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3.5 Análise posicional das redes

3.5.2 Embeddedness relacional

Já o embeddedness relacional é a reciprocidade especificamente institucionalizada entre os membros da rede. É uma forma de fechamento da rede que promove a similaridade cognitiva entre seus membros, por meio da seleção de parceiros e práticas de recrutamento. No embeddedness relacional, o foco recai sobre a força dos laços (a extensão pela qual os atores ou nós da rede são conectados uns aos outros) e o trabalho de Granovetter (1973), chamado “The Strenght of Weak Ties”.

Granovetter (1973) criou os conceitos de laços fracos (weak ties) e de laços fortes (strong ties). Para a manutenção da rede social, os laços fracos são mais importantes que os laços fortes, pois conectam pessoas de diversos grupos sociais, dando aos clusters características de rede. Conceitos como tempo de dedicação, similaridade, hierarquização espontânea e transitividade explicam a força dos laços e a fragilidades deles.

O conceito de laço social remete à idéia de interação social, sendo denominado “laço relacional”, oposto de “laço associativo”, aquele relacionado unicamente ao pertencer, como, por exemplo: pertencer a algum lugar, a algum grupo. Os laços associativos constituem-se de conexões formais, que não dependem da vontade do indivíduo, bem como do custo e do investimento. Os laços sociais também podem ser fortes e fracos. Laços fortes são aqueles que se caracterizam pela intimidade, pela proximidade e pela intencionalidade em criar e manter conexão entre duas pessoas. Por outro lado, os laços fracos, caracterizam-se por relações diversas, que não traduzem proximidade e intimidade (GRANOVETTER, 1973).

Para Granovetter (1973), os laços fortes promovem interações eficientes (e mesmo

performance); laços fracos atuam como ponte para obter novas informações, única ou

pontual.

Assim, o embeddedness relacional – através da perspectiva da coesão – emprega o papel dos elos coesivos diretos como um mecanismo de ganhar informações refinadas, confiança, legitimidade e consenso. Uma das funções do embeddedness estrutural e relacional é agir como um elemento de controle em termos de comportamento e cooperação dos parceiros de uma aliança e como estes devem se comportar e cooperar (ROWLEY et al., 2000).

Para Sacomano Neto (2004), a coesão das relações é uma propriedade relacional dos pares de atores de uma rede e pode ser compreendida pela intensidade do relacionamento (forte ou fraco; estratégia de saída ou diálogo, relações de longo prazo, etc).

Estruturalmente, as redes podem ser densas ou difusas e, relacionalmente, as redes podem ter conexões fortes ou fracas (“strong or weak ties”) e são expressas através dos nós, elos ou conexões (linkages) entre as unidades de análise, conforme demonstra a Figura 7 (SACOMANO NETO, 2004).

Figura 7: Aspectos que compõem a análise de redes Fonte: Sacomano Neto, 2004

A força dos laços entre atores em redes tem sido o foco de muita pesquisa em redes sociais. Todas as redes, incluindo cadeias de fornecimentos, contam com atores (nós) e ligações. Em cadeias de suprimentos, os atores são, geralmente, acordados como unidades de negócios ou firmas (LAMBERT et al., 1998).

Conexões entre os atores da rede variam em composição do tangível (ligações de EDI - Electronic Data Interchange) ao intangível (relações sociais). Podolny (2001) argumenta que o conteúdo dos recursos que fluem nas ligações é a questão mais importante.

Granovetter (1985) sugere que os laços entre os atores são mais bem representados por relacionamentos sociais, e que a força dos laços é definida pela extensão na qual o relacionamento entre dois atores é forte, fraco ou ausente.

Para Masquefa (2008) os laços fracos podem alcançar um amplo número de pessoas e percorrer maiores distâncias sociais do que os laços fortes, visto que são mais propensos a ligação através dos membros de diferentes grupos pequenos e proporcionam às pessoas acesso a informações e recursos, além daqueles disponíveis em seu círculo social próprio.

Em contraste, os laços fortes são relações sólidas, recíprocas e baseadas em confiança entre os parceiros (GRANOVETTER, 1973). Em redes sociais há quatro dimensões da força de laços: quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade (confidências mútuas) e serviços recíprocos (GRANOVETTER, 1973). No Quadro 4, Gilsing e Nootebom (2005) apresentam um resumo das dimensões da força dos laços em comparação com as dimensões propostas por Granovetter (1973). Os autores argumentam que redes interfirmas, através de uma perspectiva combinada de competência e de governança, precisam de uma adaptação às dimensões apresentadas por Granovetter (1973).

Dessa forma, Gilsing e Nootebom (2005), primeiramente, mantêm a “quantidade de tempo”, mas identificam, com maior precisão, duas dimensões: a freqüência de interação, e a duração do relacionamento. Freqüência de interação pode também estar relacionada à dimensão de intimidade de Granovetter (1973). Em segundo lugar, transformam a “intensidade emocional” de Granovetter (1973) em confiança e abertura, ou seja, vontade de partilhar conhecimentos, em prol da mútua aprendizagem (competência). Em terceiro lugar, propõem a transformação “serviços recíprocos” para o âmbito de atividades compartilhadas, a gama de questões incorporadas nos laços. Finalmente, para a força foi adicionado o escopo de controle contratual, formal.

Redes Pessoais (Granovetter) Inovação em Redes

Quantidade de tempo Duração

Freqüência de interação Intimidade

Intensidade emocional Confiança/ abertura – partilhar o conhecimento.

Serviços recíprocos Escopo

Controle contratual, formal Quadro 4: Dimensões da força dos laços

Fonte: Gilsing e Nootebom (2005)

Nas relações interorganizacionais, a estrutura pode ser compreendida pelo grau de densidade da rede, e as relações podem ser compreendidas pelo grau de coesão entre os pares de atores. Uma pergunta relevante é: Qual a melhor forma de se conectar a uma determinada rede? Rowley et al. (2000) destacam que a posição de um ator é dependente do contexto da indústria. Portanto, o ambiente e a relação com outras organizações é que vão determinar qual a melhor configuração da rede.

Quanto à estrutura da rede de fornecedores, Sacomano Neto (2004) considera todos os atores que possuem relação direta com o ator central. Já as relações envolvem apenas os pares de atores. Para compreender a dinâmica das trocas entre os atores econômicos, tanto a estrutura como as relações complementam o seu entendimento, apesar de esses conceitos serem empregados em diferentes níveis de análise das redes. O posicionamento estrutural e relacional dos atores em uma determinada rede envolve diferentes formas possíveis dos processos de troca. Assim, é possível participar de uma rede densa e altamente conectada com relações de longo prazo, mas também se pode participar de uma rede difusa e obter novas informações. Dessa forma, “dimensionar estas propriedades permite compreender qual é o posicionamento estrutural e relacional mais adequado ao contexto de uma organização. Assim, esses conceitos são essenciais para o estudo das redes de fornecimento e suas respectivas formas de coordenação” (SACOMANO NETO, 2004, p. 54).

Sob a perspectiva de sistemas de avaliação de desempenho, seria esperado que os laços fracos e fortes pudessem cumprir um papel complementar. Os laços fracos podem constituir um canal preferencial para a difusão de sistemas de avaliação e medição de desempenho em localizações organizacionais distantes, quando os membros operacionais são a favor da implantação do sistema. No entanto, se a aplicação de um sistema de avaliação e medição de desempenho for controversa, é provável encontrar uma resistência à mudança. Em tais circunstâncias, os defensores mobilizarão sua rede pessoal de laços fortes para executar ou opor-se à mudança. Confiança pode ser pensada como uma interface, facilitando a

introdução de sistemas problemáticos. Os laços fortes são mais adequados para lidar em ambientes incertos e superar a resistência à mudança (MASQUEFA, 2008).