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Redes nas organizações públicas: o problema de controle

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Academic year: 2017

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MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

OSVALDO SILVA

REDES NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: O PROBLEMA DE CONTROLE

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REDES NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: O PROBLEMA DE CONTROLE

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas para obtenção do grau de mestre.

Área de concentração: Administração

Orientador: Prof. Df. Joaquim Rubens Fontes Filho

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Silva, Osvaldo

Redes nas organizações públicas: o problema de controle / Osvaldo Silva. -2012. 149 f.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.

Orientador: Joaquim Rubens Fontes Filho. Inclui bibliografia.

1. Administração pública. 2. Controle administrativo. 3. Governança corporativa. 4. Burocracia. 5. Relações interorganizacionais. I. Fontes Filho, Joaquim Rubens. 11. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título.

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OSVALDO SILVA

"REDES NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS : O PROBLEMA DE CONTROLE"

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração Pública da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas para obtenção do grau de Mestre em Administração Pública.

Data da defesa: 15106/2012

Aprovada em:

ASSINATURA DOS MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA

Jo

aqtli

m Rubens Fontes Filh'o

Orientador (a)

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Agradeço a Deus, pelo dom da vida e pela presença nas horas mais difíceis, pois ele é o mais certo nas horas incertas, quando pensamos que estamos sós ele nos carrega nos braços.

À minha família, pela paciência, resignação e dedicação, apesar das ausências e das horas em claro.

Aos meus colegas de mestrado, de modo todo especial, todos vocês são mestres na arte da amizade, do carinho, da compreensão e do incentivo, certamente sem vocês os

caminhos seriam muito mais tortuosos e os obstáculos mais difíceis de transpor.

Aos meus caríssimos professores: Fernando Tenório, Sylvia Vergara, Rafael, Henrique Saravya, José Maria, Hermano Thiry-Cherques, Teresa Cristina, Luciana Mourão, Valderez, Vicente Riccio e Armando Cunha, minha deferência, pois sem vocês não conseguiria trilhar de modo tão fluente os caminhos da ciência e as sendas do conhecimento, vocês mestres, são ... insuperáveis!

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"Ao modelar um governo para ser

exercido por homens sobre homens, a

maior dificuldade é esta: primeiro, é

preciso aparelhar o governo para que

controle os governados; o passo seguinte

é fazê-lo controlar-se a si mesmo. "

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o presente estudo, de natureza exploratória e descritiva, objetiva verificar e analisar de que forma as organizações públicas ao atuar adotando o modelo em rede equacionam o problema do controle. Para alcançar tal objetivo foi realizado levantamento a partir do referencial teórico com a finalidade de identificar um perfil da administração pública burocrática e as mudanças trazidas com a adoção de estratégias propostas pela

administração pública gerencial, de forma a cotejar suas premissas e propostas com o

modelo em rede interorganizacional, no qual se pressupõe que as organizações se integrem e interajam com vistas à consecução de objetivos e interesses comuns e/ou complementares. A partir da identificação dos diferenciais do modelo em rede, a exemplo da flexibilidade, colaboração, complementaridade e confiança, o foco da análise se concentrou nas características, vantagens e desvantagens que este modelo traz

enfocando, de modo especial, as formas e os instrumentos de controle. Enquanto no modelo burocrático a ênfase do controle se dá nos processos e através do sistema

racional-legal, a atuação em rede encontra dificuldades para estabelecer mecanismos de controle e monitoramento, problemas esses materializados justamente pelo caráter autônomo das organizações participantes e a ausência de hierarquia formal entre os atores envolvidos. O estudo investigou o funcionamento do sistema de defesa social do

Estado da Bahia voltado para a redução da criminal idade e violência naquele Estado. A partir da análise do caso observou-se que para minimizar as dificuldades do modelo em rede quanto ao controle e responsabilização, uma das soluções indicadas é a construção de objetivos e metas de forma pactuada, monitorados de forma compartilhada por um núcleo de gestão formado por representantes de cada uma das organizações envolvidas, de modo a resolver tempestivamente problemas e alinhar a busca pelos objetivos.

Palavras-chave: administração pública, burocracia, governança, accountability, rede,

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The present study, an exploratory and descriptive, objective review and analyze how public organizations to act adopting the network model equate the problem of controI. To accomplish this survey was conducted from the theoretical framework in order to

identify a profile of bureaucratic public administration and the changes brought about by the adoption of strategies proposed by public management in order to collate their premises and the proposed model interorganizational network, which is assumed to organizations to integrate and interact with a view to achieving common objectives and

interests and / or complementary. From the identification of differential network modei, the example of the flexibiiity, collaboration, complementarity and trust, the focus of the analysis focused on the characteristics, advantages and disadvantages that this modei

brings focusing, in particular, forms and instruments controI. While the emphasis in the bureaucratic modei of controI occurs through the processes and rational-Iegal system, the network action is difficult to establish mechanisms of control and monitoring, these

problems materialized preciseIy by the autonomous character of the participating organizations and the absence of formai hierarchy between the actors involved. The

study investigated the operation of social defense of the State of Bahia aimed at reducing crime and vioience in that state. From the analysis of the case showed that to minimize the difficulties of the network model and the control and accountability, is one of the solutions in the construction of goals and objectives as agreed, monitored from a shared management of a core formed by representatives of each of the organizations involved, in order to resolve problems promptly and align the search for goals.

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Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4

Divisão da função controle

Mapa estratégico da Secretaria da Segurança Pública da Bahia Organograma do novo modelo de governança e gestão

Organograma da força-tarefa de repressão a roubos a

estabelecimentos financeiros

Gráfico 1 Dinâmica da Taxa de Homicídios na Bahia 2000-201 1

Gráfico 2 Taxa de roubo a banco no Estado da Bahia 2007-201 1

Gráfico 3 Dinâmica do CVLI Capital 2000-201 1 Gráfico 4 Comparativo CVLI 2010 x 201 1 - Nordeste Gráfico 5 Comparativo CVLI 2010 x 201 1 -Santa Cruz

Gráfico 6 Ocorrências contra instituições financeiras 2010 x 201 1

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AFIS AISP BCS CICOC CODIS CVLI CVP DNISP DPT!BA GAECO GPREF IBIS MJ MP PC!BA PM/BA PPV

Automated Fingerprint Identification System - Sistema de Identificação por Impressões Digitais Automatizado

Área Integrada de Segurança Pública Bases Comunitárias de Segurança

Centro de Comando e Controle Integrado Combined DNA Index System

Crimes violentos letais intencionais

Crimes violentos contra o patrimônio

Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública Departamento de Polícia Técnica da Bahia

Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais

Grupo de Perícia a Roubos em Estabelecimentos Financeiros

Integrayed Ballistics Identification System (Sistema integrado de Identificação Balística)

Ministério da Justiça

Ministério Público

Polícia Civil da Bahia

Polícia Militar da Bahia Programa Pacto Pela Vida

PRONASCI Programa nacional de Segurança Pública com Cidadania

SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública

SI Superintendência de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública da Bahia

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1. INTRODUÇÃO 12

1 . 1 . Contextualização do problema investigado... 12

1 .2.0bjetivos,delimitação e relevância do estudo... 24

1 .3.Definição de termos... ... 30

2. REFERENCIAL TEÓRICO 32 2.1 . As organizações... 32

2.2. A administração pública ... ... 35

2.3. O modelo burocrático ... ... ... 37

2.3 . 1 . Características ... ... 38

2.3.2. Funções ... 39

2.3.3. O isfunções ... 40

2.4. Governança na administração pública ... 42

2.5. O Modelo de Rede... 44

2.6. Controle nas organizações ... ... 48

2.6.1 . Tipos de controle... 50

2.6.2. Controle quanto ao nível organizacional ... 52

2.6.3. Controle das redes interorganizacionais ... 53

3. METODOLOGIA 57 3.1. Tipo de Pesquisa... ... 57

3.2. Limitações do método ... ... 6 1 4. O SISTEMA DE DEDESA SOCIAL DO ESTADO DA BAHIA : ESTUDO DE CASO... 63

4.1. Breve histórico ... ... 63

4.2. Características do SOS e do ppv... 68

5. ANÁLISE DOS DADOS... 75

5 . 1 . A rede interorganizacional no contexto do SOS... 76

5 .2. Instrumentos e mecanismos de controle do SOS... 80

6. CONCLUSÃO... 89

REFERÊNCIAS... 93

" APENDICE... 101

(13)

1. INTRODUÇÃO

Este capítulo tem por finalidade apresentar e contextualizar o problema a ser investigado, demonstrar quais os objetivos do estudo, além de estabelecer um recorte ou delimitação indicando sua importância e relevância para o campo da Administração Pública, bem como para a comunidade científica e a sociedade.

1.1. Contextualização do problema investigado

Segundo Megginson et ai (1998) administração pode ser entendida como trabalho com recursos humanos, financeiros e materiais para atingir objetivos organizacionais através do desempenho das funções de planejar, organizar, liderar e controlar.

Ainda de acordo com o autor acima citado, a administração tem um conceito de universalidade, pois devem ser desempenhadas por administradores em todos os tipos de organização, sejam elas comerciais, industriais, governamentais, educacionais,

sociais, religiosas, dentre outras.

Com relação especificamente à administração pública, Bresser-Pereira e Spink (2006) afirmam que há três formas de administrar o Estado: a administração patrimonialista, a administração pública burocrática e a administração pública gerencial, a qual alguns autores chamam de pós-burocracia.

Versando sobre as formas de administrar o Estado, Costin (2010) analisa que a administração patrimonialista era o modelo de administração própria das monarquias absolutas, em que o patrimônio do rei se confundia com o patrimônio público, numa clara confusão de público e privado. Com a evolução do capitalismo essa forma de

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Costin (2010) afirma que diante d o eontexto aeima eitado surge a administração buroerátiea, assoeiada ao tipo ideal de dominação raeional-legal de Max Weber, que busea estabeleeer o eomportamento esperado pelo servidor ou administrador públieo na forma de regulamentos exeessivos, enfatizando a impessoalidade, seja na forma de aeesso ao serviço públieo, seja na progressão na earreira, além de tornar o eonheeimento

das regras um reeurso de poder.

o mundo eontemporâneo, a partir do advento da globalização e da expansão do modelo

demoerátieo, passou a exigir mudanças de postura e de forma de atuação dos entes públieos, ensejando a deseoberta e implementação de novos modelos e prátieas polítieas, administrativas e operaeionais.

De aeordo eom Bresser-Pereira e Spink (2006) as mudanças exigidas emanam da:

[ ... ] necessidade de aumentar a eficiência do Estado é uma imposição do processo de globalização, que acirrou a competição entre os países. Em consequência, a administração pública burocrática tornou-se obsoleta e as burocracias públicas estão sendo levadas cada vez mais a adotar abordagem gerencial, baseadas na descentralização, no controle de resultados e não no controle dos procedimentos, na competição e no controle social direto.

Goldsmith e Eggers (2006) entendem que o modelo tradieional e hierárquieo de governo simplesmente não atende as demandas desses tempos eomplexos e em rápida transformação. Culturas e modelos operaeionais introvertidos são inadequados para abordar os problemas que, muitas vezes, transeendem os limites organizaeionais.

Os preeeitos da buroeraeia weberiana, baseados na raeionalidade instrumental, polítiea de eomando e eontrole, impessoalidade, padronização de eomportamento e formalismo, não mais se eoadunam eom as rápidas mudanças e demandas exigidas pela soeiedade, que se volta, eada vez mais, para a adoção de novos eoneeitos de governança e

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De aeordo eom Peters e Pierre (2010) accountability, ou prestação de eontas, ao legislativo, aos eontribuintes e aos grupos de interesse, é um dos prineipais objetivos de avaliação desempenho do setor públieo.

A administração públiea moderna para eumprir sua missão deve basear-se em ferramentas inteligentes que sejam voltadas para a efieiêneia, efieáeia e efetividade, objetivando, segundo Matias-Pereira (2010), a criação do chamado "valor público", engajamento físieo, eoordenação de atores públieos e privados, inelusão soeial e eompartilhamento de responsabilidades.

o modelo buroerátieo, largamente adotado pela administração públiea, pode Vlf a

apresentar disfunções a exemplo das regras demasiadas, eontroles exeessivos, exeesso de formalismo, baixo nível de delegação, tramitação demasiada de doeumentos, fazendo eom que, em muitos easos, o proeesso se torne mais importante que o produto ou

resultado, sem a preoeupação eom seus eustos eeonômieos e/ou soeiais, que se traduzem na essêneia do eoneeito de efieiêneia.

Na atualidade o Estado é impulsionado a ser um sujeito ativo de mudanças, e não um simples observador, que deixa para atuar somente após assistir aos aeonteeimentos de modo que, eom isso, eonsiga minimizar os efeitos negativos da assimetria de informações. Mas eomo eompatibilizar a estabilidade advinda do modo buroerátieo, eom esse proeesso eontínuo?

Através da leitura dos estudos de Augustinis (20 1 1) pode-se ter a pereepção de que, ao eontrário das organizações eriminosas, os pressupostos que norteiam a gestão nas organizações públieas, em sua maioria, ainda se fundamentam numa visão estátiea de organização. Rígidas estruturas hierárquicas dificultam um pensamento "em rede", dinâmieo, eapaz de se adaptar e readaptar a eada novo desafio. Esse deseasamento de métodos de atuação entre organizações eriminosas e organizações que têm o dever de reprimir prátieas eriminosas torna difíeil a ação do Estado na prevenção e repressão à eriminalidade.

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as organizações, com ou sem fins lucrativos, não possuíam condições individuais de alcançar bons níveis de satisfação dos interesses gerais, emergindo como alternativa a

interação entre esses indivíduos.

Analisando o acima citado, pode-se inferir que no contexto atual em que vive a sociedade, mais do que a estabilidade produzida pelo modelo burocrático tradicional, busca-se flexibilidade, especialmente através da integração, cooperação e colaboração de diversos atores, para que objetivos sejam alcançados com maior grau de eficiência.

Ainda tratando da necessidade de novos modelos de gestão, Jany e Robinson (2012) afirmam que a falta de integração, tanto horizontal quanto vertical, tenderá à fragmentação, inconsistência e respostas caóticas ás crises. Deve haver uma parceria ativa e contínua, bem como um ambiente de confiança, interação e cooperação.

Soares e Guandini (2007) apontam que reconhecendo-se sempre a natureza multidimensional da violência, haverá a exigência da criação de políticas também multidimensionais ou inter-setoriais e, por conseqüência, um novo sujeito da gestão pública, capaz de operar a integração das políticas públicas, aptos a reverter ou, pelo menos, reduzir a violência no Brasil contemporâneo.

Parafraseando Fleury e Ouverney (2007) o deslocamento do foco dos aspectos formais para os gerenciais, através de um processo interativo entre as diversas esferas de governo envolvidas, bem como destas com outros atores não-governamentais, adquiriu, a partir de década de 1990, uma nova dimensão, donde a necessidade de estudos visando ao desenvolvimento de novos conceitos, estratégias e instrumentos capazes de aumentar a eficiência e eficácia da ação do Estado.

Neste contexto surgem as redes interorganizacionais como formas ou mecanismos de inter-relação ou interação cooperativa entre diversos atores e/ou organizações, governamentais e não-governamentais, buscando a solução de problemas complexos, através de novos modelos que possibilitem um melhor compartilhamento de informações, conhecimentos e tarefas, de modo flexível e com melhor fluidez, através

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interações sejam realizadas de forma deseentralizada, eom menores eustos de transação e mais efetividade.

A utilização das redes não é novidade no âmbito do setor privado, euja matriz de atuação é baseada, dentre outros, na análise dos eustos de produção, indieadores de resultados e padrões de efieiêneia. Esse fator não oeorre apenas eom o objetivo de maximização dos lueros, mas por questões de sobrevivêneia.

Corroborando eom o aeima exposto Goldsmith e Eggers (2006) afirmam que o tema não é novidade na teoria das organizações aplieadas ao setor privado. A interação eooperativa entre diversos tipos de organização é uma eondição para o desenvolvimento

de determinados eampos, que se amparam em eonheeimentos naturalmente dispersos. As redes promovem a experimentação ao possibilitar o eompartilhamento de experiêneias e eneorajar o aprendizado.

o desafio que se apresenta é tornar possível a utilização das redes nas organizações públieas, tendo em vista que estas adotam predominantemente o modelo buroerátieo tradieional, eom matriz baseada no sistema top-down (hierarquia vertieal), enquanto a filosofia das redes opera de modo horizontal, bem eomo desmistifiear a ideia de que somente a padronização de eondutas e a realização de tarefas preordenadas, rotineiras e repetitivas é eapaz de eumprir a missão da realização do interesse públieo.

Segundo Agranoff e Meguire (2001) as redes não estão fundamentadas no paradigma da autoridade legal, eonstituindo estruturas de interdependêneia, envolvendo múltiplas organizações ou suas partes, prevaleeendo a eonfiança, propósito eomum, dependêneia mútua, disponibilidade de reeursos, atores de eatálise e habilidade gereneial. A eonfiança leva a motivação, eompetêneia, o eolegiado e a eoesão no trabalho em rede, aliada a eompreensão de eomo e quanto, eada organização se esforça no sueesso global, balaneeando forças soeiais e interesses.

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dinâmieos que envolvem sua formação, operaeionalização e finalização; e o

desempenho.

Paeheeo (2010) leeiona que mais reeentemente as tendêneias apontam para o Estado rede - quando o Estado trabalha ,em pareeria (eoordenação intragovernamental) e eom ampla gama de atores não estatais, e desempenha a liderança estratégiea dessa rede, em busea da maximização do valor públieo.

Goldsmith e Eggers (2006) afirmam que a governança em rede representa a eonvergêneia de quatro fontes de influêneia, que estão alterando a forma do setor públieo atuar no mundo: governo eomo tereeira parte; governo eoordenado; revolução digital; e demanda do eonsumidor.

o governo eomo tereeira parte, por exemplo, indiea a tendêneia moderna de utilização de empresas privadas ou organizações não-governamentais na prestação dos serviços públieos, j untamente eom o Estado, integrados numa rede, de modo a dinamizar e flexibilizar a atuação na realização das demandas da soeiedade.

Cruz et aI (2008) entendem que o Estado quando deixa de realizar operações puramente buroerátieas em busea de modelos de gestão baseados na eooperação entre organizações públieas, privadas e não-governamentais, ressalta a importâneia e a relevâneia das redes eomo fonte de pareerias em prol da qualidade de vida.

A revolução digital, através dos avanços teenológieos, permite que múltiplas organizações estejam eoneetadas para, em tempo real, atuar em regime de eolaboração, eoordenando e eontrolando suas atividades eom foeo em objetivos eomuns, prestando serviços eustomizados ao eonsumidor final, em se tratando de prestações de serviços

públieos, o eidadão.

Espeeifieamente na área de segurança públiea apesar do esforço envidado pelo poder públieo para eonter a violêneia e a eriminalidade, através dos eonstantes investimentos no fortaleeimento e aparelhamento das instituições polieiais, o que pode ser

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da Bahia, durante os anos de 2007 a 201 1 , os resultados nem sempre se eoadunam eom as expeetativas desejadas.

Tabela 1

EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO ANUAL DO ESTADO DA BAHIA X ORÇAMENTO DA

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA

2007 - 2011

R$mil

2007 2008 2009 2010 2011

Orçamento Total do Estado 17.275.257 19.030.710 22.480. 184 23.275.223 26.249.639

Orçamento da SSP 1.549. 103 1.661.487 1.828.605 2.019.400 2.447.444

Fonte: Governo do Estado da Bahia - RelatÓrIO de Governo 2007-2010 e RelatÓrIO de Governo 2011

Para exemplifiear a afirmativa aeima pode ser verifieado que apesar de inerementos signifieativos nas dotações orçamentárias destinadas à Seeretaria da Segurança Públiea, da ordem de 58%, no período 2007-20 1 1 , o gráfieo abaixo demonstra a trajetória ereseente dos índiees de erimes violentos letais inteneionais - CVLI, prineipal indieador de violêneia e eriminalidade estabeleeido pela ONU, e que apresenta um reflexo direto na sensação de segurança da população.

Gráfieo 1

Fonte: SSP/BA

Dinâmica da Taxa de Homicídios Dolosos Por Grupo de 100 Mil Habitantes Estado da Bahia

PERfoDO: 2000 a 2011

70.0 ------------ -----jj6;�6;O-;9

--60,0 f--- /�57....,,6 628 57,1

�/.54,5 61,8

50,0 I---____

,L--r----=:�--'---40,0

·---34-·-- 35.9

2

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___ 24,1 24,9

32,1

--20-,6- ---r--1;- 5�-= 2=5=;0::--=�26:=,-9::-::- -::::;;--:: -,6�� -2-3,9

16,5 16,5 16,7 18,7 20,0 20,2 10,0

0,0 L--_________________________ _

fonte: OAO/SIAP

2000 2001' 2002' 2003' 2004' 2005' 2006' 2007" 2008' 2009' 2010 2011'

-CAPITAL -RMS -INTERIOR

Taxa 2011

Estado: 32,7

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---Um fator que possivelmente eontribui para que o desempenho esteja aquém do esperado é a falta da eultura da interação, integração e eolaboração entre os órgãos de segurança públiea que, em muitos momentos, tornam-se exeelêneias isoladas que geram

eonheeimento estéril, pois este se eneerra em seu próprio eontexto ou é utilizado tardiamente porque pereorreu longos eaminhos na estrada da disfunção buroerátiea perdendo, eom isso, muito tempo para que fosse definida a sua destinação e aplieação efieiente.

Quanto à neeessidade de estratégias eoerentes de integração entre as instituições que atuam em segurança públiea, Jany e Robinson (2012) ilustram a questão indieando que basta imaginar milhões de pedidos de informação e ehamados de emergêneia após uma eatástrofe ou atentado terrorista.

Seguramente, eom base na suposição do parágrafo anterior, os autores apontam que a falta de estratégia de eomunieação eoerente, ineluindo pareerias públieo-privadas, eooperação e interação federal, estadual e munieipal, poderia ineapaeitar um sistema de segurança públiea já vulnerável e ter impaetos de segunda e tereeira ordens sobre a eeonomia e a qualidade de vida.

Fellman e Wright (2008) aereditam que o novo poder de atores autônomos não-estatais e as diversas vulnerabilidades persistentes em sistemas eomplexos, auto-organizativos, os desafios da segurança naeional no séeulo XXI, tomam, de fato, um earáter inteiramente diferente e requerem ferramentas, téenieas, reeursos, modelos e eonheeimento que são fundamentalmente diferentes dos seus predeeessores do séeulo XX.

Historieamente, as instituições de segurança públiea não estão habituadas a operar em eonjunto para prover uma segurança eontínua aos eidadãos apesar de ser evidente o earáter eomplementar entre elas, eonforme expressa a Constituição Federal de 1988 em seu art. 144.

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não eram geridas de forma integrada. Os eursos de formação eram distintos, os valores divergiam, as auto-imagens das instituições se formavam na experiêneia eotidiana da rivalidade, suas respeetivas identidades eram eonsideradas, intrinseeamente, antagônieas.

Apesar do dispositivo eonstitueional apresentar de forma expressa o earáter eomplementar e integral de que deve se revestir a segurança públiea, atribuindo a todos

o dever de promovê-la, inegavelmente não deve ser esqueeido que, em partieular, as próprias instituições orgânieas integrantes do sistema formal da segurança públiea, ou seja, políeias federais - políeia federal, políeia rodoviária federal e políeia ferroviária federal, políeias estaduais - políeia eivil e políeia militar, e os eorpos de bombeiros militares foram eriadas de forma isolada, eada uma delas traduzindo um momento histórieo e um eontexto soeial próprio.

No eontexto atual, porém, há a neeessidade de se desenvolver eanais de eomunieação e protoeolos de relaeionamento que garantam o fluxo e o eompartilhamento de informações, eoneretizando a integração dos serviços e operações dessas instituições.

Vale salientar que a violêneia, o erime e as organizações eriminosas não têm buroeraeia, são ágeis e flexíveis, neeessitando para seu enfrentamento de soluções simples e prátieas por parte do poder públieo, a exemplo do estímulo à integração entre os

diversos órgãos da segurança públiea através de networks ou redes interorganizaeionais,

de modo a imprimir melhor dinâmiea, permitindo rapidez e efieiêneia na resposta a tais fenômenos.

Segundo Soares (2006), eom raras exeeções, em regra as políeias brasileiras são

reativas, inereiais, avessas a avaliação e a eontrole externo, além de refratárias à gestão raeional, porque não dispõem de meeanismos institueionais que a tornem possível. Some-se a tudo isso a eultura das eorporações, tantas vezes avessa aos direitos humanos.

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e/ou eeonômieos, de modo efieiente e efieaz realizando intervenções seguras e que mantenham estrita observâneia e respeito aos direitos humanos.

As instituições de Segurança Públiea preeisam ser habilitadas a eonduzir operações eomplexas em rede integrada, formando uma eadeia de valor eapaz de eompartilhar informações e atuar num ambiente de eolaboração, interoperabilidade e gestão eompartilhada (BRASIL, 2010).

Transformar instituições tradieionais em rede integrada requer a eo-evolução da doutrina, organização, treinamento e edueação, logístiea e abordagens maduras para eomando e eontrole. Isso demanda uma quantidade eonsiderável de tempo e esforço.

o Estado do Rio de Janeiro, segundo o Seeretário da Segurança Públiea José Mariano Beltrame (BELTRAME, 2009), entendeu e vem adotando a eoneepção de uma políeia que atua efetivamente de forma integrada eom diversos organismos nas esferas munieipal, estadual e federal, e já tem experimentado, eom isso, resultados expressivos no eombate ao erime organizado em todo o estado.

Outro exemplo no sentido de promover o efetivo eombate à eriminalidade e resgate da eidadania, através da eolaboração e integração de diversas organizações, públieas e privadas, tem sido adotado pelo Governo do Estado da Bahia, através das ações do Programa Paeto Pela Vida, que pressupõe operações de oeupação de território, oferta de serviços básieos à soeiedade loeal, a exemplo de atendimento médieo, ampliação da rede eseolar, obras de infraestrutura, e qualifieação e requalifieação profissional, numa polítiea de transversalidade das ações, ou seja, a atuação de diversas organizações, em rede, de modo que as intervenções, apesar de foear a área de segurança públiea, não se restrinjam a esta, eonferindo à população novas oportunidades, inovando, assim, a antiga eultura da oeupação territorial pura e simples através de forças polieiais.

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a falta de moradia, o eombate ao erime, os euidados eom a saúde públiea, serviços esseneiais às populações vulneráveis, respostas a eatástrofes naturais, dentre outros.

Bortolaso et aI (2010) ao eonsolidar um modelo para análise da gestão de redes, identifieam a existêneia de seis earaeterístieas para uma gestão de exeelêneia: estratégia, estrutura, proeessos, eoordenação, liderança e relaeionamento - interno e externo.

A despeito das aparentes vantagens eompetitivas e eomparativas que as redes interorganizaeionais apresentam, é neeessário levar em eonsideração as indieações de Goldsmith e Eggers (2006) no sentido de que, apesar das evidentes e signifieativas

vantagens da adoção do modelo de governo em rede, ele traz eonsigo um amplo eonjunto de desafios.

Goldsmith e Eggers (2006) afirmam que uma rede bem sueedida exige atenção eom as questões relaeionadas a habilidades da gestão em gerar valor, eompatibilização de

ferramentas teenológieas, minimização da assimetria de informações, além daquelas peeuliaridades vineuladas à eultura organizaeional, a exemplo da adoção de

eomportamentos oportunistas.

No mesmo sentido os estudos de Wegner e Padula (2012) indieam que a despeito dos

resultados expressivos e atraentes que o modelo de rede interorganizaeional apresenta, é indispensável a análise dos easos de fraeasso, de modo que o fenômeno possa ser eompreendido eompleto, ponderando suas faeilidades e benefíeios, eom seus possíveis víeios e difieuldades.

(24)

Ring e Van de Ven (1994) entendem que é neeessário o eontrole, através do monitoramento das ações de forma eonstante para que sejam avaliados não apenas os resultados obtidos pela rede, mas de modo que possa oeorrer a verifieação da eoneretização ou não dos eompromissos assumidos por eada uma das partes na fase de

desenvolvimento do relaeionamento institueional, de modo a garantir a estabilidade e durabilidade da própria rede.

Corroborando eom o aeima exposto, Fleury e Ouverney (2007) eoneordam que a questão ganha um viés relevante porque os padrões buroerátieos de eontrole, eomumente utilizados e difundidos na Administração Públiea, não eneontram aplieabilidade ou não podem ser utilizados no modelo em rede, seja porque o eontexto e as variáveis são bastante eomplexas, e/ou porque os atores envolvidos tem origens e naturezas diversas, na sua maioria são autônomos e independentes, não havendo eom isso, neeessariamente, uma relação direta de eomando e eontrole hierárquieo eomo se dá no modelo raeional-legal, base da função buroerátiea tradieional.

Cruz et aI (2008) ponderam que ao se tratar da vertente do governo eoordenado,

eoneeito defendido por Goldsmith e Eggers (2006), que representa uma eonsequêneia da deseoneentração, através da prestação de serviços por múltiplas organizações, devem ser eriados meeanismos eoordenação e eontrole para que o foeo seja direeionado aos resultados desejados, além de permitir que haja um eanal efieiente de eomunieação evitando falas e/ou retrabalho.

Fleury e Ouverney (2007) indieam que nos espaços interorganizaeionais earaeterizados por relações de independêneia em rede, a eoneepção de eontrole adquire uma nova dimensão, uma vez que não existem aí atores eapazes de estabeleeer meeanismos de

responsabilização e accountability, sendo os demais membros dotados de autonomia. O

emprego do padrão buroerátieo de eontrole, além de apresentar sérios obstáeulos, aearreta menor grau de flexibilidade da rede.

Os estudos de Bortolaso et aI (2010) indieam o surgimento de algumas perguntas relevantes quanto a adoção do modelo de redes, eujas respostas, eertamente, perpassam

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possível a obtenção de ganhos e vantagens? A gestão está preparada para lidar com o

possível crescimento da rede? Que aspectos estão sendo gerenciados pela rede?

Especificamente com relação à função controle nas redes interorganizacionais, que constitui foco do presente estudo, Provan e Kenis (2007) apontam que existe uma relutância entre muitos estudiosos do modelo em discutir e estabelecer mecanismos formais de controle, em virtude da pronta associação que é feita entre controle e burocracia - nos moldes do modelo tradicional, logo, sendo as redes, arranjos ou acordos de colaboração, cooperação, integração e confiança, advindos da necessidade contemporânea de quebra do paradigma burocrático de autoridade racional-legal, tais mecanismos, assim como também entendem Fleury e Ouverney (2007), poderiam soar inadequados e/ou comprometer o seu funcionamento.

Como forma de tentar mInImIZar a questão acima apontada, Sobral e Peci (2008) afirmam que nas redes interorganizacionais deve ficar bem claro que o controle está voltado para duas missões essenciais: o monitoramento das atividades - comparando o desempenho real com o planejado, e a correção de qualquer desvio significativo, caso se

conclua que as atividades estão sendo executadas de tal forma que interfiram ou comprometam o alcance dos objetivos conjuntamente estabelecidos, relegando a segundo plano o controle como mecanismo de vigilância e correição, num evidente esforço de demonstrar que o interesse está focado no objetivo estratégico e não no

processo que conduz ao objetivo.

Ante o exposto emerge o problema que este trabalho pretende investigar: ao atuar em rede, como as organizações públicas equacionam o problema de controle?

1.2. Objetivos, delimitação e relevância do estudo

o objetivo final deste trabalho é verificar como as organizações públicas, ao atuar no modelo de rede interorganizacional, equacionam o problema de controle.

Na busca pela consecução do acima exposto, foi indispensável alcançar alguns objetivos

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suas earaeterístieas, funções e as disfunções, eontextualizando, também, a forma pela qual o eontrole é exereido.

Dando eontinuidade ao trabalho, sempre eomo mira no objetivo final, tornou-se neeessário eoneeituar e eontextualizar as redes através da demonstração de suas earaeterístieas, identifieando as motivações que determinam sua formação pelas organizações privadas e pelo próprio Estado, bem eomo, de modo espeeial, avaliando o modo eom que a função eontrole é exereida neste modelo.

A delimitação do estudo é neeessária devido à eomplexidade e abrangêneia do tema. O presente estudo abordou sob a luz da teoria das organizações, as questões relativas à

formação das redes e a adoção de seus meeanismos de eontrole, eonferindo enfoque espeeial, aqueles utilizados para o eontrole das redes interorganizaeionais ou muItiorganizaeionais no eontexto da administração públiea.

Tendo em vista a quantidade limitada de estudos e pesquisas quanto ao objeto do presente estudo, eomo parte deste trabalho aeadêmieo, foeado na avaliação do modelo de redes interorganizaeionais e nos seus meeanismos e/ou instrumentos de eontrole, além do refereneial teórieo e da pesquisa doeumental, foi utilizado um estudo de easo exploratório envolvendo o Sistema de Defesa Soeial do Estado da Bahia - eujo prineipal instrumento de atuação é um programa de polítiea públiea denominado Programa Paeto Pela Vida - PPV (BAHIA, 201 1a), que envolve a atuação do poder públieo no modelo em rede interorganizaeional.

O easo envolvendo o Sistema de Defesa Soeial da Bahia foi seleeionado tanto pelo fator logístieo, tendo em vista a relativa faeilidade de aeesso aos dados por parte do pesquisador, quanto pela sua aparente adequação às questões propostas pelo presente estudo, ou seja, atuação do estado através de relaeionamentos interorganizaeionais e seus meeanismos de eontrole.

(27)

integração dos órgãos envolvidos direta e indiretamente com a temática segurança

pública, sejam eles do âmbito municipal, estadual ou federal.

Como mencionado anteriormente, devido ao vínculo funcional do pesquisador seu trabalho foi facilitado no que tange ao acesso às informações, porém foi motivo também de maior atenção e cuidado com a técnica de pesquisa para que a neutralidade exigida pelo método científico fosse mantida. Para tanto o estudo se valeu do estabelecimento de questões orientadoras, de constantes idas e vindas aos protocolos e conhecimentos técnicos, conferidos pelo referencial teórico e bibliográfico, e do apoio incessante e acurado do Professor-Orientador, que ao verificar mera tendência à parcialidade balizava e reconduzia o estudo para o caminho científico.

No aspecto voltado às questões que norteiam o estudo, ou seja, formação das redes interorganizacionais pelo poder público e a adoção de mecanismos de controle, o estudo do Sistema de Defesa Social da Bahia se mostrou aparentemente um ambiente propício

à análise e ao cotejamento entre as disposições teóricas e a realidade prática, de modo que possa haver a validação ou refutação dos conceitos teóricos, construindo assim o edifício do conhecimento científico.

Ao atuar utilizando o modelo em rede interorganizacional e, com isso, também lançar mão de mecanismos e instrumentos de controle iterativos, em virtude da autonomia das organizações envolvidas, o Sistema de Defesa Social do Governo do Estado da Bahia traça uma linha de gestão que não se adéqua aos conceitos de controle baseados no modelo racional-legal, que até então foi largamente utilizado na administração tradicional.

o estudo de caso utilizou um roteiro de análise semi-estruturado, disposto no Apêndice

A, pautado nas duas vertentes principais: motivações para formação e utilização das redes e mecanismos de controle, construído com base em apontamentos e

questionamentos verificados durante as pesquisas bibliográficas e documentais, aliados a outras observações e perguntas advindas da percepção do pesquisador.

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em espeeial a busea pela segurança, saúde, edueação, desenvolvimento e liberdade.

Observando a realidade fátiea, tanto do dia-a-dia dos Estados brasileiros quanto das

oeorrêneias registradas pelo mundo, pode ser eonstatado que o desenvolvimento teenológieo e a faeilidade de movimentação das pessoas e bens faz eom que haja um ambiente propíeio à troea de informações e experiêneias entre os mais diversos segmentos, inelusive, daquela pareela de indivíduos que tem interesses em desenvolver

negóeios eseusos, transferindo-se de locais "menos propícios" para aqueles onde existe maior fragilidade e/ou faeilidade.

Para ilustrar a afirmativa aCIma, pode ser eitada eomo exemplo, a preoeupação do governo brasileiro, materializada em audiêneia para diseutir atuação de redes terroristas no Brasil, eonforme fragmento de texto a seguir, extraído do site ofieial da Câmara dos Deputados:

"As comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado realizam hoje (15/05/2011) audiência pública reservada sobre a suposta atuação de redes terroristas em território brasileiro. Foram convidados o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Wilson Roberto Trezza, e o diretor de Inteligência Policial da Receita Federal, Marcos David Sal em.

A reunião foi proposta pelo deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), com base em denúncia divulgada pela revista Veja. A revista teria tido acesso a relatórios da Polícia Federal segundo os quais "20 militantes da AI Qaeda, do Hezbollah, do Hamas e outros dois grupos usam ou usaram o Brasil como esconderijo, centro de logística, fonte de captação de dinheiro e planejamento de atentados".

(29)

poder, o que impede que as reações ou adaptações às novas realidades sejam

eoneretizadas oportunamente, demonstrando que o modelo pós-buroerátieo defendido,

dentre outros, por Peter Drueker, ou a ehamada "buroeraeia flexível", ainda estão longe

de se tornar realidade.

Keast (2004) afirma que apesar da utilização de modelos ou métodos inovadores para lidar eom os problemas eomplexos da atualidade, em espeeial na área soeial, a exemplo das redes, implementadas eomo forma ofereeer uma resposta inovadora frente a ineapaeidade dos arranjos hierárquieos earaeterístieos da buroeraeia tradieional em

ofereeer soluções adequadas, existe uma expeetativa de que os resultados e proeessos ainda estejam sendo baseados em métodos de trabalho tradieionais, sendo neeessário que os atores envolvidos passem a eompreender os novos eoneeitos e possam implementar adequadamente as soluções de modo a maximizar os benefíeios destes meeanismos únieos.

Citando mais uma vez Soares (2006), no eampo da segurança públiea, os órgãos que eompõem o sistema, tanto na esfera federal quanto estadual, normalmente eaminham

separadamente, sem a preoeupação de eriar uma teia ou rede de relações institueionais que busque minimizar a redundâneia das tarefas e missões eanalizando esforços num sentido eomum, deixando de lado a "síndrome do easulo", ou seja, aquele fenômeno que a administração públiea denomina de insulamento buroerátieo, em que eada um oeupa-se e preoeupa-se apenas eom o ereseimento isolado, eomo se sua missão não

fosse euidar do todo.

A utilização de novos modelos de atuação, a exemplo das redes, possibilitará a quebra do paradigma raeional-legal, eonduzindo à flexibilização do formalismo e à quebra do insulamento buroerátieo existentes, possibilitando que haja eooperação e eolaboração de diversas organizações, públieas e privadas, na solução dos problemas eomplexos que

envolvem a segurança públiea, espeeialmente a redução da eriminal idade, numa demonstração de que os trabalhos desenvolvidos são eomplementares e eada ator tem um papel relevante para o aleanee dos resultados estratégieos planejados.

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ganhos de efieiêneia, redução de eustos de transação, eompartilhamento de

responsabilidades e riseos, eonduz também as organizações públieas a questões que preeisam ser dirimidas ou bem gereneiadas, de modo que minimizem os riseos de um eventual insueesso eomo apontam Goldsmith e Eggers (2006), dentre elas o problema do eontrole.

(31)

1.3. Definição de termos:

Tendo em vista a espeeialidade do tema, faz-se neeessário a eoneeituação, ainda que em breves linhas, de alguns termos e/ou eonstruetos:

a) administração públiea: é a estrutura do poder exeeutivo que tem por finalidade a exeeução das tarefas relaeionadas à eonseeução do interesse públieo e atendimento das demandas da soeiedade.

b) eifras negras: é a denominação atribuída à diferença entre os fatos eriminosos que oeorrem e aqueles que efetivamente ehegam ao eonheeimento das autoridades.

e) CVLI - erimes violentos letais inteneionais: é a denominação atribuída aos

erimes que apresentam eomo resultado naturalístieo a subtração da vida, a

exemplo do homieídio e latroeínio, que se eonstituem modalidades eriminosas utilizadas em âmbito internaeional para apuração do índiee de eriminal idade em

virtude do seu baixo quantitativo de eifras negras.

d) inteligêneia: é a atividade de obtenção e análise de dados e informações e de produção e difusão de eonheeimentos, dentro e fora do território naeional, relativos a fatos e situações de imediata ou poteneial influêneia sobre o proeesso

deeisório, a ação governamental, a salvaguarda e a segurança da soeiedade e do Estado.

e) inteligêneia de segurança públiea: é o exereíeio permanente e sistemátieo de ações espeeializadas para a produção e salvaguarda de eonheeimentos neeessários para prever, prevenir e reprimir atos delituosos de qualquer natureza

ou relativos a outros temas de interesse da Segurança Públiea e da Defesa Soeial.

(32)

g) rede interorganizaeional: é a organização eomposta por u m grupo de

organizações autônomas, sejam elas públieas ou privadas, unidades e vineuladas à eonseeução de objetivos eomuns e/ou eomplementares, formalmente relaeionadas e eom prazo de existêneia indeterminado.

h) rede muItiorganizaeional: é a atividade que tem por objetivo a eooperação, difereneiação e integração entre unidades organizaeionais.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Para garantir embasamento e fundamentação do presente trabalho, este eapítulo apresentará a base teóriea, formada pelos eoneeitos e/ou eonstruetos vineulados à teoria das organizações, administração públiea, o modelo buroerátieo, as redes interorganizaeionais ou multiorganizaeionais e, em espeeial, a função eontrole nelas exereida.

Faz-se neeessário antes de adentrar ao tema prineipal a realização deste breve sobrevoo

pela teoria das organizações de modo a verifiear eomo se proeessa a gestão das organizações tradieionais, sua divisão em funções, eontextualizando, em espeeial, o modelo buroerátieo, analisando suas funções e disfunções, eonferindo ênfase na forma eom que o eontrole é exereido, de modo que se possa viabilizar a realização de um paralelo entre os modelos.

Feito isso, segue o estudo eontextualizando o modelo de redes interorganizaeionais ou multiorganizaeionais, através da análise de suas earaeterístieas, funções e, mais uma vez, eonferindo ênfase aos meeanismos de eontrole utilizados, destaeados, sempre, por ser o objetivo final desse estudo.

Cumpre destaear que o eontrole representa a pedra de toque deste estudo porque

enquanto no modelo buroerátieo tradieional ele eneontra respaldo na autoridade raeional-legal, na hierarquização, impessoalidade e na inflexibilidade, no modelo em rede devido ao earáter autônomo das organizações envolvidas, bem eomo da própria filosofia do modelo, baseado na flexibilidade, interação, eolaboração, e eonfiança, não há eomo utilizar-se dos meeanismos tradieionais.

2.1. As organizações

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disputas pela liderança ou poder, dentre outras, fazendo com que o indivíduo desenvolva maneiras e formas de alcançar seus anseios e minorar suas angústias.

De acordo com Maximiano (2009) a sociedade humana é feita de organizações que fornecem os meios para o atendimento de necessidades de pessoas. Serviços de saúde,

água e energia, segurança pública, controle de poluição, alimentação, diversão, educação em todos os níveis - praticamente tudo depende de organizações.

Sobral e Peci (2008) afirmam que as organizações são uma realidade do mundo contemporâneo, e quase tudo o que acontece no mundo depende delas. Elas se fazem presentes na vida civilizada, uma vez que fornecem os meios para o atendimento das necessidades humanas.

Em suma, a economia, a política e/ou as organizações, juntas ou isoladamente, estão

presentes na história desde os primórdios da existência humana, ainda que, inicialmente, através de um conceito vago e tênue.

No particular, as organizações, em sentido macro, entendidas como um agrupamento de dois ou mais indivíduos que desempenham funções com vistas a um objetivo, exercem papel fundamental não só com relação aos homens, mas também, quanto à concepção do mundo e suas transformações.

Motta (2003) aponta que a Teoria das Organizações tem suas origens na preocupação com a produtividade, dominante a partir da Revolução Industrial, que conferiu uma mudança radical na cultura material do Ocidente, na medida em que o desenvolvimento das máquinas mudou completamente a relação do homem com a natureza, conduzindo à paulatina desintegração da sociedade estamental.

Kwasnicka (1989) afirma que "antes da industrialização as organizações humanas eram fundamentalmente a família, a tribo, a igreja, o exército e o Estado. Desde o princípio o homem sentiu a necessidade de organizar-se ... ".

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que os seus objetivos sejam atingidos, fazendo naseer os modelos de administração ou teorias da administração, que atuam de aeordo eom um proeesso administrativo.

Segundo Oliveira (2006) o proeesso administrativo é representado pelas funções da administração: planejamento; organização; direção e avaliação. O planejamento diz

respeito ao estabelecimento de objetivos ou resultados esperados. A organização busea a identifieação, análise, ordenação e agrupamento das atividades e reeursos visando o aleanee dos resultados. A direção da empresa deve orientar, eoordenar, motivar e/ou liderar as atividades e reeursos eom fito de obter os resultados. Por fim, a avaliação tem a missão de aeompanhar, eontrolar e analisar os resultados apresentados, a fim de que se

verifique seu alinhamento com os objetivos estabeleeidos, bem como, caso neeessário,

se promova as ações eorretivas neeessárias.

Para Laeombe (2009) a administração é um eonjunto de prineípios e normas que tem por objetivo planejar, organizar, dirigir, eoordenar e eontrolar os esforços de um grupo de indivíduos que se associam para atingir um resultado em eomum.

Rememorando conceitos elássieos da administração Sobral e Peci (2008) apontam para a existêneia das funções de planejar, organizar, dirigir e eontrolar eom o intuito de aleançar os objetivos definidos pela organização e, apesar de se eonstituírem em quatro funções relativamente autônomas e distintas se relaeionam e são interdependentes, e por isso os gestores devem considerar os efeitos que eada uma delas apresenta sobre as outras.

O eontrole, em espeeial, é responsável pelo direeionamento da organização em busea dos seus objetivos estratégieos. Não adianta a função planejamento estabeleeer diretrizes e metas, a organização disponibilizar insumos, a direção eanalizar e aloear reeursos, se não existirem meeanismos efieientes e efieazes de monitoramento, avaliação e eorreção de possíveis desvios que balizem o rumo.

Segundo Hofstede apud Silva (2009) o eontrole é um proeesso de redução de ineertezas,

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2.2. A administração pública

o Estado é uma fieção jurídiea dotada de personalidade própria eom funções definidas, eriada pelos indivíduos para atender de forma organizada suas neeessidades e prover sua segurança, possibilitando a eonvivêneia paeífiea, harmôniea, impessoal e justa, garantindo um ambiente propíeio ao ereseimento e desenvolvimento da nação.

Segundo Sanetis (2009) o direito elassifiea eomo pessoa jurídiea essa fieção que eria e personifiea artifieialmente uma entidade, euja existêneia teria por eseopo apenas faeilitar determinadas funções.

Para Costin (2010) a administração públiea é o eonjunto de órgãos, funeionários e proeedimentos utilizados pelos três poderes que integram o Estado, para realizar suas funções eeonômieas e os papéis que a soeiedade lhe atribui no momento histórieo em eonsideração.

Nas palavras de Carvalho Filho (2005) não se pode eoneeber o destino da função públiea que não seja voltado aos indivíduos, eom vistas a sua proteção, segurança e bem estar.

Holanda (1997) aponta que a administração públiea brasileira naseeu eom a independêneia do país, tendo em vista que durante os 300 anos de eolonização adotava­ se um modelo de eontrole baseado em determinação diretas emanadas da metrópole, ou no ehamado personalismo, que se traduzia na privatização de espaços públieos, baseando-se em formas patrimonialistas de administração eolonial.

A administração públiea, eonforme preleeiona Costin (2010), após a queda do modelo

patrimonialista, passou a adotar o modelo buroerátieo, mareado pela impessoalidade, formalismo, hierarquia e rígido eontrole dos meios.

Bresser-Pereira e Spink (2006) afirmam que o estilo buroerátieo da administração faz

eom que haja um eontrole a priori dos proeessos, em oposição ao eontrole a posterior i

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raeionalidade substantiva, impondo que os mesmos sejam e ajam eomo meros instrumentos "burrocráticos", refletindo o modelo racional-legal típieo da buroeraeia.

No partieular, a buroeraeia pensada por Max Weber foi eoneebida para proporeionar eontroles efieientes e eombater o patrimonialismo até então mareante nas organizações, através de raeionalidade téeniea, espeeialização, hierarquia e diseiplina rígidas, normativismo e autoridade raeional-legal. Ramos (1983) afirma que o pressuposto do modelo buroerátieo é o de ser agente ativo de mudanças soeiais.

Keinert (1997) indiea que em relação à organização do Estado o modelo tradieional,

baseado em regras, regulamentos, earreiras formais, hierarquias rígidas e eentralizadas também revela-se poueo apto a atender às novas demandas soeiais, eom isso emerge a neeessidade de se repensar o seu papel, fazendo eom que sua atuação oeorra não mais eomo ator monolítieo, mas eomo eoordenador e regulador das relações entre múltiplos atores que buseam garantir a defesa dos interesses públieos.

Ainda, segundo Costin (2010) enquanto o Estado desempenhava um papel restrito a poueo mais que a proteção de eontratos, segurança interna e externa da população e arbitragem de seus eonflitos, esse modelo de administração públiea pareeeu ser sufieiente.

(38)

2.3. O modelo burocrático

Segundo Weber (1998) a burocracia ideal deveria tratar de promover a divisão de trabalhos, apresentar uma hierarquia de autoridade, propiciar o ingresso na organização através de seleção formal, desenvolver e difundir regras e regulamentos positivados, cultuar a impessoalidade e infundir a mentalidade de separação entre gestão e propriedade. Com este receituário, o modelo burocrático buscava padronizar o comportamento das pessoas na organização para que a máxima eficiência fosse alcançada.

Ao analisar o conceito de Weber sobre burocracia, Vasconcelos (2007) indica que ele descrevia a burocracia como um conjunto de estruturas hierárquicas sólidas que apresentam definições estritas do procedimento previsto para todas as funções, assim como as competências e responsabilidades associadas a elas.

A burocracia, segundo Motta (2006), é uma tentativa de formalizar e coordenar o comportamento humano por meio do exercício da autoridade racional-legal, para o atingimento dos objetivos organizacionais gerais.

Maximiano (2009) esclarece que de acordo com Weber, as organizações formais modernas se baseiam em leis, que as pessoas respeitam por acreditarem que são

racionais, isto é, definidas em função do interesse das próprias pessoas e não para satisfazer caprichos arbitrários de um dirigente. Qualquer sociedade, organização ou grupo que se baseie em leis racionais é uma burocracia.

Para Ramos (1983) a burocracia é um assunto complexo, que tem sido focalizado sob variados ângulos. O conceito negativo da burocracia é tradicional, referindo-se ao

aspecto da rigidez do comportamento, o culto às normas abstratas, o regime da papelada

(paperasserie) e o parasitismo, tendo, ainda, na resistência à mudança uma figura de regularidade tendencial.

(39)

documentação, hierarquia funcional, especialização profissional, fixação ou permanência obrigatória do servidor na repartição durante determinado período de tempo e subordinação do exercício dos cargos a normas abstratas.

Motta (2004) afirma que a burocracia pertence à corrente do estruturalismo fenomenológico, onde existe uma discrepância entre o modelo de organização oficial, burocrático e as práticas informais.

É

um sistema que busca organizar, de forma estável e duradoura, a cooperação entre um grande numero de indivíduos, cada qual detendo uma função especializada. Separa-se a esfera pessoal, privada e familiar do trabalho.

Como pode ser verificado, parafraseando Tenório (2008), o modelo enaltece a racionalidade instrumental fazendo com que os meios se adéqüem ao objetivo, coisificando o homem, na medida em que padroniza e regulamenta comportamentos sem deixar margem para a inovação e a criatividade, baseada na racionalidade substantiva.

Resumindo em breves linhas, dos estudos de Max Weber sobre as organizações fez surgir à teoria burocrática, que preconiza a racionalidade administrativa através do

estabelecimento de padrões de comportamento e eficiência.

2.3.1. Características

Sobre as características da burocracia Maximiano (2009) afirma que as organizações formais ou burocráticas, apresentam três características principais que as distinguem dos grupos informais ou primários: formalidade, impessoalidade e profissionalismo. Essas três características formam o modelo ideal de burocracia, criado por Max Weber.

o modelo burocrático, para Bresser-Pereira e Spink (2006), pressupõe a existência das seguintes características:

a) divisão de trabalhos;

b) hierarquia de autoridade;

c) ingresso na organização através de seleção formal;

(40)

e) impessoalidade;

f) separação entre gestão e propriedade.

Sob a perspeetiva de Mota (2004) as earaeterístieas do modelo buroerátieo são:

a) funções definidas e eompetêneias estabeleeidas por lei;

b) direitos e deveres baseados no prineípio da igualdade buroerátiea, evitando o

elientelismo;

e) definições de hierarquia e espeeialização de funções;

d) impessoalidade nas relações;

e) objetivos explíeitos e estrutura formalizada; f) autoridade raeional-legal;

g) raeionalidade instrumental.

2.3.2. Funções

De aeordo eom Loureiro et aI (2010) o modelo buroerátieo passou a ser implementado em eontraponto às formas patrimonialistas de organização, onde havia a eonfusão entre o patrimônio pessoal e o patrimônio da organização.

Max Weber ao eriar a buroeraeia, entendida em sentido amplo, buseava apliear nas organizações seu eoneeito ideal de organização, baseada na raeionalidade e

hierarquização em todos os níveis, através da definição de regras e eondutas a serem seguidas de forma padronizada por todos os seus membros, buseando, desse modo, evitar, ou ao menos minimizar, as prátieas patrimonialistas.

Sobre o trabalho de Weber, Vaseoneelos (2007) afirma que segundo a tese weberiana de raeionalização da soeiedade, a modernização se eonstitui eomo um proeesso de expansão da raeionalidade instrumental (eáleulo utilitário das eonsequêneias) a esferas da vida soeial, antes reguladas por formas tradieionais de interação.

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a) predomínio da lógica científica;

b) consolidação de metodologias de análise racionais;

c) profissionalização das relações de trabalho e a consolidação de uma lógica visando garantir igualdade de todos diante de regras, reduzindo os favoritismos e clientelismos típicos das corporações de ofício;

d) a formalização da competências técnicas, permitindo evitar as perdas e

desperdícios próprios da tradição oral das comunidades artesanais e sociedades baseadas no costume e na tradição;

e) isomorfismo: a estrutura burocrática impessoal, dado o seu alto grau de formalização, é um modelo mais fácil de ser transposto para outras sociedades e incorporado por culturas diferentes.

Ainda de acordo com Motta (2004), apesar de todas essas "funções" ou vantagens do modelo burocrático, um ponto leva à discrepância entre o modelo organizacional oficial, burocrático, e as práticas informais. A distância entre os dois mundos: o mundo da organização formal - mundo da racionalidade e do cálculo, e o mundo das práticas informais - relacionado aos sentimentos e à afetividade, produz efeitos "disfuncionais",

que conduzem o modelo a se perder da lógica do one best way, ou seja, a melhor maneIra.

2.3.3. Disfunções

Como todo modelo teórico, a burocracia tenta criar um tipo ideal que possa ser aplicado em qualquer organização, fazendo com que suas tarefas e funções sejam realizadas de modo que os resultados almejados venham a ser alcançados da melhor forma possível.

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Apesar do esforço para implantar o ideal, todo modelo apresenta disfunções. No easo da buroeraeia, isso pode ser verifieado tão somente pelo estigma que o seu eoneeito traduz: regras demasiadas, eontroles exeessivos a priori, exeesso de formalismo, baixo nível de delegação, tramitação demasiada de doeumentos, dentre outras.

Corroborando eom a afirmativa aeima, Vaseoneelos (2007) assevera que na linguagem eomum, a buroeraeia assume, na maioria das vezes, uma eonotação pejorativa, sendo usualmente assoeiada à inefieiêneia, inefieáeia, atrasos, eonfusão, autoritarismo, privilégios e outros atributos negativos.

Merton apud Motta (2004) afirmava que a estrutura buroerátiea introduz transformações na personalidade de seus partieipantes que levam à rigidez, às difieuldades no atendimento aos elientes e à inefieiêneia, transformações essas responsáveis pelo que ehama de disfunções ou eonsequêneias imprevistas.

Para Roth (1993) o ereseimento das organizações aeentua as desvantagens da buroeraeia, difieultando o proeesso de tomada de deeisões, em virtude de eineo obstáeulos: meeanieismo, individualismo, interrupção de fluxo de informações, desestímulo à inovação e indefinição de responsabilidade.

Na buroeraeia, segundo Maximiano (2009), o fator humano é negligeneiado. As organizações não são raeionais eomo Weber as retratou e apresentam disfunções ou

anomalias nas earaeterístieas do tipo ideal, materializadas em: valorização exeessiva dos regulamentos, exeesso de formalidade, resistêneia a mudanças, despersonalização das relações humanas, hierarquização do proeesso deeisório, exibição de sinais de autoridade e difieuldade no atendimento aos elientes.

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2.4. Governança na administração pública

A governança na administração pública refere-se à capacidade de implementação de mudanças na gestão política, enfocando as relações existentes entre o Estado, o governo e a sociedade, destacando os mecanismos de cooperação e relacionamento entre os agentes.

Paula (2009) entende que na realidade atual, a burocracia tradicional deve ceder espaço para a chamada organização pós-burocrática que se caracteriza pela descentralização, estruturação em rede e pelo uso intensivo de tecnologias de informação.

Para Bresser-Pereira e Spink (2006) a necessidade de aumentar a eficiência do Estado é uma imposição do processo de globalização, que acirrou a competição entre os países. Em conseqüência, a administração pública burocrática tornou-se obsoleta e as burocracias públicas estão sendo levadas cada vez mais a adotar abordagem gerencial, baseadas na descentralização, no controle de resultados e não no controle dos procedimentos, na competição e no controle social direto.

Com base no acima exposto, observamos que o Estado necessita de modelos alternativos à burocracia para desempenhar o seu papel no novo mundo que se afigura,

um mundo virtual, global e sem fronteiras, que exige a adoção de procedimentos flexíveis e ágeis, para que os objetivos finais da organização e da sociedade sejam atingidos, além da ênfase conferida à função controle, que deve deslocar-se do controle de processo para o controle de resultado, não apenas pela própria administração, mas também pela sociedade.

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Nas últimas déeadas, a administração públiea brasileira passou por grandes transformações, sobretudo eomo parte do trânsito para a demoeraeia. Desenvolveram­ se novas prátieas e expeetativas de modernização, mas muitas de suas earaeterístieas tradieionais não foram removidas porque, eomo ehama atenção Cardoso (2006), as mudanças, em muitas oportunidades, se restringiram aos métodos tradieionais da buroeraeia, materializados na mera edição de um únieo ou de um eonjunto de atos ou legais e normativos deserevendo ou desenhando o Estado eom uma nova faee, esqueeendo-se de que a verdadeira mudança ou redefinição das formas de atuação do Estado oeorrem eomo um proeesso e não apenas através de um ato.

Keinert (1997) preeoniza que a reorganização dos serviços públieos pressupõe uma perspeetiva intersetorial, superando a fragmentação funeional, típiea das propostas buroerátieas elássieas. Em termos da estrutura organizaeional demanda-se um modelo que supere as limitações da forma buroerátiea de administrar o aparelho do Estado.

Na área espeeífiea da segurança públiea, os estudos de Ruediger e Rieeio (2009) apontam que, desde os anos de 1960, surgiram inieiativas de modifiear e redimensionar as estratégias de polieiamento, através da adoção de um modelo ehamado de polieiamento eomunitário.

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2.5. O modelo de Rede

Moura (1998) afirma que a abordagem de redes, eomo expressão dos novos arranjos interorganizaeionais que emergem na atualidade, indiea o ineremento dos proeessos de interdependêneia entre atores e organizações e, partieularmente, entre agentes públieos e privados. Ao mesmo tempo, identifiea-se o esgotamento da eapaeidade de integração e eoesão soeial das instituições representativas tradieionais, bem eomo da efieáeia das organizações buroerátieas e do modelo de planejamento global e eentralizado.

Osborne (2006) identifiea que o momento atual é mareado pelo eoneeito de new public

governance (NPG), earaeterizada pela visão de que o estado é o agente promotor ou

indutor da satisfação das neeessidades eoletivas, e não apenas um meeanismo de garantia dos direitos individuais, a exemplo da propriedade e dos eontratos, fazendo eom que se forme um "estado plural".

Uma das prineipais mudanças é a neeessidade de eooperação e integração entre as entidades públieas e, estas, eom a inieiativa privada e a soeiedade eivil organizada, no sentido de que sejam poteneializados reeursos e otimizadas as intervenções, fazendo eom que o modelo buroerátieo tradieional seja a eada dia posto de lado, eedendo espaço à gestão baseada em estruturas flexíveis e a integração através de redes.

De aeordo eom Fleury (2005), um fenômeno reeente, eada vez mais frequentemente observado, é a existêneia de redes, de polítieas ou estruturas polieêntrieas, envolvendo diferentes atores, organizações ou nódulos, vineulados entre si a partir do estabeleeimento e manutenção de objetivos eomuns e de uma dinâmiea gereneial eompatível e adequada a essa estrutura retieular, que se assenta em um poder eompartilhado e relações horizontalizadas.

Fleury (2005) ressalta que a eriação e manutenção da estrutura de redes impõem desafios administrativos fundamentais, vineulados aos proeessos de negoeiação e geração de eonsensos, estabeleeimento de regras de atuação, distribuição de reeursos e interação, eonstrução de meeanismos e proeessos eoletivos de deeisão, estabeleeimento

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Gráfico 3
Gráfico 5  SANTA CRUZ  COMPARATIVO DO TOTAL DE  CVll  2010 x  2011  25  20  20  15  10  5  O  2010  2011
Gráfico 6

Referências

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