Efeito residual de apresentações comerciais dos larvicidas temefos
e Bacillu s thu rin gien sis israelen sis sobre larvas de
Aedes aegypti em recipientes com renovação de água
Residual effect of commercial applications of larvicides temefos and
Ba cillus thuringiensis isra elensis
on A
edes a egypti
larvae
in recipients with water renewal
Ricardo José Soares Pontes
1, Ana Cláudia Ferreira Regazzi
2,
José Wellington Oliveira Lima
2e Lígia Regina Sansígolo Kerr-Pontes
1RESUMO
Ava li o u - se o e f e i to re si d u a l d o te m e f o s ( a p re se n ta ç õ e s c o m e rc i a i s A, B, C) e B ac illus thuringiensis israelensis ( D e E) so b re la rva s d e Aedes aegypti, e m re c i p i e n te s c o m re n o va ç ã o d e á gu a . Uti li za ra m - se 4 4 b é q u e re s d e 1 .0 0 0 m l ( 8 p a ra c a d a a p re se n ta ç ã o e 4 c o n tro le s) . Em c a d a b é q u e r i n tro d u zi ra m - se d i a ri a m e n te 2 5 la rva s. Ap ó s 2 4 h o ra s, c o n ta va m - se a s la rva s m o rta s, e sva zi a va m - se o s b é q u e re s a té 2 0 0 m l, re p u n h a - se o vo lu m e o ri gi n a l e a c re sc e n ta va m - se n o va s la rva s. A du ra ç ã o do e f e i to re si du a l m á xi m o ( 100% de m o rta li da de ) f o i : A- 19; B- 39; C- 40; D- 8; E- 19 di a s. A ra zã o de m o rta li da de p e rm a n e c e u e q u i va le n te e n tre to d o s o s la rvi c i d a s d u ra n te 2 5 d i a s; B e C m o stra ra m RM 2 ,4 0 ve ze s m a i o r d o q u e E e n tre 4 6 - 9 5 d i a s; B, c o m p a ra d o c o m A, m o stro u RM 1 ,9 0 - 7 ,5 1 ve ze s m a i o r e n tre 2 6 - 9 5 d i a s. Co n c lu i - se p e la m a i o r e f i c á c i a d e du a s a pre se n ta ç õ e s do te m e f o s, m e sm o e m u m a si tu a ç ã o e pi de m i o ló gi c a de lo n ga e xpo si ç ã o a o pro du to e c o m re n o va ç ã o d e á gu a d o s re c i p i e n te s.
Pal avr as-chave s: Co n tro le ve to ri a l. La rvi c i d a s. Aedes aegypti. De n gu e . Co n tro le d e q u a li d a d e .
ABSTRACT
Th e re si d u a l e f f e c t o f te m e f o s ( c o m m e rc i a l a p p li c a ti o n s A, B a n d C) a n d B ac illus thuringiensis israelensis ( D a n d E) o n
Aedes aegypti la rva e wa s e va lu a te d , i n re c i p i e n ts wi th wa te r re n e wa l. Fo rty- f o u r b e a k e rs o f 1 ,0 0 0 m l e a c h ( 8 f o r e a c h
a p p li c a ti o n a n d 4 c o n tro ls) we re u se d . In e a c h b e a k e r, 2 5 la rva e we re i n tro d u c e d d a i ly. Af te r 2 4 h o u rs, th e d e a d la rva e we re c o u n te d , th e b e a k e rs e m p ti e d to 2 0 0 m l a n d re f i lle d to o ri gi n a l vo lu m e , wi th a d d i ti o n o f n e w la rva e . Th e d u ra ti o n o f th e m a x i m u m re si d u a l e f f e c t ( 1 0 0 % o f m o rta li ty) wa s: A- 1 9 ; B- 3 9 ; C- 4 0 ; D- 8 ; E- 1 9 d a ys. Th e m o rta li ty ra ti o o f a ll a p p li c a ti o n s re m a i n e d e q u i va le n t f o r 2 5 d a ys; B, C a n d E m a i n ta i n e d MR e q u i va le n t u p to 4 5 d a ys; B a n d C sh o we d MR 2 .4 0 ti m e s gre a te r th a n E, b e twe e n 4 6 - 9 5 d a ys; B, c o m p a re d wi th A, sh o we d MR 1 .9 0 - 7 .5 1 ti m e s gre a te r b e twe e n 2 6 - 9 5 d a ys. Th e c o n c lu si o n wa s gre a te r e f f e c ti ve n e ss o f two p re se n ta ti o n s o f te m e f o s, e ve n i n a n e p i d e m i o lo gi c a l si tu a ti o n wi th lo n g e x p o su re to th e p ro d u c t a n d re n e wa l o f wa te r i n re c i p i e n ts.
Ke y-words: Ve c to ri a l c o n tro l. La rvi c i d e s. Aedes aegypti. De n gu e f e ve r. Qu a li ty c o n tro l.
1 . Departamento de Saúde Co munitária da Fac uldade de Medic ina da Universidade Federal do Ceará, Fo rtaleza, CE. 2 . Co o rdenaç ão Regio nal do Ceará da Fundaç ão Nac io nal de Saúde, Fo rtaleza, CE.
Apo io : CNPq ( pro c esso 5 2 1 1 6 2 /9 8 -0 ) e FUNCAP ( pro c esso 1 6 4 /0 1 ) .
En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr. Ric ardo Jo sé So ares Po ntes. R. Pro f. Co sta Mendes 1 6 0 8 /5o andar, Ro do lfo Teó filo , 6 0 4 3 1 -9 7 0 Fo rtaleza, CE.
Tel: 5 5 8 5 3 2 8 8 -8 0 4 4 ; Fax: 5 5 8 5 3 2 8 8 -8 0 5 0 e-mail: rj po ntes@ fo rtalnet.c o m.br Rec ebido para public aç ão em 0 7 /0 5 /2 0 0 4 Ac eito em 1 6 /4 /2 0 0 5
O Ae d e s a e gyp ti , erradic ado do território brasileiro na déc ada de 1 9 5 0 , fo i identific ado na Cidade de Fo r taleza, c apital do Estado do Ceará, no ano de 1 9 8 4 . Em 1 9 8 6 , depois da primeira epidemia de dengue no estado, foi inic iado o
programa de c ontrole vetorial pelo Ministério da Saúde. O
programa de c ontrole do Ae d e s a e gyp ti prec onizado pela
de potenc iais c riadouros e o c ontrole químic o das formas imaturas e adultas do vetor. Utilizou-se em Fortaleza, como uma das principais estratégias de ação, o controle químico do vetor, através dos insetic idas organofosforados ( o temefos para o controle de larvas; o malathion para o controle perifocal das formas adultas; e o malathion ou fenitrothion, na forma de aerosol ultrabaixo volume, também para o controle das formas adultas)9 1 2.
Nos anos seguintes, entre 1 9 8 6 a 2 0 0 0 , mesmo c om a ocorrência de várias epidemias de dengue, conseguiu-se manter a infestação vetorial em níveis muito baixos por longos períodos de te m po , s o b inte ns a pr e s s ã o de c o ntr o le , utiliza ndo
c o ntinuamente essa c lasse de insetic idas1 4. Em ge r al, no
município de Fortaleza, foram feitas entre 3 ou 4 aplicações anuais de temefos, correspondendo a ciclos de tratamento focal
de 4 ou 3 meses, respectivamente9 1 4.
A prolongada utilização do mesmo produto químico nas a ç õ e s a n tive to r ia is e a de c o r r e n te po s s ib ilida de de desenvolvimento de resistência, nestas condições, não induziram a realização periódica de avaliação de eficácia por parte do programa de controle, tanto em relação à presença de resistência propriamente, como no que se refere à duração do efeito residual
do temefos sobre larvas de Ae de s a e gypti. Entretanto, a duração
do efeito residual é metodologia de fácil aplicaçãona avaliação
da eficácia de larvicidas e constitui-se um importante indicador para a determinação do intervalo de tempo entre os ciclos de
tratamento dos depósitos no controle do Ae de s a e gypti1 5 2 0 2 1.
Somente em 2 0 0 0 , 1 6 anos após o uso continuado de uma única classe de inseticidas contra as diversas formas evolutivas do Ae de s a e gypti, foram identificadas as primeiras amostras de
larvas resistentes ao temefos, na grande Fortaleza1 1. No mesmo
ano, este larvicida foi substituído, nas ações antivetoriais da
cidade, pelo Ba cillus thuringie nsis isra e le nsis ( Bti)1 5.
A substituição do temefos pelo Bti não foi antecedida, na realidade epidemiológica-ecológica de Fortaleza, por nenhuma avaliação comparativa de eficácia entre esses dois larvicidas, e, partic ularmente, entre as diversas apresentaç ões c omerc iais desses produtos, disponibilizadas para o programa de controle ve to r ia l. O o b j e tivo de s te tr a b a lh o fo i, e n tã o , a va lia r simultaneamente, em laboratório, o efeito residual de diversas
apresentaç ões c omerc iais dos larvic idas temefos e Ba c illu s
thuringie nsis isra e le nsis, usadas no Programa de Controle do
Ae de s a e gypti, utilizando-se sistemas dinâmicos com renovação de água, para simular as c o ndiç õ es mais freqüentemente encontradas na situação de campo de muitas cidades brasileiras.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizada uma investigação experimental, em laboratório, entre março e junho de 2 0 0 2 , avaliando comparativamente o efeito residual de três apresentações comerciais do temefos e
de duas apresentações comerciais do Ba cillus thuringie nsis
i sra e le n si s, utilizando rec ipientes submetidos à periódic a
renovação de água1 6. A metodologia de renovação de água foi
empregada anteriormente na avaliação do efeito residual do
temefos, por Chadee3, em 1 9 8 4 , em experimentos tanto de
campo, como laboratoriais. Decidiu-se introduzir o método de renovação de água nos recipientes usados nos testes laboratoriais para simular uma situaç ão semelhante àquela a que estão submetidos os depósitos mais importantes na infestação pelo
Ae de s a e gypti no município de Fortaleza, como por exemplo, caixas d’água, tambores, potes e cisternas e outros reservatórios
domésticos2.
O experimento foi desenvolvido no laboratório de Ae de s
a e gypti do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará. Utilizou-se, para a produção de larvas, uma
c olônia de Ae d e s a e gyp ti originada de ovos c oletados no
campo através de ovitrampas, na grande Fortaleza ( municípios de Fo r tale za e Cauc aia) . Esse s o vo s fo r am sub me tido s a desenvolvimento no laboratório, produzindo diversas gerações de larvas utilizadas nos testes laboratoriais. As apresentações comerciais avaliadas foram aquelas usadas no programa de controle vetorial em Fortaleza, obtidas junto à gerência regional e nacional do
programa, a partir dos lotes disponibilizados para o trabalho de
campo: Larvell® ( temefos – 1%) ; Larvyn® ( temefos – 1%) ; Abate®
( temefos – 1 %) ; Vectobac – WDG® (Ba c illus thuringie nsis
su b sp .i sra e le n si s, sorotipo H1 4 – em pó) ; Vec tobac - G®
(Ba cillus thuringie nsis sub sp isra e le nsis, sorotipo H1 4 – em grânulos de sabugo de milho) . Para efeito de descrição dos experimentos no texto do presente trabalho, optou-se por utilizar c ódigos, em substituiç ão ao nome c omerc ial dos larvic idas
usados nos testes laboratoriais: temefos - códigos A ( Abate®) , B
( Larvell®) e C ( Larvyn®) ; e Ba cillus thuringie nsis isra e le nsis
-códigos D ( Vectobac - G®) e E ( Vectobac – WDG®) .
No s ensaio s fo ram utilizado s, para c ada apresentaç ão comercial dos larvicidas, 8 béqueres de 1 .0 0 0 ml ( um total de 4 0 béqueres) com água de torneira e dosagem dos larvicidas de acordo com o indicado pelo programa de controle. As dosagens utilizadas foram: temefos, apresentações comerciais A, B e C -0 ,1 g; Bti, apresentação comercial D - -0 ,-0 2 g; e Bti, apresentação c omerc ial E - 0 ,0 0 2 g. Em c ada béquer, foram introduzidas diariamente 2 5 larvas de terceiro estádio, um total de 2 0 0 larvas para cada apresentação comercial. Em cada um dos outros 4 béqueres sem larvic idas ( c ontroles) foram introduzidas 2 5 larvas, totalizando 1 0 0 larvas. Todos os dias os béqueres eram esvaziados através de mangueiras plásticas, deixando um volume residual de 2 0 0 ml. Após o esvaziamento, era acrescida nova água até atingir o volume de 1 .0 0 0 ml. Diariamente era contado o número de larvas mortas, indic ador do efeito residual dos
larvicidas. A cada leitura eram trocadas as larvas dos béqueres
tratados e dos controles. As larvas eram retiradas com auxílio de pipetas plásticas. O período de observação deste experimento foi de 1 0 2 dias.
Definiu-se efeito residual, como a capacidade de um larvicida de manter dosagens letais para um organismo alvo por um determinado período de tempo, neste caso, aferido através das
incidências de mortalidade diárias de larvas1 5. A incidência de
expostas a essa mesma apresentação do larvicida. Essas incidências de mortalidade diárias foram usadas para a construção das curvas de mortalidade correspondentes a cada larvicida e para o cálculo da razão de mortalidade, de larvas entre as apresentaç ões comerciais. Definiu-se razão de mortalidade ( RM) , como a razão entre a proporção de mortalidade entre as larvas expostas a uma determinada apresentação comercial e a proporção de mortalidade entre as larvas expostas à outra apresentação comercial de pior desempenho, em intervalos de tempo selecionados. Utilizou-se o programa Epi-Info versão 6 .0 ( Epitable Calculator Program) para o cálculo das razões de mortalidade de larvas ( equivalentes aos riscos relativos no programa utilizado) e respectivos intervalos de confiança ( IC 9 5 %) . Os intervalos de tempo selecionados como referência, nessa comparação, foram aqueles em que os larvicidas apresentavam seu efeito residual máximo ( 1 0 0 % de mortalidade) e aqueles equivalentes a períodos em torno de 4 0 dias ( entre 3 6 -4 5 dias) , 6 0 dias ( entre 5 6 -6 5 dias) e 9 0 dias ( entre 8 6 -9 5 dias) de experimento. Tomou-se como referência esses períodos em torno de 4 0 , 6 0 e 9 0 dias, ao invés da m o r ta lida de po n tua l n a q ue le dia e s pe c ífic o , de vido à variabilidade da mortalidade diária observada no estudo.
As curvas teóricas de probabilidade de mortalidade de cada larvic ida foram obtidas através de um modelo de regressão
logística, utilizando o programa Stata® versão 6 .01 8. A variável
dependente foi à proporç ão de larvas mortas e as variáveis independentes foram o tipo de larvicida, o tempo de observação e o termo de interação entre tempo e tipo de larvicida, uma vez que o efeito residual dos larvicidas depende do tempo.
RESULTADOS
A Figura 1 e a Tabela 1 mostram a evolução no tempo da mortalidade ( %) de larvas observada durante os 1 0 2 dias de de s e n vo lvim e n to do e xpe r im e n to . A Figur a 2 a pr e s e n ta
a s c o r r e spo nde nte s c ur vas te ó r ic as de pr o b ab ilidade de mortalidade.
Observou-se que a apresentação comercial B ( temefos) mostrou o melhor efeito residual, eliminando 100% das larvas durante 39 dias de experimento e apresentando patamares de mortalidade média elevados por período mais prolongado do que todas as demais apresentações, chegando aos 90 dias com 91% de mortalidade. Na seqüência aparece a apresentação comercial C ( temefos) , com 100% de mortalidade até 40 dias após exposição, mas com queda mais rápida do efeito residual do que a apresentação anterior, chegando aos 90 dias com 70% de mortalidade. Em seguida vem a apresentação comercial E ( Bti) , com mortalidade em torno de 100% até 19 dias ( acima de 90% até cerca de 40 dias) e com 15% aos 90 dias. A seguir aparece a apresentação comercial D ( Bti) , com mortalidade de 100% por 8 dias ( acima de 90% até 22 dias) , reduzindo-se para 18% aos 90 dias. Finalmente, vem a apresentação comercial A ( temefos) , com uma mortalidade em torno de 100% durante 20 dias, mas apresentando perda mais rápida de efeito residual do que todos os outros produtos estudados, com apenas 1 5 % de
Tabela 1 - Distribu ição da mortalidade média de larvas expostas a cada apresentação comercial de larvicida de acordo com o período de exposição, Fortaleza/Ceará, 2002.
Apresentações comerciais % médio de mortalidade Dias após exposição A B C D E0
01 − 15 100,0 100,0 100,0 99,8 100,0 16 − 25 85,3 100,0 100,0 93,7 98,9 26 − 35 52,7 100,0 100,0 81,7 94,3 36 − 45 51,0 99,8 99,0 63,6 87,2 46 − 55 38,5 96,1 93,0 45,4 61,3 56 − 65 43,0 93,7 74,9 38,3 42,5 66 − 75 20,1 89,2 72,4 46,0 39,7 76 − 85 13,9 84,8 60,1 27,8 24,2 86 − 95 11,1 83,0 58,1 26,9 21,0 96 − 102 6,8 71,6 42,8 15,3 11,7
-10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
1 11 21 31 41 51 61 71 81 91 101
dias de exposição
%
d
e
m
or
tal
id
ad
e
Apresentação comercial B (temefos)
Apresentação comercial E (Bti) Apresentação comercial D (Bti)
mortalidade aos 9 0 dias. A mortalidade dos c ontroles, no experimento, foi sempre inferior a 10%.
Utilizando a razão de mortalidade de larvas como um indicador quantitativo dessa avaliação comparativa, analisou-se ( Tabelas 2 e 3)
asapresentações comerciais que mostraram melhor desempenho
em relação àquelas consideradas de pior desempenho relativo no experimento realizado.
Verificou-se que, durante os primeiros 1 5 dias de exposição ( ou até 2 5 dias, numa aproximação menos exigente) , a razão de m o r ta lida de fo i pr a tic a m e n te igua l pa r a to da s a s a pr e s e n ta ç õ e s c o m e r c ia is do s la r vic ida s te s ta do s ( RM aproximadamente = 1 ) .
As duas melhores apresentações comerciais do temefos ( B e C) mostraram entre si razões de mortalidade equivalentes ( RM aproximadamente = 1 ) até c erc a de 5 5 dias; entretanto, a apresentação B apresentou razão de mortalidade 1,33 maior do que C, entre 56-95 dias de experimento ( uma mortalidade 33% maior) .
Comparados ambos ( B e C) com a melhor apresentação comercial do Bti ( E) , mantiveram estes patamares de razão de mortalidade equivalentes ( RM aproximadamente = 1 ) até 4 5 dias de experimento. Entretanto, entre 4 6 -9 5 dias de exposição, essas duas apresentações comerciais do temefos determinaram uma razão de mortalidade em média 2 ,4 0 vezes maior do que a apresentação E do Bti, ou seja, promoveram uma mortalidade 1 4 0 % superior no período considerado.
A apresentaç ão c omerc ial E ( B ti) apresentou razão de mortalidade, em média, 1 ,2 5 vezes maior do que a outra apresentaç ão do mesmo larvic ida ( D) entre 2 6 -6 5 dias de experimento ( mortalidade 25% superior) , tendendo ambas, entre 66-95 dias, para patamares de mortalidade aproximados, sendo que D superou E nesse período final.
A apresentaç ão c omerc ial B do temefos ( a de melhor desempenho) , em comparação com a apresentação comercial A
100%
Mortalidade
0
1
Dias
102
A
E
C
B
D
Fi gu r a 2 - Cu r vas te ór i cas de pr ob ab i l i dade de m or tal i dade de l ar vas de Aedes aegypti e x postas a d i f e r e n t e s a p r e s e n t a ç õ e s c o m e r c i a i s d e l a r vi c i d a s ( A, B, C, D, E) e m r e l a ç ã o a o t e m p o , For tal e za/Ce ar á, 2 0 0 2 .
Tabela 2 - Razão de Mortalidade de larvas entre apresentações comerciais de larvicidas do mesmo princípio ativo ( temefos - A,B,C e Bacillus thuringiensis israelensis - D,E), segundo períodos de exposição (dias), Fortaleza/Ceará, 2002.
Dias Razão de Mortalidade ( RM) e Intervalos de Confiança ( IC 95%) de exposição temefos ( B) / temefos ( C) / temefos ( B) / Bti ( E) / temefos( A) temefos ( A) temefos ( C) Bti ( D)
01 − 15 1,0 ( * ) 1,0 ( * ) 1,0 ( * ) 1,0 ( 1,0;1,0) 16 − 25 1,2 ( 1,1;1,2) 1,2 ( 1,1;1,2) 1,0 ( * ) 1,1 ( 1,0;1,1) 26 − 35 1,9 ( 1,8;1,2,0) 1,9 ( 1,8;2,0) 1,0 ( * ) 1,1 ( 1,1;1,2) 36 − 45 2,0 ( 1,9;2,1) 2,0 ( 1,9;2,1) 1,0 ( 1,0;1,0) 1,4 ( 1,3;1,4) 46 − 55 2,5 ( 2,4;2,6) 2,4 ( 2,3;2,6) 1,0 ( 1,0;1,0) 1,4 ( 1,3;1,4) 56 − 65 2,2 ( 2,1;2,3) 1,7 ( 1,6;1,8) 1,2 ( 1,2;1,3) 1,1 ( 1,0;1,2) 66 − 75 4,4 ( 4,1;4,9) 3,6 ( 3,3;4,0) 1,2 ( 1,2;1,3) 0,9 ( 0,8;0,9) 76 − 85 6,1 ( 5,5;6,8) 4,3 ( 3,8;4,8) 1,4 ( 1,3;1,5) 0,9 ( 0,8;1,0) 86 − 95 7,5 ( 6,6;8,5) 5,2 ( 4,6;6,0) 1,4 ( 1,4;1,5) 0,8 ( 0,7;0,9) * intervalo de confiança não especificado ( 100% de mortalidade)
Tabela 3 - Razão de Mortalidade de larvas en tre algu mas apresen tações comerciais de larvicidas de diferen tes prin cípios ativos ( temefos - A,B,C e Bti - D,E) , segu n do períodos de exposição ( dias) , Fortaleza/Ceará, 2002.
Dias Razão de Mortalidade ( RM) e Intervalos de Confiança ( IC 95%) de exposição temefos ( B) / temefos ( C) / Bti( E) Bti ( D) / Bti( E) Bti( E) temefos ( A) temefos ( A)
01 − 15 1,0 ( 1,0;1,0) 1,0 ( 1,0;1,0) 1,0 ( 1,0;1,0) 1,0 ( 1,0;1,0) 16 − 25 1,0 ( 1,0;1,0) 1,0 ( 1,0;1,0) 1,2 ( 1,1;1,2) 1,1 ( 1,1;1,1) 26 − 35 1,1 ( 1,0;1,1) 1,1 ( 1,0;1,1) 1,8 ( 1,7;1,9) 1,6 ( 1,5;1,6) 36 − 45 1,1 ( 1,1;1,2) 1,1 ( 1,1;1,2) 1,7 ( 1,7;1,8) 1,3 ( 1,2;1,3) 46 − 55 1,6 ( 1,5;1,6) 1,5 ( 1,5;1,6) 1,6 ( 1,5;1,7) 1,2 ( 1,1;1,3) 56 − 65 2,2 ( 2,1;2,3) 1,7 ( 1,6;1,8) 1,0 ( 0,9;1,1) 0,9 ( 0,8;1,0) 66 − 75 2,2 ( 2,1;2,4) 1,8 ( 1,7;1,9) 2,0 ( 1,8;2,2) 2,3 ( 2,1;2,5) 76 − 85 3,4 ( 3,1;3,6) 2,4 ( 2,2;2,6) 1,8 ( 1,6;2,1) 2,0 ( 1,7;2,3) 86 − 95 4,2 ( 3,9;4,6) 3,0 ( 2,8;3,3) 1,8 ( 1,5;2,1) 2,3 ( 2,0;2,6)
entre 6 6 -9 5 dias, essa razão foi em média 6 ,0 2 vezes maior ( variação de 4 ,4 5 a 7 ,5 1 ) , uma mortalidade aproximadamente 5 0 0 % superior.
As apresentações comerciais E e D do Bti mostraram, em relaç ão à apresentaç ão c omerc ial A do temefos ( a pior no experimento) , uma razão de mortalidade em média cerca de 1 ,6 6 vezes maior entre os 2 6 -9 5 dias, ou seja, uma mortalidade 6 6 % maior.
DISCUSSÃO
Não se encontrou na literatura trabalhos que avaliem o efeito residual comparativo entre as diversas apresentações comerciais do temefos ou do Bti entre si, particularmente na realidade dos programas de controle desenvolvidos no Brasil, especialmente utilizando a metodologia de renovação de água. As pesquisas sobre efeito residual têm feito menç ão ao uso do temefos, referindo-se ao produto Abate, em geral utilizando sistemas estáticos, sem renovação de água.
Assim, experimento em laboratório desenvolvido em Manaus,
avaliou o efeito residual do temefos sobre larvas de Ae de s a e gypti,
mostrando 1 0 0 % de mortalidade por 9 0 dias1 3. Outro trabalho
em laboratório, na Paraíba, mostrou um efeito residual desse larvicida um pouco mais curto, com 1 0 0 % a 9 1 % de mortalidade,
até 7 0 dias após a aplicação do produto1 7. Experimento realizado
em São Paulo observou que o temefos apresentava efeito residual
de 9 0 dias no peridomicílio e de 1 8 0 -2 4 0 dias,no intradomicílio7.
Em um estudo de c ampo numa área urbana de Bangkok, a duração do efeito residual do temefos foi de aproximadamente
9 0 dias1.Em experimento com renovação de água, uma avaliação
do temefos, em Trinidad, verificou um efeito residual de 5 dias
em laboratório e de 6 semanas em condições de campo3. Os
ó r gã o s e n c a r r e ga do s pe lo c o n tr o le ve to r ia l n o B r a s il, tradicionalmente, consideram que o efeito residual do temefos
seria em torno de 9 0 dias8.
Em relaç ão a uma formulaç ão de Bti, num sistema sem renovação de água, o efeito residual encontrado foi de 3 5 dias
na sombra e 8 dias quando exposto à luz solar1 9. Avaliaç ão
comparativa entre o efeito residual do temefos e do Ba cillus
thuringie nsis isre le nsis observou 1 0 0 % de mortalidade das larvas expostas ao temefos por mais de 8 0 dias, enquanto no
Ba cillus thuringie nsis isra e le nsis a mortalidade inicial também
foi 1 0 0 %, porém não mostrou efeito residual1 0.
No presente estudo, a apresentação comercial B do temefos, aquela de melhor desempenho relativo, mesmo na presença de renovação de água manteve efeito residual elevado ( acima de
7 0 %)3 por cerca de 9 0 dias, compatível com os achados da
literatura referidos nos experimentos em sistemas estáticos, sem renovação de água.
Em menor escala, a apresentação C, do mesmo temefos, mostrou efeito residual inferior ao produto anterior e ao desempenho esperado pelo programa de controle ( alta eficácia aos 9 0 dias) , embora tenha promovido mortalidade elevada por cerca de 4 5 -6 5 dias. Essa redução do efeito residual abaixo do
esperado poderia ser explic ada, em parte, pela c onstante renovação de água no experimento e pela presença de larvas do
Ae de s a e gypti resistentes ao temefos, em Fortaleza5. Entretanto,
não se encontrou explicação para que o mesmo fenômeno de redução do efeito residual não tenha ocorrido também com a apresentação B do temefos, exceto tratando-se dos aspectos de controle de qualidade a serem discutidos mais adiante.
Mesmo assim, essas duas apresentaç ões c omerc iais do te m e fo s m o s tr a r a m m e lh o r de s e m pe n h o q ue to da s a s apresentaç õ es do B ti avaliadas. Co nc lui-se que a simples
rotatividade de larvicidas, visando o manejo da resistência2 0 2 1
decorrente da exposição continuada a um determinado produto, poderá tornar-se ineficaz, se não for seguida por uma redução nos intervalos de tempo dos ciclos do trabalho focal para um período compatível com efeito residual do larvicida em uso. A sub stituiç ão do te m e fo s pe lo B ti, e m Fo r tale za, não se acompanhou de nenhuma alteração da duração dos ciclos de tratamento focal, como seria de se esperar, uma vez que as duas classes de larvicidas apresentaram ações residuais diferentes.
A utilização, no experimento, da metodologia de renovação de água foi importante para simular a situaç ão de c ampo de r e alidade s o nde pr e do minam de pó sito s sub me tido s à permanente esvaziamento e reposição de água no uso doméstico, o que provavelmente contribuiu para a redução na duração do efeito residual para todos os produtos testados. Em outro trabalho realizado sem renovaç ão de água nos rec ipientes, verific ou-se resultados semelhantes na posiç ão relativa dos diversos larvicidas, embora com duração do efeito residual mais
prolongado no experimento com sistema estático4,confirmando
o impacto da renovação de água na redução do efeito residual.
Chamou a atenção, como um achado inusitado, a diferença de desempenho das várias apresentações comerciais do temefos entre si, e, espec ialmente, a baixa efic ác ia da apresentaç ão comercial A desse larvicida, no experimento realizado. Outros experimentos semelhantes, desenvolvidos neste projeto de
pesquisa4 6 1 6, mostraram resultados idênticos na posição relativa
das dive r sas apr e se ntaç õ e s de lar vic idas. A c o nsistê nc ia observada, em repetidos experimentos realizados em períodos de tempo muito diferentes entre si, é suficiente para por em dúvida a ocorrência de artefatos, variações casuais ou problemas espec ífic os de determinados lotes, c omo únic as explic aç ões alternativas ao resultado encontrado. Particularmente, levantou-se como possíveis hipótelevantou-ses explicativas para a baixa eficácia da apresentação comercial A do temefos, a possibilidade de existirem fatores que podem estar relacionados tanto à fase de produção desse larvicida, como, de forma alternativa, à fase de armazenamento dos produtos pelo programa de controle.
forma, propõe-se que os níveis regional e loc al do programa de c ontrole, c om a c olaboraç ão de instituiç ões de pesquisa, promovam avaliaç ões periódic as dos produtos em uso na sua realidade partic ular, de modo a identific ar mudanç as nos padrões de efic ác ia esperados.
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