• Nenhum resultado encontrado

Análise de atividade epileptiforme com uso simultâneo de eletrencefalografia e ressonância magnética funcional

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Análise de atividade epileptiforme com uso simultâneo de eletrencefalografia e ressonância magnética funcional"

Copied!
31
0
0

Texto

(1)

BRUNNO M ACHADO DE CAM POS

ANÁLISE DE ATIVIDADE EPILEPTIFORM E COM USO

SIM ULTÂNEO DE ELETRENCEFALOGRAM A E RESSONÂNCIA

M AGNÉTICA FUNCIONAL

Bot ucat u

(2)

BRUNNO M ACHADO DE CAM POS

ANÁLISE DE ATIVIDADE EPILEPTIFORM E COM USO

SIM ULTÂNEO DE ELETRENCEFALOGRAFIA E RESSONÂNCIA

M AGNÉTICA FUNCIONAL

Orientador:

Prof. Dr. Robert o José M aria Covolan.

Bot ucat u

2010

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP

BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE Campos, Brunno Machado de.

Análise de atividade epileptiforme com uso simultâneo de

eletrencefalografia e ressonância magnética funcional / Brunno Machado de Campos. – Botucatu, 2010

Trabalho de conclusão (bacharelado – Física médica) – Universidade

Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, 2010 Orientador: Roberto José Maria Covolan

Assunto CAPES: 20000006

1. Ressonância magnética. 2. Epilepsia. 3. Física médica.

Palavras-chave: Atividade epileptiforme; Conceitos físicos;

(4)

Agradecimentos

Gost aria de realizar nessa seção, meus sinceros agradeciment os a t odas as pessoas

que part iciparam de t oda a minha graduação, minha formação pessoal e profissional, diret a ou

indiret ament e. Gost aria de agradecer a minha família, meu pai W alt er, minha mãe M aria

Crist ina, minha irmã M aria Paula e minha namorada Gabriela. Pessoas est as que at ravés de

paciência, compreensão e ensinament os, me ajudaram a seguir com mais discerniment o e

vont ade minha t rajet ória de vida e universit ária.

Devo agradecer a t odos os meus amigos de Campinas, minha cidade nat al, por, apesar

da dist ância cont inuaram present es e part icipat ivos em minha vida. Aos amigos de Bot ucat u,

por t erem sido t ão essenciais nas diversas et apas e barreiras que superei. Ressalt o a

import ância da minha família de amigos de república nos quais deposit o um grande mérit o em

meu amadureciment o pessoal e profissional est ando eles present es quase que

obrigat oriament e nos moment os difíceis, alegres e ainda nos moment os em que simplesment e

eram moment os. Exclamo ent ão a import ância do convívio colet ivo na República primeiro CB

depois Kt ivero, que hoje unidas, é e sempre será minha segunda casa.

Aos docent es da Universidade Est adual Paulist a, campus de Bot ucat u, que com t oda

cert eza agregaram conheciment o e ensinament o durant e t oda minha graduação. À banca

avaliadora por complet a. Ao Prof. Dr. Carlos Ducat t i, que desde o início do curso me at endeu

com possibilidades, experiências e at ividades que julgo import ant es para meu curso e vida. Ao

Prof. Dr. Robert o Covolan, que na ret a final de minha graduação me abriu um leque de

possibilidades de aprendizado e experiências, além de t er me recepcionado e apresent ado ao

IFGW. Agradeço ao físico Dout orando Guilherme Belt ramini, t am bém do IFGW e à Dra. Ana

Carolina Coan do Depart ament o de Neurologia – Faculdade de Ciências M édicas – Unicamp,

que t iveram t oda a paciência e dedicação em me guiar nas prát icas de pesquisa e por me

cederem part e de seus conheciment os e experiências sem as quais jamais concluiria meu

(5)

“ Não quero nunca renunciar

à liberdade deliciosa

de me enganar.”

(6)

Resumo

O uso de t écnicas de neuroimagem mult imodais t em auxiliado na invest igação da zona

epilept ogênica em pacient es com epilepsias refrat árias. Est e t rabalho visa descrever o regist ro

de um event o ict al durant e EEG-fM RI realizados simult aneament e em pacient e já

diagnost icado com epilepsia, um homem de 39 anos com epilepsia refrat ária.

O EEG foi adquirido a uma t axa de sampleament o de 5kHz, ut ilizando o amplificador

BrainAmp (BrainProduct s, M ünchen, Alemanha) com 64 elet rodos Ag/ AgCl compat íveis com

Ressonância M agnét ica (RM ). Aquisição foi feit a concomit ant ement e a exame de RM realizado

em aparelho de 3T, com 3 sequências de 6 m inut os de imagens eco -planares (EPIs) com TR=2s,

sendo a últ ima sequência int errompida após a const at ação de um event o epilépt ico. O EEG foi

corrigido para art efat os de gradient e e de bat iment o cardíaco at ravés do programa Vision

Analyzer2 (BrainProduct s), e as imagens de fM RI foram realinhadas, corrigidas devido ao

t empo de aquisição de cada fat ia, normalizadas e suavizadas. O inst ant e de início das

alt erações ict ais no t raçado foi ut ilizado para avaliação da respost a BOLD nas imagens de RM ,

com uso de “ t est e t ” com limite inferior de 5 voxels, p<0,005 e T>2,5.

O pacient e apresent ou crise parcial complexa, conforme observado por neurologist a. A

t écnica fM RI revelou respost a BOLD posit iva (at ivação) em áreas com lesão displásica já

conhecida do pacient e, porém evidenciou respost a de at ivação mais significat iva em áreas sem

lesão, compat íveis com áreas de propagação secundária do foco epilépt ico, provavelment e

causada por reação m ot ora t ambém observada no moment o de crise.

Como conclusão observa-se que t écnica de EEG-fM RI pode det ect ar zona

epilept ogênica em pacient es com epilepsia refrat ária, porém áreas de difusão do foco

epilept ogênico primário podem apresent ar at ivação significat iva, int roduzindo dificuldades

(7)

Abstract

The use of mult imodal neuroimaging t echniques has been helpful in t he invest igat ion

of epilept ogenic zone in pat ient s w it h refract ory epilepsies. This w ork aims t o describe an ict al

event during EEG-fM RI performed simult aneously in a 39-year-old man w it h refract ory

epilepsy.

The EEG dat a w ere recorded at a sampling rat e of 5 kHz, using a BrainAmp

(BrainProduct s, M ünchen, Germany) amplifier, w it h 64 M R (magnet ic r esonance) compat ible

Ag/ AgCl elect rodes. M R images w ere acquired using a 3T scanner in 3 sequences of 6 minut es

of echo-planar images (EPIs), w it h TR = 2s, being t he last sequence st opped aft er t he ict al

event . The EEG w as correct ed for gradient and pulse art ifact s using t he Brain Vision Analyzer2

soft w are (BrainProduct s), and t he funct ional images w ere realigned, slice-t iming correct ed,

normalized and smoot hed. The st art of t he ict al changes w as used for t he evaluat ion of t he

BOLD response in M R images, using a t-t est w it h a minimum clust er of 5 voxels, p <0.005

(T>2.5).

The pat ient had a part ial complex seizure, as not ed by neurologist . The fM RI dat a

show ed posit ive BOLD responses (act ivat ion) in dysplast ic areas, but show ed t he most

significant act ivat ion out side t he lesion, in areas compat ible w it h secondary spread of t he

epilept ic focus, probably caused by mot or react ion also observed during t he seizure.

As a conclusion, w e not e t hat t he t echnique of EEG-fM RI can det ect t he epilept ogenic

zone in pat ient s w it h refract ory epilepsy, but areas of disseminat ion of primary epilept ogenic

focus may show significant act ivat ion, int roducing addit ional difficult ies t o t he int erpret at ion

(8)

Sumário

Página

Resumo

...

4

Abstract

...

5

1. Introdução

...

7

1.1 - Imageament o Por Ressonância M agnét ica...

7

1.2 - Ressonância magnét ica Funcional...

10

1.3 - Elet rencefalografia...

11

1.4 - Epilepsia...

14

2. Procedimentos e Equipamentos

...

16

2.1 - Procediment os Clínicos...

16

2.2 - Procediment os Comput acionais...

20

3. Resultados e Discussão

... 22

4. Conclusão

... 25

5. Bibliografia

... 26

(9)

7

1 - Introdução

Podemos considerar o cérebro humano como um órgão no qual ainda há muit o a ser

est udado conhecido ou explorado. Pierre Flourens, por volt a de 1825, realizou as primeiras

descobert as relacionadas com o funcionament o cerebral. O mapeament o dessas funções

cerebrais e a noção de localização da função, deu a ideia de que diferent es aspect os da ment e

humana podem ser represent ados em diferent es regiões do cérebro.

Desde ent ão est e órgão t em sido alvo de experiment os e invest igações sobre seus

reais mét odos fisiológicos, funções e pat ologias. At ualment e, dent re os vários mét odos de

pesquisa neurológica que exist em, vêm crescendo os est udos cient íficos aplicados às funções

cerebrais com a t écnica de ressonância magnét ica funcional (fM RI: Funct ional M agnet ic

Resonance Imaging), mét odo que vem sendo aplicado por cient ist as da psicologia, neurologia,

radiologia ent re out ros.

Com o int uit o de se est udar e avaliar a t écnica de fM RI, est e t rabalho analisará

at ividade epilept iforme em pacient es com hist órico e já diagnost icados com epilepsia, at r avés

de dados obt idos por elet rencefalografia feit a simult aneament e a fM RI.

1.1 - Imageamento por Ressonância M agnética

Os equipament os de Ressonância M agnét ica (RM ) fazem uso de campos magnét icos

bast ant e it ensos (B0) (Figura 1), geralment e de 1 a 4 t eslas (T), já havendo est udos da aplicação

médica em equipament os de at é 7T. Est e campo B0 “ alinha” os spins nucleares do hidrogênio

gerando o moviment o chamado de precessão. As imagens por ressonância magnét ica (M RI:

M agnet ic Resonance Imaging) são geradas ut ilizando-se de gradient es magnét icos variáveis e

campos elet romagnét icos oscilant es, conhecidos como pulsos de radiofrequência, que

int erferem na magnet ização gerada por B0.

Sucint ament e, para um núcleo at ômico ser út il para M RI, ele deve t er um moment o

magnét ico result ant e e moment o angular int rínseco, ou seja, spin. Em M RI, os aparelhos

t rabalham principalment e com o núcleo de hidrogênio, o mais com um no corpo humano por

(10)

8

Figura 1: Esquemat ização da ordenação dos spins sujeit os a um campo magnét ico fort e. (a) Spins desorient ados em seu est ado “ livre” . (b) Spins orient ados pelo campo B0. (c) Represent ação dos

est ados ant iparalelos e paralelos.

No caso do hidrogênio, pode-se encont rar dois est ados possíveis para o spin em

precessão: paralelo a B0 (menor energia, ou seja, mais est ável) e ant iparalelo a B0 (maior

energia) – Figura 1. Devido a essa diferença de energia, que cresce com a magnit ude de B0

(efeit o Zeeman), há mais prót ons no est ado paralelo do que no est ado ant iparalelo. Pode-se

most rar que a diferença do número de spins nos est ados paralelo e ant iparalelo é:

(01)

onde Ns é o número t ot al de spins, é a diferença de energia ent re esses est ados, kB é a

const ant e de Bolt zmann e T é a t emperat ura [1].

O sinal que dá origem a imagem por ressonância magnét ica é obt ido at ravés da

excit ação do sist ema de spins da amost ra. Para isso, por um curt o int ervalo de t empo,

aplica-se na amost ra um campo elet romagnét ico oscilant e na forma de pulsos de radiofreq uência

(RF). Esse fat o da origem ao fenômeno de ressonância magnét ica, pois, a frequência do pulso

de radiofreqüência é a mesma dá freqüência de precessão do spin em quest ão (Frequência de

Larmor). O pulso faz com que os spins at injam um est ado de energia mais alt a (excit ação),

aument ando o ângulo com que precessionam em t orno do campo B0. Esse ângulo é chamado

de ângulo de flip, e é represent ado pela form ula:

(02)

onde é a const ant e giromagnét ica int rínseca, B1 pulso de radiofrequência e t empo de

(11)

9

A dinâmica do sist em a pode ser descrit a fenomenologicament e pela equação de Bloch:

(03)

onde M é a magnet ização (soma vet orial dos moment os magnét icos microscópicos no objet o),

B o campo magnét ico aplicado, a razão giromagnét ica, e T1 e T2 são, respect ivament e, os

t empos de relaxação longit udinal e t ransversal [5].

Após t erem sido excit ados pelo pulso de RF, os spins ret ornam à sua posição de menor

energia, fenômeno chamado de relaxação, devolvendo ao ambient e a energia que receberam.

O fenômeno de relaxação ocorre por dois mecanismos: relaxação longit udinal (Int eração Spin–

Rede) e relaxação t ransversal (Int eração Spin-Spin). A primeira caract eriza-se pelo ret orno dos

spins ant iparalelos aos seus est ados de m enor energia, perdendo energia para o m eio e

recuperando a magnet ização longit udinal (ao longo do campo B0) com const ant e de t empo T1.

A expressão para a magnet ização longit udinal é dada por:

(04)

Já o segundo mecanismo de relaxação refere-se à defasagem dos spins no plano

t ransversal a B0, fenômeno causado principalment e pelas int erações ent re si (spin -spin), em

virt ude de flut uações locais de campo que causam defasagem. Isso ocorre com uma const ant e

de t empo T2. As expressões de magnet ização t ransversal, devido às suas duas component es

“ x” e “ y”, são respect ivament e:

(05)

(06).

Inomogeneidades em B0 t ambém afet am a relaxação com const ant e de t empo

adicional T2’. Assim, obt emos T2* , como o t empo caract eríst ico de relaxação t ransversal,

mat emat icament e dado pela expressão:

(07).

Para o cálculo da energia devolvida ao sist ema após essas et apas de relaxação, ut iliza-se a

frequência de Larmor, que é a frequência na qual o spin precessiona em t orno de B0:

(12)

10

A energia devolvida ao ambient e depende do t ipo e núm ero de núcleos ressonant es

com t al frequência que exist irem no objet o. Essas emissões nucleares de ondas

elet romagnét icas são det ect áveis at ravés da Lei de Indução de Faraday, gerando o sinal que

será ut ilizado para se gerar a imagem. Os pulsos de radiofrequência são emit idos em

sequências pré-est abelecidas, de acordo com o objet o ou int eresse [1].

A habilidade de examinar múlt iplas propriedades biologicament e int eressant es dos

t ecidos faz da RM uma ferrament a clínica poderosa e flexível. As principais vant agens da M RI

sobre as out ras t écnicas de imagem são a alt a resolução espacial para t ecidos moles e osso, o

uso de radiação não ionizant e e a possibilidade de se obt er imagens em qualquer plano do

corpo.

1.2 - Ressonância M agnética Funcional

O objet ivo do imageament o funcional é obt er imagens que sejam sensíveis ao

funcionament o do cérebro. Para t ant o, precisamos ent ender como se dá a at ividade neural e

os processos relacionados a ela. Exist em mét odos elet rofisiológicos que medem a at ividade

neural diret ament e, m as são muit o invasivos. Por out ro lado, apesar de não invasiva, fM RI gera

imagens de efeit os correlacionados com a at ividade neural.

A imagem de fM RI regist ra o result ado de uma cadeia de event os, baseada em

processos sensit ivos, mot ores ou cognit ivos que causam a at ivação de um conjunt o de

neurônios. Esse mecanismo é descrit o a seguir.

Os neurônios necessit am de energia na form a de ATP (adenosina t rifosfat o) para

realizar suas at ividades celulares e principalment e para rest aurar os gradient es de

concent ração dos íons na membrana. Como o cérebro não armazena energia, a ATP deve ser

formada principalment e at ravés da oxidação da glicose (o cérebro consome cerca de 10% da

glicose do sangue). Experiment os most ram que esse consumo se concent ra nas regiões que

apresent am aument o da at ividade neural.

O aument o do fluxo sanguíneo acarret a um maior t ransport e de glicose e oxigênio

para o local a fim de suprir as necessidades energét icas das células nervosas. Ent ret ant o há um

(13)

11

inicialment e a glicose e o oxigênio local, causem uma desoxigenação e conseqüent e perda de

sinal. Isso ocorre at é que o organismo supra as demandas aument ando o fluxo sanguíneo para

est e local, implicando na diminuição da concent ração de desoxiemoglobina (hemoglobina

desoxigenada) e no aument o da concent ração de oxiemoglobina (hemoglobina oxigenada),

alt erando a respost a m agnét ica da região e aument ando o sinal de ressonância magnét ica.

Essa respost a magnét ica aument ada se dá pelo fat o de a oxiemoglobina ser

diamagnét ica (exibe fraca repulsão em um campo magnét ico) e a desoxiemoglobina ser

paramagnét ica (exibe at ração por um campo magnét ico). M ais det alhadament e, o que ocorre

é que as moléculas de desoxihemoglobina criam gradient es no campo magnét ico dent ro dos

vasos que irrigam o t ecido, gerando uma defasagem dos spins das moléculas de água e

reduzindo T2* . Percent ualment e, sabe-se que o sangue complet ament e desoxigenado t em

maior suscept ibilidade magnét ica (grau de magnet ização de um mat erial em respost a a um

campo magnét ico aplicado), em t orno de 20% maior do que a do sangue oxigenado. [1]

Os spins se localizam no próprio vaso (com ponent e int ravascular do chamado sinal) e

no t ecido que o cerca, o parênquima (component e ext ravascular). O sinal que é a soma dessas

duas component es é o que chamam os de sinal BOLD (do inglês Blood-Oxygenat ion-Level

Dependent) e é a base para a fM RI.

O nome BOLD se just ifica, pois, o cont rast e é dependent e do nível de oxigenação do

sangue. Explicando por out ros parâmet ros, podemos dizer que com a diminuição T2* , devido

às dist orções no campo magnét ico local, um sinal dependent e desse parâmet ro cai. E quant o

mais oxigenado for o sangue, maior será o sinal, pois, maior será T2* devido à melhor

magnet ização. Concluindo, o sinal BOLD permit e est udar a at ividade cerebral, um a vez que

est a causa mudanças na t axa de consumo de oxigênio, no fluxo e no volume sanguíneo [1].

1.3 - Eletrencefalografia (EEG)

Os neurônios t êm a capacidade de se comunicarem de forma rápida e precisa, por

longos t rajet os. Em média, um neurônio forma m il sinapses e recebe mais de 10 mil conexões.

A int egração sinápt ica neuronal ocorre por meio de dois mecanismos: elét rico e químico.

(14)

12

O elet rencefalograma é um mecanismo de regist ro das at ividades elét ricas cerebrais,

que faz uso de princípios de elet rônica, física, química e biologia. De forma geral, o regist ro

elet rencefalográfico consist e na capt ação de at ividade elét rica cerebral pelos elet rodos, a qual

é t ransmit ida para amplificadores, e nos casos mais modernos como o dest e est udo, para

recept ores digit ais como comput adores. Os amplificadores de EEG não só aument am a

amplit ude da at ividade que vai ser regist rada, mas t ambém excluem os pot enciais semelh ant es

present es nos elet rodos pela rejeição do modo comum . Isso implica no não regist ro de

pot enciais que não int eressam na análise das at ividades cerebrais feit as em EEG. Além desse

cont role, os filt ros t am bém regulam as frequências de int eresse. A faixa de frequência usual é

pré-det erminada ent re 1 Hz e 70 Hz. Essa filt ragem , baseada em filt ros de baixa e

passa-alt a, deve ser sempre bem regulada a fim de não mascarar os regist ros obt idos.

A import ância do EEG no diagnóst ico das epilepsias, caso focalizado nest e est udo, est á

no fat o de o mét odo oferecer sinais de dist úrbio epilept iforme causado por disfunção neuronal

durant e o período em que o pacient e se encont ra assint omát ico, ou seja, ent re crises. A

diferenciação ent re element os epilept iform es e não-epilept iformes nem sempre é simples e

um dos fat ores mais import ant es para essa analise é a experiência do elet rencefalografist a.

Apesar da grande variabilidade na apresent ação dos diversos t ipos de ondas cerebrais, alguns

crit érios morfológicos podem ajudar na diferenciação ent re at ividade epilept iforme ou não

epilept iforme, como m ost rado na figura 2.

O regist ro de at ividade epilept iforme int erict al (ent re crises) consist e na result ant e da

soma de vários pot enciais pós-sinápt icos, t ant o inibit órios quant o excit at órios, ou seja, de um

grupo grande de neurônios. A descarga epilept iforme regist rada no EEG de superfície é

consequência da sincronização de pelo menos 6 cm2 de córt ex. Durant e uma descarga

epilept iforme, a mem brana celular próxima do corpo neuronal, at inge volt agens alt as, o que

produz uma despolarização relat ivament e prolongada que acaba por gerar um pot encial de

ação. Nesse moment o o EEG de escalpo regist ra a at ividade espicular e após a despolarização,

uma hiperpolarização limit a a duração do paroxismo int erict al gerando no regist ro

(15)

13

Figura 2: Características da atividade epileptiforme. Em (A), as caract eríst icas de um a onda aguda epilept iform e: onda assimét rica seguida por onda lent a. Abaixo, um t raçado elet rencefalográfico com várias ondas agudas seguidas de ondas lent as. Em (B), onda aguda não epilept iforme. Abaixo t raçados de exam es em pacient es que não apresent am at ividade epilept iforme [7].

Exist em diversos t ipos de elet rodos, cada um com suas vant agens e desvant agens,

adapt áveis de acordo com as necessidades de det ecção da at ividade. No est udo, foram

ut ilizados elet rodos não invasivos, superficiais ao escalpo. Esses elet r odos eram dispost os

segundo o sist ema int ernacional 10-20, que consist e em pont os anat ômicos específicos

(pré-auriculares, glabela (espaço compreendido ent re as sobrancelhas) e prot uberância occipit al),

que servem como referência para a det erminação do local de colocação de cada elet rodo, com

dist ância ent re cada, na ordem de 10% ou 20% da dist ância t ot al ent re os pont os de

referências.

Figura 3: Esquematização do Sistema internacional 10-20 para equipamento de EEG com 21

(16)

14

O mecanismo de condução da elet ricidade do escalpo para o elet rodo consist e na

condução da corrent e pelos íons present es no gel-past a condut or, ent re elet rodo e escalpo. A

corrent e elét rica é conduzida pelos íons na solução da mesma forma que a corrent e é

“ carregada” pelos elét rons “ frouxament e” ligados a um condut or met álico. Exist em

parâmet ros que medem o nível de condução ou resist ência elét rica ent re o escalpo e o

elet rodo. A grandeza que regula est e fenômeno é a impedância elét rica, na ordem de

kilo-ohms [6].

1.4 - Epilepsia

Não há uma definição complet ament e sat isfat ória de epilepsia. Epilepsia não é,

nat uralment e, uma doença específica, ou mesmo uma única síndrome. Sob est a denominação,

compreende-se ampla cat egoria de sint omas complexos decorrent es de funções cerebrais

alt eradas que podem ser secundárias a um grande número de processos pat ológicos.

Admit e-se epilepsia como um grupo de doenças que t em em comum , crises epilépt icas

que recorrem na ausência de condição t óxico-met abólica, febril, ou como reação a sit uações

específicas, t ais como: após efeit o de det erminadas drogas. Pressupõe-se que as crises sejam

não provocadas [9].

Crises epilépt icas são event os clínicos que reflet em disfunção t emporária de um

conjunt o de neurônios de part e do encéfalo (crises focais) ou de área mais ext ensa envolvendo

os dois hemisférios cerebrais (crises generalizadas). Os sint omas de uma crise dependem das

part es do cérebro envolvidas na disfunção.

A crise epilépt ica é causada por descarga elét rica anormal excessiva e t ransit ória das

células nervosas, decorrent e de corrent es elét ricas que são frut o da moviment ação iônica

at ravés da membrana celular. Pode ser ident ificada por manifest ações clínicas, por regist ro

elet rencefalográfico (EEG) ou por ambos [9].

As crises epilépt icas possuem diferent es classificações, t endo em cont a a região, os

(17)

15

visualment e ou por algum exam e diagnóst ico. Um resumo das classificações das crises

epilépt icas é apresent ado a seguir:

1. Crises Parciais

(ou focais)

Crises parciais simples (CPS)

– Com sinais mot ores

– Com sinais sensit ivos somat ossensoriais ou especiais – Com sinais ou sint omas aut onômicos

– Com sint omas psíquicos

Crises parciais complexas (CPC)

– Início de crise parcial simples seguida por alt eração da consciência – Alt eração de consciência no início

Secundariamente generalizadas

– CPS evoluindo para crises t ônico-clônicas generalizadas (CTCG) – CPS evoluindo para CTCG

– CPS evoluindo para CPC e, ent ão, para CTCG

2. Crises Generalizadas

(desde o início)

– CTCG

– Crises de ausência

– Crises de ausência at ípica – Crises mioclônicas

– Crises t ônicas – Crises clônicas – Crises at ônicas

3. Crises não classificáveis

(informações incomplet as ou inadequadas)

O caso que será ret rat ado nesse est udo abordará um pacient e com epilepsia

refrat ária, com crises parciais complexas e com lesão displásica. A epilepsia refrat ária é o nome

que se da aos casos geralment e crônicos de epilepsia, que não respondem a medicament os. A

displasia cort ical focal é uma lesão no córt ex, geralment e ocasionada nas fases embrionárias

do fet o. Na verdade, est e t ipo de lesão, localizável por RM , baseia-se em região cort ical onde

os neurônios são basicament e im at uros. É possível t er epilepsia sem t er displasia, porém,

(18)

16

2

- Procedimentos e Equipamentos

2.1 - Procedimentos Clínicos

Os procediment os envolvidos na preparação do experiment o podem ser divididos em

t rês et apas: 1- Seleção e consent iment o de um volunt ário - pacient e, que se adeque aos

requisit os e que t enha t odas as condições físicas e legais para se submet er ao procedim ent o;

2- Preparação, mont agem e obt enção de result ados de referência do aparelho de EEG ainda

fora da sala de ressonância; 3- Acom odação dent ro do aparelho de ressonância magnét ica, e

realização do exam e funcional em sincronia com o EEG.

Após a seleção de um volunt ário, est e, e os responsáveis pela pesquisa, assinam o

Termo de Consent iment o (Apêndice 1), aceit ando os procediment os que serão realizados. O

pacient e ent ão é encaminhado para uma sala de preparação, onde se inicia o processo de

colocação da t ouca do elet rencefalograma. O posicionament o da t ouca, com 64 elet rodos,

segue o padrão de disposição do sist ema int ernacional 10-20. Esse processo necessit a de um

bom acoplament o dos elet rodos, o que seria, segundo a bibliografia, uma impedância elét rica

menor que 5 kilo-ohms. A alt a quant idade de elet rodos viabiliza localizar espacialment e as

at ividades nervosas mais precisament e já que o exame discrimina a at ividade de cada

elet rodo.

(19)

17

O equipament o de EEG (BrainProduct s, M ünchen, Alemanha) é mont ado, para se

verificar as impedâncias, corrigir os elet rodos defeit uosos e garant ir o funcionament o

adequado do exame. Após a obt enção de uma im pedância adequada, verificada at ravés do

soft w are Brain Vision Recorder (BrainProduct s), é ent ão dado início à realização de um exame

de referência, em condições normais.

Figura 5: Tela de Verificação em tempo real das impedâncias de cada eletrodo. A escala de cor no lado direit o da imagem é regulável. Na fot o, a escala varia de 0-20, onde os melhores cont at os são represent ados por t ons verdes e as piores por t ons de verm elho.

O pacient e ent ão é encaminhado para a sala de ressonância magnét ica onde é

acomodado ao aparelho de ressonância, Phillips Achieva de 3 t eslas (figura 7), ainda com a

t ouca. Vale lembrar que t odos os procediment os de segurança são t omados para evit ar danos

gerados pelo campo m agnét ico fort e, levando em cont a as roupas, acessórios de moda, m acas

e cadeiras, garant indo a não ent rada de mat eriais ferromagnét icos. Todo o equipament o de

EEG é post o junt o ao pacient e no bore (cavidade do magnet o onde ent ra o pacient e) (figura 8)

da ressonância e conect ado à t ouca. Para t al processo é necessário aparat o específico, no caso,

equipament o BrainProduct s BrainAmp M R Plus e BrainProduct s Powerpack, pois t odo o

sist ema de amplificação do sinal, condução e aliment ação de energia devem ser diamagnét icos

(20)

18

Figura 6: Equipamento de EEG. BrainProduct s BrainAmp M R Plus e BrainProduct s Powerpack, ligados a

comput ador de recepção de sinal, at ravés de conversor ópt ico-USB t ambém BrainProduct s.

Após o posicionament o confort ável do pacient e, pluga-se a t ouca aos amplificadores e

est es à bat eria. O sinal de EEG é t ransmit ido at ravés de um longo cabo de fibra ót ica para a

sala de cont role, onde o sist ema é int erligado ao comput ador de recepção e ao t rigger da

ressonância. Est e, responsável pela sincronia no t empo, gerando a simult aneidade ent re cada

inst ant e em ambos os exames.

Figura 7:Aparelho de Imageamento por ressonância magnética Phillips Achieva de 3 teslas.

No procediment o de mont agem do exame é de grande import ância a imobilização

(21)

19

vibrações as quais esses cabos est ão sujeit os, podendo gerar mais ruído ao sinal. Sacos de

areia da própria sala de ressonância ajudam nessa t arefa, além de “ancorar” como garant ia o

sist ema amplificador, que é levement e at raído pelo campo B0 (Figura 8).

Figura 8: Imagem da esquematização do equipamento de EEG já dentro da RM , vista por trás da

máquina. Not a-se que os dois am plificadores de sinal se encont ram dent ro do bore da RM ancorados por peso

de areia e conect ados a cabos que saem da t ouca do pacient e (já posicionado t ambém dent ro do bore). A

bat eria do EEG se encont ra m ais afast ada, pois, em prát ica not ou-se um a influência do cam po magnét ico B0 sobre a duração da carga.

O exame de fM RI se inicia junt ament e com o início da gravação do EEG. Uma varredura

anat ômica padrão, chamada de localizador é iniciada, para orient ação e reconheciment o

espacial da máquina de RM . Essa sequência obt em imagem nas t rês dimensões, possui voxel

1x1x1 mm3, com duração t ot al de 3 minut os e FOV de 240x240x180 mm3. O t empo de eco (TE)

e o t empo de Repet ição (TR) da sequência localizadora são os menores possíveis, sendo seus

valores 3.2 e 6.9 ms respect ivament e e ponderação por T1.

Como cont inuidade do exame de RM , da-se inicio às sequências de int eresse, os EPI

(Echo planar imaging). Em média 6 sequências de 6 minut os cada são realizadas, dependendo

das condições do pacient e ou de event uais emergências. O uso do EPI se deve ao fat o de o

est udo das funções do cérebro obrigar os mét odos de imagem a adquiri-las aproximadament e

Amplificadores Paciente

(22)

20

na mesma velocidade das mudanças fisiológicas de int eresse. A t écnica de EPI faz a varredura

at ravés de fort es gradient es, de uma maneira ret angular, como most ra a Figura 9 e at ende às

necessidades do exam e. As sequências de EPI, possuíam TE de 30 m ilissegundos (m s) e TR de 2

segundos (s). O FOV dest as aquisições são de 240x240x111 mm3, sendo 37 fat ias e voxel de

3x3x3 mm3.

Figura 9: Varredura do espaço-k em EPI. [2]

A cada nova aquisição de RM o t rigger vindo da ressonância “ marca” na gravação do

EEG o inst ant e de início. Após t erminadas as sequências, o pacient e é removido do

equipament o de RM e encaminhado para fora da sala onde com ajuda de enfermeiras da-se

inicio à ret irada da t ouca.

2.2 - Procedimentos Computacionais

O EEG é corrigido para art efat os de gradient e e de bat iment o cardíaco at ravés do

programa Brain Vision Analyzer2 (BrainProduct s, M ünchen, Alemanha). Os art efat os de

gradient es são o somat ório da int erferência gerada no EEG pelos gradient es de campo e

pelos pulsos de radiofreqüências. Est es geram nos elet rodos corrent e elét rica, devido a

indução elet romagnét ica, previst a pela Lei de Indução de Faraday, mascarando o sinal. Os

(23)

21

micro oscilações do pacient e por cont a do fluxo sanguíneos e do próprio bat iment o

cardíaco.

A correção para art efat os de gradient e é aut omat izada pelo Analizer2, porém

alguns parâmet ros devem ser configurados. O mét odo ut ilizado pelo programa para

correção é o AAS: Average Art ifact Subt ract ion, onde parâmet ros que se repet em em t odos

os TR (int ervalo) como a int erferência gerada pelas sequências de pulso, são subt raídos

pela média de 21 int ervalos, removendo parâmet ros redundant es de int erferência.

Concluindo, esse mét odo é eficaz, do mesmo modo que se faz possível, pois, as

int erferências possuem caract eríst icas repet idas em cada int ervalo.

A correção para art efat os cardíacos da-se do mesmo modo (AAS), com ligeiras

diferenças. Out ro t rat ament o comum em exam es de EEG é a filt ragem de frequência para

valores inferiores 0.5 Hz e superiores a 70 Hz, com o int uit o de realçar ainda mais as

caract eríst icas relevant es do sinal e eliminar art efat os remanescent es.

O processament o e analise dos dados de fM RI se dão da seguint e forma: as imagens

de fM RI são realinhadas, corrigidas devido ao t empo de aquisição de cada fat ia,

normalizadas e suavizadas. Para análise das imagens de RM ut iliza-se o programa SPM 8

(St at ist ical Paramet ric M ap - Wellcome Depart ment of Cognit ive Neurology, Universit y College

London, Londres, Inglat erra) para M at lab.

O realinhament o de imagens de fM RI é feit o para, como o próprio nome diz, alinhar os

180 volumes obt idos durant e o exame sob um mesmo referencial cart esiano, ou seja coincidir

as coordenadas dos voxels. A correção devido ao t em po é necessária por exist ir um Slice

Timing, ou t empo de aquisição de cada fat ia. Ela deve ser feit a, pois, os modelos est at íst icos

supõem que t odas as fat ias são adquiridas no mesmo inst ant e.

A normalização das imagens é uma correção essencial principalment e ao se comparar

exames de pessoas diferent es, pois cada uma t eria um t amanho e forma de cérebro. Essa

correção t rat a a imagem alongando-a e “ dist orcendo-a” a fim de se mant er um padrão

dimensional e de coordenadas ent re imagens de mesma fat ia em exames diferent es. Por fim as

imagens são suavizadas. Nest e processo as imagens passavam por um filt ro Gaussiano a fim de

(24)

22

Após os procediment os de ajust e dos result ados serem feit o s para ambos os exames, o

EEG é analisado por uma especialist a, com o int uit o de se localizar ondas caract eríst icas de

at ividade epilept iforme no t raçado. Depois de ident ificada, a at ividade é marcada no próprio

t raçado e t êm seus inst ant es gravados. Cabia agora, equiparar os moment os demarcados no

EEG com suas imagens equivalent es de fM RI.

3

- Resultados e Discussão

Os result ados da análise do EEG apresent ados pela neurologist a foram basicament e

os esperados. Além de algumas at ividades int erict ais, o pacient e apresent ou crise parcial

complexa durant e a realização dos exames. M esm o abort ando as aquisições de RM e de EEG,

foram gravados inst ant es iniciais à crise que apresent aram uma boa respost a BOLD e clara

ident ificação elet rencefalográfica.

Figura 10: Parte do traçado eletrencefalográfico com apontamento de onda aguda característica da

crise, segundo eletrencefalografista.

As imagens de ressonância magnét ica possibilit aram ver clarament e a região

(25)

23

Figura 11: Imagem de corte axial ponderada por T2* . Dest acado pelo ret ângulo, not a-se a displasia

cort ical focal, com o uma mancha acinzent ada que borra a subst ancia branca do córt ex. No círculo, hipersinal gerado por acúm ulo de sangue de hem at oma gerado por uma queda do pacient e.

O inst ant e de início das alt erações ict ais no t raçado do EEG foi ut ilizado para avaliação da

respost a BOLD nas imagens de RM . O t rat ament o est at íst ico dos dados foi feit o at ravés do

modelo linear geral (GLM : General Linear M odel), em que se faz necessário criar a design

mat rix. Nessa mat riz de desenho experiment al, cada linha corresponde a um volume EPI

adquirido, ou seja, a um TR, e cada coluna corresponde a um parâmet ro que se deseja incluir

no modelo. Todo o processament o foi realizado no soft w are SPM 8.

Opt ou-se por incluir como confounds na design mat rix 6 parâmet ros de moviment o

obt idos at ravés do realinhament o (3 t ranslações e 3 rot ações), pois art efat os de moviment o

residuais podem cont aminar as imagens de fM RI mesmo após a correção de moviment o no

pré-processament o. Além da crise, o pacient e apresent ou quat ro at ividades epilept iformes

int erict ais (AEIs), que t ambém foram incluídas no modelo.

Devido à baixa razão sinal-ruído, não foi possível encont rar voxels com sinal

correlacionado com as AEIs. At ravés de um t est e t de St udent , obt eve-se o mapa est at íst ico

(26)

24

paramét rico, que é most rado na figura 12 sobrepost o à im agem est rut ural. O limiar ut ilizado

foi T>2.5 (P<0.005, não corrigido), com clust er mínimo de cinco voxels.

Figura 12: Resultado apresentado pelo SPM 8. Apesar da escala na figura ser de 0 a 4, os result ados só eram dest acados caso obt ivessem correlação est at íst ica com os parâmet ros escolhidos maior que 2,5.

A figura 12 most ra o result ado obt ido pela análise est at íst ica. Duas regiões foram

dest acadas, pois se enquadraram nos parâmet ros exigidos. Not a-se na imagem que um a das

zonas de at ivação BOLD coincide exat ament e com a região displásica do pacient e, porém, a

região com maior correlação, apont ada pela cruz, não est á na região displásica, de onde

provém o início da crise. A respost a de at ivação mais significat iva em áreas sem lesão é

compat ível com áreas de propagação secundária do foco epilépt ico. Const at ou-se que essa

região corresponde à zona de at ivação mot ora referent e ao braço direit o do pacient e. Já era

const at ada, no hist órico clínico do volunt ário, a reação espont ânea de levant ar o braço direit o

durant e as crises e esse fat o foi observado no moment o em que ela se iniciou durant e

aquisição dos dados dent ro da RM .

E

D

(27)

25

4 - Conclusão

Como most rado nesse est udo, medidas simult âneas de fM RI e EEG fornecem

informações adicionais que complement am o result ado de um exame de EEG convencional,

feit o na rot ina clínica, podendo auxiliar na t arefa de encont rar a zona epilept ogênica. Como

consequência, pode auxiliar na cirurgia de ressecção de área epilept ogênica, procediment o

quem t em o objet ivo de livrar o pacient e das crises, pois ajuda na localização do foco

epilept ogênico.

A fM RI apresent ou respost a BOLD posit iva (at ivação) em na lesão displásica já

conhecida, porém evidenciou respost a de at ivação mais significat iva em região sem lesão,

compat íveis com áreas de propagação secundária do foco epilépt ico, provavelment e causada

por reação mot ora t ambém observada no moment o de crise. A t écnica de EEG-fM RI pode

det ect ar zona epilept ogênica em pacient es com epilepsia refrat ária, porém áreas de difusão do

foco epilept ogênico primário podem apresent ar at ivação significat iva, int roduzindo

dificuldades adicionais na int erpret ação dos result ados.

A epilepsia é o mais frequent e t ranst orno neurológico sério. Cerca de 2% da população

mundial é acomet ida. Ela pode provocar consequências profundas, incluindo mort e súbit a,

feriment os, problemas psicológicos e t ranst ornos ment ais. Por ser t ão freqüent e e por t er

grande impact o na vida dos acomet idos e de seus familiares, é de grande valia a implant ação e

o desenvolviment o de t écnicas que possam avaliar ou ainda, melhor direcionar a avaliação de

cada caso, aument ando as possibilidades de cura ou melhorando a qualidade de vida d os

(28)

26

5 - Bibliografia

[1] BUXTON, R.B.. Introduction to functional M agnetic Resonance Imaging: principles and

techniques. New York, USA: Cambridge Universit y Press. 2000. 523 p.

[2] HAACKE, M .E. et al. M agnect Ressonance Imaging: Physical Principles and Sequence

Design. 1ed. New York, USA. A Jhon Wiley & Sons, INC., Publicat ion, 1999. 914p.

[3] COOPER, R. et al. Comparison of subcortical, cortical and scalp activity using chronically

indw elling electrodes in man. Elet roencephalogr Clin Neurophysiol 1965; 18:217-28

[4] Disponível em:<http:/ / i62.photobucket.com/ albums/ h104/ DanielFBorges/ 10-20.gif>. [5] GUIM ARÃES, A.P. - Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 22, no.3, 2000.

[6] M ARCHETTI, R.L. et al. Transtornos mentais associados à epilepsia. Rev. siquiat r. clín..

2005, vol.32, n.3, pp. 170-182. ISSN 0101-6083.

[7] M ONTENEGRO, M . A. et al. EEG na Prática Clínica. 1.ed. São Paulo: Lemos Edit orial, 2001. 303p.

[8] SCOTT, R.A. et al. The Treatment of Epilepsy in Developing Countries: W here do w e go

from Here?Bull World Healt h Organ 79(4):344-51, 2001.

(29)

27

6 - Apêndice

-

Formulário de Consentimento Para Pesquisa M édica

Universidade Estadual de Campinas

Departamento de Neurologia

FORM ULÁRIO DE CONSENTIM ENTO PARA PESQUISA M ÉDICA,

Tít ulo do projet o: Eletroencefalografia e Ressonância M agnética funcional

Invest igador principal: Dra. Ana Carolina Coan

Orient ador: Dr. Fernando Cendes

OBJETIVO DA PESQUISA:

Eu __________________________________________________ ent endo que fui convidado (a) a

part icipar em um projet o de pesquisa envolvendo pacient es com epilepsia. O objet ivo geral do est udo é o de det ermin ar a

ut ilidade do uso conjunt o dos exames de Elet roencefalografia e Ressonância M agnét ica, para ident ificar e quant ificar

alt erações relacionadas às descargas neuronais. A ident ificação e quant ificação dessas anormalidades no cérebro, pode

event ualment e melhorar o diagnóst ico e levar a um m elhor t rat ament o dessa doença. As informações médicas a meu

respeit o que forem obt idas para esse est udo, poderão ser compart ilhadas com out ros pesquisadores que t rabalham com

epilepsia. Podendo assim ser ut ilizadas event ualment e para out ros fins de pesquisa sobre as epilepsias. O sigilo será

mant ido em t odos os est udos colaborat ivos at ravés da ut ilização de um número de código para a ident ificação dos

indivíduos part icipant es.

A ressonância magnét ica é uma t écnica capaz de produzir imagens de alt a qualidade e resolução (nit idez)

anat ômica, assim como informações sobre a bioquímica dos t ecidos. A ressonância magnét ica produz imagens em cort es

que são parecidos com as im agens produzidas pela t omografia comput adorizada, porém com maior resolução (nit idez) e

sem a exposição aos raios X.

A elet roencefalografia é um a t écnica capaz de avaliar a at ividade neuronal, at ravés do regist ro da corrent e elét rica cerebral por elet rodos colocados no couro cabeludo. Permit e observar descargas de ondas anormais que ocorrem em indivícuos com epilepsia.

PROCEDIM ENTO:

Eu ent endo que se concordar em part icipar desse est udo, os pesquisadores part icipant es farão pergunt as a

respeit o dos meus ant ecedent es m édicos e de minha família. Eu serei submet ido a um exame físico neurológico para

est abelecer meu est ado clínico. Hospit alização não será necessária.

Ant es de ent rar no aparelho de ressonância magnét ica, ent endo que serei submet ido à colocação de elet rodos no

couro cabeludo, fixados com gel e faixa, da mesma forma como é realizado o exame de elet roencefalografia habitualment e.

Esses elet rodos ficarão conect ados a uma caixa (amplificador), que será apoiada em uma mesa, próxima a minha cabeça,

durant e o exame.

O procedimento de ressonância magnét ica é semelhant e a uma t omografia. Eu fui informado que eu serei colocado

(30)

28

magnét ico possibilita a minha const ant e comunicação com as pessoas responsáveis pelo exame. Durant e t odo o t empo o

pessoal médico e paramédico pode me ver e ouvir, e eu posso ser removido(a) se for preciso. O procediment o pode durar ent re

45 a 90 minut os. Durant e esse t empo, eu irei ouvir ruídos, t ipo mart eladas, enquant o o aparelho faz as imagens do meu

cérebro.

VANTAGENS:

Eu ent endo que não obt erei nenhuma vant agem diret a com a minha part icipação nesse est udo e que o

meu diagnóst ico e o m eu t rat ament o provavelment e não serão modificados. Cont udo, os result ados desse est udo podem,

a longo prazo, oferecer vant agens para os indivíduos com epilepsia, possibilit ando um m elhor diagnóst ico e um t rat ament o

mais adequado. Os result ados do meu exame de ressonância magnét ica e elt roencefalografia ficarão a disposição dos

médicos responsáveis pelo m eu t rat ament o, e poderão ser út eis no fut uro .

FORM ULÁRIO DE CONSENTIM ENTO PARA PESQUISA M ÉDICA,

Tít ulo do projet o: Eletroencefalografia e Ressonância M agnética funcional

Invest igador principal: Dra. Ana Carolina Coan

Orient ador: Dr. Fernando Cendes

RISCO E DESCONFORTO:

Os desconfort os relacionados a est e exame são o incovenient e de sujar o cabelo com o gel dos elet rodos (que é facilment e removido após lavagem), e o ruído int ermit ent e do aparelho de ressonância magnét ica. O pessoal t écnico providenciará t apa-ouvidos para me deixar mais confort ável.

Uma das principais vant agens da ressonância magnét ica e que est a não ut iliza raios X ou out ro t ipo de radiação ionizant e, ao contrário de out ros t ipos de exame radiológicos. As imagens são obt idas graças a um campo magnét ico (imã), um t ransmissor e recept or de ondas de rádio e um comput ador que é ut ilizado para obt er as informações bioquímicas e imagens da anatomia int erna. Não exist em efeit os nocivos associados com a ressonância magnét ica ou com o registro do elet roencefalograma dent ro das condições ut ilizadas at ualment e.

REQUERIM ENTOS

É muito importante informar aos médicos(as) e t écnicos(as) caso eu t enha um marca-passo cardíaco, um

clipe de cirurgia para aneurisma cerebral ou qualquer outro objeto metálico em meu corpo, que t enha sido implant ado durant e uma cirurgia ou alojado em meu corpo durant e um acident e, pois est es podem parar de funcionar ou causar acident es devido ao fort e campo magnético que funciona como um imã muit o fort e. Eu t ambém devo remover t odos os objet os metálicos que est iverem comigo (relógio, canet as, brincos, colares, anéis, et c), pois est es t ambém podem moviment ar ou aquecer dent ro do campo magnét ico.

SIGILO:

Eu ent endo que t odas as informações médicas decorr ent es desse projet o de pesquisa farão part e do meu

pront uário médico e serão submet idos aos regulam ent os do HC- UNICAM P referent es ao sigilo da informação médica.

Se os result ados ou informações fornecidas forem ut ilizados para fins de publicação cient ífica, nenhum nome será ut ilizado.

FORNECIM ENTO DE INFORM AÇÃO ADICIONAL:

Eu ent endo que posso requisit ar informações adicionais relat ivas ao est udo a qualquer moment o. A Dra. Ana Carolina Coan, t el (19) 3521-9217, est ará disponível para responder minhas quest ões e preocupações. Em caso de recurso, dúvidas ou reclamações cont act ar a secret aria da Comissão de Ét ica da Faculdade de Ciências M édicas-UNICAM P, t el. (19) 3521-7232.

(31)

29

Eu ent endo que a minha part icipação é volunt ária e que eu posso me recusar a part icipar ou ret irar meu

consent im ent o e int erromper a minha part icipação no est udo a qualquer moment o sem comprom et er os cuidados m édicos

que recebo at ualment e ou receberei no f ut uro no HC- UNICAM P. Eu reconheço t ambém que a Dra. Ana Carolina Coan pode

int erromper a m inha part icipação nesse est udo a qualquer mom ent o que julgar apropriado.

FORM ULÁRIO DE CONSENTIM ENTO PARA PESQUISA M ÉDICA,

Tít ulo do projet o: Eletroencefalografia e Ressonância M agnética funcional

Invest igador principal: Dra. Ana Carolina Coan

Orient ador: Dr. Fernando Cendes

Eu confirmo que o(a) Dr(a)._______________________________________________m e explicou o

objet ivo do est udo, os procediment os aos quais serei submet ido e os riscos, desconfort o e possíveis vant agens advindas

desse projet o de pesquisa. Eu li e compreendi esse form ulário de consent im ent o e est ou de pleno acordo em part icipar

desse est udo.

_______________________________________________________________________

Nome do part icipant e ou responsável

_________________________________________________ __________________

Assinat ura do part icipant e ou responsável dat a

________________________________________________________________________

Nome da t est emunha

____________________________________________________ ___________________

Assinat ura da t est emunha dat a

RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR:

Eu expliquei a _____________________________________________________ o objet ivo do est udo, os

procediment os requeridos e os possíveis riscos e vant agens que poderão advir do est udo, usando o melhor do meu

conhecim ent o. Eu me com promet o a fornecer uma cópia desse formulário de consent im ent o ao part icipant e ou

responsável.

________________________________________________________________________

Nome do pesquisador ou associado

___________________________________________________ ___________________

Imagem

Figura 1: Esquemat ização da ordenação dos spins sujeit os a um campo magnét ico fort e
Figura 3:  Esquematização do Sistema internacional 10-20 para equipamento de EEG com 21  Eletrodos [4]
Figura 4: Posicionamento e ajuste da impedância da touca de EEG. É necessária uma preparação  individual de cada um  dos 64 elet rodos para um  bom acoplament o, para t ant o, a past a é inserida no orifício de  cada elet rodo e cuidadosam ent e posicionad
Figura 5: Tela de Verificação em tempo real das impedâncias de cada eletrodo. A escala de cor no  lado direit o da imagem  é regulável
+7

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

For a better performance comparison, and due to the difficulty in categorizing ML approaches in a simple way, we began by characterizing them in agreement with Caret’s

Certain it is, this was not the case with the redoubtable Brom Bones; and from the moment Ichabod Crane made his advances, the interests of the former evidently declined:

13 Além dos monômeros resinosos e dos fotoiniciadores, as partículas de carga também são fundamentais às propriedades mecânicas dos cimentos resinosos, pois

Depois de considerar a confidência, conteúdo, distribuição, e assuntos de oportunidade associadas com a distribuição de um relatório, um controlador pode, então,

Este trabalho se justifica pelo fato de possíveis aportes de mercúrio oriundos desses materiais particulados utilizados no tratamento de água, resultando no lodo

Vanessa (pede um aparte) – Pelo que pude entender não se trata, portanto, de excluir a atividade do chapéu de palhaço da prática pedagógica de matemática, mas de problematizar

xii) número de alunos matriculados classificados de acordo com a renda per capita familiar. b) encaminhem à Setec/MEC, até o dia 31 de janeiro de cada exercício, para a alimentação de