal do ente ( receitas e despesas ). Como na administração

privada, o adequado equilíbrio entre receitas e despesas ( desconsiderando o lucro )

permite não só a sobrevivência do órgão - apesar de não haver o instituto da falência

para os entes federativos - como, principalmente, a adequada consecução de seus

objetivos.

Ora, o Estado existe para prover o bem comum, oferecendo segurança,

saúde, educação, etc. Assim, a arrecadação de tributos faz-se necessária não só para

sustentar a estrutura administrativa do governo - atividade-meio - como para garantir a

oferta de bens públicos - atividade-fim - tendo em conta as funções fiscais de

distribuição, alocação e estabilização. Desvios na arrecadação tributária - tanto pelo

excesso de exação como pela não obtenção das receitas possíveis - comprometem a

consecução dos objetivos sociais do governo. Da mesma forma, a incorreta aplicação

dos recursos - seja por desvios decorrentes de fraudes de qualquer natureza, seja pelo

seu uso em áreas de menor retorno - no pagamento das despesas incorridas constitui-se

(9)

Por conseguinte, entendemos ser a análise da administração tributária dos

municípios de grande relevância na área das finanças públicas.

Se a escolha do tema para uma dissertação pode não apresentar grande

dificuldade, a abordagem do tema, a ênfase da pesquisa, a escolha do tema central,

enfim, já se apresenta bem mais difícil. Parte-se do conhecimento próprio, do que se leu

em artigos e revistas, do estudo de livros e publicações especializados, para, afinal,

eleger-se uma linha de pesquisa cujos resultados e conclusões não se revelem mera

repetição do que já foi publicado a respeito, mas que, de alguma forma, contribuam para

uma melhor compreensão do tema.

Ora, qualquer pessoa que se detenha sobre as Receitas Orçamentárias dos

municípios - ponto de partida para a análise da administração tributária de qualquer ente

federativo constatará facilmente que os mesmos em especial os de pequeno porte

-dependem pesadamente de repasses federais e estaduais, e que sua arrecadação própria é

de reduzida monta. Tal fato é de sobejo conhecido, sendo amiúde mencionado, não só

na literatura acadêmica, como em artigos e matérias destinados ao público leigo. Mas

esta constatação nada permite inferir a respeito do perfil da administração tributária. Ou

seja, nada diz sobre a arrecadação ser a possível e esperada nas condições

econômico-financeiras do município e dos munícipes, sobre estar a autoridade coatora exercendo

adequadamente suas funções legais, sobre estar a base imponível dos tributos sendo

adequadamente monitorada, sobre o adimplemento das obrigações tributárias estar

sendo convenientemente fiscalizado.

Além dos pontos acima mencionados, quando se trata de analisar as receitas

municipais, as mesmas são quase sempre - como veremos - analisadas como um todo,

ou seja, em termos de médias de arrecadação deste ou daquele tributo, médias de

arrecadaçãojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita , por unidade da federação, por região, etc. Veremos, no decorrer

do trabalho, como fica fácil chegar-se a conclusões sobre a arrecadação municipal

levando-se em conta tais parâmetros. Entendemos, porém, que esta abordagem poderia

estar mascarando a realidade tributária dos municípios, levando a conclusões errôneas

-ou, ao menos, incompletas - quanto aos fatores determinantes do nível de arrecadação

observado em cada um desses entes federativos sub-nacionais.

Dado o tema do perfil da administração tributária nos municípios - e, dentro

(10)

nossa análise na arrecadação tributária dos mesmos, buscando responder a três questões

básicas:

• qual variável - se alguma - poderia ser considerada como estimador

de máxima verossimilhança do nível de arrecadação?

• o nível de arrecadação nos municípios, considerados

individual-mente, é o possível dentro da atual estrutura tributária, ou poderia ser

maior?

• qual a influência - se alguma - da capacitação técnica da

adminis-tração municipal - seu primeiro escalão - e da Secretaria de Finanças

na arecadação?

O ano escolhido pará análise foi o de 2001, último com dados primários

disponíveis.

Observe-se que a escolha dos municípios com até 30.000 habitantes ( que

representam aproximadamente 85zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA% do total de municípios no Brasil) como objeto da

análise foi aleatória. Entretanto, a escolha desta faixa populacional - assim como as

demais, usadas como paradigma - revelou-se como possuidora de características

próprias, adequada para fins analíticos.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

... Definidos o tema e as questões básicas a que nos propunh~os responder,

decidimos, então, por fazer um trabalho o mais prospectivo possível, tentando não partir

de idéias preconcebidas em relação à arrecadação tributária dos municípíos e de sua

estrutura orçamentária e financeira, ou seja, sem o propósito de aceitar ou refutar

determinada tese.

Já que o objeto do trabalho era o de traçar um perfil da administração

tributária dos municípios, resolvemos abordar o tema e conduzir a pesquisa a ser

realizada em dois níveis: o quantitativo e o qualitativo.

No nível quantitativo, a idéia era a de tentar correlacionar os dados da

arrecadação municipal com outros que pudessem indicar um estimador de máxima

verossimilhança para a arrecadação esperada ou potencial.

Assim, ao iniciarmos o processo da pesquisa quantitativa, procuramos

definir, de antemão, com que dados iríamos trabalhar.

Evidentemente, os dados referentes à arrecadação tributária seriam o ponto

de partida. Mas, a partir daí, outros dados seriam imprescindíveis para que se pudesse

(11)

estabelecer qualquer correlação com outras variáveis que pudessem influenciar a

arrecadação. Dado que os impostos previstos no ordenamento jurídico nacional gravam

a renda, a produção e o patrimônio, seriam essas, entendemos, as variáveis que

deveríamos considerar. Taxas e Contribuição de Melhoria seriam analisadas levando-se

em consideração as mesmas variáveis.

Determinadas as variáveis a serem utilizadas para a análise dos dados

quantitativos, quatro foram as fontes primárias selecionadas:

• FINBRA - Finanças do Brasil, da Secretaria do Tesouro Nacional,

de onde foram obtidos os dados referentes à arrecadação tributária

municipal e às despesas por função;

• Novo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, do UNDP

-United Nations Development Program ( PNUD - Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento ), elaborado em colaboração

com o IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, a

Fundação João Pinheiro e o IBGE, de onde foram obtidos os dados

de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita e IDH-M - Índice de Desenvolvimento

Humano-Municipal;

• Censo-Demográfico 2000 - Primeiros Resultados da Amostra, do

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de onde foram

obtidos os dados referentes à população e número de domicílios

particulares permanentes;

• Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2000, também do

IBGE, de onde foram obtidos os dados referentes à população

ocupada total e ao número de unidades locais.

O primeiro problema metodológico foi o do cruzamento - ou, melhor

dizendo, combinação - dos dados das fontes utilizadas, uma vez que os dados do

FINBRA referiam-se ao ano de 2001, e os demais a dados referiam-se ao ano de 2000.

O primeiro critério adotado para a confecção das planilhas foi a utilização,

como população do município, dos dados constantes do FINBRA. Estes apresentam

diferenças em relação aos dados do IBGE, dado que a população municipal constante do

Censo Demográfico de 2000 é, evidentemente, a constante dos municípios existentes

em 2000. Os dados do FINBRA referem-se aos municípios que entregaram seus

(12)

Patrimoniais para o ano de 2001 - incluindo, portanto, os criados naquele ano - objeto

da análise. Sob este aspecto, portanto, os dados de arrecadação e população estavam

consistentes, dentro de um mesmo espaço temporal e oriundos da mesma fonte.

Os dados da variável renda foram obtidos a partir da rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita

constante do Novo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, do UNDP, que

apresenta os dados do IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano-Municipal. No

cálculo do IDH , são considerados os indicadores de educação, longevidade e renda,

sendo que para o fator renda é considerado o PIB do País, que dividido pela população

do mesmo fornece a renda p e r c a p ita . Conforme constante do ítem "Entenda o cálculo

do IDH Municipal ( IDH-M ) e saiba quais os indicadores usados", na avaliação da

renda dos habitantes de um município, o uso do PIB p e r c a p ita torna-se inadequado,

dado que, entre outros fatores, nem toda a renda produzida dentro da área do município

é apropriada pela população residente. No caso brasileiro, o UNDP efetua o cálculo da

renda p e r c a p ita municipal a partir das respostas ao questionário expandido do Censo,

realizado pelo IBGE em 2000. A renda média municipal p e r c a p ita indica a renda

média dos indivíduos residentes no município expressa em reais. Para o cálculo da

renda, são somados todos os rendimentos auferidos pelos moradores do município,

inclusive salários, pensões, aposentadorias, transferências governamentais, etc. O

somatório é dividido pelo número de habitantes, obtendo-se, destarte, a renda p e r c a p ita

do município.

Tem-se, aSSIm, que a renda municipal p e r c a p ita apurada pelo UNDP é

derivada de dados obtidos do Censo realizado pelo IBGE. Como o dado primário

fornecido pelo UNDP é a renda p e r c a p ita , e os dados referiam-se ao ano de 2000,

partimos dos seguintes pressupostos:

• eventuais desmembramentos de municípios não afetariam,

signifi-cativamente, a rendap e r c a p ita do mesmo;

• a variação em termos de poder aquisitivo da moeda também não

seria significativa, pelo menos não a ponto de comprometer os

resultados da análise;

• a renda do município poderia ser facilmente calculada pela simples

multiplicação do número de habitantes ( obtido da STN ) pela renda

(13)

Já a utilização dos dados do IBGE - número de domicílios particulares

permanentes, número de unidades locais ( empresas ) e população ocupada total - a

rigor não ofereceria uma aproximação tão grande da situação existente em 2000.

Entretanto, se considerarmos que foram instalados no ano de 2001 54 municípios - um

acréscimo de menos de 1 % em relação aos existentes em 2000 - verificamos que tais

divergências tendiam a ter efeito desprezível no agregado, mesmo considerando-se

serem tais municípios de pequeno porte.

Nota: como praticamente toda a análise desenvolvida no curso deste

trabalho está calcada nos dados combinados das fontes acima citadas, nos quadros,

gráficos e planilhas utilizados, estará omitida a fonte dos dados. A fonte estará

mencionada nos quadros, gráficos e planilhas no caso de uma única fonte, ou de outra

fonte que não as acima.

O segundo problema metodológico, em termos de análise quantitativa, foi o

da definição do universo a ser analisado.

A rigor, tinhamos um universo de 5.561 municípios - incluindo-se o Distrito

Federal - em 2001, sendo que, destes, 4.885 ( 87,9 % do total de municípios)

apresentaram informações à Secretaria do Tesouro Nacional. Dado que nosso interesse

era o de trabalhar com dados cruzados, que permitissem inferenças acerca de-eventuais

correlações entre as variáveis analisadas, optamos por excluir da análise todos os

municípios para os quais não tivessemos informações, concomitantemente, da

Secretaria do Tesouro Nacional, do IPEA e do IBGE. Isto reduziu o universo a ser

analisado para 4.825 municípios ( 86,8 % do total ), que entendemos, em um primeiro

momento, deveria ser o universo de municípios a ser trabalhado.

Entretanto, ao iniciarmos os trabalhos de análise, deparamo-nos com o fato

de que alguns municípios apresentavam um índice de comprometimento da renda em

relação à receita tributária - ou seja, % de receita tributária/renda - superior a 300 %, e

isto independentemente da faixa populacional ou da rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita municipal.

Defrontamo-nos, assim, com um terceiro problema de ordem metodológica:

tais municípios distanciavam-se por demais dos padrões de arrecadação observados nos

demais. A análise dos mesmos revelou terem tais municípios uma elevada arrecadação

de IPTU - sendo quase todos estações de veraneio ou de inverno - ou elevada

(14)

ou de elevado peso na arrecadação municipal - de forma a afastar qualquer possibilidade

de comparabilidade.

Como pretendíamos efetuar um trabalho de verificação da existência ou não

de padrôes de arrecadação para municípios dentro de uma mesma faixa populacional, ou

de renda, ou qualquer variável que se revelasse como fator preponderante no nível de

arrecadação tributária do município, optamos por excluir tais municípios do nosso

universo de análise. Isto afastou 46 municípios do universo de municípios a ser

considerado, reduzindo-os para 4.779 ( 86,0zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA% do total ).

Os municípios excluídos estão discriminados no Anexo I, onde também

estão destacados os dados considerados relevantes como fator de exclusão dos mesmos

do universo a ser considerado.

Definido o universo de estudo, restava estabelecer classes dentro das quais

os municípios seriam analisados. Dado que nossa atenção concentrava-se nos

municípios com até 30.000 habitantes, o primeiro fator de classificação não poderia

deixar de ser a faixa populacional.

Assim, para efeitos de análise, foram os mesmos divididos em seis faixas

populacionais de 5.000 habitantes cada uma, da seguinte forma:

até 5.000 habitantes;

de 5.001 até 10.000 habitantes;

de 10.001 até 15.000 habitantes;

de 15.001 até 20.000 habitantes;

de 20.001 até 25.000 habitantes;

de 25.001 até 30.000 habitantes;

Os demais municípios, utilizados como paradigma, foram agrupados em

outras oito faixas populacionais, assim distribuídas:

(15)

Esta última faixa inclui apenas São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que São

Paulo tinha, efetivamente - de acordo com o Censo Demográfico de 2000 - 10.406.166

habitantes. Tal "imprecisão" não afeta, obviamente, a análise.

Por suas características, Brasília não foi incluída no universo analisado,

dado que ao Distrito Federal cabem as competências legislativas reservadas aos Estados

e Municípios, bem como a administração dos tributos de competência estadual e

municipal.

A segunda classificação que resolvemos adotar foi por faixa de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r

c a p ita . Tal classificação foi adotada para facilitar a análise do nível de correlação entre

arrecadação tributária e renda.

Para tanto os municípios foram divididos em 12 faixas de renda p e r c a p ita ,

conforme abaixo:

• até R$ 50,00/ano;

• de R$ 50,01 até R$ 75,00/ano;

• de R$ 75,01 até R$ 100,00/ano;

• de R$ 100,01 até R$ 150,00/ano;

• de R$ 150,01 até R$ 200,00/ano;

• de R$ 200,01 até R$ 250,00/ano;

• de R$ 250,01 até R$ 300,00/ano;

• de R$ 300,01 até R$ 350,00/ano;

• de R$ 350,01 até R$ 400,00/ano;

• de R$ 400,01 até R$ 450,00/ano;

• de R$ 450,01 até R$ 500,00/ano;

• de R$ 500,01 até R$ 1.000,00/ano;

Originalmente havíamos optado por dividir as faixas de renda p e r c a p ita em

segmentos de R$ 50,00/ano. Entretanto, a faixa de R$ 50,01 a R$ 100,00/ano totalizaria

1.344 municípios, ou 24,1 % do total. Resolvemos, então, sub-dividir esta classe de

renda, conforme acima. O critério para englobar todas as classes de renda p e r c a p ita

acima de R$ 500,00/ano na categoria até R$ 1.000,00/ano foi, obviamente, o reduzido

número de eventos dentro da classe.

Entretanto, à medida que o trabalho se desenvolvia - em termos de análise

(16)

os fatores população e renda com a arrecadação tributária, quando descíamos ao nível

de município.

Constatado o fato, optamos por alterar o enfoque da pesquisa a que

originalmente nos propunha-mos - qua seja, o de dar um perfil da administração

tributária em termos quantitativos e qualitativos, verificando sua correlação com a

arrecadação efetiva - voltando-o para a questão do esforço fiscal e da viabilidade

municipal. Procuramos, então, verificar se o esforço fiscal desenvolvido pela

administração tributária de cada município poderia responder pela absoluta falta de

correlação entre os fatores população e renda com a arrecadação observada. Para tanto,

teríamos de estabelecer um critério de esforço fiscal, um parâmetro, que permitisse o

desenvolvimento da análise. Ou seja, teríamos de estabelecer uma cláusula de barreira

-umajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAh u r d le r a te - que servisse de limite entre um municípo com adequado esforço fiscal

e outro com frouxo esforço fiscal.

Optamos, assim, por adotar o critério de percentual da renda comprometido

com a arrecadação tributária. Tinhamos consciência de que a simples eleição de qual

percentual a ser utilizado já seria, de p e r s i, um tema polêmico. Não tinhamos,

entretanto, como nos furtar a assumir o risco das críticas. Adotamos, assim, o critério de

considerar como municípios com adequado esforço fiscal aqueles cuja percentagem de

comprometimento da renda com a arrecadação ( receita) tributária fosse superior a 30%

da renda, e, por conseguinte, como com frouxo esforço fiscal aqueles no qual o

compro-metimento da renda com a arrecadação tributária fosse inferior ou igual a 30 %.

Colocada a questão do esforço fiscal, apresentou-se outra: se estaria a

viabilidade municipal ( conforme prevista como pré-condição para a criação dos

municípios inserta na Carta Magna) condicionada ao esforço fiscal ou não.

Afigura-se-nos esta questão como mais polêmica ainda que a do critério de esforço fiscal, quanto

mais não seja por não haver - ou, pelo menos, não localizamos - absolutamente nada em

termos de critérios técnicos ou teóricos que fossem adotados no Brasil, como parâmetro,

para a determinação da referida viabilidade municipal, além do disposto no inciso IV do

art. 2º da Lei Complementar nº 01167, da qual trataremos quando analisarmos a criação

de municípios.

Defrontamo-nos então com o problema de estabelecer um critério para "a

determinação do que poderia ser um município viável em termos econômico-financeiros

(17)

. . . .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

sustentam somente com as receitas próprias, dependendo de repasses verticais e/ou

horizontais. Não obstante, faz-se necessária uma arrecadação tributária mínima para que

se justifique sua existência.

Considerando que a provisão de bens públicos dependerá dos custos dos

fatores, e não da renda, entendemos que seria o auferimento de receita - em termos

absolutos - o fator determinante da viabilidade ou não da existência do município.

Mas, ainda que correto o critério, restaria a questão de se estabelecer qual o

valor de Receita Tributária por habitante que poderia ser considerado como parâmetro

para se determinar a viabilidade municipal. Estabelecemos tal valor como sendo de

R$50,00 por habitante/ano. Os critérios - mais uma vez, sujeitos a críticas - estarão

descritos no curso do trabalho.

Toda a análise, em termos quantitativos, desenvolvida para os municípios

com uma população de até 30.000 habitantes teve como paradigma as faixas

populacionais mais elevadas, o que significa dizer que as análises foram as mesmas para

todas as faixas populacionais. Por conseguinte, as conclusões a que chegamos - exceto

pelas decorrentes da análise qualitativa - aplicam-se a todas as faixas populacionais.

No nível qualitativo, a idéia era a de tentar correlacionar formação

acadêmica e profissional dos escalões superiores do Executivo e da Secretaria de

Finanças com a arrecadação, e do efetivo da Secretaria de Finanças com a arrecadação.

Para a pesquisa qualitativa, optamos por centrar a mesma em dois aspectos:

formação acadêmica e experiência anterior de mesmo nível de responsabilidade do

primeiro escalão ( Secretários) do Executivo, e formação acadêmica e efetivo ( número

de funcionários) do corpo funcional da Secretaria de Finanças.

Demos preferência à utilização de questionário para a pesquisa, pois seria a

única forma factível de atingirmos a todos os municípios objeto da mesma.

Referido questionário dividiu-se em duas partes: a primeira, destinando-se a

determinar a estrutura do primeiro escalão do executivo municipal, discriminando as

Secretarias existentes, nome e data de nascimento do titular da pasta, se o mesmo já

havia ou não ocupado a mesma ou outra Secretaria em alguma gestão anterior, e seu

grau de escolaridade. A segunda, destinando-se a um perfil mais aprofundado da

Secretaria de Finanças - ou órgão equivalente - de acordo com as principais áreas

funcionais da mesma ( arrecadação, tributação, fiscalização e outras ), no qual deveria

(18)

Também nesta segunda parte do questionário buscou-se verificar a

existência ( e respectivo diploma legal ) de Lei Orgânica, Código Tributário e Plano

Diretor, além da existência de Tribunal de Contas, Procuradoria, e a utilização de

serviços de terceiros.

Assim, foram enviados, em meados de 2001, questionários aos 4.644

municípios com até 30.000 habitantes existentes em 1996, último ano para os quais

tínhamos os dados de endereço da Prefeitura e nome do Prefeito. Foram recebidas 566

respostas, ou 12,2 % do total.

Da mesma forma, quanto à análise qualitativa, procuramos verificar se,

eventualmente, a maior capacitação acadêmica e profissional dos ocupantes de cargo de

primeiro escalão - Secretários - do Executivo e, em especial, da Secretaria de Finanças,

teria alguma correlação com a arrecadação dos tributos próprios municipais.

Outro ponto a ser verificado diria respeito a uma eventual correlação entre o

nível de arrecadação do município e o quantitativo de pessoal nas várias divisões

funcionais do órgão.

Ainda que não fosse o foco deste trabalho, inserimos no mesmo um capítulo

que trata da questão fiscal, abordando a questão das despesas ( por função) do

Legis-lativo e de .Planejamento. Assim procedemos tendo em vista a questão da viabilidade

municipal, por entendermos que, dada a escassez de recursos da maior parte dos

municípios, poderiam não se justificar tais gastos - ou, pelo menos, não na proporção

verificada - na composição das Despesas Orçamentárias dos mesmos.

Por fim, chegamos às nossas conclusões e recomendações. Entre as mesmas,

inserimos um capítulo que trata dos gerentes de cidades, uma instituição pouquíssimo

utilizada no Brasil, mas que entendemos de extrema valia e ponto a ser considerado

pelos gestores municipais, principalmente quando se leva em conta a formação

acadêmica, técnica e profissional dos administradores municipais.

Dividimos, assim, este trabalho em três partes.

Na primeira parte, tratamos da situaçãojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAd e fa c to , ou seja, os municípios

existentes, suas Receitas Orçamentárias e os tributos próprios. O fulcro desta primeira

parte é a dos arranjos federativos - em especial o federalismo fiscal - que permeia toda a

análise. Uma certa perspectiva histórica não deixa de lançar luzes sobre a questão, como

(19)

No primeiro capítulo analisamos o arranjo federativo brasileiro, sem deixar

de dar a devida atenção aos arranjos institucionais consubstanciados na Constituição

Federal de 1988, centrando nossa análise, como não poderia deixar de ser, no

federalismo fiscal.

No segundo capítulo, tratamos da criação e características dos municípios

existentes, analisando quantos são e como são os municípios brasileiros, discutindo os

critérios - se algum - para sua criação.

No terceiro capítulo, são abordados os tributos de competência municipal e

sua base legal.

Na segunda parte, temos a pesquisa quantitativa e qualitativa. Na análise

quantitativa, como já mencionado, tratamos da análise dos números apresentados pelos

municípos para o ano de 2001. Na análise qualitativa, tratamos do perfil, em termos de

capacitação acadêmica, do primeiro escalão do Executivo Municipal, da capacitação

acadêmica dos quadros da Secretaria de Finanças - ou órgão equivalente - da base legal

dos instrumentos administrativos à disposição da mesma - Lei Orgânica, Código

Tributário, Plano Diretor - e de órgãos de controle - como Tribunal de Contas - ou de

apoio ou assessoramento - tais como Procuradoria - bem como a existência de

prestadoras de serviço que lhe deem ..respaldo administrativo, como em serviços de

contabilidade e processamento de dados.

O quarto capítulo trata da arrecadação e da heterogeneidade dos municípios

brasileiros, analisando-se os mesmos em termos de seu perfil por faixa populacional, de

renda e comprometimento da renda com a receita tributária, em termos agregados e em

nível de município.

No quinto capítulo é analisado o esforço fiscal despendido pelos municípios,

tanto por faixa populacional como de renda.

O sexto capítulo analisa o perfil das Secretarias de Finanças e do primeiro

escalão do executivo com base no resultado da pesquisa qualitativa.

Na Parte Ill discutivos o esforço fiscal possível e a viabilidade teórica, em

condições ideais de esforço fiscal, dos municípios brasileiros.

O capítulo 7 tenta quantificar a arrecadação perdida no Brasil em virtude do

frouxo esforço fiscal apresentado pelas administrações tributárias, enquanto o oitavo

(20)

No capítulo 9 levamos em consideração as Despesas Legislativas e de

Planejamento e a freqüencia de municípios deficitários, no intuito de avaliarmos o grau

de responsabilidade fiscal das administrações municipais.

A quarta e última Parte apresenta nossas conclusões e recomendações.

Este trabalho fará uso freqüente de gráficos. Optamos por sua utilização,

não só pela facilidade de visualização dos dados pertinentes para a análise, como pelo

fato de que seria impraticável a utilização de planilhas com todos os dados

conside-rados, dado o tamanho da maior parte das mesmas.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(21)

P a r t e I - A F e d e r a ç ã o

I n t r o d u ç ã o

Qualquer análise que se faça sob a administração tributária de qualquer ente

federativo há que ser feita tendo como pano de fundo os arranjos institucionais sob os

quais a mesma opera. E a Constituição é a base sob a qual se assentam e tomam forma

as relações institucionais entre os diversos atores políticos, sociais e econômicos.

Como regra, a Constituição de uma nação democrática é escrita, sendo as

exceções fruto de circunstâncias históricas incomuns, como nos casos excepcionais da

Grã Bretanha, Israel e Nova Zelândia (DAHL, 1998 ).

Entre os inúmeros arranjos constitucionais possíveis, de especial

importância é a do país constituir-se de forma federativa ou unitária. Conforme

ressaltado por R. Dahl, entre os vinte e dois países democráticos mais antigos, apenas

seis eram estritamente federativos ( Austrália, Áustria, Canada, Alemanha, Suiça e

Estados Unidos ), sendo que em todos o federalismo foi fruto de circunstâncias

históricas especiais ( DAHL, 1998 ).

No caso dos Estados Unidos, saiu-se de uma situação confederativa .... : ..

derivada da independência das treze ex-colônias inglesas para um pacto federativo com

o fito de se proteger do ataque de outros países ou mesmo de em um eventual conflito

generalizado entre os próprios estados ( ABRUCIO e COSTA, 1998 ).

Mais significativo da situação usual de partida de uma situação de

confederação para a de estado federativo é o caso da Alemanha. Em 1871, ao final do

processo de unificação conduzido pelo prussiano Bismarck, o Império constituia-se de

quatro reinos, seis ducados, quatro condados, oito principados, tres cidades livres e um

território de administração imperial direta ( A LEI ..., 1996, ). Em um processo de

marchas e contra-marchas que se processou até 1949 - com a implementação da Lei

Fundamental - passando pelo Segundo Império e pela República de Weimar, tais

unidades transformaram-se nosjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAL â n d e r atuais.

A Constituição escrita é o pacto pelo qual níveis autônomos de governo

dividem o poder entre si, mantendo sua integridade e, ainda assim, favorecendo uma

unidade especial entre elas. Pacto este que se pressupõe seja respeitado e observado

(22)

se coloca - em especial no caso brasileiro - é o por que, em determinadas sociedades

-Estados - os atores políticos, econômicos e sociais orientam suas ações pela observância

de regras formais, e em outras tal não ocorre.

A criação de municípios, no Brasil, ilustra bem, conforme veremos, o

(23)

C a p í t u l o 1 - O F e d e r a l i s m o B r a s i l e i r o

Em termos de formação do estado federativo brasileiro, a situação política e

as pré-condições históricas que levaram à criação da federação brasileira são

completamente distintas das que levaram à formação de outros estados federativos.

No Brasil imperial, não havia unidades políticas fortes, constituindo-se os

estados ( províncias) mais em meras unidades administrativas, tendo sido o federalismo

brasileiro motivado pelo sentimento de autonomia dos estados, tendo-se caracterizado

por um movimento descentralizador, ao invés de centralizador, como ocorreu nos

demais países que adotaram o modelo federativo de governo ( ABRUCIO e COSTA,

1998 ). Assim, ao invés de uma busca de cooperação entre as diversas unidades

federativas, prevaleceram interesses individuais das oligarquias locais.

1 . 1 - O F e d e r a l i s m o F i s c a l B r a s i l e i r o

A repartição das receitas tributárias aos Municípios está disciplinada pelo

art. 158 da CF 88. Pelo citado dispositivo, pertencem ao Município:

• 100% do IRRF - Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer

Natureza - de competência federal - incidentes na fonte, sobre

rendi-mentos pagos, a qualquer título, pelos próprios Municípios, suas

autarquias e fundações que instituírem e mantiverem ( inciso I );

• 50% do ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - de

competência federal - relativa aos imóveis nele situados ( inciso H );

• 50% do IPV A - Imposto sobre a Propriedade de Veículos

Automo-tores - de competência estadual - sobre os veículos licenciados em

seu território ( inciso I H ) ;

• 25% do ICMS - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e sobre

a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal

e de Comunicação - de competência estadual - sendo três quartos, no

mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações de

(24)

seus territórios e até um quarto de acordo com o que dispuser lei

estadual ( inciso IV);

• 22,5% do IR - Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer

Natureza e do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, pelo

FPM - Fundo de Participação dos Municípios (art. 159, inciso I-b);

• 3zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA% do IR e do IPI para programas de financiamento ao setor

produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ( art. 159,

inciso I-c );

• 25% de 10% transferidos aos Estados do IPI incidente sobre as

exportações de produtos industrializados geradas em seu território

(art. 159, inciso lI, § 3º);

• 70% do IOF - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e

Seguro, ou Relativas a Títulos e Valores Mobiliários - de

competência federal - incidente sobre o ouro definido em lei como

ativo financeiro ou instrumento cambial ( art. 153, inciso V, § 5º,

inciso II ).

Além destes, tem também relevância para os Municípios as transferências

(25)

C a p í t u l ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA2 - A C r i a ç ã o d e M u n i c í p i o s

Já vimos, em linhas gerais, as condicionantes institucionais e políticas do

federalismo brasileiro. Resta-nos considerara as bases legais que permitiram - ou não - a

expansão considerável no número de municípios no Brasil nas últimas décadas.

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 24 de janeiro de 1967,

dispunha, nojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAc a p u t de seu art. 1º: "O Brasil é uma República Federativa, constituída,

sob o regime representativo, pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e

dos Territórios."

Já a Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de

1988, estabelecia, no c a p u t do mesmo art. 1º: " A República Federativa do Brasil,

formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,

constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:".

Ou seja, excluiu do texto constitucional os Territórios como entes

federativos - mas estabelecendo, pelo § 2º do art. 18, que os mesmos integravam a

União - e inovou ao incluir os municípios como tais, o que talvez faça do Brasil caso

único no mundo.

A criação de municípios estava disciplinada pelo art. 14 da Carta Magna de

1967: "Lei complementar estabelecerá os requisitos mínimos de população e renda

pública, bem como a forma de consulta prévia às populações, para a criação de

municípios." .

Obedecendo ao ditame constitucional, foi promulgada, em 9 de novembro

de 1967, a Lei Complementar nº 1, que estabeleceu, entre outros, os requisitos mínimos

de população e renda para a criação de municípios.

Já a Carta de 1988 disciplinou a criação dos municípios no § 4º do art. 18:

"A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por

lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão

de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após

divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma

da lei.". Ou seja, cometeu aos Estados a criação dos municípios.

O período determninado por lei complementar federal, a que se refere o

regramento constitucional acima citado, continua sendo a LC 01, não revogada nem

(26)

Os principais requisitos da LC 01/67 para a criação de municípios estão nos

quatro incisos de seu art. 2º, que exigem uma população mínima de 10.000 habitantes

ou não inferior a cinco milésimos da população estadual, eleitorado não inferior 10zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA%

da população, centro urbano já constituído, com número de casas não inferior a 200, e

arrecadação, no exercício anterior, não inferior a cinco milésimos da receita estadual de

impostos. O parágrafo primeiro do referido artigo veda a criação de municípios caso a

criação do novo município implique em que o (s) município (s) de origem deixem de

preencher os mesmos requisitos que os estipulados para a criação de um novo.

Nada disso foi observado pelas unidades da federação na criação de

muni-cípíos nas suas jurisdições. Basta observar que, de acordo com a população apurada

pelo Censo de 2000, apenas os Estados da Região Norte - exceção feita ao Pará e ao

Amazonas - e o Estado de Sergipe, no Nordeste, poderiam criar municípios com

popu-lação inferior a 10.000 habitantes.

Com isto, expandiu-se consideravelmente a quantidade de municípios

existentes: seu número cresceu de 4.188 em 1988 para 5.507 em 1997 - quando foram

instalados os 533 municípios criados entre 1993 e 1996 - o que significou um

incremento de 31,5% no período de nove anos. Em 2001, com a instalação dos 54

municípios criados entre ..1~~~.e 2000, este número subiu para 5.561.

Para o ano de 2000, os municípios com até 30.000 habitantes representavam

83,3 % do total do número de municípios existentes, mas abrigavam apenas 27,9 % da

população total.

O gráfico abaixo mostra a distribuição de municípios, por faixa

(27)

1.400 1.200zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA I/) O 1.000 'iS..

'u

'c

800 ::::J :i!: Q) 600 'C ..; I: n! ::::J 400 CT 200 fonte: IBGE Quadro 2.1

quant. de Municípios por faixa populacional

5 10 15 20 25 30 50 100 200 500 1.000 3.000 10.000

faixa populacional

o

quadro abaixo mostra a distribuição do total da população do Brasil,

acumulada por faixa populacional.

180,0 160,0 I/) Q) 140,0 'O == 120,0

'E

E 100,0 Q) O 80,0 'n! c> 60,0 n! 'S Q. 40,0 O Q. 20,0 fonte: IBGE Quadro 2,2

população acumulada por faixa populacional

5 10 15 20 25 30 50 100 200 500 1.000 3.000 10.000

faixa populacional

Os Gráficos acima deixam claro como as "médias", para o Brasil, não se

revelam bons estimadores: a população média dos municípios brasileiros é de 30,847

(28)

Veremos com isto se revela verdadeiro também para outros parâmetros que se queiram

analisar.

Verificamos, assim, que a classe de municípios com até 5.000 habitantes

respondia por, aproximadamente, 25 % do total, sendo que a sorna dos municípios com

até 10.000 habitantes representava, grosso modo, 50zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA%do total de municípios existentes

no ano de 2000.VUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

... .0 . 0 0edcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Conforme já mencionado, pela citação do texto legal, acima, a Constituição

de 67 exigia, para a criação de municípios, requisitos de população e renda, bem corno

consulta prévia às populações, na forma de lei complementar. Não logramos localizar

tal lei, e muito menos qualquer realização de consulta às populações envolvidas, sob

qualquer forma que fosse.

Na mesma linha, a Constituição de 88 determina a consulta às populações

envolvidas - na forma de plebiscito - antecedida da divulgação prévia de Estudos de

Viabilidade Municipal, publicados na forma da lei. Assim corno para os municípios

criados sob a égide da Constituição de 67, não conseguimos localizar nem lei que

normatizasse a divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, nem algum Estudo de

Viabilidade Municipal, nem qualquer plebiscito que tenha sido efetuado com qualquer

população envolvida - de urna forma ou de outra - com a criação de algum município .

(29)

C a p í t u l o 3 - O s T r i b u t o s M u n i c i p a i s

A imposição de tributos visa prover o Estado dos recursos necessários para

adequadamente cumprir suas funções.

A primeira dessas funções é a alocativa, que se refere à provisão de bens

sociais, ou públicos, ou o processo pelo qual o uso dos recursos é dividido entre bens

privados e sociais e pelo qual a combinação de bens sociais é escolhida. ( MUSGRA VE

e MUSGRA VE, 1989 ).

A segunda função é a distributiva, que se refere ao ajuste na distribuição de

renda e riqueza de forma a se obter um equilíbrio socialmente mais justo entre pessoas e

regiões. Segundo Matias e Campello, em nível municipal essa função é determinante,

pois não somente determina a realização de determinado projeto, como orienta a

execução dos mesmos para determinadas parcelas da população. ( MA TIAS e

CAMPELLO, 1999).

A terceira função é a estabilizadora, que se refere ao uso da política

orçamentária com o objetivo de manter o pleno emprego, um grau razoável de

estabilidade no nível de preços e da balança de pagamentos, e uma taxa adequada de

crescimento econômico. ( LONGO e TROSTER, 1992 ).

No dizer claro e sucinto de Dalton: "O melhor sistema de finanças públicas

é o que assegura maior beneficio social como resultado das operações que leva a efeito."

( DALTON, 1977 ).

Em um sistema federativo, como é o caso do brasileiro, tais funções são

distribuídas de forma concorrente entre os diversos níveis de governo, cabendo a cada

um deles, dentro dos limites de suas competências, estabelecer suas políticas públicas e

consubstancia-las no Orçamento.

De acordo com art. 145 da Constituição Federal de 1988, a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

• impostos ( inciso I );

• taxas, pelo exercício do poder de polícia e pela prestação de serviços

públicos ( inciso II );

• contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas ( incisoVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI I I ) .

A Lei nº 5.172/66, que criou o Código Tributário Nacional- CTN

(30)

advento das Constituições Federais de 67 e 88, define tributo, em seu art. 3º, da seguinte

forma: "Tributo é toda obrigação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela

se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada.".

O mesmo diploma legal define imposto em seu art. 16: "Imposto é o tributo

cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade

estatal específica, relativa ao contribuinte.".

As taxas estão definidas pelo art. 77 do CTN: "As taxas cobradas pela

União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas

respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício de poder de polícia, ou a

utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao

contribuinte ou posto à sua disposição.".

O art. 81 do CTN define a contribuição de melhoria como: "A contribuição

de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos

Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao

custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a

despesa realizada de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.".

O sistema tributário brasileiro-contempla a existência de impostos sobre a

renda, a produção e o patrimônio.

Quanto aos impostos de competência municipal, o art. 156 da CF 88, preve

os seguintes:

• IPTU - Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana ( inciso I );

ITBI - Imposto sobre a Transmissão de BensjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAIn te r V iv o s ( inciso II );

• ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ( incisoVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI I I ) .

A Constituição previa também, no inciso IV do referido art. 156, o IVVC

-Imposto sobre a Venda a Varejo de Combustíveis, tendo o mesmo sido revogado pela

(31)

P a r t e 1 1 - As R e c e i t a s T r i b u t á r i a s

I n t r o d u ç ã o

Esta Parte tem como objetivo último servir de base à Parte IH, onde

discutiremos o esforço fiscal e a viabilidade municipal partindo-se da situação hoje

vigente nos municípios brasileiros.

Procuraremos, então, dar aqui um perfil de como se comportam as receitas

tributárias (arrecadação) no Brasil, para todos os 4.779 municípios que compõe, para o

ano de 2001, o nosso universo de estudo, ou seja, aquele composto,

concomi-tantemente, dos municípios:

• que entregaram seus demonstrativos à Secretaria do Tesouro

Nacional;

• para os quais há dados, concomitantemente, da STN-Secretaria do

Tesouro Nacional, do UNDP - United Nations Developrnent

Program, e do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

• que possuem uma percentagem de comprometimento da renda com

as receitas tributárias inferior a 80 % da mesma.: .::.· ..

As receitas tributárias serão analisadas considerando-se duas variáveis: a

receita tributária por habitante ( RT/hab ou Rec. Trib./hab. ) e o percentual da renda

comprometida com a receita tributária (zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA%RT/Rda ou %Rec. Trib./Renda).

Deixamos de utilizar, assim, a metodologia usual de percentuais de

arrecadação por tributo em relação às receitas orçamentárias. De qualquer forma, o

Anexo II apresenta, para orientação - além dos índices por nós apurados de receita

tributária por habitante e o percentual da renda comprometido com a receita tributária

-a composição percentu-al d-a receit-a orç-amentári-a dos municípios analisados, por faixa

populacional, com o sub-total para os municípios até 30.000 habitantes. Foram

omitidas, dentro das Receitas Correntes, as Receitas de Contribuição, Patrimonial,

Industrial, Agropecuária, de Serviços, e Demais Receitas Correntes.

A receita tributária por habitante representa, no nosso entender, um

indicador da viabilidade econômico-financeira do município. Conforme já mencionado,

(32)

baixa arrecadação por habitante traduzir-se-á por uma baixa ou insuficiente provisão de

bens e serviços públicos.

O percentual da renda comprometida com o adimplemento das obrigações

tributárias municipais representa, no nosso entender, um indicador do esforço fiscal

despendido pela administração tributária municipal na obtenção dos recursos que lhe

permitam fazer face às despesas incorridas no curso do exercício financeiro.

Faremos a análise, inicialmente, considerando-se o Brasil como um todo, o

que será tratado no Capítulo 4.

Neste capítulo, apresentaremos, primeiramente, a distribuição dos

municípios por faixa populacional, faixa de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita e faixa de

comprome-timento percentual da renda com as receitas tributárias.

Isto feito, analisaremos o comprometimento percentual da renda com as

receitas tributárias ( indicador do esforço fiscal ) por faixa populacional e por faixa de

renda p e r c a p ita . Esta análise afigura-se-nos de fundamental importância para todo o

desenvolvimento do trabalho, posto que diretamente ligado ao esforço fiscal

desenvolvido pelas administrações tributárias municipais.

A seguir, analisaremos a receita tributária por habitante ( indicador da

viabilidade municipal) por faixa populacional e por faixa de renda p e r c a p ita . O escopo .

desta análise é do de se determinar - partindo do pressuposto de que a arrecadação está

ligada à renda - o potencial de arrecadação para o Brasil dentro de cada faixa de renda, o

que servirá de base para análise a ser conduzida em capítulos posteriores.

Procuramos, com tais análises, buscar correlações entre as variáveis acima

que possam identificar um estimador de máxima verossimilhança - se algum - de forma

a que se consiga estabelecer critérios de previsão da arrecadação efetiva ou potencial

para cada município.

No Capítulo 5, procederemos às mesmas analises do Capítulo 4, a fim de

verificar se eventuais tendências manifestadas quando da análise dos agregados por

faixa populacional e de renda são também observadas quando a análise desce ao nível

de município.

No Capítulo 6, analisaremos os dados da pesquisa qualitativa, a fim de se

determinar se a arrecadação guarda alguma correlação com o nível de educação formal

do primeiro escalão do executivo municipal bem como com o efetivo e a educação

(33)

C a p í t u l o 4 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA a r r e c a d a ç ã o e a h e t e r o g e n e i d a d e m u n i c i p a l

Quando se fala em heterogeneidade dos municípios brasileiros,

implici-tamente estamo-nos referindo aos extremos que compõe o universo dos mesmos.

Comparamos grandes aglomerações urbanas do Sudeste com os minúsculos municípios

que proliferam em todo o País, ou vem-nos à mente prósperos municípios e regiões do

Sul em comparação com indigentes municípios do agreste nordestino.

Tal diversidade obriga a que se trace um perfil dos municípios, a fim de que

possamos analisá-los de acordo com seus aspectos mais relevantes.

Para efeitos da análise sendo desenvolvida neste trabalho, em que buscamos

dar um perfil da administração municipal - em termos de esforço fiscal das mesmas - e

da viabilidade dos municípios, afiguram-se-nos como relevantes os aspectos

populacionais, de renda e de comprometimento da renda com as receitas tributárias.

Procuramos, assim, neste Capítulo, oferecer, primeiramente, uma visão

macro de como estão distribuídos os municípios em termos populacionais, de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r

c a p ita e de comprometimento da renda com o pagamento de tributos.

Feito isto, passaremos a analisar os 4.779 municípios brasileiros que

compõem nosso universo de estudo ( ainda de forma agregada) em função das duas

variáveis que se nos afiguram como determinantes - desconsiderando, por enquanto, a

questão da competência do corpo funcional do município - da arrecadação tributária: o

esforço fiscal, dado pelo percentual de comprometimento da renda com o recolhimento

de tributos municipais, e a viabilidade municipal, dada pela receita tributária por

habitante.

A análise desenvolvida neste Capítulo completa-se com a desenvolvida no

Capítulo seguinte, onde desceremos ao nível micro, ou seja, em nível de município,

onde constataremos uma realidade bem mais diversificada do que a sugerida pelos

Quadros que se seguem.

4 . 1 - O p e r f i l d o s m u n i c í p i o s

A análise desenvolvida nesta Seção serve de pano de fundo para as demais

Seções deste Capítulo. Traçaremos o perfil dos municípios brasileiros em termos

(34)

comprometimento da renda com o recolhimento de tributos municipais. Com isto, ao

analisarmos a situação atual de esforço fiscal e da viabilidade municipal, já saberemos

da quantidade de municípios dentro de cada faixa considerada.

4.1.1 - A distribuição dos municípios por faixa populacional

A análise da distribuição populacional dos 4.779 municípios objeto do nosso

estudo apresenta a mesma conformação que a apresentada para o total dos municípios

brasileiros, vista no Capítulo 2.

O quadro abaixo apresenta esta distribuição.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Quadro 4.1

distribuição de Municípios por faixa populacional

1.400

1.200

1/1

o 1.000

'0.

'u

'i: 800

::l

:2

11) 600

"C

...

c:

!li 400

::l

CT

200

5 10 15 20 25 30 50 100 200 500 1.000 3.000 10.000

faixa populacional

Os municípios até 30.000 habitantes totalizam 3.984, representando 83,4 %

do total e 27,1 % da população. Mais uma vez, a média não é o melhor estimador: esta é

de 31.433 habitantes por município, mas a mediana é de meros 10.282 habitantes.

Como, em comparação com a média e a mediana do total dos municípios vista no

Capítulo 2, a média populacional e a mediana dos municípios objeto deste estudo é

maior, infere-se qua foram principalmente os municípios de menor porte que deixaram

de entregar seus demonstrativos à Secretaria do Tesouro Nacional.

O Quadro abaixo compara, em termos percentuais, nosso universo de estudo

(35)

Quadro 4.2

distribuição percentual por faixa populacional

30,0

(ij 25,0

:J

-

c:

Q) 20,0

~Q)

a.

o 15,0 1111

.~

:J

.c 10,0

'':::

-

IIJ

:a

5,0

5 10 15 20 25 30 50 100 200 500 1.000 3.000 10.000

faixa populacional

5.507muno D 4.779muno

I

Dado que os municípios constantes deste estudo representam 86,0 % do

total dos municípios brasileiros, e a quase que perfeita identidade de distribuição

percentual entre as duas populações, pode-se concluir que as conclusões deste trabalho

podem ser extrapoladas perfeitamente - exceto para os 46 municípios excluídos da

análise, conforme mencionado na Introdução - para todos os municípios do Brasil.

4.1.2 - A distribuição dos municípios por faixa de renda

jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita

A distribuição de municípios no Brasil por faixa de renda anual p e r c a p ita

faz-se necessária para que tenhamos uma idéia de como os mesmos estão distribuídos

em termos de porte econômico ( ou "riqueza" ), dado que o porte econômico será, como

veremos, determinante na viabilidade municipal. É a partir do porte econômico do ente

federativo, da riqueza nele gerada ou do valor dos bens nele situados, que se terá a base

imponível dos tributos,

O Quadro a seguir mostra a distribuição de municípios pelo critério de

(36)

Quadro 4.3

distribuição de Municípios por faixa de Renda per capita

900

800

111 700

.2a.

600

:~

c

~ 500

~

Q) 400

"t:I

...

c 300

cu

~ 200

tr

100

50 75 100 150 200 250 300 350 400 450 500 1.000

faixa de Renda per Capita

Conforme mencionado na Introdução deste trabalho, a faixa de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r

c a p ita que iria de R$ 50,01 a R$ 100,00 totalizaria 1.344 municípios (28,1 % do total ).

Os 2.409 municípios das tres faixas seguintes representam 50,4 % do total, o que

significa dizer que praticamente 80 % dos municípios apresentam uma renda inferior a

R$ 300,00/habitante/ano.

Apesar de não se poder verificar pela leitura do gráfico acima, há que se

mencionar que a média de renda p e r c a p ita para o Brasil como um todo é de R$ 302,83,

mas a mediana situa-se na faixa de R$ 164,92, o que se revela mais um exemplo de não

se poder considerar a média de qualquer fator como estimador confiável.

4.1.3 - A distribuição de municípios por faixa de comprometimento da

renda com a receita tributária

O grau de comprometimento da renda para o adimplemento das obrigações

tributárias municipais é, no nosso entender, poderoso indicativo do esforço fiscal

desenvolvido pelas diversas administrações tributárias locais. De nada adianta um

município ser teoricamente viável se o governo local não implementa uma política fiscal

condizente com a realidade do ente.

O Quadro abaixo mostra a distribuição de municípios por faixa de

(37)

Quadro 4.4

distribuição de Municípios por % da Rec. Trib./Renda

1.600

1.400

1.200 I/)

o

.ã.

1.000

c

:I

800 ~

CII "O

...• 600

c

"'

:I

C1" 400

200

5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0

faixa de % da Rec. Trib.lRenda

A leitura do gráfico acima permite a fácil constatação do baixíssimo grau de

comprometimento da renda para o pagamento dos tributos municipais para a grande

maioria dos municípios brasileiros. São 4.509 ( 94,4 % do total) os municípios cujo

comprometimento da renda com a receita tributária é inferior a 30,0 %, sendo apenas

270 ( 5,6 %do total) aqueles com um comprometimento maior.

Há que se mencionar mais uma vez, a discrepância entre média e mediana

para os eventos observados: se a média para o Brasil é de um comprometimento da

renda com a receita tributária da ordem de 33,6 %, a mediana é de ínfimos 10,2 %.

4.2 - O esforço fiscal

Procuramos fazer uma avaliação do esforço fiscal despendido pelas diversas

administrações tributárias por faixa populacional e por faixa de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita . O propósito de tal aval iação foi o de tentar estabelecer uma correlação entre a

percentagem de renda comprometida com o pagamento dos tributos municipais e estes

fatores, de sorte a tentarmos identificar uma regra de estimativa do esforço fiscal em

(38)

4.2.1 - O comprometimento da renda com a receita tributária por faixa

populacional

A análise da distribuição de municípios em termos de percentual da renda

comprometida com o pagamento de tributos por faixa populacional permite verificar o

comportamento do esforço fiscal à medida em que aumenta a população municipal, de

sorte a se poder avaliar se aquela depende de alguma forma desta.

O Quadro abaixo apresenta esta distribuição e a correspondente curva de

regressão.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Quadro 4.5

% Rec. Trib.lRenda por faixa populacional

60,0

50,0

ns

"

40,0

c:

CI)

o::

-.ri ''::: 30,0

I-<.i

~ 20,0

~

o

10,0

5 10 15 20 25 30 50 100 200 500 1.000 3.000 10.000

faixa populacional

O gráfico acima permite observar, mais uma vez, a homogeneidade das três

primeiras faixas populacionais, que apresentam, em média, um comprometimento da

renda para o pagamento de tributos da ordem de 13,0 %. A mesma homogeneidade é

observada para as três faixas seguintes, que apresentam um comprometimento

ligeiramente superior, da ordem de 15,0 %.

Veremos, no Capítulo 5, que o aumento do comprometimento da renda em

relação à receita tributária que se observa ao passarmos de uma faixa populacional para

outra - principalmente a partir da faixa populacional de 30.000 habitantes - não se

verifica dentro das próprias faixas populacionais, ao contrário do que se poderia

(39)

4.2.2 - O comprometimento da renda com a receita tributária por faixa

de rendajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp e r c a p ita

Poder-se-ia supor também - partindo-se do pressuposto que maior renda

permite mars recursos para uma administração mais sofisticada em termos de

mecanismos de arrecadação - que, aumentando-se a renda, aumentar-se-ia o esforço

fiscal, evidenciado por um maior comprometimento da renda com o pagamento dos

tributas municipais.

O Quadro abaixo mostra a distribuição do percentual da renda

comprometido com o pagamento dos tributos municipais por faixa de renda.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Quadro 4.6

% Rec. Trib./Renda por faixa de Renda per capita

60.0

50,0

la

'O

40,0

c:

CI,)

~

.ri

'i: 30,0

I-U

CI,)

o:: 20,0 ~

o

10,0

50 75 100 150 200 250 300 350 400 450 500 1.000

faixa de Renda per capita

Apesar de mais uma vez termos uma linha quase que evanescente de

crescimento do percentual de renda compro mentido com o pagamento de tributos

municipais à medida que se evolui de uma faixa de renda para a superior e da forte

correlação demonstrada pela curva de regressão, veremos que a conclusão que daí se

tiraria - qual seja, a de que o esforço fiscal aumenta com a renda p e r c a p ita do município, conforme suposição acima - não é de todo verdadeira, conforme veremos no

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