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Alta prevalência de sedentarismo em adolescentes que vivem com HIV/Aids.

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REVISTA

PAULISTA

DE

PEDIATRIA

ARTIGO

ORIGINAL

Alta

prevalência

de

sedentarismo

em

adolescentes

que

vivem

com

HIV/Aids

Luana

Fiengo

Tanaka

a,∗

,

Maria

do

Rosário

Dias

de

Oliveira

Latorre

a

,

Aline

Medeiros

Silva

a

,

Thais

Claudia

Roma

de

Oliveira

Konstantyner

a

,

Stela

Verzinhasse

Peres

a

e

Heloisa

Helena

de

Sousa

Marques

b

aFaculdadedeSaúdePública,UniversidadedeSãoPaulo(USP),SãoPaulo,SP,Brasil bInstitutodaCrianc¸a,SãoPaulo,SP,Brasil

Recebidoem1desetembrode2014;aceitoem25dedezembrode2014 DisponívelnaInternetem28defevereirode2015

PALAVRAS-CHAVE

Adolescente; HIV/Aids; Atividadefísica; Estilodevida sedentário

Resumo

Objetivo: Verificar a prevalência de sedentarismo entreadolescentes com HIV/Aids e seus fatoresassociados.

Métodos: Foramentrevistados91adolescentesde10a19anos,comHIV/Aids,em acompanha-mentoemumaunidadedeinfectologiauniversitária.Foramcoletadosdadosantropométricos (peso,alturaecircunferênciadacintura)emduplicata,informac¸õesclínicasforamobtidasnos prontuáriosmédicoseapráticadeatividadefísicahabitualfoimedidapormeiodoquestionário propostoporFlorindoetal.Opontodecorteparasedentarismofoide300minutos/semana.

Resultados: As prevalências de altura inadequada para idade, desnutric¸ão e sobre-peso/obesidade foramde 15,4%,9,9%e 12,1%, respectivamente.Asatividades físicas mais citadasforam:futebol(44,4%),voleibol(14,4%)eandardebicicleta(7,8%).Ostempos medi-anosdispendidoscomapráticadeatividadefísicaecaminhando/andandodebicicletaatéa escolaforamde141minutose39minutos,respectivamente.Amaioriadosadolescentes(71,4%) erasedentária,proporc¸ãomaiorentreasmeninas(p=0,046).

Conclusões: FoiobservadaaltaprevalênciadesedentarismoentreadolescentescomHIV/Aids, prevalênciaessasemelhanteàquelaobservadanapopulac¸ãogeral.Promoverapráticade ati-vidadefísicaentreadolescentes---especialmenteentremeninas---comHIV/Aids,assimcomo monitorá-la,devefazerpartedarotinadeacompanhamentodessespacientes.

© 2015SociedadedePediatria de SãoPaulo. Publicado porElsevier EditoraLtda. Todosos direitosreservados.

Autorparacorrespondência.

E-mail:luanaft@usp.br(L.F.Tanaka).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2014.12.003

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KEYWORDS

Adolescent; HIV/AIDS; Physicalactivity; Sedentarylifestyle

HighprevalenceofphysicalinactivityamongadolescentslivingwithHIV/Aids

Abstract

Objective: ToassesstheprevalenceofphysicalinactivityamongadolescentswithHIV/AIDS,as wellasassociatedfactors.

Methods: Ninety-oneadolescents(from10to19yearsold)withHIV/AIDSwhoarepatientsata universityfollow-upservicewereinterviewed.Anthropometricdata(weight,height,andwaist circumference)weremeasuredtwice;clinicalinformationwasobtainedfrommedicalrecords, andhabitualphysicalactivitywasassessedbyaquestionnaireproposedbyFlorindoetal.The cutoffpointforsedentarinesswas300minutes/week.

Results: Theprevalenceofinadequateheightforage,malnutrition,andoverweight/obesity was 15.4%,9.9%and 12.1%,respectively. Themostcommon physicalactivitieswere soccer (44.4%),volleyball(14.4%)andcycling(7.8%).Themediantimesspentwithphysicalactivityand walking/bicyclingtoschoolwere141minutesand39minutes,respectively.Mostadolescents (71.4%)weresedentaryandthisproportionwashigheramonggirls(p=0.046).

Conclusions: A high prevalenceofphysicalinactivity among adolescentswith HIV/AIDSwas observed,similarlytothegeneralpopulation.Promotingphysicalactivityamongadolescents, especiallyamonggirlswithHIV/AIDS,aswellasmonitoringitshouldbepartofthefollow-up routineofthesepatients.

© 2015 Sociedadede Pediatriade São Paulo. Publishedby Elsevier Editora Ltda. Allrights reserved.

Introduc

¸ão

Cercade9%dasmortesprematuras(cercade5,3milhõesdos 57milhõesdemortesem2008)ede6%a10%dasprincipais doenc¸ascrônicasnãotransmissíveis,comodiabete,doenc¸a coronarianae cânceresdecólone mama,podemser atri-buídosàinatividadefísica.Casoosindivíduossedentáriosse tornassemfisicamenteativos,calcula-sequeaexpectativa devidamundialsofreriaumaumentode0,68ano.1Estudo feitonosEstadosUnidoscompessoasde50anosoumaise fisicamenteinativasrevelouqueabandonaresse comporta-mentorepresentariaumganhodaordemde1,3a4,7anos devida.Assim,ainatividadefísicaécomparávelcomoutros importantesfatoresderiscomutáveis,comootabagismoe aobesidade.2

EmpacientescomHIV/Aids,apráticadeatividadefísica podeintegrarasabordagensnãofarmacológicasdecontrole dadoenc¸a.Desdeaintroduc¸ãodaterapiaantirretroviralde altapotência,asalterac¸õesmetabólicasemorfológicas pas-saramapreocuparosprofissionaisdesaúdeeospacientes em tratamento. Essasalterac¸ões incluema perdade gor-duradaregião facial,dosmembrossuperioreseinferiores (lipoatrofia) e o acúmulode gordura nas regiões abdomi-nal,cervical enasmamas(lipo-hipertrofia),assimcomo a elevac¸ãodaconcentrac¸ãodecolesteroltotaletriglicérides séricoseoaumentodaresistênciaperiféricaàinsulina.3

A atividade física, no entanto, pode ajudar a mitigar os efeitos colaterais desse tipo de terapia. Tamanha é a importânciadotemaqueoMinistériodaSaúdelanc¸ou,em 2012, a cartilha ‘‘Recomendac¸ões para a prática de ati-vidades físicas para pessoas com HIV e Aids’’. De acordo comoórgão,algumasdasvantagensdapráticadeatividade físicaporessapopulac¸ãosão:estimulac¸ãodosistema imu-nológico, alívio da depressão e prevenc¸ão oureduc¸ão de efeitoscolateraisdousodeterapiaantirretroviral.4Outras instituic¸ões,comoo ConselhoFederaldeEducac¸ãoFísica,

tambémrecomendamapráticadeatividadefísicaparaessa populac¸ão.5

ApesardesuaimportânciaparaindivíduoscomHIV/Aids, poucos estudos analisaram a prática de atividade física na populac¸ãoadolescente. Assim, o objetivo dopresente estudo foi verificar a prevalência de sedentarismo entre adolescentescomHIV/Aidseseusfatoresassociados.

Método

Estudotransversal,aninhadoaumacoortedecrianc¸ase ado-lescentesquevivemcomHIV/AidsatendidosnaUnidadede InfectologiadoInstitutodaCrianc¸adoHospitaldasClínicas daFaculdadedeMedicinadaUniversidadedeSãoPaulo.

Entre abril e setembro de 2010, foram identificados 124adolescentesentre10e19anosmatriculadosnoreferido servic¸o.Desses,oitonãohaviamcomparecidoàsconsultas agendadasnosseismesesanteriores;deznãoforam locali-zados;dezfaltaramàavaliac¸ãoagendada;trêsserecusaram aparticiparedoisforamexcluídosporproblemasdesaúde quecomprometiamapráticadeatividadefísica.

Para este estudo, foram entrevistados 91 adolescen-tes,oquecorrespondea73% dospacienteselegíveis,que responderam ao questionário de atividade física habitual desenvolvidoevalidadoporFlorindoetal.6

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cinco.Asoma dosescoresdos blocos 1e 2gera o escore final‘‘minutosdeatividadefísicasemanal’’.Apartirdesse valor,osadolescentesforamclassificadoscomosedentários (<300minutosdepráticadeatividadefísicaporsemana)e ativos(≥300minutos/semana),deacordocomopontode

cortepropostoporPateetal.7

Osexamesbioquímicosanalisadosnesteestudo referem--seaostrêsmesesanterioresouposterioresàentrevista.As informac¸õesforamcoletadasnosprontuáriosmédicos.

Informac¸õessocioeconômicasforamobtidaspormeiode umquestionáriorespondidopelosresponsáveisnomomento daentrevista.

A avaliac¸ão antropométrica dos adolescentes foi feita pornutricionistapreviamentetreinada.Foramaferidas,em duplicata, as seguintes medidas: peso (kg), por meio de balanc¸adigital;altura(metros),pormeiodeestadiômetro, ecircunferênciadacintura(cm),comfitainelástica.Para ocálculodoescore-zdealturaparaidadeeIMCparaidade foiusadoosoftwareWHOAnthroplus,versão1.0.3.8

Medidas detendênciacentral e frequênciasabsoluta e relativa foram usadas para a caracterizac¸ão da amostra. Paratestaraassociac¸ãoentreosedentarismoeasvariáveis independentesdicotômicasfoifeitootestequi-quadrado. Para as variáveis independentes quantitativas, primeira-mente foi verificada a aderência à distribuic¸ão normal pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e, em seguida, foi aplicadoo teste de diferenc¸a demédia de acordocom a distribuic¸ão(Mann-Whitney para nãoparamétricas e tde Student para paramétricas). Foram selecionadas para o modelomúltiplotodasasvariáveisqueapresentaramvalor dep<0,20eaestratégiademodelagemusadafoiastepwise forward. Para todas as análises estatísticas, usou-se o

software SPSS (Statistical Product and Service Solutions, EUA)versão15.

Esta pesquisa teve aprovac¸ão do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (protocolos 1667/2007,0144/10e2239/2011).Osvoluntários(acimade 18anos)ouresponsáveis(dospacientesmenoresde18anos) assinaramotermodeconsentimentolivreeesclarecido.

Resultados

Aodiagnósticodeinfecc¸ãoporHIV,aidademedianafoide 1,7anoe,nomomentodaentrevista,14,9anos.Amaioria dosadolescentes(54,9%)eradosexofeminino,foiinfectada pelaviavertical(95,6%)efaziausodeterapia antirretrovi-ral(97,8%).Otempomedianodeusodeterapia antirretro-viralfoide11anos.

Dez entrevistados (11%) moravam em casas de apoio. Dosadolescentesquemoravamcomafamília,62,5%tinham ospais(biológicos/adotivos)comocuidadoreseosdemais, outrosparentes(tios,irmãosouavós).Amaioriadasfamílias dosadolescentes(76,9%)viviacomatéumsaláriomínimo percapita(tabela1).

As prevalências de altura inadequada para idade, desnutric¸ão e sobrepeso/obesidade foram de 15,4% (95%IC=[8,0;22,8]),9,9%(95%IC=[3,8;16,0])e12,1%(95% IC=[5,4;18,8]),respectivamente.

Com relac¸ão aos exames laboratoriais, 74,4% dos ado-lescentes apresentaram HDL-colesterol diminuído e 36,4%

Tabela 1 Número e porcentagem de adolescentes, segundo características sociodemográficas. Instituto da Crianc¸a,2010

Variáveis n %

Sexo

Masculino 41 45,1

Cordapele

Branco 41 45,1

Idadeaodiagnóstico(HIV)

0-2anos 51 56,0

Idadenapesquisa

10-12anos 25 27,6

13-15anos 33 36,3

16-20anos 33 36,3

Mododetransmissão

Vertical 87 95,6

Transfusional 1 1,1

Indeterminado 3 3,3

Usodeterapiaantirretroviral

Sim 89 97,8

Tipodeterapiaantirretrovirala

Terapiadupla 11 12,4 Terapiatripla 68 76,4 Terapiaquádrupla 10 11,2

Localdemoradia

Família 81 89,0

Cuidadorb

Paisbiológicos/adotivos 51 63,0

Rendapercapitac

<1saláriomínimo 50 76,9

Sobrepeso/obesidade

Sim 11 12,1

Colesteroltotalalteradod

Sim 32 36,0

LDL-colesterolalteradoe

Sim 14 16,7

HDL-colesterolalteradof

Sim 61 74,4

Triglicéridesalteradosf

Sim 32 36,4

Sedentarismo

Sim 65 71,4

a Apenas para os adolescentes em uso de terapia

antirretroviral.

b Apenasparaosadolescentesqueresidiamcomafamília. c Cálculosbaseados no salário mínimovigenteem 2010(R$

510).

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Tabela 2 Porcentagem de adolescentes segundo ativi-dadefísicaecaracterísticassociodemográficas.Institutoda Crianc¸a,2010

Variáveis Sedentário(%) Ativo(%) p-valor

Sexo 0,046

Masculino 61,0 39,0 Feminino 80,0 20,0

Cordapele 0,286

Branco 65,9 34,1

Nãobranco 76,0 24,0

Localdemoradia 0,222

Família 69,5 30,5

Casadeapoio 89,9 11,1

Cuidadora 0,093

Pais biológi-cos/adotivos

62,0 38,0

Outrosparentes 80,0 20,0

Rendapercapitab 0,503

<1salário mínimo

26,7 73,3

≥1salário

mínimo

36,0 64,0

Sobrepeso/obesidade 0,186

Sim 54,5 45,5 Não 73,7 26,3

Indetecc¸ãoda cargaviraldo HIVc

0,791

Sim 68,8 31,2 Não 72,9 27,1

Imunossupressão atuald

0,657

Sim 70,7 29,3 Não 77,8 22,2

a Apenasparaosadolescentesqueresidiamcomafamília. b Cálculosbaseados no saláriomínimo vigenteem2010 (R$

510).

c n=88adolescentescomoexamelaboratorialdisponível. d Considerando o componente categoria imunológica da

classificac¸ãoCDC.

triglicérides alteradas. Do total, 32 (36,4%) adolescentes apresentaramcargaviralabaixodosníveisdedetecc¸ão.

As atividades físicas mais citadas pelos adolescentes foram:futebol(44,4%),voleibol(14,4%)eandardebicicleta (7,8%).Ostemposmedianosdispendidos comapráticade atividade físicae caminhando/andandodebicicleta até a escolaforam,respectivamente,de141minutose39 minu-tos.Dosadolescentesentrevistados,29 (31,9%)afirmaram nãopraticarqualquertipodeatividadefísica.

Foi verificada alta prevalência de sedentarismo entre os adolescentes estudados: 71,4% (95% IC=[62,1; 80,7]), proporc¸ão maior entre as meninas (meninas 80% versus

61%;p=0,046).As análises univariadasentresedentarismo

e as demais variáveis independentes não encontraram

associac¸õesestatisticamentesignificativas(tabela2).

Tabela 3 Comparac¸ão de parâmetros bioquímicosentre adolescentes sedentários e inativos. Instituto da Crianc¸a, 2010

Variável Sedentários Ativos p-valor Cargaviral

(cópias)

15.922,9 15.995,8 0,994

Contagemde célulasCD4+

(células)

441,7 485,5 0,596

Colesteroltotal (mg/dL)

161,9 155,5 0,523

HDL-colesterol (mg/dL)

36,7 38,8 0,395

LDL-colesterol (mg/dL)

95,2 93,9 0,874

Triglicérides 124,2 153,3 0,081 Glicemia(mg/dL) 87,8 85,2 0,546 Escore-ZdeIMC -0,3 0,1 0,118

Nãohouvediferenc¸aestatísticaentreasmédiasdos exa-mesbioquímicose escore-zdeIMCquandocomparados os adolescentessedentárioseosativos(tabela3).

Omodelofinalescolhidofoiounivariado(sedentarismo

versussexo)---umavezqueasdemaisvariáveis dependen-tesnãoapresentaramsignificânciaestatísticanosmodelos múltiplos testados --- com a técnica stepwise forward

(tabela4).

Discussão

Verificou-sealtaprevalênciadesedentarismoentre adoles-centesquevivemcomHIV/Aids,maiornasmeninas.Outros fatoresinvestigados,comolocalderesidência,cuidador e renda,assimcomodadosantropométricos,nãose mostra-ram associados ao sedentarismo. Com relac¸ão ao tipo de exercíciofísicopraticado, osmaiscitados foram:futebol, voleiboleandardebicicleta.

Osresultadosencontradosnestapesquisaassemelham-se àqueles apresentados por outras publicac¸ões que investi-garama práticadeatividade físicaentreadolescentes da populac¸ãogeral,noBrasilenomundo.9---15

A Pesquisa Nacional de Saúde doEscolar (Pense) feita nas capitais e no Distrito Federal avaliou a prática de atividadefísicanossetediasanterioresàaplicac¸ãodo ques-tionário. O ponto de corte foi, também, 300 minutos de prática de atividade física/semana. Do total, 56,9% dos adolescenteseramsedentários,comportamentomais preva-lenteentreasmeninas(68,7%versus43,8%meninos).Outra associac¸ãoidentificadapelapesquisafoimaiorprevalência desedentarismoentreosalunosdeescolaspúblicasquando comparadoscomosalunosdeescolasparticulares.13

(5)

Tabela4 Modelosderegressãologística.InstitutodaCrianc¸a,2010

Sexob Cuidadorc Sobrepesod p-valor

Modelo1a OR 2,56 0,049

IC [1,01;6,52]

Modelo2 OR 2,88 2,45 0,024

IC [1,06;7,81] [0,82;7,29]

Modelo3 OR 2,61 0,41 0,058

IC [1,01;6,71] [0,11;1,54]

aModeloselecionado.

b Sexomasculinocomoreferência. c Paisbiológicos/adotivoscomoreferência. d Desnutrido/eutróficocomoreferência.

investigou a percepc¸ão sobre o comportamento de ativi-dade física de garotas, por meio de grupos focais. Tanto meninosquantomeninasdescreverammeninasativascomo sendo ‘‘agressivas demais’’. Meninos consideraram, com frequência, meninas fisicamente ativas como ‘‘atléticas demais’’.Essetipodepercepc¸ãopodeinfluenciardeforma negativaapráticadeatividadefísicaentremeninas.16

Noentanto,porcontadousodediferentesinstrumentos, tantonacoletadedadosquantonasuaclassificac¸ão poste-rior,acomparac¸ãoentreestudostorna-selimitada.Apesar dessalimitac¸ãoecombasenosdadossupracitados,é possí-velconcluirqueainatividadefísicaéumproblemaglobal, prevalentetantoempaísesemdesenvolvimentoquantoem paísesdesenvolvidos.9-14

Em se tratando dapráticade atividade físicaem ado-lescentes comHIV/Aids foipossível localizar dois estudos feitosnoBrasil.Umadessaspublicac¸õesinvestigoucrianc¸as e adolescentes (7-14 anos) órfãs por Aids e apenas 5,5% daamostratinhamsorologiapositivaparaoHIV. Oestudo empregou o mesmo questionário e ponto de corte desta publicac¸ão, o que possibilitou a comparac¸ão direta dos resultados. A prevalência de sedentarismo foi 42%. Dois achadosmostraram-sesemelhantesaosencontradosno pre-sente estudo: associac¸ão entre o sedentarismo e sexo e esportesmaisreferidos(futebolevoleibol).11

O outro estudo foi feitoem Florianópolise tevecomo objetivoprimárioavaliaradensidadeósseade48 adolescen-tescomHIV/Aids,comaatividadefísicausadacomovariável decontrole.Aatividade físicafoimensuradapor meiode pedômetros, aplicados durante cinco dias, incluindo dois diasnofimdesemana.Acontagemde10.000passos/diafoi usadaparaclassificaroníveldeatividadefísicados adoles-centes.Cercade70%dosentrevistadosapresentaramníveis inadequadosdeatividadefísica.Osautoresnão encontra-ram diferenc¸a estatisticamente significativa na média da contagemdepassosentresexos.17

A prática de atividade física pode ser uma estratégia importante paraa prevenc¸ão ouo controle de alterac¸ões metabólicasemorfológicasassociadasàinfecc¸ãopelovírus etambémaousodeterapiaantirretroviraldealta potên-cia. O artigo derevisão de Fillipas etal.18 analisou nove ensaiosclínicoscontroladosaleatóriosecomparouogrupo deintervenc¸ão(exercícioaeróbico)comogrupocontrole. Osresultadosevidenciaramreduc¸ãodoíndicedemassa cor-poral,dapregacutâneatricipital,degorduracorporaltotal, dacircunferênciadacinturaedarazãocintura-quadril.No

presente estudo, não foi encontrada associac¸ão entre as variáveis antropométricas e a práticade atividade física. Destaca-se que não foram aferidas as pregas cutâneas e a medida de circunferência do quadril, o que limitou a avaliac¸ãonutricionaldapopulac¸ãoestudada.

Estudoqueavaliouoefeitodeumprogramaestruturado denutric¸ãoeatividadefísicaemcrianc¸ascomHIVverificou que,após24treinos,houveaumentosignificativodeforc¸a e resistência muscular e do pico de volume máximo de oxigênio(VO2).19

EstudosconduzidosnoBrasilqueanalisaramaatividade físicae a lipodistrofiaem pacientesadultoscom HIV/Aids tambémencontraram associac¸ões na mesmadirec¸ão. Flo-rindo etal.20 notaram associac¸ãoinversaentrea durac¸ão dapráticadeatividadefísicaeoacúmulodegordura abdo-minal eSegatto etal.21 observarammenorprevalênciade lipodistrofiaemindivíduosativos,quandocomparadoscom ossedentários.Nopresenteestudonãofoipossíveldetectar associac¸ões semelhantes. Uma das possíveis justificativas paratalfatoéotipodedelineamentodapesquisa.Porse tratardeumestudotransversal,tantoaexposic¸ão(variáveis socioeconômicaseexameslaboratoriais)quantoodesfecho (aatividadeouo sedentarismo)forammedidosnomesmo momento.

(6)

físicaaolongodotempoeidentificarmudanc¸as.O questi-onáriodeatividadefísicahabitualtemaplicac¸ãorápida,é decálculosimplesepodeserincorporadoàrotinade aten-dimentodospacientessemocasionargrandestranstornos.

Além do monitoramento, é primordial promover a prática de atividade nessa populac¸ão e levar em conta questõesdegênero,afimdereduziroriscoparao apare-cimentodedoenc¸ascrônicaseefeitoscolateraisdaterapia antirretroviral,assimcomoestimularosistemaimunológico ealiviarsintomasdadepressão.

Financiamento

Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) (processos: 10/01187-9 e 08/53322-7), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) (processo: 135885/2011-4) e Coordenac¸ão de

Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (bolsademestradodoprogramadedemandasocial).

Conflitos

de

interesse

AlineMedeirosdaSilvaéfuncionáriadaJanssen Pharmaceu-ticalCompanies,masessevínculoéposterioràpesquisa.

Agradecimentos

Àequipe médicadoInstitutodaCrianc¸a: SamanthaBrasil Andrade,CláudiaMenezes,VeraLúciaMoysesBorelli,Maria deFátimaCarvalhoeNádiaLitvinov.Tambémàequipede coleta:SofiadeFátimadaSilvaBarbosadeOliveira,Flávia Monique Santos e Elissa Carolina Mendes pela assistência prestada.

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