• Nenhum resultado encontrado

Os primeiros tempos da psicanálise no Brasil e as teses pansexualistas na educação.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Os primeiros tempos da psicanálise no Brasil e as teses pansexualistas na educação."

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

RES UMO: Analisam -se as prim eiras estratégias de introdução da psi-canálise no Brasil pela via pedagógica. Procura-se m ostrar com o o debate europeu em torno da tem ática do pansexualism o freudia-no foi apropriado pelos prim eiros com entadores dessa doutrina no país e quais os seus efeitos na difusão desse saber.

Palavras - c h ave: História, psicanálise, pedagogia, pansexualism o, estratégias.

ABSTRACT: Th e early d ays o f p sych o an alysis in Brazil an d th e pansexualist thesis in education. This paper analyses the early strat-egies to introduce psychoanalysis in Brazil through pedagogy. It tries to dem on strate h ow th e Eu ropean debate on th e Freu dian pansexualist doctrine w as suitable to its early defenders, and w hat were the consequences of the propagation of this theory.

Ke y w o rd s: H isto r y, p sych o an alysis, p ed ago gy, p an sexu alism , strategies.

S

egundo a historiografia, no Brasil, as prim eiras referên-cias às teses freudianas ocorrem no m eio psiquiátrico ca-rioca. A prim azia dessa difusão cabe a Juliano Moreira, fun-dador da psiquiatria m oderna no país, que em 1914 apresen-ta um trabalho sobre o tema na Sociedade Brasileira de Psiquia-tria, Neurologia e Medicina Legal.1 Desde então, além de co-Socióloga, doutora

em História pela Universidade de Paris VII; pós-doutoranda da Fapesp no Laboratório de Psicopatologia Fundam ental do Program a de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, PUC-SP.

NA EDUCAÇÃO

C. Lu cia Mon te ch i Va lla d a re s d e Olive ira

(2)

m entar e eventualm ente aplicar algum as técnicas em sua clínica, juntam ente com outras personalidades da psiquiatria local, ele procura estim ular seus dis-cípulos ao estudo da psicanálise. Resultado: em 1915, o aluno de Antonio Austregésilo, Genserico Aragão de Souza Pinto, publica sua tese de m edicina intitulada, Da Psychanalyse: a sexualidade das neuroses.2 Mas, ao longo desse período a personalidade carioca m ais m otivada pela psicanálise é sem dúvida Júlio Pires Porto-Carrero. Adepto de prim eira hora, a partir de 1919 ele se dedica ao estu-do estu-do alem ão, com o dizia, “para ler Freud no original”, inicianestu-do sua clínica em 1923 no seio da Liga Brasileira de Higiene Mental ( LBHM) .

Ainda que não seja praticada de form a sistem ática, nesses prim eiros tem -pos, a tem ática freu dian a ocu pa u m lu gar particu lar n o m eio psiqu iátrico carioca, sendo com entada e discutida pelos principais expoentes desse saber e m erecendo as m ais variadas interpretações, apreciações e utilizações que oscilam en tre a sim patia, a adesão, m as tam bém a recrim in ação, n ão raro pautadas na idéia de pansexualism o, bastante em voga na Europa. A psicaná-lise se ap resen ta m en o s co m o u m a altern ativa à p siq u iatria p u ram en te organicista, classificatória e incapaz de apresentar um a solução ao tratam en-to das psicopatias, que com o um m éen-todo com plem entar às diferentes técnicas de cura existentes.

Já em São Paulo, o debate tem início um pouco m ais tarde, em 1920, com a publicação do livro O pansexualismo na doutrina de Freud, de autoria de Franco da Rocha. Mas, apesar de ter sido lançada pelo principal expoente da psiquiatra local, o “Pinel paulista” com o era cham ado carinhosam ente pelos seus discípu-los, não é pela via psiquiátrica que a psicanálise vai se expandir nessa cidade, m as graças a um a grande difusão no m eio intelectual e sobretudo literário através dos m odernistas. Leitores de Freud em francês, ainda que façam um a leitura bastante particular, irreverente, e diferente da dos escritores franceses, sobretudo aqueles ligados ao m ovim ento surrealista, suas interpretações são profundam ente m arcadas pelas teses originárias da psicologia francesa, em par-ticular as de Théodule Ribot. O m ais próxim o dessa corrente é Mário de Andrade, cuja influência já se verifica em seu poem a “Paulicéia desvairada”, escrito em dezem bro de 1920 e publicado em 1922. De um a m aneira geral, os m odernis-tas tentam , a um só tem po, acom odar as teses freudianas à problem ática ineren-te à produção liineren-terária deles e à reflexão que fazem sobre a questão da identida-de nacional.

Um a vez lançada, ao longo do decênio 1920 a psicanálise vai rapidam ente se tornar objeto de com entários e análises da parte dos m ais im portantes

(3)

lectuais dessas duas cidades.3 Médicos, psiquiatras, cronistas sociais, pedagogos, a favor ou contra, vão abordar a tem ática freudiana pela idéia de pansexualism o deslocando esse saber do quadro clínico para o social. Eles se servem do term o tanto pelo viés m oralista e/ ou nacional, de resistência à psicanálise, quanto pelo seu aspecto inovador, m oderno, para valorizar os m éritos da doutrina e de sua base psicológica, m as igualm ente no seu sentido filosófico, com o sistem a explicativo do social.

Essa m aneira de se apropriar das teses freudianas não tem nada de inócua. Isto porque, de um lado, as idéias psicanalíticas chegam ao Brasil no m om ento em que a psicanálise ganha projeção internacional ao m esm o tem po que é alvo de críticas severas, sendo tachada principalm ente de teoria pansexualista.4 De outro, porque, no plano local, a tem ática pansexualista encontra ecos na refle-xão dos intelectuais brasileiros nos desejos de contribuir para a construção do Estado nacional. Vale lem brar, entre outras coisas, a im portância atribuída à problem ática sexual sobretudo nas cam panhas higienistas, que sugerem um m odelo de disciplinarização e controle das norm as e práticas sociais. Alias, é desse m ovim en to qu e a psican álise em erge, assin ala Ru sso, com o esforço civilizador-educativo ( RUSSO, 1997) .

No presente artigo, procurarem os m ostrar com o o debate europeu em torno do pansexualism o, e em particular o que se trava na França nesse prim eiro m om ento de recepção da psicanálise no Brasil, influenciou o m eio intelectual brasileiro e quais as suas repercussões. Ao m esm o tem po, procurarem os preci-sar as referências que norteiam a reflexão de alguns dos prim eiros com entadores do freudism o.

3 Com exceção de algum as m anifestações isoladas, resultado do interesse de celebridades da

psiquiatria brasileira durante os prim eiros decênios do século XX, a difusão da psicanálise fica de fato restr ita a esses dois centros urbanos. A título de exem plo, podem os citar as iniciativas d o s p siq u iatras gaú ch o s Martim Go m es e Dyo n élio Mach ad o , n o Rio Gran d e d o Su l ( GAGEIRO,2001) , os escritos de Arthur Ram os, em Salvador; além de um a certa sim patia pela tem ática psicológica da parte de Ulisses Pernam bucano, em Recife, ou ainda pela via literária, em Belo Horizonte, através do m édico Iago Pim entel, que com eçou a traduzir Cinco lições de psicanálise num a publicação literár ia de vida efêm era, A Revista, em 1925.

4 O term o, inventado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, foi utilizado para designar de form a

(4)

Com o assinala Roudinesco, na França, onde a prim eira fase de introdução da psicanálise ocorre entre 1895 e 1914, o interesse pela psicanálise se m ani-festa de form a am bivalente, “entre a resistência e a fascinação” ( ROUDINESCO, 1994, p. 227) . Os intelectuais franceses, continua a autora, “ ora utilizam a Suíça para introduzir a doutrina vienense, ora valorizam o ‘crivo latino’ para fabricar um a teoria freudiana conform e os seus ideais” ( ROUDINESCO, 1994, p. 224) .

Ora, essa m esm a oscilação, entre a resistência e a fascinação, encontram os nos discursos dos prim eiros com entadores do freudism o no Brasil, não por acaso m arcados por um a filiação intelectual à França. No m eio m édico brasi-leiro, por exem plo, essa aproxim ação passa por um a tradição de leitura dos trabalhos de Charcot, Janet, Babinski, Déjerine, assim com o de Bernheim , e pela form a com o eles absorvem essas diferentes teorias, por vezes antagônicas para, partindo delas, form ularem as suas próprias versões. Vejam os então algum as considerações que norteiam o posicionam ento desses prim eiros com entadores das obras freudianas.

Entre os m ais célebres psiquiatras interessados por essa tem ática ainda que em itindo reservas, vale citar Henrique Belford Roxo. Para esse autor o funda-m ento “anatofunda-m o-clínico” da doença funda-m ental reside no “ vago-syfunda-m patico” e efunda-m “lesões dos corpos optico-estrados”; m as atento aos ensinam entos de Babinski, ele atribui um grande valor às em oções, sobretudo na constituição da histeria e ao tratam ento pela sugestão. Por outro lado, apesar de suas reservas à doutrina, ele faz sem pre questão de realçar os “serviços relevantíssim os” que esta presta à psiquiatria ( ROXO, 1934a, p. 6) . Razão pela qual, em 1918, ele a introduz seu curso de psiquiatria na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em seu Manual de Psychiatria, publicado em 1921, ele vai m ais longe. Situa a psicanálise no

(5)

sua clínica adequando-as aos diversos tratam entos, inclusive com pacientes diag-nosticados com o esquizofrênicos.

“Dos processos para fazer a psycho-analyse, parece-m e ser a analyse dos sonhos a

m enos aproveitável no caso [ de paciente esquizofrênico] . Tenho applicado m uito a observação das associações de idéias livres ou espontaneas e a interpretação das distracções ou

descuidos nos factos da vida diária.” ( ROXO, 1934b, p. 32)

Um a ou tra person alidade in teressada pela tem ática freu dian a é An ton io Austregésilo. Médico conceituado, professor de clínica neurológica da Faculda-de Faculda-de Medicina do Rio Faculda-de Janeiro e autor Faculda-de num erosos trabalhos e artigos Faculda-de vulgarização da m edicina, Austregésilo é leitor tanto de Déjerine, quanto do fundador da Escola de Nancy, Bernheim , m as sobretudo do discípulo preferido de Charcot, Babinski, com quem partilha tam bém m uitas das posições. Para esse defensor de um a psicoterapia de base educativa, as psiconeuroses possuem um a base m oral e é dever do m édico educar os pacientes ( AUSTREGÉSILO, 1917, p. 172) . Aliás, é através dessa “base m oral” que ele reconhece que “a esfera genital ocupa um lugar im portante na constituição das neuropatias” ( Idem , 1917/ 1946, p. 92) . Por outro lado, convencido de que todo trabalho clínico consiste em “destruir as idéias fixas”, ou “desviar” a atenção do paciente, ele considera “exageradas” as generalizações de Freud que explica “tudo pelo se-xual”, e com bate a sua aplicação.

“ O m étodo cu rativo da psican álise de Freu d tem sido aplicado, en tre n ós, n a

clientela privada. Prefiro porém , os m eios gerais de análise m ental, os m étodos psicoterápicos, para apagar as idéias sentim entais ou as em oções m órbidas que cansam ou irritam a alm a do padecente.” ( AUSTREGÉSILO, 1917/ 1946, p. 92)

É interessante notar que esse olhar sobre a psicanálise pela vertente francesa é bastante freqüente nessa época. Aliás, Medeiros de Albuquerque, o qual, com razão, vê nessa filiação um obstáculo à difusão da psicanálise, não hesita em cham ar a atenção: “Nós só recebem os idéias científicas por interm édio da Fran-ça” ( MEDEIROS DE ALBUQUERQUE, 1922, p. 103) . E a Franco da Rocha de com pletar no prefácio do seu Pansexualismo na doutrina de Freud, afirm ando que seu objetivo com o livro é transm itir um a doutrina da qual fala-se m uito, m as que poucos a conhecem , entre outras, em razão da sua língua de origem , o alem ão, pouco difundido no Brasil ( FRANCO DA ROCHA, 1920, p. III) .

(6)

essencial consiste justam ente em rejeitar a doutrina germ ânica em favor de um a latinização da psicanálise. Aliás, esse livro foi traduzido e publicado no Brasil em 1923, ao passo que a prim eira tradução de um texto de Freud em português data de 1931.

Afrânio Peixoto, por exem plo, é um dos que em 1918 introduz as teses de Freud em seu curso de psiquiatria m édico-legal na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro através desses autores.5 Inclui-se tam bém nessa corrente o pró-prio Franco da Rocha, ainda que para ele o pansexualism o, longe de constituir um a objeção, é a expressão m esm a da doutrina.

“A crítica de Régis e Hesnard, um a das m ais sérias e, com o dissem os, dom inada por um espírito scientífico, essa é de m olde a fazer aceitar o pansexualism o de

prefe-rência a rejeitá-lo. O ataque é frouxo e só pode im pressionar a quem não tenha prática do estudo das nevroses e psiconevroses, isto é, a quem não tenha convic-ções assentadas em longa experiência.” ( FRANCO DA ROCHA, 1920, p. 179)

Mas, se a problem ática sexual m obiliza a atenção dos m édicos, para quem o hereditarism o não é suficiente para explicar a etiologia das doenças nervosas, não é apenas porque a psicanálise vem preencher um a deficiência nos conheci-m entos que Franco da Rocha chaconheci-m a de “processos biológicos que constitueconheci-m a natureza da sexualidade”( FRANCO DA ROCHA, 1920, p. 58) . Mas tam bém por-que, com o já m encionam os antes, os seus pressupostos se acom odam ao proje-to m ais am plo de construção da nação brasileira. E é justam ente nesse aspecproje-to que a problem ática pansexualista ganha coloração local e, em parte, se diferen-cia do debate europeu.

Vale lem brar que, nessa época, o discurso m édico brasileiro, de m aneira predom inante, se pauta na concepção higienista, baseada na idéia de desvio físico e psíquico e centrada nas noções de prevenção e educação. Essa geração de m édicos tem com o m issão o estabelecim ento de m edidas profiláticas com vistas a corrigir os “defeitos”, garantir um a “procriação sadia” e form ar um a “boa geração” de brasileiros, capaz de “enobrecer” o futuro da nação. E m uitos são os adeptos das teses freudianas que vêem nessa proposição m édica, que investe na esfera da vida privada da fam ília, um lugar nobre para a tal psicaná-lise pansexualista pois para eles ela traz um a contribuição de valor científico, portanto positivo, que pode ser traduzido em um program a preventivo de edu-cação sexual endereçado não só aos pais m as tam bém às crianças e aos

(7)

dores. Para ser m ais precisa, eles vêem nessa concepção ao m esm o tem po socio-lógica e pedagógica da Saúde Mental um a aproxim ação com a pedagogia pelos pressupostos psicanalíticos. Alguns vão m esm o fazer dessa via a prim eira estra-tégia de im plantação da psicanálise no Brasil. E com isso am argar o prim eiro fracasso dessa disciplina no país. Vejam os então com o ocorre essa aproxim ação com o m ovim ento pedagógico e posterior rejeição.

A PS ICANÁLIS E NA EDUCAÇÃO, UMA ESTRATÉGIA

Com o é sabido, durante esse período o problem a da educação nacional ocupa um lugar privilegiado entre as prioridades da adm inistração republicana, m o-bilizando os m ais im portantes intelectuais do país que, seguindo a ótica dos m édicos, consideram a “ ignorância do povo brasileiro” com o um das m ais graves “ doenças sociais” e um a das causas do “ atraso” dessa sociedade com relação ao m undo “civilizado”, para utilizarm os as expressões da época. No plano ideológico, o m ovim ento pedagógico se encontra polarizado em torno de duas correntes: de um lado, a dos reform adores que lutam por um a escola laica, gratuita e para todos e, de outro, a dos grupos católicos que vêem na intervenção do Estado um a am eaça ao m onopólio deles e, no ensino laico, um a ofensa aos princípios da educação católica ( ROMANELLI, 1978, p. 130) . A prim eira corrente ganha corpo a partir de 1924, quando é fundada no Rio de Janeiro a Associação Brasileira de Educação ( ABE) , órgão que reúne os educadores brasileiros defenso-res de idéias renovadoras, em torno de um projeto de lei para a Educação nacio-nal e que dá origem ao Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932.

Durante essa época, lembra Romanelli, o movimento renovador, ainda que acu-m ulando diversas experiências, é suficienteacu-m ente heterogêneo no plano teórico para com portar sem objetividade as m ais diferentes doutrinas ( ROMANELLI, 1978, p. 144). E entre elas figuram as teses freudianas, recentemente chegadas ao Brasil. Isso porque essa doutrina que dá a palavra à criança e que acentua as individuali-dades parece se adaptar de form a funcional aos pressupostos da nova pedagogia. Mas, enquanto no seio da ABE, os pedagogos progressistas, em m eio a tantas outras proposições que circulam , discutem sobre a possibilidade de um a apro-xim ação com a psicanálise, os prim eiros psicanalistas brasileiros tom am a di-anteira e lançam o debate. O m ais m otivado é, sem dúvida, o carioca Júlio Pires Porto-Carrero, “ um fanático da psicanálise” , com o ele m esm o se nom eia e tam bém o prim eiro a partir em cruzada:

(8)

Paralelam ente à sua prática no hospital psiquiátrico ao lado de Juliano Moreira e no seio da LBHM, onde funda a prim eira clínica psicanalítica no Brasil, Porto-Carrero não m ede esforços para situar a im portância e o lugar que essa doutri-na ocupa doutri-na prática pedagógica:6

“ Dada a profunda influência da sexualidade na form ação e operação da psyche infantil, não é justo que a educação se furte ao lado sexual da vida e repila, sim ples-m ente, coples-m o iples-m ples-m oraes, as ples-m anifestações e os conheciples-m entos sexuais. Urge fazer a

educação sexual.” ( PORTO-CARRERO, 1927b/ 1929, p. 58-59)

A proposição, endereçada aos pais, professores e às crianças, tem por obje-tivo form ular aquilo que ele vai cham ar de “as bases da educação m oral do brasileiro” ( 1928b/ 1929) , e é norteada por princípios racionais ditados pela psicanálise e em particular pelos ensinam entos extraídos de Totem e tabu sobre a religião, co m o reação ao m isticism o e ao sen tim en to religio so ( PORTO-CARRERO, 1927b/ 1929) . Partindo desse pressuposto, ele com bate ao m esm o tem po a educação tradicional, m uito repressiva, e a educação excessivam ente perm issiva, propondo um a solução interm ediária.

Nessa perspectiva, concordam os com a tese de Russo quando afirm a que esses prim eiros adeptos vêem a doutrina com o um a “teoria am pliada da sexua-lidade hum ana”, que perm ite, entre outras, a proposta de um agenciam ento e de um controle racional e civilizador da sexualidade, através de um discurso m oralizador e de disciplinarização, m as que não preconiza um a ruptura com os com portam entos m oralm ente recom endados. O que é proposto, segundo Rus-so, é um a espécie de “contra-m oral laica”, que para ela é m enos hipócrita e m ais rigorosa em m atéria de verdade científica ( RUSSO, 1997, p. 14-15) .

Mais ainda: fica claro que neste debate com os pedagogos, esse leitor de Freud na língua original não só não ignora os m odelos psicológicos de clas-sificação da personalidade, m as explicita sua proposição em oposição, entre outros, a Claparède e a Binet. Para Porto-Carrero, a contribuição da psicolo-gia clássica, que nessa época exerce grande influência em diversos pedagogos brasileiros, não é suficiente para esclarecer os professores e os pais sobre os conflitos em ocionais de natureza sexual que estão na origem das neuroses.

6 Além do m eio pedagógico, Porto-Car rero faz conferências e tam bém atua em diversos outros

(9)

Para ele, a instrução sexual deve ser dosada com parcim ônia num program a que respeite ao m esm o tem po a idade e a curiosidade da criança sobre os enigm as da origem , da diferença de sexos, da fecundação, entre outros. Por-to-Carrero se interessa em particular pelas experiências de Maria Montessori, de um a educação sem coerção. Mas, previne: “ O m étodo educativo não é de todo novo. É um a das norm as da escola Montessori: m as a psicanálise vem dar base científica ao que fora adquirido em piricam ente pela pedagogia” ( POR-TO-CARRERO, 1 9 2 6 / 1 9 2 9 , p. 1 2 8 ) . Mesm o qu e por vezes se in spire n o s en sin am en to s d o p asto r Pfister o u ain d a d o p sican alista au stríaco Au gu st Aichhorn, especialista em delinqüência infantil e juvenil, suas referências vêm sobretudo das leituras da obras de Freud. Porém , ainda que em dia com a doutrina de seu m estre, da qual é capaz de m encionar sem pre artigo m ais recente, suas interpretações são m arcadas pela prim eira tópica, onde o apare-lho psíquico é com preendido principalm ente na distinção entre inconsciente, pré-consciente e consciente. O conceito do eu que designa a personalidade n o seu con ju n to, se in screve n o registro adaptativo, situ ado em relação à realidade extern a.

Assim , inscrita no discurso m édico da época, a psicanálise funciona com o um a solução científica ideal para um projeto pedagógico m oderno. Ela é re-com endada “ de preferência nas crianças nervosas, nas viciadas, nas que de-m onstrede-m peculiaridades de caracter, nas tíde-m idas, nas arrogantes, nas rebel-des, nas m entirosas… ” ( PORTO-CARRERO, 1926/ 1929, p. 130) . Para ele, a clínica psicanalítica pode “ corrigir” todos esses “ vícios” e “ taras” pela técni-ca da associação de idéias e pela análise dos sonhos, dos lapsus, dos esqueci-m entos, assiesqueci-m coesqueci-m o pela observação direta da criança, seus gestos, seus sor-risos, suspiros, sua respiração. Mas tam bém através de “ conselhos práticos” que são transm itidos aos pais, com o, por exem plo, o da proibição da chupeta, o abandono da m am adeira, além das proibições envolvendo o hábito de os pais dorm irem com os filhos na m esm a cam a ou então o hábito de roer as unhas. ( PORTO-CARRERO, 1926/ 1929, p. 129) . Tendo em vista o arsenal teó-rico e clín ico d o q u al d isp õ e e o s b en efício s q u e ela traz, ele co n clu i: “ A psicanálise pode ser desconhecida de todos os profissionais, m as ignora-rem -na o m édico e o m estre — é verdadeiro peccado” ( PORTO-CARRERO, 1928a/ 1929, p. 23) .

(10)

m ais m oderada que o colega car ioca: “ fazer um a m ais intensa propaganda dos princípios psycho-analyticos nas suas m últiplas applicações, devendo-se procurar interessar sobretudo a classe dos professores”.7

Ao fundarem a SBP, os freudianos paulistas parecem dar provas de força e vitalidade. A Sociedade nasce graças à adesão de personalidades expressivas da elite intelectual local: m édicos, escritores e m em bros ativos do m ovim ento pedagógico local, com o Raul Briquet e Lourenço Filho, que inclusive integram a prim eira direção da entidade.8 Entretanto, um a vez lançado o m ovim ento, é a Durval Marcondes — m édico prom issor em com eço de carreira e praticam ente sozinho — que cabe a responsabilidade de im plantá-lo em São Paulo. Além disso, contrariam ente a PortoCarrero, ele não dispõe de boas entradas no tam -bém frágil universo psiquiátrico paulista e m enos ainda no m eio universitário.9 Seu cam po de intervenção é praticam ente reduzido ao seu trabalho no Serviço de Higiene e Educação Sanitária e na Liga Paulista de Higiene Mental ( LPHM) . A isso deve-se acrescentar que o presidente da SBP e seu m estre, ainda que gozando de todas as honras da Academ ia de Medicina, está aposentado e vive retirado na cidade litorânea de São Vicente. Quanto às ilustres personalidades que assinaram a ata de fundação da SBP, o engajam ento se revela form al, e alguns chegam m esm o a retirar o apoio e rapidam ente. Resultado: a instituição não sobrevive aos prim eiros anos.10 A m esm a situação se reproduz no Rio de Janeiro, ainda que o m issionário Porto-Carrero conte com o apoio incondicio-nal de Deodato de Moraes, autor do livro A psicanálise na educação,publicado

prova-7 Extrato do discurso de fundação da Sociedade Brasileira de Psicanálise, pronunciado por Franco da Rocha e publicado no jornal Folha da N oite, de 27 de novem bro de 1927.

8 Entre as personalidades do m ovim ento pedagógico que assinam a ata de fundação da SBP, se

encontram os futuros fundadores do m ovim ento escolanovista, Lourenço Filho, Raul Briquet, Antonio Ferreira de Alm eida Jr., Roldão Lopes de Barros e A. de Sam paio Dória. No que diz respeito a Raul Briquet, além da sua participação ativa no m ovim ento pedagógico brasileiro, ele já é, nessa data, um brilhante professor de clínica obstétrica da Faculdade de Medicina de São Paulo. Quanto a Lourenço Filho, diplom ado em direito, e antigo diretor e responsável pela reform a do ensino público do estado do Ceará em 1923, ele trabalha com o professor de psicologia e pedagogia da Escola Norm al de São Paulo desde 1925. Próxim o da psicologia funcionalista de Claparède, seu nom e consta entre as personalidades m ais ilustres da Educação brasileira.

9 Vale lem brar que, contrariam ente ao Rio de Janeiro, nessa época a psiquiatria paulista estava praticam ente restrita à prática asilar. O pouco que existia era controlado pelo psiquiatra A.C. Pacheco e Silva, tam bém discípulo de Franco da Rocha, m as de form ação organicista e próxim o das teses da psicologia experim ental.

(11)

velm ente em 192711 e para quem “a preocupação sexual é a causa dom inante de todos os progressos em todos os ram os da atividade hum ana” ( MORAES, [ 1927] , p. 15) .

Os sinais de recuo aparecem já no ano seguinte quando, juntos, eles organi-zam o prim eiro “Curso de psychanalyse applicada à educação”.12 Ao cabo de três m eses de conferências, o balanço não traz o efeito esperado. Cerca de cin-qüenta pessoas originárias da elite cultural, universitários, m as tam bém m ães desejosas de aprender a educar seus filhos assistiram às conferências. Mas para desalento dos organizadores os principais interessados, os pedagogos, foram os grandes ausentes.

Qual a razão do esfriam ento das relações entre psicanalistas e educadores, desse afastam ento, desse lugar vazio deixado pelos educadores? Sem esconder a frustração, Porto-Carrero form ula algum as hipóteses: “ou porque os dispensas-se a cultura superior que possuem , ou porque os inibisdispensas-sem os preconceitos vulgarm ente ligados à teoria sexual, ou porque não lhes interessem o progresso da Educação nem a sorte dos pequenos brasileiros” ( 1928c/ 1929, p. 144) .

As razões são provavelm ente diversas, porém pouco exploradas pelos histo-riadores, quando não ignoradas. Arriscam os aqui a hipótese de que este vazio se produz entre 1928 e1930, e pode estar relacionado a dois fatores ao m esm o tem po distintos e com plem entares. O prim eiro seria devido à preponderância entre os pedagogos de um a filiação a um a concepção de ordem psicossociológica da educação, próxim a um a vez m ais da escola francesa. Além disso, deve-se acrescentar o espaço de autonom ia que a psicanálise rapidam ente adquire en-quanto discurso sobre a criança. Um a coisa é ser apresentada com o disciplina auxiliar à prática m édico-pedagógica, outra bem diferente é ser reivindicada com o um saber m ais am plo quando não essencial acerca da evolução do desen-volvim ento m ental da criança.

1 1 Autor do prim eiro livro de psicanálise aplicada à educação no Brasil, ex-professor de

peda-gogia e psicologia experim ental da Escola Norm al de São Paulo, Deodato de Moraes é, nessa época, m em bro do conselho diretor da ABE e inspetor escolar do Distrito Federal. Seu livro, prefaciado por Porto-Carrero, procura fazer um resum o das principais teses freudianas a partir de um a bibliografia em francês. Para tal, ele é dividido nos seguintes capítulos: Introdução, generalidades, libido; Evolução sexual; prazer e realidade. O Inconsciente de Freud; censura, fixação, regressão, recalque; Modalidades do com prom isso; Sexualidade infantil; Teoria dos sonhos; Teoria dos sím bolos; Da Sublim ação em geral; e Dos Fatores da sublim ação. 1 2 Com posto de 23 conferências realizadas entre abril e julho de 1928, o curso tinha por

(12)

O segundo fator estaria ligado aos efeitos negativos do freudism o difundido tanto com o um saber pansexualista quanto com o um a visão de m undo. Efeitos esses que ganham dim ensões ainda m ais im portantes quando associados às transform ações que se produzem nesse m om ento no país com o golpe de Esta-do de Getúlio Vargas, que coloca fim à República Velha e instaura, a partir de 1937, o Estado Novo. A nova orientação política de base totalitária que se im -planta produz, entre outros, efeitos significativos nas concepções e norm as fa-m iliares e fa-m orais13 Num a época de m oralização dos costum es, é claro que essa psicanálise pansexualista, que se interessa pela sexualidade da criança estabele-cendo para ela norm as e valores m orais, terá m uita dificuldade para se im por e conseguir adeptos.

Um bom exem plo desse recuo é Renato Jardim . Entusiasta de prim eira hora das teses freudianas, ele integra a com issão de redação da Revista Brasileira de Psicanálise, em 1928, ao m esm o tem po que é convidado a integrar o ciclo de

conferências organizado por Porto-Carrero e Deodato Moraes. No entanto, para surpresa geral, no lugar de elogios à causa psicanalítica, ele apresenta suas prim eiras reservas e provoca a polêm ica. Mais tarde, suas críticas são retom a-das e aprofundaa-das em Psychanalyse e educação, livro publicado provavelm ente no com eço 1931,14 e após um a série de conferências de Durval Marcondes na sede da ABE paulista, a convite de Raul Briquet, em 1930.15 O livro é lançado após o inquérito conduzido pelo jornal Diário da N oite, junto aos m édicos, padres e educadores, entre m aio e junho de 1930. Debate que divide as opiniões, provo-ca reações violentas e contribui para levar o m ovim ento de im plantação da psicanálise a um im passe.

Com o já afirm am os antes, para boa parte dos m édicos higienistas, convenci-dos da necessidade de se professar conhecim entos sobre a fisiologia das fun-ções genésicas, a educação sexual serve para inculcar nos espíritos da juventude b rasileira “ a n o b re sign ificação d a su a alta fin alid ad e b io ló gica e so cial” ( GUERNER, 1930, p. 82) . E com o assinala ainda este autor — m édico, m em bro do conselho executivo da LPHM e m em bro fundador da SBP — , nessa época ao se falar em sexualidade: “é, entre nós, quasi obrigatória, um a referência à psi-canálise” ( Idem , 1930, p. 84) .

1 3 É interessante lem brar aqui as teses de Daniel Pécault sobre as repercussões dessa política nas

orientações de num erosos intelectuais, incitando-os a um a colaboração que conduz à m ilitari-zação da vida política ( PECAULT, 1989) . Cabe assinalar, ainda, as teses de Eliana Dutra, que dem onstram com o, no cam po do im aginário social, os discursos tanto de direita quanto de esquerda convergem para a construção de um a identidade nacional baseada em elem entos totalitários da vida psíquica ( DUTRA, 1997) .

1 4 Esse livro foi publicado na coleção organizada por Lourenço Filho e in titu lad a Bibliotheca de Educação.

(13)

Com efeito, as “ teses pansexualistas” são tom adas nesse inquérito com o referencial para as m ais diferentes personalidades consultadas. Independente-m ente das reações de reserva e de condenação que provocaIndependente-m , o fato é que, através da proposição de introduzir o ensino da educação sexual nas escolas pelo referencial psicanalítico, procura-se ao m esm o tem po estabelecer um cam po preciso de ação para a psicanálise. Este é em todo caso o desejo de Durval Marcondes, m anifesto nesse m esm o inquérito:

“Acho que, com o prim eira etapa na solução do problem a da educação sexual, seria util interessar nos estudos psychanalyticos a nossa classe professoral. Foi o que procurei fazer com o curso que ha pouco tive occasião de realizar na Sociedade de Educação. Um a vez senhores das linhas geraes da psychologia freudiana, esses

ele-m en to s p o d er iaele-m seleccio n ar su as leitu r as, o r ien tan d o - as p ar a as o b r as d e psychanalyse infantil e pedagógica, que hoje são innum eras. Tal aprendizado theorico seria — é claro — com pletado com o estudo directo da criança sob o ponto de vista psychanalytico. Só com esse trabalho prelim inar de especialização é que se

pode-riam form ar technicos que orientassem entre nós a organização da educação sexual, m issão delicada na qual serão sem pre poucos o saber e a prudência” ( MARCONDES, 1930, p. 65-66) .

Com essa afirm ação, Marcondes atribui um outro estatuto à psicanálise, passando-a de coadjuvante a um a nova profissão, equivalente hoje à psicopedagogia. Um deslocam ento que m uito provavelm ente contribuiu para o rom -pim ento da aliança anunciada entre pedagogos e psicanalistas na ocasião da fundação da SBP em São Paulo.

Para m elhor explicitar essa hipótese, tom arem os a Psychanalyse e educação de Renato Jardim com o fio condutor, pois esse livro nos parece revelador tanto do recuo dos pedagogos com o tam bém do tipo de oposição que desde então vai se esboçar. Antes de tudo, é bom lem brar que Jardim é um leitor das obras psica-nalíticas de Freud e de seus discípulos, em francês, assim com o de diversos autores franceses, com o Laforgue, Régis e em particular Hesnard. Igualm ente, ele é bastante próxim o das obras psicológicas de Ribot et Janet, entre outros.

(14)

educa-ção, a psicanálise procura anular as aquisições em píricas trazidas pela psico-logia experim ental, sem contudo trazer nenhum a contribuição científica ( JAR-DIM, s.d. p. 171) .

Para justificar suas críticas, Jardim tom a com o ponto de apoio as reservas à expansão da psicanálise para outros dom ínios, em itidas pelo próprio Freud, em A história do m ovim ento psicanalítico ( 1914) e por Jones em seu livro Da psicanálise, que

aliás acabara de ser traduzido para o português por Raul Briquet. Naturalm ente, tam bém se inspira nos textos de Pfister. Mas, segundo ele, m esm o sendo a con-cepção m ais elaborada no dom ínio da educação e trazendo conselhos benéficos, ela não constitui nem um m aterial novo nem se inspira na psicanálise. E para justificar, ele afirm a: “Aliás, o conceito de ‘recalcam ento’ — de cujo conhecim en-to faz o psychanalysta o clou de toda a questão educativa da criança — não é um conceito de Freud”, para em seguida com pletar dizendo, “extende-a Pfister aos im pulsos instinctivos em geral, não só ao sexual” ( JARDIM, s.d., p. 176) .16

Mais ainda, Jardim constata que falta à psicanálise um a visão sociológica, um a crítica social essencial à concepção pedagógica. Com o bom núm ero de pedagogos brasileiros, sua concepção pedagógica se inspira em Dewey, Durkheim e Spencer, que consideram a educação um a obra social realizada para a com u-nidade e pela coletividade, e cujo objetivo é preparar a criança para a vida.

A divergência é, portanto, clara, principalm ente com Porto-Carrero, que considera a psicanálise com o “um m ethodo que se desenvolveu com o system a filosófico e invadiu a esph era in teira das scien cias do espir ito” ( PORTO-CARRERO, 1928a/ 1929, p. 14) . O autor parte da constatação de que os sofri-m entos esofri-m ocionais, esses cosofri-m plexos recalcados, esses tabus sofri-m ilenares herda-dos das raças que com põem o povo sul-am ericano, índio, negro, europeu, estão na base dos conflitos íntim os. Mas para esse adepto das teses raciais, na sua vertente “positiva” e tão em voga nesses anos 20, considerando que é im possí-vel se desfazer da m istura das raças, a prevenção dos m ales deve ser feita desde a infância, “tendo com o núcleo, um a educação norteada no sentido de evitar à criança os traum as em otivos que ordinariam ente servem de base futura à per-versão sexual e à neurose” ( PORTO-CARRERO, 1928d/ 1929, p. 195) . Ele vai m esm o m ais longe; entusiasm ado com a Revolução Russa e convencido das transform ações que a psicanálise pode provocar no indivíduo, ele vê se esboçar na proposição freudiana um projeto de sociedade ideal, sem crim e, sem censu-ra, sem punição. Isso porque:

(15)

“Reconstruída a sociedade sobre novas bases, conhecida a tram a sexual dos im pul-sos, varridos os tabu s m illen ares e arch itectada sobre os fu n dam en tos da n ova

scien cia esse m u n do ideal com qu e son h ou Freu d n o seu livro Die Zukunft einer

Illusion, o crim e deixará de existir.” ( PORTO-CARRERO, 1928e/ 1929, p. 186)17

Apesar da sua interpretação bastante particular da obra de Freud, em seu pro-gram a de “educação m oral do brasileiro” há um a confrontação com a religião como sistem a m oral, ao qual ele opõe um m odelo racional, e de um a certa form a “m odernizador” com o sugere RUSSO ( 1998) . Assim , continua Porto-Carrero:

“Se os nossos tabus religiosos persistirem — e não viverem os sem elles — que nos sejam m enos coercitivos dos im pulsos que levam o hom em não só e directam ente à nobre reprodução da especie, m as tam bem aos m ais elevados designios sociaes.” ( PORTO-CARRERO, 1928d/ 1929, p. 196)

E levam Renato Jardim a assinalar que m ais grave que a sua ausência de um a visão de m undo, a psicanálise, ao investir nos com plexos da fam ília pelo m éto-do de exploração éto-do inconsciente, tem a intenção de expurgar e lavar a alm a através de um “processo de exorcism o” que é perigoso, pessim ista e que, con-tinua, já conduziu m uitos adultos ao suicídio ( JARDIM, s.d., p. 183) . O autor tem ia sobretudo que os professores, “nem sem pre de aguçado espírito crítico” ( p. 184) , abraçassem essa doutrina, que qualifica de “com plicada”, “obscura”, “pessim ista” além de “fanatisadora”, quando não entrincheirada no “com plexo sexual” da qual se inspirou e que “ sim boliza” , e com esse cabedal teórico partam na “caçada em larga escala aos ‘com plexos’ das crianças e dos adoles-centes” ( JARDIM, s.d., p. 183) .

É justam ente neste ponto que reencontram os nossa segunda hipótese, pois, efetivam ente, para os educadores a problem ática da educação sexual é espinho-sa, envolvendo questões que extrapolam os lim ites do cam po teórico para se alojar no em bate político, m ais precisam ente na polêm ica que nesse m om ento divide o m ovim ento pedagógico em dois cam pos. De um lado, o m ovim ento renovador que, apesar da diversidade de concepções, se define por um a escola laica, para todos, portanto pública e sem separação de sexos. De outro, as cor-rentes conservadoras que sustentam um projeto de ensino privado, religioso e com separação de sexos, cuja bandeira de luta é a proposta de introdução do ensino religioso nas escolas.

(16)

Convocados pelo governo a elaborarem propostas com vistas à reform a do sistem a de educação, os dois cam pos sabem que devem negociar suas posições. Com o assinala Rom anelli, “A questão do ensino religioso poderia ser conside-rada um a questão de ordem secundária na evolução do sistem a educacional brasileiro, se não fossem as polêm icas que suscitou e as lutas ideológicas em que se envolveu” ( ROMANELLI, 1978, p. 143) .

Falta ainda precisar em que m edida a política de conciliação entre os dois cam pos, negociada pelo governo durante o decênio 1930,18 não teria contribuído para o recuo dos pedagogos no apoio à psicanálise. Partindo do pressuposto de ROMANELLI ( 1978, p. 142) , de que a expansão do ensino e a sua renovação perm aneceram subordinadas ao jogo de forças entre os dois cam pos em disputa nas estruturas de poder, é o caso de se perguntar em que m edida esse projeto da psicanálise, esse saber sobre a sexualidade infantil agora concretizado na posta de ensino de educação sexual, não teria em baraçado os pedagogos pro-gressistas, tornando-a difícil de ser sustentada tanto no interior da ABE quanto nos debates com os setores conservadores. Não seria estranho supor que esses pedagogos tem essem ser acusados de professar um a doutrina, que com o lem -bra Jardim , condena “a m oral existente sem offerecer um conceito de m orali-dade que a suppra, seja este espiritualista ou seja outro” ( JARDIM, s.d., p. 174) . Em todo caso, a posição do antigo m em bro da com issão de redação da Revista

Brasileira de Psicanálise parece clara: “Tenham os a coragem de dizer: ‘Não se elabora

u m a p ed ag o g ia p sych an alysta. A ed u cação n ão tem n ad a a esp er ar d a Psychanalyse’” ( JARDIM, s.d., p. 185) .

O fato é que a partir desse período, não apenas os pedagogos progressistas se distanciam , com o tam bém os psicanalistas se tornam alvo de diversos outros ataques de intelectuais, não necessariam ente opositores da psicanálise.

Um bom exem plo é Alceu Am oroso Lim a. Um dos principais ideólogos do pensam ento autoritário, conservador e católico brasileiro, vez por outra, en-contram os m enções à teoria freudiana em suas crônicas literárias publicadas no quotidiano carioca O Jornal ( LIMA, 1966) . Mas suas críticas ganham form a m ais elaborada em 1929, quando, sob o pseudônim o de Tristão de Athayde, publica um opúsculo dedicado à análise filosófica do pensam ento freudiano intitulado

Freud ( LIMA, 1929) .

1 8 No com eço dos anos 30, o debate sobre a elaboração das diretivas para a educação nacional,

(17)

Para ele, Freud é “um Nietszche sem gênio”. Enquanto o segundo via no hom em um a criatura de força e de controle, cuja hum anização se fazia pela vontade de ser forte face à sedução e hum ildade, um “super-hom em ”, o prim ei-ro via apenas um a criatura de instintos, subordinada a toda espécie de influên-cias, e cuja sublim ação se faz pela utilização de todas as suas forças, um “infer-hom em ” ( LIMA, 1929, p. 9) . Esses dois autores, com Marx que im põe o “predo-m ínio do ho“predo-m e“predo-m sobre a natureza”, seria“predo-m os representantes típicos do indivi-dualism o e do m aterialism o que dom inam nossa época.

Mais para além da su a recrim in ação à crítica de Freu d sobre a religião expressa em Totem e tabu ( 1912-1913) , ele se m ostra indignado m esm o é com o que cham a de “anim alisação” freudiana que subordina o hom em à sexualidade infantil. Assim , afirm a:

“ Nenhum pensador contem porâneo ousou expor, com tanta audácia, as teorias m ais repugnantes ao que havia de m ais delicado, de m ais intangível na alm a dos hom ens: a pureza do sentim ento filial e o respeito pela inocência infantil. Freud

ousou.” ( LIMA, 1929, p. 33)

Mais m oderado, ele retom a essa m esm a tem ática com quase dez anos de intervalo afirm ando que:

“o erro de Freud era apenas relativo [ na m edida em que] não são de todo inexatas suas observações. ( … ) Erra apenas Freud quando nos fornece, dos instintos infan-tis, a im agem de um adulto em ponto pequeno, descobrindo um a antecipação

sexual, onde existe apenas a perm anência de vários instintos prim itivos.” ( LIMA, 1938/ 1958, p. 23)

Vale salientar no entanto que, sua posição, longe de ser original, traduz a do Vaticano, que nessa época condena de m aneira severa o freudism o, ao m esm o tem po que proclam a a psicanálise com o sím bolo da degradação dos valores da sociedade ocidental e em particular da fam ília cristã. Em conseqüência, a leitu-ra das obleitu-ras de Freud é desaconselhada pelo clero.

(18)

contrá-rio, ironizada ou transform ada em chacota. É o caso, por exem plo de Osw ald de Andrade, quando o debate com Freud e em particular sobre a tem ática do pansexualism o se estende ao longo de sua obra. Nele, contudo, essa questão fica inteiram ente desvestida de valor m oral, e é Freud que se torna um m oralis-ta, um “defensor dos valores dessa sociedade”, um burguês decadente. De seus escritos em erge um Freud que “se ressente dos resíduos vigentes da form ação cristã-ocidental” ( ANDRADE, 1950/ 1972, p. 125) e um a psicanálise com o vi-são de m undo no lugar de um a proposição clínica.

Durval Marcondes é o prim eiro a fazer um balanço negativo e a tirar lições desse fracasso. No com ando do m ovim ento psicanalítico paulista, ele m uda a direção procurando evacuar do seu discurso o aspecto sexual da doutrina. Ao passo que no Rio de Janeiro, Porto-Carrero se lança, juntam ente com um seleto grupo de m édicos, num trabalho de tradução das obras de Freud e um a intervenção m ais reservada junto ao m eio m édico e universitário carioca, interrom -pida por sua m orte prem atura em 1938. Nessa cidade, o m ovim ento psicanalí-tico só será retom ado com força na década de 40, com a criação, em 1944, do Centro de Estudos Juliano Moreira, destinado a agrupar m édicos interessados na psicanálise.

Mas nesse com eço dos anos 30, é finalm ente a Arthur Ram os que cabe apa-ziguar os ânim os e tentar tem perar o debate com os pedagogos por m eio da publicação, por sugestão de Afrânio Peixoto, do seu prim eiro livro sobre o tem a, intitulado Educação e psicanálise, em 1934. Partindo do princípio de que a Escola Nova e a psicanálise têm em com um o “ respeito à personalidade da criança”, e ao m esm o tem po considerando que “a repulsa em adm itir a sexuali-dade infantil está na sua interpretação do ponto de vista do adulto”, o autor procura desenvolver algum as das principais noções psicanalíticas passíveis de serem aplicadas à escola, com o objetivo de m odelar e adaptar a personalidade do alu n o ( RAMOS, 1 9 3 4 ) . Cabe lem brar qu e Ram os é discípu lo de Nin a Rodrigues, de quem tenta recuperar a im agem , com o fundador da psicopatologia no Brasil. Em breve, sua concepção da psicanálise vai se aproxim ar da vertente culturalista, pelo viés da antropologia e por influência do francês Roger Bastide. No entanto, para o m issionário Marcondes, trata-se de recentrar o dom ínio da psicanálise, buscando inscrevê-la agora no m eio m édico e psiquiátrico. Os sinais dessa m udança estratégica do discurso se verificam tanto nas suas entrevistas na im prensa quanto em suas intervenções na Associação Paulista de Medicina ( APM) .19

(19)

Mas, para sim bolizar essa nova estratégia, nada m elhor que a publicação de um a segunda edição do livro de Franco da Rocha, o m esm o que havia lançado a psicanálise em São Paulo dez anos antes, só que desta vez com o título A

doutrina de Freud, em 1930.

Desde então, no discurso de Marcondes, a psicanálise aparece com o um a “teoria das neuroses” e um m étodo de investigação do inconsciente que rom pe com a “ velha psiquiatria organicista”. Marcondes insiste sobretudo na im por-tância da psicanálise para a com preensão da gênese psicológica das m anifesta-ções m entais m órbidas e sua ação no com bate às doenças m entais, com o a histeria, ao m esm o tem po que salienta, com o seu m estre Franco da Rocha, que as m anifestações graves, m ais ligadas às condições orgânicas, não podem ser solucionadas pela psicanálise. Aliás, ele se queixa de seus colegas que só en cam in h am para ele pacien tes apresen tan do u m sin tom atologia perversa, geralm ente hom ossexuais, que segundo seu ponto de vista são os casos m ais difíceis, quando não os m enos recom endados. Em contrapartida, ele apresenta diversos casos tratados pelo m étodo da associação de idéias e an álise dos sonhos, em particular aqueles em que há intervenção do com plexo fam iliar n o m ecan ism o p ato gên ico , o n ú cleo cen tr al d e to d as as p sico n eu r o ses ( MARCONDES, 1934/ 1935) .

De m odo geral, pode-se dizer que suas intervenções se caracterizam por um a leitura m ais elaborada dos textos freudianos e um m anejo m ais sutil dos conceitos psicanalíticos adquiridos na clínica. Por outro lado, ainda que consiga aos poucos suavizar a dim ensão sexual das suas interpretações, sua com -preensão do aparelho psíquico, aqui já inscrita na Segunda tópica freudiana, é profundam ente m arcada pelas concepções higienistas da época, em particular as de correção dos “desvios da norm alidade”. O que faz a diferença é que a norm alidade se estabelece, segundo ele, pelo equilíbrio entre as três instâncias: ego, id e super-ego, ao passo que os desvios se cristalizam pelos desajustes “entre o núcleo central da personalidade, o ‘ego’, e as outras partes funcionais do aparelho psíquico” ( MARCONDES, 1938/ 1939, p. 4) . O m étodo psicanalíti-co se m ede então pela sua capacidade de reajustar e adaptar os indivíduos psicanalíti-com desvios de com portam ento, isto porque “proporciona os elem entos m ais valio-sos para corrigir seus desvios, um a vez que estes não ultrapassem certos lim ites e decorram dentro de circunstâncias nitidam ente funcionais” ( MARCONDES, 1 9 3 8 / 1 9 3 8 , p. 5 ) . Ou seja, ele pr ivilegia o registro do aparelh o psíqu ico adaptativo do eu com o instância central da personalidade.

(20)

que delim itam os cam pos de intervenção de cada disciplina, se encontram liga-das por um m esm o discurso de verdade e um olhar sobre a etiologia social liga-das doen ças m en tais, qu e é o da m edicin a social n a su a verten te preven tiva e profilática. Contudo, perm anece a idéia de que é na criança que se deve agir. Ela é o alvo principal da psicanálise. Isso porque a infância constitui o m om ento particular da form ação da personalidade do indivíduo e sua adaptação ao m eio social; ela é m esm o, lem bra Marcondes, o “m om ento estratégico da luta contra as psicopatias” ( MARCONDES, 1946, p. 44) .

Assim , para que a psicanálise pudesse se im plantar, sobretudo em São Paulo, foi preciso antes vesti-la de pansexualista em versão local, higienista de base educativa, para em seguida, tem pos de m oralização exigem , desvesti-la, e final-m ente revesti-la, agora cofinal-m conhecifinal-m entos e técnicas capazes de “prevenir”, “com bater” e “curar” as anom alias que im pedem a adaptação da criança ao seu m eio social.20

Esse longo processo se concretiza em dezem bro de 1938, quando, ao lado da form ação dos prim eiros analistas pelo divã, Marcondes inaugura, na Secção de Higiene Mental Escolar da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a Clínica de Orientação Infantil e com ela a prim eira experiência de psicoterapia infantil no Brasil. Com essa nova roupagem e essa prática inovadora no país, inaugura tam bém um a nova fase da história da psicanálise no Brasil, a que vai perm itir de fato a sua im plantação e expansão.

Recebido em 19/ 2/ 2002. Aprovado em 3/ 4/ 2002.

2 0 Antes de com eçar a obter os prim eiros frutos do seu investim ento na psicanálise, Marcondes

(21)

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, O. de. ( 1 9 5 0 / 1 9 7 2 ) “ A cr ise da filosofia m essiân ica” , in

Obras com pletas, 6 . Do pau- brasil à antropofagia e às utopias, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, p. 75-138.

AUSTREGÉSILO, A. ( 1917/ 1946) “ A cura dos nervos” , in Obras com pletas, VI, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.

BICUDO, V. ( 1948) “ Contribuição para a histór ia do desenvolvim ento da psicanálise em São Paulo” , in Arquivos de N europsiquiatria, n. 1, v. VI, São Paulo, p. 69-72.

CHEMOUNI, J. ( 1993) “ Psychanalyse & éducation” , in L’apport freudien. Élem ents pour une encyclopédie de la psychanalyse, KAUFMANN, P. ( dir.) , Paris, Bordas, p. 504-510.

DUTRA, E. ( 1997) O ardil totalitário: im aginário político no Brasil dos anos 3 0, Rio de Janeiro/ Belo Horizonte, UFRJ/ UFMG.

FRANCO DA ROCHA, F. ( 1 9 2 0 ) O pansexualism o na doutrina de Freud, São Paulo, Typographia Brasil de Rothschild Cia.

GAGEIRO, A. M. ( 2001) “ L’Histoire de la psychanalyse au Brésil et de la form ation de la Société Psychanalytique de Porto Alegre ( 1963) ” , tese de doutorado, Paris, Universidade de Par is VII.

GUERNER, F. ( 1930) [ Resposta de Fausto Guerner ao inquér ito do jornal

Diário da N oite] , in Archivos Paulistas de Hygiene Mental, n. 5, v. III, São Paulo, LPHM, p. 82.

JARDIM, R.[ s.d.] Psychanalyse e Educação, São Paulo, Melhoram entos. LIMA, A.A. ( 1966) Estudos literários. 1 ( 1 9 1 9 - 1 9 2 5 ), Rio de Janeiro, Aguilar.

. ( 1929) Freud, Rio de Janeiro, Centro Dom Vital.

. ( 1938/ 1958) “ Idade, sexo e tem po ( Três aspectos da psicolo-gia hum ana) ” , in Obras completas, XXVII, 9. ed., Rio de Janeiro, Agir. MARCONDES, D. ( 1935) “ Os resultados do tratam ento psychoanalytico”

[ Trabalh o apresen tado n a Secção de Medicin a, em 2 0 de abr il de 1934] , in Revista da Associação Paulista de Medicina, n. 1, v. VI, São Paulo, APM, p. 21-28.

. ( 1939) Aspectos do aproveitam ento prático da psicanálise [ Trabalho apre-sentado no I Congresso Paulista de Psicologia, Neurologia, Psiquia-tria, Endocrinologia, Identificação, Medicina Legal e Crim inologia, em julho de1938] , em Recife, Separata de Neurologia.

. ( 1946) “ Clínica de orientação infantil: suas finalidades e linhas gerais” , in N oções gerais de higiene m ental da criança, São Paulo, Martins, p. 43-48.

MEDEIROS DE ALBUQUERQUE, J. J. C. C. ( 1922) Graves e fúteis, Rio de Janeiro, Livraria Ed. Leite Ribeiro.

MORAES, D. ( 1927 [ ?] ) A psicanálise na Educação, Rio de Janeiro, Mendonça, Machado e Cia.

NUNES, S. A. ( 1988) “ Da m edicina social à psicanálise” , in Percursos na História da Psicanálise, Rio de Janeiro, Taur us, p. 61-122.

(22)

PORTO-CARRERO, J .P. ( 1926/ 1929) “ Educação e psychanalyse” [ Con-ferência de vulgarização irradiada pelo Radio-Club do Rio de Janei-ro] , in Ensaios de Psychanalyse, Rio de Janeiro, Flores & Mano, p. 125-131. . ( 1927a) “ Em torno da m esa ( Variações sobre o narcisism o) ” [ Oração no Círculo do Magistério Super ior, Rio de Janeiro] , p. 61-65. . ( 1927b) “ O carácter do escolar, segundo a psychanalyse” [ Tese apresentada na I Conferência Nacional de Educação em Curitiba] , p. 41-59.

. ( 1928a/ 1929) “ Psychanalyse: a história e o seu conceito” , in

Ensaios de psychanalyse, Rio de Janeiro, p.11-25.

. ( 1928b) “Bases da educação m oral do brasileiro” [ Estudo apre-sentado na Seção de Moral e Cívica da ABE] , p. 83-96.

. ( 1928c) “ O ponto de vista m etapsychológico” [ XXIII Confe-rência do Curso de Psicanálise Applicada à Educação] , p. 143-155.

. ( 1928d) “ Prophylaxia dos m ales da em oção” [ Texto para o I Congresso Latino-am ericano de Neurologia, Psychiatria e Medicina Legal, em Buenos Aires] , p. 187-196.

. ( 1928e) “ O conceito psychanalytico de Pena” [ Conferência realizada na Universidade de Minas Gerais] , nov, p. 177-186. RAMOS, A. ( 1934) Educação e psychanalyse, São Paulo, Cia Editora Nacional. ROMANELLI, O. O. ( 1978/ 1985) História da Educação no Brasil ( 1 9 3 0 - 1 9 7 5 ),

Rio de Janeiro, Vozes, 7. ed.

ROUDINESCO, E. ( 1994) Histoire de la psychanalyse en France. 1 ( 1 8 8 5 - 1 9 3 9 ), Paris, Fayard.

. PLON, M. ( 1997) Dictionnaire de la psychanalyse, Paris, Fayard. ROXO, H. ( 1921) Manual de psychiatria, Rio de Janeiro, Francisco Alves.

. ( 1934a) “ Introdução” , in N ovidades em doenças m entais, Rio de Janeiro, Atlântida, p. 5-9.

. ( 1934b) “ A eschizophrenia e os m odernos tratam entos” , in

N ovidades em doenças m entais, Rio de Janeiro, Atlântida, p. 10-39. RUSSO, J. ( 1997) “ Dize-m e com quem andas… ( A doutr ina panseuxalista

de Freud e a psiquiatria brasileira no início do século) ” , trabalho apresentado no XXIEncontro Anual da Anpocs, Caxam bu ( m im eo.) . . ( 1998) “ Raça, psiquiatria e m edicina-legal. Notas sobre a ‘pré-historia’ da Psicanálise no Brasil” , in Horizontes Antropológicos, ano 4, n. 9, p. 85-103.

Referências

Documentos relacionados

Para os tratamentos térmicos, foi preparada uma amostra do fio supercondutor com dimensões 150 mm de comprimento e 3,00 mm de diâmetro para cada perfil de

A Parte III, “Implementando estratégias de marketing”, enfoca a execução da estratégia de marketing, especifi camente na gestão e na execução de progra- mas de marketing por

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo

Ainda nos Estados Unidos, Robinson e colaboradores (2012) reportaram melhoras nas habilidades de locomoção e controle de objeto após um programa de intervenção baseado no clima de

Lück (2009) também traz importantes reflexões sobre a cultura e o clima organizacional ao afirmar que escolas possuem personalidades diferentes, embora possam

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Os filmes finos dos óxidos de níquel, cobalto e ferro, foram produzidos por deposição dos respectivos metais sobre a superfície de substratos transparentes no