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Estudando raça nos anos iniciais do Ensino Fundamental I: contribuições de obras do pintor Candido Portinari

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura

.

ESTUDANDO RAÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL I: CONTRIBUIÇÕES DE OBRAS DO PINTOR

CANDIDO PORTINARI.

Dissertação de Mestrado

Carla Maria de Albuquerque Santos

Orientadora

Profª. Dra.Maria da Graça Nicoletti Mizukami

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CARLA MARIA DE ALBUQUERQUE SANTOS

ESTUDANDO RAÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL I: CONTRIBUIÇÕES DE OBRAS DO PINTOR

CANDIDO PORTINARI.

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura.

Orientadora: Profª. Drª.Maria da Graça Nicoletti Mizukami

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A848i Santos, Carla Maria de Albuquerque.

Estudando raça nos anos iniciais do ensino fundamental I: contribuições de obras do pintor Candido Portinari / Carla Maria de Albuquerque Santos -- 2010.

80 f. : il. ; 30 cm + CD-ROM

Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010.

Bibliografia: f. 76-80.

Orientador: Maria da Graça Nicoletti Mizukami

1. Escola 2. Interdisciplinaridade. 3. Raça Negra. 4. Arte. 5. História. 6. Cultura. I. Título.

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Banca Examinadora

Profª. Dra. Maria da Graça Nicoletti Mizukami

Profª. Dra. Ingrid Hötte Ambrogi

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AGRADECIMENTOS

À Deus.

Aos meus pais, Carlos e Shirley, pela vida, amor e dedicação.

Ao meu marido Valdir e filha Victória pela compreensão e incentivo.

À minha orientadora, Maria da Graça Nicolleti Mizukami, pelas idéias e empenho no desenvolvimento da dissertação.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie e aos professores do curso de mestrado, que forneceram o apoio necessário à realização desta pesquisa.

Aos meus colegas do curso de Pós-graduação, que contribuíram de forma direta e indireta para a realização deste trabalho.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

À todos os meus amigos e amigas e familiares que sempre estiveram presentes me aconselhando e incentivando com carinho e dedicação.

À Professora Roberta, alunos da 2ª B e equipe técnica da EMEF Joaquim Candido, por participarem desta pesquisa, pois sem eles nenhuma dessas páginas estaria completa.

(6)

“Ser negro no Brasil é, pois, com freqüência, ser objeto de um olhar enviesado...”

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SUMÁRIO

Resumo... 08 Abstract... 09

Introdução... 10

1. Capítulo 1

1.1. Revisão da Literatura... 20

2. Capítulo 2 – A Pesquisa

2.1.Caracterização... 31 2.2.Intervenção e pesquisa... 37 2.3.Procedimentos da Intervenção... 44

3. Capítulo 3

3.1. Algumas Considerações Finais... 65

(8)

RESUMO

Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo analítico-descritivo de natureza qualitativa.

Trata-se, mais especificamente, de uma pesquisa intervenção por meio da qual se analisa

contribuições de obras do pintor Candido Portinari para a discussão do tema “raça negra” com

alunos da 2ª.série B, do ensino fundamental I de uma Escola Municipal em São Paulo. A

intervenção foi realizada por meio de um projeto interdisciplinar o qual, a partir de algumas

obras de arte do pintor Candido Portinari, possibilitou tratar do tema “raça negra”,

contemplando assim a Lei n 10639/2003, que visa incluir no currículo oficial de ensino a

obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. De acordo com a lei, 10.639

de 09 de janeiro de 2003, o presidente da república Luiz Inácio lula da Silva, alterou a lei

9394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de ensino a obrigatoriedade da temática

“História e Cultura Afro-Brasileira”. Apóia-se teoricamente em obras do pintor Candido

Portinari. As fontes de dados foram pesquisadas no site

www.portinari.org.br/candinho/abertura.htm. Considerando a cidadania como eixo, buscando o

conhecimento através de atividades que fizessem sentido para os alunos foi escolhido o site

“Viagem ao Mundo de Candinho” que serviu de suporte para a intervenção deste projeto de

pesquisa. Os resultados evidenciam alto envolvimento dos alunos com as obras e com a

temática. Há indicadores de que houve valorização da raça negra e interesse por conhecer a

Cultura Africana, após sentirem a raça negra valorizada e retratada nas obras de Candido

Portinari.

(9)

ABSTRACT

This research is characterized by being a descriptive-analytical study of qualitative nature. It is, more specifically, a research intervention through which we analyze contributions of works by painter Candido Portinari to discuss the theme "black" with students of the 2nd. Series B, the elementary school I of a municipal school in São Paulo. The intervention was performed by an interdisciplinary project which, from some works of art of the painter Candido Portinari, allowed to treat the issue of "black", admiring the Law No. 10639/2003, which seeks to include in the official curriculum of compulsory teaching of the theme "History and Afro-Brazilian Culture." According to the law, 10,639 of 09 January 2003, the president of the republic Luiz Inacio Lula da Silva, 9394 changed the law of 20 December 1996 laying down the guidelines and bases for national education, to include in the official curriculum Network of education the compulsory subject "History and Afro-Brazilian Culture." It is based on theoretically works by painter Candido Portinari. The data sources were searched on the site www.portinari.org.br / crucible / abertura.htm. Whereas citizenship as axis, seeking knowledge through activities that make sense for students was chosen as the site of Candinho Travel the World "that gave support for the intervention of this research project. The results show high student involvement with the works and the theme. There are indications that there was recovery of the black race and interest in knowing the African culture, after the black race feel valued and depicted in works by Candido Portinari.

(10)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa visa apresentar e discutir as questões raciais nas séries

iniciais do ensino fundamental I. Esta pesquisa tem como contexto a intervenção, a qual

através de algumas obras do Pintor Candido Portinari que retrata o negro, selecionadas pelos

alunos da 2ª.B na EMEF “Joaquim Candido de Azevedo Marques” no site “Viagem ao Mundo

de Candinho”, com a colaboração da professora da sala, houve um despertar de interesses por

parte dos alunos sobre história do povo negro.

Percorri vários caminhos até a Pedagogia. Escolhi Administração de Empresas como

minha primeira faculdade, obtive sucesso durante onze anos na área, fiz especialização em

Recursos Humanos, porém, senti que faltava algo, precisava haver mais sentido em lidar com

as pessoas. Quando minha filha nasceu, em 1994, resolvi realizar meu sonho e passei a

trabalhar com crianças, aluguei um espaço e tornei-me Autônoma, abri uma franquia do

método Kumon (ensino de matemática) e permaneci por dez anos nessa atividade. Nesse

período, retornei aos estudos e me formei em Matemática (Licenciatura Plena – 1998);

Graduação em Pedagogia – 2003; Especialização em Psicopedagogia – 2003. Quanto mais

estudo, mais acredito que estou no caminho certo – Educação.

Quando estava cursando a faculdade de pedagogia, senti necessidade de praticar o que

aprendia em sala de aula e iniciei um trabalho voluntário numa escola da prefeitura. Havia na

escola uma sala de apoio pedagógico, onde uma professora atendia os alunos considerados

“grupo de alerta”. Recebi autorização da diretoria para trabalhar nesta sala com crianças que

apresentavam dificuldades em leitura e principalmente em escrita. Apresentei a proposta de

(11)

voluntário, o qual era conhecido por “Amigos da Escola”, e atuaria com as crianças que

apresentavam dificuldades na alfabetização. O fator preponderante deste trabalho, era

resgatar a auto-estima do aluno, pois uma pessoa para aprender precisa se permitir aprender,

e o grau de insegurança destas crianças estava bem elevado segundo informações das

professoras. Usei como fonte de pesquisa o autor Jean Piaget, com esta leitura pude refletir e

entender que as capacidades intelectuais e motoras da criança precisam ser estimuladas em

determinadas fases do desenvolvimento para que o aprendizado seja mais efetivo, porém,

sempre será possível estimular os processos internos do desenvolvimento, os quais serão

transformados em aquisições individuais. Piaget não aponta respostas sobre o que e como

ensinar. É possível, no entanto, compreender, por suas obras, como a criança e o adolescente

aprendem, fornecendo um referencial para a identificação das possibilidades e limitações de

crianças e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito às

condições intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e não verbais

para poder trabalhar melhor com elas. (Piaget,J. e Greco, P., 1974,p.59).

Para minha surpresa no decorrer da atividade, a qual fui para colaborar descobri a

contribuição do lúdico na aprendizagem das crianças, pois apesar dos professores verem a

sala de apoio pedagógico como “sala de reforço”, a professora que coordenava as atividades

era uma psicopedagoga apaixonada por sua profissão e pelas crianças, ao invés de utilizar

como único recurso de aprendizagem a leitura e a escrita, o que confesso que também

acreditava que era o único meio de uma criança aprender, apresentava desafios como: jogos,

músicas, arte e diálogo. Descobri a partir deste trabalho voluntário que minha vocação era a

educação e resolvi matricular-me no curso de pós-graduação Lato Sensu de Psicopedagogia.

Trabalhei como Psicopedagoga voluntária em uma Instituição filantrópica por um ano, onde

(12)

No ano de 2004 prestei concurso para o cargo de Professora de desenvolvimento

Infantil na prefeitura de São Paulo (passei) e no ano de 2005, prestei concurso para trabalhar

na Rede Estadual de ensino de São Paulo-SP para o cargo de Professora do Ensino

fundamental I, (passei).

Durante as reuniões, palestras ou congressos que participava, sempre a mesma discussão

“dificuldade no que tange a aprendizagem das crianças”. Inúmeros são os fatores que

contribuem para isso, no entanto, o que fazer para solucionar? Que medidas propor para

amenizar o cotidiano escolar destas crianças.

Em meados do mês de agosto de 2007, trabalhando sempre em busca destas respostas e

da possibilidade de contribuir para uma formação cidadã, por meio de um trabalho em equipe

na escola. Tendo em vista que cabe ao educador buscar o saber através da pesquisa

acadêmica. Senti dificuldades em encontrar literatura infantil brasileira com personagens

negros, percebi então que estava diante de um dilema, mudar o conteúdo a ser estudado ou

partir para a pesquisa.

“O silêncio do professor sobre as questões raciais facilita novas ocorrências, reforçando inadvertidamente a legitimidade de procedimentos preconceituosos e discriminatórios no espaço escolar e, a partir dele, para outros âmbitos sociais. Confirma dessa forma o direito de crianças brancas e não-brancas a exercerem discriminação contra crianças negras” (CAVALLEIRO, 2006, p.227).

De imediato parti para a pesquisa na própria escola com as colegas, com a seguinte

questão: quais livros infantis com personagens negros conheciam para trabalharmos o Dia dos

Pais e o dia Nacional da Consciência Negra - 20 de novembro,” nesta data em 1695, foi

assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares.” Estava latente a

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principalmente na literatura. Contemplando assim, a lei de 10.639 de 09 de janeiro de 2003,

onde o presidente da República Luiz Inácio Lula Da Silva, alterou a lei de nº 9.394, de 20 de

dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no

currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura

Afro-Brasileira”.

“O problema racial é, portanto, a linguagem pela qual se torna possível apreender as desigualdades observadas, ou mesmo uma certa singularidade nacional. (...)” (Schwarcz, 2008,p.239).

Mesmo com a promulgação da lei 10639/2003 que alterou a Lei 9394/96, determinando a

obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana nos sistemas de

ensino formal, o tema é pouco explorado entre os professores. A principal razão apontada é a

de que trabalhar essas questões, requer mais literatura disponível no mercado literário.

“O conhecimento da existência da lei, bem como a importância atribuída à aprendizagem da história e cultura afro-brasileira e africana, são sinais muito positivos, ainda que por si sós não assegurem a efetiva implementação da lei na prática.(...) Outra dimensão considerada estratégica para a implementação da lei diz respeito à produção e à distribuição de material didático voltado à diversidade racial e cultural na escola, adequando-se à perspectiva que assinala a Lei federal 10639/2003”. (Souza e Crosso, 2007, p.36).

No decorrer do ano letivo de 2007, lecionava para a 1ª série do ensino fundamental I, em

uma Escola Estadual de São Paulo - SP com as contribuições da cultura africana para o Brasil

enfocando desde o período da escravidão até os dias atuais onde o cidadão afro-descendente

ainda precisa de cotas políticas para se inserir em determinados mercados, sejam eles

educacionais, de trabalho ou novas comunidades que não sejam a do esporte.

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“As cotas raciais representam uma das estratégias de ação afirmativa e, ao serem implantadas, revelam a existência de um processo histórico e estrutural de discriminação que assola determinados grupos sociais e ético/raciais da sociedade. Talvez por isso elas incomodem tanto a sociedade brasileira, uma vez que desvelam a crença de que somos uma “democracia racial” (que todas as raças e etnias convivem harmoniosamente e participam democraticamente de todas as oportunidades sociais em nosso país) e que se resolvermos a questão socioeconômica resolveremos a racial”. (Munanga, 2006, p.192).

Ao planejar as aulas buscava várias fontes de pesquisa, detectei uma ausência na literatura

infantil brasileira de livros com personagens bem sucedidos negros. Utilizava recursos da

disciplina de Artes e História para enriquecer o repertório dos alunos, os quais em grupo

organizavam cartazes, maquetes, exposições, confecção de livros para expressarem seus

conhecimentos. Porém, no mês de agosto do ano (2007), ao iniciar uma leitura para a classe,

onde abordaríamos a figura do Pai na família, me surpreendi com um comentário de um aluno

ao ver uma figura do livro escolhido "Tanto, Tanto!"¹,

Figura 1 – capa livro

¹ CooKe, Trish. Tanto, Tanto! São Paulo. Ática: 1994.

Livro que relata a história de uma família negra. Durante a leitura um aluno comentou "-Olha

(15)

era o personagem do bebê da família, percebi então, que meu trabalho estava precisando ir

além da sala de aula e comecei a pesquisar como falar de assuntos tão carregados de

preconceitos em uma sociedade complexa onde o ser humano deve ser respeitado no seu todo

(físico, psíquico e social).

Figura 2 – pág. Imagem menino

CooKe, Trish. Tanto, Tanto! São Paulo. Ática: 1994.

Para se fazer uma análise de uma imagem é preciso identificar os principais elementos da

composição. E tratar a imagem não como a semiótica, o que faz a análise da ligação com o

significado das partes que a compõem, mas sim do ponto de vista da percepção do olho

humano, do modo de estruturar naturalmente os seus elementos gráficos em nossa mente. Foi

justamente para estudar essa percepção que se desenvolveu a Teoria da Gestalt a qual propõe

que o cérebro humano tende automaticamente a desmembrar a imagem em diferentes partes,

organizá-las de acordo com semelhanças de forma, tamanho, cor, textura, etc. As quais serão

reagrupadas de novo num conjunto gráfico que possibilita a compreensão do significado

(16)

Fotos aflitivas não perdem necessariamente seu poder de choque. Mas não ajudam

grande coisa, se o propósito é compreender. Narrativas podem nos levar a compreender. Fotos fazem outra coisa nos perseguem... A imagem conta tudo o que é preciso saber. Mas é claro que ela não nos conta tudo o que nós precisamos saber”.

(Sontag, Susan. Diante da dor dos Outros. Cap.5 – pág.76)

Trocando a palavra “fotos” por imagem, a frase representa exatamente o choque que senti naquela manhã de agosto de 2007 em sala de aula. Porém, a partir daquela angústia,

transformei em sentimento de mudança, a qual me impulsionou a iniciar esta pesquisa.

“...O caminho é cheio de asperezas, mas não obstante fadigas e humilhações, eu

tenho ainda um sonho....Com esta fé, poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, ir juntos

à prisão, certos de que um dia seremos livres. Quando isso acontecer, todos filhos de

Deus, brancos e negros, judeus e pagãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as

mãos uns aos outros, e cantar aquele velho hino dos escravos: Finalmente livres!

Finalmente Livres. Graças a Deus onipotente, nós somos finalmente livres!...”

Martin Luther king - senhoradapaz.sites.uol.com.br/Martin.htm

Até hoje este sonho de igualdade continua inspirando milhares de pessoas que acreditam

na justiça e no amor entre os homens e eu sou uma destas pessoas.

Importante esclarecer a dificuldade que a sociedade brasileira, tem para aceitar a temática

étnico-racial, e as crianças pequenas são também fruto desse meio preconceituoso. Podemos

atribuir essas dificuldades a alguns fatores já mencionados: o processo de miscigenação e

tentativa de branqueamento da sociedade e a não aceitação do “preconceito”. A palavra

“Negro”, foi e ainda é entendida como ofensa.

Segundo Schwarcz (2008), o Brasil é ainda reconhecido como um país interessante no

exterior, diferente porque é composto de uma população mista e ainda a imagem da

convivência racial pacífica, cunhada por Freyre... É essa representação mestiça do país que de

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país é alvo de outros tipos de apreensão, persiste certa representação racial da nação,

herdeira das primeiras discussões do século passado. Buscando suprir essas falhas, propostas

e ações tem sido implementadas, vale ressaltar: suprir as bibliotecas das escolas públicas e

privadas com Livros infantis com temática afro onde os personagens representam com

dignidade sua cultura.

Importante esclarecer que a oralidade é um traço marcante dos povos africanos, esta

oralidade manteve viva a tradição africana. Não se contam histórias para apenas aprender,

mas sim para manter um diálogo, onde você aprende e ensina concomitantemente. E esse ato

se dá de forma coletiva; há uma maior socialização da prática neste caso, o que difere de uma

simples leitura, onde se estabelece apenas um diálogo entre autor e leitor. (Padilha,1995)

[...] na África em geral, dada sua condição cultural eminentemente não letrado, este gozo (do texto) se deslocava, e em certa medida ainda se desloca do espaço estático do papel (= livro) para o mundo em mutação da voz. É ela a condutora do gozo e é por ela que o contador de estórias libera a força do seu imaginário e a do seu grupo, fazendo do processo de recepção um ato coletivo, ao contrário do homem branco ocidental que, a partir de um certo momento da história, fez de seu processo de recepção – pela leitura – na essência um ato solitário, um prazer de voyeur. (PADILHA,1995 apud KOPERNICK, 1999, p. 88)

Projeto Candido Portinari - “Candinho”

Enquanto professores que somos, estamos sempre buscando novidades para tornar nossas

aulas mais atraentes e atualizadas. Com o fenômeno da internet observamos uma reviravolta

no ensino, nossos alunos exigem aulas mais interativas e dinâmicas, assim a necessidade

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Ao estudar “raça negra” por meio de uma pesquisa-intervenção, oferecendo aos alunos

oportunidades de aprendizagem que contribuírampara seu desenvolvimento como cidadão.

Segundo Lee Shulman (1999), tudo o que fazemos tem que estar sujeito à investigação.

Defende que é necessário retirar o ensino da esfera do individual e criar espaços de

desenvolvimento profissional do ensino com quatro características:

investigação; pública ; crítica e avaliação construída sobre trabalho anterior e partilhada.

Estes espaços de desenvolvimento profissional devem de diversas formas, por exemplo,

através do método de estudo de casos, de experiências comparativas de diferentes

abordagens e da avaliação, propiciar um melhor aprendizado.

Seguindo sugestão da banca de qualificação, voltei ao campo “a escola” para pesquisar nos

anos iniciais do ensino fundamental, qual a visão das crianças sobre a raça negra, por meio de

algumas obras do pintor brasileiro Candido Portinari.

“Vim da terra vermelha e do cafezal. As almas penadas, os brejos e as

matas virgens acompanham-me como o espantalho, que é o meu auto-retrato.Todas as

coisas frágeis e pobres se parecem comigo”.

Candido Portinari

Portinari, pintor ilustre fez parte de uma fase de grande mudança no conceito estético e

cultural do Brasil. Pintou cerca de cinco mil obras. Entre quadros relacionados à infância,

diversas brincadeiras infantis, crianças.

Vale ressaltar nas pinturas de Portinari a presença de negros, o que lhe causava muitos

problemas.

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No ano de 1940, reconhecido internacionalmente fez a exposição “Portinari of Brazil”, no

MOMA (Museu de Arte Moderna de Nova York). Convidou dez negros para a inauguração, mas

não os deixaram entrar. Quando lhe perguntaram se os negros do Brasil eram mais felizes que

os negros americanos, respondeu: “Sim, porque, apesar de pobres, são tão livres e iguais aos

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CAPÍTULO 1

1.1. Revisão da Literatura

Este trabalho consolidou-se por meio de referências teóricas, as quais apresento neste capítulo.

De acordo com a lei, nº 10.639 de 09 de janeiro de 2003, o presidente da República Luiz

Inácio Lula da Silva, alterou a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a

obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.

Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003

Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e da outras providencias.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79 - B:

"Art. 26- A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.

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"Art. 79 -A. (VETADO)"

"Art. 79 -B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como 'Dia Nacional da Consciência Negra'."

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182º da Independência e 115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Segundo Adami (2007) em março de 2005 foram apresentados alguns pontos relacionados

à implementação efetiva da lei, tais como: formação de professores e de outros profissionais da

Educação. Porém, os professores que em sua formação não receberam preparo especial para

o ensino da cultura africana e suas reais influências para a formação da identidade do nosso

país, entram em conflito quanto à melhor maneira de trabalhar essa temática na escola. Assim,

este ponto pode ser um dos obstáculos estabelecidos com a lei. O objetivo principal para a

inserção da Lei é o de divulgar e produzir conhecimentos, bem como atitudes, posturas

comuns que garantam respeito aos direitos legais e valorização de identidade cultural brasileira

e africana.

Sendo que foi incluído no calendário escolar o dia 20 de novembro como Dia Nacional da

Consciência Negra. Além dos conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serem

Ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística

e de Literatura e História Brasileira. Incluindo a luta dos negros no Brasil, a cultura negra

brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo

negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil. Tema relevante,

(22)

“(...) Durante muito tempo, quando se realizava alguma comemoração sobre a questão do negro no Brasil, somente a data do dia 13 de maio, dia da assinatura da Lei Áurea, em 1888, abolindo a escravatura no Brasil era lembrada (...) Os movimentos negros atribuem, atualmente, um significado político ao 13 de maio, vendo-o como o dia Nacional de Luta contra o Racismo”. (Munanga, 2006, p.130).

Esta pesquisa recebeu, contribuições dos livros infantis com personagens negros: Tanto,

Tanto!; As tranças de Bintou; Que mundo Maravilhoso!; Menina bonita do laço de fita; Irmãos

Zulus; O Rei Zumbi; Gosto de África; Bichos da África, Lendas e Fábulas; Lendas Negras.

Porém, destaco o livro Tanto,Tanto! O qual retrata a história de uma família negra durante uma

festa de aniversário do Pai.

A partir da experiência em sala de aula com o livro “Tanto,Tanto!” a pesquisa com livros

paradidáticos infantis – literatura brasileira, com personagens negros, bem-sucedidos, não

somente no esporte, culinária, mas nas artes, tecnologia, política, educação, efetivou-se. E a

importância deste recurso em sala de aula para desenvolver uma consciência cidadã desde a

mais tenra idade. Pensando sempre no professor como um formador de consciências.

Sendo a educação um dos principais mecanismos de introdução dos valores e idéias que

compõem o padrão considerado “normal” da sociedade, visando o consenso em relação à

ordem vigente. Ou seja, é um privilegiado instrumento formador da consciência social, que

pauta os relacionamentos e o tipo de compreensão que se tem da realidade. E essa

consciência social formada passa a ser divulgada e reproduzida, quando internaliza conteúdos

previamente definidos, impondo concepções de mundo e de existência que passam a ser

vistas como verdades absolutas, inquestionáveis. Formam-se indivíduos que darão

continuidade a esse processo socializador, através de uma contínua reprodução de valores

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“(...) O negro está procurando, por vias político-ideológicas explicitadas, construir uma identidade positiva do grupo, com forte inspiração em uma classe média emergente, à busca da conquista de espaços sociais que até então lhe tem sido vedados, isto é, o negro quer ir além dos espaços que historicamente a sociedade brasileira lhe tem reservado: futebol, carnaval, música, escola de samba, terreiros religiosos etc.(...)”. (Pereira,2002,p.69).

Convivendo quase que diariamente com comentários preconceituosos sobre racismo, tanto

de alunos, quanto de professores. Questionando, se este comportamento na escola é reflexo

da formação moral do professor ou de sua formação acadêmica? Iniciei um trabalho

informativo na sala de aula onde atuava, através das aulas de história levantava temas sobre

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Racismo

A letra da música de Gabriel o Pensador, Lavagem Cerebral, (Rio de Janeiro,1993), exprime bem esse comportamento.

“O racismo é burrice Mas o mais burro não é o racista É o que pensa que o racismo não existe O pior cego é o que não quer ver E o racismo está dentro de você Porque o racista na verdade é um tremendo babaca Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca E desde sempre não pára pra pensar Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar E de pai pra filho o racismo passa Em forma de piadas que teriam bem mais graça Se não fosse o retrato da nossa ignorância Transmitindo a discriminação desde a infância E o que as crianças aprendem brincando É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando Qualquer tipo de racismo não se justifica

Ninguém explica Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma

herança cultural....”

Segundo Munanga (2006, p.179), o racismo é um comportamento, uma ação resultante da

aversão, por vezes do ódio, em relação às pessoas que possuem um pertencimento racial

(25)

ETNIA – RAÇA

Munanga (2006) enfatiza que muitos intelectuais e educadores rejeitam o conceito raça e preferem o termo “etnia” para se referir ao segmento negro da população brasileira. O conceito

etnia não carrega o sentido biológico, atribuído à raça, o que colabora para superação da idéia

de que a humanidade se divide em raças superiores e inferiores.

Segundo Vesentini (1998), o conceito de raça é biológico e não deve ser confundido com

nações culturais, sociais ou psicológicos. No ser humano, ao contrário dos outros animais, não

existem temperamentos próprios de raças. Não se deve empregar o termo “raça” como

sinônimo de povo, nação ou grupo lingüístico, como às vezes ocorre... Tendo em vista a

dificuldade em empregar o termo “raça” à espécie humana, vários cientistas resolveram

substituí-lo por “etnia”. Assim, quando observamos a população de certos países, notamos que

ali existem vários grupos que possuem traços comuns (físicos e culturais) e um sentimento de

identificação de pertencer ao mesmo grupo.

PRECONCEITO

Julgamento negativo e prévio que os membros de uma raça, de uma etnia, de um

grupo, de uma religião constroem em relação ao outro. Julgamentos estes com característica

principal: inflexibilidade. (Munanga, 2006, p. 181).

(26)

Podemos concluir que esses termos estão enraizados em nossa sociedade, urgente se faz

mudanças de atitudes, a partir de reflexões permanentes de cidadãos da política, educação,

meio artístico, familiar.

Em 2007, houve uma pesquisa na escola estadual na qual lecionava. Cada família indicava

qual a raça da criança (branca, parda, negra ou amarela). Porém, as crianças levaram os

formulários com marcas de borracha ou corretivo na raça branca, então, perguntei: - Por que

seus pais resolveram mudar no papel a raça para parda? A maioria dos alunos respondeu que

a professora explicou que algumas pessoas tem a cor de pele diferente por herança genética

de seus pais, avós, tataravós. Principalmente no Brasil que houve escravidão e desde este

período começou haver miscigenação entre os povos de origem européia, africana e os índios

que já se encontravam no Brasil. O mais interessante foi o comentário de um aluno que falou

para os pais: “– Sou da cor da professora Carla, a qual contou que também tem descendência

africana e indígena por isso ela é parda”. Ao comentar este fato na sala dos professores,

novamente surpresa! Alguns professores, falaram que não poderiam fazer este comentário em

sala, pois sua descendência era só européia. Justamente esta professora era parda, porém,

se considerava branca. Então, como abordar este preconceito em sala de aula se o próprio

professor possui uma auto-imagem distorcida?

(27)

Segundo Arroyo/Abramowicz (2009), estamos vivenciando um novo pensar e intervir na

relação política, que pode ajudar a ressituar uma preocupação que toca tão de perto os

educadores dos coletivos populares e que condiciona o direito à educação de tantos milhões

de crianças, adolescentes, jovens e adultos pobres, negros, das periferias e dos campos. As

vítimas reagem a mais essa inferiorização.

Ao considerar que podemos ajudar a rever conceitos, faz-se necessário que o professor

também possa ter oportunidade de buscar novos conhecimentos.

Charlot (2009, p.21, in Arroyo/Abramowicz), nos esclarece que a Sociologia da Educação

levanta a questão da desigualdade social diante da escola, mas negligencia a do saber,

tampouco se interessa pelas práticas pedagógicas dos professores que acolhem as crianças

desfavorecidas.

Como se vê, essas discussões fomentam que ter êxito na escola supõe de certa forma

relacionar-se com o mundo. O que leva a aprendizagem é a atividade Intelectual do aluno

“achar sentido nela”. Educar-se a si mesmo.

Gatti (2009, p.45, in Arroyo/Abramowicz), destaca que desigualdade racial no Brasil não se

reduz a um acontecimento estritamente econômico.

Desigualdade racial neste trabalho é entendida como aspectos que devem ser foco de

preocupações no que se refere à progressão escolar, evidenciando que ações amplas sem

penetração no seio das relações sociais e escolares podem redundar em mudanças

(28)

Destaca ainda, o referido autor, que prover Educação escolar sem perspectivas

sociofilosóficas claras sem metas torna-se um amontoado de fazeres sem um pensamento que

articule modos de se realizar.

Vale comentar a desigualdade social, regional e racial, herdada do Apartheid nas escolas

Sul-Africanas. Desde 1994 o maior objetivo da política Sul-Africana foi o de reduzir todo tipo de

desigualdade no país, onde o sistema educacional é seletivo e com baixo desempenho. Uma

abordagem sistêmica que enxerga no sucesso ou no fracasso escolar um ponto de articulação

de um conjunto de variáveis tanto, socioambientais (características sociais do público) e quanto

internas ao estabelecimento, qualificação dos professores e tipo de governança. Permite

assim, ver a questão da aprovação escolar como um verdadeiro problema social e não apenas

como um Avatar Individual. (Carpentier, 2009, in Arroyo/Abramowicz).

Voltando às escolas brasileiras, podemos estabelecer comparativos quanto à desigualdade

social, regional e racial.

Torna-se urgente pesquisar por que e como as boas intenções de avaliar para integrar os

coletivos excluídos terminam enrolados nos velhos mecanismos de reforçar a imagem

inferiorizada dos setores populares. (Arroyo, 2009, p.139).

Tal entendimento requer repolitizar o direito à educação e retirá-lo do campo da

colaboração, da boa vontade das políticas, das instituições e dos profissionais, retirá-lo dos

condicionantes de resultados de avaliações de desempenhos para colocá-lo no campo legítimo

de todo direito, o campo da justiça, do dever justo. Qualquer direito que fique à mercê do

parecer de sistemas ou de coletivos de avaliação, sentenciadores de quem tem ou não tem

direito a um percurso de formação digno deixa de ser direito. Daí ser urgente avançarmos em

(29)

Estimular os educandos, as famílias e os movimentos sociais a apelar à justiça quando

condicionado, negado ou interrompido o direito à educação. Avançar em medidas mais

compulsórias, sem as quais os direitos ficam à mercê da boa vontade e do compromisso de

bons mestres. (Arroyo, 2009, p.154).

Como vemos, se faz necessário repensar em estratégias para promover um ensino que

favoreça a aprendizagem dos alunos e o aperfeiçoamento docente.

Nos termos de aprendizagem e desigualdade, cabe citar que a escola habita o social, lugar

de intervenção e de governo, e por esta via, procura responder às complexas questões que se

referem à relação entre sociedade e economia. (Abramowicz, Rodrigues e Cruz, 2009, p. 121,

in Arroyo/Abramowicz).

Segundo Abramowicz, Rodrigues e Cruz, com base no vetor raça, o debate entre igualdade

e desigualdade, diferença e diversidade se refaz esse complexifica. Quando todos de uma

escola são pobres, os negros aparecem subalternizados.

Cabe, ressaltar sobre algumas ações realizadas pelo Programa de Apoio aos Educadores.

Espaço de desenvolvimento profissional (Reali e Tancredi, 2003). Trata-se de um portal na

internet que tem como um de seus objetivos principais fomentar o desenvolvimento profissional

de professores da educação básica, com auxílio de profissionais experientes da rede pública e

da própria Universidade Federal de São Carlos. O programa é desenvolvido exclusivamente via

Internet. Uma das tarefas fundamentais de comunidades profissionais de professores

corresponde à negociação da Tensão Essencial: O entendimento de que a aprendizagem dos

alunos se relaciona estreitamente com a aprendizagem profissional da docência; Estar pautado

no trabalho da escola outro fator para a sobrevivência de uma comunidade de professores; As

(30)

nas idéias de: Platão; Aristóteles e Confúcio; Aprender com o outro e a relação estabelecida é

multifacetada e não hierarquizada; Professores iniciantes precisam assumir papéis

profissionais. (Mizukami e Reali, 2009, p.93, in Arroyo/Abramowicz).

(31)

CAPÍTULO 2 – A pesquisa

2.1. Caracterização

Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo analítico-descritivo de natureza qualitativa.

Trata-se, mais especificamente, de uma pesquisa intervenção por meio da qual se analisa

contribuições de obras do pintor Candido Portinari para a discussão do tema “raça negra” com

alunos da 2ª. Série do ensino fundamental I.

Foi desenvolvida em uma sala de aula da 2ª série B do ensino fundamental, com 22 alunos,

da escola Municipal Joaquim Candido de Azevedo Marques – “Jocan”, de São Paulo/SP.

Para a delimitação da intervenção foi realizada inicialmente - com a colaboração da professora

Roberta e alunos - um levantamento prévio a partir das seguintes questões:

- Quem conhece mais de cinco livros infantis com personagens negros?

R. Dos 22 alunos, nenhum lembrou no ato de livros com personagens negros. Começaram

a falar de personagens conhecidos como: Cinderela; Bela Adormecida.

- Quem já ouviu falar ou viu alguma obra do pintor Candido Portinari?

R. Dos 22 alunos, nenhum ouviu. Uma aluna associou o nome Candido com o nome da

escola onde estudam “Emef. Joaquim CANDIDO de Azevedo Marques”.

- O que sabem sobre o feriado da Consciência negra?

R. Uma aluna comentou que foi o dia que libertaram os escravos. Os outros desconheciam

esse feriado.

Como educadora, percebi a responsabilidade em trabalhar este assunto de grande

relevância, o qual contribui para aplicar em sala de aula a Lei 10639/2003, lei que torna

(32)

além de promover um resgate das contribuições da cultura africana e da luta dos negros no

Brasil nas áreas social, econômica e política. Porém, é um tema que extrapola a sala de aula,

e muito relevante para ser comentado apenas em um dia especial o feriado de 20 de

novembro. Por isso, se fez necessário desenvolver um projeto que abordasse as áreas de

História; Arte e Cultura Africana.

Nesse contexto, a questão de pesquisa dessa dissertação é assim formulada:

Quais contribuições as obras do pintor Candido Portinari oferecem para o estudo do tema

“raça negra” nos anos iniciais do ensino fundamental I?

Por meio de algumas obras de Candido Portinari com personagens negros, “selecionadas

pelos alunos da sala de aula – 2ª.B”, pesquisadas na galeria virtual do site “Candinho Portinari”,

objetivou-se estudar a raça negra, analisando como as crianças interpretam e concebem o

negro na sociedade atual, preconceito, racismo e até mesmo como se identificam em relação à

própria cor de pele.

Como pesquisar um tema envolto em preconceitos por meio de uma pesquisa-intervenção

que possa propiciar vínculo positivo com as crianças por meio de uma proposta lúdica de

ensino da cultura africana?

Necessário se fez desenvolver um projeto Interdisciplinar para aplicar em sala de aula,

trabalhando com o tema transversal “Ética”, uma vez que os Parâmetros Curriculares

Nacionais para o ensino fundamental destinam-se a todos os brasileiros e objetivam alcançar e

(33)

OBJETIVOS

Sabe-se que é grande a diversidade das pessoas que compõem a população brasileira:

diversas etnias, diversas culturas de origem, profissões, religiões, opiniões. Esta diversidade

freqüentemente é alvo de preconceitos e discriminações, o que resulta em conflitos e violência.

Contribuir com informações que fortaleça a auto-estima das crianças e estimule o professor

em sua tarefa de ensinar e pesquisar assuntos sobre preconceito racial.

Estimular o aluno a SER um cidadão consciente de seus direitos e deveres “dez na vida” e

conseqüentemente um bom aluno.

A Ética não estabelece regras de conduta. Faz bem mais do que isso. Questiona as regras

em uso, perguntando-se se realmente elas estão fazendo o melhor pelas pessoas.

“O desenvolvimento das pesquisas sobre o negro no Brasil tem momentos bem marcantes. (...) No início da década de 30, Gilberto Freyre revoluciona o pensamento social brasileiro com sua tese de doutoramento, que recupera positivamente a contribuição africana à cultura brasileira. As conclusões de Freyre são um elogio à miscigenação(...)”. (Oliveira,2006,p.217).

Dentro deste contexto, esta pesquisa-intervenção foi desenvolvida no 2º semestre de 2009,

numa escola pública “EMEF”, em uma sala de aula da 2ª série do ensino fundamental I,

envolvendo na pesquisa de primeiro momento uma sala de aula, porém, contagiou

positivamente os professores de outras séries e alunos da escola (quando passavam pela

sala de informática, perguntavam se podiam participar, explicava que era um projeto para a 2ª

B). Focando sempre a cidadania, buscando o conhecimento através de atividades que

(34)

Portinari que serviu de suporte para todo este projeto, o caminho para o aprendizado

tornou-se mais prazeroso e eficaz.

Semente do Amanhã

Ontem, um menino que brincava, me falou

Que o hoje é semente do amanhã.

Para não ter medo que esse tempo vai passar.

Não se desespere e nem pare de sonhar.

Nunca se entregue.

Nasça sempre com as manhãs.

Deixe a luz do sol

Brilhar no céu do seu olhar.

Fé na vida, fé no homem,

fé no que virá.

Nós podemos tudo, nós podemos mais.

Vamos lá fazer o que será.

JR., Gonzaga.

Visando compreender como as crianças vêem a raça negra por meio de obras de Candido

Portinari, selecionadas pela classe – 2ª B através do site “Viagem ao mundo de Candinho”,

site escolhido partindo da premissa que os estímulos despertam o interesse em aprender.

http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm

Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento proximal representa o espaço entre o nível de

(35)

problema sozinha, e o nível de desenvolvimento potencial, a criança o faz com colaboração de

um adulto ou um companheiro.

A referência da zona de desenvolvimento proximal implica na compreensão de outras

Idéias que completam a idéia central, tais como: - O que a criança consegue hoje com a

colaboração de uma pessoa mais especializada, mais tarde poderá realizar sozinha na

resolução do problema, através da assistência e auxílio do adulto, ou por outra criança mais

velha, formando desta forma uma construção dinâmica entre aprendizagem e

desenvolvimento.

Segundo Vygotsky (1987), a aprendizagem acelera processos superiores internos os quais

são capazes de atuar quando a criança encontra interagida com o meio ambiente e com

outras pessoas. O autor ressalta a importância de que esses processos sejam internalizados

pela criança.

Vygotsky colocou que “as funções mentais superiores são produto do desenvolvimento

sócio-histórico da espécie, sendo que a linguagem funciona como mediador”. Lima (1990), por

isso que a sua teoria ficou conhecida como sócio-interacionista.

Não se pode ignorar o papel desempenhado pelas crianças ao se relacionarem e

interagirem com outras pessoas, que sejam professores, pais e outras crianças mais velhas e

mais experientes. A mediação é a forma de conceber o percurso transcorrido pela pessoa no

seu processo de aprender. Quando o professor, utiliza da mediação, consegue chegar a zona

de desenvolvimento proximal, através dos “por quês?” e do “como”, ele pode atingir maneiras

através das quais a instrução será mais útil para a criança. Desta forma, o professor terá

(36)

fazer uso de recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando à criança a superar

suas capacidades.

O projeto efetivou-se a partir da autorização da coordenadora da escola e da professora da

sala para utilizarmos a sala de informática às sextas-feiras das 16:05 às 18:05, horário de aula

de informática da 2ª B, porém, a escola estava sem professor de informática naquele período

“2º semestre”.

Ao apresentar a proposta de pesquisa para a professora e depois para os alunos, surgiu um

interesse mútuo em participar do processo de pesquisa o qual duraria dois meses, sendo

quinze encontros divididos durante a semana da seguinte forma: às segundas-feiras na sala de

aula das 16:50 às 18:05 e às sextas-feiras na sala de informática das 16:05 às 18:05.

Visando contribuir para o fortalecimento da identidade das crianças à respeito da raça negra

e fortalecer o relacionamento entre as crianças brancas e negras, a escolha de embasar a

pesquisar em algumas obras do pintor Candido Portinari, vislumbrou apresentar o tema “raça

negra” através de um viés positivo o qual é a obra de arte.

A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a

fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas (FEITOSA,

(37)

2.2. Intervenção e Pesquisa

A intervenção é o contexto desta pesquisa. - A intervenção foi realizada utilizando-se o site

http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/abertura.htm

Figura 3 - Página inicial do site Viagem ao Mundo de Candinho

Para iniciar um trabalho de pesquisa necessário se faz um planejamento preliminar além de

muita reflexão.

Segundo Padilha (2002, p. 30), planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios

e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições,

setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é

(38)

necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos)

disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas,

a partir dos resultados das avaliações. Em sentido amplo, é um processo que "visa a dar

respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de

modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo”.

Com a oportunidade de utilizar a sala de informática, nada melhor que apresentar aos

alunos uma pesquisa realizada numa galeria “virtual”, Um dos mais conhecidos autores a tratar

do tema é Pierre Lévy, francês. Em seu livro "O que é o virtual?", define:

"O virtual não se opõe ao real, mas sim ao actual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objecto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a actualização". (LÉVY, 1996, p.16)

Para que esta pesquisa se desenvolvesse, foi necessário eleger algumas obras do Pintor

Candido Portinari que retratasse o negro. Ao planejar as aulas o fator preponderante a

considerar era desenvolver nas crianças além de autonomia para trabalhar durante a pesquisa

atitude de reflexão, então, ao invés de apresentar as obras do autor já definidas, permitir e

incentivar os alunos a pesquisar no site “Candinho Portinari”, a página “Galeria”, para

vislumbrar e apreciar as obras. Porém, antes de acessar a página do site , foram passadas as

seguintes informações: Observar obras com figuras humanas; Escolher a que mais gostou;

(39)

Figura 4 – Galeria

Nenhum outro pintor pintou mais um país do que Portinari pintou o seu… Israel Pedrosa, 1983

Se as palavras expressassem o olhar das crianças ao navegarem pelo site Candinho

Portinari, esta página se iluminaria. Além da facilidade de navegar pelo site, a página “galeria”,

os convidava a viajar por um museu virtual. Ao clicar emcada quadro, surgiam as informações

da obra.

Vale comentar o conhecimento prévio dos alunos quanto ao uso do computador. Durante o

projeto “Candido Portinari”.

(...) os computadores permitem que cada sala de aula se torne " um centro de comunicação, uma casa de edição, um centro de arte multimídia e um centro de pesquisas, onde o aluno pode se valer dos recursos da Livraria”

(40)

Sabemos que nenhum recurso tecnológico tem o poder mágico de aprimorar o desempenho

de um aluno se ele e o professor não souberem o que estão buscando ao utilizá-lo. Diferentes

estudos revelam que ter objetivos claros ao adotar tecnologia educacional é o elemento mais

importante para obter resultados favoráveis junto aos alunos.

(Schacter, J. 1999 e Cradler et alii, 2002).

Ao promover pesquisas e trabalhos que utilizem as ferramentas da internet, aconselhável

sugerir sites seguros, onde os temas pesquisados sejam trabalhados por especialistas,

garantidos por um árduo trabalho de composição e coleta de dados, como é, por exemplo, o

caso do site “Viagem ao mundo de Candinho”.

Durante o desenvolvimento da atividade os alunos perguntavam se poderiam pesquisar

algum joguinho. Informava que durante todo o projeto poderia utilizar tudo a respeito do site

(41)

Figura 5 – O Baú Escondido

Necessário se fez trabalhar teoria com os alunos, aulas que poderiam torna-se enfadonhas

ficaram interessantes e lúdicas, pois os alunos através do site “Viagem ao mundo de Candinho”

tiveram a possibilidade de visualizar as informações transmitidas pela professora, além de

(42)

Figura 6 - Histórias de Menino

Cabe destacar que a presença dos computadores na educação, com os inúmeros jogos

educacionais e demais softwares disponíveis para esse processo são recursos a serem

integrados como mediadores do ensino aprendizagem. Acrescentam-se também a educação

formal possibilidades não presenciais.

Oliveira (2001) afirma que o ato de ensinar e aprender ganha novo suporte com o uso de

diferentes tipos de softwares educacionais, de pesquisas na Internet e de outras formas de

trabalhos com o computador. Acrescenta que o computador com seus inúmeros softwares

pode ser uma ferramenta muito importante na mediação do processo da construção do

conhecimento, capaz de favorecer a reflexão do aluno, viabilizando a sua interação ativa com

determinado conteúdo de uma ou mais disciplinas e não só, um recurso auxiliar ao aluno na

aquisição de informações na internet, em enciclopédias eletrônicas e nas produções e

(43)

Figura 7 – Guia do Professor

Vale ressaltar que a sala de informática da EMEF onde foi desenvolvida esta pesquisa, está

bem equipada, com vinte computadores marca “Positivo” novos, a sala possui refrigeração

ambiente “ar condicionado”. Porém, no início da pesquisa dez computadores estavam com

defeito, assim fez-se necessário que os alunos sentassem em duplas, mesmo assim foi

possível desenvolver bem a atividade. Em meados de novembro os computadores foram

(44)

2.3. Procedimentos da Intervenção

Dia/Mês/Ano Atividades Desenvolvidas . 22/09/09 Entrevista com Coordenadora da EMEF

23/09/09 Confirmação para realizar pesquisa na Escola 25/09/09

Reunião com Professora Roberta, sala de Intervenção 2ª. Série B

28/09/09 Início Pesquisa em sala de aula. Apresentei-me para os alunos. Leitura do livro Tanto, Tanto! “Família negra”

02/10/09 Primeiro dia na Sala de Informática. Apresentação do Site Candido Portinari e pesquisa das obras.

05/10/09 Sala de Aula. Distribuição dos cadernos de desenho para registrar as atividades Releitura da obra mais marcante de Candido Portinari.

09/10/09 Sala de Informática, confrontar releitura realizada em sala de aula com obra, analisar e em outra folha copiar observando detalhes.

12/10/09 Não houve aula – Feriado

16/10/09 Não houve aula – Gincana na Escola – Comemorar Semana das crianças.

19/10/09 Sala de Informática. Tarefa dirigida, pesquisar nas obras de Candido Portinari pinturas com pessoas da raça negra e escolher uma. “Menina Sentada”.

23/10/09 Sala de Informática.Fazer releitura da obra “Menina Sentada”. Após fazer uma pesquisa na galeria de quadros e registrar títulos com personagens negros. 26/10/09 Sala de Aula – Registro escrito sobre obra “Menina Sentada” Imaginar qual a

estória dela. Tarefa para casa desenhar ou copiar de fotos momentos felizes desde a data do nascimento. Entreguei caderno com Linha do Tempo. “Todos temos uma estória”.

30/10/09 Não houve aula – Feriado Funcionário Público 02/11/09 Não houve aula – Feriado Finados

06/11/09 Sala de Informática. Feedback com os alunos sobre o registro escrito sobre qual a estória da obra “Menina Sentada”.

09/11/09 Sala de aula. Feedback da tarefa “Eu também tenho uma estória”, linha do tempo.

(45)

preconceito no Brasil; Qual a minha raça, maioria respondeu “Morena”. Conversamos, sobre miscigenação.

16/11/09 Sala de Aula. Semana da Consciência Negra. Organização com colaboração da Professora Roberta de cartazes sobre a raça negra, utilizando pinturas de Candido Portinari. Cartaz foi exposto no pátio da Escola.

20/11/09 Não houve aula – Feriado Consciência Negra

27/11/09 Sala de Informática – Livro infantil “Crianças Famosas – Portinari – Editora Callis”. Cada aluno recebeu um, foi realizada uma leitura em grupo. Depois realizamos um debate reflexivo em sala de aula. Sorteio dos cartazes utilizados na exposição da semana da Consciência Negra.

04/12/09 Sala de Informática – CD-DVD sobre o projeto Candido Portinari, cada aluno recebeu um, registro das atividades realizadas. Finalizamos o projeto com sucesso, haja vista os comentários realizados durante as aulas “- Devemos nos respeitar; Sou moreno, não sou misturado, não sou mestiço, ah! não sou branco nem preto, então...?. Enfim, o início de reflexões à respeito de um tema ainda tão polêmico como raça.

Quadro 1 – Programação da Intervenção

Essas atividades de intervenção na EMEF Jocan, desenvolvidas com os alunos da 2ª. Série

B, despertaram interesses sobre o tema raça tendo como contribuição obras do ilustre pintor

brasileiro, Candido Portinari, a pesquisa tornou-se mais cativante com a utilização do site

(46)

A sala de informática

Foto 1 - Micro computador marca Positivo

Foto 2 - Sala de Informática

“Estamos gostando das aulas na sala de informática é muito melhor aprender utilizando o

(47)

Foto 3 - Trabalho em grupo.

(48)

Foto 5 – Aluna analisando próprio desenho

Confrontando desenho realizado em sala com imagem da obra, acessada a partir do site

(49)

Foto 6 - Pesquisa na página “galeria”

(50)

Foto 8 - Pesquisa

A obra Menina com laço agradou o grupo, principalmente após a pesquisa no You tube

(consta no CD-DVD que os alunos receberam no final da pesquisa).

Foto 9 – Alunos com professora Roberta

Elaboração dos cartazes para a semana da Consciência Negra. Contamos com a colaboração da Professora Roberta e dos alunos da 2ª. Série B.

(51)

Cartaz tema Consciência Negra: Contribuições de obras de Candido Portinari

Foto 10 – Aluna 2ª.B, assinando cartaz

Ao final da atividade para a semana da Consciência Negra, os alunos prepararam um mural

com os cartazes confeccionados com fotos de obras do pintor Candido Portinari e assinado por

todos os alunos, a professora Roberta e a pesquisadora Carla.

Elaborar o mural para a semana da Consciência negra, proporcionou o resgate da história

da África, valorizando sua Cultura. Articulando com as obras de Candido Portinari, os alunos

compreenderam a grande contribuição para o desenvolvimento do Brasil que Homens e

mulheres da raça negra proporcionaram. Os trabalhos de Candido Portinari retratam o homem

forte ( pés grandes e mãos fortes) , fato que os alunos comentaram: “- Candido Portinari gosta

(52)

Cartazes com imagens de obras de Candido Portinari, escolhidas e decoradas pelos alunos.

Foto 11 – Mural Consciência Negra com obras de Candido Portinari.

Ao concluir esta atividade os alunos da 2ª. Série B, fizeram uma análise sobre o processo

da pesquisa realizado com as obras de Candido Portinari, através do site “Viagem ao Mundo

de Candinho”.

(53)

Foto 12 - Cartaz elaborado por alunos 2ª.B - João Candido Portinari – 30/12/1903 – 06/02/1962

Nasceu em Brodósqui – SP, começou a pintar desde criança, seu primeiro desenho

conhecido é um retrato do compositor Carlos Gomes (copiou de um maço de cigarros), aos 10

(54)

Foto 13 - Futebol, 1935 – óleo/tela – 97 X 130 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras, 1997.

Este quadro foi o preferido dos garotos, vale comentar a observação de alguns alunos sobre

haver crianças brancas e negras brincando juntas. Após este comentário outro aluno disse: “-

mas no futebol tem mesmo mais preto do que branco”.

(...) Apesar de ter uma perna mais curta que a outra, Candinho era bom no futebol... Os meninos tentavam imitar o drible de Candinho, que os enganava com sua perna mais curta, mas nunca conseguiam.

(55)

Foto 14 - A família, 1935 – óleo /tela – 60 X 73 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.

Esta imagem trouxe à tona o cerne da questão racial, a maioria dos alunos da sala

comentaram que o quadro era estranho, mesmo perguntando por quê? Não respondiam,

apenas olhavam e falavam que era diferente. Após, confeccionar o cartaz sobre a Consciência

Negra, onde utilizamos esta imagem, foi realizado na sala um sorteio de todos os cartazes que

estavam no mural. Os alunos reagiram com euforia quando foram avisados sobre o sorteio,

porém, quando foi realizado o sorteio desta imagem, um aluno disse que este cartaz ele não

queria, outra aluna ganhou, mas, largou o cartaz na mesa (achou feio).

Cabe ao professor observar as reações dos alunos, assim informei que teriam 5 minutos

para trocar os cartazes. Vale comentar que apenas uma aluna “branca” aceitou trocar a

imagem que tinha (Meninos com Pipas) pela imagem da Família. Após a troca, comentei sobre

a beleza desta obra de Portinari, a qual foi muito premiada, após esse comentário dois alunos

quiseram trocar seus cartazes, porém, a aluna não trocou.

(56)

Atividade: Eleger na página galeria (site Candinho), o quadro mais bonito.

Foto 15 - Cabeça de Menina – 1955 - desenho em crayon – 47 x 30 cm, fonte. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.

História do quadro – “Primeiro amor, a mais amiga se parecia com artista de cinema íamos

a toda parte juntos”. (site, Candinho Portinari).

Desenho realizado no próximo encontro, atividade desenvolvida em sala de aula, sem

(57)

Vale comentar o porque da preferência da maioria da sala por este quadro, as meninas se

identificaram com a beleza da menina, algumas até falavam: “- Parece comigo, até a franjinha

é igual!”

Desenho 1 – Cópia desenho, “Cabeça de Menina”

No próximo encontro, na sala de informática, as crianças confrontaram seus desenhos com a imagem real (site), analisaram o que conseguiram lembrar e o que modificaram. Depois Copiaram em outra folha, observando os detalhes.

(58)

Foto 16 - Menina sentada, 1943 – óleo/Tela – 74 x 60 cm. Callado, Antonio. Candido Portinari. Projeto Cultural Artistas do Mercosul. Rio de Janeiro: Finambras,1997.

A obra “Menina Sentada”, foi a escolhida entre outras obras pesquisadas para

desenvolvermos questões relacionadas ao racismo. Os alunos identificaram-se com esta

pintura a partir do momento que a professora solicitou que escolhessem entre as obras com

personagens negros uma que mais gostassem. Assim, focaram a atenção para esta obra e

durante todo o projeto era só falar em Candido Portinari para os alunos associarem ao pintor

(59)

Atividade: releitura da obra “Menina Sentada”

(60)

Desenhos dos alunos – 2ª.B

Podemos concluir com mais esta atividade, que é real a dificuldade que as crianças

(61)

Atividade: Imaginar qual poderia ser a estória desta menina e escrever.

Texto 1 – Escrever sobre a obra “Menina Sentada” – Aluna Estela

Vale ressaltar neste registro a aluna escreveu “cabelo todo bagunçado e ela também estava

suja”. Reportando a Gestalt, termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura,

forma, aparência. Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo

através das partes, e sim as partes por meio do conjunto.

(62)

Texto 2 - Escrever sobre a obra “Menina Sentada” – Aluna Alice

Em contrapartida neste registro a aluna cita a raça negra e ainda usa o adjetivo “linda”. Vale

comentar que esta aluna é branca. Última aluna a entregar, no começo da atividade disse que

não sabia o que escrever, procurei incentivá-la e disse para imaginar que ela era o pintor e

precisava criar uma estória para seu novo quadro. Pensou e depois escreveu poucas palavras

porém, podemos destacar neste registro a palavra chave: raça negra.

Imagem

Figura 1 – capa livro
Figura 2 – pág. Imagem menino
Figura 3 - Página inicial do site Viagem ao Mundo de Candinho
Figura 4 – Galeria
+7

Referências

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