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Avaliação da atividade carrapaticida e anti-helmíntica do abacaxi (Ananas comosus L.) em ruminantes

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CARRAPATICIDA E

ANTI-HELMÍNTICA DO ABACAXI (

Ananas comosus

L.) EM

RUMINANTES

Luciana Ferreira Domingues

Médica Veterinária

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T E S E

/

D O M I N G U E S

L. F.

(3)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CARRAPATICIDA E

ANTI-HELMÍNTICA DO

ABACAXI

(

Ananas comosus

L.)

EM

RUMINANTES

Luciana Ferreira Domingues

Orientador: Prof. Dr. Gervásio Henrique Bechara

Co-orientador: Prof. Dr. Gilson Pereira de Oliveira

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária (Patologia Animal).

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FICHA CATALOGRÁFICA

Domingues, Luciana Ferreira

D671a Avaliação da atividade carrapaticida e anti-helmíntica do abacaxi

(Ananas comosus L.) em ruminantes / Luciana Ferreira Domingues. – – Jaboticabal, 2013

x, 105 f. ; il. ; 29 cm

Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2013

Orientador: Gervásio Henrique Bechara Co-orientador: Gilson Pereira de Oliveira

Banca examinadora: Gislaine Cristina Roma, Ana Carolina de Souza Chagas, Estevam Guilherme Lux Hoppe e Patrícia Rosa de Oliveira

Bibliografia

1. Bromelina. 2. Fitoterapia. 3. Haemonchus contortus. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 619:615.218:636.2:636.3

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

LUCIANA FERREIRA DOMINGUES - nascida em 26 de setembro de 1980, em Salvador-BA. Médica Veterinária, formada pela Universidade Federal da Bahia, BA, Faculdade de Medicina Veterinária, em junho de 2005. Durante a graduação, desenvolveu monografia intitulada “Efeitos do extrato aquoso de

Mentha piperita (hortelã) e Chenopodium ambrosioides (mastruz) sobre

cultivos de larvas de nematódeos gastrintestinais de caprinos”, sob a orientação da Profa. Dra. Maria José Moreira Batatinha. A titulação de Mestre foi obtida na mesma casa, em junho de 2008, com a dissertação “Avaliação da atividade anti-helmíntica do resíduo líquido de Agave sisalana Per. (sisal)

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AGRADECIMENTOS

À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da FCAV – UNESP Jaboticabal, pela oportunidade de desenvolvimento dos estudos.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsa de estudo.

À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pecuária Sudeste) por fornecer o apoio financeiro necessário para este projeto.

À Pesquisadora, Dra. Ana Carolina de Souza Chagas, pela orientação, confiança e incentivo na atividade científica, mas principalmente, pelo exemplo constante de dedicação, responsabilidade, amizade e por todos os ensinamentos que contribuíram para minha formação profissional.

Ao Prof. Dr. Gilson Pereira de Oliveira, pela orientação, confiança e colaboração essencial neste estudo.

Ao Prof. Dr. Gervásio Henrique Bechara, pela orientação e sua colaboração essencial neste estudo.

À Pesquisadora Dra. Márcia Cristina de Sena Oliveira pela colaboração e amizade

dispensadas neste projeto.

Ao Pesquisador Dr. Sérgio Novita Esteves, pela colaboração e auxílio junto aos ovinos sob experimentação.

(7)

À Karina Alves Feitosa, Ana Carolina Torrente, Rafaela Regina Fantatto, Thalita Athiê Néo e Thuane Caroline Gonçalves pelo apoio, dedicação e amizade dispensados em todos os momentos deste projeto. Muito obrigada a todas.

Ao Laboratório de Análise de Carnes da Embrapa Pecuária Sudeste, sob coordenação do Pesquisador Dr. Rymer Ramiz Túllio e Analista Avelardo Urano de Carvalho Ferreira, pela realização da liofilização do extrato aquoso do abacaxi.

Ao Laboratório de Nutrição Animal da Embrapa Pecuária Sudeste, pela realização da análise bromatológica e moagem do resíduo industrial do abacaxi, fundamental para o desenvolvimento deste projeto.

Ao Laboratório de Processos de Separação II, sob coordenação do Prof. Dr. Elias Basile Tambourgi, da Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP, pela colaboração na análise química de A. comosus.

À Fábrica de Polpas de Frutas Polpa Norte, localizada no Município de Japurá, PR, por disponibilizar o resíduo industrial do abacaxi, essencial na realização deste projeto.

Ao meu esposo Willian Uchida Hamada, pela imensa dedicação, paciência, companheirismo e carinho dedicados ao longo deste estudo.

À minha família, especialmente aos meus pais (Susana, Miraldo e Eunice) e sogros (Jorge e Rose), pelo carinho ededicação.

(8)

SUMÁRIO

Página

RESUMO... iv

ABSTRACT... v

LISTA DE TABELAS... vi

LISTA DE FIGURAS... vii

CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO... 9

2.1. Rhipicephalus (Boophilus) microplus... 13

2.1.1.Distribuição, taxonomia e ciclo biológico... 13

2.1.2. Controle do carrapato... 15

2.1.3. Ação de extratos vegetais sobre R. (B.) microplus... 16

2.2. Haemonchus contortus... 22

2.2.1. Distribuição, ciclo biológico, patogenia e sinais clínicos... 22

2.2.2. Epidemiologia... 24

2.2.3. Controle e Resistência anti-helmíntica... 24

2.2.4. Ação de extratos vegetais sobre nematódeos gastrintestinais... 27

2.3. Ananas comosus... 32

2.3.1.Composição química... 35

2.3.2. Bromelina... 37

2.3.3. Propriedades proteolíticas... 40

2.3.4. Utilização na alimentação animal... 42

2.3.5. Toxicologia da bromelina... 45

2.3.6. Propriedades Anti-helmínticas... 46

(9)

CAPÍTULO 2

TRABALHO CIENTÍFICO: In vitro activity of pineapple extracts (Ananas comosus, Bromeliaceae) on Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari:

Ixodidae)……… 69

Abstract... 70

1. Introduction... 71

2. Materials and Methods... 72

2.1. Production of the extracts... 72

2.2. Determination of the enzyme activity of bromelain and AEPS………….. 73

2.3. Immersion test with engorged females... 74

2.4. Sensitivity of the larvae on impregnated paper... 75

3. Results... 75

4. Discussion... 77

5. References... 79

CAPÍTULO 3 TRABALHO CIENTÍFICO: In vitro and in vivo evaluation of the activity of pineapple (Ananas comosus) on Haemonchus contortus in Santa Inês sheep………. 84

Abstract………... 85

1. Introduction... 86

2. Materials and Methods... 88

2.1. Preparation of the aqueous extract of pineapple skin... 88

2.2. Determination of the enzyme activity of bromelain, aqueous extract of pineapple and industrial residue... 88

2.3. Determination of the composition of the industrial pineapple residue…. 88 2.4. In vitro tests……….……….. 89

2.4.1. Determination of the concentrations of the extracts... 89

2.4.2. Egg hatch test (EHT)... 89

(10)

2.5. In vivo test... 90

2.5.1. Animals... 90

2.5.2. Pre-experiment... 91

2.5.3. Experiment... 91

2.5.4. Statistical analysis... 92

3. Results... 93

4. Discussion... 98

5. References... 101

(11)

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CARRAPATICIDA E ANTI-HELMÍNTICA DO ABACAXI(Ananas comosus L.) EM RUMINANTES

RESUMO – As medidas de controle de parasitas de ruminantes são baseadas quase que exclusivamente no uso de antiparasitários comerciais, provocando o rápido desenvolvimento da resistência. O objetivo deste estudo foi verificar o efeito carrapaticida, in vitro, sobre Rhipicephalus (Boophilus) microplus de bovinos, e o

efeito anti-helmíntico, in vitro e in vivo, sobre Haemonchus contortus de ovinos. Nos

testes realizados sobre R. (B.) microplus, o extrato aquoso de abacaxi e a bromelina

foram avaliados em oito concentrações. Fêmeas ingurgitadas foram imersas nos tratamentos e acondicionadas em incubadora para observação da sobrevivência, postura e eclodibilidade das larvas. Para o teste com larvas, cerca de 100 larvas foram colocadas em papéis-filtro impregnados, incubados e as leituras realizadas após 24 horas. O ensaio in vitro foi baseado nos testes de eclodibilidade dos ovos

(TEO) e no de desenvolvimento larvar (TDL). No teste in vivo, 36 ovinos infectados

artificialmente com H. contortus foram divididos em seis grupos (n=6). No G1 foi

administrado 2 g/kg PV do EACA durante três dias, no G2 - 2 g/kg PV do resíduo industrial do abacaxi durante 60 dias, no G3 – 180 mg/animal da bromelina em dose única, G4 – controle negativo I (dos grupos G1 e G2), G5 – controle positivo (10 mg/kg PV de fosfato de levamisol) e G6 – controle negativo II (do grupo G3). Foram realizadas contagens de ovos por grama de fezes (OPG) até o dia 28 após o tratamento. Os resultados do estudo do abacaxi sobre o carrapato demonstraram que, no teste de fêmeas ingurgitadas, as concentrações mais efetivas foram 125, 250 e 500 mg/mL: 33, 48 e 59% para o EACA e 27, 51 e 55%, para a bromelina. As CL50 e CL90 foram, respectivamente, as seguintes: 276 e 8691 mg/mL para o EACA,

e 373 e 5172 mg/mL para a bromelina. Nenhuma das diluições estudadas apresentou eficácia contra as larvas de R. (B.) microplus. Em relação a avaliação

sobre o nematódeo H. contortus, no TEO, as CL50 e CL90 foram respectivamente: 31

e 81 mg/mL para o EACA e 0,50 e 2 mg/mL para a bromelina. No TDL, as CL50 e

CL90 foram respectivamente, 1,7 e 7,3 mg/mL para o EACA e 0,019 e 0,086 mg/mL

para a bromelina. No teste in vivo, a eficácia geral dos tratamentos em relação ao

controle negativo foram: 22,6%, 42,2%, 3,65% e 89%, para G1, G2, G3 e G5 respectivamente. Todos os grupos diferiram significativamente (p<0,05) do controle positivo e, apesar do resíduo ter apresentado eficácia de 42,2%, não houve diferença estatística (p<0,05) entre os grupos tratados em relação ao controle negativo. Este é o primeiro relato da ação de extratos de abacaxi ou de seus constituintes em carrapatos bovinos. Contra H. contortus, in vitro, o EACA e a

bromelina foram efetivos, apresentando, no entanto, reduzida eficácia anti-helmíntica, quando administrados aos animais. Para o resíduo de abacaxi, a eficácia de 42,2% in vivo na redução do OPG e a possibilidade de reduzir a contaminação do

meio ambiente através da reutilização de resíduo industrial indica que seu uso pode ser útil em diferentes aspectos.

(12)

EVALUATION OF THE ACARICIDAL AND ANTHELMINTIC ACTIVITY OF PINEAPPLE (Ananas comosus L.) IN RUMINANTS

ABSTRACT – The measures to control parasites in ruminants are almost exclusively based on use of commercial chemical compounds, causing rapid development of resistance. The objective of this study was to investigate the acaricidal effect, in vitro, on Rhipicephalus (Boophilus) microplus in cattle and the

anthelmintic effect, in vitro and in vivo, on Haemonchus contortus in sheep. In the

tests on R. (B.) microplus, an aqueous extract of pineapple and bromelain were

evaluated at eight concentrations. Engorged females were dipped and placed in a incubator for observation of survival, oviposition and egg hatching. For the larvae, about 100 larvae were placed on filter papers impregnated, incubated and readings were taken after 24 hours. The in vitro experiment used the egg hatch test (EHT) and

larval development test (LDT). In the in vivo test, 36 sheep artificially infected with H. contortus were divided into six groups (n=6). In the G1 – 2 g/kg BW of AEPS for three

days; G2 – 2 g/kg BW of the industrial pineapple residue during 60 days.; G3 – 180 mg/animal of bromelain in a single dose, G4 – negative control I (of groups G1 and G2), G5 – positive control (10 mg/kg BW of levamisole phosphate); and G6 – negative control II (of group G3). The eggs per gram (EPG) of feces were counted until the day 28 after treatment. In the test with engorged cattle ticks, the greatest efficacies were at dilutions of 125, 250 and 500 mg/mL: 33, 48 and 59% for the AEPS and 27, 51 and 55% for bromelain. The LC50 and LC90 were respectively as follows: 276 and 8691

mg/mL for the AEPS, and 373 and 5172 mg/mL for the bromelain. None of the dilutions studied was effective against R. (B.) microplus larvae. In the experiment with

the nematode H. contortus, the LC50 and LC90 in the EHT were respectively 31 and 81

mg/mL for the AEPS and 0.50 and 2 mg/mL for the bromelain, while in the LDT, the respective LC50 and LC90 values were 1.7 and 7.3 mg/mL for the AEPS and 0.019 and

0.086 mg/mL for bromelain. In the in vivo test, the general efficacy in relation to the

negative control were 22.6%, 42.2%, 3.65% and 89% for G1, G2, G3 and G5 respectively. The results for all the groups differed significantly (p<0.05) from the positive control, and although the pineapple residue presented efficacy of 42.2%, there was not statistical difference (p>0.05) between the treated groups in relation to the negative control. This is the first report of the action of extracts of pineapple or its constituents on cattle ticks. Against H. contortus, in vitro, the AEPS and bromelain

were effective, however, reduced effectiveness anthelmintic, when fed to animals. To the residue pineapple, the efficacy of 42.2% in the in vivo reduction of EPG and the

possibility of reducing the environmental contamination through the reuse of industrial waste indicates that may also be useful in various aspects.

Keywords: Bromelain, Haemonchus contortus, industrial pineapple residue,

(13)

LISTA DE TABELAS

Página

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Composição química e valor nutricional do abacaxi in natura... 36

CAPÍTULO 2

Table 1. Mean results for oviposition reduction (OR), hatching reduction (HR), estimated reproduction (ER), and efficacy (E) of adult females of Rhipicephalus (Boophilus) microplus exposed in

immersion tests to Ananas comosus aqueous extracts and

bromelain... 76

CAPÍTULO 3

Table 1. Mean percent efficacy ± standard deviation (s.d.) of the aqueous extract of pineapple skin (AEPS) and bromelain in inhibiting egg hatching (EHT) and larval development (LDT) of Haemonchus contortus... 94

Table 2. LC50 and LC90 obtained in the egg hatch test (EHT) and larval

development test (LDT) for the aqueous extract of pineapple skin

(AEPS) and bromelain on Haemonchus contortus……….... 94

(14)

LISTA DE FIGURAS

Página

CAPÍTULO 1

Figura 1. Ilustração demonstrando o centro de origem do abacaxi, assinalado com o círculo, e diferentes rotas de dispersão da fruta para as outras regiões do mundo, demonstradas por meio das setas... 32

Figura 2. Esquema de um abacaxizeiro mostrando suas diferentes partes: raiz (rz); caule ou talo (t); pedúnculo (p); rebentão (r);

filhote-rebentão (fr); filhote (s); fruto (f); coroa (c)... 33

Figura 3. Participação das regiões brasileiras na produção de abacaxi em %, em 2010... 35

Figura 4. Composição centesimal da casca do abacaxi desidratado e em base úmida... 37

CAPÍTULO 2

Figure 1. Pineapple skins after being dried at room temperature... 73

Figure 2. Mortality of adult females of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in

(15)

CAPÍTULO 3

Figure 1. Estimative of the lethal concentrations (Y axis) for Haemonchus contortus of sheep submitted to treatments in the egg hatch test

with aqueous extract of pineapple skin (AEPS - mg/mL on botton X axis) and bromelain (mg/mL on top X axis)... 95

Figure 2. Estimative of the lethal concentrations (Y axis) for Haemonchus contortus of sheep submitted to treatments in the larval

development test with aqueous extract of pineapple skin (AEPS - mg/mL on botton X axis) and bromelain (mg/mL on top X axis)…... 96

(16)

CAPÍTULO 1 – Considerações Gerais

1. Introdução

A bovinocultura brasileira ocupa lugar de destaque na pecuária nacional, apresentando um dos maiores rebanhos do mundo, estimado em cerca de 210 milhões de cabeças, sendo que a região Sudeste participa com 5,3% deste efetivo (IBGE, 2010). O rebanho bovino brasileiro proporciona o desenvolvimento de dois segmentos lucrativos, as cadeias produtivas da carne e do leite. O valor bruto da produção desses dois segmentos, estimado em R$ 67 bilhões, aliado à presença das atividades em todos os estados brasileiros, evidenciam a importância econômica e social da bovinocultura em nosso país (MAPA, 2012).

No entanto, um dos principais entraves desta atividade são as infestações pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus, considerado um dos mais

importantes ectoparasitas de bovinos, devido à intensa espoliação causada, particularmente nas raças mais susceptíveis. O controle sanitário, quando não realizado de forma satisfatória, pode acarretar perdas irreversíveis decorrentes da intensa hematofagia, transmissão de hemoparasitas (complexo carrapato/tristeza parasitária bovina), desqualificação do couro devido às lesões de pele, e redução da eficiência produtiva. Os prejuízos causados por ectoparasitas em rebanhos bovinos no Brasil superam a cifra de dois bilhões de dólares/ano, sendo 75% desse montante atribuídos ao carrapato (GRISI et al., 2002). Apenas no Estado de Goiás, o carrapato bovino é responsável por prejuízos da ordem de R$ 800 milhões (NEIVA, 2005). A presença de R. (B.) microplus é confirmada em todo o território nacional, sendo

observados durante os 12 meses do ano em 66% dos municípios (HORN; DUBIN; SEVERO, 1983; SILVA; ROCHA, 2004).

(17)

problemas para o controle de ectoparasitas em muitos países, chegando ao ponto que poucos acaricidas apresentam eficiência superior a 75% (GRAF et al., 2004). Estes fatores têm estimulado a pesquisa de outros métodos alternativos de controle do carrapato que sejam de eficiência razoável e economicamente viáveis.

Atualmente, outra atividade econômica que vem apresentando

desenvolvimento significativo nos últimos anos é a ovinocultura, a qual tem sido considerada uma das maiores tendências do agronegócio nacional. No Brasil, o rebanho ovino correspondeu a 17,3 milhões de cabeças, em 2010, sendo a Região Sudeste responsável por 4,5% do efetivo nacional (IBGE, 2010).

Esta atividade pecuária tem apresentado crescimento significativo, principalmente no Estado de São Paulo. Embora seja tida como promissora, o consumo da carne ovina pelos brasileiros ainda é baixo (400 g per capita por ano),

tendo espaço para crescer, incentivando com boas perspectivas novos produtores. E, diante deste panorama, observa-se que esta atividade necessita de investimento científico, visando não só ao crescimento da mesma, mas também à sua sustentabilidade. Desta forma, são necessárias pesquisas que busquem tecnologias mais adequadas ao Sudeste do Brasil, já que a atividade tem sido tradicionalmente comum em outras regiões brasileiras (CHAGAS; VERÍSSIMO, 2008).

Um dos fatores de insucesso na ovinocultura, que se reflete no quadro econômico da produtividade, se deve às nematodioses gastrintestinais, principal problema sanitário dos ovinos no Brasil e no mundo. Estas são causadas especialmente pelos gêneros Haemonchus, Cooperia, Trichostrongylus, Oesophagostomum e Strongyloides. As infecções são geralmente mistas e os

animais podem apresentar perda de peso, diarreia, desidratação, anemia, redução da produção de leite e alterações reprodutivas (VIEIRA, 2005). O nematódeo

Haemonchus contortus é uma das principais espécies envolvidas, apresentando alta

prevalência e patogenicidade (HOUNZANGBE-ADOTE et al., 2005). Em seguida, em ordem de importância para as condições brasileiras, aparecem as espécies

Trichostrongylus colubriformis e Trichostrongylus axei, parasitas que atuam

(18)

A utilização de medicamentos sintéticos associada a práticas de manejo constitui a principal medida de controle das nematodioses nos animais. Entretanto, o uso contínuo e inadequado destes produtos tem provocado o desenvolvimento de resistência dos parasitas. Outros fatores concorrem devido ao manejo comum, como a falha de aplicação, subdose devido ao erro na estimativa do peso, além de uso de medicamento com prazo de validade vencido ou mal armazenado, ou ainda, de origem duvidosa, provocando seleção de populações de helmintos resistentes (MARTIN, 1989; WALLER et al., 1996). Com isso, a ocorrência de nematódeos de ovinos resistentes aos medicamentos tem sido relatada em várias regiões do Brasil (RAMOS et al., 2002; SCZESNY-MORAES et al., 2010). Além disso, os resíduos de compostos químicos eliminados com as excreções dos animais apresentam sérios efeitos ao meio ambiente (GILL; LEJAMBRE, 1996). Em algumas situações, estes fatores em produtos de origem animal podem entrar na cadeia alimentar humana, resultando em problemas de saúde pública e animal (LOBATO; RATH; REYES, 2006).

Desta forma, a principal indicação no controle de nematódeos é encontrar alternativas para reduzir o uso dos anti-helmínticos comerciais disponíveis e assim aumentar a vida útil destes. Neste contexto, dentre outras opções, a fitoterapia apresenta-se como ferramenta alternativa no controle da nematodiose gastrintestinal.

No Brasil, a utilização racional dos recursos naturais para obtenção de fitoterápicos pode assegurar a competitividade do país no mercado globalizado, além de contribuir com elevados benefícios para a saúde da população brasileira (BÔAS; GADELHA, 2007). Os fármacos de origem vegetal devem ser intensivamente investigados, com ênfase às propriedades de seus constituintes químicos, margem de segurança e susceptibilidade animal (GADIR et al., 2003), atendendo aos regulamentos do país no sentido de garantir a eficácia e segurança sobre a saúde pública e animal.

Uma das alternativas disponíveis para uso terapêutico é o resíduo agroindustrial de Ananas comosus (Bromeliaceae), conhecida popularmente como

(19)

As principais regiões produtoras são Nordeste, Sudeste e Norte, responsáveis, respectivamente, por 40, 28 e 23% da produção nacional (IBGE, 2010).

O aproveitamento do resíduo industrial do abacaxi tem sido investigado quanto à sua utilização como suplemento na alimentação de ruminantes, contribuindo para a redução da poluição ambiental e do custo de produção (MARTIN, 1997). Também tem sido investigado na dieta humana, permitindo sua utilização como complemento em alimentos de baixo valor nutricional (SANTOS et al., 2010).

Das propriedades terapêuticas de A. comosus, incluem-se as atividades

antiinflamatória (LOTZ-WINTER, 1990) e anti-helmíntica (GITHIORI et al., 2004; STEPEK et al., 2005; HORDENGEN et al., 2006), além de outras aplicações, tais como inibição da agregação plaquetária, ação antitumoral, aumento da absorção de outras drogas, facilitador da digestão e acelerador da cicatrização (MAURER, 2001).

A atividade anti-helmíntica de A. comosus tem sido atribuída à ação da

bromelina, complexo enzimático de proteinases, sobre a cutícula dos nematódeos, promovendo um embolhamento, com consequente digestão desta e morte do parasita (STEPEK et al., 2004; STEPEK et al., 2007a). No entanto, há escassez de informações referentes à ação desta planta sobre os carrapatos, o que justifica o estudo in vitro deste complexo enzimático sobre a cutícula dos estágios larvar e

adulto deste ectoparasita.

O aproveitamento do resíduo do abacaxi na produção de bovinos e ovinos, atuando como suplemento na alimentação e antiparasitário, poderá funcionar como nutracêutico, proporcionando benefícios à saúde dos animais, na prevenção ou tratamento de doenças, o que resultará na diminuição de custos de produção, de riscos de poluição ambiental e de resíduos nos produtos de origem animal.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade carrapaticida e anti-helmíntica de A. comosus sobre R. (B.) microplus de bovinos e sobre H. contortus de

(20)

2. Revisão de Literatura

2.1. Rhipicephalus (Boophilus) microplus

2.1.1. Distribuição, taxonomia e ciclo biológico

Rhipicephalus (Boophilus) microplus tem origem na Ásia e, em função das

expedições exploradoras registradas na História, com a movimentação de animais e mercadorias, foi distribuído para a maioria das regiões tropicais e subtropicais: Austrália, México, América Central, América do Sul e África, tendo se estabelecido na região demarcada pelos paralelos 32°N e 32ºS (NU ÑES; MUÑOZ COBENAS; MOLTEDO, 1982).

No Brasil, sua introdução parece ter-se dado pela vinda de animais comprados do Chile, no início do século XVIII, via Estado do Rio Grande do Sul, encontrando-se distribuído atualmente em todo o país, variando de intensidade de acordo com as condições climáticas e os tipos raciais de bovinos explorados (GONZALES, 2003).

Taxonomicamente, o carrapato R. (B.) microplus é classificado segundo

Guimarães, Tucci e Barros-Battesti (2001), modificado por Murrel e Barker (2003): · Reino: Animalia;

· Filo: Arthropoda; · Classe: Arachnida; · Subclasse: Acari; · Corte: Parasitiformes; · Ordem: Ixodida; · Família: Ixodidae;

· Subfamília: Rhipicephalinae; · Gênero: Rhipicephalus;

· Sub-gênero: Boophilus

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Trata-se de um parasita monoxeno, isto é, depende de apenas um hospedeiro em seu ciclo de vida, preferencialmente os bovinos, daí a expressão de Boophilus microplus “menor-amigo-do-boi”. Outras espécies podem ser parasitadas, dentre as

quais: búfalos, jumentos, ovinos, caprinos, caninos, felinos, suínos, cervídeos, leporídeos, preguiças e cangurus.

Seu ciclo de vida apresenta duas fases complementares: a de vida parasitária, sobre o hospedeiro e outra de vida livre, no meio ambiente (ANDREOTTI et al., 2002). A fase de vida livre inicia-se quando a fêmea ingurgitada de sangue se desprende do hospedeiro e cai ao solo. As teleóginas chegam a ingerir de 2 a 3 mL de sangue durante sua vida parasitária e transformam cerca de 60% de sua massa corporal em ovos que, em média, chegam a 5.000 unidades.

No solo, a teleógina inicia o período de pré-postura, que dura em média três dias em condições ótimas de temperatura (média de 27ºC) e umidade superior a 80%. O período de postura dura cerca de 15 dias e, a eclosão das larvas inicia-se ao redor do 7° dia após o final do período de postura e se completa em mais sete dias quando se tornam larvas infestantes. Em condições desfavoráveis de temperatura e umidade, pode transcorrer mais de 100 dias entre o final da postura e a eclosão das larvas (OLIVEIRA et al., 1974; PEREIRA et al., 2008).

(22)

2.1.2. Controle do carrapato

O controle de R. (B.) microplus nos últimos anos tem demonstrado um grande

avanço pelo estabelecimento de conhecimentos da biologia, do manejo dos rebanhos e das pastagens, da resistência racial e do desenvolvimento de carrapaticidas. Um controle eficiente do carrapato em uma propriedade depende de vários fatores relacionados com o rebanho (tamanho, raça, cruzamentos), pastagem (variedades e lotação), parasita (número de gerações, eficácia dos medicamentos), sistema de produção, clima e época do ano, dentre outros (GONZÁLES, 2003).

A tentativa de controle na fase parasitária foi iniciada no século XIX, com a aplicação de substâncias como azeite, parafina, petróleo, cal e tabaco, de forma absolutamente empírica. A partir de 1895, na Austrália, foram utilizados compostos arsenicais, que passaram a ser empregados no Brasil na primeira década do século passado. O desenvolvimento industrial propiciou a descoberta de novos grupos químicos e, atualmente no mercado, encontram-se os carrapaticidas que atuam por contato, como os fosforados (triclorfom, chlorphenvinphos, coumaphos, dichlorvos, DDVP), formamidinas (amitraz), piretróides (cipermetrina, alfametrina, deltametrina, flumetrina), fenilpirazole (fipronil) e thiazolina, e os carrapaticidas sistêmicos, como as lactonas macrocíclicas (ivermectina, doramectina, abamectina, eprinomectina e selamectina), a milbemicina (moxidectina) e o grupo da benzoilfeniluréia (fluazuron), inibidores da síntese de quitina, inviabilizando o crescimento do carrapato (GOMES, 1998).

A aplicação desses produtos é feita principalmente por meio de aspersão, pulverização, imersão, pour-on, spot-on e/ou parenteral. Os sistemas dorsal,

injetável e por bolus gástricos têm sido incrementados nos últimos anos, facilitando o manejo. Novas formas de administração dos produtos vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de facilitar o manejo e aumentar a eficiência dos produtos químicos no controle do carrapato (PEREIRA, 2008).

(23)

mesmos no controle do ectoparasita (BULLMAN; MUÑOS CABENAS; AMBRÚSTOLO, 1996).

Uma alternativa que vem sendo desenvolvida é o controle do carrapato por meio de vacinas, que poderiam conferir resistência ao hospedeiro, sem que ele tivesse contato prévio com o parasita (LABARTHE, 1994). Atualmente, duas vacinas contra o carrapato bovino são comercializadas: a Tick-Gard®, produzida na Austrália desde 1994 e a Gavac® desenvolvida em Cuba na mesma época. Trabalhos realizados no Brasil com a vacina Tick-Gard® em áreas com altas infestações naturais revelaram que somente seu uso isolado não foi capaz de controlar as populações de carrapato (PEREIRA et al., 2008).

Outros métodos de controle alternativo do carrapato vêm sendo estimulados apesar de resposta ainda pouco expressiva. Dentre eles, destacam-se: seleção de bovinos resistentes aos carrapatos (PIPER et al., 2009); cultivo de pastagens que dificultam a sobrevivência das larvas (SUTHERST; JONES; SCHNITZERLING,1982; FARIAS; GONZALES; SAIBRO, 1986); rotação de pastagens (ANDRADE, 2001); manejo de predadores naturais, como a garça-vaqueira (Egretta ibis)

(ALVES-BRANCO; ECHEVARRIA; SIQUEIRA, 1983) e formigas (GONZALES, 2003; CHAGAS; FURLONG; BROVINI, 2002); uso de patógenos como o fungo

Metarhizium anisopliae (MELLO; REIS; BITTENCOURT, 2006); bactérias como a Cedecea lapagei (BRUM, 1988) e fitoterápicos (CHAGAS et al., 2012).

2.1.3. Ação de extratos vegetais sobre R. (B.) microplus

(24)

Em todo o mundo, extratos de aproximadamente 55 espécies de plantas pertencentes a 26 famílias já foram avaliados contra R. (B.) microplus, e inclusive,

em algumas espécies, compostos ativos com atividade inseticida e/ou acaricida têm sido identificados (BORGES; SOUSA; BARBOSA, 2011).

O efeito do extrato etanólico das folhas de Azadirachta indica (neem), sobre

larvas do carrapato do boi, não demonstrou eficiência significativa após 24 e 48 horas de contato das larvas com a solução (CHUNGSAMARNYART; JIWAJINDA; JANSAWAN, 1991). Da mesma forma, Giglioti et al. (2011) avaliaram o efeito de extratos da semente de A. indica contendo 2000 (N2), 5000 (N5), 9000 (N9) e

10.000 (N10) ppm de azadiractina A (AZA), em testes in vitro com teleóginas e

larvas do carrapato R. (B.) microplus. Nos testes com larvas, nenhuma mortalidade

foi observada, indicando eficácia zero para todos os extratos testados. As maiores reduções de oviposição foram observadas para o extrato N9 (82,7%) e para redução da eclodibilidade o extrato N10 (88%). Os maiores percentuais de eficácia do produto foram para o extrato N10, diluído a 10% (94%) e a 12,8% (93%), seguido pelos extratos N9 (86%) e N5 (88%), ambos diluídos a 12,8%.

Um estudo realizado por Denardi et al. (2012) forneceu informações ultra-estruturais do efeito acaricida do neem sobre os ovários de fêmeas ingurgitadas de

Rhipicephalus sanguineus. O principal dano causado nos oócitos foi alteração na

forma da célula, vacuolização citoplasmática e desorganização das organelas e das membranas celulares (incluindo o cório), o que indica que estas células poderiam estar em processo de morte. Estes resultados demostraram que a azadiractina seria um agente acaricida eficaz para inibir e/ou neutralizar o processo de reprodução de fêmeas de R. sanguineus, prejudicando a capacidade reprodutiva desta espécie.

Estudo feito com folhas de Cymbopogon winterianus (citronela) demonstrou

sua ação carrapaticida. Foram utilizadas soluções contendo 7,1; 8,3 e 12,5% de óleo diluído em etanol e verificou-se sobre as larvas eficácia de 58,1; 92,7 e 95,7%, respectivamente (CHUNGSAMARNYART; JIWAJINDA, 1992). De acordo com Martins (2006), o óleo essencial de citronela (C. winterianus) na concentração de

(25)

e as doses letais desses três componentes sobre fêmeas ingurgitadas foram de 21%, 17,8% e 78,9%, respectivamente.

Williams (1993) ao avaliar o efeito dos extratos de Artocarpus altilis e A. indica

na fisiologia reprodutiva de fêmeas ingurgitadas de R. (B.) microplus observou 50%

de inibição da postura na dose de 0,54 e 0,46 mg do extrato etanólico, e 65 e 80% de falha na eclodibilidade, respectivamente para cada espécie vegetal.

Os óleos essenciais de Eucalyptus citriodora e Eucalyptus staigeriana

eliminaram 100% das larvas a uma concentração de 10%, enquanto Eucalyptus globulus demonstrou a mesma eficácia, mas com o dobro da concentração. Contra

teleóginas, uma eficácia de 100% foi observada a uma concentração de 25% para E. citriodora, 10% para E. globulus e 15% para E. staigeriana. Quando os óleos

essenciais foram formulados em concentrados emulsionáveis, o efeito foi potencializado (CHAGAS et al., 2002), enquanto que o extrato hidroalcoólico de folhas de Eucalyptus sp. teve eficácia de 96% contra teleóginas a uma concentração

de 10% (COSTA et al., 2008).

Em estudo realizado por Borges et al. (2003) com Melia azedarach

(cinamomo) sobre larvas e teleóginas de R. (B.) microplus, foi observado que, com

solventes de menor polaridade (hexano e clorofórmio), os extratos apresentaram melhor eficácia sobre larvas (98 e 100%), respectivamente. E sobre as teleóginas, os dois extratos apresentaram similarmente elevada eficácia, variando de 14 a 100%. Sousa et al. (2008) avaliaram o extrato hexânico de frutos verdes e maduros do cinamomo em diluições de 0,0156 a 0,25%, sobre fêmeas ingurgitadas e larvas do carrapato bovino. Observou-se que o extrato de frutos verdes apresentou eficácia que variou de 3,6 a 100% para as fêmeas, enquanto o de frutos maduros de 5,2 a 99,7%. Em relação às larvas, ambos os extratos (frutos verdes e maduros) causaram mortalidade de 100% nas maiores concentrações.

O extrato bruto etanólico (EBE) da casca do caule de Sapindus saponaria foi

avaliado sobre larvas de R. (B.) microplus. Obteve-se mortalidade média de 50% na

concentração de 1.258 mg/L (CL50), e 100% na concentração de 6.360 mg/L (CL99)

(FERNANDES et al., 2005). Entretanto, ao verificar o efeito do extrato bruto aquoso de S. saponaria na concentração de 1000 mg/L, diluído em água destilada nas

(26)

de eficácia para ação acaricida tanto em fêmeas ingurgitadas quanto em larvas (CLEMENTE et al., 2007).

O extrato hexânico de Hypericum polyanthemum foi testado nas

concentrações de 6,25; 12,5; 25 e 50 mg/mL. O efeito contra teleóginas foi baixo (19,2%) na concentração mais elevada do extrato, mas por outro lado, todas as larvas morreram em todas as concentrações. Entretanto, o extrato bruto metanólico de H. polyanthemum contra larvas teve 100% de eficácia somente na maior

concentração testada (50 mg/mL). Nas demais concentrações (25, 12,5 e 6,25mg/mL) o efeito foi decrescente (97, 85 e 53%), respectivamente (RIBEIRO et al., 2007).

Broglio-Micheletti et al. (2009) avaliaram a atividade de extratos orgânicos alcoólicos 2% (peso/volume) de sementes de Annona muricata (graviola); flores de Syzygium malaccensis (jambo); folhas de Cymbopogon citratus (capim-santo); folhas

de A. indica (neem); e extrato hexânico da semente de A. indica sobre fêmeas

ingurgitadas de R. (B.) microplus. Observou-se que o extrato de A. muricata

apresentou o maior poder acaricida, com eficácia de 100%, seguido dos extratos de

S. malaccensis (75%) e de A. indica, tanto para sua folha quanto para a semente

(65%).

Um estudo foi realizado para avaliar a atividade acaricida do óleo essencial de

Tetradenia riparia sobre R. (B.) microplus. Os resultados para o teste de imersão de

fêmeas ingurgitadas demonstrou 100% de eficácia nas concentrações de 1,8% a 12,5% do óleo essencial. A mortalidade das larvas após 24 horas de tratamento demonstrou 100% de eficácia nas concentrações de 25% a 100%. A CL50 para

mortalidade das fêmeas ingurgitadas e das larvas foi de 0,534 g/mL e 1,222 g/mL, respectivamente, e a CL99 foi de 1,552 g/mL e 11,382 g/mL, respectivamente

(GAZIM et al., 2011).

No experimento de Buzatti et al. (2011), a fração clorofórmica de Glechon spathulata a 2% em água não apresentou atividade acaricida. Porém, foi constatada

elevada inibição da eclodibilidade (99%) com o extrato bruto seco desta planta a 2% em etanol a 70%.

O efeito acaricida in vitro de extratos liofilizados de quatro plantas ricas em

(27)

latisiliquum) foi avaliado contra larvas e fêmeas ingurgitadas expostas a

concentrações crescentes de cada extrato (0, 1,200, 2,400, 4,800, 9,600 e 19,200 µg/mL) por dez minutos. Todos os extratos reduziram a viabilidade dos estágios larvais (p<0,001), e esta viabilidade foi restaurada com a adição de polietileno glicol (PEG) sugerindo importante função dos taninos no efeito acaricida. Nenhum dos extratos ricos em taninos afetou a mortalidade dos adultos (p>0,001), com exceção do extrato de L. latisiliquum que inibiu a eclodibilidade das larvas (p<0,01)

(FERNÁNDEZ-SALAS et al., 2011).

Avaliou-se também a eficácia do óleo da semente de Carapa guianensis, das

folhas de Cymbopogon martinii e Cymbopogon schoenanthus, e o extrato bruto da

folha de Piper tuberculatum, além de substâncias sintetizadas, sobre R. (B.) microplus. Este último demonstrou melhor eficácia (91,6%), seguida de C. martinii

(75,8%), C. schoenanthus (39,2%) e C. guianensis (39,1%), nas maiores

concentrações avaliadas (CHAGAS et al., 2012).

Ao avaliar-se a eficácia do extrato aquoso combinado de folhas de A. indica e Nicotiana tabacum, flores de Calotropis procera e sementes de Trachyspermum ammi, observou-se que no teste de imersão de fêmeas ingurgitadas a postura de

ovos foi significativamente menor (p<0,05) nos carrapatos expostos a diferentes concentrações do extrato herbal (EH) quando comparado com o grupo controle, tratado com água destilada. Entretanto, nenhuma diferença foi verificada na taxa de eclodibilidade de larvas. Em relação ao teste de contato com papel impregnado, o EH exibiu um aumento da mortalidade das larvas paralelamente com o aumento das concentrações do mesmo. No teste in vivo, foi observada significante redução

(p<0,05) no número de carrapatos quando expostos a 45% de EH comparado com o controle. Um efeito acaricida dose e tempo-dependente foram observados em todos os testes realizados neste estudo (ZAMAN et al., 2012).

Apesar de um número elevado de extratos de plantas terem sido testados contra R. (B.) microplus, em testes in vitro, apenas alguns deles têm sido avaliados

em animais infestados a fim de validar os resultados obtidos.

(28)

(2004), em que avaliou-se o resíduo do beneficiamento de alho em bovinos leiteiros mestiços, usando níveis de 0, 3, 6, e 9 g/animal/dia, comparado com um produto comercial (doramectina), foi observada redução da carga de carrapatos, com similaridade de eficácia com esta lactona até o 56o dia para os níveis com 3 e 6 g e além do 70o para o nível de 9 g.

Martins e Gonzalez (2007), ao avaliarem o óleo essencial de C. winterianus

(citronela) in vivo, aplicado puro na linha dorsal do animal ou via aspersão do óleo

diluído em álcool (proporção 1:10), observaram que ambos os tratamentos foram eficientes (p<0,001) em relação ao grupo controle.

Comparou-se a eficácia do extrato aquoso de folhas frescas de neem (1 kg: 5 L de água), aplicado em banhos semanais (2 L/animal) durante um mês, comparado à abamectina em aplicação uma vez pour-on, para controle de R. (B.) microplus.

Constatou-se que não houve diferença na infestação entre os grupos, podendo o extrato vegetal substituir a abamectina dentro de um programa zootécnico de controle dos carrapatos no semi-árido (VALENTE; BARRANCO; SELLAIVE-VILLAROEL, 2007). Ainda em relação ao neem, Srivastava et al. (2008) compararam o extrato etanólico de sementes de neem com uma concentração de 8% de cipermetrina, em animais infestados artificialmente. A mortalidade de carrapatos no grupo do neem foi de 70,5%, cinco dias após o tratamento e, no grupo da cipermetrina, 92,4%, três dias após o tratamento. Considerando-se a eficiência reprodutiva dos carrapatos sobreviventes, a eficácia foi de 68,3 e 80,4% para o neem e cipermetrina, respectivamente. Resultados semelhantes foram observados por Magadum, Mondal e Ghosh (2009), também usando sementes de neem com a mesma concentração que Srivastava et al. (2008).

Estudos realizados por Olivo et al. (2009) avaliaram a ação de quatro concentrações crescentes (1,25 a 5%) de um extrato aquoso de Nicotiana tabacum

(29)

2.2. Haemonchus contortus

2.2.1. Distribuição, ciclo biológico, patogenia e sinais clínicos

Apesar dos avanços no desenvolvimento de medicamentos anti-helmínticos, a nematodiose gastrintestinal permanece como um dos principais fatores limitantes para a sustentabilidade da produção animal (WALLER, 2003). Estima-se que os prejuízos causados por helmintos alcancem, apenas na indústria ovina, aproximadamente 222, 45 e 42 milhões de dólares/ano na Austrália, África do Sul e Uruguai, respectivamente (McLEOD, 1995; WALLER, 2006).

Haemonchus contortus é o nematódeo de pequenos ruminantes que se

destaca pela alta prevalência e patogenicidade (AROSEMENA et al., 1999; HOUNZANGBE-ADOTE et al., 2005). Possui distribuição geográfica mundial, sendo mais importante em áreas tropicais e subtropicais.

O ciclo de vida deste endoparasita é direto e a fase pré-parasitária é tipicamente tricostrongilídea. As fêmeas são prolíficas ovipositoras. Os ovos são eliminados nas fezes e em condições ideais (18 a 26°C e 80 a 100% umidade) se desenvolvem no pasto em terceiro estágio infectante (L3) em aproximadamente sete

dias. Em condições de baixas temperaturas o desenvolvimento pode ser retardado por semanas ou meses, devido ao seu baixo metabolismo e reservas energéticas (ONYAH; ARSLAN, 2005). A umidade é também um fator importante para a sobrevivência da larva; em condições secas, como no semi-árido brasileiro, as larvas não sobrevivem (AROSEMENA et al., 1999). A irrigação pode influenciar na disponibilidade de L3, sendo encontradas em grande número em pastagens irrigadas

(30)

Essencialmente, a hemoncose se caracteriza por anemia hemorrágica aguda em virtude dos hábitos do parasita de sugar sangue, removendo do hospedeiro cerca de 0,05 mL de sangue diariamente, por ingestão e extravasamento das lesões, de modo que um ovino parasitado por 5.000 H. contortus pode perder cerca

de 250 mL diariamente. Na hemoncose aguda, a anemia torna-se aparente cerca de duas semanas após a infecção e é caracterizada por queda progressiva e perceptível no hematócrito. Durante as semanas subsequentes, o hematócrito geralmente se estabiliza em nível baixo, mas apenas à custa de expansão compensatória de duas a três vezes da eritropoiese. Entretanto, em virtude da perda contínua de ferro e proteína dentro do trato gastrintestinal e de inapetência crescente, a medula torna-se por fim exaurida e o hematócrito cai ainda mais antes de ocorrer a morte. Menos comumente, em infecções mais intensas com mais de 30.000 parasitas, ovinos aparentemente saudáveis podem morrer repentinamente de gastrite hemorrágica grave, denominada neste caso de hemoncose hiperaguda (TAYLOR; COOP; WALL, 2010).

Os sinais clínicos na hemoncose aguda caracterizam-se por anemia, graus variáveis de edema, dos quais a forma mandibular e ascite são mais facilmente identificadas, letargia, fezes escuras (melenas) e queda de lã. Diarreia não é geralmente uma característica.

A necropsia pode revelar 2.000 a 20.000 parasitas fixados à mucosa do abomaso, que exibe inúmeras pequenas lesões hemorrágicas. O conteúdo do abomaso é líquido e castanho-escuro em razão da presença de sangue alterado; nota-se ainda edema da mucosa, submucosa e serosa, com descamação das células epiteliais e ulceração. À histopatologia pode ser encontrado infiltrado celular inflamatório composto de plasmócitos e leucócitos, com predominância de eosinófilos e linfócitos. A carcaça é pálida e edematosa e a medula expandida a partir das epífises dentro da cavidade medular (TAYLOR; COOP; WALL, 2010).

(31)

clínicos, mais associados primariamente à perda de peso progressiva, fraqueza e inapetência do que à anemia marcante (TAYLOR; COOP; WALL, 2010).

As respostas imunológicas contra a re-infecção se desenvolvem de maneira lenta e incompleta, deixando os rebanhos sujeitos à reincidência das formas clínica e sub-clínica deste parasita (VANDAMME; ELLIS, 2004).

2.2.2. Epidemiologia

Dentre os fatores relacionados ao hospedeiro, destacam-se a idade, imunidade, estado nutricional, estado fisiológico e raça, que podem influenciar o grau de infecção. Animais jovens são mais susceptíveis que os adultos, entretanto, sob condições que interfiram no equilíbrio hospedeiro/parasita, como alta taxa de translação, gestação, lactação e subnutrição, podem ocorrer infecções graves em todos os animais do rebanho, independentemente da faixa etária (VIEIRA, 2003).

Existem evidências de que os nematódeos resistentes são mais patogênicos, possuem ovipostura mais elevada, se estabelecem melhor nos hospedeiros e em suas fases de vida livre sobrevivem por maior período de tempo no meio ambiente (PRICHARD et al., 1980). H. contortus desenvolve resistência mais rapidamente,

justificando o fato da resistência anti-helmíntica múltipla (RAM) ser mais frequente em regiões onde a hemoncose é endêmica e esta característica pode estar associada ao elevado potencial biótico dessa espécie, cujas fêmeas apresentam postura diária de 5.000 ovos (CABARET; OUHELLI, 1984; UENO; GONÇALVES, 1998).

2.2.3. Controle e Resistência anti-helmíntica

(32)

persistência e a aquisição de animais infectados com cepas resistentes (KÖHLER, 2001; SILVESTRE et al., 2002; MOLENTO, 2004; BESIER, 2006).

No Brasil, há grande número de relatos sobre resistência anti-helmíntica. Na região Sul, elevada ocorrência de resistência múltipla foi identificada em rebanhos de ovinos no Estado do Paraná, para os anti-helmínticos oxfendazol (88,1%), ivermectina (78,6%), closantel (56,4%) e levamisol (38%) (THOMAZ-SOCCOL et al., 2004). No município de Restinga Seca, RS, Molento (2004) identificou uma cepa resistente de H. contortus, com percentuais de eficácia de 0, 82, 90, 48, 0, 17, 45, 77

e 80% para ivermectina, associação ivermectina/abamectina, moxidectina, doramectina, levamisol, closantel, albendazol, nitroxynil e disofenol, respectivamente. Em estudo realizado em um grande rebanho de ovelhas (5.000 cabeças), no Rio Grande Sul, nenhum dos nove anti-helmínticos testados foi eficaz. A maior redução obtida foi de uma combinação de fármacos (albendazol, levamisol e ivermectina), mas mesmo esta produziu uma redução de apenas 68% (CEZAR et al., 2010).

Na região Nordeste, demonstrou-se no Estado de Pernambuco resistência ao levamisol, albendazol e parbendazol, com percentuais de redução de 57,4, 71,1 e 85,1% na carga parasitária total, e de 80,2, 87,9 e 88,9% para H. contortus,

respectivamente (CHARLES; POMPEU; MIRANDA, 1989). No Ceará, também foi relatada prevalência de resistência de helmintos em rebanhos de caprinos e ovinos equivalente a 87,5, 75 e 37,5% para oxfendazol, levamisol e ivermectina, respectivamente, ressaltando-se que o gênero Haemonchus predominou na

população resistente a todos os produtos testados (MELO et al., 2003). Estudos conduzidos em caprinos da mesorregião do Sertão Paraibano indicaram que os nematódeos gastrintestinais não foram sensíveis à ação de moxidectina, albendazol e ivermectina, embora tenham demonstrado moderada sensibilidade ao levamisol (RODRIGUES et al., 2007).

(33)

a 100% para ivermectina, sendo que após os tratamentos, foram encontradas nas

coproculturas larvas dos gêneros Haemonchus, Trichostrongylus e

Oesophagostomum (BARRETO et al., 2006).

Um estudo realizado em Mato Grosso do Sul demonstrou diferentes níveis de eficácia do albendazol, levamisol, ivermectina, triclorfom, moxidectina, closantel e uma combinação de albendazol, ivermectina e levamisol em 16 rebanhos de ovinos. Nenhum dos fármacos testados foi 100% eficaz em qualquer das fazendas. O triclorfom alcançou o maior nível de eficácia (65%), e todas as outras drogas renderam menos do que 29%. Mesmo o tratamento da combinação de anti-helmínticos alcançou redução média de apenas 55,8%. H. contortus foi a principal

espécie encontrada com base na recuperação de larvas infectantes (L3) a partir de

culturas de fezes (86,9%) (SCZESNY-MORAES et al., 2010).

Um amplo levantamento da situação da resistência em ovinos a múltiplas drogas e espécies de nematódeos foi realizado na região Sudeste. No Estado de São Paulo investigou-se a resistência a cinco anti-helmínticos em 35 propriedades e verificou-se que em 10,7% das fazendas os nematódeos eram resistentes a três anti-helmínticos, 35,7% a quatro e 53,6% a todos os anti-helmínticos. Os principais gêneros encontrados antes e depois do tratamento foram o Haemonchus (75,8%) e Trichostrongylus (19,1%). O estudo concluiu que em 100% das fazendas os

(34)

2.2.4. Ação de extratos vegetais sobre nematódeos gastrintestinais

Os estudos sobre as atividades antiparasitárias de plantas têm sido incrementados principalmente em decorrência do aumento da prevalência de parasitas resistentes aos anti-helmínticos comercializados, da presença de resíduos em carne e leite e da contaminação ambiental (MOTA; CAMPOS; ARAÚJO, 2003).

As plantas com atividade antiparasitária podem atuar diretamente sobre os parasitas ou indiretamente, influenciando o mecanismo regulatório mediado pelo hospedeiro ou outros sistemas (JACKSON; MILLER, 2006). Dentre as plantas com ação direta destaca-se Chenopodium ambrosioides, cujo constituinte ativo, o

ascaridole, causa paralisia e morte do parasita, e as de ação indireta incluem

Artemisia absinthium, que causa severa irritação gastrintestinal, e Nicotiana tabacum, cujo efeito é refletido na promoção de evacuação do conteúdo intestinal

(LORIMER et al., 1996).

A validação de fitoterápicos é uma etapa inicial obrigatória para a utilização correta de plantas medicinais ou de seus compostos ativos. Os testes in vitro

permitem uma avaliação preliminar sobre as atividades farmacológicas de extratos vegetais, constituindo-se no primeiro passo para a caracterização de compostos ativos presentes nas plantas, possibilitando novas alternativas de controle das parasitoses (COSTA et al., 2002).

O efeito do óleo essencial de Ocimum gratissimum e do seu princípio ativo, o

eugenol, foi verificado na concentração de 50% sobre H. contortus, os quais

produziram 100% de inibição no teste de eclodibilidade dos ovos (TEO) (PESSOA et al., 2002). Ketzis et al. (2002) também obtiveram 100% de inibição no TEO na concentração de 1,33 µl/mL do óleo essencial de C. ambrosioides.

O decocto (extrato aquoso a quente) do caule de Annona senegalensis,

demonstrou redução de 88,5% na eclodibilidade dos ovos de H. contortus, na

concentração de 7,1 mg/mL (ALAWA et al., 2003).

Os extratos de acetato de etila e metanólico das folhas de Spigelia anthelmia

na concentração de 50 mg/mL inibiram, respectivamente, em 100 e 97,4% a eclosão dos ovos, e em 81,2 e 84,4% o desenvolvimento larvar de H. contortus (ASSIS et al.,

(35)

Hounzangbe-Adote et al. (2005) avaliaram o efeito dos extratos etanólicos de

Zanthoxylum zanthoxyloides, Morinda lucida, Newbouldia laevis e Carica papaya,

sobre H. contortus utilizando o TEO e o teste de migração em ágar (TMA). No TEO

obtiveram na maior concentração testada (2.400 µg/mL) as inibições de 60%, 55%, 45% e 43%, respectivamente. No TMA, o extrato de N. laevis foi o que demonstrou

maior eficácia (70%).

O extrato aquoso das folhas de Acacia mearnsii contendo 15% de taninos

condensados demonstrou efeito inibitório sobre o desenvolvimento de larvas L1 de

H. contortus, Trichostrongylus vitrinus e Teladorsagia circumcincta com valores de

DL50 de 0,043, 0,038 e 0,050 mg/mL, respectivamente (MINHO, 2006).

O extrato cetônico de Peltophorum africanum sobre T. colubriformis promoveu

inibição da eclosão de ovos e desenvolvimento larvar, nas concentrações de 0,2-1,0 mg/mL (BIZIMENYERA et al., 2006).

A atividade anti-helmíntica do óleo essencial de Lippia sidoides e de seu

principal constituinte, timol, foi avaliada no TEO e no teste de desenvolvimento larvar (TDL). O óleo essencial na concentração de 0,62 mg/mL teve uma redução de 94,8% no TEO. A CL50 foi de 0,40 mg/mL no TEO e de 2,97 mg/mL no TDL

(CAMURÇA-VASCONCELOS et al., 2007). Carvalho et al. (2012) observaram 100% de inibição da eclosão dos ovos na concentração de 0,625 mg/mL do óleo essencial de L. sidoides, com uma CL50 de 0,04 mg/mL no TEO e de 0,02 mg/mL no TDL.

Macedo (2008) também avaliou o óleo essencial de plantas sobre ovos e larvas de H. contortus. E. staigeriana inibiu a eclosão dos ovos e o desenvolvimento

das larvas nas concentrações de 10,6 e 2,65 mg/mL, respectivamente; e o óleo de

E. citriodora, apresentou concentrações efetivas de 5,4 e 2,7 mg/mL, sobre ovos e

larvas, respectivamente. O óleo essencial de E. globulus (OEEG) inibiu 99,3% da

eclosão dos ovos e 98,7% o desenvolvimento larvar nas concentrações de 21,75 e 43,5 mg/mL, e a CL50 que inviabilizou os ovos e as larvas foi de 8,3 e 6,92 mg/mL,

respectivamente (MACEDO et al., 2009).

O extrato de acetato de etila de A. indica na concentração de 50 mg/mL inibiu

a eclosão dos ovos e o desenvolvimento larvar de H. contortus em 51 e 68%,

(36)

eclosão de ovos em 100% na concentração de 12,5 mg/mL e o desenvolvimento larvar em 87% na concentração de 50 mg/mL (COSTA et al., 2008).

Os óleos essenciais de Mentha piperita, Cymbopogon martinii e Cymbopogon schoenanthus foram avaliados através do TEO, do TDL, do teste de inibição da

alimentação larvar (TIAL) e do teste de inibição do desembainhamento larvar (TIDL). Em todos os testes in vitro o óleo essencial de C. schoenanthus apresentou a melhor

atividade contra tricostrongilídeos de ovinos, seguido por C. martinii, enquanto que M. piperita apresentou a menor atividade. O óleo essencial de C. schoenanthus

apresentou CL50 de 0,045 mg/mL no TEO, 0,063 mg/mL no TDL, 0,009 mg/mL no

TIAL, e 24,66 mg/mL no TIDL (KATIKI et al., 2011).

Uma avaliação da atividade anti-helmíntica foi realizada a partir dos extratos de hexano, acetato de etila e etanol, obtidos das sementes de Jatropha curcas,

utilizando o TEO e o TIDL. Para o TEO, os diferentes extratos foram utilizados em concentrações de 3,1, 6,2, 12,5, 25 e 50 mg/mL, acompanhado de um controle negativo (5% de Tween 80) e um controle positivo (0,025 g/mL tiabendazol). O extrato de acetato de etila (50 mg/mL) inibiu 99,8% a eclosão dos ovos. A percentagem de L3 desembainhadas após incubação com extrato hexânico (99,6%)

e acetato de etila (97,8%) não diferiram do grupo controle (p>0,05), demonstrando que estes não inibem o desembainhamento das larvas. Entretanto, o extrato etanólico inibiu significativamente este processo, pois somente 18,9% das mesmas encontravam-se sem bainha (MONTEIRO et al., 2011).

Três extratos foram obtidos da folha de Phytolacca icosandra, utilizando

etanol, n-hexano e diclorometano. A eficácia da atividade anti-helmíntica (AH) in vitro

dos extratos foi avaliada através do TMA e do TEO. Para os ensaios do TMA, o extrato etanólico (2 mg/mL) e o de diclorometano (3 mg/mL) mostraram inibição significante (p<0,05) com 55,4% e 67,1%, respectivamente. No TEO, inibição maior do que 95% foi encontrada no extrato etanólico e diclorometano nas concentrações de 1,8 e 0,90 mg/mL, respectivamente. O extrato de n-hexano não mostrou inibição tanto no TEO quanto no TMA em qualquer concentração testada. A atividade AH relatada para P. icosandra pode ser atribuída aos flavonóides, esteróides,

(37)

É recomendável a realização de teste in vitro, a priori, que tem custo mais

baixo e que apresenta resultados mais rápidos (BORGES, 2003). Além disso, possibilita indicação inicial da atividade estudada, diminuindo os gastos e o uso indiscriminado de animais de experimentação (CAMURÇA-VASCONCELOS et al., 2007). Entretanto, os testes in vivo são de grande importância para a validação do

teste in vitro e conclusão do estudo, pois revelam se a planta medicinal apresentará

real eficácia contra o seu alvo, sofrendo as influências do hospedeiro, e também se provocará algum efeito adverso ou até mesmo tóxico (CARVALHO et al., 2012).

Vieira et al. (1999) trataram caprinos infectados experimentalmente com H. contortus com dose única do suco de folhas de C. ambrosioides (0,75 g/kg PV) e de M. piperita (0,5 g/kg PV). Observou-se uma redução no OPG correspondentes a

33,6% para C. ambrosioides e 72% para M. piperita, respectivamente.

Ovinos infectados experimentalmente com larvas de H. contortus e T. colubriformis foram tratados com dose única do extrato hidroalcoólico de Fumaria parviflora, na dose de 183 mg/kg PV. Detectou-se 100% de redução no OPG, e 78,2

e 88,8% de redução de adultos de H. contortus e T. colubriformis, respectivamente,

treze dias após o tratamento (HORDEGEN et al., 2003).

Plantas como Hagenia abyssinica, Olea europaea var. africana, Annona squamosa, Ananas comosus, Dodonaea angustifolia, Hildebrandtia sepalosa e Azadirachta indica são popularmente utilizadas como anti-helmínticos para caprinos.

Entretanto, não revelaram redução significativa do OPG de animais tratados, e não produziram efeito sobre o número de larvas e adultos recuperados do abomaso (GITHIORI et al., 2004).

Ademola, Fagbemi e Idowu (2004) observaram redução de 88,8% no OPG de ovinos tratados com o extrato etanólico da casca de Khaya senegalensis na dose de

500 mg/kg PV.

O tratamento de ovinos naturalmente infectados por H. contortus e T. colubriformis, com 1,6 g/kg PV da fração de taninos extraídos das folhas de Acacia mearnsii resultou em redução no OPG e da carga parasitária (MINHO, 2006).

(38)

receberam, respectivamente, 12,5, 25 e 37,5 g/animal/dia de folhas secas de A. indica. O neem foi administrado em períodos alternados de 15 dias e o produto

homeopático diariamente durante 18 meses. Realizou-se 39 coletas de amostras fecais para contagem do OPG, e coproculturas foram realizadas mensalmente. Os seguintes gêneros, em percentagem, foram identificados: Haemonchus (65,5 ±

3,27), Trichostrongylus (15,9 ± 7,38) e Oesophagostomum (18,5 ± 6,22). Os

tratamentos avaliados não foram eficazes no controle de nematódeos gastrintestinais (CHAGAS et al., 2008).

Dezoito ovinos infectados experimentalmente com H. contortus e T. colubriformis foram tratados uma vez por semana durante seis semanas com

material fresco da planta Cereus jamacaru, um tipo de cacto comum na África do

Sul. Os ovinos foram divididos em três grupos, o grupo 1 recebeu 32,3 g/animal, o grupo 2 recebeu 64,6 g/animal e o grupo 3 permaneceu sem tratamento (controle negativo). Amostras de fezes foram coletadas individualmente no dia do tratamento e três dias depois em uma base semanal por sete semanas para a contagem de OPG. Não houve diferença estatística significante entre os grupos, sendo que no dobro da dose, o maior percentual de redução encontrado foi de 65% no 49º dia do experimento (VATTA et al., 2011).

O extrato aquoso-metanólico da casca do caule de Combretum molle foi

avaliado para a atividade anti-helmíntica em carneiros infectados experimentalmente com H. contortus utilizando o teste de redução da contagem de ovos nas fezes

(39)

2.3. Ananas comosus

A origem das espécies do gênero Ananas é o Hemisfério Oeste, na América

tropical e subtropical, e compreende a área entre as latitudes 15ºN e 30ºS e as longitudes 40ºL a 75ºO, correspondendo às regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil e Norte da Argentina e do Paraguai. Entretanto, a maior diversidade do gênero é encontrada na área compreendida entre as latitudes 10ºN e 10ºS e as longitudes 55ºL a 75ºO. Dessa forma, o centro de origem parece ter sido o Brasil Central (Figura 1) (COLLINS, 1960). Há indícios que sua domesticação ocorreu muitos séculos anteriores, durante a era pré-colombiana. Sua dispersão pelos vários países americanos iniciou com o intercâmbio entre tribos; contudo, com o descobrimento da América, se tornou conhecido mundialmente, quando foi levado para a Europa, Ásia e África, e se disseminou pelos países rapidamente (SIMÃO, 1998).

Figura 1. Ilustração demonstrando o centro de origem do abacaxi, assinalado com o círculo, e diferentes rotas de dispersão da fruta para as outras regiões do mundo, demonstradas por meio das setas.

Segundo Ferreira e Cabral (1993), o Brasil é considerado um dos principais centros de diversidade genética do abacaxi porquanto, além de A. comosus, todas

as espécies do gênero Ananas são encontradas nas formas silvestres ou cultivadas

em várias regiões brasileiras.

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térmica diária de 8 a 14°C e chuvas de 1.200 a 1.50 0 mm anuais. A planta exige boa luminosidade, com insolação anual ótima de 2.500 a 3.000 horas, ou seja, 6,8 a 8,2 horas de luz solar/dia. O cultivo é recomendado em altitudes variando desde o nível do mar até 400 metros, verificando-se o aumento do ciclo vegetativo da planta na medida em que há elevação da altitude (SIMÃO, 1998).

É uma planta monocotiledônea, herbácea e perene, da família Bromeliaceae. Apresenta caule (talo) curto e grosso, ao redor do qual crescem folhas estreitas, compridas e resistentes, quase sempre margeadas por espinhos e dispostas em rosetas. O sistema radicular é fasciculado, superficial e fibroso, encontrado em geral à profundidade de 15-30 cm e raramente a mais de 60 cm da superfície do solo. A planta adulta, das variedades comerciais, tem de 1 a 1,20 cm de altura e 1 a 1,5 cm de diâmetro. No caule insere-se o pedúnculo que sustenta a inflorescência e depois o fruto (Figura 2) (CUNHA et al., 1994).

Figura 2. Esquema de um abacaxizeiro mostrando suas diferentes partes: raiz (rz); caule ou talo (t); pedúnculo (p); rebentão (r); filhote-rebentão (fr); filhote (s); fruto (f); coroa (c).

O abacaxi apresenta em seu fruto cerca de 23% de polpa, que é comestível e industrializável. O restante é constituído pela casca, coroa, talos e folhas, que correspondem a um percentual elevado de cerca de 70%. Estas partes são consideradas resíduo agrícola e constituem matéria-prima para obtenção de bromelina, amido, fibras, álcool etílico e rações animais (BALDINI et al., 1993).

Segundo Coppens d’Eeckenbrugge e Leal (2003), atualmente o gênero

(41)

pelas espécies A. ananassoides e A. nanus; A. comosus var. bracteatus – composto

pelas espécies A. bracteatus e A. fritzmuelleri; A. comosus var. comosus

representado pela espécie A. comosus; A. comosus var. erectifolius – composto

pelas espécies A. lucidus e A. erectifolius; A. comosus var. parguazensis

representado pela espécie A. parguazensis; e pelo complexo A. macrodontes,

formado pela espécie Pseudananas sagenarius.

No Brasil, são conhecidas cinco espécies de Ananas e dentro da espécie de Ananas comosus estão incluídas todas as cultivares de interesse frutícola, sendo

que as principais cultivadas no Brasil são a Pérola e a Smooth Cayenne, embora existam inúmeras outras plantadas em pequena escala, apenas para consumo local (BALDINI et al., 1993). A cultivar Smooth Cayenne é a mais plantada no mundo, correspondendo a 70% da produção mundial, conhecida também por abacaxi havaiano. O fruto tem formato cilíndrico, com peso entre 1,5 e 2 kg, apresenta coroa pequena, casca de cor amarela-alaranjada e polpa amarela, firme, rica em açúcares e de acidez elevada. É adequada para industrialização e consumo in natura. Já a

cultivar Pérola, tem formato cônico, com casca de cor amarelada, polpa branca, pouco ácida, suculenta, saborosa, peso médio entre 1 e 1,5 kg e apresenta coroa grande (CUNHA et al., 1994).

Imagem

Figura 1. Ilustração demonstrando o centro de origem do abacaxi, assinalado com o  círculo,  e  diferentes  rotas  de  dispersão  da fruta  para  as  outras  regiões  do  mundo, demonstradas por meio das setas
Figura  2.  Esquema  de  um  abacaxizeiro  mostrando  suas  diferentes  partes:  raiz  (rz);  caule ou talo (t); pedúnculo (p); rebentão (r); filhote-rebentão (fr); filhote (s);  fruto (f); coroa (c)
Figura  3.  Participação  das  regiões  brasileiras  na  produção  de  abacaxi  em  %,  em  2010
Tabela 1. Composição química e valor nutricional do abacaxi in natura  Componentes  Quantidade (por 100 gramas)
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