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Uma análise do embeddedness na formação de valor em redes de empresas: um exemplo de aplicação em uma rede do setor metal-mecânico

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

SIMONE CRISTINA DE OLIVEIRA GOBBO

UMA ANÁLISE DO EMBEDDEDNESS NA FORMAÇÃO DE VALOR EM REDES

DE EMPRESAS: UM EXEMPLO DE APLICAÇÃO EM UMA REDE DO SETOR

METAL-MECÂNICO

BAURU

(2)

SIMONE CRISTINA DE OLIVEIRA GOBBO

UMA ANÁLISE DO EMBEDDEDNESS NA FORMAÇÃO DE VALOR EM REDES

DE EMPRESAS: UM EXEMPLO DE APLICAÇÃO EM UMA REDE DO SETOR

METAL-MECÂNICO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Bauru, para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção

Orientador:

Prof. Dr. José Paulo Alves Fusco

BAURU

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DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO UNESP - Campus de Bauru

Gobbo, SCO.

Uma análise do embeddedness na formação de valor em redes de empresas: um exemplo de aplicação em uma rede do setor metal-mecânico / Simone Cristina de Oliveira Gobbo, 2010.

145 f.

Orientador: José Paulo Alves Fusco

Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia, Bauru, 2010

1. Posicionamento dos atores. 2. Redes de

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(5)

Dedico este trabalho

Aos meus pais, Antenor e Antonia. A minha irmã, Aline (in memorian).

(6)

AGRADECIMENTOS

Ao meu esposo, por me amar em todos os momentos, me respeitar e, sempre, apoiar e incentivar a busca de conhecimento para a realização deste trabalho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. José Paulo Alves Fusco, pelo carinho, apoio e incentivo à pesquisa.

A todos os professores e funcionários do Departamento de Engenharia de Produção e da secretaria de Pós-graduação, da UNESP de Bauru, pelo aprendizado e disponibilidade.

Aos professores da banca: Dr. Marcel Andreotti Musetti, Dr. José Benedito Sacomano e Dr. Fernando Bernardi de Souza, pela participação e contribuições.

À Daniela Cordeiro, pela ajuda no agendamento das entrevistas com os profissionais das empresas.

Aos profissionais das empresas, pela atenção com que atenciosamente me receberam e concederam seus depoimentos.

A toda a minha família, pela companhia e apoio nos momentos difíceis.

A todos os meus amigos e colegas de mestrado, em especial: Alessa, Ana Beatriz, Débora, Éveri, Keity, Patricia, Rosani, Rosane e Rita, pelos conselhos, compreensão e amizade, que muito me estimularam ao enfrentamento deste desafio.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro.

(7)

RESUMO

Esta pesquisa analisa as estruturas e os relacionamentos em uma rede de empresas do setor metal-mecânico, localizada no interior do Estado de São Paulo. Entende-se que, por meio da atividade econômica de cada empresa, forma-se a estrutura da rede de empresas, na qual são negociados insumos e produtos entre os atores. Nessa mesma estrutura, configura-se uma rede de relações organizacionais que pode influenciar o desempenho da empresa, por meio de seus laços relacionais diretos ou indiretos. Os resultados das atividades organizacionais dependem das relações e posicionamento dos vários atores da rede de empresas (fornecedores, clientes, provedor logístico, agente financeiro, associações, entre outros). Nesse contexto, esta dissertação apresenta uma revisão da literatura sobre redes de empresas, ferramentas de análise de redes, análise posicional das redes e valor. O principal objetivo é compreender como o posicionamento dos atores pode influenciar a formação de valor, em função das operações exploradas por uma rede de empresas em um determinado negócio. Para tanto, propõe-se uma abordagem metodológica para analisar de que modo os aspectos de posicionamento (estruturais e relacionais) dos atores influenciam a formação de valor. A rede de empresas foi delimitada e mapeada a partir de uma empresa da rede (ator central). Foram escolhidos outros três atores com maior interação e intensidade no relacionamento com o ator central. Na pesquisa de campo, foram identificados os principais elementos para a formação de valor. O método de pesquisa utilizado é principalmente qualitativo e os dados obtidos serviram como exemplo de aplicação de uma rede de empresas do setor metal-mecânico. A técnica utilizada foi a de etapas formais de estudo de caso para garantir a validade do trabalho. O uso da abordagem metodológica proposta envolve os aspectos estruturais e relacionais da rede estudada e forneceu subsídios para compreender a influencia do posicionamento dos atores em relação à formação de valor das operações exploradas por uma rede de empresas. A estrutura geral da rede é difusa, sendo composta por um grande número de atores, o que favorece a propagação de informações. Entretanto, o núcleo da rede da empresa analisada é denso, com laços fortes entre os principais atores envolvidos no processo de manufatura. Dentro desses contextos, conclui-se que os aspectos de posicionamento estrutural e relacional identificados podem influenciar a formação de valor dos produtos.

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ABSTRACT

This thesis examines the structures and relationships in an inter-firm network of the metal-mechanic sector, located in a specific region of the São Paulo State in Brazil. It is understood that by means of economic activity of each company is formed the structure of the inter-firm network, in which are traded materials and products among the actors. On the same structure, it is configured a network of organizational relationships that can influence the performance of the company, through indirect or direct relational ties. The results of the organizational activities depend of relations and positioning of various actors of the inter-firm network (suppliers, customers, logistics provider, financial agents and associations, among others). In this context, this research presents a review of the literature on inter-firm networks, network analysis tools, positional analysis of networks and value. The main goal is to understand how the positioning of the actors (in this case, a business unit) may influence the formation of value, depending of the operations used by an inter-firm network. In addition, it proposes a methodological approach to analyze how the positioning aspects (structural and relational) of actors influence the formation of value. The inter-firm network has been defined and mapped from a company (central actor). Three actors were chosen, based on greater intensity and interaction in the relationship with this central actor. In the field research have been identified the main elements for the value formation. The methodological approach is mainly qualitative, and the data obtained was used as an application example in an inter-firm network of the metal-mechanic sector. The research method which was used is the formal steps of the case study to ensure the validity of the work. The use of a methodological approach involves the structural and relational aspects of the network studied and provided information for understanding the influence of the positioning of actors in relation to the value formation of operations performed in an inter-firm network. The general structure of the network is diffuse, consisting of a large number of actors, which favors the spread of information. However, the core of the inter-firm network is considered dense, with strong links between the main actors involved in the manufacturing process. Within this context, it is concluded that the positioning aspects of actors in the studied network (structural and relational) influence the formation of value.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Conteúdo do trabalho ... 19

Figura 2: Diagrama metodológico ... 21

Figura 3: Interfaces críticas: alianças horizontais versus verticais ... 28

Figura 4: Tipologia de redes de empresas ... 30

Figura 5: Elementos morfológicos das redes ... 35

Figura 6: Rede difusa e a rede densa ... 42

Figura 7: Aspectos que compõe a análise de redes ... 43

Figura 8: Distância cognitiva ... 46

Figura 9: Relacionamento entre embeddedness inter-firma e comportamento empresarial ... 47

Figura 10: a. Sistema aberto e b. Sistema fechado ... 50

Figura 11: Valor monetário total, preço e excedente do consumidor ... 57

Figura 12: Excedente do consumidor em relação aos elementos de valor ... 58

Figura 13: Utilizando os serviços para valorizar o núcleo do produto... 60

Figura 14: A cadeia de valor... 63

Figura 15: O valor líquido pelo sistema e seus componentes... 66

Figura 16: Um sistema de entrega de valor ... 68

Figura 17: Relacionamentos de barganha e o valor de troca capturado ... 74

Figura 18: Abordagem de avaliação do posicionamento do ator (estrutural e relacional) em relação à formação de valor dentro de uma rede de empresas ... 77

Figura 19: Elementos básicos da rede de interações ... 86

(10)

LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Condições relevantes para escolher a estratégia de pesquisa ... 22

Quadro 2: Tipologia das redes ... 33

Quadro 3: Propriedades das redes ... 36

Quadro 4: Dimensões da força dos laços ... 45

Quadro 5: Análise comparativa dos fatores de posicionamento ... 48

Quadro 6: Principais conceitos das variáveis independentes do embeddedness estrutural ... 52

Quadro 7: Principais conceitos das variáveis independentes do embeddedness relacional ... 53

Quadro 8: Instrumento de análise em redes - embeddedness estrutural e embeddedness relacional ... 78

Quadro 9: Instrumento de análise para a formação de valor ... 79

Quadro 10: O Brasil no contexto mundial ... 84

Quadro 11: Vendas Internas – Mercado brasileiro em 2009 e 2010 ... 84

Quadro 12: Levantamento de dados da entrevista na Empresa Hub ... 89

Quadro 13: Levantamento de dados da entrevista no Fornecedor A ... 94

Quadro 14: Levantamento de dados da entrevista no Revendedor B ... 100

Quadro 15: Levantamento de dados da entrevista no Provedor Logístico C ... 105

Quadro 16: Os elementos (tangível, intangível, serviços e econômicos) em relação a formação de valor dos produtos. ... 122

(12)

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ... 13

1.1 Introdução ... 13

1.2 Questão de pesquisa... 15

1.3 Objetivos ... 15

1.4 Delimitação da pesquisa ... 16

1.5 Justificativa ... 16

1.6 Estrutura do trabalho ... 17

2 ABORDAGEM METODOLÓGICA ... 20

2.1 Origem da pesquisa ... 20

2.2 Planejamento da pesquisa ... 20

2.3 Método de pesquisa ... 21

2.4 Exemplo de aplicação ... 23

3 REVISÃO DA LITERATURA ... 25

3.1 Redes de empresas ... 25

3.1.1 Alianças e parcerias em redes ... 27

3.2 Tipologia de redes ... 30

3.2.1 Redes sociais ... 30

3.2.2 Redes burocráticas ... 32

3.2.3 Redes proprietárias ... 33

3.3 Formas de análise de redes ... 34

3.4 Propriedade das redes ... 36

3.5 Análise posicional das redes ... 37

3.5.1 Embeddedness estrutural ... 39

3.5.2 Embeddedness relacional ... 42

3.5.3 Embeddedness cognitivo ... 46

3.6 Rede como um sistema aberto e fechado ... 49

3.7 Valor ... 54

(13)

3.7.2 Rede de valor ... 62

3.7.3 Sistemas de criação e entrega de valor ... 64

3.7.4 Criação de valor ... 69

3.7.5 Captura de valor... 72

3.7.5.1 Valor capturado e força percebida dos relacionamentos ... 72

3.7.5.2 Captura de valor: fornecedores de trabalho ... 74

4 PROPOSTA DE ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DO POSICIONAMENTO DOS ATORES NA FORMAÇÃO DE VALOR DENTRO DE UMA REDE DE EMPRESAS ... 76

4.1 Abordagem proposta... 76

5 EXEMPLO DE APLICAÇÃO EM UMA UNIDADE DE NEGÓCIOS DENTRO DE UMA REDE DE EMPRESAS DO SETOR METAL-MECÂNICO ... 81

5.1 O setor metal-mecânico ... 81

5.2 Caracterização dos atores analisados ... 85

5.3 Empresa Hub ... 87

5.3.1 Dados da entrevista na empresa Hub ... 89

5.4 Fornecedor A ... 92

5.4.1 Dados da entrevista – Fornecedor A... 93

5.5 Revendedor B ... 96

5.5.1 Dados da entrevista – Revendedor B ... 99

5.6 Provedor Logístico C ... 103

5.6.1 Dados da entrevista – Provedor Logístico C ... 105

6 ANÁLISE DOS DADOS EMPÍRICOS ... 108

6.1 Análise estrutural e relacional da rede de empresas estudada ... 108

6.1.1 Aspectos de posicionamento estrutural ... 108

6.1.2 Aspectos de posicionamento relacional ... 111

6.2 Formação de valor ... 115

6.3 A influência do posicionamento dos atores (estrutural e relacional) na formação de valor dos produtos ... 122

6.3.1 Aspectos de posicionamento estrutural ... 123

(14)

7 CONCLUSÕES ... 128

7.1 Conclusões Gerais ... 128

7.2 Limitações da pesquisa ... 131

7.3 Sugestões para pesquisas futuras ... 131

REFERÊNCIAS ... 132

(15)

1. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

O objetivo deste capítulo é apresentar a introdução, a questão de pesquisa, os objetivos, a delimitação da pesquisa, a justificativa e a estrutura do presente trabalho.

1.1 Introdução

A cadeia de suprimentos representa uma visão resumida de uma rede de organizações interconectadas por meio de ligações nos dois sentidos dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços, os quais são colocados nas

mãos do consumidor final (CHRISTOPHER, 1997). No entanto, “a teoria de cadeia de

fornecimentos exige uma ampla análise de negócios, envolvendo não apenas uma única empresa, mas todas as empresas e seus parceiros dentro da rede de operações” (FUSCO,

2004, p.48).

Para fazer referência à gestão ou gerenciamento de uma cadeia, os termos utilizados variam entre cadeia de suprimentos e cadeias de fornecimento (CHRISTOPHER, 1997; GOBBO JUNIOR e PIRES, 1997; CHOPRA e MEINDL, 2003; FUSCO, 2005). Alguns autores (SLACK e LEWIS, 2002; CORRÊA e CAON, 2002; MORGAN, 2007) começaram a

utilizar o termo “supply networks” ou redes de suprimentos. Segundo Pereira (2003), os autores diferenciam a cadeia de suprimentos da rede de suprimentos, enfatizando que a rede é composta por uma série de relacionamentos paralelos - uma série de ligações de operações cuja intersecção está na empresa focal - das diversas cadeias que formam a rede de empresas. Diante do exposto, nesta pesquisa foi adotado o termo “redes de empresas”.

(16)

indivíduos. Esses atores muitas vezes são pessoas, mas geralmente podem ser grupos, organizações ou nações (WASERMAN e FAUST, 1994).

A teoria de redes é indicada para complementar o estudo, pois permite acessar os diferentes aspectos relacionais à rede de empresas. De acordo com Brass et al. (2004), é necessário distinguir a perspectiva multi-nível de redes em: interpessoal ou redes sociais, redes intra-empresa e redes inter-empresas. Os relacionamentos da rede têm lugar entre indivíduos, e a forma como eles formam as redes influencia a formação das redes de empresas. Nohria e Eccles (1992) argumentam que devem ser consideradas cinco premissas básicas na abordagem da organização como rede interconectada: todas as organizações são, sob determinados aspectos, redes sociais e precisam ser analisadas como tais; o ambiente organizacional é constituído de uma rede formada por outras organizações; as atitudes e comportamentos dos atores organizacionais podem ser mais bem compreendidos em função de seu posicionamento na rede; as ações são restringidas e delineadas pela rede; e a análise comparativa das organizações precisa considerar as características da sua rede.

Assim, como acontecem com os indivíduos, as relações entre organizações condicionam as escolhas e restringem a ação através de acordos de comportamento e normas operacionais. As organizações estão posicionadas e imersas (embedded) em uma estrutura de relações que, por sua vez, influenciam a sua performance (UZZI, 1997) e a simetria de poder entre os atores econômicos (MIZRUCHI e GALASKIEWICS, 1993). Quando imersas nessa estrutura, as organizações relacionam-se e atuam conforme a sua posição dentro dessa rede (SACOMANO NETO, 2004).

Na literatura sobre embeddedness, quatro aspectos são identificados: o cognitivo, o cultural, o político e o estrutural, que permitem compreender como a estrutura geral da rede, os relacionamentos internos e externos e as distâncias cognitivas existentes afetam o comportamento dos atores (ZUKIN e DIMAGGIO, 1990). Em particular, as empresas deveriam estar interessadas em perseguir configurações estruturais da rede de empresas e tipos de portfólios de relacionamentos que pudessem servir para maximizar a formação de valor dos produtos.

Neste trabalho, entende-se por “posicionamento dos atores” a posição que eles

(17)

ator na rede) e o embeddedness relacional (relacionamentos diretos e indiretos ligando o ator a outros atores). Ambos serão explorados posteriormente.

Para uma maior compreensão sobre o posicionamento dos atores em rede, Autry e Griffis (2008) argumentam que, além de os atores serem capazes de acessar valor através de seus laços relacionais, a forma com que estes se posicionam na rede e os meios pelos quais são conectados ou desconectados com outras empresas também permitem alcançar valor.

Portanto, o objetivo do presente trabalho é compreender de que modo o posicionamento dos atores, dentro de uma rede de empresas, influencia os aspectos que definem a formação de valor em função das operações exploradas pela rede. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, utilizando um exemplo de aplicação no setor metal-mecânico com o objetivo de analisar e ilustrar a influência do posicionamento desses atores. Por questões de natureza prática, foi feito um recorte na rede de empresas para a realização do estudo empírico. Assim, a rede objeto de análise foi delimitada em uma empresa (ator central) e mais três atores identificados com maior intensidade no relacionamento com o ator central. Dessa forma, em resumo, espera-se obter elementos para propor uma abordagem metodológica que incorpore os aspectos acima citados.

1.2 Questão de pesquisa

Considerando a relevância dos estudos sobre redes de empresas, redes sociais, posicionamento dos atores e valor, o presente estudo busca responder as seguintes questões de pesquisa:

x Quais são os elementos de valor que os atores da rede consideram importantes na formação de valor dos produtos?

x Como os aspectos de posicionamento relacional e estrutural dos atores de uma rede influenciam a formação de valor dos produtos?

1.3 Objetivos

(18)

metodológica para analisar de que modo os aspectos de posicionamento (estruturais e relacionais) dos atores influenciam a formação de valor.

1.4 Delimitação da pesquisa

Para a realização dessa pesquisa somente serão considerados os aspectos do embeddedness estrutural e relacional que estejam diretamente ligados ao posicionamento dos atores. Dessa forma, a literatura estudada compreende redes de empresas, tipologia das redes, posicionamento dos atores (estrutural e relacional) e valor.

A partir da teoria, foi proposta uma abordagem metodológica ilustrada por meio de um exemplo de aplicação em uma rede de empresas do setor metal-mecânico localizado na região de Piracicaba/SP. A pesquisa de campo foi delimitada em uma empresa (ator central) e mais três atores do núcleo principal da rede.

1.5 Justificativa

Apesar de a literatura sobre embeddedness apresentar diversos motivos para explicação da dinâmica competitiva da rede, as pesquisas têm focado as características estruturais e relacionais da cadeia de suprimentos e o seu respectivo desempenho (AUTRY e GRIFFIS, 2008). Particularmente, as firmas deveriam estar interessadas em buscar formas estruturais da rede de empresas e tipos de portfólios de relacionamentos que pudessem servir para a formação de valor dos produtos.

As organizações não estão isoladas. Elas fazem parte de um intrincado e complexo sistema de relações e atores que influenciam as decisões em relação à dinâmica com que devem ocorrer as operações da rede.

Inicialmente, foram conduzidos alguns estudos sobre a influência do posicionamento dos atores em redes de empresas.

Sacomano Neto (2004) analisou o posicionamento dos fornecedores de autopeças. A intensidade do relacionamento entre montadora e seus fornecedores de primeiro nível influenciam os níveis de controle e a difusão do conhecimento técnico e gerencial entre esses atores.

(19)

prioridades competitivas e áreas de decisão da estratégia de operações num contexto de redes de empresas. Simsek et al. (2003), em sua pesquisa, propõem um modelo de como embeddedness estrutural influencia o comportamento empresarial (CE).

Apesar de esses autores discutirem temas relacionados à embeddeness e valor, nenhum deles aprofundou uma investigação da relação entre o posicionamento dos atores em uma rede de empresas e a formação de valor no contexto de redes, apesar da relevância que o tema tem tanto para o segmento acadêmico quanto para o empresarial. Portanto, compreender como o posicionamento dos atores auxilia a formação de valor das operações exploradas por uma rede de empresas tornou-se uma contribuição importante na literatura sobre o tema.

1.6 Estrutura do trabalho

Este trabalho está estruturado em sete capítulos. A seguir, encontra-se, na Figura 1, um resumo do seu conteúdo.

O Capítulo 1 apresenta a introdução do trabalho, discute a questão da pesquisa, seus objetivos, sua delimitação, a justificativa em termos de relevância e a estrutura do trabalho. Uma das questões de pesquisa que guiou o estudo foi ilustrada por meio de um retângulo e a reflexão de como isso tem sido tratado na literatura (Figura 1). Essa reflexão forneceu subsídios para a análise dos dados empíricos, tratado no Capítulo 6. Na justificativa são levantados os principais estudos na literatura recente e a contribuição desse estudo.

O Capítulo 2 compreende a abordagem metodológica. Apresenta a origem da pesquisa, seu planejamento, seus métodos e o exemplo de aplicação, no qual são descritos os meios pelos quais busca se garantir o tratamento adequado dos dados.

O Capítulo 3 é dedicado a uma revisão da literatura sobre redes de empresas, tipologia das redes, propriedades das redes, formas de análise de redes, análise posicional das redes (embeddedness estrutural, relacional e cognitivo) e valor. O objetivo dessa revisão foi adquirir conhecimentos necessários para a realização do trabalho.

O Capítulo 4 expõe a proposta de abordagem para avaliação do posicionamento dos atores no contexto de uma rede de empresas. Além da abordagem metodológica, também foram propostos mais dois quadros como instrumentos para análise da rede. Tanto a abordagem quanto os instrumentos foram baseados na literatura sobre o tema.

(20)

conclusões, tratado no Capítulo 6. Nesse capítulo são apresentados o setor metal-mecânico, a rede de empresas estudada e os atores que participaram deste estudo.

O Capítulo 6 envolve a análise dos resultados da pesquisa de campo realizada em uma rede de empresas do setor metal-mecânico. Os resultados são analisados com base na proposta da abordagem metodológica e nos instrumentos de análise que foram desenvolvidas a partir da literatura.

(21)

Figura 1: Conteúdo do trabalho CAPÍTULO 2

Abordagem Metodológica

CAPÍTULO 3

Revisão da Literatura

CAPÍTULO 4

Proposta: Abordagem de avaliação do

posicionamento dos atores

CAPÍTULO 5

Exemplo de aplicação: Uma rede do setor metal-mecânico

CAPÍTULO 6

Análise dos dados empirícos

CAPÍTULO 1

Introdução Questão de pesquisa

Objetivos Delimitação pesquisa

Justificativa Estrutura do trabalho

Como os aspectos de posicionamento relacional e estrutural dos atores de uma rede influenciam a formação de valor dos produtos?

CAPÍTULO 7

Conclusões e sugestões para pesquisas futuras

Como isso tem sido tratado na literatura?

(22)

2 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Este capítulo apresenta as seguintes informações sobre o trabalho: origem da pesquisa, planejamento da pesquisa, métodos de pesquisa e exemplo de aplicação utilizado.

2.1 Origem da pesquisa

Esta pesquisa foi motivada pela percepção da importância dos relacionamentos entre os atores em uma rede de empresas, tanto no âmbito acadêmico, por meio da revisão da literatura, quanto no empresarial. A autora participou de um evento que certificou uma empresa localizada na região de Piracicaba, como fornecedor classe mundial, o SQEP (Supplier Quality Excellence Process), obtido de um importante cliente. O objetivo da certificação foi demonstrar que a empresa atendeu às metas estabelecidas por esse cliente, por meio de um bom controle dos seus processos de fabricação e da melhoria contínua.

Diante disso, verificou-se que havia evidências da influência do posicionamento dos atores dentro de uma rede de empresas em função de seus tipos de portfólios de relacionamentos na formação de valor dos produtos, mas o desafio que resta é saber como ocorre essa dinâmica.

2.2 Planejamento da pesquisa

Para atingir o objetivo proposto no presente trabalho, foi feita uma revisão da literatura sobre redes de empresas, embeddednes e valor. Além disso, foram identificados os trabalhos já desenvolvidos e publicados sobre embeddedness, especificamente, para o contexto de redes de empresas, cuja base de dados são: livros, artigos científicos, dissertações e teses.

(23)

Figura 2: Diagrama metodológico

2.3 Métodos de pesquisa

Esta dissertação pretende apresentar um estudo exploratório para obter explicações de determinados fenômenos. Yin (2004, p. 22) afirma que as estratégias de pesquisa podem ser utilizadas com três propósitos: exploratório, descritivo ou explanatório. Segundo Pereira (2003 apud Churchill, 1995), os principais propósitos de uma pesquisa exploratória são: (a) a formulação de um problema para investigação ou para desenvolvimento de hipóteses; (b) definir prioridades para pesquisas futuras e; (c) aumentar a familiaridade com o problema e esclarecer conceitos.

De acordo com essa definição, e para atingir o objetivo proposto, a pesquisa exploratória formula um problema de pesquisa. Então, foram propostas duas questões de pesquisa, ambas inseridas no Capítulo 1, item 1.2.

Yin (2001) argumenta que a estratégia de pesquisa pode ser definida como uma maneira de coletar e analisar provas empíricas, seguindo sua própria lógica (Quadro 1). O autor propõe o seguinte quadro para auxiliar a obtenção da resposta à pergunta do estudo.

Revisão da Literatura

Mapeamento da rede

e pesquisa qualitativa

para validação dos

critérios

Embeddedness Relacional

Estrutural

Conclusão

Proposição preliminar: critérios para medição de posicionamento Análise da

Literatura

Embeddedness Relacional Estrutural

Abordagem pro- posta para a rede

da empresa “Hub”

Critérios compreendidos

(24)

Estratégia Forma da questão de pesquisa

Exige controle sobre eventos comportamentais?

Focaliza acontecimentos contemporâneos?

Experimento Como, por que Sim Sim

Levantamento Quem, o que, onde, quantos, quanto

Não Sim

Análise de arquivos Quem, o que, onde, quantos, quanto

Não Sim/não

Pesquisa histórica Como, por que Não Não

Estudo de Caso Como, por que Não Sim

Quadro 1: Condições relevantes para escolher a estratégia de pesquisa Fonte: Yin (2001: 24).

Os dados foram obtidos por meio de uma pesquisa de campo que serviram como exemplo de aplicação de uma rede de empresas do setor metal-mecânico localizado na região de Piracicaba/SP. O estudo empírico serviu para ilustrar a influência do posicionamento dos atores na formação de valor das operações exploradas por uma rede de empresas, em conformidade com o estudo realizado por Johansson e Elg (2002). Esses autores desenvolveram um estudo utilizando uma perspectiva de redes e propuseram um framework para analisar as relações como barreiras de entradas. Esse estudo, principalmente um desenvolvimento teórico, apresentou algumas proposições gerais sobre a forma como os relacionamentos podem influenciar as estratégias das empresas. Os dados empíricos (dados da indústria alimentícia na Suécia durante a década de 1990) foram empregados de forma ilustrativa.

(25)

A elaboração do roteiro de entrevista (semi-estruturado) foi baseada na literatura e na questão de pesquisa. Levou-se em consideração a rede da empresa estudada e a determinação do número de atores da rede. Nas questões que envolveram avaliação optou-se por utilizar a escala likert. O modelo do protocolo utilizado (apêndice A) foi desenvolvido e aplicado como forma de adicionar validade e confiabilidade ao estudo.

Para Lakatos e Marconi (2001), sob o aspecto científico, o fato é considerado observação empiricamente verificada. A teoria refere-se às relações entre fatos, ou seja, à ordenação significativa desses fatos, consistindo em conceitos, classificações, generalizações, leis, regras, entre outras.

O presente estudo seguiu o caminho dedutivo, partindo dos conceitos e pressupostos estabelecidos a partir da revisão bibliográfica existente, na tentativa de compreender como o posicionamento dos atores dentro de uma rede de empresas influencia a formação de valor dos produtos e de propor a construção de uma abordagem metodológica para avaliação dos aspectos citados. O raciocínio dedutivo consiste em construir estruturas lógicas, por meio do relacionamento entre antecedente e conseqüente, entre hipótese e tese, entre premissas e conclusão (CERVO et. al., 2006).

2.4 Exemplo de aplicação

Para a realização deste estudo, a pesquisa foi delimitada a partir da empresa que foi

denominada “Hub” (com maior grau de centralidade em relação a outros atores da rede), líder no segmento do mercado nacional e mundial na manufatura de máquinas e equipamentos para movimentação de terra. Ela atua no segmento metal-mecânico. O setor metalúrgico, que teve saldo de 47,1% na balança comercial no ano passado, é considerado básico para várias atividades econômicas no país (SEBRAE, 2010). Outro fator levado em consideração foi que tanto a Empresa Hub, que é multinacional, quanto alguns atores de sua rede, já fizeram a reestruturação de sua cadeia de fornecimentos.

Para isso, foi mapeada a rede da Empresa Hub e, a partir desse levantamento inicial, foram identificados os relacionamentos de maior intensidade da empresa e delimitados em três atores: o Fornecedor A (fornece a maior variedade de peças), o Revendedor B (maior revendedor nacional) e o Provedor Logístico C (faz a logística interna da empresa).

(26)
(27)

3 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo apresenta a revisão da literatura em suas diversas visões teóricas, como redes de empresas, tipologia das redes, propriedade das redes, formas de análise de redes, análise posicional das redes (embeddedness estrutural, relacional e cognitivo) e valor.

3.1 Redes de empresas

De modo geral, Fusco e Sacomano (2009) argumentam que as redes de empresas

podem ser entendidas como uma forma organizacional. “As redes são alternativas às formas

de mercado e de integração vertical por conter estruturas horizontais e verticais de troca, interdependência de recursos e linhas recíprocas de comunicação” (FUSCO e SACOMANO,

p. 52, 2009).

Dessa forma, a organização em rede vem sendo descrita por muitos autores (PIORE e SABEL, 1984; NOHRIA e ECCLES, 1992; CASTELLS, 1999; AMATO NETO, 2000) como a forma organizacional que caracteriza esse novo ambiente competitivo. Com o paradigma de empresas atuando em redes, surgiu a necessidade de se revisar antigos conceitos, dado que os resultados das atividades organizacionais dependem das relações entre vários atores, competidores, fornecedores, clientes, associações, agências governamentais e outros, em múltiplas dimensões de resultado e análise, além de envolverem interesses e ações de vários tipos de operações.

Para Nooteboom (1999), as redes de empresas podem ser descritas como: verticais, horizontais ou diagonais. De acordo com o autor, uma estrutura vertical estabelece redes que são baseadas em subcontratação e incluem consumidores e fornecedores. Redes horizontais, por outro lado, são arranjos cooperativos entre firmas no mesmo campo de negócios e redes diagonais consistem de firmas de diferentes linhas de negócios.

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atingir objetivos estratégicos, como o partilhamento de riscos e terceirização de estágios da sua cadeia de valor.

As empresas já não competem mais com outras empresas. A nova competição se dá entre redes globais (SPEKMAN et al.,1998). Castells (1999) chama essa estrutura emergente

de “sociedade em rede”. Shapiro e Varian (1998) argumentam que vivemos em uma economia em rede, na qual o sucesso é baseado no entendimento da lógica relacional das redes e na habilidade de usá-las para criar valor. A escala global das operações, competitividade crescente e avanços tecnológicos são os grandes catalisadores dessa nova visão das operações. Möller e Halinem (1999) afirmam que o surgimento de uma era de redes está transformando rapidamente a nossa visão de empresa, que nenhuma organização pode ser auto-suficiente e que sua sobrevivência vai depender do aprendizado desenvolvido por meio de relacionamentos.

Redes interorganizacionais e colaboração entre empresas tornaram-se importantes e um fenômeno amplamente difundido na sociedade moderna. Uma rede inter-organizacional é o significado de arranjos colaborativos relativamente constantes, intencionais e direcionados a metas entre diversas organizações (PÖYHÖNEN e SMEDLUND, 2004). Vista como um todo, uma rede inter-organizacional contém os atores (indivíduos e organizações) pertencentes à rede, os relacionamentos entre eles, os recursos fluindo nos relacionamentos, assim como a coordenação e mecanismos direcionadores da rede (SEUFERT et al., 1999).

Segundo Gobbo Junior (2004, p. 80), “o fenômeno de alianças interfirmas representa

uma mudança importante nas práticas organizacionais das companhias”. Dessa forma, as

empresas estão focando suas competências essenciais, o que denota que as competências complementares podem ser alcançadas de outras empresas.

Com relação às características de uma rede de negócios, Fusco et al. (2005) mencionam alguns aspectos, como a não-hierarquia, o compromisso de aliança a longo prazo, a flexibilidade e a colaboração, ressaltando que a rede pode variar quanto ao tamanho, objetivo e estrutura (formal e informal).

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Britto (2002) considera que as redes de empresas estão fundamentadas no aspecto de análise, que resulta na dimensão social das relações entre elas, e seus possíveis desdobramentos sobre a configuração institucional do ambiente econômico e sobre o padrão de comportamento dos agentes econômicos.

Outro conceito utilizado em redes de empresas são os clusters. Porter (1998) e Amato Neto (2000) os definem como a concentração setorial e geográfica de empresas. A característica mais importante do cluster é o resultado da eficiência coletiva, entendida como a vantagem competitiva derivada das economias externas locais e da ação conjunta.

Para Carayannis e Wang (2008), clusters e redes são vistos como infra-estrutura de conhecimento de uma economia. Medem as relações em redes (ligações) entre os nós de indivíduos, grupos de empresas, tais como universidades, entidades de pesquisa (setores como indústrias, e intermediários como as agências internacionais e agências governamentais). Segundo o autor, há vários indicadores para medir o conhecimento e os fluxos de tecnologia ao longo das ligações e dos nós das redes.

3.1.1 Alianças e parcerias em redes

Alianças estratégicas “são formas que as pequenas empresas de um mesmo setor

industrial, embora baseadas em países diferentes, utilizam para competir numa escala mais global, contudo, sua independência” (FUSCO e SACOMANO, p. 104, 2009).

Parceria estratégica envolve as decisões sobre a seleção dos canais intermediários e os trabalhos relacionados. O centro de parcerias bem sucedidas é a extensão da interdependência entre os parceiros. Dessa forma, o relacionamento entre eles é o principal foco das parcerias e alianças estratégicas, podendo ser verticais ou horizontais. Os relacionamentos verticais entre o fornecedor e o cliente/comprador são conhecidos como parcerias, e os relacionamentos horizontais, tais como aqueles entre dois fornecedores, são conhecidos como alianças (GATTORNA e WALTERS, 1996). A Figura 3 identifica quatro tipos diferentes de relacionamentos estratégicos e especifica o objetivo de cada um.

No entanto, Gattorna e Walters (1996) argumentam que as organizações participam de uma parceria/aliança, a fim de:

•Atingir os objetivos estratégicos;

• Desenvolver estratégias conjuntas;

• Reduzir o risco enquanto aumentaram a recompensa;

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Figura 3: Interfaces críticas: alianças horizontais versus verticais Fonte: Adaptado de Gattorna e Walters, 1996

A maioria das formas de aliança transpõe uma gama de valores ao longo de uma ou mais dimensões. Nooteboom (1999) considera nove dimensões:

1 - Forma legal: companhia limitada, parceria legal, sociedade, fundação, contrato. Uma Joint Venture será, geralmente, uma empresa, uma associação, que poderá ser uma fundação. 2 - Número de participantes: em uma Joint Venture normalmente são dois.

3 - Duração: um único projeto, relações confidenciais ativadas para projetos, a cooperação contínua em curso.

4 - Faixa de propriedade comum: uma variedade completa como em uma Joint Venture, ou um intervalo centrado em algumas atividades especificas, como co-makership ou ao lado de propriedades compartilhadas, como em muitas associações.

5 - Distribuição de posse de propriedade entre os participantes: pode ser uniforme ou induzida.

6 - Várias atividades nas quais a cooperação se realiza: uma sistemática classificação seria na base da cadeia de valor de Porter. Quais atividades no processo primário (compra, logística de entrada, produção, logística de saída, marketing, serviços) e secundário, apoio às atividades (gestão, recursos humanos, jurídico, financeiro, pesquisa), fazem os participantes associarem-se ou fornecer um para o outro?

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8 - Distribuição de direitos de decisão: quem tem poder de decisão sobre quais atividades. 9 – Parceria na rede de relações entre os participantes: torna-se mais relevante, quando o numero de participantes aumenta. Um parceiro é o “hub”, ou seja, a firma central (nó) tem conexões com todas as outras, que não têm relações entre si. Outro tipo é que todos os participantes têm conexões com todos os outros.

Sob o ponto de vista de alianças estratégicas em empresa de grande porte, Gobbo Junior (2004) argumenta que a estrutura das indústrias de alta tecnologia, em todo o mundo, é uma teia cada vez mais complexa de alianças, acordos e joint-ventures em que a maioria das grandes empresas está interligada. Determinadas mudanças ambientais e tecnológicas têm levado à interligação entre empresas de grande porte, tornando-se alianças estratégicas.

Nooteboom (1999) ressalta que as mudanças que têm levado grandes organizações a entrar em arranjos de aliança são:

x Aumento da velocidade do desenvolvimento tecnológico; x Busca por maior economia de escala e escopo;

x Crescente diferenciação dos produtos; x Necessidade de cooperação.

Quanto às formas que as alianças estratégicas podem assumir, Fusco e Sacomano (2009) concluem que são:

x Contratos unilaterais (licenças, acordos de distribuição, contratos de P&D); x Participação acionária minoritária;

x Participação acionária majoritária; x Joint Venture internacional;

x Fusões e Aquisições.

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3.2 Tipologia de redes

Grandori e Soda (1995, p. 199) desenvolveram uma tipologia de redes de empresas (ver Figura 4) baseada em pesquisas anteriores que consideram muitas formas (joint ventures, franchinsing, consórcios, acordos comerciais, redes pessoais, entre outras). A partir desse estudo, sugerem uma tipologia através do mix de características dos mecanismos de coordenação: o grau de centralização e o de formalização.

Figura 4: Tipologia de redes de empresas Fonte: Adaptado de Grandori e Soda (1995).

Os autores identificam três tipos básicos de redes: redes sociais, redes burocráticas e redes proprietárias.

3.2.1 Redes sociais

As redes sociais são formadas através das relações sociais informais entre os indivíduos e as empresas, ou seja, elas não estão ligadas a nenhum tipo de formalidade. Essa rede é responsável pela troca de informações e idéias entre pessoas que possuem interesses e objetivos em comum.

Segundo Marteleto (2001), as redes sociais representam um conjunto de participantes independentes, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados.

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Em redes sociais, as empresas mantêm relações puramente sociais, ou seja, não são acompanhadas de acordos formais de qualquer natureza (GRANDORI e SODA, 1995). Não utilizam contratos ou acordos formais, sendo as relações sociais que suportam e regulam as trocas econômicas (SACOMANO NETO, 2004). Têm, por característica principal, a informalidade nas relações interfirmas. Estão direcionadas para o intercâmbio da chamada mercadoria social - prestígio, status, mobilidade profissional e outros. (AMATO NETO, 2000, p. 48).

Para Grandori e Soda (1995, p. 199), as redes sociais são subdivididas em: redes simétricas e assimétricas.

As redes sociais simétricas são aquelas caracterizadas pelos contatos pessoais entre empresários e gerentes, sendo a primeira forma de relacionamentos sociais. Essas relações funcionam como uma rede exploratória de troca de informações confidenciais, as quais têm alto potencial, mas valor econômico desconhecido. Os autores ainda dão como exemplo de redes sociais simétricas, o tradicional distrito de Marshallian e pólos de pesquisas e desenvolvimento.

As redes assimétricas ou centralizadas são caracterizadas pela presença de um agente central. Na maioria das vezes, são coordenadas verticalmente ou apresentam interdependência transacional entre firmas. Considerando as transações como encomenda/pedido, estas serão formalizadas por meio de contratos. Já as relações da rede não são formalizadas através de contrato.

Quanto à análise de rede social, Waserman e Faust (1994) consideram três aspectos: o primeiro trata os atores, as pessoas ou conjunto de pessoas agregadas em uma unidade social coletiva; o segundo debate os atributos ou características individuais, como idade, sexo e profissão, instituição à qual se está vinculado, formação, entre outras, e o terceiro e último aspecto discute os laços relacionais, sendo que o laço relacional (relacional tie) ou laço de ligação (linkage) estabelece união entre pares de atores. O laço indica direcionamento, podendo ser direcional, quando um ator é transmissor e outro receptor, e não direcional, quando a relação é recíproca.

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3.2.2 Redes burocráticas

Grandori e Soda (1995, p. 201) afirmam que as redes burocráticas são aquelas caracterizadas por mecanismos de coordenação interfirmas formalizadas por meio de acordos contratuais de intercambio ou associações. O acordo formal especifica as relações organizacionais entre as partes envolvidas, e não somente em termos de trocas de bens e serviços. O grau de formalização, como acontece em qualquer tipo de organização, pode variar e nunca é completo, ou seja, os contratos organizacionais complexos das redes organizacionais burocráticas jamais substituem a presença das relações sociais. Assim, como em redes sociais, os autores agrupam em duas sub-classes as redes burocráticas simétricas e as redes burocráticas assimétricas.

Redes burocráticas simétricas são aquelas caracterizadas pelas associações interfirmas (tipo mais importante e estudado em redes). As associações comerciais têm sido tradicionalmente utilizadas para prestação de serviços comuns e são caracterizadas pelos cartéis, pelas federações, pelos consórcios (considerados a forma mais complexa de rede burocrática simétrica) e as cooperações em pesquisas e desenvolvimento (GRANDORI e SODA, 1995, p. 201).

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3.2.3 Redes proprietárias

Redes proprietárias são uma forma burocrática de rede. Elas são formalizadas, além do mais, através de acordos de propriedades. Duas importantes formas de coordenação interfirma são destacadas com base nos direitos de propriedade: joint ventures e capital ventures (GRANDORI e SODA, 1995 p, 203)

Ainda de acordo com Grandori e Soda (1995, p. 203), as joint ventures são um tipo de aliança simétrica e estão ligadas a pesquisa e desenvolvimento, atividades inovadoras, indústrias de produção de alta tecnologia ou produção altamente automatizada.

Em contraste, a capital ventures é um exemplo frequente de rede interfima, proprietária assimétrica, pois não envolve somente uma forma de financiamento. Essa aliança relaciona o investidor de um lado e a empresa parceira de outro. O problema que os autores citam é como fornecer capital para empresas relativamente arriscadas e inovadoras, que têm dificuldades na obtenção de crédito por meio tradicional.

Dessa forma, o Quadro 2 resume os principais conceitos de tipologia de redes, ou seja, formas de redes.

Tipos de Redes Principais conceitos Autores

Redes Sociais

As empresas mantêm relações puramente sociais;

Não utilizam contratos ou acordos formais, são as relações sociais que suportam e regulam as trocas econômicas;

Sua característica principal é a informalidade nas relações interfirmas;

Conjunto de participantes que trocam idéias e partilham conhecimentos;

Subdivididas em: Simétrica e Assimétrica.

Grandori e Soda (1995) Sacomano Neto (2004)

Amato Neto (2000) Mateleto (2001)

Grandori e Soda (1995) Redes

Burocráticas

Caracterizadas por mecanismos de coordenação interfirmas que são formalizadas através de acordos contratuais.

Grandori e Soda (1995) Redes

Prioritárias

São formas burocráticas de rede, formalizadas, através de acordos de propriedades. Formas de coordenação: joint ventures (simétrica) e capital ventures (assimétrica).

Grandori e Soda (1995)

Quadro 2: Tipologia das redes

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3.3 Formas de análise de redes

Para Britto (2002), existem quatro elementos morfológicos genéricos: nós, posições, ligações e fluxos, que podem ser destacados como partes constituintes da estrutura das redes (Figura 5).

Os nós podem ser ressaltados sob duas perspectivas distintas de análise. A primeira identifica as empresas inseridas neste arranjo como unidade básica de análise e a segunda considera as atividades como os pontos focais do arranjo. Assim, a importância costuma ser atribuída aos fatores que explicam a aproximação e integração de diferentes atividades produtivas no interior de uma rede.

As posições definem as localizações dos pontos (empresas ou atividades) no interior da estrutura. A posição está diretamente associada à divisão do trabalho dos diferentes agentes. As ligações, conexões ou linkages determinam o grau de dispersão. Nelas o número de ligações entre pontes é bastante limitado ou saturado. Dessa forma, pode ser determinada a densidade dos atores de uma rede.

Outro conceito importante é a definição do grau de centralização da estrutura, levando em conta dois aspectos: o primeiro refere-se ao número de ligações que podem ser associadas a um ponto específico ou pontos que concentram um grande número de ligações com outros nós e são mais centralizados. O segundo aspecto enfatiza o número de pontos que servem de passagem entre as ligações estabelecidas entre dois pontos quaisquer da estrutura, assim, identificando um grande número de pontos, a estrutura poderia ser associada a um maior grau de centralização.

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Figura 5: Elementos morfológicos das redes Fonte: Adaptado de Britto (2002)

Para Waarden (1992 apud Sacomano Neto, 2004, p. 52), para qualquer análise de redes são consideradas sete importantes dimensões de redes políticas:

1- A primeira dimensão trata do número e tipo de atores, por representar as dimensões quantitativas e qualitativas dos atores. É proeminente, pois ela compreende aspectos como necessidades, interesses, capacidades, recursos e desempenho.

2 - A segunda aborda as estratégias dos atores. Estes utilizam ou criam relacionamentos em redes, visando atender às suas necessidades, interesses e objetivos. Dessa forma, desenvolvem estratégias em relação a outros atores da rede.

3 - A terceira dimensão refere-se às regras de conduta que são diferenciadas pelos convênios e interações ou regras de jogo que governam as trocas. No caso das redes institucionalizadas, estas desenvolverão sua própria cultura e convênios.

4 - Quanto à quarta dimensão, ela envolve a institucionalização, que trata da característica estrutural da rede e, também, de sua estabilidade.

5 - Já a quinta engloba as relações de poder que são acuradas pela distribuição de recursos e necessidades entre os atores e pelas estruturas organizacionais de cada organização.

6 - A sexta dimensão aborda a função da rede que, segundo os autores, representa uma ponte entre a estrutura e o ator da rede, pois a função depende dos escopos, necessidades, recursos e estratégias dos atores envolvidos.

7 - A última dimensão é a estrutura da rede, que representa a forma de relação entre os atores. Esta suporta algumas variáveis importantes, tais como tamanho da rede, limites da rede, estrutura das conexões, intensidade ou força da relação, densa ou múltipla, simetria ou reciprocidade da interconexão, tipo de coordenação, centralidade, grau de delegação e natureza das relações.

FLUXOS

BENS INFORMAÇÕES NÓS

EMPRESAS ATIVIDADES

POSIÇÕES LIGAÇÕES

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3.4 Propriedades das redes

Sacomano Neto (2004) aborda, em sua pesquisa, as considerações sobre propriedades estruturais feitas por Wasserman e Faust (1998) que são: centralidade, autonomia estrutural, equivalência estrutural, densidade e coesão. O autor desenvolve o Quadro 3 que engloba as propriedades, nível de análise, definição e seus efeitos.

Propriedades Nível de análise Definição Efeitos

Ator O ator centraliza relações com outros atores da rede

(posição estratégica)

Acesso a recursos externos, informações, status e poder

Ator O ator ocupa um buraco estrutural entre dois atores

com quem está conectado

Aumenta os benefícios da informação (broker), recursos, controle dos atores

e status Pares de atores Atores têm estruturas de

relações similares dentro da rede

Atores tendem a ter comportamentos similares (ativos, informações e status

similares) e simétricos Redes É a extensão da interconexão

entre os atores da rede. Maior a interconexão maior

a densidade

Facilita o fluxo de informações e recursos.

Sistema fechado de confiança e normas compartilhadas. Facilita a

atribuição de sanções Pares de atores Compreendida através da

intensidade do relacionamento (forte ou fraco). Interações freqüentes

com comprometimento de recursos

Relações coesas estão relacionadas ao ganho de

informações refinadas, conhecimento tácito,

controle social e reciprocidade Quadro 3: Propriedades das redes

Fonte: Adaptado de Sacomano Neto (2004, p. 54)

Na propriedade centralidade, em nível de análise, um ator centraliza a relação com outros atores da rede. Assim, esse ator tem acesso a recursos, poder e informações. Para Balestrin e Verschoore (2008), centralidade indica até que ponto uma empresa está conectada às demais.

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propriedade centralidade. Burt (1992) entende que buracos estruturais são áreas dentro da rede nas quais laços estão em falta ou a densidade é baixa.

Na propriedade de equivalência estrutural, em nível de análise, são os pares de atores que ocupam posições similares na estrutura da rede. Os efeitos são comportamentos similares, vista a posição ocupada na rede.

Na propriedade densidade, em nível de análise, é a rede, e densidade é a extensão da interconexão entre os atores da rede. Quanto maior a interconexão, maior é a densidade. Os efeitos são a facilidade no fluxo de informações e recursos. A rede é fechada, então, facilita as normas e sanções. Wasserman e Faust (1994) definem densidade estrutural como a extensão pela qual possíveis conexões dentro de uma rede são ativadas.

Na coesão, o nível de análise são os pares de atores. A coesão é intensidade do relacionamento (forte ou fraco) e os efeitos estão relacionados ao ganho de informações, conhecimento tácito, controle social e reciprocidade.

Das propriedades estruturais apresentadas pelos autores acima citados, neste trabalho, serão consideradas como instrumento de análise somente: centralidade, densidade e buraco estrutural (autonomia estrutural).

3.5 Análise posicional das redes - Embeddedness

A teoria de redes sociais facilitou o entendimento do termo embeddedness (imersão) utilizado como imersão social, que trata do inter-relacionamento entre a estrutura social e a atividade econômica. Granovetter (1973, 1985) aplicou o conceito de embeddedness para apresentar o modo como as relações sociais condicionam o comportamento econômico dos atores e as instituições. O autor explanou, que durante períodos de troca, atores não se comportam com racionalidade econômica perfeita porque estão imersos (embedded) dentro das redes sociais com outros atores, que são capazes de fornecer maior acesso aos recursos, informação. Os atores são afetados pelos seus comportamentos sociais. Desse modo, as escolhas de comportamento são formadas por meio da negociação entre a racionalidade econômica interna e forças sociais externas.

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Embora interdependência e complementaridade tenham sido uma explicação comum para as firmas que entram em laços interorganizacionais, o foco tem sido os fatores exógenos que causam formação de alianças. Os fatores endógenos afetam a intenção de criar, construir e sustentar vantagem colaborativa por meio de formação de alianças. Isso reflete a perspectiva de embeddedness que vê as alianças em rede como redes de relações sociais (GILSING et al., 2007).

Em particular, a teoria de redes sociais é uma base apropriada para estudar a influência do posicionamento dos atores em relação à formação de valor, por duas razões: a) apesar da visão comum de pessoas ou firmas isoladamente desenvolvendo abordagens na formação de valor, é mais provável que uma abordagem de avaliação envolva uma estrutura maior no formato de teia, para possibilitar acesso a recursos e, principalmente, ao conhecimento; b) a teoria social de redes é adequada para esse tipo de análise, por causa de sua habilidade para simultaneamente acessar as conexões estruturais múltiplas e os relacionamentos que essas conexões representam (WASSERMAN e FAUST, 1994; AUTRY e GRIFFIS, 2008).

Para Gilsing et al. (2007) o conceito embededdeness refere-se à estrutura de uma rede de relações sociais que podem afetar a ação econômica da firma, resultados e comportamento e aquela de seus parceiros com quem está diretamente ou indiretamente ligada.

O termo embeddedness ganhou maior ênfase a partir do trabalho de Granovetter (1985) que considera dois tipos: o estrutural e o relacional. O estrutural enfatiza como a posição estrutural de um ator na rede afeta o seu comportamento, e o relacional está associado a relacionamentos diretos e indiretos, ligando o ator a outros, ou seja, enfatiza a dependência do comportamento dos atores em relação à estrutura de mútuas expectativas.

De acordo com Zukin e DiMaggio (1990), na literatura sobre embeddedness, quatro aspectos são identificados: o cognitivo, o cultural, o político e o estrutural. Enquanto os três primeiros refletem uma perspectiva social-construcionista, o estrutural reflete a necessidade de se compreender como as estruturas de rede e as qualidades de suas relações afetam a atividade econômica.

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3.5.1 Embeddedness estrutural

O embeddedness estrutural descreve a arquitetura geral de uma rede. É definido, especificamente, pela presença ou não de laços, e as fronteiras da rede como um todo pode ser conceituada com base no encerramento da rede.

Os laços fortes são associados a confiança e intercâmbio de informações entre os parceiros Uzzi (1997). Por outro lado, os laços fracos levam a novas informações, e o seu acesso acontece por meio dos laços indiretos (GRANOVETTER, 1973). Da mesma forma, o debate entre Burt (1992) e Coleman (1988) sobre buraco estrutural e capital social ilustra que os diferentes tipos de embeddedness estruturais podem ser benéficos para o desempenho da rede em análise.

Coleman (1988) argumenta que uma rede densa promove a confiança e a cooperação entre os seus membros e pode gerar capital social. O aumento da freqüência de contato entre os atores conectados também permite facilidade na observação e replicação das atividades de rotina. É mais eficiente a reação para correção de comportamentos contra normas sociais. Segundo o autor, o capital social é inseparável da estrutura de relações situadas entre os atores. Só existe por meio desses contatos, que são as próprias fontes do capital social, uma característica que o diferencia das variadas formas de capital existentes. O seu valor aumenta, à medida que é mais usado. Ele se fortalece a partir de processos de interações repetidas.

Coleman (1988) enfatiza que o capital social não se localiza em um ator específico, mas em um relacionamento entre atores, e é criado por meio de mudanças processadas nas relações entre as pessoas. Além disso, as funções do capital social representam uma espécie de fonte para os indivíduos reunidos em um grupo e, embora não esteja situado no patamar individual, pode ser empregado em finalidades coletivas ou individuais.

Em contraste, Burt (1992) argumenta que os buracos estruturais são áreas dentro da rede onde há ausência de laços ou a densidade é baixa. O autor utiliza o conceito de “pontes”, segundo o qual os atores pontes têm uma posição de intermediadores de informação.

Para Granovetter (1973), o conceito de “ponte” é uma linha, em uma rede, que provê

o único caminho entre dois pontos. Para exemplo, uma ponte entre A e B proporciona um único caminho no qual informações ou influencias podem circular de algum contato de A para algum contato de B e, conseqüentemente, de qualquer um conectado indiretamente para A e A, para qualquer um conectado indiretamente a B. Desse modo, no estudo da difusão, as

“pontes” assumem um papel importante e para o autor nenhum laço forte é “ponte”.

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existe um laço entre C e B, de modo que o caminho A-C-B existe entre A e B, portanto, A-B não é uma ponte. Um laço forte pode ser uma ponte, portanto, apenas se nenhuma das partes tem qualquer outro vínculo forte, mas isso é improvável em uma rede social de qualquer tamanho (embora possível, em um pequeno grupo) e, particularmente em uma rede de empresas. Os laços fracos não sofrem nenhuma restrição desse tipo, embora, certamente, não sejam automaticamente pontes. O importante é que todas as pontes são laços fracos.

Desse modo, a presença de buracos estruturais causa o aparecimento de desníveis de informação dentro de uma rede. A abordagem de Burt (1992) assume a perspectiva de (ego) centrada no conceito elaborado por Granovetter em 1973, ou seja, a rede parte do indivíduo. Entretanto, para a construção da teoria dos buracos estruturais, Burt (1992) vincula essa perspectiva à noção de rotas de acesso para outras redes. Importante para entender a noção de buraco estrutural de Ronald Burt é a compreensão de que pessoas diferentes podem encontrar-se desconectadas numa estrutura social. O buraco estrutural repreencontrar-senta, portanto, a oportunidade de agenciar o fluxo de informação e controlar os projetos e as formas que trazem em conjunto tais pessoas.

Segundo Burt (1997), dois benefícios decorrem das redes, os de informação e os de controle. São funções inversas de dois indicadores de redundância: a coesão e a equivalência estrutural. Os contatos coesivos retêm as mesmas informações, assim, fornecem benefícios redundantes. Na equivalência estrutural, por sua vez, os contatos equivalentes são aqueles que ligam cada ator às mesmas terças partes, também têm as mesmas fontes de informação resultando em benefícios redundantes. Observa Burt (1992) que, quando o contato é feito

entre pessoas ou “nós” de pessoas que já se conhecem, é muito provável que as informações

compartilhadas sejam as mesmas. Tais contatos são redundantes, e novas rotas de acesso às informações e recursos não são criados. Portanto, não há necessidade de manter contatos de redes com várias pessoas de uma rede, uma vez que estas funcionam como um grupo.

Os contatos “não-redundantes” ou os contatos “não-conectados” decorrem dos “buracos estruturais” entre dois grupos em uma rede. Isso não significa que as pessoas de

cada grupo desconheçam umas às outras. De acordo com Burt (1997), tais grupos estão focalizados em suas atividades e pouco atentos às atividades dos demais grupos. O “buraco estrutural” indica que circulam em diferentes fluxos de informação.

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As redes densas com relações fortes envolvem significativos investimentos e são presentes nas joint ventures de manufatura e projetos de pesquisa e desenvolvimento, enquanto as redes difusas, com relações fracas, são mais adequadas à formação de arranjos de treinamento e marketing (ROWLEY et al., 2000).

Entretanto, Burt (1992) considera que uma firma conectada em uma rede difusa pode aproveitar sua posição intermediária (Structural Holes – buracos estruturais) para a obtenção de informações não redundantes, enquanto Coleman (1988) destaca que as redes densas promovem confiança, cooperação, reciprocidade e controle social entre seus membros.

A definição de embeddedness estrutural é dada por Simsek et al. (2003) como a proporção relativa de vínculos internos e externos, ou seja, o número de relações existentes com o número total de relações possíveis entre todos os membros da rede e o número de relações que os membros da rede têm a não-membros da rede, respectivamente. Teoricamente, uma rede totalmente fechada é aquela em que todas as organizações estão diretamente vinculadas umas às outras e não têm vínculos com organizações "fora" da rede (SIMSEK el al., 2003).

Para Rowley et al. (2000), o embeddedness estrutural – através da perspectiva das posições - vai além dos elos imediatos e enfatiza o valor informacional da posição estrutural que o parceiro ocupa na rede.

No geral, a densidade estrutural de uma rede é definida por Wasserman e Faust (1994) como a extensão pela qual possíveis conexões, dentro de uma rede, são ativadas e, freqüentemente, operacionalizadas em razão de os laços ativos aos laços potencialmente ativos ministrarem uma medida geral de conectividade da rede. Centralidade na posição da rede permite medir o envolvimento de um ator; quanto mais uma firma está envolvida em sua rede, mais ela pode comparar informação por intermédio de múltiplas fontes de informações e acessar novos conhecimentos.

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Figura 6: Rede difusa e a rede densa Fonte: Sacomano Neto, 2004 p. 57

3.5.2 Embeddedness relacional

Já o embeddedness relacional é a reciprocidade especificamente institucionalizada entre os membros da rede. É uma forma de fechamento da rede que promove a similaridade cognitiva entre seus membros, por meio da seleção de parceiros e práticas de recrutamento. No embeddedness relacional, o foco recai sobre a força dos laços (a extensão pela qual os atores ou nós da rede são conectados uns aos outros) e o trabalho de Granovetter (1973), chamado “The Strenght of Weak Ties”.

Granovetter (1973) criou os conceitos de laços fracos (weak ties) e de laços fortes (strong ties). Para a manutenção da rede social, os laços fracos são mais importantes que os laços fortes, pois conectam pessoas de diversos grupos sociais, dando aos clusters características de rede. Conceitos como tempo de dedicação, similaridade, hierarquização espontânea e transitividade explicam a força dos laços e a fragilidades deles.

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Para Granovetter (1973), os laços fortes promovem interações eficientes (e mesmo performance); laços fracos atuam como ponte para obter novas informações, única ou pontual.

Assim, o embeddedness relacional – através da perspectiva da coesão – emprega o papel dos elos coesivos diretos como um mecanismo de ganhar informações refinadas, confiança, legitimidade e consenso. Uma das funções do embeddedness estrutural e relacional é agir como um elemento de controle em termos de comportamento e cooperação dos parceiros de uma aliança e como estes devem se comportar e cooperar (ROWLEY et al., 2000).

Para Sacomano Neto (2004), a coesão das relações é uma propriedade relacional dos pares de atores de uma rede e pode ser compreendida pela intensidade do relacionamento (forte ou fraco; estratégia de saída ou diálogo, relações de longo prazo, etc).

Estruturalmente, as redes podem ser densas ou difusas e, relacionalmente, as redes podem ter conexões fortes ou fracas (“strong or weak ties”) e são expressas através dos nós,

elos ou conexões (linkages) entre as unidades de análise, conforme demonstra a Figura 7 (SACOMANO NETO, 2004).

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A força dos laços entre atores em redes tem sido o foco de muita pesquisa em redes sociais. Todas as redes, incluindo cadeias de fornecimentos, contam com atores (nós) e ligações. Em cadeias de suprimentos, os atores são, geralmente, acordados como unidades de negócios ou firmas (LAMBERT et al., 1998).

Conexões entre os atores da rede variam em composição do tangível (ligações de EDI - Electronic Data Interchange) ao intangível (relações sociais). Podolny (2001) argumenta que o conteúdo dos recursos que fluem nas ligações é a questão mais importante.

Granovetter (1985) sugere que os laços entre os atores são mais bem representados por relacionamentos sociais, e que a força dos laços é definida pela extensão na qual o relacionamento entre dois atores é forte, fraco ou ausente.

Para Masquefa (2008) os laços fracos podem alcançar um amplo número de pessoas e percorrer maiores distâncias sociais do que os laços fortes, visto que são mais propensos a ligação através dos membros de diferentes grupos pequenos e proporcionam às pessoas acesso a informações e recursos, além daqueles disponíveis em seu círculo social próprio.

Em contraste, os laços fortes são relações sólidas, recíprocas e baseadas em confiança entre os parceiros (GRANOVETTER, 1973). Em redes sociais há quatro dimensões da força de laços: quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade (confidências mútuas) e serviços recíprocos (GRANOVETTER, 1973). No Quadro 4, Gilsing e Nootebom (2005) apresentam um resumo das dimensões da força dos laços em comparação com as dimensões propostas por Granovetter (1973). Os autores argumentam que redes interfirmas, através de uma perspectiva combinada de competência e de governança, precisam de uma adaptação às dimensões apresentadas por Granovetter (1973).

Dessa forma, Gilsing e Nootebom (2005), primeiramente, mantêm a “quantidade de tempo”, mas identificam, com maior precisão, duas dimensões: a freqüência de interação, e a duração do relacionamento. Freqüência de interação pode também estar relacionada à dimensão de intimidade de Granovetter (1973). Em segundo lugar, transformam a

Imagem

Figura 1: Conteúdo do trabalho CAPÍTULO 2   Abordagem Metodológica  CAPÍTULO 3 Revisão da Literatura  CAPÍTULO 4 Proposta: Abordagem de avaliação do
Figura 2: Diagrama metodológico
Figura 3: Interfaces críticas: alianças horizontais versus verticais  Fonte: Adaptado de Gattorna e Walters, 1996
Figura 4: Tipologia de redes de empresas  Fonte: Adaptado de Grandori e Soda (1995).
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Referências

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