• Nenhum resultado encontrado

Reestruturação produtiva e acidentes de trabalho no Brasil: estrutura e tendências.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Reestruturação produtiva e acidentes de trabalho no Brasil: estrutura e tendências."

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Reest rut uração produt iva e acident es

de t rabalho no Brasil: est rut ura e t endências

Re structuring o f p ro d uctio n and o ccup atio nal

accid e nts in Brazil: structure and tre nd s

1 Departam en to de Ep id em iologia,

Facu ld ad e d e Saú d e Pú blica, Un iversid ad e d e São Pau lo. Av. Dr. Arn ald o 715, São Pau lo, SP 01246-904, Brasil.

Victor W ü n sch Filh o 1

Abst ract Du rin g th e last tw o d ecad es, in cid en ce rates of occu p ation al accid en ts h ave been d e-creasin g in Braz il. Mortality h as also d ecreased , bu t n ot as sh arp ly as in cid en ce. Ch an ges in re-p ort in g of occu re-p a t ion a l a ccid en t s h a ve b een t h e m a in a rgu m en t u sed t o ex re-p la in su ch t ren d s. Th is tim e-series stu d y coverin g occu p ation al accid en ts from 1970 to 1995 clearly sh ow s th e lin k betw een occu p ation al accid en ts an d social an d econ om ical d eterm in an ts. Com p arin g 14 Brazil-ian States, a p ositive lin ear regression (r = 0.80) w as d etected betw een p rop ortion of w ork ers in in d u strial p rod u ction an d accid en ts. In th e 1980s, Braz il’s econ om ic recession led to an in crease in u n em p loym en t. Th e d eclin e in in d u strial jobs – th ose w ith a h igh er risk of accid en ts w as ac-cen ted by th e restru ctu rin g of p rod u ction an d in creased u se of com p u ter an d robotics tech n olo-gies in variou s m an u factu rin g sectors. Th e resu lt w as a h eavy sh ift of th e w ork force from in d u s-t ry s-t o com m erce a n d serv ices – jobs en s-t a ilin g low er risk of a ccid en s-t s. Th ese fa cs-t ors in flu en ced tren d s in occu p ation al accid en ts in Brazil d u rin g th is 25-year p eriod .

Key words Occu p a t ion a l Accid en t s Regist ry; Occu p a t ion a l Accid en t s; Occu p a t ion a l Hea lt h ; Work ers

Resumo A in cid ên cia d e acid en tes d e trabalh o n o Brasil ap resen ta ten d ên cia d ecrescen te n as d u as ú ltim as d écad as. A m ortalid ad e tam bém é d ecrescen te, p orém d e form a m en os acen tu ad a. O su bregistro tem sid o o p rin cip al argu m en to p ara exp lan ar tal fato. O estu d o d as séries tem p o-rais com base em d ad os secu n d ários d e 1970 a 1995 revela qu e a in cid ên cia d e acid en tes d e tra-balh o é sen sível às flu tu ações cíclicas d a econ om ia e vin cu la-se, em p articu lar, ao n ível d e ativi-d aativi-d e in ativi-d u strial. Detectou -se u m a correlação lin ear p ositiva (r = 0,80) en tre a p rop orção ativi-d e p es-soas ocu p ad as n a p rod u ção in d u strial e a in cid ên cia d e acid en tes em 14 estad os brasileiros. A recessão econ ôm ica d u ran te a d écad a d e 80 gerou d esem p rego. A qu ed a d a oferta d e em p regos form a is n o set or in d u st ria l – com m a iores riscos d e a cid en t es, foi a cen t u a d a p elo p rocesso d e reestru tu ração p rod u tiva e a in corp oração crescen te d a in form ática e d a robótica em d iferen tes p rocessos in d u striais. Com o con seqü ên cia h ou ve o d eslocam en to d e u m m aior volu m e d e força d e trabalh o p ara o setor terciário – com m en or risco d e acid en tes. Estes fatos foram d eterm in an -tes n a ten d ên cia d os acid en -tes d e trabalh o observad a n este p eríod o d e 25 an os.

(2)

Introdução

A in cid ên cia d e acid en tes d e trab alh o n o Brasil tem d eclin a d o d e form a sign ifica tiva n a s ú lti-m as d écad as, e a son egação d a n otificação p or p arte d as em p resas, d ecorren te d e vários fato-res, en tre os q u ais as freq ü en tes m u d an ças d e legislação, tem sid o o p rin cip al argu m en to su s-ten tad o p ara exp lan ar tal fato (Rib eiro & Lacaz, 1984; Men d es, 1988a ; Po ssa s, 1989; Lu cca & Men d es, 1993). En treta n to, o u tro s fa to res d e-vem esta r in flu en cia n d o essa ten d ên cia , p ois, n esse p eríod o, tan to a econ om ia d o País, com o os p adrões de em p rego tran sform aram -se su b s-tan cialm en te. É m ais rara n a literatu ra cien tífi-ca b ra sileira a d iscu ssã o d o efeito d e m ed id a s p reven tivas e ed u cativas sob re a ocorrên cia d e a cid en tes d e tra b a lh o, m a s ta m b ém é p o u co p rová vel q u e a a cen tu a d a red u çã o o b serva d a seja a co n seq ü ên cia d e resp o sta s a a çõ es d e p reven çã o p o sta s em p rá tica p ela s em p resa s ou agên cias govern am en tais resp on sáveis.

A in terferên cia d a m o d ern iza çã o d o s p ro cesso s p ro d u tivo s, co m a in co rp o ra çã o d a in -form ática e rob ótica p ela in d ú stria, sob re essa ten d ên cia , fo i a p o n ta d a p o r Rib eiro (1994). O d eslocam en to d a força d e trab alh o d o setor se-cu n d ário p ara o terciário, d ecorrên cia d a m o-d ern ização in o-d u strial, o-d eve tam b ém con trib u ir n esse p rocesso. Não ob stan te, tam p ou co é fácil avaliar o efeito isolad o d e cad a u m a d essas variá veis o u a co m p lexid a d e d o seu efeito co n -ju n to sob re a ten d ên cia à q u ed a d os acid en tes d e tra b a lh o. Po r o u tro la d o, o s vá rio s fa to res en volvid os p od em ser d ep en d en tes, com d ife-ren tes gra u s d e in ten sid a d e, d e u m d eterm n a n te co m m a io r n ível d e a b ra n gên cia – a d i-n â m ica eco i-n ô m ica d o Pa ís. Em p erío d o s d e crescim en to econ ôm ico, esp era-se q u e ocorra elevação d o n ível d e ocu p ação e, con seqü en tem en te, q u ed a d a taxa d e d esetem p rego. Ao con -trário, n os m om en tos d e red u ção d a ativid ad e econ ôm ica, u m efeito in verso é esp erad o (De-d ecca & Ferreira , 1989). Po rta n to, a a tivi(De-d a (De-d e econ ôm ica p od eria estar n a b ase d a ten d ên cia d os acid en tes d e trab alh o, u m a vez q u e os aci-d en tes n o tifica aci-d o s e aci-d isp o n íveis p a ra a n á lise sã o o s q u e o co rrem n o m erca d o d e tra b a lh o form al, e as oscilações en tre aqu ecim en to e re-tra çã o d a econ om ia d eterm in a ria m va ria ções n o n ú m ero d e trab alh ad ores exp ostos.

Para exp lorar essas h ip óteses, as taxas an u a is d e in cid ên cia d e a cid en tes d e tra b a lh o fo -ra m con fron ta d a s à s ta xa s in d ica tiva s d e evo-lu ção an o a an o d a econ om ia n acion al, através d o PIB per capita. Para a id en tificação d as p os-síveis im p lica çõ es d a s tra n sfo rm a çõ es n a es-tru tu ra d e trab alh o em cu rso n o Brasil sob re a

in cid ên cia d os acid en tes, exam in ou se o com -p ortam en to d a ten d ên cia d os acid en tes d e trab alh o d e acord o com as variações d as p orcen tagen s d e p essoal em p regad o n a p rod u ção in d u stria l n o s esta d o s b ra sileiro s e co m a s m u -d an ças n a com p osição -d a força -d e trab alh o p or setor d e ativid ad e d a econ om ia.

Font es de dados e mét odos

O m aterial d e estu d o é form ad o p or d ad os se-cu n d ários, com origem em d iferen tes fon tes e com estru tu ra d e coleta b em con h ecid a, d isp o -n íveis h á algu m as d écad as. Este estu d o ecoló-gico d e séries tem p orais en glob a os acid en tes d e tra b a lh o n o tifica d o s a o sistem a d e segu ri-d ari-d e social n o País en tre 1970 e 1995.

Acident es de t rabalho

Os n ú m eros sob re acid en tes d e trab alh o foram levan tados do Boletim Estatístico dos Aciden tes de Trabalh o (BEAT), da base do In stitu to Nacio-n al d e Segu rid ad e Social (INSS/ Datap rev). Tais d ad os en con tram -se d isp on íveis d esd e 1970.

Pela legisla çã o b ra sileira , o s a cid en tes d e trab alh o são even tos d e n otificação com p u lsó-ria m ed ia n te a co m u n ica çã o d e a cid en tes d e tra b a lh o (CAT). Sã o n o tifica d o s p ela CAT n ã o ap en as os acid en tes-tip o (ocorrid os d u ran te o h o rá rio d e exercício d a a tivid a d e), m a s ta m -b ém o s d e tra jeto (o co rrid o s en tre o p ercu rso d e casa p ara o trab alh o e viceversa) e as d oen -ça s p rofission a is. A CAT d eve ser em itid a p ela em p resa à qu al o trab alh ad or está vin cu lad o e, ca so a em p resa se recu se a em iti-la , isto p od e ser feito p elos serviços d e saú d e, sin d icatos, ou p elo p ró p rio tra b a lh a d o r. O fim p rin cip a l d e em issão d a CAT é d e ord em legal, sign ifican d o o d ireito d o trab alh ad or ao segu ro acid en tário ju n to ao INSS; p ortan to, a CAT rep resen ta o re-gistro e o recon h ecim en to oficial d o acid en te. O INSS p u b lica relatórios p eriód icos, m as a d e-sa grega çã o d o s d a d o s n ese-sa s p u b lica çõ es é b a sta n te lim ita d a , restrin gin d o-se à s ca ra cte-rísticas d o acid en te: tip o, d e trajeto ou d oen ça p rofission al; n ú m ero d e acid en tes p or regiões e estad os d a fed eração; n ível d e in cap acid ad e, tem p orária ou p erm an en te, e tem p o d e afasta-m en to d o trab alh o.

Produt o int erno brut o (PIB)

(3)

evo-lu ção, u tilizaram -se os valores p ercen tu ais cal-cu lad os p or Iu n es (1995) e p ela FIBGE (FIBGE, 1997). Assu m iram -se com o válid os os critérios u tilizad os n essas p u b licações p ara m in im izar o efeito d as altas taxas d e in flação n o p eríod o so -b re as taxas d e variação d o PIB p er cap ita (PIB d ivid id o p ela p op u lação). As relações en tre PIB

p er cap itae a cid en tes d e tra b a lh o fo ra m exa m in adas p ela con trap osição das variações an u -ais d o PIB per capitaà evolu ção d as taxas d e in -cid ên cia an u al d e a-cid en tes d e trab alh o.

Trabalhadores segurados e população economicament e at iva (PEA)

Os n ú m ero s so b re a p o p u la çã o segu ra d a p ro -vêm d o Min istério d o Tra b a lh o, q u e p ro d u z su as estim ativas com b ase n o cad astro geral d e em p rego e d esem p rego. Pela lei 4.923, d e 1965, as em p resas q u e op eram n o Brasil ob rigam -se a in fo rm a r m en sa lm en te o n ú m ero d e tra b a -lh ad ores con tratad os e d em itid os. As estim ati-vas têm origem em d ad os d e 496.964 em p resas, co b rin d o to d o s o s seto res e ra m o s d e a tivid a d e. Esses d ad os são p u b licad os p elo INSS ju n -ta m en te co m o s d e a cid en tes d e tra b a lh o. As variações n o n ú m ero d e trab alh ad ores segu ra-d os foram calcu lara-d as an u alm en te. A estim ati-va d a força d e trab alh o foi feita p elos n ú m eros d a p op u lação econ om icam en te ativa (PEA) d a FIBGE (1991d ; 1993c) e d e Oliveira et al. (1995).

Análise dos dados

A ob servação cu id ad osa d os d ad os d essa série h istórica sob re acid en tes d e trab alh o n a fon te origin al e em ou tras p u b licações com d iferen -tes gra u s d e a grega çã o su gere p eq u en a s (cir-cu n stan cialm en te gran des) in con sistên cias n os d ad os. Com o ob jetivo d e n eu tralizar a variab i-lid ad e aleatória e d e p riorizar as ten d ên cias gerais n o acom p an h am en to d a evolu ção d os in -d ica -d o res só cio -eco n ô m ico s e -d o s a ci-d en tes, em p rego u se o p ro ced im en to d e m éd ia s m ó veis an u ais, q u e foram calcu lad as con sid eran -do-se, além da variação a cada an o, as taxas corresp o n d en tes a o s a n o s im ed ia ta m en te a d ja cen tes, an terior e p osterior (Roth m an & Green -lan d , 1998).

No s p ro ced im en to s d e a n á lise, fo ra m ex-clu ídas as doen ças p rofission ais, qu e con trib u í-ram n a série h istórica com p rop orções an u ais, em geral, m en ores d e 1%. Os acid en tes d e trajeto, em b o ra p o ssa m a p resen ta r d eterm in a n -tes p a rticu la res e d iferen -tes d a q u eles d os a ci-d en tes-tip o, fo ra m m a n tici-d o s n a a n á lise, p o is em a lgu n s esta d o s n ã o se o b tivera m o s d a d o s desagregados. Com os dados n acion ais, foi p

os-sível d esen vo lver a n á lises sep a ra d a s d o s a ci-d en tes-tip o e ci-d e tra jeto. Na série h istó rica , o s a cid en tes d e tra jeto a u m en ta ra m p ro p o rcio -n alm e-n te d e 1,3% em 1970 p ara 7,3% em 1995; o s a cid en tes-tip o, p o r o u tro la d o, tivera m a p a rticip a çã o red u zid a d e 98,7% em 1970 p a ra 92,7% em 1995. As oscilações do registro de aci-d en tes n o p erío aci-d o h istó rico o b ser va aci-d o fo ra m estim ad as p elo cálcu lo d a variação p ercen tu al an u al.

As ta xa s d e in cid ên cia e m o rta lid a d e p o r acid en tes d e trab alh o p ara o País foram calcu -lad as em term os d e trab alh ad ores em p regad os (exp ostos) com b ase n o n ú m ero d e trab alh ad o-res segu rad os ju n to ao INSS. Para o cálcu lo d as taxas n as regiões e estad os b rasileiros, a con s-tru ção d o d en om in ad or teve com o b ase a PEA. Co m o o b jetivo d e a va lia r a in flu ên cia d e d iferen tes p a d rõ es d a estr u tu ra eco n ô m ica e d e em p rego so b re o s a cid en tes d e tra b a lh o, com p araram -se in d icad ores d o n ível d e in d u s-trialização n a econ om ia e d a p rop orção d a força d e tra b a lh o vin cu la d a à in d ú str ia em d ife -ren tes estados brasileiros (FIBGE, 1991a; 1991b ; 1991c; 1991d ; 1993a ; 1993b ) co m a in cid ên cia d os acid en tes ocu p acion ais. Com o m esm o en -foq u e, exam in ou -se a relação en tre as p rop or-ções d e p essoas em p regad as n o setor terciário e os acid en tes d e trab alh o.

Result ados

A ten d ên cia d eclin an te d os acid en tes d e trab alh o en tre 1970 e 1995 d iz resp eito tan to ao n ú -m ero ab solu to, q u an to à in cid ên cia. E-m 1970, ocorria m 167 a cid en tes em ca d a gru p o d e m il tra b a lh a d ores segu ra d os p ela Previd ên cia So-cia l; em 1980, esta rela çã o red u z-se a 78 p o r m il; em 1990, a 36 p or m il; em 1994, atin giu 16 p or m il. No tocan te à m ortalid ad e, a taxa red u -ziu -se en tre 1970 e 1994 d e 31 p ara 14 p or cem m il trab alh ad ores.

A leta lid a d e cresceu m a is d e q u a tro vezes n o p erío d o, d e 0,18% em 1970 p a ra 0,84% em 1994. Nos ú ltim os 15 an os d a série, a letalid ad e au m en tou em tod as regiões b rasileiras, m as d e form a m ais in ten sa n as regiões Norte, Nord es-te e Cen tro-Oeses-te, p articu larm en es-te n esta ú lti-m a (Figu ra 1).

(4)

cor-relata con stata-se p ara o PIB per capita(Figu ra 2). Po rta n to, a s d u a s séries tem p o ra is evo lu íram com m ovim en tos p róxim os, revelan do ten d ên cias cíclicas sim ilares. Os d ois ou tros su b -con ju n tos d e acid en tes d e trab alh o – d e trajeto e fa ta is –, q u a n d o a n a lisa d o s sep a ra d a m en te, tam b ém m ostraram cu rvas sem elh an tes, ap e-sa r d a m a io r a m p litu d e d e va ria çã o d o s a ci-d en tes ci-d e tra jeto n a p rim eira p a rte ci-d o s a n o s

70, e d a s o scila çõ es m a is b ru sca s o b ser va d a s n a ocorrên cia n os acid en tes d e trab alh o fatais n a segu n d a m etad e d a m esm a d écad a.

Na Ta b ela 1, n o ta -se q u e cerca d e 65% d a s n otifica ções n o Pa ís tivera m origem n a regiã o Su d este e u m p o u co m a is d e 20% n o s esta d o s d o Su l. São Pau lo, isolad am en te, registra cerca d e 45% d os acid en tes. En tre 1980 e 1990, essas p ro p o rçõ e s, a p e sa r d a s d iscre ta s va ria çõ e s,

Fig ura 1

Evo lução d a le talid ad e p o r acid e nte s d e trab alho nas g rand e s re g iõ e s b rasile iras. Brasil, 1980-1994.

0,0 %

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

No rte

No rde ste

Ce ntro -O e ste

Sude ste

Sul

1994 1992

1990 1988

1986 1984

1982 1980

Fig ura 2

Variação anual d o PIB p e r cap ita e d a incid ê ncia p o r acid e nte s d e trab alho (x 1.000). Brasil, 1970-1995.

-20 -15 -10 -5 0 5 10 15

PIB pe r capita

Acide nte s

1995 1993 1991 1989 1987 1985 1983 1981 1979 1977 1975 1973 1971

va

ri

a

çã

o

a

n

u

a

l

(m

é

d

ia

m

ó

ve

l

e

m

%

)

Fo nte : INSS/ DATAPREV. Bo le tim Estatístico d e Acid e nte s d e Trab alho (BEAT).

(5)

m an tiveram se estáveis. O n ú m ero d e acid en -tes registrad os p or m il in d ivíd u os d a PEA é cerca d e d u a s a três vezes m a io r n a s regiõ es Su -d este e Su l em rela çã o à regiã o No rte, e três a qu atro vezes m aior qu an d o com p arad o com os n ú m eros d o Cen tro-Oeste. O grau d a d iferen ça m a n teve-se en tre 1980 e 1990. A co m p a ra çã o en tre as regiões Su d este e Nord este revela q u e o n ível d a d iferen ça n o n ú m ero d e a cid en tes p ela PEA au m en tou d e três p ara seis vezes en -tre 1980 e 1990. A ta xa d e in cid ên cia a n u a l d e a cid en tes o cu p a cio n a is p ela PEA a p resen to u ten d ên cia à qu ed a em tod as as regiões b rasilei-ras, sen d o, con tu d o, m ais exp ressivo n a região Nord este.

A Figu ra 3 m ostra a correlação en tre a p ercen tagem d a força d e trab alh o ligad a à p rod u -çã o in d u stria l em 14 esta d o s b ra sileiro s em 1985 e a in cid ên cia d e a cid en tes d e tra b a lh o p ela PEA em 1990. O coeficien te d e correlação (r) d e 0,80 in d ica q u e esta d o s co m m a io r n ú -m ero d e tra b a lh a d ores e-m p rega d os n a in d ú stria n otificam m aior n ú m ero d e acid en tes ocu -p acion ais. Os valores corres-p on d en tes ao Esta-d o Esta-d e Sã o Pa u lo fo ra m elim in a Esta-d o s, u m a vez q u e a gra n d e p o rcen ta gem d a fo rça d e tra b a -lh o em p regad a n a in d ú stria (44,6%), d estoan te d a q u ela d o s d em a is esta d o s d a fed era çã o, in

-d u zia a -d istorções n a ten -d ên cia qu e se b u scava o b ser va r. Po r ra zã o exa ta m en te o p o sta , ta m b ém fo ra m elim in a d o s o s va lo res co rresp o n -d en tes a o Distrito Fe-d era l (0,24% -d a fo rça -d e trab alh o vin cu lad a à p rod u ção in d u strial). Cor-rela çõ es p ró xim a s fo ra m ta m b ém o b serva d a s en tre o va lo r d a tra n sfo rm a çã o in d u str ia l (r = 0,64) e o PIB p er cap ita(r = 0,87) co m a in ci-d ên cia ci-d e a cici-d en tes ci-d e tra b a lh o p ela PEA. Es-ses coeficien tes d e correlação p erm item in ferir q u e os estad os com m aior n ível d e in d u striali-za çã o têm m a io r PIB p er cap ita e registra m m aior n ú m ero d e acid en tes d e trab alh o em re-lação à PEA.

Du ra n te to d a a d éca d a d e 80, o co rreu a u m en to p ercen tu al con tín u o d a p op u lação ocu -p a d a n o seto r terciá rio, va ria n d o d e 47,1 em 1981 p a ra 55,2 em 1990, e q u ed a n o secu n d á -rio, d e 23,7 p ara 21,9. A cu rva d a in cid ên cia d e acid en tes d e trab alh o acom p an h a a ten d ên cia co rresp o n d en te à q u ela d a o cu p a çã o n o seto r secu n d ário e d iverge com relação à d a ocu p a -ção n o setor terciário (Figu ra 4).

Tab e la 1

Acid e nte s d e trab alho (AT) e p o p ulação e co no micame nte ativa (PEA) nas g rand e s re g iõ e s g e o g ráficas. Brasil, 1980 e 1990.

Região Anos NoAT1 (%) AT/ AT PEA AT/ PEA Diferença

Brasil (x1.000) (1980-90)

No rte 1980 26.692 1,8 1.203.529 22,18

1990 12.888 1,7 1.983.422 6,50 - 3,4

No rd e ste 1980 108.902 7,5 7.113.080 15,31

1990 52.505 6,8 17.231.677 3,05 - 5,0

Ce ntro -O e ste 1980 32.938 2,3 2.461.363 13,38

1990 22.218 2,9 4.608.573 4,82 - 2,8

Sud e ste 1980 981.881 67,2 20.086.301 48,88

1990 502.675 65,4 29.601.295 16,98 - 2,9

Sul 1980 310.155 21,2 5.264.071 58,92

1990 178.417 23,2 11.043.014 16,15 - 3,6

Brasil 1980 1.460.498 100,0 36.128.344 40,43

1990 768.703 100,0 64.467.981 11,92 - 3,4

1Acid e nte s típ ico s e d e traje to . Excluíd as as d o e nças p ro fissio nais.

(6)

Discussão

No ú ltim o q u a rto d e sécu lo, o Bra sil co n so li-d ou -se en q u an to socieli-d ali-d e in li-d u strial. Im p u l-sion ad o p ela in d ú stria, acen tu ou seu p erfil u r-b a n o e su a econ om ia cresceu m a is d e três ve-zes, m u ito em b ora as graves d iferen ças sociais en tre regiõ es e cid a d ã o s, p resen tes a n terio r-m en te à in d u strialização, ten h ar-m -se r-m an tid o. Desd e o fin a l d a d éca d a d e 70, o Pa ís vem so fren d o u m p ro cesso d e reestru tu ra çã o p ro -d u tiva, qu e se acen tu ou n o in ício -d a -d éca-d a -d e 90. A in d ú stria b ra sileira a va n ço u n a su a m o -d ern ização com ên fase n a in form atização, ro-b otização e racion alização organ izacion al. Isso tem gerad o taxas d e d esem p rego ascen d en tes, ca ra cteriza n d o o q u e o s eco n o m ista s cla ssifi-cam com o d esem p rego estru tu ral. Dois ou tros fa to res d istin to s, em b o ra co m p lem en ta res, con trib u em p ara com p or o q u ad ro d a reestru -tu ração p rod u tiva: o p rim eiro é a con statação d a red u ção n os n íveis d e em p rego form al e su a su b stitu ição p or variad as form as d e flexib iliza-çã o e d esregu la m en ta iliza-çã o (An tu n es, 1997); o segu n d o é a p erd a d a im p o rtâ n cia rela tiva d o setor secu n d ário n a com p osição d o PIB b rasi-leiro, d e 40,6% em 1980 p a ra 34,3% em 1990 (Oliveira et al., 1995). A estru tu ra d e em p regos n o p aís m od ifica-se, com a elim in ação d e p os-to s d e tra b a lh o n a in d ú stria e a a m p lia çã o d o m ercad o d e trab alh o n o setor d e serviços.

Essa con figuração con jun tural tem sido con -sid erad a p or algu n s au tores com o o in d ício d a tran sform ação d o País em d ireção a u m a socie-d a socie-d e p ós-in socie-d u stria l, m a s, m a is p recisa m en te, trata-se d e u m d os d esd ob ram en tos evolu tivos d as socied ad es in d u striais: com o au m en to d a p rod u tivid ad e, os setores ad m in istrativos e d e ser viço s d a eco n o m ia ten d em a crescer m a is ra p id a m en te d o q u e a p ró p r ia in d ú stria , to r-n ar-n d o-se er-n tão as p rir-n cip ais for-n tes d e em p regos (Lan d es, 1994). O setor d e serviços d ep en -d e -d a in -d ú stria. Qu an to m ais -d esen volvi-d o u m d eterm in a d o setor in d u stria l, m a ior a exigên -cia d e serviços, e, d e fato, m u itos serviços d e al-ta tecn ologia são exten sões ou com p lem en tos d a ativid ad e in d u strial (Goren d er, 1997).

Nos 25 an os con tem p lad os p or este estu d o, m ais d e 29 m ilh ões d e acid en tes e m ais d e cem m il m ortes relacion ad as ao trab alh o foram re-gistra d os n o Bra sil. Ou tro con tin gen te d e a ci-d en tes e ci-d e m ortes, atin gin ci-d o os trab alh aci-d ores d o setor in form al d a econ om ia e com n ú m eros ocu ltos, d everia ain d a ser con sid erad o e som a-d o àqu ele total. A au sên cia a-d e in form ações sis-tem á tica s so b re o s n ú m ero s d e a cid en tes d e tra b a lh o n o Pa ís a n tes d e 1970 n ã o p er m ite o a d eq u a d o escru tín io e d im en sio n a m en to d o Fig ura 4

Po p ulação o cup ad a (%) no s se to re s se cund ário e te rciário e incid ê ncia d e acid e nte s d e trab alho (x 100.000). Brasil, 1981-1990.

0 10 20 30 40 50 60

Te rciário / Se rviço s Se cundário / Indústria Acide nte s

1990 1986

1983 1981

Fig ura 3

Co rre lação e ntre p e rce ntual d e p e sso al e mp re g ad o na p ro d ução ind ustrial (1985) e incid ê ncia d e acid e nte s d e trab alho p e la PEA (1990) e m 14 e stad o s b rasile iro s.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

24 acide nte s de trab alho / PEA (po r mil) 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 PA ES AM MS PI PB CE BA PE PR RJ MG SC RS p e rc e n tu a l d e p e ss o a l n a p ro d u çã o i n d u st ri a l

Fo nte s: Bo le tim Estatístico d e Acid e nte s d e Trab alho (BEAT). INSS. Fund ação IBGE, Ce nso Ind ustrial, 1985.

(7)

p ro b le m a e m to d o o p e río d o a n te rio r à q u e la d ata. Desd e en tão, em b ora com ten d ên cia d e-clin an te, os acid en tes con stitu em -se n o p rin ci-p al even to m órb id o en tre os trab alh ad ores b ra-sileiro s n o exercício d o seu o fício. A m o rte d e in d ivíd u os em p len a fase p rod u tiva traz corro-sivas rep ercu ssões p ara a q u alid ad e d e vid a d e su as fam ílias e, p or exten são, p ara a econ om ia b rasileira.

As a sso cia çõ es en co n tra d a s n este estu d o red u zem a relevân cia atrib u íd a à son egação d a in form a çã o, tese m a is a m p la m en te d ifu n d id a p ara exp lan ar a qu ed a n o n ú m ero d e acid en tes d e tra b a lh o registra d o s n o Pa ís. O fa to é q u e su a in flu ên cia está p resen te em to d a a série h istórica e, em b ora n ão d esp rezível, ap aren tem en te é tem en o r d o q u e tetem sid o su gerid o. To -d a via , -d eve-se ressa lta r q u e a su b n o tifica çã o a ge d e fo rm a sin érgica co m o s d eterm in a n tes sócio-econ ôm icos e, segu ram en te, con trib u iu p ara am p lificar a ten d ên cia evid en ciad a.

O efeito d a su b n o tifica çã o p o d e in d ireta -m en te ser p resu -m id o p ela cu rva ascen d en te d a leta lid a d e. As rela çõ es en tre leta lid a d e e su b -registro fo ra m já o b jeto d e d iscu ssã o p o r a l-gu n s a u to res (Men d es, 1988b ; Fu n d a cen tro, 1992; Ca rm o et a l., 1995). O su b -registro a tu a so b re o s a cid en tes leves, co n seq ü en tem en te, elevan d o as taxas d e letalid ad e. En tretan to, as estim ativas feitas p ara o fin al d os an os 80, q u e ap on taram taxas d e su b -registro d os acid en tes d e trab alh o n o País d a ord em d e 60%, com cál-cu lo s b a sea d o s n a h ip ó tese d e ta xa s d e leta li-d ali-d e h om ogên eas em toli-d o o p eríoli-d o (Fu n li-d a-cen tro, 1992), d evem ser aceitas com reservas.

O n ú m ero d e acid en tes registrad os p or m il in d ivíd u os d a PEA é m aior n o Su d este e Su l qu e n as d em ais regiões d o Brasil. En tre 1980 e 1990, a ten d ên cia d e q u ed a d e registro d e acid en tes p ela PEA, em bora p resen te em todas as regiões, fo i m a is in ten sa n o No rd este, regiã o co m o s p iores ín d ices socia is e econ ôm icos d o Bra sil. Po r o u tro la d o, a q u ed a d e registro fo i m en o r n a região Cen tro-Oeste (Tab ela 1).

Do is fa to s d evem esta r p resen tes q u a n d o d a in terp reta çã o d esses d a d os: o p rim eiro d iz resp eito à m od ern ização d a agricu ltu ra, p arti-cu larm en te im p ortan te n a região Cen tro-Oes-te, a o co n seq ü en te a u m en to d a p a r ticip a çã o d os em p regos form ais en tre as p essoas ocu p a-d as em ativia-d aa-d es agrícolas e à rea-d u ção a-d as re-lações d e p rod u ção b asead as n o trab alh o fam i-liar (Oliveira et al., 1995); o segu n d o relacion a-se à m igra çã o d e p la n ta s in d u stria is em d u a s d ireçõ es, d o s gra n d es cen tro s u rb a n o s p a ra o in terior d e seu s resp ectivos estad os, fen ôm en o q u e vem sen d o o b ser va d o n o Esta d o d e Sã o Pa u lo d esd e o fin a l d a d éca d a d e 70, e d o Su

-d este e Su l p ara ou tras regiões -d o País, p rin ci-p alm en te o Nord este. Nesta região, n o en tan to, os d ad os são in versos ao esp erad o, já q u e com o in crem en to d a in d u strialização se esp eraria a u m en to d o n ú m ero d e n o tifica çõ es n o No r-d este. É p rová vel q u e este fa to r, co m a tu a çã o rela tiva m en te recen te, n ã o ten h a tid o a in d a a força su ficien te p ara alterar o efeito d e ou tros fatores estru tu rais h istoricam en te ligad os à re-gião n ord estin a.

In d iretam en te p ela letalid ad e, a su b n otifi-cação revelou -se h eterogên ea n as diferen tes re-giıes b rasileiras. O au m en to d as taxas d e letali-d aletali-d e a p artir letali-d a segu n letali-d a m etaletali-d e letali-d a letali-d écaletali-d a letali-d e 80 é p ercep tível em todas as regiões, m as o qu a-dro evolu tivo in dica taxas m ais altas n o Cen tro-Oeste, Nordeste e Norte. O Su deste ap resen ta as taxas m ais b aixas e estáveis. Isto in d ica q u e as alterações n os n ú m eros d o d en om in ad or (n ú -m ero d e a cid en tes registra d o s) p a ra o cá lcu lo d a taxa d e letalid ad e foram d iferen ciad as en tre a s regiõ es. Um a p o ssível exp lica çã o p a ra a s con statações exp ressas n a Figu ra 1 foi assin a -lad a p or Carm o et al. (1995): n a m etad e d a d éca d a d e 80, a elim in a çã o d o p a ga m en to d ife -ren cia d o a o s h o sp ita is p elo a ten d im en to a o s acid en tad os d e trab alh o rep ercu tiu sob re a n o-tificação, ou seja, aten d er acid en tad os d o tra-b alh o d eixou d e ter u m ap elo econ ôm ico. Isto, a p esa r d e co n trib u ir p a ra a u m en ta r o su b -re-gistro, teve, p elo m en os en qu an to h ip ótese, u m efeito b en éfico n a ou tra p on ta d a qu estão: d ei-xaram d e ser registrad os com o d e trab alh o aci-d en tes qu e n ão o eram .

Im p ortan te ain d a assin alar q u e as d iferen -ça s en tre a s ta xa s d e leta lid a d e n a s d iferen tes regiões m a n tivera m -se n o p eríod o: em m éd ia d u as a três vezes m aiores n os estad os d o Norte, Nord este e Cen tro-Oeste em relação aos d o Su l e Su d este. Con clu i-se q u e a su b n otificação foi sem p re m ais exp ressiva n as regiões com estru -tu ras cap italistas m en os d esen volvid as e m ar-cad as p ela m aior p recaried ad e d as relações d e tra b a lh o. A su b n o tifica çã o d ep en d e a in d a d e, p elo m en os, d ois ou tros fatores: n ível d e orga-n iza çã o d o s tra b a lh a d o res e a b ra orga-n gêorga-n cia d e serviços d e saú d e voltad os p ara as qu estões re-lacion ad as ao trab alh o. Esses fatores, ap esar d e rep resen tarem forças in d ep en d en tes sob re os a cid en tes d e tra b a lh o, estã o co n ecta d o s à d i-n âm ica d e coi-n cei-n tração d o cap ital.

(8)

A evolu ção tan to d o PIB p er cap ita, q u an to d a n otificação d os acid en tes d e trab alh o m os-traram ten d ên cia d eclin an te n o p eríod o an ali-sa d o. A n o tifica çã o d o s a cid en tes d e tra b a lh o foi m u ito sen sível às flu tu ações d o PIB p er ca-p ita. Ao crescim en to p ositivo d o PIB p er cap i-tacorresp on d eram taxas tam b ém p ositivas d o registro d e acid en tes. Por ou tro lad o, p eríod os d e crescim en to n egativo d a econ om ia in d u zi-ram m od ificações n a cu rva n o m esm o sen tid o. Essa s rela ções m a n tivera m -se, a p esa r d a s p eq u e n a s d ife re n ça s, p a ra eq u a iseq u e r d o s co n -ju n to s d e a cid en tes a n a lisa d o s: tip o, d e tra je-to, ou fatais.

O PIB b ra sileiro d ep en d e n ã o a p en a s d a orien tação d as p olíticas econ ôm icas n acion ais; é tam b ém b astan te vu ln erável a fatores d e or-d em extern a. No in ício or-d a or-d écaor-d a or-d e 70, a eco-n o m ia b ra sileira vivia u m p erío d o d e ieco-n teeco-n sa eu fo ria , co m n íveis d e crescim en to a cim a d e 10% a o a n o. Essa situ a çã o co m eço u a m u d a r em 1973 co m a p rim eira crise m u n d ia l d o p etróleo e ap rofu n d ou se n o fin al d aq u ela d éca -d a n o cu rso -d o segu n -d o ch o q u e -d o p etró leo (Iu n es, 1995). Em 1978, qu an d o a econ om ia es-b oça va u m a tím id a rea çã o à p rim eira crise d e p etró leo, em erge a segu n d a crise. Esses d o is even to s liga d o s a o m erca d o d e p etró leo m a rca ra m a evo lu çã o d o Pa ís n o s a n o s 70 e im -p regn a ra m a ten d ên cia d o PIB p er cap ita (Figu ra 2), m ostra n d o q u e su a econ om ia d ep en -d en te ressen tiu -se -d os efeitos -d a recessão q u e a tin giu os p a íses in d u stria liza d os d esen volvi-d os n o fin al volvi-d aq u ela volvi-d écavolvi-d a. Vale lem b rar q u e é n essa ép o ca q u e eclo d e o m ovim en to d o s m etalú rgicos d o ABC p au lista, categoria d e tra-b alh ad ores d iferen ciad a p elos salários relativa-m en te a lto s e q u e, su b ita relativa-m en te, vira relativa-m -se d e-fron te ao d esem p rego em m assa. A crise reces-siva d os a n os 70 rep ercu tiu p or tod a a d éca d a d e 80 n a econ om ia d o Brasil.

A recessã o eco n ô m ica , en q u a n to fen ô m e -n o iso la d o, gero u d esem p rego e red u ziu d e m o d o a cen tu a d o a o ferta d e em p rego fo rm a l (com registro em carteira) n os gran d es cen tros u rb an os. Parte d os trab alh ad ores d esem p rega-d os tran sferiu -se p ara o setor in form al rega-d a ecn om ia e talvez teecn h am aí sofrid o acid eecn tes, p o-rém n ão registrad os com o ligad os ao trab alh o. Logo, a p rim eira e p rin cip al h ip ótese a ser con -sid erad a p ara ju stificar a q u ed a d o n ú m ero d e acid en tes n o País d os p rim eiros an os d a d éca-d a éca-d e 70 até o in ício éca-d a éca-d écaéca-d a éca-d e 80 é a reces-são e a su a con seqü ên cia d ireta sob re o m erca-d o erca-d e trab alh o. Um asp ecto m arcan te erca-d a erca-d éca-d a éca-d e 80, e q u e éca-d e certa fo rm a a éca-d iferen cia éca-d a d e 70, é o crescim en to d e fo rm a s d e in serçã o n o m ercad o d e trab alh o qu e se afastam d o m o

-d elo clássico -d e em p rego, com p ortam en to -d etectá vel a p a rtir d a q u ed a d o n ú m ero d e em -p regos n a econ om ia e -p ela ex-p an são d o trab a-lh o au tôn om o (Oliveira et al., 1995).

A d iscreta retom ad a d o crescim en to econ ô-m ico eô-m 1982, e qu e se ô-m an téô-m até 1986-1987, im p rim iu reorien tações n a ten d ên cia d e regis-tro dos aciden tes de trabalh o. Hu m p h rey (1992) n o ta q u e n a q u ele p erío d o fo i o b ser va d a u m a am p liação acen tu ad a d o con tin gen te d e assala ria d o s co m ca rteira a ssin a d a . Co m o a p ro -fu n d a m en to d a recessã o, o d eclín io d o s a ci-d en tes registraci-d os é n otável (Figu ra 2). No in í-cio da década de 90, o n ú m ero de aciden tes n o-tifica d o s rep resen ta va cerca d e 50% d o regis-tra d o n o co m eço d o s a n o s 80. To d a via , a p ó s atin gir, em 1992, o n ível de variação an u al m ais b aixo d e tod a a série h istórica, a ten d ên cia in -verte-se e a cu r va d a o co rrên cia d e a cid en tes d e tra b a lh o a com p a n h a a retom a d a d a evolu -ção p ositiva d o PIB.

Às va ria çõ es n o crescim en to eco n ô m ico n ã o corresp on d em d ireta m en te oscila ções si-m ila res n a s ta xa s d e esi-m p rego e d esesi-m p rego, p ois estas d ep en d em d e ou tro fator ad icion al – o in crem en to d a força d e trab alh o. Dian te d as flu tu a çõ es d a eco n o m ia , o a ju ste d o m erca d o de trabalh o n ão ocorre sim p lesm en te p elo trân sito en tre o cu p a çã o e d esem p rego, m a s, ta m -b ém , p ela en tra d a e sa íd a d e p esso a s d a PEA, isto é, p elo flu xo en tre a tivid a d e e in a tivid a d e (Ded ecca & Ferreira, 1989). Não é ob jetivo d este estu d o d eta lh a r e d iscu tir a s p a rticu la rid a d es en vo lven d o PIB e ta xa s d e em p rego e d e -sem p rego, con tu d o tais im p licações foram d e-tecta d a s, u m a vez q u e, q u a n d o co n fro n ta d a s as cu rvas d a variação an u al d os trab alh ad ores segu ra d o s e d o PIB p er cap ita, esta s ta m b ém revelaram cu rvas p róxim as e sem elh an tes.

Essa relação p róxim a en tre as flu tu ações cíclicas d a econ om ia e d a in cid ên cia d e acid en tes d e trab alh o foi tam b ém , p or m eio d e estu -d o s co n tem p la n -d o séries m a is lo n ga s, o b ser-vad a em ou tros p aíses: Fin lân d ia (Saari, 1982) e Estad os Un id os (Rob in son , 1988).

É p ossível qu e o d esem p rego in d u za ao au -m en to n o n ú -m ero d e h o ra s tra b a lh a d a s e n a in ten sid ad e d o trab alh o en tre os qu e p erm an e-cem n a p ro d u çã o e q u e ta l fa to resu lte em m a ior risco d e a cid en tes en tre estes tra b a lh a-d o res. Sem a-d ú via-d a , isso p o a-d e ter o co rria-d o em algu n s setores d a p rod u ção, m as n o exam e d o con ju n to d e acid en tes ocorrid os e n otificad os n o País p revaleceu a p ercep ção d as ten d ên cias gerais, d ep en d en tes d o n ú m ero d e in d ivíd u os exp ostos.

(9)

d os estad os. A in d u strialização carrega con sigo u m p ro cesso m a io r e m a is co m p lexo – a m o -d ern ização, qu e se caracteriza p or u m a com b i-n a çã o d e m u d a i-n ça s i-n ã o a p ei-n a s i-n o m o d o d e p rod u ção, m as n a ord em social e in stitu cion al, n o corp o d e con h ecim en tos, n as atitu d es e valo res –, q u e p ro m ove u m m a io r n ível d e o rga -n iza çã o d a so cied a d e (La -n d es, 1995). O seto r in d u strial é o qu e m ais gera acid en tes (Wü n sch Filh o, 1995) e, em b o ra o tra b a lh o in d u stria l, en q u a n to va riá vel iso la d a , p o ssa rep resen ta r m aiores riscos d e acid en tes, é im p ortan te con -sid erar qu e a in d u strialização m elh ora a legali-za çã o d o tra b a lh o e isso, p o r si só , a u m en ta a n otifica çã o d e a cid en tes d e tra b a lh o. Deve-se assin alar ain d a qu e os d ad os qu e in d icam qu e -d a -d a p op u lação ocu p a-d a n o setor secu n -d ário revelam qu e tal fato foi p articu larm en te im p or-tan te n a in d ú stria d a con stru ção civil – d e 8,1% em 1981 p a ra 6,2% em 1990 (Oliveira et a l., 1995) –, ra m o d e a tivid a d e a p o n ta d o em d iferen tes estu d os com o aqu ele com m aior p oten -cia l p a ra gera r a cid en tes (Lu cca & Men d es, 1993).

Pa ra lela m en te a o m ovim en to recessivo d a econ om ia, fatores relacion ad os à reestru tu ra-ção p rod u tiva en tram em cu rso m ais acelerad o n a o rd em ca p ita lista b ra sileira n a d éca d a d e 80: a m ã o d eo b ra m igra p a ra o seto r d e co -m ércio e serviços; a crescen te flexib ilização d as rela çõ es d e tra b a lh o in d u z o s tra b a lh a d o res a a ceita r em p rego s n o m erca d o in fo rm a l, sem ga ra n tia s tra b a lh ista s e p revid en ciá ria s; h á o m ovim en to d e tra n sferên cia d e p a rcela s d a p ro d u çã o in d u stria l p a ra em p resa s m en o res, d e cu n h o fam iliar e com características d e tra-b alh o au tôn om o. Esses fatores atu am sotra-b re os a cid en tes d e tra b a lh o e in flu em so b re o s d a -d os, p articu larm en te n aqu eles sob re os qu ais é p erm itid a u m a visu alização m ais clara e siste-m ática: os acid en tes q u e ocorresiste-m n o siste-m ercad o d e trab alh o form al.

Ban cos d e d ad os são fon tes valiosas p ara o estu d o d a s q u estõ es d e sa ú d e; en treta n to, a s d ificu ld ad es p ara op erar essas in form ações d e-vem ser reco n h ecid a s, co m o, p o r exem p lo, li-m itações d a qu alid ad e d os d ad os coletad os e o viés d e id en tifica çã o d o even to estu d a d o. As p a rticu la rid a d es q u e ca ra cteriza m o s a cid en tes d e tra b a lh o co n figu ra m u m sistem a co m -p lexo d e -p rob lem a, qu e en volve n u m erosos fa-to res, d esd e o s d e o rd em gera l a té o s d e n ível in d ivid u al, com p esos variáveis e fu n cion an d o em co m b in a çõ es ca m b ia n tes. É d ifícil lid a r com esse tip o situ ação, m esm o q u an d o se d is-p õe d e d ad os is-p recisos e qu e su is-p ortam an álises sofisticad as. Não é o caso d os d ad os d e acid en -tes d e trab alh o n o con texto b rasileiro.

(10)

Referências

ANTUNES, R., 1997. Glob alização em d eb ate. Estu dos Avan çados, 11:362-349.

CARMO, J. C.; ALMEIDA, I. M.; BINDER, M. C. P. & SETTIMI, M. M., 1995. Acid en tes d e trab alh o. In :

Patologia do Trabalh o(R. Men d es, org.), p p. 431-455, São Pau lo: Ath en eu .

DEDECCA, C. S. & FERREIRA, S. P., 1989. Din âm ica d e trab alh o n a Gran d e São Pau lo: in terrelações en tre va ria çõ e s d o n íve l d e o cu p a çã o e d a p o p u -la çã o econ om ica m en te a tiva (1985-87). In : Mer-cad o d e Trabalh o n a Gran d e São Pau lo: Pesqu isa d e Em p rego e Desem p rego(Fu n d ação Sead e), p p. 3-19, São Pau lo: Sead e-Dieese.

FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e Estatística), 1991a. An u ário Estatístico d o Brasil: 1991. Rio d e Jan eiro: FIBGE.

FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e Estatística), 1991b. Cen sos econ ôm icos 1985. Bra-sil (Cen so In du strial no1).Rio d e Jan eiro: Diretoria d e Pesq u isa s, Co o rd en a çã o d o s Cen so s Eco -n ôm icos, Dep artam e-n to d e I-n d ú stria, FIBGE.

FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e Estatística), 1991c. Cen sos econ ôm icos 1985. Bra-sil (Cen so In du strial no2).Rio d e Jan eiro: Diretoria d e Pesq u isa s, Co o rd en a çã o d o s Cen so s Eco -n ôm icos, Dep artam e-n to d e I-n d ú stria, FIBGE. FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e

Estatística), 1991d . Pesqu isa Nacion al p or Am os-tra d e Dom icílios – PN AD: Brasil e Gran d es Re-giões. PN AD. M ão-d e-Obra – 1990. Vol. 13, Rio d e Jan eiro: FIBGE.

FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e Estatística), 1993a. An u ário Estatístico d o Brasil: 1992. Rio d e Jan eiro: FIBGE.

FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e Estatística), 1993b. Brasil em N ú m eros – 1992. Vol. 2, Rio d e Jan eiro: FIBGE.

FIBGE (Fu n d a çã o In st it u t o Bra sile iro d e Ge o gra fia e Estatística), 1993c. Pesqu isa Nacion al por Am os-t ra d e Dom icílios – PN AD: Sín os-t ese d e In d ica d o-res d e Pesq u isa Bá sica – 1990. Rio d e Ja n e iro : FIBGE.

Agradeciment os

Ao Dr. José Ed u ard o C. Mon cau , d o Dep artam en to d e Me d icin a Pre ve n tiva d a Esco la Pa u lista d e Me d ici-n a/ Uici-n ifesp, e à Professora Izild iici-n h a Reis, d o Dep ar-ta m e n to d e Ep id e m io lo gia d a Fa cu ld a d e d e Sa ú d e Pú b lica , p ela leitu ra d o m a n u scrito e fu n d a m en ta is su gestões.

A ep id em iologia d eve m an ter estreita vigilân cia sob re as m u d an ças n as taxas d e acid en -tes d e trab alh o n os p róxim os an os. Ten d ên cias d eclin a n tes n ã o d evem ilu d ir. Deve-se, a n tes, qu estion ar o seu sign ificad o. A im in en te p rivatização d o segu ro d e acid en tes d e trab alh o in -d ica q u e o s -d a -d o s so b re a ci-d en tes ten -d erã o a se d eterio ra r. Co rre-se o risco d e reto rn o à si-tu ação an terior a 1970, qu an d o as segu rad oras q u e d a va m co b ertu ra a o s a cid en ta d o s d e tra -b alh o n ão m an tin h am tais d ad os organ izad os, p erd id os irrem ed iavelm en te.

(11)

FIBGE (Fu n d ação In stitu to Brasileiro d e Geografia e Esta tística ), 1997. Sistem a d e Con tas N acion ais. Brasil, 1996. Vo l. 2, Rio d e Ja n e iro : Dire to ria d e Pesqu isas, Coord en ação d os Cen sos Econ ôm icos, Dep artam en to d e Con tas Nacion ais, FIBGE. FUNDACENTRO (Fu n d ação Jorge Du p rat Figu eired o

d e Segu ran ça e Med icin a d o Trab alh o), 1992. Bo-letim Estatístico da Fu n dacen tro, 15:1-61. GORENDER, J., 1997. Glo b a liza çã o, tecn o lo gia e

re-la çõ e s d e tra b a lh o. Estu d os Avan çad os, 11:311-349.

HUMPHREY, J., 1992. Os p rob lem as d o em p rego e d o d e se m p re go e m Sã o Pa u lo. N ovos Estu d os CE-BRAP, 32:143-165.

IUNES, R. F., 1995. Mu d an ças n o cen ário econ ôm ico. In : Velh os e Novos Males da Saú de n o Brasil (C. A. Mo n te iro, o rg.), p p. 33-60, Sã o Pa u lo : Hu cite c/ Nu p en s.

LANDES, D. S., 1994. Prom eteu Desacorren tad o: Tran sform ação Tecn ológica e Desen volvim en to In d u strial n a Eu rop a Ocid en tal, d esd e 1750 até a Nossa Época. Rio d e Jan eiro: Nova Fron teira. LUCCA, S. R. & MENDES, R., 1993. Ep id em iologia d os

a cid en tes d e tra b a lh o fa ta is em á rea m etro p o li-ta n a d a regiã o Su d este d o Bra sil, 1979-1989. Re-vista de Saú de Pú blica, 27:168-176.

MENDES, R., 1988a . O im p a cto d o s e fe ito s d a o cu -p a çã o so b re a sa ú d e d o s tra b a lh a d o re s. I. Mo r-b id ad e.Revista de Saú de Pú blica, 22:311-326. MENDES, R., 1988b. O im p a cto d o s e fe ito s d a o cu

-p a çã o so b re a sa ú d e d o s tra b a lh a d o res. II. Mo r-talid ad e. Revista de Saú de Pú blica, 22:441-457.

OLIVEIRA, J. S.; PORCARO, R. M. & JORGE, A. F., 1995. Mu d an ças n o p erfil d e trab alh o e ren d im en to n o Brasil. In : In dicadores Sociais: Um a An álise da Dé-cada de 1980(FIBGE), p p. 145-76. Rio d e Jan eiro: FIBGE.

POSSAS, C., 1989. Epidem iologia e Sociedade: Hetero-gen eidade Estru tu ral e Saú de n o Brasil. São Pau lo: Hu citec.

RIBEIRO, H. P. & LACAZ, F. A. C., 1984. In cap acid ad e, trab alh o e p revid ên cia social. In : De qu e Adoecem e Morrem os Trabalh adores(H. P. Rib eiro & F. A. C. Lacaz, org.), p p. 187-209, São Pau lo: Diesat/ Im e-sp.

RIBEIRO, H. P., 1994. O n ú m ero d e a cid en tes d e tra -b a lh o n o Bra sil co n tin u a ca in d o : so n e ga çã o o u realid ad e? S.O.S., m ar./ ab r.:14-21.

ROBINSON, J. C., 1988. Th e risin g lon g-term tren d in o ccu p a tio n a l in ju ry ra te s. Am erican Jou rn al of Pu blic Health, 78:276-281.

ROTHMAN, K. & GREENLAND, S., 1998. Modern Ep i-dem iology. Ph ilad elp h ia: Lip p in cott & Raven . SAARI, J., 1982. Lo n g-term d evelo p m en t o f o ccu p

a-tio n a l a ccid en ts in Fin la n d . Scan d in avian Jou r-n al of Work , Er-n viror-n m er-n t ar-n d Health, 8:85-93. WÜNSCH FILHO, V., 1995. Variações e ten d ên cias n a

Imagem

Fig ura 1

Referências

Documentos relacionados

Uma das características da sociedade contemporânea é a crescente preocupação com a proteção do meio ambiente, como conseqüência dos danos e riscos ambientais advindos

A engenharia civil convive com problemas tecnológicos e de gestão, motivo pelo qual projetos apresentam má qualidade. São elaborados rapidamente, sem planejamento,

Todos esses dados, além da primeira ocorrência de Cyclopogon variegatus acrescentam informações valiosas e essenciais para a riqueza de espécies da flora local e sua

The analysis of the expressive and instrumental gestures, from the perspective of the body as a transitory space of relations and instrument, as a multisensory space, showed that the

e cols Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: manual para diagnóstico e tratamento Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: manual para diagnóstico e

Considerando que a criminalização do aborto voluntário no primeiro trimestre da gravidez é uma grave intervenção em diversos direitos fundamentais da mulher e que essa

È importante que o gerenciamento do custo total veja a empresa como uma interface entre os fornecedores e os clientes, sendo que esta deve identificar, coletar, organizar e analisar

O objetivo deste artigo é mensurar as probabilidades de admissão e desligamento no mercado de trabalho brasileiro ao longo do tempo, e avaliar a contribuição de cada uma delas para