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O Impacto da Política Monetária sobre os juros e crédito bancário

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(1)

ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA

MESTRADO EM FINANÇAS E ECONOMIA EMPRESARIAL

O IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA SOBRE OS JUROS E CRÉDITO

BANCÁRIO

por

Rafaela Harbache

(2)

O IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA SOBRE OS JUROS E CRÉDITO

BANCÁRIO

por

Rafaela Harbache

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da

Escola de Pós-Graduação em Economia da

Fundação Getulio Vargas como exigência parcial

para obtenção do título de Mestre em Finanças e

Economia Empresarial, sob a orientação do

Professor Fernando de Holanda Barbosa

(3)

Dissertação de Mestrado:

O impacto da política monetária sobre os juros e crédito bancário

Autor:

Rafaela Harbache

Orientador:

Fernando de Holanda Barbosa

Data da defesa:

24 de Abril de 2009

Aprovada por:

_________________________________________

Fernando de Holanda Barbosa

_________________________________________

Eduardo Pontual Ribeiro

_________________________________________

Renato Fragelli Cardoso

(4)

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, por ter me apoiado em todos os momentos difíceis, sempre com muito

amor e paciência. Sua determinação e inteligência são motivos de inspiração. Obrigada

pela ajuda na escolha do tema e sugestões para melhoria da tese.

Aos meus pais e meu irmão por terem acreditado em mim todos esses anos e abdicado

de muitas coisas para que eu pudesse concluir o curso. Sem vocês eu não teria

conseguido alcançar os meus sonhos.

As minhas amigas de mestrado, Amanda Schutze, Roberta Ferriche, Samara Paladino e

Sue-Ellen Paz, pela amizade e aprendizado nos estudos e trabalhos que muitas vezes se

prolongaram nas madrugadas e finais de semana, mas que serão ótimas lembranças

desses últimos anos.

(5)

RESUMO

Nos últimos anos, o mercado de crédito apresentou grande expansão à medida que os

juros bancários e spreads bancários seguiram uma trajetória de queda, embora ainda

permaneçam em patamares elevados em comparação a países desenvolvidos. O objetivo

deste trabalho é analisar o impacto da política monetária sobre as taxas de empréstimos

e sobre os spreads bancários de algumas modalidades de crédito e a relação entre taxas

de empréstimos, crédito e renda. Os resultados dos testes de co-integração sugerem que

a taxa básica de juros Selic pode estar influenciando as taxas de empréstimos e spreads

bancários e que existe uma relação de longo prazo entre as taxas de empréstimos,

crédito e renda.

PALVARAS-CHAVES

Juros bancários, política monetária, co-integração.

ABSTRACT

In the last years, credit market has shown strong growth since interest rates and bank

spreads have followed a declined route. This dissertation analyzes the impact of the

monetary policy on the bank margins and interest rates of some type of credit operations

and tests the relation between interest rates, loans and GDP. The cointegration test

results can not reject the hypothesis that Selic rate could be affecting the bank margins

and interest rates and also that there is a long term relation between interest rates, loans

and GDP.

KEY WORDS

(6)

SUMÁRIO

Introdução...6

1.

Sistema Financeiro Brasileiro...9

1.1.

Evolução do Sistema Financeiro Brasileiro ...10

1.2.

Taxas de Aplicação, Captação e Spreads Bancários...16

1.3.

Sistema de Crédito Direcionado...24

1.4.

Sistema de Crédito Livre ...27

2.

Modelos do Sistema Bancário ...32

2.1.

Sistema Bancário ...32

2.2.

Concorrência Perfeita ...34

2.3.

Monopólio...37

3.

Crédito e Política Monetária: Evidência Empírica ...44

3.1.

Testes de Raiz Unitária...48

3.2.

Taxas de Empréstimo e Taxa Selic ...52

3.3.

Spreads Bancários e Taxa Selic ...58

3.4.

Taxas de Empréstimo, Crédito e Produção Industrial ...62

4.

Comentários Finais...72

(7)

Introdução

O sistema bancário brasileiro tem elevados spreads bancários e baixa relação

crédito/PIB. Nos últimos anos, devido ao cenário macroeconômico mais favorável dada

a estabilização da inflação, maior abertura ao mercado financeiro internacional e adoção

de um regime de câmbio flexível tem sido possível observar uma trajetória de redução

dos spreads bancários e crescimento das operações de crédito. Entretanto, o mercado de

crédito

1

representava apenas 34,7% do PIB no final de 2007 estando ainda abaixo de

níveis observados em economias de mesmo porte e/ou economias desenvolvidas.

Os elevados spreads bancários (diferença entre as taxas de juros de captação de recursos

e aplicação em operações de empréstimos das instituições financeiras) resultam dos

altos níveis de compulsórios sobre os depósitos bancários que restringem a oferta de

crédito, dos altos custos operacionais, da excessiva tributação sobre as operações de

crédito, do risco de crédito e do seu custo de oportunidade. Tal custo de oportunidade é

decorrente da necessidade de financiamento do governo através da emissão de títulos da

dívida pública que são remunerados pela taxa de juros básica Selic que possuem um

risco menor e liquidez maior do que as operações de empréstimo bancário.

O mercado de crédito brasileiro é formado por operações com recursos livres e recursos

direcionados. Os recursos direcionados são operações de crédito cujas taxas de juros são

previamente estabelecidas conforme normas governamentais regidas pela Resolução

3.005/02, tais como: volumes mínimos das operações com base nos saldos de captação e

taxas a serem praticadas. Os recursos livres, entretanto, são operações de crédito cujas

taxas de juros são livremente acordadas entre as instituições financeiras e os tomadores.

O crédito direcionado está voltado a atender os setores rural (vinculado à captação de

depósitos à vista), habitacional (vinculado à captação de depósitos de poupança) e

infra-estrutura. As modalidades de operações de crédito com recursos livres no segmento de

1

(8)

pessoa jurídica são: capital de giro, conta garantida

2

, aquisição de bens, vendor, hot

money, desconto de duplicatas, desconto de promissórias, financiamento imobiliário,

ACC, export notes e Resolução 63. No segmento de pessoa física, temos: cheque

especial, crédito pessoal, cartão de crédito, financiamento imobiliário e aquisição de

veículos e outros.

Razão entre o Total das Operações de Crédito e o PIB (%)

0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0

dez-94

dez-95

dez-96

dez-97

dez-98

dez-99

dez-00

dez-01

dez-02

dez-03

dez-04

dez-05

dez-06

dez-07

%

a

.a

.

Nota: Razão entre o Total das Operações de Crédito (recursos livres e direcionados) e o PIB. Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 1]

Com objetivo de regular, reduzir o risco de crédito e promover maior transparência ao

mercado, o Banco Central (BACEN), tem feito pesquisas analisando o mercado de

crédito no sistema bancário brasileiro. O Banco Central publicou em 1999 o relatório

“Juros e Spread Bancário no Brasil” que iniciou o projeto Juros e Spread Bancário,

promovendo ações que reduzam os custos dos empréstimos bancários realizados com

recursos livres (Banco Central do Brasil, 2002).

2

(9)

A redução da taxa de juros e o crescimento da economia são variáveis que podem

explicar o aumento do crédito no Brasil. Outros fatores que podem ter contribuído para

o aumento recente das operações de crédito são: a) maior transparência das operações

bancárias, b) aperfeiçoamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), c) mudanças

nas regras de classificação das operações de crédito e de constituição de provisões, d)

implementação do novo Sistema de Informações de Crédito (SCR) no Banco Central, e)

portabilidade das informações cadastrais, f) securitização e negociação de recebíveis em

forma de garantia, g) redução da carga tributária sobre as intermediações financeiras (a

alíquota de IOF passou de 6% para 1,5% nas operações com pessoas físicas), h) criação

da Cédula de Crédito Bancário

3

(CCB), i) ampliação das garantias concedidas nas

operações de alienação fiduciária, j) consignação de pagamentos de créditos pessoais no

salário do trabalhador e k) reforma da Lei de Falências (Banco Central, 2007).

O presente trabalho tem como objetivo analisar a relação existente entre a política

monetária, a taxa de juros dos empréstimos e os spreads bancários. A hipótese a ser

testada neste trabalho será o impacto causado por uma variação na taxa de juros básica

Selic sobre as taxas de empréstimo e spreads bancários das seguintes modalidades de

crédito: capital de giro e conta garantida, no segmento de pessoa jurídica e crédito

pessoal e aquisição de veículos, no segmento de pessoa física.

Este trabalho está divido em quatro capítulos, além desta introdução. O primeiro

capítulo analisa a evolução dos principais indicadores de crédito e do cenário

macroeconômico do país a partir do Plano Real até o ano de 2007, enfatizando os

principais fatos estilizados.

O segundo capítulo apresenta modelos do comportamento de instituições financeiras e

determina os spreads bancários para os casos dos modelos de concorrência perfeita e de

monopólio.

3 O governo instituiu a CCB, instrumento de crédito de trâmite judicial simplificado, a fim de

(10)

O terceiro capítulo, por sua vez, realiza uma análise empírica do impacto da política

monetária sobre as taxas de empréstimos e spreads bancários das modalidades de

crédito supracitadas e da relação entre taxas de empréstimos, crédito e renda. Por fim, o

quarto capítulo contém um resumo das conclusões deste trabalho.

1.

Sistema Financeiro Brasileiro

O Sistema Financeiro Brasileiro (SFB) é constituído pelo sistema de bancos estatais e

privados, e este, por sua vez, é formado pelos bancos domésticos e estrangeiros.

A estrutura do SFB antes do Plano Real era caracterizada pela forte presença dos bancos

estatais, que respondiam pela maior parte do mercado em qualquer critério que fosse

utilizado, tais como: proporção de ativos totais, de depósitos ou operações de crédito. O

SFB foi fortemente impactado pelos períodos de alta inflação nas décadas de 80 e 90.

Com a estabilização de preços, após a implantação do Plano Real, os bancos nacionais,

privados e públicos, foram expostos a competição de bancos estrangeiros em

conseqüência da reestruturação ocorrida no sistema bancário e por causa disso a

expectativa era que houvesse uma ampliação do volume de produtos oferecidos podendo

gerar uma pressão sobre os spreads bancários.

(11)

1.1.

Evolução do Sistema Financeiro Brasileiro

Antes do Plano Real, o governo financiava o seu déficit com a emissão de moeda,

resultando em elevados índices de inflação. As instituições financeiras realizavam

ganhos através do floating, ou seja, aplicando os depósitos bancários em títulos públicos

no overnight

4

. A inflação constituía um importante mecanismo de financiamento dos

bancos, ao corroer o valor real dos depósitos, além de gerar incentivos à introdução de

inovações financeiras tornando os bancos extremamente ágeis na realização de

pagamentos e movimentação de recursos.

Durante o período de alta inflação, até mesmo os pequenos bancos realizavam ganhos

com facilidade, a partir da captação de depósitos e aplicação em títulos da dívida

pública, sendo capazes de sobreviver à competição do mercado.

Com a estabilização de preços, os ganhos com o floating deixaram de ser obtidos e em

1993 as receitas inflacionárias dos bancos que eram estimadas em 4,2% do PIB

brasileiro, caíram à aproximadamente zero em 1995. A redução das receitas

inflacionárias fez com que o sistema bancário enfrentasse grandes dificuldades, com a

quebra de muitas instituições de pequeno e médio porte e três grandes bancos

(Econômico, Nacional e o Bamerindus), que podia ter resultado em uma corrida

bancária e até mesmo ter colocado em risco o funcionamento do sistema de pagamentos.

Para evitar uma possível falência bancária, o Banco Central formulou o Programa de

Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional

(PROER), baseado em dois princípios gerais: a) preservação da estabilidade do sistema

de pagamentos através da garantia dos depósitos dos aplicadores e da penalização das

más políticas bancárias, b) transferência do controle acionário das instituições mais

problemáticas pelo programa. Os bancos problemáticos foram divididos em “banco

bom” e “banco ruim”, sendo o primeiro adquirido por outro banco (depois de saneados

por meio das operações do PROER) e o segundo sendo liquidado pelo Banco Central. O

4

(12)

PROER foi concluído em meados de 1997 e devido às oito fusões/aquisições realizadas

a estrutura do sistema bancário brasileiro foi profundamente alterada resultando em um

mercado caracterizado pela concentração

5

, com predominância dos bancos nacionais,

com exceção do banco espanhol Santander (Nota Técnica nº 11 - Banco Central, 2001).

Devido à concentração bancária ocorrida no SFB como conseqüência das fusões e

aquisições dos programas de reestruturação implementados na época, a participação dos

bancos com controle estrangeiro nos ativos totais do setor bancário passou de 8,35%, em

1993, para 27,41% em 2000. O patrimônio aumentou de 7,28% para 28,31%, as

operações de crédito passaram de 6,56% para 25,16% e os depósitos de 4,83% para

21,14%, no mesmo período (Nota Técnica nº 11 - Banco Central, 2001).

Fonte: Banco Central/COSIF, quadro 24 (2006). [Figura 2]

O fim do período de inflação impulsionou o aumento de aplicações em depósitos

bancários que financiaram a expansão das operações de crédito no início do Plano Real,

pois as instituições financeiras foram obrigadas a substituir as receitas inflacionárias por

5

(13)

receitas de intermediação financeira, de serviços e tarifas. Esperava-se que os bancos

passariam a praticar spreads bancários e taxas de empréstimos menores, mas o

crescimento das operações de crédito não durou muito, sendo interrompido no segundo

trimestre de 1995, como resultado das altas taxas de juros praticadas após a crise

mexicana, como tentativa de evitar uma grande fuga de capitais da economia brasileira.

Além disso, o sistema bancário ainda sofreu o impacto de um aumento dos depósitos

compulsórios (alíquota de recolhimento de 83% sobre os depósitos à vista, 30% sobre os

depósitos a prazo e 30% sobre os depósitos de poupança), que restringiu a liquidez do

setor (Banco Central, 2005). O Banco Central freou a expansão do crédito ao impor

também “um compulsório de 15% sobre os empréstimos concedidos, dada a relativa

ineficiência dos elevados compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo que já

existiam” (De Paula et al., 2001)

Após o Plano Real, o financiamento do déficit do governo passou a ser realizado com a

emissão de dívida e desta forma, as taxas concedidas pela emissão de dívida alcançaram

níveis muito elevados, afetando o mercado de crédito, devido ao aumento da

inadimplência que forçou os bancos a serem mais seletivos na oferta de crédito. As

elevadas taxas de juros também impactaram a expansão do crédito à medida que

tornaram a emissão de títulos públicos bastante atrativa ao sistema bancário, levando os

bancos a adotarem um comportamento de maior preferência pela liquidez e aversão ao

risco, aumentando suas aplicações em títulos do governo e reduzindo sua exposição na

concessão de empréstimos.

(14)

continuando a obter lucros através de aplicações em títulos da dívida pública em

detrimento de operações de crédito.

Em 1994, o Brasil possuía uma âncora nominal, a taxa de câmbio, o que determinou um

regime de bandas cambiais no país. A principal origem da inércia da inflação (a

indexação automática de preços, salários e outros contratos) foi reduzida naquele

período. Entretanto, tal regime mostrou ser ineficiente no longo prazo e em janeiro 1999

o câmbio foi substituído pela taxa de juros básica nominal da economia, como âncora

nominal. O regime cambial brasileiro passou a ser flexível e foi adotado em meados de

1999 o regime de metas de inflação para manter a estabilidade da inflação.

O regime de metas de inflação é caracterizado no comprometimento do Banco Central

em atingir a meta de inflação estabelecida mantendo as expectativas do setor privado em

linha com a meta proposta. Para tal, é necessário que o Banco Central seja transparente

com o mercado em relação as suas estratégias se mantendo determinado em alcançar a

meta estabelecida.

No final de 1998, foi realizado um Programa de Estabilidade Fiscal através de uma

política fiscal restritiva que contribuiu na redução de pressões inflacionárias, logo, com

o novo regime adotado não era mais necessária a manutenção de elevadas taxas de juros

para equilibrar as contas externas, pois isso passaria a ser realizado pelo câmbio flexível.

(15)

Relação entre o Spread Bancário e as Operações de Empréstimos com Recursos Livres 0 50,000 100,000 150,000 200,000 250,000 300,000 350,000 400,000 450,000 500,000 jun-00 dez-00 jun-01 dez-01 jun-02 dez-02 jun-03 dez-03 jun-04 dez-04 jun-05 dez-05 jun-06 dez-06 jun-07 dez-07 R $ m il h õ e s 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 % a .a

Volume Total Spread Bancário

Nota: Deflator: IGP-DI. Valores do volume total de empréstimos com recursos livres com base em junho de 2000. As taxas do spread bancário referem-se a operações com juros prefixados. Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 3]

Relação entre o Spread Bancário e a Taxa Selic Efetiva

0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00 jun-00 dez-00 jun-01 dez-01 jun-02 dez-02 jun-03 dez-03 jun-04 dez-04 jun-05 dez-05 jun-06 dez-06 jun-07 dez-07 % a .a . 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 % a .a

Taxa Selic Efetiva Spread Bancário

Nota: As taxas do spread bancário referem-se a operações com juros prefixados. Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 4]

Os dados da figura 3 mostram que existe um grau de correlação entre o volume total de

crédito e o spread bancário

6

de -0,5811, indicando que a redução das margens bancárias

6

(16)

ocorre simultaneamente ao crescimento do volume de crédito da economia. Com relação

à figura 4, as variáveis spread bancário e a taxa Selic, apresentam um alto grau de

correlação de 0,8731. Dessa forma, o elevado diferencial entre as taxas de empréstimos

e as de captação pode afetar o aumento da relação crédito/PIB e o ciclo de negócios das

empresas.

Evolução do PIB x Inflação

0.0 200.0 400.0 600.0 800.0 1,000.0 1,200.0 1,400.0

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

R

$

b

il

h

õ

es

0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0

%

a

.a

PIB IPCA-IBGE

Eleição do president e Luiz Inácio Lula da

Silva Mudança do

regime cambial

Nota: Deflator: IPCA. Valores do PIB com base no ano de 1996. Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 5]

Em meados de 2002, a economia e o mercado de crédito brasileiro foram bastante

impactados pela incerteza dos investidores internos e externos quanto ao desempenho da

economia do país devido ao cenário eleitoral e ao processo de transição política. Por

causa disso, o câmbio sofreu fortes desvalorizações alcançando R$ 4,00, o risco país

alcançou 2.300 pontos no segundo semestre de 2002 e a inflação 20% ao ano.

A posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi concretizada no início de 2003 e o

governo teve uma postura ainda mais austera que o ex-presidente Fernando Henrique

(17)

Cardoso, dado que uma das medidas tomadas foi o aumento da taxa de juros básico

Selic, que atingiu 26,5% neste mesmo ano.

No segundo semestre de 2003, motivado pelo relativo controle da inflação, alcançado

por uma política monetária contracionista e acentuada apreciação do câmbio, o Banco

Central iniciou um processo de redução da taxa básica de juros e essa trajetória de queda

pôde ser observada até 2007.

Taxa Selic acumulada no mês anualizada

0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 ago -94 ab r-95 dez -95 ago -96 ab r-97 d ez-97 ago -98 ab r-99 dez -99 ago -00 ab r-01 d ez-01 ago -02 ab r-03 dez -03 ago -04 ab r-05 d ez-05 ago -06 ab r-07 d ez-07 % a .a

Fonte: Banco Central (2007)

[Figura 6]

1.2.

Taxas de Aplicação, Captação e Spreads Bancários

(18)

Os bancos não podem resolver essa falta de informações apenas aumentando as taxa de

juros, pois a elevação do custo da operação pode resultar em outro problema que seria a

seleção adversa, em que ocorre a eliminação dos bons devedores do mercado. Além

disso, as instituições financeiras não conseguem realizar o monitoramento do uso dos

recursos emprestados devido ao alto custo que esta prática requer, causando desta forma

uma falha de mercado, conhecido como risco moral, em que os devedores podem

utilizar os recursos emprestados em operações de maior risco.

Os spreads bancários são compostos pela despesa com inadimplência, custos

administrativos, inadimplência, tributos e taxas, custo do Fundo Garantidor de Créditos

(que prevê cobertura de até R$ 20 mil por depositante sobre depósitos bancários e outros

ativos), custo total dos depósitos à vista e do compulsório e resíduo ou lucro do banco

(que inclui outros fatores não considerados nessa decomposição). As despesas com

inadimplência e custos administrativos são as variáveis mais relevantes nessa

composição conforme a figura 7.

13 32 5 7 14 28 15 32 15 8 12 18 12 32 5 7 13 31 14 35 6 8 11 26 15 36 5 8 10 25 12 38 3 8 10 28 14 37 4 8 11 27 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 100.00 % a .a .

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Evolução da composição do spread bancário

Custo Administrativo Inadimplência Custos do compulsório Impostos indiretos/FGC Impostos diretos Resíduo líquido

Fonte: Tabela 7 - Banco Central (2007)

(19)

O resíduo não deve ser considerado como sinônimo de lucro do banco, pelo fato de

incorporar eventuais erros de medida dos demais componentes do spread bancário

citados acima e por contemplar componentes não considerados na decomposição

contábil, que embora não impliquem em despesas monetárias efetivamente incorridas,

podem afetar as margens cobradas por essas instituições em seus empréstimos.

A carga tributária que compõe os spreads bancários considera os seguintes impostos:

Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social (COFINS), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto de

Renda (IR) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Portanto, além da tributação

indireta, o Banco Central também considera a tributação direta.

Além das variáveis apuradas na decomposição contábil dos spreads bancários existem

fatores microeconômicos (gerenciamento dos bancos comerciais, risco do

gerenciamento e a situação do mercado), macroeconômicos (política monetária, inflação

e taxa de câmbio) e institucionais (legislação bancária e supervisão) que influenciam as

margens dos bancos (Fuentes e Basch, 2000).

A partir de estudos sobre tais fatores, Afanasieff, Lhacer e Nakane (2002) concluíram

que os componentes macroeconômicos, principalmente a taxa básica de juros, tem maior

impacto sobre os spreads bancários. Assim sendo, considerando o ambiente

macroeconômico, um aumento da taxa básica de juros, uma das variáveis explicativas

dos elevados spreads bancários, implicará em maior custo de captação para os bancos e

afetará negativamente as expectativas dos agentes, fazendo aumentar o risco de crédito

envolvido nas operações de empréstimos (maior risco de inadimplência).

(20)

com que os bancos considerem um prêmio de risco adicional nas margens cobradas para

a concessão de empréstimos, já que terão como base o retorno obtido a partir da

aquisição de papéis do governo, ativos com risco quase nulo e com liquidez e

remuneração elevadas, podendo ser usados como hedge (seguro) contra desvalorização

cambial e elevação da taxa Selic.

Dessa maneira, a taxa de juros dos títulos públicos irá representar a base de cálculo para

as demais operações ativas dos bancos no mercado, pois os mesmos não consideram o

custo de oportunidade de se manter recursos em caixa, mas sim o retorno que não foi

obtido com aplicações em títulos públicos (papéis líquidos, seguros e rentáveis) pelo fato

de terem sido aplicados na concessão de empréstimos. Os bancos não estão preocupados

apenas em obter retornos elevados, mas também em garantir liquidez nas suas operações,

e as aplicações em títulos públicos embora proporcionem receitas menores, garantem alta

liquidez e por isso, podemos observar que o setor bancário brasileiro possui retornos

elevados com grande participação das operações com Títulos e Valores Mobiliários e

pequena participação na carteira de empréstimos.

Um fator de ordem institucional que eleva o custo de oportunidade dos bancos em

realizar operações de empréstimos em detrimento a aplicar em títulos públicos seria o

Acordo da Basiléia, que o Brasil aderiu em 1994, com objetivo de minimizar os riscos de

crédito e reduzir as diferenças de regulação entre os países. Tal acordo estabelece um

nível mínimo de capital às operações ativas dos bancos (razão capital-ativo), o oposto da

alavancagem. O capital mínimo exigido é de 11% ponderado pelo risco do ativo do

banco. A exigência de manutenção de capital mínimo para realizar operações de

empréstimos, que pode ser considerado um custo implícito, ante a não exigência para

realizar aplicações em títulos públicos, torna as operações de crédito menos atrativas aos

bancos.

Conforme a figura 8, podemos observar a evolução das taxas de aplicação, captação e

spreads bancários desde junho de 2000. Nota-se que essas taxas sofreram uma forte

(21)

continuam elevados, já que a taxa básica da economia se destaca como uma das maiores

taxas básicas do mundo.

Spread Bancário

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00

jun-00

dez-00

jun-01

dez-01

jun-02

dez-02

jun-03

dez-03

jun-04

dez-04

jun-05

dez-05

jun-06

dez-06

jun-07

dez-07

%

a

.a

.

Taxa de aplicação Taxa de captação Spread Bancário

Nota: As taxas do spread bancário referem-se a operações com juros prefixados. Fonte: Banco Central (2007)

[Figura 8]

(22)

Spread Bancário por segmento

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00

jun-00

dez-00

jun-01

dez-01

jun-02

dez-02

jun-03

dez-03

jun-04

dez-04

jun-05

dez-05

jun-06

dez-06

jun-07

dez-07

%

a

.a

.

Pes soa Fís ica Pessoa Jurídica

Nota: As taxas do spread bancário referem-se a operações com juros prefixados. Fonte: Banco Central (2007)

[Figura 9]

Existem algumas disparidades entre as operações sob encargos pré-fixados em relação a

operações sob encargos pós-fixados e flutuantes. O elevado desvio ocorre devido ao

fato do banco transferir o risco de câmbio e juros envolvido nas operações para os seus

clientes, resultando em taxas pré-fixadas maiores em relação às demais.

Vale ressaltar que tanto no segmento de pessoa física quanto pessoa jurídica, algumas

modalidades tiveram seus spreads bancários elevados em 2005, mesmo com a redução

da taxa básica de juros Selic, iniciada em setembro deste ano. Isto pode ter sido causado

pela deterioração da qualidade de algumas modalidades da carteira de crédito das

instituições financeiras dada a elevação dos níveis de atraso no pagamento de operações

com recursos livres.

(23)

Os bancos tendem a concentrar suas aplicações em operações com prazos mais curtos

por representarem riscos menores. O setor bancário capta recursos, principalmente

através de emissão de passivos de curto prazo (depósitos à vista ou a prazo) e tende a

utilizar tais recursos no financiamento de atividades de igual prazo, para poder conciliar

os prazos nos balanços a fim de se proteger de qualquer choque de juros. Entretanto, em

virtude da redução dos spreads bancários nos últimos anos, as condições das operações

de crédito com recursos livres melhoraram, resultando em prazos maiores nos

empréstimos concedidos.

Prazos das Operações de Crédito para Pessoa Física

0 100 200 300 400 500 600 700 mai-00 dez-00 jul-01 fev-02 set-02 abr-03 nov-03 jun-04 jan-05 ago-05 mar-06 out-06 mai-07 dez-07 D ia s

Cheque Especial Crédito Pessoal Aquisição de Veículos

Fonte: Banco Central (2007)

[Figura 10]

Prazos das operações de Crédito para Pessoa Jurídica

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 mai-00 dez-00 jul-01 fev-02 set-02 abr-03 nov-03 jun-04 jan-05 ago-05 mar-06 out-06 mai-07 dez-07 D ia s

Capital de Giro Conta Garantida Aq. de Bens Vendor Hot Money Desconto de Duplicatas

Fonte: Banco Central (2007)

[Figura 11]

O saldo total das operações de empréstimos, com recursos livres e direcionados,

alcançou seu recorde de R$ 460,4 bilhões em dezembro de 2007 contra um montante de

R$ 307 bilhões em dezembro de 2000. O saldo de operações com recursos livres cresceu

cerca de 83,9% e o de operações com recursos direcionados aumentou aproximadamente

3,9% em igual período, conforme figura 12.

(24)

redução da inadimplência além de fatores microeconômicos e institucionais já

explicados nas seções anteriores.

Total de Recursos

58%

66%

62% 61% 64% 67%

68% 71% 42% 34% 38% 39% 36% 33% 32% 29% 0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00% 80.00%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

% Recursos Livres % Recurs os Direcionados

Nota: Deflator: IGP-DI. Valores de recursos livres e recursos direcionados com base em junho de 2000. Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 12]

Volume de crédito com recursos livres por segmento

0 25,000 50,000 75,000 100,000 125,000 150,000 jan -99 jun -99 nov -99 ab r-00 se t-00 fev -01 ju l-01 dez -01 mai -02 out -02 mar -03 ago -03 jan -04 jun -04 nov -04 ab r-05 se t-05 fev -06 ju l-06 dez -06 mai -07 out -07 R $ m il h õ es

Pes soa Fís ica Pess oa Jurídica

Nota: Deflator: IGP-DI. Valores de empréstimos com recursos livres de pessoa física e pessoa jurídica com base em janeiro de 1999.

Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

(25)

Com relação ao tipo de tomador, o segmento de pessoa jurídica representava 76% do

volume total de operações do mercado de crédito com recursos livres em janeiro de

1999, mas em 2007, este segmento representava 52%. O segmento de pessoa física

representava 48%, o dobro em relação a janeiro de 1999, conforme podemos observar

na figura 14.

Evolução da composição do volume de crédito com recursos livres

24%

31% 35%

36% 38% 40%

45% 76%

69%

65% 64%

62% 60%

55%

53% 52%

48% 47%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Saldo Médio - Pessoa Física Saldo Médio - Pess oa Jurídica Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 14]

1.3.

Sistema de Crédito Direcionado

(26)

Crédito Habitacional

O crédito habitacional é uma das modalidades mais relevantes dentro do volume de

operações com recursos direcionados. As duas formas de financiamento habitacional do

país são realizadas através do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), um segmento

especializado do Sistema Financeiro Nacional foi criado pela Lei 4380/64 no contexto

das reformas bancárias e de mercado de capitais, e do Sistema Financeiro Imobiliário

(SFI).

As fontes de recursos do SFH são: a) os depósitos à vista de caderneta de poupança do

Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), constituído pelas instituições

que captam essa modalidade de aplicação financeira (a taxa de captação estabelecida é

TR + 6% a.a) com diretrizes de direcionamento de recursos estabelecidas pelo CMN e

acompanhados pelo Banco Central; b) poupança compulsória proveniente dos recursos

do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), regidos segundo normas e

diretrizes estabelecidas por um Conselho Curador, com gestão da aplicação efetuada

pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

De acordo com as normas do CMN (Resoluções nº 1.980, de 1993 e nº 3.005, de 2002),

as regras para o direcionamento dos recursos captados em depósitos de poupança pelas

instituições integrantes do SBPE estabelecem que 65%, no mínimo, devem ser aplicados

em operações de financiamentos imobiliários, sendo que 80% deste montante deverão

ser direcionados para operações de financiamento habitacional no âmbito do SFH e o

restante em operações a taxas de mercado.

(27)

Central no período compreendido entre setembro de 2005 e o final de 2007), redução da

taxa de desemprego e evolução das normas legais.

A Lei 10.931, aprovada em Agosto de 2004, criou os seguintes instrumentos financeiros

e garantias em operações relacionadas ao setor imobiliário: a Letra de Crédito

Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Regime Especial Tributário (RET) para

viabilizar o patrimônio de afetação (regime especial de tributação sobre as

incorporações imobiliárias enquanto existirem direitos de crédito ou obrigações sobre o

bem), a regra do valor incontroverso nas ações judiciais (o autor deve descriminar na

petição inicial dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,

quantificando o valor) e outros.

97 102 101 112 124 135 13.66%13.83% 14.72% 15.84% 15.68% 14.56% 0 20 40 60 80 100 120 140 160

2002 2003 2004 2005 2006 2007

R $ m il h õ e s 12.50% 13.00% 13.50% 14.00% 14.50% 15.00% 15.50% 16.00% 16.50%

Total de Recursos Direcionados

% Crédito Habitacional / Recursos Direcionados

Nota: Deflator: IGP-DI. Valores de recursos direcionados com base no ano de 2000.

Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 15] 1,478 1,700 1,941 2,147 2,333 2,559 0.78% 0.84% 1.03% 0.72% 0.71% 0.87% 0 500 1,000 1,500 2,000 2,500 3,000

2002 2003 2004 2005 2006 2007

R $ b il h õ e s 0.00% 0.20% 0.40% 0.60% 0.80% 1.00% 1.20%

PIB % Crédito Habitacional / PIB

Nota: Deflator: IPCA. Valores do PIB com base no ano de 2000.

Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

[Figura 16]

(28)

Costa e Lundberg (2004)

7

realizaram alguns estudos para mostrar que as taxas de juros

dos empréstimos direcionados afetam as taxas dos empréstimos com recursos livres.

Isso ocorre porque os bancos têm incentivos a alcançar a sua rentabilidade média através

das operações com recursos livres já que são obrigados a realizar operações de

empréstimos direcionados em que parte dos recursos são atrelados a taxas previamente

fixadas. Dessa forma, a intervenção governamental no mercado de crédito pode gerar

efeitos negativos no bem-estar social, sob a forma de precificação dos contratos de

crédito com recursos livres e conseqüentemente nos spreads bancários.

1.4.

Sistema de Crédito Livre

As modalidades de operações de crédito com recursos livres no segmento de pessoa

física que apresentaram grande expansão no país a partir de 1994 foram o crédito

pessoal, com ênfase no crédito consignado e aquisição de veículos.

Crédito Pessoal

As operações de crédito consignado implicam em um risco muito menor que as demais

operações de crédito pessoal, pois no crédito pessoal o tomador é o responsável por

quitar sua dívida com o credor, o que não acontece no crédito consignado, em que o

empregador repassa a parcela devida diretamente ao banco através do desconto em folha

de pagamento do contratante (empregado). E isso, automaticamente implica em taxas de

juros maiores a serem pagas por contratantes de operações de crédito pessoal em relação

ao crédito consignado.

7

(29)

O risco de inadimplência do crédito consignado proveniente de operações com

funcionários do setor público é muito baixo e só ocorre em caso de estouro do limite de

comprometimento do salário do devedor ou morte. Além disso, as demissões no setor

público são pouco freqüentes em comparação ao setor privado.

A concessão de empréstimo consignado em folha de pagamento vem ocorrendo para os

servidores públicos desde 1990, mas para os funcionários do setor privado regidos pela

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) isso só começou a ser uma prática em 2003,

quando foi promulgada a Lei 10.820.

O grande marco na evolução desta modalidade ocorreu em abril de 2004, quando os

aposentados e pensionistas do INSS passaram a tomar empréstimos concedendo como

garantia o desconto automático das parcelas nos seus salários (folha de pagamento). No

final de 2004, foi possível observar que os saldos do crédito consignado do INSS

iniciaram uma trajetória de expansão impulsionada também por outros fatores, tais

como: a) redução do recolhimento dos compulsórios sobre os depósitos à vista e a prazo

em novembro de 2004; b) acordos entre as instituições financeiras para negociar cessão

de créditos (instrumento financeiro que permite antecipar o resultado de uma carteira de

crédito) consignados do INSS a partir do final de 2004; c) aumento da entrada de bancos

autorizados a realizar esse tipo de operação; d) melhor classificação de risco de crédito e

outros.

A redução do compulsório citada acima foi conseqüência da intervenção do Banco

Central sobre o Banco Santos, que acabou tendo impacto negativo sobre as captações de

depósitos à vista dos bancos de pequeno e médio porte. A fim de aumentar a liquidez

das instituições financeiras, o Banco Central passou a exigir o recolhimento compulsório

de depósitos à vista apenas para montantes que ultrapassassem R$300 milhões,

liberando no sistema financeiro cerca de R$6,1 bilhões (embora nem todo esse valor

tenha sido utilizado em operações de crédito consignado).

(30)

bancos e financeiras que realizam esse tipo de operação geralmente incluem na parcela

mensal resgatada o valor do seguro que quita o empréstimo em caso de falecimento do

tomador e em caso de demissão o credor tem direito a parte da indenização pela rescisão

do contrato de trabalho.

Conforme a figura 17, podemos verificar que a partir de 2003 as taxas anuais médias

cobradas nas operações de crédito pessoal iniciaram uma trajetória de queda até o final

de 2007, caindo de 91,84% para 50,97% a.a.. A retração dos spreads bancários de

pessoas físicas pode ser explicada pelas mudanças na composição da carteira,

especialmente o crescimento das operações de crédito consignado, as quais apresentam

spreads mais reduzidos devido ao baixo risco. Quanto aos volumes das operações de

crédito pessoal, este indicador vem crescendo desde 1999, embora tenha caído em 2002,

mesmo nos momentos em que as taxas de empréstimos concedidas eram bastante

elevadas.

Crédito Pessoal - Segmento Pessoa Física

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

R

$

m

il

h

õ

es

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%

%

a

.a

Volume das operações Taxa de emprés timo média

Nota: Deflator: IGP-DI. Valores do volume de operações de crédito pessoal com base em janeiro de 1999.

Fonte: Adaptado de Banco Central (2007)

(31)

Crédito de Aquisição de Bens e Arrendamento Mercantil

A operação de arredamento mercantil, em especial a modalidade de leasing, não se

enquadra na modalidade de financiamento por tratar-se de aluguel de um bem com a

opção de compra do mesmo ao final do contrato ou devolução.

Os aumentos da carga tributária, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

sobre operações de crédito podem encarecer outras modalidades de empréstimos

(convencionais), mas não as operações de leasing, que são isentas do tributo por ser

considerado um serviço (aluguel, por exemplo).

O crescimento das operações de arrendamento mercantil é conseqüência do desempenho

recente das operações de emissão de debêntures, que é a principal fonte de captação

desta modalidade de operação de crédito. Outro fator que beneficiou essa modalidade

foi à decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que em 2003 estabeleceu como

legalidade o parcelamento do Valor Residual Garantido (VRG)

8

nos contratos. Além

disso, a Lei 10.931 também afetou esse segmento de crédito bancário, no que se refere

às alterações ao Decreto Lei 911/69

9

, à medida que trouxe maior efetividade ao processo

de busca e apreensão e satisfação do crédito em atraso para contratos com alienação

fiduciária em garantia.

A existência de colaterais líquidos e com mercados secundários organizados faz com

que, por exemplo, o diferencial cobrado entre as taxas de aplicação e captação de

8

O valor residual garantido é uma obrigação assumida pelo arrendatário na contratação do arrendamento mercantil, no sentido de garantir que o arrendador receba ao final do contrato, a quantia mínima final de liquidação do negócio, em caso do arrendatário optar por não exercer seu direito de compra e também não desejar que o contrato seja prorrogado.

9

Essa lei possibilita ampla discussão sobre o contrato de empréstimo com alienação fiduciária na própria

ação de busca e apreensão, exigindo maior atenção da Instituição Financeira no que se refere ao valor

(32)

recursos da modalidade de aquisição de veículos seja bastante inferior à observada da

modalidade crédito pessoal, por exemplo. Em geral, as operações de leasing envolvem o

próprio veículo como garantia reduzindo assim o risco de perdas com a operação.

Volume de operações de crédito de Aquisição de veículos

0 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000 70,000 80,000

jun

-00

nov

-00

ab

r-01 se

t-01

fev

-02

ju

l-02

dez

-02

mai

-03

out

-03

mar

-04

ago

-04

jan

-05

jun

-05

nov

-05

ab

r-06

se

t-06

fev

-07

ju

l-07

dez

-07

R

$

m

il

h

õ

e

s

Leas ing Aquis ição de veículos - PJ Aquis ição de veículos - PF

Nota: Deflator: IGP-DI. Valores do volume de operações de crédito com Leasing e Aquisição de veículos para pessoa física e pessoa jurídica com base em junho de 2000.

(33)

2.

Modelos do Sistema Bancário

Neste capítulo, a discussão será sobre o comportamento dos bancos comerciais, atuando

como instituições independentes e que não são subordinadas às preferências de seus

depositantes e às determinações das autoridades monetárias, atuando de acordo com as

suas expectativas em relação ao cenário econômico futuro.

Para explicar um modelo de um sistema bancário vamos supor que as instituições

financeiras têm como principal atividade a produção de serviços de depósitos e de

empréstimos, considerando que a tecnologia bancária, representada pelo custo de

monitoramento de tais ativos, é conhecida.

Analisaremos os casos do modelo de concorrência perfeita e monopólio a fim de

diferenciar o comportamento dos bancos quanto à precificação de seus serviços, ou seja,

como as taxas de empréstimos e conseqüentemente os spreads bancários são

determinados em situações caracterizadas por diferentes níveis de poder de mercado.

2.1.

Sistema Bancário

(34)

não é atualizado (não rende juros), os bancos tendem a depositar o percentual mínimo

exigido pelas normas bancárias. Este termo equivale a uma proporção

α dos dep

ósitos à

vista, logo para t

odos os bancos temos que C = αD.

Tabela 2.1

ATIVO

PASSIVO

R = C + M

D

L

O coeficiente α dos depósitos à vista compulsórios pode ser utilizado como instrumento

de política monetária, pois o Banco Central pode influenciar a quantidade de moeda em

circulação na economia. Vale ressaltar que o setor bancário é composto por três

intermediários financeiros além dos bancos: o governo (incluindo o Banco Central), as

empresas e os investidores pessoa física (famílias).

Os ativos das pessoas físicas podem ser constituídos por papel moeda, depósitos

bancários, títulos emitidos pelo governo e ações das empresas. A função dos bancos

comerciais é captar recursos das pessoas físicas, através de aplicações financeiras como

Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), por exemplo, para financiar os

investimentos das empresas por meio de empréstimos bancários. As aplicações dos

recursos obtidos pelos bancos podem ser utilizadas como reservas bancárias depositadas

no Banco Central, títulos públicos emitidos pelo governo e nos empréstimos concedidos

às empresas e famílias.

(35)

Quanto ao governo, o mesmo financia o seu déficit (gastos maiores que a receita)

através da emissão de títulos (títulos da dívida pública, por exemplo) e da variação da

base monetária, que é utilizada pelos bancos comerciais para financiar as suas

obrigações de depósitos compulsórios com o Banco Central.

Este modelo irá considerar que a moeda da economia é proveniente apenas da soma de

recursos captados pelos bancos comerciais e da base monetária, representada pela soma

dos depósitos compulsórios dos bancos no Banco Central e do papel moeda em poder do

público.

Freixas e Rochet (1997) descrevem o ciclo da intermediação financeira como no

diagrama apresentado a seguir:

Governo

G (déficit

público)

ΔB (t

ítulos)

ΔMo (base

monetária)

2.2.

Concorrência Perfeita

Em um modelo de Concorrência Perfeita, os bancos agem como price takers, assumindo

que a taxa de empréstimos (r

L

), de depósitos à vista (r

D

) e do mercado interbancário (r)

são dadas. O lucro de um banco, considerando a função custo como C (D, L), a variável

Pessoa Física

ΔB (t

ítulos)

ΔD (dep

ósitos à

vista)

S (poupança)

Bancos Comerciais

ΔMo (base

monetária)

ΔL (empr

éstimos)

ΔB (t

ítulos)

ΔD (dep

ósitos

à vista)

Empresas

(36)

M como a posição líquida no mercado interbancário (montante que não foi utilizado

como depósito compulsório nem como empréstimo)

e λ como a percentagem dos

empréstimos que não são pagos, pode ser descrito da seguinte maneira:

)

,

(

)

1

(

)

,

(

D

L

r

L

L

rM

r

D

D

C

D

L

(2.1)

Se M = (1 –

α) D

– L, então a função lucro pode ser reescrita da seguinte forma:

)

,

(

]

)

1

[(

)

1

(

)

,

(

D

L

r

L

L

r

D

L

r

D

D

C

D

L

(2.2)

)

,

(

]

)

1

(

[

]

)

1

(

[

)

,

(

D

L

r

L

r

L

r

r

D

D

C

D

L

(2.3)

Assim sendo, o lucro do banco é composto pela soma dos spreads bancários

provenientes das operações de empréstimos e depósitos à vista e o custo líquido de

monitoramento dos empréstimos e depósitos à vista. Tendo em vista as hipóteses

assumidas com relação à função custo, podemos calcular a Condição de Primeira Ordem

(CPO) que define um comportamento de maximização de lucro da seguinte maneira:

0

)

,

(

)

1

(

)

,

(

L

L

D

C

r

r

L

L

D

L

(2.4)

0

)

,

(

)

1

(

)

,

(

D

L

D

C

r

r

D

L

D

D

(2.5)

Como sabemos que em um mercado de concorrência perfeita as empresas operam com P

= Cmg, podemos concluir a partir da CPO calculada nas equações (2.4) e (2.5) que os

bancos irão manter volumes de empréstimos e depósitos à vista que façam com que os

spreads bancários das suas operações (r

L

(1- λ) - r) e (r (1 - α) - r

D

) se igualem aos custos

de monitoramento. Além disso, podemos observar que um aumento em r

D,

ocasionará

(37)

As taxas de empréstimo e os spreads bancários dependem de três variáveis importantes

neste modelo, tais como: a taxa básica de juros Selic, a taxa de inadimplência das

operações de empréstimos e a tecnologia utilizada no sistema bancário que é

representada pelo custo de cada instituição financeira. A partir da equação (2.4)

podemos obter a relação entre volume de empréstimo e o spread bancário conforme

demonstrado na equação (2.8):

L

L

D

C

r

r

L

]

(

,

)

)

1

(

1

[

]

)

1

(

1

[

(2.6)

]

)

1

(

[

]

)

1

(

[

)

(

r

C

r

r

r

L L

, sendo

L

L

D

C

C

L

(

,

)

(2.7)

]

)

1

(

][

*

[

]

)

1

(

[

)

(

L

r

C

C

L

L

C

r

r

r

L

(2.8)

Considerando que

,

[

*

]

C

L

L

C

L C

e que a variável

]

)

1

(

[

L

r

C

W

(que representa o

custo dividido pela receita com operações de empréstimos), temos a seguinte relação:

W

r

r

r

L C L

*

]

)

1

(

[

)

(

,

(2.9)

0

)

1

(

1

)

1

(

2

(2.10)

Assim sendo, o impacto de λ sobre os

spreads bancários é positivo, ou seja, quanto

(38)

custos das operações de crédito podem aumentar o poder de mercado dos bancos e

conseqüentemente suas margens.

Vale ressaltar que a fórmula dos spreads bancários (diferença entre as taxas de juros de

captação de recursos e aplicação em operações de empréstimos das instituições

financeiras), utilizada neste capítulo e que serão utilizadas no capítulo 3, apresenta a

taxa básica de juros Selic como proxy para a taxa de captação, dado que as taxas de

captação representam uma proporção

10

da taxa Selic, logo, as taxas de captação variam

conforme a taxa Selic.

2.3.

Monopólio

O modelo de monopólio de Monti-Klein considera uma curva de demanda por

empréstimos negativa e uma curva de oferta de depósitos à vista positiva. Vamos

considerar funções inversas, tais como: r

L

(L) e r

D

(D). As decisões do banco variam entre

a escolha do volume de empréstimos e do volume de depósitos à vista, já que M

(investimentos do banco em tesouraria) e r são dados.

A diferença entre o modelo de competição perfeita e o modelo monopolista é que os

bancos irão considerar o efeito do volume de empréstimos sobre r

L

e do volume de

depósitos à vista sobre r

D

, dado que no primeiro modelo r

L

e r

D

não eram impactados por

variações em L e D.

Usando a mesma notação do modelo de concorrência perfeita a função lucro do modelo

de monopólio é dada por:

)

,

(

)]

(

)

1

(

[

]

)

1

)(

(

[

)

,

(

D

L

r

L

L

r

L

r

r

D

D

D

C

D

L

(2.11)

10

(39)

O lucro do banco monopolista também é composto pelos spreads bancários entre as

operações de empréstimos e captação (depósitos) menos o custo de monitoramento dos

bancos sobre tais operações. Para maximizar o lucro, iremos assumir que a função de

lucro é côncava, em que existe um ponto no qual o lucro do banco poderá ser o maior

possível. Segue as CPO´s desse modelo:

0

)

,

(

]

)

1

)(

(

[

)

1

(

)

,

(

L

L

D

C

r

L

r

L

L

r

L

L

D

L L

(2.12)

0

)

,

(

)]

(

)

1

(

[

)

,

(

D

L

D

C

D

r

r

D

D

r

D

L

D

D D

(2.13)

A partir da equação (2.12) podemos obter os seguintes resultados:

L

L

D

C

r

L

L

r

r

L L

)

(

1

)

(

,

)

1

(

(2.14)

]

1

1

)[

1

(

))]

*

1

((

1

)[

1

(

,rL L L L L L

r

L

r

r

L

r

(2.15)

L

r

r

L

L L r

L, L

*

(2.16)

A variável

ε

L, rL

representa

a elasticidade do volume de empréstimos em relação a

variações nas taxas de empréstimos. O sinal da elasticidade

│ε

L, rL

na equação (2.15) é

negativo, porque um aumento da taxa de empréstimo pode resultar na redução da

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