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Leishmaniose tegumentar americana na Ilha Grande, Rio de Janeiro: VI. observações sobre a freqüência horária e variação mensal dos transmissores.

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Academic year: 2017

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L E IS H M A N IO S E T E G U M E N T A R A M E R IC A N A N A IL H A G R A N D E , R IO D E J A N E IR O . V I . O B S E R V A Ç Õ E S S O B R E A F R E Q Ü Ê N C IA

H O R Á R IA E V A R I A Ç Ã O M E N S A L D O S T R A N S M IS S O R E S ( * )

N e ls o n A . d e A r a ú j o F i l h o * * í t a l o A . S h e r lo c k * * * J . R o d r ig u e s C o u r a * * * *

P ara e s tu d o d a fre q ü ê n c ia h o rá ria d o s p r in c ip a is v e to re s da L e is h m a n io s e T e g u m e n ta r A m e ric a n a ( L T A Í , na Ilh a G ra n d e , d u ra n te os a n o s d e 1 9 7 6 a 19 7 7 , fo r a m re a liz a d a s 4 c a p tu ra s d e 2 4 h o ra s c o m isca a n im a l (c ã o ), ao a r liv re , e 5 c a p tu ra s d e 2 4 h o ra s e m u m ú n ic o d o m ic ilio d a área. O b s e rv o u -s e q u e a esp écie L u tz o m y ia in te r m e d ia o c o r re u d u r a n te to d o o p e r ío d o n o tu r n o , c o m

densidade c o n s ta n te n o d o m ic í lio h u m a n o , e n q u a n to a e s p é cie L u tz o m y ia m ig o n e i a p re s e n to u

maiores d e n s id a d e s n o p e r ío d o da m a d ru g a d a , nas c a p tu ra s c o m isca a n im a l (cã o).

E m 1 5 6 h o ra s d e e s tu d o s o b re v a ria çã o m e n sa l, d u r a n te o p e r ío d o d e m a rç o d e 1 9 7 6 a fe v e re iro d e 1 9 7 7 , a e sp écie L . in te r m e d ia o c o rr e u d u ra n te to d o o a n o , ■s e n d o a b r il, m a io , o u tu b r o e d e z e m b ro os meses d e m a io r d e n s id a d e ; a esp é cie L. m ig o n e i a p re s e n to u -s e c o m b a ix a d e n s id a d e , c h e g a n d o a d e s a p a re c e r n o m ês d e s e te m b ro .

A s eleva das d e n s id a d e s da s espécies L. in te r m e d ia e L. m ig o n e i in d ic a m -n a s c o m o as p ro v á v e is v e to ra s d e L T A n a Ilh a G ra nde .

IN T R O D U Ç Ã O

D urante a ocorrência de surtos de Leish- maníose T egum entar A m ericana (L T A ), no Estado do R io de Janeiro, as espécies de fle b o to m ín e o s consideradas prováveis vetoras dessa doença vêm se m ostrando bastante d om iciliad as, co n fo rm e registros de A ragão1'

2 , G uim arães1 0 ' 11 e F IO C R U Z 9 . E n tre ­ ta n to , esses estudos fo ra m d irig id o s no sen­ tid o de q u a n tific a r o núm ero de exemplares coletados nos d o m ic ílio s , sendo quase insu­ fic ie n te s os dados concernentes às freq üê n ­ cias horárias e variações mensais desses d íp - teros, inform ações estas consideradas de grande valia para se d e te rm in a r a aplicação de medidas p ro f iláticas no c o n tro le da L T A .

Com a fin a lid a d e de se observar a variação mensal e freqüência horária, em am biente d o m ic ilia r, dos transmissores da L T A , rea li­ zaram-se investigações d u ra n te um recente surto dessa doença o c o rrid o na Praia Verm e­ lha, Ilha G rande, m u n ic íp io de Angra dos Reis, R io de Janeiro, no ano de 1976 (A ra ú jo F ilh o & C oura4 ).

M E T O D O L O G IA

Os dados acerca das condições geoclimá- ticas da área de estudo estão co ntid os em tra b a lh o a n te rio r de A ra ú jo F ilh o 3 .

O ca ptu ra d or de Castro fo i u tiliza d o em todas as investigações; os insetos assim cole­ tados eram conservados em tu b o s de hemó- lise contendo álcool a 70%.

* T ra b a lh o d o D e p a rta m e n to de M e d ic in a P re v e n tiv a da U n iv e rs id a d e F e d e ra l d o R io de J a n e iro , re a liz a d o c o m o a u x í lio fin a n c e iro d o C N P q .

* 'D o c e n te da U n iv e rs id a d e d o A m a z o n a s . M e s tre e m D o e n ç a s In fe c c io s a s e P a ra s itá ria s p e la U n iv e rs id a d e

F e d e ra l d o R io d e J a n e iro .

* * * P e s q u is a d o r T itu la r d o N ú c le o de P esquisas da B a h iaF I O C R U Z

* * * * P r o f e s s o r T itu la r d o D e p a rta m e n to d e M e d ic in a P re v e n tiv a da U n iv e rs id a d e F e d e ra l d o R io de J a n e iro

(2)

186

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XIV - N?s 4 - 6

Para a verificação da variação mensal dos fle b o to m ín e o s fo ra m realizadas capturas, em

um mesmo d o m ic ílio da área, no p eríod o de março de 1976 a fevereiro de 1977, d u ra n te o horário de 18:00 às 2 2 :0 0 horas.

O estudo da freqüência horária fo i re a li­ zado d uran te 24 horas consecutivas, no mesmo d o m ic ílio u tiliza d o para a investiga­ ção a n te rio r. Realizaram-se, ta m b ém , ca p tu ­ ras no p e rid o m ic ílio , usando-se o cão acondi- cionado em uma gaiola de madeira (Fig . 1), como isca, d uran te o h orário da pesquisa.

Todos os fle b o to m ín e o s coletados, após o registro necessário, fo ra m enviados para o Núcleo de Pesquisa da F IO C R U Z , na Bahia, onde fo ra m realizados os estudos ta x o n ô m i- cos. Os fle b o to m ín e o s fo ra m preparados pelo m étodo de clarificação pelo H id ró x id o de potássio (K H O ) e m ontados em bálsamo para a diagnose da espécie. A sistemática e clas­ sificação adotadas são as de T h e o d o r13 e B a rre tto 6 ' 7

F ig : 1 - G a i o la d e m a d e ir a u t i l i z a d a n a s c a p t u r a s d e f le b o t o m í n e o s c o m isc a s a n im a is .

R E S U L T A D O S

a. Freqüência horária:

Para o estudo das freqüência s horárias fo ra m realizadas 5 capturas de 2 4 horas seguidas, em um único d o m ic ílio da área, nos meses de ju n h o , agosto e dezem bro de 1976 e nos meses de m arço e a b ril de 1977. Na Tabela I encontra-se a soma to ta l de todas as coletas das espécies L. interm edia e

L. m igonei que predom inam sobre as demais na área.

A L. interm edia não o co rre d u ra n te o p eríod o d iu rn o . Essa espécie começa a inva­

d ir o d o m ic ílio a p a rtir das 16:00 horas, elevando-se o núm ero de exem plares no h orário das 18:00 às 21:0 0 horas. A p a rtir das 2 1 :0 0 horas até às 0 5 :0 0 horas, as médias horárias são bem aproxim adas (Fig.

2).

A L. m igonei tam bém não invade o d o m ic ílio d u ra n te o p e río d o d iu rn o ; suas médias horárias fo ra m baixas nessas capturas in tra d o m icilia re s, elevando-se ligeiram ente no horário das 17:00 às 18:00 horas (Fig. 2).

O núm ero to ta l de fêmeas da espécie L. interm e dia , nesse tip o de captura, é mais de 5 vezes m aior que o núm ero de fêmeas da espécie L. m igonei.

As capturas com isca anim al (cão), ao ar livre, fo ra m em núm ero de 4, efetuadas nos meses de agosto e dezem bro de 1976 e nos meses de m arço e a b ril de 1977. D u ra n te os p eríodos d iu rn o s, as duas espécies preva- lentes, L. interm edia e L. m igonei não apresentaram o h ábito de pro curar a isca anim al.

A L. interm edia começa a pro curar a isca a p a rtir das 18:00 horas, e no h orá rio das 23 :0 0 horas às 0 2 :0 0 horas apresenta as m aiores médias horárias, cessando a procura a p a rtir das 0 6 :0 0 horas.

A L. m igonei procura a isca anim al em h orário mais ta rd io da n o ite , a p a rtir da 21:0 0 horas até às 0 6 :0 0 horas. A m aior média horária o co rre entre as 2 3 :0 0 e 24:0 0 horas, observando-se q ue as médias horárias dessa espécie são bem mais significativas nesse tip o de isca d o que q uando com paradas às capturas in tra d o m icilia re s (Fig. 3).

O núm ero to ta l de fêmeas da L. in te rm e ­ dia, nesse tip o de captura, é bem mais a lto que o núm ero to ta l de machos, porém o núm ero de fêmeas das duas espécies é e q u i­ valente (Tabela 11).

b. Variação mensal:

(3)

Jullio-Oezembro, 1981

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

187

T A B E L A I

Freqüência horária de L. interm edia e L. m igonei em 5 capturas in tra d o m icilia re s de 24 horas seguidas, realizadas na localidade de Praia V erm elh a, Ilha G rande, m u n ic íp io de Angra dos Reis,

Rio de Janeiro — 1 9 7 6 /1 9 7 7

Flebeto m fneos C oletados

Horas Horas

gastas

L. interm edia L. m igonei

— Médias Horárias

Macho Fêmea T o ta l Macho Fêmea T o ta l L. in te r­ media

L. m igonei

1 2 - 1 3 5 __ ___

_

_

1 3 - 1 4 5 — — — _ _ — —

1 4 - 1 5 5 — — — — _ _ _

1 5 - 1 6 5 — — — _ _ —

1 6 - 1 7 5 1 1 2 1 1 0 ,4 0 0,20

1 7 - 1 8 5 6 - 6 14

_

14 1,20 2,80

1 8 - 1 9 5 32 1 33 3 2 5 6,60 1,00

1 9 - 2 0 5 20 5 25 1 1 2 5 ,00 0,40

2 0 -2 1 5 15 1 16 1 2 3 3,20 0,60

2 1 - 2 2 0 5 10 9 19 3 1 4 3,80 0,80

2 2 - 2 3 5 13 6 19 1 1 2 3,80 0,40

2 3 - 2 4 5 8 5 13 , 2 - 2 2,60 0 ,40

2 4 -0 1 5 6 9 15 — 3 3 3,00 0 ,6 0

0 1 - 0 2 5 8 5 13 _ — 2,60 —

0 2 - 0 3 5 11 4 15 5 — 5 3 ,00 1,00

0 3 - 0 4 5 10 4 14 — — 2,80 —

0 4 - 0 5 5 4 4 8 — — — 1,60 —

0 5 - 0 6 5 — — — — _ — — —

0 6 - 0 7 5 — — — — — — —

0 7 - 0 8 5 - — — — — — —

0 8 - 0 9 5 — — — —

__

— — _

0 9 - 1 0 5 — — — —

__

— _ _

1 0 -1 1 5 - — — — — — — —

1 1 - 1 2 5 - — — — _ — — —

T O T A L 120 144 54 198 31 10 41 1,65 0,34

* L. longipalpis — 1 e xem pla r m acho

515 exem plares e uma média horária de 3,30 fle b o to m ín e o s . A s médias horárias mensais fo ra m mais significativas nos meses de março (6 ,5 3 ), m aio (6,1 0) e ju n h o (11,40) (Tabela III e Fig. 4).

A espécie L. interm edia dem onstra grande correlação com os períod o s de m aior plu vio- m etria, com o se observa nas Tabelas III e IV e Fig. 4, d u ra n te os meses de a b ril e m aio, o u tu b ro e setem bro, onde o núm ero de fle b o to m ín e o s é m a io r que nos o u tro s meses, o corre nd o a mesma correlação nos períodos

de baixa p lu v io m e tria , d urante os meses de ju n h o , novem bro e fe vereiro, onde o núm ero de fle b o to m ín e o s ta m b ém decresce. Discreta correlação ta m b ém se observa e ntre o núm e­ ro m aior desses d íp te ro s e a elevação da te m p era tura d u ra n te os meses de a b ril e dezem bro.

(4)

enquan-M

É

D

I

A

S

H

O

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A

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I

A

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l s s

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XIV - N?s 4 - 6

F R E Q U Ê N C I A H O R A R I A D A L U T Z O M YI A I N T E R M E Dl A E L U T Z O M Y I A M I G O N E I E M 4 C A P T U R A S D E 2 4 H . S E G U I D A S , R E A L I Z A D A S C O M I S C A A N l M A L ( c à o ) , A O A R L I V R E , N A L O C A L I D A D E D E P R A l A V E R M E L H A I L H A G R A N D E , M U N I C Í P I O D E A N G R A D O S R E I S , R I O D E J A N E I R O , 1 9 7 6 / 1 9 7 7 .

(5)

Ju lh o I V / o m I w o , I ‘)K1

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

189

T A B E L A II

Freqüência horária de L. interm édia e L. m igonei em 4 capturas de 24 horas seguidas, realizadas com isca anim al (cão), ao ar livre, na localidade de Praia V erm elh a, Ilha Grande, m u n ic íp io de A ngra dos Reis, R io de Janeiro

1 97 6 /1 9 7 7

F le b o to m ín e o s Coletados

HoraS Horas

Gastas

L. interm edia L. m igonei

— Med ias Horárias

Macho Fêmea T o ta l Macho Fêmea T o ta l L. in te r­ media

L. m igonei

1 2 - 1 3 4 _

_

_

_

_

_

_

1 3 - 1 4 4 — — — _ — — —

1 4 - 1 5 4 — — - — __ — — —

1 5 - 1 6 4 — — — _ — — _

1 6 - 1 7 4 — — — — — — —

1 7 - 1 8 4 - — — — _ — —

1 8 - 1 9 4 2 - 2 — — — 0,50

1 9 - 2 0 4 2 2 — — — 0 ,50 —

2 0 -2 1 4 2 3 5 — - — 1,25 —

2 1 - 2 2 4 8 1 9 1 — 1 2 ,2 5 0 ,2 5

2 2 - 2 3 4 2 9 11 20 5 25 2,75 6,25

2 3 - 2 4 4 11 17 28 85 37 122 7,00 30,5 0

2 4 -0 1 4 15 13 28 37 19 56 7,00 14,00

0 1 - 0 2 4 7 20 27 5 8 13 6,75 3,25

0 2 - 0 3 4 2 12 14 21 9 30 3,50 7,50

0 3 - 0 4 4 10 10 7 10 17 2,50 4,25

0 4 - 0 5 4 1 2 3 2 1 3 0 ,75 0,75

0 5 - 0 6 4 - 1 1 3 1 4 0 ,2 5 1,00

0 6 - 0 7 4 - — — — — — — —

0 7 - 0 8 4 - — — — — — — —

0 8 - 0 9 4 — — — — — — — —

0 9 - 1 0 4 — _ — — — —

1 0 -1 1 1 1 - 1 2

4 4

— - — - - _

T O T A L 9 6 52 88 140 181 90 271 1,45 2,82

to q ue nos meses de o u tu b ro e dezem bro, quando há as maiores a lturas p lu viom étricas, observa-se q ue o n úm ero dessa espécie se reduz a níveis insignificantes. Ligeira co rrela ­ ção pode-se perceber q u a n to à baixa te m p e ­ ratura do mês de ju n h o e à m aior densidade desses d íp te ro s (Tabelas III e IV e Fig. 4).

Com parando-se as duas espécies, observa- se que nos meses de a b ril, o u tu b ro e dezem ­

b ro em q ue a L. interm edia apresenta as maiores médias horárias, há uma queda acen­ tuada nas médias horárias da L. m igonei,

e nquanto que nos meses de ju n h o e novem ­ b ro , q uando a L. rriigonei apresenta as maiores médias horárias, há um decréscim o nas médias horárias da L. interm edia.

(6)

M

E

D

IA

S

H

O

R

A

R

IA

S

1**0

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XIV - N9s 4 —6

F R E Q U E N C I A H O R A R I A D E L U T Z O M V I A I N T E R ­

M E D I A E

L U T Z O M Y I A M I G O N E I E M 5 C A P T U ­

R A S I N T R A D O M I C I L I A R E S D E 2 4 H O R A S S E ­

G U I D A S , R E A L I Z A D A S N A L O C A L I D A D E S D E

P R A I A V E R M E L H A , I L H A G R A N D E , M U N I C Í P I O

D E A N G R A D O S R E I S , R I O D E J A N E I R O •

1 9 7 6 / 1 9 7 7 .

L E G E N D A :

L U T Z O M Y I A I N T E R M E D I A ---L U T Z O M Y I A M I G O N E I

(7)

Jullio-Dezembro, 1981

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

191

T A B E L A III

Variação mensal de L. interm edia e L. m igonei em capturas d om icilia re s realizadas na localidade de Praia Verm elha, Ilha Grande, M u n ic íp io de Angra

dos Reis, R io de Janeiro, 1 9 7 6 /1 9 7 7

Anos Meses

F leb oto m íne o s C oletados

Horários

Horas L. interm edia L. m igonei

■■ Médias

Macho Fêmea T o ta l Macho Fêmea T o ta l L. in te r­ media

L. migonei

1976 Março 32:3 0 73 30 103 170 39 209 3,21 6,53

A b ril 25:0 0 402 25 427 26 5 31 17,08 1,24

Maio 19:30 200 113 313 74 42 116 16,47 6 ,1 0

Junho 5:30 6 8 14 43 14 57 2,80 11,40

Ju lh o 13:00 41 28 69 3 - 3 5,30 0 ,2 3

Agosto 18:30 142 32 174 34 7 41 9 ,66 2,27

Set. 2:00 6 11 17 — — — 8,50 —

O u t. 14:30 137 49 186 8 — 8 13,28 0,57

Nov. 7 :00 51 13 64 12 2 14 9,14 2,00

Dez. 4 :00 83 12 95 1 1 2 2 3,7 5 0 ,50

1977 Jan. 8 :00 107 7 114 4 1 5 14,25 0 ,62

Fev. 6 :30 52 5 57 11 18 29 9,50 4 ,83

T O T A L 156:00 1300 333 1633 386 129 515 10,46 3,30

A nos

T A B E L A IV

Tem p eratu ra, P lu vio m e tria e U m idade registradas d u ra n te os meses de m arço de 1976 a fe vereiro de 1977, na localidade de

Praia V erm elh a, Ilha Grande, m u n ic íp io de Angra dos Reis, Rio de Janeiro

T em peratura

.7 , .. U nidade

i>/< Media

Meses _ R elativa

P lu vio m etria A ltu ra T o ta l

1976 M arço

Compensada (C) 2 5,8

(%>

66

(m m )

190.0

A b ril 24,2 66 134.7

Maio 21.9 70 128.7

Junho 2 0 .2 51 94.3

Ju lh o 19.5 55 134.9

Agosto 20.6 70 154.4

Setem bro 2 0.6 87 151.3

O u tu b ro 2 1.9 84 195.9

N ovem bro 23.9 84 9 7.8

Dezem bro 2 5.6 93 234 .5

1977 Janeiro 26.8 78 209.8

(8)

Rev. Soc. Bras. M ed,Trop.

Vol. XIV - N?s 4 - 6

V A R I A Ç À O M E N S A L D E L U T Z O M Y A I N T E R M E D I A E

L U T Z O M Y A M I G O N E I , E M C A P T U R A S D O M I C I L I A R E S ,

T E M P E R A T U R A ( » C ) E P L U V I O M E T R I A ( m m ) N A

L O C A L I O A O E O E P R A | A V E R M E L H A , I L H A G R A N D E ,

M U N I C Í P I O D E A N G R A D O S R E I S , R I O D E J A N E I R O ,

< 9 7 6 / 1 9 7 7 . L E G E N D A :

a

< 0 0 2

Figura 4

correspondem a um núm ero 3 vezes superior que o to ta l de exem plares coletados e a média horária da espécie L m igonei.

D IS C U S S Ã O

No estudo da freqüência horária intrado- m icilia r da L. interm edia fo i possível v e rifi­ car que a a tivid ad e dessa espécie se inicia com o crepúsculo, e as médias horárias se

(9)

Julho-D ezem bro, 1981

Rev. Soc. Bras.

M e d .

Trop.

193

assim c o n trib u in d o para que m aior núm ero de fle b o to m ín e o s possa realizar suas a tiv i­ dades hem atofágicas.

Os estudos da freqüência horária serviram para m ostrar que, d u ra n te to d o o período n o tu rn o , ta n to o hom em qua nto o cão estão expostos à ação hem atofágica da L. in te r­ m edia, que assim, pode tra n s m itir a doença

no p ró p rio a m bie nte d o m ic ilia r. Esses resul­ tados são bastantes semelhantes aos obser­ vados por F o ra ttin i & cols?, em áreas endê­ micas de L T A , no Estado de São Paulo, o nd e registram , nas coletas dom iciliares, mé­ dias horárias elevadas d urante o período das

18:00 às 0 6 :0 0 horas.

A freqüência horária da L. m igonei, nas coletas de 24 horas em d o m ic ílio s , fo i sem elhante à da L. interm edia, com in ício de suas atividades ao anoitecer, porém com menores médias horárias em relação à outra espécie, chegando inclusive a desaparecer das capturas d u ra n te a madrugada.

A freq üê n cia horária utilizando-se o cão com o isca m ostro u que a ativid ade da L. m igonei apresenta-se com médias horárias mais elevadas d u ra n te as horas tardias da noite , p rincip alm en te no in ício da madruga­ da, chegando, inclusive, a apresentar médias

horárias elevadíssimas. A grande avidez em picar o cão, tam bém verificada por B a rre to 5 , ta lvez possa responsabilizar a L. m igonei pela transmissão da doença nesse anim al dom és­ tic o .

Nas capturas sistemáticas, em d o m icílio s, para a observação da variação mensal os resultados m ostraram que a L. interm edia

o co rre d uran te to d o o ano; nos meses de m arço, ju n h o e ju lh o , porém , há uma d im i­ nuição da densidade. D uran te os meses de março e ju n h o a L. m igonei predom inou sobre a L. in te rm e d ia; esse fa to provavel­ m ente dem onstra que as duas espécies c o n tri­ buem na veicuiação da doença durante todos os meses d o ano, pois, quando há d im in u içã o da densidade de uma espécie, a o u tra pode su b stitu í-la , to rn a n d o , assim, a população da área exposta, no decorrer do ano, à ação hem atofádiga das duas espécies.

Nas variações m eteorológicas da área, observou-se que houve um aum ento da densi­ dade da /_. interm edia d uran te os meses de m aior p lu vio m e tria , p rincip alm en te nos meses de a b ril, m aio, o u tu b ro e dezem bro. Q uanto à te m p era tura , observou-se que nos meses de a bril e dezem bro, quando ocorreu

elevação té rm ica , houve um aum ento da densidãde da l

.

interm edia na área; talvez esté fa to seja mais uma conseqüência do índice p lu v io in é tric o do que p ro priam ente da elevação da tem peratura. E n tre ta n to , não se e n co n tro u relação acentuada entre a presença dessa espécie

s

as oscilações higrom étricas.

No estudo da variação mensal a L. m igo­ nei só p re c c m in o u sobre a L. interm edia

d urante os meses de março e ju n h o ; nos dem ais meses, sempre apresentou baixas densidades nas coletas, chegando a desa­ parecer d urante o mês de setembro. Obser­ va-se uma ligeira inversão do que o corre com a L. interm edia, ou seja, nos meses de p lu viom etria abaixo de 100m m , há um aum ento de densidade dessa espécie, p rin c i­ palm ente nos meses de ju n h o , novem bro e fevereiro.

Com o medida p ro filá tica no com bate aos vetores da LTA , na Praia V erm elha, a b o rri- fação de D D T poderia ser ú til na fase alada desses d íp te ro s. Esse m éto do su rtiu bons resultados d uran te o surto de Magé (RJ) ("Guimarães Bustam ante11 ) e em Jacarepaguá (RJ) (F io c ru ? 9!. C on tu do , na área do presen­ te estudo, não se aconselharia, de im ediato, o uso dessa substância, em v irtu d e da doença dem onstrar um a u to co n tro le natural, haja vista o seu d e c lín io a p a rtir do ano de 1976, e a não ocorrência de casos no ano de 1977. A o ser empregado esse m étodo na área, aconselhar-se-ia, p o rta n to , a existência de áreas testemunhas. Esta seria a conduta adequada para se avaliar a eficiência da substância; só assim, então, poder-se-ia afas­ ta r a hipótese de a u to c o n tro le natural da doença na Pra a Verm elha.

(10)

194

Rev. Soc. Bras. Med. Trop.

Vol. XIV - N9s 4 - 6

d ie tilto lu a m id a que poderiam fo rn ece r 100% de proteção d u ra n te 17 a 20 dias. O uso isolado de m osq uite iro s não é recom endado porque o e xíguo ta m a nh o das fle b o to m ín e o s faz com que pbssam ultrapassar as malhas oom facilidade.

C O N C L U S Õ E S

•1. A

L. intermedia

o co rre d u ra n te to d o o ano na Praia V erm elha, porém sua densidade aumenta nos meses de m aior p lu vio m e tria da área, o u seja, nos meses de a b ril, m aio, o u tu b ro e dezem bro. A

L. migonei

ocorre com densidade baixa d u ra n te o ano, chegan­ do mesmo a desaparecer d uran te as capturas realizadas no mês de setem bro.

2. D u ra n te os meses de m arço e ju lh o a

L intermedia

o co rre u com m enor densidade na Praia V erm elh a, sendo a

L. migonei

a espécie pre do m in an te desses meses.

3. A a tivid ade da

L. intermedia,

em d o ­ m ic ílio , inicia-se com o crepúsculo e perm a­ nece com médias horárias constantes d urante to d o o p eríod o n o tu rn o . Essa espécie não te m a tivid ade d iu rn a . A freqüência da

L.

migonei,

em d o m ic ílio , é ta m b ém exclusiva­ m ente notu rn a , com médias horárias pouco significativas.

4. A freqüência horária da

L. migonei,

em p e rid o m icílio s, utilizando-se o cão com o isca, é altam ente elevada d u ra n te a madruga­ da, sendo considerada uma espécie com hábitos z o o fílic o s mais acentuados d o que a

L intermedia.

5. A

L. intermedia

e

L. migonei,

apresen­ ta n d o na área as maiores densidades e hábi­ to s dom iciliares, podem ser as responsáveis pela transmissão da doença ta n to no hom em q i; ,nto no cão.

6. C om o medidas p ro filá tic a s , na Praia V erm elh a, recomenda-se o com bate aos ve to ­ res nos d o m ic ílio s através de b o rrifa çã o de D D T e protetores in d ivid ua is d u ra n te o p eríodo n o tu rn o .

S U M M A R Y

For the study o f time frequency o f the

principal vectors o f the Mucocutaneous

Leish-maniasis in the Ilha Grande (Great Island),

from 1976 to 1977 we made four catches in

24 hours with animal bait (dog) in the

outdoors and five catches in just one house

o f the area. I t was found that the species

L u tz o m y ia interm e dia

occurred during the

whole night a steady density in human

dwellings, while the species

L u tzo m y ia m ig o­ nei

presented greater density a t dawn, in

catches with animal bait (dog). in a 156

hours'

study on m onthly variation,

from

March

1976 to February 1977, a specie

L u tz o m y ia interm e dia

appeared during the

whole

year, the months o f April,

May,

October and December being those o f great­

er density while the specie

L u tz o m y ia m i- go nei

had a low density even disappearing in

September.

The high densities o f the species

L u tz o ­ m yia interm e dia

and

L u tz o m y ia m igonei

indica te them as the probable vectors o f the

mucocutaneous leishmaniasis in Ilha Grande.

R E F E R Ê N C IA S B IB L IO G R Á F IC A S

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A g r a d e c im e n t o s :

Referências

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