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Estudo tomográfico do encéfalo de cães dolicocefálicos, mesaticefálicos e branquicefálicos clinicamente sadios

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

ESTUDO TOMOGRÁFICO DO ENCÉFALO DE CÃES

DOLICOCEFÁLICOS, MESATICEFÁLICOS E

BRAQUICEFÁLICOS CLINICAMENTE SADIOS

DANUTA PULZ DOICHE

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“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

ESTUDO TOMOGRÁFICO DO ENCÉFALO DE CÃES DOLICOCEFÁLICOS, MESATICEFÁLICOS E BRAQUICEFÁLICOS CLINICAMENTE SADIOS

DANUTA PULZ DOICHE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, Área de concentração Diagnóstico por Imagem, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Campus de Botucatu para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano

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Título: Estudo tomográfico do encéfalo de cães dolicocefálicos, mesaticefálicos e braquicefálicos clinicamente sadios.

COMISSÃO EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano Presidente e Orientador Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária

FMVZ – UNESP – Botucatu

________________________________________ Prof. Ass. Dr. Rogério Martins Amorim Membro Departamento de Clínica Veterinária FMVZ - UNESP – Botucatu

________________________________________ Prof. Dr. Masao Iwasaki

Membro Diretor administrativo da Fundação Parque Zoológico de São Paulo – SP Professor Titular do Departamento de Cirurgia – FMVZ – USP

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“Seja lá o que estiver

comendo, coma com alegria; seja

lá quem forem seus amigos, delicie-se com suas

amizades. Seja lá o que a vida lhe deu, jamais reclame.

Seja sempre grato.

E, se puder aprender o simples fato da gratidão, sua

evolução acontecerá espontaneamente.”

OSHO

Escute seu coração.

(5)

Gostaria de agradecer primeiramente à Deus, pela oportunidade de estar aqui hoje, tentando crescer e me aperfeiçoar intelectual e moralmente, para mim e para os outros. Aos meus maravilhosos pais, pelos quais tenho imensurável admiração e nos quais me espelho para tudo; pelo amor, paciência e confiança incondicionais e por sempre me encorajarem e apoiarem em todas as minhas decisões seja quais essas forem. Se um dia tiver a coragem que realizar metade dos seus feitos me sentirei plena.

Aos meus amigos, não tenho palavras para expressar, tentei muito pensar no que escrever à vocês mas não consegui, cheguei a não escrever nada por achar que não é possível descrever o que sinto por vocês e toda a gratidão que tenho por tudo que fizeram por mim, mas resolvi que isso não poderia passar em branco, nem que fossem palavras insuficientes tinham que existir. Portanto, aqui estou eu, chorando e sorrindo, como nós, na alegria e na tristeza sempre lado a lado, estendendo a mão, o braço, tudo para me levantarem e juntarem os meus pedaços espalhados em tantos momentos, se hoje estou aqui é porque vocês ainda estão do meu lado, sem vocês eu nada seria.

Aos que impuseram dificuldades em meu caminho, pois sem elas viveríamos em uma inércia improdutiva e com certeza não aprenderia tanto, e não valorizaria tanto as conquistas e pessoas maravilhosas que tenho ao meu lado.

Aos meus professores, maravilhosos, cada qual com suas características que tanto me ajudaram que tiveram a paciência e confiança dos mestres, pelo acolhimento, carinho, atenção e, principalmente, a confiança que em mim depositaram por tanto tempo.

(6)

® Marca registrada

CEEA Comitê de Ética em Experimentação Animal

F Fêmeas

FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

FOV Campo de visão (Field of view)

G Gauges

hE Dimensão dorsoventral do encéfalo

hV Altura do ventrículo lateral

LCR Líquido cefalorraquidiano

M Macho

PIC Pressão intracraniana

ROI Região de interesse (regions of interest)

rVH Razão entre ventrículo e hemisfério

rVM Razão entre ventrículo e manto

SNC Sistema Nervoso Central

TAC Tomografia Axial Computadorizada

UH Unidades Hounsfield

vE Volume encefálico

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FIGURA 1: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura da adesão intertalâmica, demonstração da mensuração dos ventrículos laterais e terceiro ventrículo em cão da raça Boxer, fêmea, 3 anos, na fase simples. Observamos também a não identificação do septum pellucidum, aspecto com grande incidência no grupo B.

FIGURA 2: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial da porção rostral da cavidade craniana, demonstração da mensuração da atenuação feita na região do bulbo olfatório na fase contrastada. Cão da raça Pastor Alemão, macho, 2 anos.

FIGURA 3: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura do lobo frontal, demonstração da mensuração da atenuação realizada na região do lobo frontal na fase contrastada. Cão da raça Pastor Alemão, macho, 2 anos.

FIGURA 4: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura do lobo temporal, demonstração da mensuração da atenuação realizada na região do lobo temporal na fase contrastada. Cão da raça Pastor Alemão, macho, 2 anos.

FIGURA 5: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura do lobo parietal, demonstração da mensuração da atenuação realizada na região do lobo parietal na fase contrastada. Cão da raça Pastor Alemão, macho, 2 anos.

FIGURA 6: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura do lobo occipital, demonstração da mensuração da atenuação da região do lobo occipital na fase simples. Cão da raça Pastor Alemão, macho, 4 anos.

FIGURA 7: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura do cerebelo, demonstração da mensuração da atenuação da região do cerebelo na fase simples. Cão da raça Pastor Alemão, macho, 2 anos.

FIGURA 8: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura da adesão intertalâmica, imagem retratando a não observação do septum pellucidum em cão da raça Pastor Alemão, fêmea, 2 anos, na fase simples.

FIGURA 9: Imagem de tomografia computadorizada em corte axial na altura da adesão intertalâmica, exemplo de assimetria severa encontrada em cão da raça Rottweiler, fêmea, 2 anos, fase simples.

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se sensível evidenciação da linha média (seta). Cão da raça Rottweiler, fêmea, 3 anos.

(9)

TABELA 1: Valores das médias, desvios padrões, valores máximos e mínimos dos ventrículos laterais direito e esquerdo separadamente e proporcionalmente com a altura do encéfalo, dispostos por raça

TABELA 2: Médias, desvios padrão e proporção ventrículo-encéfalo por grupos de raças considerando os lados direito e esquerdo iguais estatisticamente.

TABELA 3: Número de animais em que os ventrículos foram prontamente identificados pelo número total de animais por grupo, número de animais com ventrículos simétricos por grupo e número de animais em que não foi possível a identificação do septum pellucidum por grupo.

TABELA 4: Descrição das diferenças constatadas pelo teste de Tuckey da atenuação entre as regiões encefálicas estudadas (p<0,05).

TABELA 5 a 10: Análise das médias das variáveis oriundas da avaliação da atenuação por região comparada entre as raças, medidas em Unidades Hounsfield.

TABELA 11: Relação do sexo, idade e peso dos animais que se adequaram aos critérios de inclusão e compuseram o Grupo D.

TABELA 12: Relação do sexo, idade e peso dos animais que se adequaram aos critérios de inclusão e compuseram o Grupo M.

TABELA 13: Relação do sexo, idade e peso dos animais que se adequaram aos critérios de inclusão e compuseram o Grupo B.

TABELA 14: Demonstrativos dos valores de p, acima dos quadros negros os valores numéricos e abaixo sua significância estatística, para cada local de estudo dos cães da raça Pastor Alemão, na fase simples.

TABELA 15: Demonstrativos dos valores de p, acima dos quadros negros os valores numéricos e abaixo sua significância estatística, para cada local de estudo dos cães da raça Pastor Alemão, na fase contrastada.

TABELA 16: Demonstrativos dos valores de p, acima dos quadros negros os valores numéricos e abaixo sua significância estatística, para cada local de estudo dos cães da raça Rottweiler, na fase simples.

(10)

estudo dos cães da raça Boxer, na fase simples.

(11)

Página

RESUMO ... i

ABSTRACT ... ii

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ... 3

2.1. Sistema Ventricular Cerebral ... 4

2.1.1. Anatomia do Sistema ventricular cerebral ... 4

2.1.2. Formação e fluxo do líquido cefalorraquidiano ... 4

2.1.3. Alterações do sistema ventricular cerebral ... 6

2.1.4. Sinais clínicos ... 8

2.2. Diagnóstico ... 8

2.2.1. Ultrassonografia em modo-B ... 9

2.2.2. Mensuração dos Ventrículos laterais ... 10

2.2.3. Ressonância Magnética ... 10

2.2.4. Mensuração dos ventrículos laterais ... 11

3.1. Tomografia Computadorizada ... 12

3.1.1. Princípios físicos, formação e qualidade da imagem .. ... 12

3.1.2. Qualidade e Avaliação das imagens tomográficas ... 13

3.1.3. Mensuração do sistema ventricular encefálico ... 15

4.1.Tomografia Computadorizada na avaliação do parênquima encefálico.15 4.1.1. Aspectos anatômicos gerais e limites dos lobos encefálicos ..15

4.1.2. Principais vias de vascularização encefálica ... 16

5. Indicações para a TC na avaliação do parênquima encefálico ... 17

6. Fase Pós-contraste ... 18

7. Avaliação através do número de atenuação (em Unidades Hounsfield) e sua importância ... 20

8. OBJETIVOS ... 22

9. MATERIAL E MÉTODOS ... 24

9.1 Dos Animais... 25

9.2 Delineamento e protocolo experimental ... 25

(12)

10. Resultados ... 29

10.1. Sistema Ventricular encefálico ... 30

10.1.1. Avaliação quantitativa ... 30

10.1.2. Avaliação Qualitativa ... 32

10.2. Avaliação parênquima encefálico ... 34

10.2.1. Avaliação quantitativa da atenuação do parênquima ... 34

10.2.2. Avaliação qualitativa do parênquima encefálico nas fases pré e pós-contraste ... 37

11. Discussão ... 46

11.1. Sistema Ventricular encefálico ... 47

11.1.1. Avaliação Quantitativa ... 47

11.1.2. Avaliação Qualitativa ... 50

11.2. Avaliação do parênquima encefálico ... 52

11.2.1. Avaliação qualitativa do parênquima encefálico nas fases pré e pós-contraste... 53

11.2.2. Avaliação quantitativa das regiões cerebrais nas fases pré e pós-contraste... 57

12. Conclusões ... 59

13. Referências ... 61

(13)

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

RESUMO

A Tomografia Computadorizada (TC), juntamente com a Ressonância Magnética, são modalidades de diagnóstico por imagem avançadas, consideradas de escolha para a avaliação do sistema nervoso, por fornecerem imagens livres de sobreposições e detectarem pequenas diferenças de densidade tecidual. Dentro de qualquer estudo, o conhecimento das possíveis formas de apresentação de cada estrutura e a determinação do limite entre o fisiológico e o alterado são fundamentais para um estudo preciso. O presente trabalho teve como objetivo a descrição dessas variações nas imagens tomográficas do encéfalo, no que diz respeito aos ventrículos laterais e atenuação do parênquima encefálico e cerebelar entre os grupos aqui estipulados (grupo dolicocefálico composto por cães pastores Alemães, grupo mesaticefálico composto por Rottweilers e grupo braquicefálico compostos por cães da raça Boxer) e assim enriquecer a avaliação cerebral à TC e minimizar erros de interpretação. Foram detectadas diversas diferenças individuais e entre os grupos à avaliação qualitativa. Quantitativamente, houve diferença da altura ventricular entre os braquicefálicos e os demais, mostrando que ainda não é possível apenas uma faixa de valores da altura ventricular comum a todos os cães, e que, para as raças braquicefálicas o valor da razão da altura ventricular e encefálica até 25% pode servir como limite superior nos animais hígidos. Os valores de atenuação finais na fase pré-contraste são compatíveis com trabalhos anteriores, o bulbo olfatório e o cerebelo apresentaram-se diferentes estatisticamente em relação aos demais locais. A única raça que teve nas fases simples e contrastada diferenças estatísticas em todos os locais foram os animais do grupo B.

(14)

Veterinary Medicine) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

ABSTRACT

Computed tomography (CT) along with Magnetic Ressonance Imaging (MRI) are diagnostic imaging modalities of advanced, considered choice for the evaluation of the nervous system, for providing free images overlap and detect small differences in tissue density. Within any study, knowledge of the possible forms of presentation of each structure and determining the limit between physiological and change are fundamental to a precise study. This study aimed to describe these variations in the tomographic images of the brain, with respect to the lateral ventricles and attenuation of brain parenchyma and cerebellum between the groups set forth herein (dolichocephalic group composed of German shepherd dogs, a group composed of rottweilers and mesaticephalic brachycephalic group consisting of Boxer dogs) and thus enrich the evaluation of brain CT and minimize misunderstandings. We detected several differences between individuals and groups in the qualitative assessment of the aspects mentioned. Quantitatively, there were differences between the ventricular height between brachycephalic and others, showing that it is not possible just a strip of ventricular height values common to all dogs, and that for brachycephalic breeds the value of 25% can serve as upper limit in healthy animals. The final attenuation values in the pre-contrast are consistent with previous works, the olfactory bulb and cerebellum were different statistically when compared to other locations. The only race that was simple and contrasted phases statistical differences in all sites were the animals in group B.

(15)

1. INTRODUÇÃO

A idealização e o início do desenvolvimento da Tomografia Computadorizada (TC) data da década de 70, mais precisamente em 1972, pelo engenheiro britânico Godfrey Hounsfield com a colaboração do físico sul- africano Allan Cormack, da Tufts University em Massachusetts; sendo mais tarde, em 1979, contemplado com o Prêmio Nobel pela contribuição de sua invenção para a medicina e ciência mundial (2002).

Sua evolução foi rápida e poucos anos depois, por volta de 1974 a 1976, já havia aparelhos disponíveis para aplicação clínica, voltados a princípio, para avaliação encefálica, pois possuíam uma abertura estreita e demoravam horas para obter um corte e dias para reconstruir uma imagem. Hoje temos aparelhos capazes de coletar dados em segundos e que permitem o escaneamento de grandes áreas produzindo imagens de alta resolução (2002).

A TC, juntamente com a Ressonância Magnética (RM), é considerada uma avançada modalidade de diagnóstico por imagem, útil na avaliação de todos os sistemas.

Entre as características responsáveis por esta ampla aplicabilidade estão a forma em que são apresentadas as imagens, como slices ou fatias seqüenciais, portanto livre de sobreposições; diversos planos de corte, axial ou transversal, sagital ou coronal e longitudinal, detecção de pequenas diferenças de densidade tecidual, boa orientação de volume e o fato de ser uma modalidade não-invasiva e de baixo risco ao paciente (2002).

Tais aspectos tornam-se especialmente importantes na avaliação do sistema nervoso, devido a este ser envolto por um arcabouço ósseo espesso que prejudica a realização de uma avaliação adequada do córtex cerebral e estruturas adjacentes, como os ventrículos, cerebelo e hipófise, por outros métodos como a radiografia convencional e a ultrassonografia.

(16)

indicações, uma vez que a participação deste em nosso universo diário está cada vez mais consolidada.

Ambas as técnicas são recentes na Medicina Veterinária brasileira e ainda necessitam de estudos básicos, como anatomia e aspectos das lesões, para a maior familiarização dos profissionais da área com as imagens e para chegarmos aos diagnósticos mais precisos possíveis.

O estudo da atenuação dos lobos cerebrais, além da comparação e constatação se é significativa ou não a diferença entre animais de diferentes conformações, é muito relevante para o aprimoramento do estudo do cérebro através da Tomografia Computadorizada (TC), visto que através do conhecimento desses valores pode-se diferenciar parênquima normal do alterado, mesmo que não haja alterações nítidas, de fácil identificação (FIKE et al, 1986).

(17)
(18)

2. REVISÃO DE LITERATURA

Para um melhor embasamento e compreensão dos resultados aqui obtidos propusemos uma revisão da literatura disponível voltada primeiramente à anatomia das estruturas estudadas, à obtenção da imagem tomográfica e as possíveis aplicações práticas das informações adquiridas com o presente trabalho, dividindo-se em seções.

2.1. Sistema Ventricular Cerebral

2.1.1. Anatomia do Sistema ventricular cerebral

O sistema ventricular cerebral origina-se do lúmen do tubo neural embrionário e é um complexo de compartimentos intercomunicantes (EVANS, 1993).

Enumerados aqui rostro-caudalmente temos, a cavidade do bulbo olfatório, os ventrículos laterais, alojados em cada hemisfério cerebral, que, por sua vez comunicam-se com o terceiro ventrículo através do forâmen interventricular. O terceiro ventrículo, alojado no diencéfalo, circunda a adesão intertalâmica e é contínuo com o aqueduto mesencefálico, este atravessa o mesencéfalo interligando o terceiro e quarto ventrículos, entre o cérebro e o cerebelo, e por fim, os recessos laterais do quarto ventrículo diretamente ligados ao espaço subaracnóide através de suas aberturas cerebelomedulares desembocando no canal central da medula espinhal (EVANS, 1993; EVANS & DeLAHUNTA, 2001; FERNANDÉZ, 2010; BAGLEY, 2005).

Todo o sistema ventricular é revestido por células ependimárias, além disso, em todos os ventrículos; laterais, terceiro e quarto podemos encontrar estruturas vasculares modificadas, os plexos coróides, um dos responsáveis pela produção do líquido cefalorraquidiano (EVANS, 1993; FERNANDÉZ, 2010).

2.1.2. Formação e fluxo do líquido cefalorraquidiano

(19)

transporte ativo, como íons inorgânicos, proteínas, açúcares e algumas células (EVANS, 1993; FERNANDÉZ, 2010). Os plexos coróides responsáveis pela produção do LCR são projeções de tecidos microvasculares e de células ependimárias cubóides e estão presentes nos ventrículos laterais e no teto do terceiro e quarto ventrículos estendendo-se ao espaço subaracnóide, responsáveis por 35, 23 e 42% desta produção, respectivamente (EVANS, 1993; DeLAHUNTA, 1983).

O LCR é produzido em uma velocidade de 3 ml/h no cão, esta taxa de produção varia com a pressão osmótica sanguínea, se esta aumenta, por exemplo, pós-administração de solução hipertônica, esta taxa diminui, levando a diminuição também da pressão intracraniana (PIC). Esta é uma das razões pela qual o manitol é indicado nos casos de aumento PIC (DeLAHUNTA, 1983; BAGLEY, 2005).

É importante lembrar que, esta velocidade de produção independe da pressão intracraniana, portanto, o LCR continua a ser formado apesar de possíveis defeitos de drenagem levando ao seu acúmulo e à dilatação ventricular, por isso considera-se a absorção responsável, primariamente, pela manutenção da pressão intracraniana (DeLAHUNTA, 1983; EVANS, 1993; BAGLEY, 2005; FERNANDÉZ, 2010).

(20)

2.1.3. Alterações do sistema ventricular cerebral

O sistema ventricular pode ser acometido por diversas doenças primárias ou não, a grande maioria delas possui características obstrutivas que levam à dilatação, deformação ou falha na absorção do LCR; e, em casos raros, alteram sua produção por tumores ou hiperplasia dos plexos coróides; tanto são raras essas condições que a classificação da hidrocefalia mudou de comunicante ou não-comunicante com o espaço subaracnóide, para obstrutiva intraventricular ou extra-ventricular (BAGLEY, 2005; THOMAS, 2010).

O aumento anormal do LCR é decorrente de um desequilíbrio entre sua formação e absorção dentro do sistema ventricular encefálico, chamada de hidrocefalia (THOMAS, 2010). Clinicamente classificada em congênita ou adquirida, é uma doença comum nas raças de pequeno porte e braquicefálicas tendo a fontanela aberta ou não, ressaltando que esta condição não é patognomônica da hidrocefalia (ETTINGER, 2004; THOMAS, 2010; PENNINCK, 2008).

Mais especificamente, a hidrocefalia é secundária a um aumento da resistência do fluxo rostral e caudal ao ponto de obstrução, esse aumento de pressão pode ser mínimo, há então uma tentativa de restabelecimento da pressão intraventricular através de locais alternativos para otimizar sua absorção, são eles, capilares periventriculares e vasos linfáticos nasais, comunicantes através do platô cribiforme (THOMAS, 2010).

(21)

Os aumentos ventriculares congênitos são normalmente bilaterais e severos, de fundo obstrutivo, os pontos de estrangulamento podem ser de difícil identificação, como nos casos de estreitamento do aqueduto mesencefálico (por defeitos congênitos genéticos, agentes infecciosos), dos recessos laterais, forâmen interventricular ou na altura do forâmen magno, por exemplo, na má-formação de Chiari tipo I (FERNÁNDEZ, 2010; THOMAS, 2010; BANGLEY, 2005). Falhas congênitas das vilosidades aracnóides causam defeitos na reabsorção do LCR levando a um aumento ventricular também severo (FERNÁNDEZ, 2010; BANGLEY, 2005).

Além dessas, a hidrocefalia também pode estar associada a lesões medulares como a siringohidromielia e a hidromielia (BAGLEY, 2005).

Dentre as condições adquiridas estão as obstrutivas por neoplasias, infecciosas, inflamatórias, hemorragias traumáticas, hipoplasia cerebelar, podendo estar presentes no próprio sistema ventricular ou no ponto de reabsorção, no último caso, normalmente secundária à inflamação das granulações aracnóides. Lembrando que as lesões infecciosas ou inflamatórias podem não estar presentes no momento da necropsia (ETTINGER, 2004; PENNINCK, 2008).

Há ainda a hidrocefalia compensatória, ou ex-vacuo decorrente de atrofia ou falha no desenvolvimento cerebral levando a um extravasamento do LCR excedente que ocupa o lugar do tecido nervoso ausente (ETTINGER, 2004; PENNINCK, 2008).

O aumento ventricular pode ou não vir acompanhado de assimetria, nas congênitas a assimetria é mais rara, já nos casos adquiridos a assimetria pode ocorrer secundária à hemorragia e obstruções ao nível do forâmen interventricular, vale lembrar que a assimetria também já foi identificada em animais hígidos (THOMAS, 2010; BAGLEY, 2005).

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2.1.4. Sinais clínicos

Os sinais clínicos encontrados são secundários à perda celular, lesões ao aporte sanguíneo do parênquima, aumento da pressão intracraniana devido à dilatação ventricular, hemorragia intraventricular, e com a progressão da doença, lesões agudas tendem a ter manifestações mais severas (BAGLEY, 2005; THOMAS, 2010).

Patologicamente podemos observar secundário à compressão da substância branca, quadros de desmielinização, degeneração axonal e proliferação de astrócitos. Em casos mais severos observa-se vacuolização neuronal e perda de neurônios, diminuindo severamente a espessura do manto encefálico. Pode ocorrer ainda a perda do septum pellucidum, que divide os ventrículos laterais, levando a formação de um único grande ventrículo aumentando a compressão encefálica, aspecto também encontrado em animais normais (THOMAS, 2010).

A hidrocefalia é a anormalidade intracraniana que mais pode resultar em manifestações clínicas (BAGLEY, 2005), tendo em vista os diferentes graus de compressão e lesão celular, os encontramos com grande variação entre os animais acometidos.

Nas raças pequenas frequentemente podemos observar deformações cranianas em formato de cúpula, fontanelas persistentes e suturas cranianas abertas, estrabismo ventral e/ou lateral, nos casos congênitos, e envolvimento das estruturas supratentoriais, por exemplo, disfunções cognitivas, apatia, atraso no desenvolvimento, ataxia e em casos mais severos, andar em círculos, paresia, cegueira, alterações vestibulares e convulsões (BAGLEY, 2005; THOMAS, 2010).

2.2. Diagnóstico

(23)

Dentre as modalidades imagenológicas que possibilitam o acesso ao sistema ventricular cerebral, temos: ventriculografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Antigamente o método disponível para estudo do sistema ventricular era a ventriculografia com radiografia convencional que consiste basicamente na injeção de contraste, normalmente ar, para delineamento dos ventrículos. Para isso, agulhas são introduzidas no crânio através de pequenas perfurações, passando pelo córtex cerebral até atingir o sistema ventricular, este procedimento era indicado nos casos de suspeita de hidrocefalia, atrofia cerebral ou massas deslocando os ventrículos, a bolha de ar era movimentada pelo sistema através da movimentação da cabeça do paciente, evidenciando assim as diversas porções ventriculares (KELLY, 2005). A ventriculografia é um método bastante invasivo e de alto risco, além disso, atualmente dispomos de diversas outras modalidades que nos permitem uma melhor avaliação, não-invasivas e que oferecem baixo ou nenhum risco ao paciente.

2.2.1. Ultrassonografia em modo-B

A ultrassonografia em modo-B é uma delas, sua principal aplicação na avaliação do sistema nervoso central é a determinação do tamanho dos ventrículos laterais, terceiro e o estudo dos tecidos adjacentes; como a fissura longitudinal, corpo caloso, núcleos da base entre outros. É de grande auxílio na detecção de presença ou não de hidrocefalia, lissencefalia, assimetria ventricular, pseudocistos e cistos periventriculares, hemorragia intraventricular ou periventricular, leucomalácia, hidrocefalia pós-hemorrágica ou atrofia cerebral (HUDSON, 1998; PENNINCK, 2008). É utilizada principalmente em filhotes, animais com falhas no calvário, fontanelas abertas e também nos casos de lise óssea ou de calota craniana com espessura fina, que permita a passagem das ondas sonoras pela superfície óssea.

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2.2.2. Mensuração dos Ventrículos laterais

Alguns autores descreveram valores limites para a dimensão ventricular em animais hígidos ao exame ultrassonográfico, e para isso foram utilizados os seguintes parâmetros na padronização da mensuração; altura dos ventrículos laterais (hV), dimensão dorsoventral com a probe perpendicular na altura da adesão intertalâmica; espessura do manto cerebral, mensuração do tecido encefálico dorsal a cada ventrículo lateral (manto); razão ventrículo-hemisfério (rVH), proporção entre a altura do ventrículo lateral e a largura do hemisfério ipsilateral; razão ventrículo-manto (rVM); proporção entre a altura do ventrículo lateral e a espessura do manto cerebral (HUDSON, 1990).

Spaulding e Sharp (1990) propuseram o cálculo de um percentual para classificação do grau de hidrocefalia utilizando a razão entre a dimensão dorsoventral do ventrículo lateral (hV) sobre a dimensão dorsoventral do encéfalo (hE) e considerou normais valores de 0 a 14%, 15 a 25% ventriculomegalia moderada e maiores que 25% ventriculomegalia severa. Não há na literatura consultada valores diferentes atribuídos para raças no exame ultrassonográficos, porém sua necessidade é sugerida pelos autores.

O exame ultrassonográfico possui diversas limitações, principalmente nos pacientes adultos, com calota craniana preservada e nos exames em que há suspeita ou necessidade de confirmação de lesão focal, tornando necessárias outras modalidades para o estudo do encéfalo (CARVALHO, 2004; PENNINCK, 2008).

Temos como alternativa a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) que no caso do sistema nervoso central, envolvido por espesso arcabouço ósseo, são de grande valia porque permitem um estudo sem sobreposição de imagens, com maior contraste entre as estruturas, melhor resolução e proporciona avaliação mais completa e com maiores possibilidades de identificação da causa (THRALL, 2007).

2.2.3. Ressonância Magnética

(25)

com o ambiente a que estão submetidos, o qual muda durante o processo determinado pela seqüência escolhida, permitindo a obtenção de informações anatômicas e morfológicas de acordo com a composição dos tecidos em estudo (THRALL, 2007; HECHT, 2010).

Desta forma, possui grande acurácia na detecção, localização e até classificação das alterações, porém tal tecnologia ainda está sendo implantada na rotina veterinária no Brasil, diferente da Tomografia Computadorizada, alvo do presente estudo, que já pode ser considerada acessível em algumas localidades.

É uma modalidade imagenológica importante na avaliação do sistema nervoso, diversos autores já estudaram o sistema ventricular através da RM, utilizando-a para mensuração dos ventrículos laterais, sua altura, área e volume (WOO et al, 2010; KII et al, 1998).

2.2.4. Mensuração dos ventrículos laterais

Na RM a mensuração do sistema ventricular já foi descrita de duas formas, bidimensional (área) e tridimensional (volume).

Para determinação da área ventricular os contornos ventriculares e encefálicos são desenhados manualmente, também na altura da adesão intertalâmica e calculada automaticamente pela seguinte equação; A (área determinada) = field of view (FOV) / total de pixels na imagem x número de pixels contados na área selecionada (WOO et al, 2010). Os resultados podem ser comparados com a área de todo o encéfalo também desenhado manualmente, ou ainda separadamente, cada hemisfério e cada ventrículo ipsilateral, numa proporção a fim de determinar a porcentagem da área do hemisfério ocupada pela área ventricular (KII et al, 1997; ESTEVE-RATSCH, 2001; WOO et al, 2010).

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manualmente em todos os cortes, a área encontrada é multiplicada pela espessura dos cortes em cada um deles e por fim são somados os valores encontrados. Foram considerados normais animais com relação vV/vE até 5% (VULLO et al, 1997; KII et al, 1998; WOO et al, 2010).

3.1. Tomografia Computadorizada

3.1.1. Princípios físicos, formação e qualidade da imagem

No Brasil, a primeira publicação sobre a técnica na medicina veterinária data de 1998, quando foram descritos o método e suas aplicações clínicas (FERREIRA, 1998).

Antigamente, o exame recebia o nome de Tomografia Axial Computadorizada (TAC), e consiste na obtenção de imagens seccionais seqüenciais e de espessura variável (1 a 10 mm), resultantes da diferença de absorção dos raios-X do corpo atravessado. É capaz de identificar alterações estruturais em tecidos de diversas densidades, tanto moles quanto ósseos; além da possibilidade de reconstrução em diferentes planos (transversal, dorsal e sagital) (HAAGA & ALFIDI, 1983).

O tomógrafo é composto por um gantry (“túnel”, entrada do aparelho) que abriga o tubo gerador de raios-x e um colimador, que são posicionados opostamente à placa dos detectores, acoplado temos um processador de imagens e um console multifuncional para programação dos exames. Os arquivos podem ser impressos ou digital (BRANDÂO, 2003; 2002; FERREIRA et al.,1998; HAAGA, 1983).

O conjunto emissores-detectores gira 360º ao redor do paciente enquanto a mesa move-se numa velocidade pré-estabelecida que recebe o nome de pitch. As imagens são obtidas eletronicamente e de forma indireta, os raios-x atravessam o objeto de estudo que absorve a radiação, os raios que não são absorvidos e os atenuados, são captados pelos detectores e suas informações transformadas em sinais elétricos (BRANDÂO, 2003; THRALL, 2002; THRALL, 2007).

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As informações provindas dos tecidos transformadas em sinais elétricos são enviadas ao computador, esse os transforma em números, os quais, na imagem, são representados por uma escala de cinza, (BRANDÂO, 2003) em forma de matriz de pontos, mostrada no monitor. Cada ponto é representado por um quadrado que recebe o nome de pixel, e cada um deles possui um grau de cinza, de acordo com a atenuação dos fótons que ocorreu no tecido correspondente à imagem estudada. Cada pixel juntamente com a espessura do corte constitui o mínimo volume tridimensional tecidual chamado de voxel

(THRALL, 2002).

O valor numérico de cada pixel é determinado utilizando-se o valor do coeficiente de atenuação dos tecidos, possibilitando assim a determinação da radiodensidade do voxel. Toda a informação que é coletada de um voxel é mensurada, encaixada numa escala de cinza e mostrada (THRALL, 2002) na composição da imagem bidimensional na tela do computador.

Para cada voxel da imagem final, existe um número correspondente, caso o voxel contenha, uma estrutura muito radiopaca e uma muito radiotransparente, o resultado final, atenuação física ou valor na TC, do voxel será um tom intermediário de cinza. Essa média de volume de atenuação pode aumentar artificialmente ou diminuir o valor de atenuação da estrutura em questão (THRALL, 2002).

Há uma diferença fundamental entre a radiografia convencional e o exame tomográfico, na primeira os diferentes tons de cinza observados representam diferenças na transmissão de um feixe de raios-X quando esse atravessa o paciente, apresentando o que seria uma média da atenuação de grandes volumes da área em estudo; na TC essa média é realizada a cada pequeno volume que compõe a fatia do corpo (OLIVEIRA, 2003).

3.1.2. Qualidade e Avaliação das imagens tomográficas

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Na Medicina Veterinária, exames como a tomografia computadorizada, que necessitam que o paciente fique estático, demandam algum tipo de contenção química para evitar a formação de artefatos, por exemplo, os de movimento que aparecem como linhas radiais chamadas streak artifacts, e a perda da referência dos cortes determinada previamente no scout.

O posicionamento correto é o próximo passo, os lados são comparados entre si, direito e esquerdo, em busca de alterações na simetria e quando há alteração, pode ser utilizado o lado não atingido como parâmetro na avaliação da extensão do acometimento tendo como base informações do próprio animal. E esse aspecto estende-se as fases simples e contrastadas, o posicionamento não pode ser alterado em nada entre um exame e outro, pois estes também são comparados entre si.

Objetos de metal, como próteses, fios de aparelhos de monitoração como o doppler, eletrocardiograma, sondas endotraqueais com fio metálico, resultam em artefatos e devem ser evitados, assim como devemos estar atentos aos artefatos resultantes de falhas nos detectores, que podem mimetizar lesões e levar a diagnósticos falso-positivos (SEERAN, 2001; HAAGA, 1983).

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3.1.3. Mensuração do sistema ventricular encefálico

Através da Tomografia Computadorizada é possível avaliar todo o sistema ventricular encefálico, permitindo a avaliação de seus componentes separadamente, quanto a sua forma, simetria, tamanho, e variações fisiológicas que os acometem.

O reconhecimento das variações fisiológicas no aspecto ventricular e o conhecimento dos parâmetros normais são de suma importância para um diagnóstico mais preciso, uma vez que são ferramentas adicionais para melhorar a interpretação de lesões, principalmente as ocupadoras de espaço, sejam de natureza neoplásica, inflamatória ou infecciosa

Na rotina do exame de TC mensuram-se a altura dos ventrículos laterais e terceiro com a ferramenta “distância”, na altura da adesão intertalâmica é traçada uma reta perpendicular a fissura longitudinal.

Schroder e colaboradores (2006) estudaram os ventrículos laterais de cães hígidos à TC, de forma absoluta comparando a altura e largura em diversas raças de tamanhos e conformações diferentes.

Nas demais modalidades o estudo do tamanho ventricular é realizado de forma mais completa, ou aplicando os valores em proporções a fim de tornar a mensuração mais abrangente, uma vez que compara aspectos do mesmo indivíduo, ou utiliza vários planos, área e volume, para determinar os limites aceitáveis entre os ventrículos e o encéfalo.

4. Tomografia Computadorizada na avaliação do parênquima encefálico 4.1.1. Aspectos anatômicos gerais e limites dos lobos cerebrais

O tecido cerebral é composto por bilhões de neurônios e células gliais, que formam a substância cinzenta, cobre a superfície cerebral e cerebelar chamada ali de córtex, a branca e, mais profundamente os núcleos da base (que são conglomerados de componentes da substância cinzenta) (EVANS, 1993).

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próximos e suas funções, como frontal, parietal, occipital e temporal (EVANS, 1993; BAGLEY, 2005).

O córtex frontal está predominantemente associado às atividades motoras, o parietal com as atividades sensoriais e somestésicas, responsável pela integração dos múltiplos estímulos e sensações corpóreas. O córtex temporal relaciona-se ao comportamento e o occipital à visão (BAGLEY, 2005).

A porção ventral e medial do lobo frontal consiste nos núcleos da base, importantes nas atividades que envolvem tanto o cérebro quanto o tronco encefálico (BAGLEY, 2005).

A localização da lesão é primordial quando se trata de um quadro neurológico, para isso baseamo-nos num minucioso exame físico e neurológico e um histórico completo e detalhado, e a partir de então estabelecer diagnósticos diferenciais e exames complementares necessários (FENNER in ETTINGER, 1992).

4.1.2. Principais vias de vascularização encefálica

Os principais vasos envolvidos na manutenção da malha vascular cerebral são as artérias carótidas internas e a artéria basilar (GETTY, 1986). As carótidas internas são pequenos ramos das carótidas comuns que entram na cavidade craniana e vão até o quiasma óptico, passando pela dorsum sellae, e então penetram a dura-máter até o espaço subaracnóide. Juntamente com a artéria basilar forma, no aspecto ventral do cérebro, o chamado “Círculo de Willis” e se dividem em artéria cerebral média, rostral e caudal e a artéria basilar em cerebelar rostral e caudal e suprem o cerebelo, ponte e bulbo (EVANS, 1993).

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O maior vaso que irriga o encéfalo é a artéria cerebral média, que se divide em dois grandes troncos que são responsáveis por toda a face lateral dos hemisférios cerebrais. É de onde se origina a artéria coróide, de grande importância, irriga locais como os plexos coróides dos ventrículos laterais, giros piriformes e hipocampo (EVANS, 1993).

E, por fim, o ramo caudal, chamado de artéria caudal comunicante que também perfura a dura e se aloja no espaço subaracnóide e caudalmente se funde à artéria basilar, correndo ventralmente ao terceiro nervo craniano (EVANS, 1993).

As veias encefálicas devem ser descritas aqui, uma vez que a administração de contraste intravenoso não evidencia somente a fase arterial, mas também a venosa.

As veias cerebrais não possuem válvulas ou camada muscular em sua parede, elas drenam o sangue em direção aos seios da dura-máter, que se caracterizam por passagens por entre os canais ósseos que recebem o sangue do cérebro e do crânio levando à veia maxilar, jugular interna e vertebral (EVANS, 1993).

As veias centrais corticais e ventrais são provenientes dos hemisférios, as veias centrais dorsais vêm do córtex do lobo frontal e coleta diversas tributárias, a última é a veia parietal no sulco cruciato. A veia ventral drena a maior parte do lobo temporal e a região do lobo piriforme. E por fim a veia cerebral magna que seria a coletora das veias cerebrais internas e uma tributária do lobo occipital (EVANS, 1993).

5. Indicações para a TC na avaliação do parênquima encefálico

Conforme dito anteriormente, a TC é de grande valia no estudo do sistema nervoso, por possibilitar um estudo sem sobreposições, pouco invasivo e rápido. Eficaz na detecção, localização e extensão de lesões intracranianas e nos tecidos adjacentes, como os seios nasais, de maneira mais efetiva que outras modalidades como a ultrassonografia (HAAGA, 1983; STICKLE & HATHCOCK, 1993; WOLF et al, 1995).

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revelar alterações precocemente em pacientes com sinais inespecíficos. Em alguns casos oferece maior contribuição, são eles, os que apresentam envolvimento ósseo primário ou não, massas, lesões cavitárias, calcificações, hemorragias agudas e tardias, infartos extensos, entre outras, lembrando que a fase contrastada tem suma importância (TIDWELL, 1994; STICKLE & HATHCOCK, 1993; WOLF et al, 1995; LeCOUTEUR, 1999; SEILER et al, 2007).

Pode ser usada ainda para guiar e monitorar biopsias, planejamento cirúrgico, estadiamento tumoral e reavaliações pós-tratamentos, como a quimioterapia.

6. Fase Pós-contraste

O estudo pós-injeção de contraste intravenoso enriquece o exame tomográfico de várias maneiras, traz informações valiosas tanto nas suspeitas tumorais quanto nas não-tumorais, evidenciando as regiões de aumento ou diminuição da vascularização e de quebra da barreira hematoencefálica (PAUL, 2010; TIDWELL et al, 1994; TUCKER & GAVIN, 1996; STICKLE & HATHCOCK, 1993; WOLF et al, 1995; FIKE et al, 1986; PLUMMER et al, 1992).

Torna-se necessário principalmente frente às seguintes suspeitas, presença de uma lesão já identificada por estudo anterior; paciente que tiver evidência de neoplasia em qualquer localização ou suspeita de metástase intra-axial; evidências de alterações na fase simples, como aumento; assimetria ou não-visibilização do sistema ventricular; densidade parenquimal anormal; imagens sugestivas de lesão ocupadora de espaço; neoplasias hipofisárias; pacientes com histórico de episódios convulsivos e suspeitos de lesões isquêmicas (ALFIDI, 1977; TIDWELL et al, 1994).

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Sua importância também já foi provada nas alterações não-tumorais, pois podem constatar quebra da barreira hematoencefálica, secundária à infecções, inflamações, neoplasias, traumas, que não seriam possíveis de serem avaliadas somente no exame simples (FIKE et al, 1986; THRALL, 2007; WOLF et al, 1995; TUCKER & GAVIN, 1996).

A maneira como o contraste é captado, sua distribuição, número de lesões e padrão é de grande valia na diferenciação dos tipos de lesões. Temos descritos os seguintes padrões, homogêneo, heterogêneo, periventricular e em anel e cada um já foi correlacionado com doenças de diversas naturezas tumorais e não-tumorais (TUCKER & GAVIN, 1996; PLUMMER, 1992; TIDWELL, 1994; TURREL, 1986; PAUL, 2010; WOLF, 1995; STICKLE & HATHCOCK, 1993; SAITO et al, 2007; DUCOTÉ et al, 1999).

No estudo contrastado do encéfalo normal também pode haver áreas de reforço pós-contraste, essas áreas são secundárias às características da vascularização e da barreira hematoencefálica. A barreira hematoencefálica consiste na interface entre o sangue, o líquido cefalorraquidiano e o fluido extracelular do parênquima encefálico (SAGE et al, 2000; CUNNINGHAM, 1997).

Essas interfaces já foram bem estudadas na medicina humana onde podemos encontrar uma descrição mais detalhada, ela está presente nos capilares cerebrais, que possuem o endotélio com junções estreitas, evitando a troca de substâncias, como o contraste, para o encéfalo entre fendas intercelulares como ocorre em outros tecidos, como nos glomérulos renais, glândula pineal, neuro-hipófise e os plexos coróides (SAGE et al, 2000; CUNNINGHAM, 1997).

Devido à presença desses capilares fenestrados, as estruturas citadas apresentam maior vascularização e reforço pós-contraste mesmo em exames encefálicos normais. Além das junções mais estreitas, há ainda na membrana dessa interface cérebro-sangue camadas de superfície lipofílica; sendo o contraste hidrofílico sua passagem encontra mais um empecilho, quando a homeostasia encefálica está preservada (SAGE et al, 2000).

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possuem barreiras mecânicas ou de membrana, essas estruturas altamente vascularizadas são revestidas por células cubóides especializadas que formam uma proteção menos efetiva que restringe a passagem de alguns solutos, que não incluem o contraste devido a pequena proporção deste no sangue (SAGE et al, 2000).

O iodo ainda hoje é o único átomo pesado que reúne as propriedades químicas necessárias para uso intravascular no diagnóstico radiológico, porém ele aumenta a permeabilidade da barreira hematoencefálica por efeito osmótico e quimiotóxico quando utilizado em doses altas. Estudos médicos com cães mostraram que doses consideradas clínicas de 4 a 6 ml/Kg causaram queda da barreira em alguns animais (SAGE et al, 2000).

7. Avaliação através do número de atenuação (em Unidades Hounsfield) e sua importância

A TC é um exame capaz de discernir entre mais de 2000 níveis diferentes de atenuação medidos em Unidades Hounsfield (UH), e tais valores são determinados a cada voxel.

O número de atenuação dos raios-X é afetado pela interação dos fótons com os elétrons dos átomos do paciente, essas interações dependem da energia destes fótons e das características físicas do tecido, sendo a densidade física o fator principal na variação dos coeficientes de atenuação. Tais características somadas com o fato das imagens serem coletadas de diferentes ângulos conferem à TC uma excelente aproximação da imagem com a composição tecidual (THRALL, 2007).

Uma vez obtidos, os coeficientes de atenuação são normalizados de acordo com o coeficiente da água, para qual é atribuído o valor zero da escala de cinza que pode variar, geralmente, de –1000 UH (menor densidade, mais escuros, por exemplo, o ar) e acima de +1000 UH (alta densidade, mais claros, por exemplo, ossos ou metal) (THRALL, 2002; THRALL, 2007; FERREIRA et al., 1998).

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a -100, o parênquima pulmonar -845; líquido cefalorraquidiano varia de 0 a 15, coágulos com +70 (BRANDÂO, 2003; THRALL, 2007; TUCKER & GAVIN, 1996).

A escala de cinza pode ser manipulada de acordo com a suspeita e natureza do objeto de estudo, a fim de evidenciar as estruturas em determinadas faixas de atenuação e o centro desta faixa, nomeados janela e nível. Exemplificando, a janela para melhor observação dos tecidos ósseos deve ser larga, abordando de -600 a +1000 com centro em +300, portanto, vão aparecer na imagem tecidos que ficarem dentro desta faixa de atenuação, com janela ampla de 2000 unidades e as estruturas que estiverem próximas a +300 UH serão visibilizadas com mais detalhes (THRALL, 2007; TUCKER & GAVIN, 1996).

As unidades Hounsfield auxiliam na detecção de alterações parenquimatosas em diversos órgãos como fígado, baço, linfonodos, adrenais e no encéfalo (KIM et al, 2011; ALLARD et al, 1990).

A média de atenuação cerebral já foi descrita por alguns autores na fase pré-contraste, Tucker e Gavin (1996) relataram diferenças entre a substância branca 25 a 35 UH e a substância cinzenta 35 a 50; Thrall (2007) estipulou uma faixa de 30 a 40 UH. Fike et al (1986) definiram um único valor de 34,7 ± 2,3 UH com 3,5 ± 1,0 UH de reforço pós-contraste intravenoso.

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8. OBJETIVOS

O presente trabalho teve como objetivo padronizar, enriquecer e minimizar erros de interpretação na avaliação tomográfica encefálica, através do estudo de exames tomográficos realizados em cães clinicamente saudáveis, de cada uma das conformações cranianas, determinando os seguintes aspectos:

- Valores máximos e mínimos da altura dos ventrículos laterais e terceiro ventrículo,

- Determinar os valores relativos da altura dos ventrículos laterais em relação à altura cerebral, como complementação do exame dos ventrículos laterais na tentativa de tornar tal proporção aplicável em diversas situações,

- Estipular a média do número de atenuação, em unidades Hounsfield, do parênquima cerebral (lobos frontal, parietal, temporal e occipital), bulbo olfatório e cerebelo e comparar esses valores entre grupos de cães de diferentes conformações cranianas, a fim de encontrar possíveis diferenças entre eles e avaliar se são significativas ou não,

- Avaliar de forma qualitativa o sistema ventricular encefálico quanto a sua identificação, simetria, identificação ou não do septum pellucidum,

- Avaliar de forma qualitativa o parênquima encefálico, na fase pré-contraste, quanto a sua aparência, homogênea ou heterogênea, desvio ou não da linha média, e, na fase pós-contraste, presença ou não de áreas de captação de contraste focais, reforço da linha média, reforço peri-ventricular

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9. MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita filho”, Campus de Botucatu/SP, sob protocolo nº 27/2009-CEEA, estando, portanto, de acordo com os princípios éticos adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal.

9.1 Dos animais:

Foram incluídos neste estudo animais clinicamente sadios, machos e fêmeas com idade de 2 a 5 anos, que não apresentaram histórico de doenças de cunho neurológico, estavam em bom estado geral, e com anamnese e exame clínico e neurológico sem alterações. Os dados individuais dos animais que cumpriram os critérios de inclusão neste estudo, sexo, peso e a idade, estão dispostos no apêndice.

Foram utilizados 15 animais da raça Pastor Alemão (Grupo D) representando os dolicocefálicos, 15 animais da raça Rottweiler (Grupo M) representando os mesaticefálicos e 15 animais da raça Boxer (Grupo B) representando os braquicefálicos, perfazendo um total de 45 exames.

9.2 Delineamento e protocolo experimental:

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cardíaca foram mensuradas com Doppler ® e a frequencia respiratória através

da visualização do balão do aparelho anestésico.

Para realização do exame tomográfico o animal foi colocado em decúbito ventral com a cabeça sobre um apoio acolchoado posicionando de forma que o palato duro ficasse paralelo à mesa. Os membros torácicos foram mantidos paralelos lateralmente ao crânio, flexionados ou estendidos caudalmente, de modo que não estivessem no mesmo plano de corte que o encéfalo, minimizando a formação de artefatos.

Foi utilizado um aparelho de tomografia computadorizada helicoidal de terceira geração Marca SHIMADZU®1, modelo SCT – 7800 TC, pertencente ao

parque de equipamentos do Setor de Diagnóstico por Imagem, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu-SP.

Foram realizados cortes axiais, a partir do limite rostral da cavidade craniana, região do platô cribiforme e margem caudal dos ossos etmoturbinados, e terminando na porção caudal do cerebelo (forâmen magno).

Os cortes foram de 3mm de espessura por 3mm de incremento (3x3) na região supratentorial e de 2mm de espessura por 2 de incremento (2x2) na região infratentorial, para minimizar os artefatos de técnica causados pela grande massa óssea presente na porção petrosa do osso temporal.

A técnica utilizada foi 160 mA e 120 kVp nos cortes 2x2 e 150mA e 120Kvp nos cortes 3x3, com filtro adequado para a visualização dos tecidos nervosos.

Após a realização do exame simples, utilizou-se para o exame contrastado um meio de contraste iodado iônico, composto de diatrizoato de meglumina (60g) e 280mg de iodo por ml (Reliev®2 60%). Utilizou-se para este

procedimento 2mL de contraste por kilo de peso (LeCOUTEUR et al, 1981) num volume máximo de 40ml para os animais de até 40kg e os mais pesados, um volume máximo de 60ml, totalizando em gramas de iodo respectivamente, 11,2g e 16,8g, respeitando a dose máxima de iodo citada nos livros textos de 30g por animal e mantendo a qualidade do exame.

1 Shimadzu do Brasil comércio Ltda. Av. Marquês de São Vicente nº 1771 – São Paulo – SP 2Reliev 60% - JUSTESA Imagem do Brasil S/A. Av. Fernando Mattos, 300 – salas 305 a 308 –

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9.3 Da avaliação das imagens:

As imagens obtidas foram estudadas com auxílio do software eFilm®, de forma quantitativa e qualitativa, dando atenção também a aparência normal das demais estruturas e as diferenças anatômicas entre os grupos.

Para mensuração dos ventrículos laterais e terceiro, quando mensuráveis, foi utilizada a ferramenta “distância”, determinado o ponto mais ventral da parede ventricular, traçou-se uma reta paralela à fissura longitudinal (EVANS & DeLAHUNTA, 2001), até o limite dorsal, demonstrado na figura 1. E para mensuração da altura encefálica utilizou-se a mesma ferramenta para traçar uma reta paralela e sobre a fissura longitudinal, do limite cerebral ventral ao dorsal.

Para a determinação dos valores de atenuação de diversos locais do parênquima encefálico e cerebelar foram escolhidas ROIs/RIs (“regions of interest”/regiões de interesse) circulares com abertura fixa de 0,5cm2, utilizando a ferramenta “ROI/densidade” que fornece o cálculo da área em centímetros quadrados, densidade média e desvio-padrão, sendo esta dada em Unidades Hounsfield (UH) da região de interesse escolhida.

As regiões escolhidas incluem o bulbo olfatório, os lobos, frontal, parietal, occipital, temporal e o cerebelo, os locais para mensuração da atenuação das “ROIs” foram iguais para todos os animais e padronizados com referências anatômicas, em sua maioria estruturas ósseas adjacentes às áreas de interesse. Foi traçada uma linha paralela ao eixo do palato duro em determinada área de cada lobo e cerebelo e desenhado um círculo com a mesma abertura para todos os locais, com ferramenta do programa eFilm®

específica, e em cada hemisfério (direito e esquerdo) à mesma distância do calvário, as mesmas áreas foram medidas na fase pré e pós-contraste para fins de comparação das atenuações. As mensurações da atenuação em cada região são estão exemplificadas nas figuras de 2 a 7.

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No estudo do parênquima encefálico, os exames foram avaliados primeiramente na fase simples, segundo seu aspecto, homogêneo ou heterogêneo, considerado pela presença de áreas de hipo ou hiperdensidade focais evidentes, desvio da linha média e a incidência desses padrões em cada grupo. Após a avaliação do exame simples, foi realizada a do exame contrastado, com as imagens dispostas na tela lado a lado, foram estudadas de forma conjunta a fim de identificar as formas de captação, focais, difusas, peri-ventriculares e o reforço da linha média.

9.4. Análise estatística

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10. Resultados

Aqui se descreve brevemente algumas constatações obtidas durante a realização deste projeto. Após a realização do exame simples, nos animais dolicocefálicos, foi preciso aguardar cerca de 10 minutos para o resfriamento do aparelho, nas demais raças esse tempo foi menor, cerca de 5 minutos nos Rottweilers e nenhum nos Boxers, então foram acopladas as duas seringas nas saídas da torneira de 3 vias, uma de cada vez, o contraste foi injetado em forma de bolus e os cortes realizados imediatamente após. O tempo entre o início da injeção e o início dos cortes também foi cronometrado e chegou-se à média de 48,6 segundos. A duração total do exame, do momento da indução ao fim da realização da fase contrastada, totaliza, em média, de 20 a 25 minutos. Após a tomografia os animais foram encaminhados para outra sala onde realizamos o exame de displasia coxo-femoral, durante o retorno anestésico.

Não houve nenhum tipo de reação adversa nos aqui animais estudados.

10.1 Sistema Ventricular encefálico 10.1.1. Avaliação quantitativa

As médias e desvios padrão considerando os ventrículos laterais direito e esquerdo separadamente, assim como a proporção de cada lado em relação à altura encefálica estão na tabela 1.

Levando em consideração que, estatisticamente, os lados direito e esquerdo mostraram-se iguais, na tabela 2 observamos as novas médias, desvios padrão e valor de relação altura ventricular e altura encefálica.

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TABELA 1: Valores das médias, desvios padrões, valores máximos e mínimos dos ventrículos laterais direito e esquerdo separadamente e proporcionalmente com a altura do encéfalo, dispostos por raça. VLD: ventrículo lateral direito, VLE: ventrículo lateral esquerdo, V: ventrículo, hVLD: altura do ventrículo direito, hVLE: altura do ventrículo esquerdo e hE: altura encefálica. Grupo D n=15, grupo M n=15 e grupo B= 15.

RAÇAS PASTORES (D) ROTTWEILERS (M) BOXERS (B)

Média altura VLD

(HVLD) 0,38 ± 0,10 cm 0,39 ± 0,15 cm 0,83 ± 0,24 cm

Valores Máximos VLD 0,8 cm 0,6 cm 1,2 cm

Valores Mínimos VLD 0,2 cm 0,1 cm 0,4 cm

Média altura VLE

(HVLE) 0,42 ± 0,16 cm 0,43 ± 0,16 cm 0,83 ± 0,27 cm

Valores máximos VLE 0,6 cm 0,7 cm 1,4 cm

Valores mínimos VLE 0,2 cm 0,1 cm 0,5 cm

Média altura 3º V 0,23 ± 0,08 cm 0,26 ± 0,01cm 0,26 ± 0,09 cm

Proporção HVLD/HE 11,35 % 9,56 % 20,75 %

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TABELA 2: Médias, desvios padrão e proporção ventrículo-encéfalo por grupos de raças considerando os lados direito e esquerdo iguais estatisticamente. hV: altura ventricular, hE: altura encefálica e hV/hE: altura ventricular dividida pela altura encefálica multiplicada por 100.

hV (cm) hE (cm) hV/hE (%)

Pastor alemão 0,40 ± 0,13a 3,46 ± 0,08a 11,74 ± 3,77a

Rottweiler 0,38 ± 0,16a 3,58 ± 0,16b 10,81 ± 4,52a

Boxer 0,82 ± 0,25b 4,04 ± 0,20c 20,47 ± 6,15b

a,b,c – nas colunas, representam valores diferentes segundo o teste de Tuckey para as medidas ventriculares das raças.

O sistema ventricular em algumas imagens mostrou-se de limites obscuros e mal-definidos necessitando de mudanças na janela e nível e análise da atenuação nos bordos para determinação de seus limites e posterior mensuração desses.

Os resultados individuais para as variáveis subscritas estão disponíveis no apêndice.

10.1.2. Avaliação Qualitativa

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TABELA 3: Número de animais em que os ventrículos foram prontamente identificados pelo número total de animais por grupo, número de animais com ventrículos simétricos por grupo e número de animais em que não foi possível a identificação do septum pellucidum por grupo.

Identificação Simetria União

Grupo D 12/15 11/15 01/15

Grupo M 09/15 10/15 0/15

Grupo B 15/15 7/15 03/15

Como descrito acima, um dos pacientes no grupo D apresentou os ventrículos laterais unidos sem evidências do septum pellucidum, demonstrado na Figura 8. Dois dos animais apresentaram apagamento ventricular um do ventrículo lateral esquerdo e outro do direito, contornos obscuros e não visibilização de seu interior hipodenso, um apresentou margens pouco definidas com interior hipodenso definido, ambos animais machos com idades de 3 e 4 anos respectivamente.

Dos animais que apresentaram assimetria ventricular (3/15), o ventrículo lateral esquerdo foi maior em dois deles e em um animal, macho com 5 anos de idade, os ventrículos eram pouco visíveis e de difícil identificação, os valores encontrados, no caso dos pastores alemães, são próximos aos descritos na literatura, apesar do aumento do número de animais em relação aos outros autores a proporção se manteve (SCHRODER, 2006).

Dos animais do grupo M avaliados 6/15 possuíam ventrículos de aspecto mal-definido, e um deles, fêmea de 2 anos de idade, apagamento do ventrículo lateral direito (Figura 9). Dos cinco pacientes com assimetria ventricular em três o ventrículo lateral esquerdo era maior que o direito e nos demais o direito se mostrou maior.

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A não-identificação do septum pellucidum que confere uma aparente união dos ventrículos laterais aqui teve uma maior incidência (Figura 1 e 8).

Não foi possível a mensuração do terceiro ventrículo em todos os cães, no grupo D um total de 05/15 animais possuíam tal estrutura visível, porém não-mensurável, no grupo M, foram 03/15 animais. Diferentemente que no grupo B onde a mensuração foi possível em todas as imagens, em um dos exames os contornos se apresentaram mal-definidos o que não impossibilitou sua mensuração, mostrando mais uma vez a maior evidência e tamanho do sistema ventricular nos animais braquicefálicos.

10.2. Avaliação parênquima encefálico

10.2.1. Avaliação quantitativa da atenuação do parênquima

Para avaliação quantitativa do encéfalo utilizamos os lobos cerebrais como referências anatômicas das diversas regiões que foram estudadas.

Os valores obtidos dos lados direito e esquerdo foram comparados pelo teste t-student e não houve diferença estatística, portanto estão aqui considerados como uma única informação.

(49)

TABELA 4: Descrição das diferenças constatadas estatisticamente entre as médias de atenuação das regiões encefálicas utilizando-se os dados de todos os grupos (p≤0,05).

Bulbo Olfatório Lobo Frontal Lobo Parietal Lobo Temporal Lobo Occipital Cerebelo Bulbo

Olfatório =

Lobo Frontal = = Lobo Parietal = = = Lobo Temporal = = Lobo Occipital = Cerebelo =

As informações obtidas de acordo com a região, com a fase e com a raça estão dispostas nas tabelas de 5 a 10.

TABELA 5 a 10: Análise das médias das variáveis oriundas da avaliação da atenuação por região comparada entre as raças, medidas em Unidades Hounsfield.

TABELA 5 – Bulbo olfatório

Média Desvio Padrão

Simples Contrastada Simples Contrastada

Pastor alemão 36,7 ± 3,3 Aba 40,9 ± 3,5 Ab 4,8 ± 1,1 6,3 ± 1,5

Rottweiler 39,1 ± 2,9 Aa 44,4 ± 5,1 Bb 5,3 ± 0,9 7,7 ± 2

Boxer 35,8 ± 5,3 Ba 40,1 ± 4,5 Ab 4,8 ± 0,9 5,2 ± 1

(50)

TABELA 6 -Lobo Frontal

Média Desvio Padrão

Simples Contrastada Simples Contrastada

Pastor alemão 29,4 ± 2,8 Aa 30,8 ± 3,5 b 3,8 ± 0,7 4,3 ± 0,8

Rottweiler 31,6 ± 3,3 B 32,4 ± 3,6 4,8 ± 0,9 5,3 ± 1,1

Boxer 30,4 ± 1,7 ABa 32,0 ± 1,9 b 4,1 ± 0,6 4,5 ± 0,5

a,b – nas linhas, representam valores diferentes segundo o teste t-student pareado para as fases simples e contrastadas e A, B – nas colunas, representam valores diferentes das atenuações entre as raças segundo teste de Tuckey (p≤0,05).

TABELA 7 – Lobo Parietal

Média Desvio Padrão

Simples Contrastada Simples Contrastada

Pastor alemão 27,2 ± 2,4 Aa 29,0 ± 3,3 Ab 3,8 ± 0,7 4,4 ± 0,7

Rottweiler 30,1 ± 3,2 B 32,6 ± 3,5 B 5 ± 1,4 5,4 ± 2

Boxer 30,1 ± 2,7 Ba 33,4 ± 3,2 Bb 5,1 ± 1,1 6,2 ± 1,9

a,b – nas linhas, representam valores diferentes segundo o teste t-student pareado para as fases simples e contrastadas e A, B – nas colunas, representam valores diferentes das atenuações entre as raças segundo teste de Tuckey (p≤0,05).

TABELA 8- Lobo Temporal

Média Desvio Padrão

Simples Contrastada Simples Contrastada

Pastor alemão 29,5 ± 3,6 a 31,2 ± 2,8 b 4,5 ± 0,9 5,4 ± 1,3

Rottweiler 29,2 ± 4,2 a 31,3 ± 4,3 b 5,1 ± 0,9 5,6 ± 1,1

Boxer 28,0 ± 2,0 a 29,9 ± 2,3 b 4 ± 1 4,6 ± 1,2

(51)

TABELA 9 – Lobo Occipital

Média Desvio Padrão

Simples Contrastada Simples Contrastada

Pastor alemão 25,6 ± 2,6 A 26,4 ± 2,8 A 4,9 ± 0,7 5,5 ± 1

Rottweiler 28,1 ± 2,9 B 29,0 ± 2,8 B 6 ± 0,9 6,2 ± 1,2

Boxer 25,0 ± 1,9 Aa 25,7 ± 1,3 Ab 5,7 ± 1,1 6 ± 1,2

a,b – nas linhas, representam valores diferentes segundo o teste t-student pareado para as fases simples e contrastadas e A, B – nas colunas, representam valores diferentes das atenuações entre as raças segundo teste de Tuckey (p≤0,05).

a,b – nas linhas, representam valores diferentes segundo o teste t-student pareado para as fases simples e contrastadas e A, B – nas colunas, representam valores diferentes das atenuações entre as raças segundo teste de Tuckey (p≤0,05).

10.2.1. Avaliação qualitativa do parênquima encefálico nas fases pré e pós-contraste

No grupo D 80% dos animais (12/15) apresentaram parênquima de aspecto homogêneo em todas as porções. Dos três pacientes em que foi observado heterogeneidade, dois deles, machos de 2 e 3 anos, eram áreas discretas e difusas e em um, fêmea de 4 anos, a aparência heterogênea se mostrou localizada hiperdensas e mistas no lobo occipital e hipoecogênicas adjacente ao terceiro ventrículo.

A mesma incidência de parênquimas homogêneos foi observada no grupo M, 80% (12/15), porém discreta diferença nos exames com TABELA 10 –

Cerebelo

Média Desvio Padrão

Simples Contrastada Simples Contrastada

Pastor alemão 31,3 ± 3,9 a 33,8 ± 2,8 b 5,5 ± 1 6 ± 0,7

Rottweiler 33,5 ± 4,6 34,2 ± 5,4 7 ± 1,3 7,3 ± 2

Referências

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