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Espalhamento por dispersões diluídas de ferrofluidos em géis poliméricos

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Academic year: 2017

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(1)

Espalhamento por Dispers˜

oes

Dilu´

ı

das de Ferro

uidos

em G´

eis Polim´

ericos

(2)

UNIVERSIT¶E JOSEPH FOURIER - GRENOBLE 1 U.F.R. DE PHYSIQUE

attribu¶e par la bibliothµeque j

|j|j|j|j|j|j|j|j|j|j

THESE

pour obtenir le grade de DOCTEUR DE L'UNIVERSITE JOSEPH FOURIER - GRENOBLE 1

Discipline: PHYSIQUE

pr¶esent¶ee et soutenue publiquement par

Alvaro VIANNA NOVAES DE CARVALHO TEIXEIRA

le 4 avril 2002

Titre: DIFFUSION PAR DISPERSIONS DILU¶EES DE FERROFLUIDES DANS DES GELS POLYMERIQUES

Jury:

M. Oscar NASSIF DE MESQUITA (Pr¶esident)

Mme. Fran»coise BLEY

M. Erik GEISSLER (Co-directeur de thµese)

M. Pedro LICINIO DE MIRANDA BARBOSA (Co-directeur de thµese) M. Ant^onio MARTINS FIGUEIREDO NETO (Invit¶e)

Mme. Adelina PINHEIRO SANTOS (Invit¶ee)

(3)

ESPALHAMENTO POR DISPERS ˜

OES

DILU´IDAS DE FERROFLUIDOS EM

EIS POLIM´

ERICOS

por

Alvaro Vianna N. de C. Teixeira

Orientadores:

Pedro Licinio de Miranda Barbosa - UFMG (Brasil).

Erik Geissler - UJF (Fran¸ca).

Tese apresentada `a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e `a Universit´e Joseph Fourier (UJF) pelo acordo COTUTELA entre as duas universidades.

(4)

Agradecimentos

Ao chefe e amigo Pedro Licinio de Miranda Barbosa que, durante nove anos de convivˆencia, soube incentivar e valorizar nosso trabalho e esteve sempre dispon´ıvel e aberto `as discuss˜oes.

Ao “chef” e tamb´em amigo Erik Geissler pela orienta¸c˜ao e acolhimento durante minha estada em Grenoble.

Aos meus queridos pais. Todas as conquistas eu devo a vocˆes! Dizer apenas obrigado me parece pouco e inapropriado para expressar minha gratid˜ao. Minhas irm˜azinhas tamb´em entram nessa: valeu Mˆonca, valeu Si!

`

A todas as pessoas do grupo ORMA - Organisation et Dynamique des Milieux Macromol´eculaires da Universidade Joseph Fourier, em Grenoble, pela recep¸c˜ao t˜ao gentil e pela ajuda durante as medidas de SAXS. Al´em disso gostaria de agradecer a Isabelle Morfin pela convivˆencia t˜ao alegre e amig´avel; Fran¸coise Ehrburger-Dolle pela enorme amizade e apoio em todos os momentos, e por todas as discuss˜oes e aux´ılios computacionais nas horas de aperto; Anne-Marie Hecht pela simpatia e companheirismo, e pelas discuss˜oes absolutamente essenciais sobre SANS; Cyrille Rochas pelo companheirismo, pelo exemplo de seriedade e pela ajuda computacional (e pelas uvas!!) e, finalmente, a minha querida companheira de sala N´adya Pesce da Silveira que foi meu apoio em muitos momentos, mais do que ela imagina!

Aos irm˜aozinhos Maria Eugˆenia Silva Nunes e Fl´avio de Jesus Resende pela enorme amizade e pelas t˜ao proveitosas discuss˜oes e sugest˜oes. Deus quando fez vocˆes jogou a forma fora depois.

`

A minha querida amiga Geraldine Mastrot pelo incentivo e suporte constante, principalmente nos ´ultimos 100 metros e pela m˜ao com o francˆes.

`

A minha querida Luciana Fonseca Moura que aguentou as pontas nos primeiros anos, tendo paciˆencia, compreens˜ao e carinho.

(5)

`

A Marluce R. G. Petinelli e ao professor Jafferson Kamphorst Leal da Silva por ajudarem a resolver todos os pepinos burocr´aticos e administrativos concernetes ao doutorado-sanduiche.

Aos amigos Stephen Patrick Walborn e Cezar Welter pela ajuda com o computador e, obviamente, pela amizade.

`

A todas as pessoas, amigos e conhecidos que ajudaram a tornar o trabalho mais f´acil e a vida mais leve. E mesmo `as pessoas n˜ao t˜ao amigas, mas que tornaram o trabalho um desafio mais elaborado e a vida uma oportunidade de amadurecimento.

`

A todas as pessoas que eu esqueci de mencionar, mas que tenho certeza que me lembrarei um dia depois de entregar a tese.

`

A Margarida Souza por toda a ajuda em Grenoble.

Ao agressivo-crocodilo-gelatinoso-homicida-mutante-psicopata que se desenvolveu no meu banheiro nos primeiros meses em Grenoble e que ainda continua no meu cora¸c˜ao.

`

A Bill Watterson por criar a mais importante obra da humanidade entitulada “Calvin e Haroldo”.

E,finalmente, `a Deus por ter inventado a natureza e toda sua complexidade... Se n˜ao fosse por isso estar´ıamos todos desempregados!

(6)
(7)

RESUMO

ESPALHAMENTO POR DISPERS ˜OES DILU´IDAS

DE FERROFLUIDOS EM G´EIS POLIM´ERICOS

(8)

ESUM´

E

DIFFUSION PAR DISPERSIONS DILU´EES

DE FERROFLUIDES DANS DES GELS POLYMERIQUES

(9)

ABSTRACT

SCATTERING FROM DILUTES DISPERSIONS OF FERROFLUIDS IN POLYMERIC GELS

(10)

´Indice

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Ferrofluidos e Ferrog´eis . . . 1

1.2 Espalhamento - Teoria . . . 7

1.2.1 Sistemas N˜ao-Interagentes . . . 12

1.2.2 Part´ıculas Pequenas . . . 14

1.2.3 T´ecnicas de Espalhamento . . . 18

1.2.4 Espalhamento por G´eis Polim´ericos . . . 20

2 Materiais e M´etodos 23 2.1 Prepara¸c˜ao das Amostras . . . 23

2.2 T´ecnicas Experimentais - SANS . . . 26

2.2.1 Descri¸c˜ao da Linha de SANS . . . 26

2.2.2 Tratamento . . . 29

2.3 T´ecnicas Experimentais - SAXS . . . 32

2.3.1 Descri¸c˜ao da Linha de SAXS . . . 32

2.3.2 Tratamento - Calibra¸c˜ao . . . 35

2.3.3 Medidas Com Campo Externo . . . 38

3 Resultados 42 3.1 Estrutura dos Ferrog´eis - EMG408 . . . 42

3.2 Estrutura dos Ferrog´eis - M300 . . . 46

3.3 Resposta `a Indu¸c˜ao Magn´etica - SAXS . . . 53

3.4 Resposta `a Indu¸c˜ao Magn´etica - Espalhamento de Luz . . . 62

3.5 Propriedades Dinˆamicas - Espalhamento Dinˆamico de Luz . . . 70

3.5.1 Resultados . . . 76

4 Conclus˜ao 81

A Raio de Gira¸c˜ao de um Elips´oide 83

(11)

Lista de Figuras

1.1 Ferrouido estabilizado com adsor¸c˜ao de surfatante. . . . 4

1.2 Representa¸c˜ao esquem´atica do espalhamento de um conjunto de pontos. A diferen¸ca de caminho ´optico percorrido pela luz leva a uma diferen¸ca de fase das radia¸c˜oes espalhadas. . . . 8

1.3 (a) Fator de forma para esferas com distribui¸c˜ao log-normal de tamanho. (b) Distribui¸c˜oes correspondentes a diferentes larguras β. . . 14

1.4 Comprimento de espalhamento de nˆeutrons com o n´umero atˆomico. . . . 19

2.1 Representa¸c˜ao esquem´atica da linha D11. . . . 27

2.2 Monocromador de nˆeutrons: seletor de velocidades. . . . 27

2.3 Exemplo de imagem captada num experimento de SANS. . . . 29

2.4 Representa¸c˜ao de um experimento de espalhamento. . . . 30

2.5 Representa¸c˜ao esquem´atica da linha D2AM. . . . 33

2.6 Exemplo de imagem captada num experimento de SAXS. . . . 36

2.7 Imagem captada pela cˆamara CCD para o feixe sem amostra nem campo. . . . . 37

2.8 Exemplo de uma imagem captada para um ferrogel com campo magn´etico. . . . . 39

2.9 Reconstru¸c˜ao das curvas de iso-intensidade para o ferrogel M300-2.5-IV. . . . . 40

2.10 Intensidade espalhada Ik(q) para o detector a 320 mm e 1819 mm da amostra. . 40

3.1 Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-0, I e II sem subtrair o sinal do gel puro. 43 3.2 Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-I e II usando nˆeutrons e raios X. . . . 44

3.3 Espalhamento para o ferrogel EMG408-4.0-I e II. Intensidade multiplicada por q2 e q4 . . . . 44

3.4 Intensidade espalhada para os g´eis M300-2.5-I, II e III com - lei de Guinier e lei de Porod. . . . 46

3.5 Intensidade espalhada para os g´eis M300-2.5-III e IV multiplicada por q2 e q4 -c´alculo da invariante de espalhamento. . . . 48

3.6 Ajuste da intensidade espalhada para os g´eis M300-2.5-II e III. . . . 50

3.7 Intensidade espalhada para os ferrog´eis M300-III variando a concentra¸c˜ao do gel. 51 3.8 Foto dos ferrog´eis (a) M300-2.5-II; (b) M300-4.0-II e (c) M300-4.0-III decorridos um mˆes desde a prepara¸c˜ao. Vemos a fase gel na regi˜ao inferior dos tubos e uma fase l´ıquida na parte superior. Os pontos escuros entre as fases em (a) e (b) s˜ao agregados macrosc´opicos das part´ıculas magn´eticas. . . . 52

3.9 Imagem do espalhamento de raios X para o ferrogel M300-2.5-III. . . . 53

(12)

3.11 Intensidade espalhada nas dire¸c˜oes (a) paralela e (b) perpendicular para o ferrogel M300-4.0-III em trˆes valores de indu¸c˜ao magn´etica. . . . 55

3.12 Varia¸c˜ao da intensidade espalhadaIk e I⊥ para o ferrogel 2.5-III e M300-4.0-III paraq= 0,00506˚A−1

ajustadas por uma variante da equa¸c˜ao de Langevin. 59

3.13 Rela¸c˜ao dos vetores de espalhamento nas dire¸c˜oes paralela e perpendicular em rela¸c˜ao a indu¸c˜ao magn´etica. . . . 61 3.14 Intensidade de luz espalhada pelos ferrogel EMG707-2.5-II comq≈9×10−4˚

A−1

ao longo do tempo. Cada ponto corresponde `a intensidade coletada durante 3 segundos. 62 3.15 Intensidade de luz espalhada ao longo do tempo para o ferrogel EMG408-I para

θ= 90◦. Cada ponto equivale a intensidade acumulada em 10 minutos . . . . . . 63

3.16 Esquema da montagem de espalhamento de luz aplicando um campo magn´etico: um gerador de fun¸c˜ao controla a corrente enviada ao eletro´ım˜a (onda quadrada).

´

E calculada a fun¸c˜ao correla¸c˜ao cruzada entre o sinal vindo do gerador de fun¸c˜ao

A(t)com o sinal proveniente da fotomultiplicadora I(t). . . . 64 3.17 Fun¸c˜ao de correla¸c˜ao cruzada para o ferrogel 707-2.5-IV. A escala de tempo ´e

retr´ograda. O campo ´e ligado em t0= 6 s e se estabiliza emt≈2s. . . . 65 3.18 Sistema de esferas magnetizadas ligadas por molas. . . . 67 3.19 Posi¸c˜ao das esferas magnetizadas ligadas por molas ap´os relaxa¸c˜ao. . . . 68

3.20 Varia¸c˜ao da intensidade espalhada e normalizada pela contra¸c˜ao de ferrouido para

~

qkB~ e~qB~, que equivale ao coeciente de virial magn´etico - eq. (3.30).. . . . 68 3.21 Fun¸c˜ao correla¸c˜ao do campo el´etrico e coeciente de difus˜ao para o ferrogel EMG408. 77 3.22 Coeciente de difus˜ao para o ferrogel EMG408 nos ˆangulos 20◦ e 90e ajuste

usando o modelo de Rouse. . . . 78 3.23 Parˆametros de ajuste para o ferrogel EMG408. . . . 78 3.24 Parˆametros de ajuste para o ferrogel M300. . . . 79 3.25 Expoente anˆomalo para o ferrogel M300. A linha pontilhada mostra o valor esperado

para redes regulares de Roused/2 = 3/2. A linha cont´ınua foi tra¸cada arbitrariamente.

79

(13)

Lista de Tabelas

2.1 Amostras de ferrog´eis. . . . 25

3.1 Superf´ıcie espec´ıfica e raio de gira¸c˜ao para os ferrog´eis M300-2.5. . . . 47

3.2 Resultados do ajuste dos ferrog´eis M300-2.5. . . . 51

3.3 Raio de gira¸c˜ao para os ferrog´eis M300-III. . . . 52

(14)

Cap´

ı

tulo 1

Introdu¸c˜

ao

1.1

Ferro

uidos e Ferrog´

eis

Devido `as suas propriedades especiais e numerosas aplica¸c˜oes pr´aticas, os ferro-fluidos tˆem sido amplamente estudados recentemente [1]. Ferrofluidos s˜ao solu¸c˜oes coloidais de part´ıculas com diˆametro tipicamente por volta de 100 ˚A feitas de um material ferromagn´etico. O resultado ´e um l´ıquido com propriedades magn´eticas.

As aplica¸c˜oes dos ferrofluidos s˜ao vastas. Eles s˜ao usados, por exemplo, como selantes em discos r´ıgidos de computadores: uma pequena quantidade do fluido ´e colocado entre o eixo em rota¸c˜ao e a parte externa fixa. Eles s˜ao usados tamb´em na dispers˜ao de calor de bobinas em alto-falantes. Grande parte das aplica¸c˜oes vˆem do fato que a posi¸c˜ao desse l´ıquido pode ser controlada por a¸c˜ao de um gradiente de campo magn´etico. Essa propriedade levou a pesquisas sobre o transporte de drogas dentro do corpo por ferrofluido e ainda ao tratamento de cˆancer por hipertermia das c´elulas cancer´ıgenas [2, 3]. Os ferrofluidos tamb´em s˜ao usados em processos de separa¸c˜ao de metais; em tintas de impressoras; dete¸c˜ao de dom´ınios magn´eticos em metais; estabilizadores em leitos fluidizados, dentre outros.

Os ferrofluidos se distinguem das solu¸c˜oes coloidais usuais devido ao dipolo magn´eti-co permanente associado `a cada part´ıcula. A energia de intera¸c˜ao entre duas part´ıculas de momento de dipolom~1 em~2 ´e dada por:

Edd =

1 4πµ0r3

[m~1. ~m2−3(m~1.ˆr)(~m2.ˆr)], (1.1)

onde ~r ´e o vetor que liga os dipolos, r = |~r| e ˆr = ~r/r e µ0 ´e a permeabilidade

(15)

de intera¸c˜ao entre as part´ıculas depende da orienta¸c˜ao das part´ıculas, sendo o estado de m´ınima energia atingido quando m~1 e m~2 tˆem o mesmo sentido e ambos tˆem a

mesma dire¸c˜ao de~r. Isso mostra a tendˆencia das part´ıculas de formarem cadeias. H´a muitos estudos de simula¸c˜oes de part´ıculas magn´eticas em solu¸c˜ao [4, 5, 6, 7] onde considera-se a energia dipolar e uma energia repulsiva para prevenir a superposi-¸c˜ao das part´ıculas (modelo de esfera dura ou esfera macia). As simula¸c˜oes mostram que a tendˆencia de forma¸c˜ao de cadeias lineares depende da rela¸c˜ao da energia dipolar e da energia t´ermica, e tamb´em da densidade. Para sistemas dilu´ıdos e de baixa temperatura h´a uma forte tendˆencia do sistema formar cadeias com os dipolos orientados na dire¸c˜ao da cadeia. O n´umero de part´ıculas por cadeia depende da temperatura com o tamanho m´edio diminuindo com a temperatura at´e o ponto onde o sistema se comporta como um g´as de part´ıculas [6]. Uma vez que n˜ao h´a liga¸c˜oes qu´ımicas envolvidas as cadeias de part´ıculas tˆem um processo dinˆamico de dissocia¸c˜ao e recombina¸c˜ao de cadeias. Como o c´alculo do n´umero de part´ıculas por cadeia depende da identifica¸c˜ao se as part´ıculas est˜ao conectadas, o crit´erio para afirmar se uma part´ıcula est´a “ligada” a outra deve ser cuidadosamente definido [7]. Para sistemas mais concentrados com baixas temperaturas o conceito de cadeias n˜ao se torna mais aplic´avel. Se a concentra¸c˜ao ´e suficientemente alta (ρσ3 >0,6 onde

ρ´e a densidade num´erica eσ o diˆametro das part´ıculas), espera-se uma transi¸c˜ao para uma fase onde as part´ıculas est˜ao ordenadas e os dipolos orientados (fase nem´atica) que ´e, portanto, ferromagn´etica [5, 6, 8, 9, 10]. A verifica¸c˜ao experimental da fase nem´atica ainda n˜ao foi realizada, pois o m´aximo da concentra¸c˜ao conseguido experi-mentalmente ´e menor que o valor encontrado pelas simula¸c˜oes.

Simula¸c˜oes considerando o potencial de Lennard-Jones mostraram que as part´ıculas podem se associar como cadeias ou agregados, dependendo da rela¸c˜ao desse potencial com a energia magn´etica [4, 10]. Esse sistemas apresentam transi¸c˜ao l´ıquido-g´as com a temperatura cr´ıtica sendo afetada pela aplica¸c˜ao de um campo externo.

(16)

1 [11, 12]. O alinhamento das part´ıculas reduz a amplitude dos graus de liberdade angulares das mesmas e favorece a intera¸c˜ao dipolar. Processos de agrega¸c˜ao [13, 14] e, eventualmente, sedimenta¸c˜ao [13] de ferrofluidos sobre campos externos foram estudados por espalhamento de luz. Os resultados sugerem uma agrega¸c˜ao do tipo limitada por difus˜ao e as cadeias resultantes s˜ao essencialmente lineares (dimens˜ao fractal 1) chegando a ter centenas de part´ıculas por agregado.

Experimentalmente tem-se estudado solu¸c˜oes dilu´ıdas de ferrofluidos por t´ecnicas de espalhamento, notadamente espalhamento de raios X a baixos ˆangulos (SAXS, do inglˆes small-angle X-ray scattering) e espalhamento de nˆeutrons (SANS, do inglˆes small-angle neutron scattering) [15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23]. Uma vez que esses l´ıquidos absorvem fortemente a radia¸c˜ao no vis´ıvel, medidas usando luz limitam-se a concentra¸c˜oes extremamente dilu´ıdas. Essa limita¸c˜ao ´e menos importante para SAXS e SANS, tornando essas t´ecnicas atraentes para o estudo de ferrofluidos. Recentemente foram usadas t´ecnicas de correla¸c˜ao de f´otons com raios X (XPCS, do inglˆes X-ray photon correlation spectroscopy) para investigar a dinˆamica desse sistema em presen¸ca de um campo magn´etico [15].

Resultados de medidas de ferrofluidos por SANS e por crio-microscopia eletrˆonica de transmiss˜ao mostraram que os ferrofluidos n˜ao formam cadeias, mas agregados com algumas dezenas de part´ıculas [16]. A intera¸c˜ao entre as part´ıculas pode ser alterada mudando as condi¸c˜oes do solvente e ´e observada uma transi¸c˜ao g´as-l´ıquido nas solu¸c˜oes [17, 18].

(17)

estabiliza¸c˜ao ´e conseguida por repuls˜ao das cargas presentes nas superf´ıcies.

Figura 1.1: Ferrouido estabilizado com adsor¸c˜ao de surfatante.

Existem dois m´etodos principais de s´ıntese de ferrofluidos: por redu¸c˜ao de tamanho (moagem) e precipita¸c˜ao qu´ımica [1]. No primeiro caso parte-se do p´o do material magn´etico (diˆametro da ordem de alguns microns) e realiza-se a moagem at´e atingir o tamanho desejado (normalmente da ordem de 100 ˚A). A moagem ´e feita em um moinho de bolas a ´umido com a presen¸ca do surfatante por um longo per´ıodo de tempo, tipicamente semanas. O segundo caso envolve uma rea¸c˜ao qu´ımica onde as esp´ecies magn´eticas inicialmente sol´uveis s˜ao precipitadas no produtofinal. Podemos citar como exemplo a co-precipita¸c˜ao da magnetita (Fe3O4) pela rea¸c˜ao do cloreto

ferroso e f´errico em solu¸c˜ao aquosa e na presen¸ca de um hidr´oxido [1]. Nesse caso, a estabiliza¸c˜ao do ferrofluido acontece quando os s´olidos passam da fase aquosa para uma fase orgˆanica contendo o surfatante. Em seguida a fase orgˆanica ´e separada do res´ıduo na fase aquosa, filtrando-se e ´e adicionando-se mais solvente at´e atingir a concentra¸c˜ao desejada.

(18)

n˜ao-homogˆeneo resulta na deforma¸c˜ao do gel. A capacidade de mudan¸ca de forma dos ferrog´eis, podendo expandir-se e contrair-se dependendo das caracter´ısticas do campo aplicado pode ser usada para criar m´usculos artificiais. Podemos especular outras aplica¸c˜oes dos ferrog´eis envolvendo a mudan¸ca controlada do seu volume, por exemplo, na fabrica¸c˜ao de filtros de g´eis polim´ericos com a porosidade controlada pelo campo magn´etico.

A mudan¸ca de volume em g´eis polim´ericos ´e conhecida a muitos anos. G´eis termossens´ıveis podem sofrer uma transi¸c˜ao no volume de equil´ıbrio variando o volume em at´e 200 vezes [24, 25]. A diferen¸ca principal dos dois sistemas est´a no tempo envolvido no processo de expans˜ao-contra¸c˜ao: enquanto a transi¸c˜ao de volume de g´eis termossens´ıveis ´e da ordem de dias, a transi¸c˜ao nos ferrog´eis leva poucos segundos.

Algumas medidas foram feitas nos ´ultimos anos sobre a deforma¸c˜ao macrosc´opica de ferrog´eis [26, 27, 28]. Alguns estudos foram realizados sobre a dinˆamica das part´ıculas magn´eticas envolvidas pelo gel [29] e sobre a ordena¸c˜ao das part´ıculas sob a a¸c˜ao de um campo magn´etico [30], por´em pouco se sabe sobre o arranjo espacial das part´ıculas dentro da matriz polim´erica. Muitas das propriedades desse tipo de material depende de como as part´ıculas est˜ao ordenadas e de que modo o meio influˆencia nas intera¸c˜oes das part´ıculas e na resposta magn´etica.

Apresentamos nesse estudo medidas de espalhamento usando raios X a baixos ˆangulos (SAXS), nˆeutrons a baixos ˆangulos (SANS) e espalhamento quasi-el´astico de luz (LS) com o objetivo de elucidar a quest˜ao da organiza¸c˜ao espacial das part´ıculas magn´eticas. Propomos tamb´em estudar o efeito da aplica¸c˜ao de um campo magn´etico externo uniforme nas part´ıculas presas no meio el´astico de um gel polim´erico. Os sistemas investigados est˜ao em concentra¸c˜ao dilu´ıda, ou seja, a distˆancia entre os objetos espalhadores ´e muito maior que o tamanho dos objetos em quest˜ao. Medidas dinˆamicas de correla¸c˜ao de f´otons (PCS) foram igualmente realizadas para estudar o sistema em escalas maiores que as conseguidas por SAXS e SANS.

(19)
(20)

1.2

Espalhamento - Teoria

T´ecnicas de espalhamento s˜ao muito importantes na determina¸c˜ao da estrutura microsc´opica de col´oides e macromol´eculas. Embora os processos f´ısicos envolvidos no espalhamento sejam particulares ao tipo de radia¸c˜ao envolvida, uma base t´ecnica comum envolve aspectos geom´etricos da interferˆencia entre ondas espalhadas. Esta base comum permite enquadrar as diferentes t´ecnicas de espalhamento como ferra-mentas de an´alise estrutural como veremos a seguir. Lidamos com trˆes tipos de radia¸c˜ao, cada uma com suas caracter´ısticas pr´oprias, vantagens e desvantagens: raios X [31, 32, 33], nˆeutrons [33, 34] e luz [35, 36, 37].

Seja um conjunto de pontosfixos no espa¸co e seja uma onda plana de luz monocro-m´atica incidindo sobre esses pontos∗. Cada ponto espalha a radia¸c˜ao incidente em todas as dire¸c˜oes sem mudan¸ca nem no comprimento de onda nem nas fases relativas, que ´e o chamado espalhamento el´astico. No caso de nˆeutrons existem elementos nos quais a radia¸c˜ao espalhada tem sua fase atrasada em meio comprimento de onda em rela¸c˜ao `a radia¸c˜ao incidente. Em uma medida de espalhamento de luz ´e observado o campo el´etrico total espalhado em uma dire¸c˜ao espec´ıfica. O campo total ´e o resultado da soma dos campos el´etricos vindos dos pontos iluminados pela radia¸c˜ao incidente. A diferen¸ca de fase do campo el´etrico vindo de dois pontos depende tanto da sua posi¸c˜ao relativa quanto da dire¸c˜ao de observa¸c˜ao, e o campo el´etrico total espalhado depende de como todos os pontos est˜ao distribu´ıdos no espa¸co.

Se os objetos em quest˜ao s˜ao pequenos em rela¸c˜ao ao comprimento de onda, ent˜ao a luz espalhada cont´em informa¸c˜oes sobre a disposi¸c˜ao dos objetos e mesmo sobre o seu tamanho m´edio. Esse mesmo racioc´ınio ´e v´alido para objetos de tamanho compar´aveis ao comprimento de onda, por´em observa-se o resultado do espalhamento de v´arios pontos pertencentes ao mesmo objeto de modo que o espalhamento total cont´em informa¸c˜oes sobre a forma dos objetos. Para part´ıculas muito maiores que o comprimento de onda obt´em-se informa¸c˜oes sobre sua superf´ıcie.

Para obtermos as express˜oes que relacionam a radia¸c˜ao espalhada com a disposi¸c˜ao dos objetos imaginemos que o volume onde a luz incide V sobre um conjunto de

(21)

part´ıculas de tamanho muito menor que o comprimento de onda da luz, e que elas espalham a luz incidente em todas as dire¸c˜oes (fig. 1.2). Sendo ~k0 o vetor de onda

das radia¸c˜ao incidente e~ks da radia¸c˜ao espalhada, calculemos a diferen¸ca de fase do

campo el´etrico proveniente de duas part´ıculas posicionados em ~r e ~r 0. A diferen¸ca

∆dde caminho ´optico da luz percorrida ´e dada pela distˆancia entre os pontos B eC mais a distˆancia entre os pontos C e D nafigura (1.2), ou:

∆d= ˆk0.(~r 0−~r) + ˆks.(~r−~r 0) = (ˆks−kˆ0).(~r−~r0), (1.2)

Figura 1.2: Representa¸c˜ao esquem´atica do espalhamento de um conjunto de pontos. A diferen¸ca de caminho ´optico percorrido pela luz leva a uma diferen¸ca de fase das radia¸c˜oes espalhadas.

onde ˆk0 e ˆks s˜ao vetores unit´arios de mesmo sentido de ~k0 e ~ks, respectivamente. A

diferen¸ca de fase ´e dada por 2π∆d/λ, ou:

∆Φ= 2π

λ (ˆks−kˆ0).(~r−~r

0) = (~k

s−~k0).(~r−~r 0), (1.3)

uma vez que k0 = ks = 2π/λ. A equa¸c˜ao (1.3) nos d´a a diferen¸ca de fase de uma

part´ıcula localizada em~rem rela¸c˜ao `a posi¸c˜ao~r0. Colocando a origem em~r0 podemos associar uma fase (~ks−~k0).~r para cada part´ıcula localizada em~rem rela¸c˜ao `a posi¸c˜ao

(22)

Podemos agora obter a express˜ao do campo espalhado por um conjunto de part´ıculas espalhadas no espa¸co. Seja o campo el´etrico da radia¸c˜ao incidente dado por:

~

E =E~0exp h

i³~k0.~r−ωt ´i

, (1.4)

onde ω ´e a frequˆencia da radia¸c˜ao e E0 a amplitude do campo el´etrico.

Para calcular o campo total espalhado, devemos considerar, ainda, a capacidade da part´ıcula de espalhar a luz incidente, ou seja, devemos incluir um fator no c´alculo do campo el´etrico espalhado que indica a fra¸c˜ao da luz incidente que ´e espalhada. No caso da luz o processo de espalhamento se d´a pela deforma¸c˜ao da nuvem eletrˆonica das mol´eculas, provocadas pela a¸c˜ao do campo el´etrico nos el´etrons. Estes tendem a acompanhar o movimento do campo el´etrico da luz, resultando no aparecimento de um dipolo el´etrico com m´odulo oscilando na mesma frequˆencia da radia¸c˜ao incidente. A facilidade da nuvem eletrˆonica se deformar com o campo ´e uma caracter´ıstica de cada material e quanto maior essa deforma¸c˜ao, maior a fra¸c˜ao de luz espalhada.

Se a part´ıcula ocupa um volume d~r, a amplitude do campo el´etrico espalhado por ela ´e dado por E~0 d~r b(~r) ondeb(~r) ´e a chamada amplitude de espalhamentopor

unidade de volume. Obtemos o campo el´etrico total espalhado somando todos os elementos de volume e considerando a amplitude de espalhamento em cada ponto. Logo:

~ Es =E~0

Z

V d~r b(~r) exp(i~q.~r), (1.5)

onde definimos o chamadovetor de espalhamento~q=~k0−~ks. O m´odulo do vetor de

espalhamento depende do comprimento de onda da radia¸c˜ao no meio (λs) e do ˆangulo

entre os vetores de onda incidente e espalhado (θ) pela equa¸c˜ao q = 4π/λssin(θ/2)

(fig. 1.2). Na equa¸c˜ao (1.5) mostramos apenas a dependˆencia espacial do campo espalhado e suprimimos a parte envolvendo o tempo, uma vez que em experimentos de espalhamento medimos a intensidade espalhada (Es.Es∗) de modo que a dependˆencia

(23)

Seja o caso especial de um sistema comN part´ıculas homogˆeneas e feitas do mesmo material imersas no v´acuo. Neste caso a amplitude de espalhamento por unidade de volume ´e uma constante b para ~r apontando para pontos dentro das part´ıculas, e zero para as regi˜oes fora das part´ıculas. Podemos, ent˜ao, reescrever a equa¸c˜ao (1.5) considerandob(~r) =b e o volume de integra¸c˜ao contendo apenas as regi˜oes ocupadas pelas part´ıculas. Sendo ~ri o centro de massa da i-´esima part´ıcula podemos, ainda,

reescrever a equa¸c˜ao (1.5):

~

Es =E~0b

N

X

i=1 Z

Vi

d~r exp[i~q.(~r~ri)] exp(i~q.~ri), (1.6)

ou:

~

Es =E~0

N

X

i=1

bAi exp(i~q.~ri), (1.7)

com:

Ai =

Z

Vi

d~r exp[i~q.(~r−~ri)], (1.8)

onde a integral ´e calculada no volume Vi ocupado pela i-´esima part´ıcula. Vemos,

portanto, que o campo el´etrico total ´e a soma do campo espalhado pelasN part´ıculas, e que a amplitude de espalhamento bAi depende do natureza da part´ıcula e do seu

volume.

Se as part´ıculas s˜ao monodispersas ent˜ao Ai ´e igual para todas as part´ıculas e

podemos fatorar a intensidade espalhada (ver, por exemplo, [38]) em uma parte intramolecular e uma parte intermolecular. A primeira descreve as interferˆencias dentro da part´ıcula e ´e chamada fator de forma:

P(q) =

"

1 Vp

Z

Vp

d~r ei~q.~r

#2

, (1.9)

(24)

`as interferˆencias intermoleculares, ou seja, do centro de massa de uma part´ıcula em rela¸c˜ao ao centro de massa de outra, que ´e o chamado fator de estrutura:

S(q) = 1 N

N

X

i,j=1 D

exp [i~q.(~ri−~rj)]

E

, (1.10)

onde o sinalh...i indica a m´edia deensemble do sistema.

Para o espalhamento de luz detectamos a intensidade espalhada ao inv´es do campo el´etrico espalhado, que ´e dado pelo produto do campo com seu complexo conjugado Es.Es∗. ´E poss´ıvel mostrar que m´edia de ensemble da intensidade espalhada, I(q),

normalizada pelo volume de espalhamento e pela intensidade incidente, relaciona-se com os fatores de forma e estrutura por:

I(q) =b2P(q)S(q). (1.11)

At´e aqui consideramos que o sistema ´e compostos por pontos (ou part´ıculas) dispersas no v´acuo. Normalmente lidamos com um ou mais compostos dispersos em um meio ou solvente. Para sistemas bin´arios (dois componentes) temos que considerar o espalhamento vindo do elemento disperso (como as part´ıculas que citamos acima, ou macromol´eculas, ou uma outra fase l´ıquida) que chamaremos de soluto e um elemento dispersante - um solvente. Considerar o solvente nos c´alculos ´e t˜ao importante quanto o soluto (que normalmente ´e o objeto de estudo), pois se o solvente tiver a mesma capacidade do soluto de espalhar a luz incidente, ent˜ao para o espalhamento n˜ao h´a distin¸c˜ao entre as esp´ecies e a intensidade espalhada ´e zero. Para considerarmos o solvente nas equa¸c˜oes desenvolvidas, separamos a integral da equa¸c˜ao (1.5), calculada em todo o volume iluminado pela radia¸c˜ao incidente em duas integrais, uma envolvendo apenas o volume ocupado pelo solutoVt com a amplitude

de espalhamento por unidade de volume b constante, e outra integral envolvendo o volume do solvente Vv com amplitude de espalhamento por unidade de volume b0:

~

Es =E~0b Z

Vt

d~r exp(i~q.~r) +E~0b0 Z

Vv

(25)

Integrarmos em Vv ´e o mesmo que integrarmos em todo o volume e subtrairmos a

parte ocupada pelo soluto:

~

Es=E~0b Z

Vt

d~r exp(i~q.~r) +E~0b0

∙Z

V d~r exp(i~q.~r)−

Z

Vt

d~r exp(i~q.~r)

¸

. (1.13)

A segunda integral tende a uma fun¸c˜ao delta paraV → ∞ e igual a zero paraq6= 0. O campo total espalhado para um sistema de dois componentes ´e:

~

Es=E~0(b−b0) Z

Vt

d~r exp(i~q.~r); para q6= 0. (1.14)

e a intensidade espalhada para part´ıculas idˆenticas ´e:

I(q) = (b−b0)2P(q)S(q). (1.15)

Logo podemos imaginar um sistema de part´ıculas (ou um meio qualquer) dispersas em um outro meio como o mesmo sistema de part´ıculas dispersas no v´acuo, mas com amplitude de espalhamento dada pela diferen¸ca das amplitudes das duas fases, (bb0),

que ´e conhecido tamb´em como fator de contraste. ´E f´acil ver agora que se as duas fases tˆem a mesma amplitude de espalhamento, ent˜ao o fator de contraste, e o campo espalhado, s˜ao nulos. A natureza da amplitude de espalhamento para os diferentes tipos de radia¸c˜ao ser´a discutido mais adiante.

Vamos analisar agora algumas situa¸c˜oes especiais.

1.2.1

Sistemas N˜

ao-Interagentes

(26)

a P(q) (eq. 1.9). A intensidade espalhada reflete apenas o fator de forma. No limite deq pequeno podemos desenvolver (1.9) em torno de q= 0:

I(q) = (bb0)2 "

1 q

2hR2

Gi

6 +O(q

4) #

≈(bb0)2 exp "

−q

2hR2

Gi

3

#

, (1.16)

onde hR2

Gi ´e o chamado raio de gira¸c˜ao quadr´atico m´edio (ver apˆendice para a

defini¸c˜ao). A m´edia deensembleaqui refere-se `a m´edia considerando todas as orienta-¸c˜oes e configura¸c˜oes da part´ıcula. A equa¸c˜ao (1.16) ´e conhecida comolei de Guinier

e ela nos diz que um gr´afico do logaritmo da intensidade versus o vetor de espa-lhamento ao quadrado ´e uma reta de inclina¸c˜ao igual a um ter¸co do raio de gira¸c˜ao quadr´atico m´edio.

Para a caso especial de termos esferas monodispersas de raio r, a integral (1.9) ´e facilmente calculada levando a:

P(q) =

"

3(qr) cos(qr)−sin(qr) (qr)3

#2

. (1.17)

Essa fun¸c˜ao est´a representada nafigura (1.3). Para um sistema de part´ıculas polidis-persas o fator de forma ´e calculado pela m´edia do fator de forma em todos os raios, ponderado pela distribui¸c˜ao de tamanhos p(r). Assim, o fator de forma polidisperso Ppol(q) ´e dado por:

Ppol(q) =

Z

0 drp(r)P(q, r), (1.18)

onde P(q, r) ´e dado pela equa¸c˜ao (1.17). A distribui¸c˜ao de tamanho de part´ıculas ´e comumente representada por uma distribui¸c˜ao log-normal definida como:

p(r) = q 1

(2πβ2r2 0)

exp[ln(r/r0)]

2

2β2 , (1.19)

(27)

de distribui¸c˜ao ´e normalmente utilizado para descrever as part´ıculas de ferrofluidos [16, 17, 19, 35, 39] e concorda bem com medidas usando microscopia eletrˆonica [40].

Figura 1.3: (a) Fator de forma para esferas com distribui¸c˜ao log-normal de tamanho. (b) Distribui¸c˜oes correspondentes a diferentes largurasβ.

Nafigura (1.3) vemos o efeito da polidispers˜ao no fator de forma.Para distribui¸c˜oes polidispersas o fator de forma tende a seguir uma lei de potˆencia com expoente -4, sendo pouco sens´ıvel ao tipo de distribui¸c˜ao de tamanhos. Esse resultado ´e conhecido como lei de Porod [41, 42] e ´e v´alido para qualquer sistema no limite de grandes valores de q onde existe uma superf´ıcie bem definida entre as duas fases, n˜ao importando o tipo de sistema nem a forma das part´ıculas. No caso mais geral, a intensidade espalhada por superf´ıcies fractais segue uma lei de potˆencia I(q) q−(6−Ds) onde D

s

´e sua dimens˜ao fractal. A lei de Porod ´e o caso especial onde a superf´ıcie ´e lisa e Ds= 2 [43].

1.2.2

Part´

ı

culas Pequenas

(28)

podemos esperar que no limite qr ¿ 1 as interferˆencias intramoleculares s˜ao pouco importantes no espalhamento e o fator de forma ´e aproximadamente 1.

Podemos calcular a m´edia deensembledo fator de estrutura em (1.10) com aux´ılio da fun¸c˜ao correla¸c˜ao de par g(r) que nos d´a a densidade de probabilidade de duas part´ıculas estarem a uma distˆanciar uma da outra [35]:

S(q) = 1

N

N

X

i,j=1 D

exp [i~q.(~ri−~rj)]

E

= 1 +ρ

Z

d~r [g(r)−1] exp(−i~q.~r)

= 1 + 4πρ

Z 0 dr r

2[g(r)1]sin(qr)

qr , (1.20)

considerando part´ıculas isotr´opicas idˆenticas e notando que a m´edia de ensemble ´e calculada a partir de uma fun¸c˜ao p(r) que diz a densidade de probabilidade de duas part´ıculas estarem a uma distˆanciar:

hf(r)i=

Z

d~r p(r)f(r); com: (1.21)

p(r) = 1

V [g(r)−1]. (1.22)

Para sistemas fractais a fun¸c˜ao correla¸c˜ao de par segue uma lei de potˆencia g(r) r(D−3) ondeD´e a dimens˜ao fractal. Temos que o fator de estrutura de fractais

tamb´em segue uma lei de potˆencia com S(q) ∝ q−D. Matematicamente, fractais

est˜ao ligados ao conceito de auto-similaridade onde a organiza¸c˜ao do fractal ´e idˆentica para todas as escalas de comprimento observadas. Na pr´atica a auto-similaridade n˜ao ´e satisfeita quando a escala torna-se compar´avel `a dos objetos espalhadores elementares. Seja o exemplo de part´ıculas de raiorformando fractais por um processo qualquer, como agrega¸c˜ao, por exemplo, e sejam os agregados de tamanho m´edio ξ. Esperamos que a intensidade espalhada siga os seguintes comportamentos:

(29)

espalhada segue o fator de forma. Se as part´ıculas s˜ao monodispersas ou com baixa polidispers˜ao espera-se obter as oscila¸c˜oes como nafigura (1.3a);

• ξ−1 ¿ q ¿ r−1: as caracter´ısticas de forma e tamanho das part´ıculas n˜ao

s˜ao observadas e a intensidade espalhada ´e ditada pelo fator de estrutura com I(q)∼q−D;

• q¿ξ−1: se os agregados s˜ao independentes ent˜ao cada agregado ´e considerado

como uma part´ıcula pelo espalhamento e a intensidade segue a lei de Guinier (eq. 1.16). O raio de gira¸c˜ao informa o tamanho dos agregados e depende deξ eD (o fator de estrutura completo para agregados fractais ser´a mostrado mais adiante, ver equa¸c˜ao 3.7).

• q 0: a radia¸c˜ao vinda de todas as part´ıculas est´a em fase. A intensidade em q = 0 n˜ao tem, portanto, nenhuma informa¸c˜ao da estrutura do sistema. Por outro lado, o fato de todas as part´ıculas espalharem em fase mostra que a intensidade em q = 0 ´e proporcional ao n´umero de part´ıculas no sistema, n˜ao importando o arranjo das mesmas.

Podemos ainda relacionar o fator de estrutura com a flutua¸c˜ao da densidade. Definimos a densidade microsc´opica como:

ρ(~r) =

N

X

i=1

δ(~ri−~r), (1.23)

que considera as part´ıculas como pontos de modo que a densidade ´e infinita nos pontos onde h´a uma part´ıcula e zero no resto do espa¸co. O n´umero total de part´ıculas no sistema ´e dado pela integral no volume da densidade ρ(~r).

Calculando a transformada de Fourier da densidade temos:

ρ(~q)

Z

d~rρ(~r) exp(i~q.~r)

=

N

X

i=1 Z

d~r δ(~ri−~r) exp(i~q.~r)

=

N

X

(30)

e, usando (1.10), vemos que o m´odulo dessa grandeza relaciona-se com o fator de estrutura com

S(q)∝|ρ(~q)|2. (1.25)

A intensidade espalhada para um dado ~q nos informa sobre as flutua¸c˜oes da densidade. Assim, fixando um valor de q, a medida da intensidade espalhada (con-siderando que o fator de forma n˜ao tem influˆencia no espalhamento total) nos d´a a componente de Fourier da densidade ρ(~r).

Outra grandeza importante obtida pelas t´ecnicas de espalhamento ´e a chamada

invariante de espalhamento:

Q≡

Z 0 dq q

2I(q), (1.26)

que, como o pr´oprio nome indica, tem a propriedade de se manter constante para um mesmo sistema com configura¸c˜oes diferentes [42, 44]. Assim, se rearranjarmos os componentes de uma amostra dentro do mesmo volume, o valor de Q n˜ao se altera. Isso mostra que os valores de intensidade paraq grande n˜ao ´e totalmente indendente da intensidade em q’s pequenos. ´E poss´ıvel mostrar que a partir de Q e do limite I(q)q4 para q → ∞ podemos calcular a superf´ıcie espec´ıfica das part´ıculas, ou a

superf´ıcie por unidade de volume:

S

V =

π(1φ) limq→∞I(q)q4

Q , (1.27)

(31)

1.2.3

ecnicas de Espalhamento

O fator de contraste ´e o ´unico elemento que distingue as t´ecnicas de espalhamento de luz, nˆeutrons e raios X. No espalhamento de luz a intera¸c˜ao da radia¸c˜ao com a mat´eria se d´a pela intera¸c˜ao do campo el´etrico da luz com as cargas presentes nos ´atomos e mol´eculas. O campo el´etrico oscilante deforma a nuvem eletrˆonica dos ´atomos que oscila na mesma frequˆencia da radia¸c˜ao∗. Os ´atomos podem, portanto, ser vistos como dipolos el´etricos oscilantes que atuam como fontes de radia¸c˜ao de mesma frequˆencia da radia¸c˜ao incidente. No caso da luz, o fator de contraste relaciona-se com a constante diel´etrica dos meios ou ainda com os seus ´ındices de refra¸c˜ao [35].

Quando a radia¸c˜ao incidente trata-se de raios X a intera¸c˜ao com a mat´eria segue o mesmo princ´ıpio que no caso da luz. Por´em a energia dos f´otons de raios X ´e maior que a energia de ioniza¸c˜ao dos ´atomos de modo que todos os el´etrons passam a se comportar como se estivessem livres e todos eles s˜ao envolvidos no processo de espalhamento. A capacidade do material de espalhar raios X ´e dada pela densidade eletrˆonica definido como o n´umero total de el´etrons dos ´atomos dividido pelo volume ocupado pelos mesmos.

Nˆeutrons s˜ao usados em t´ecnicas de espalhamento devido ao car´ater dual onda-part´ıcula: eles difratam como ondas, e s˜ao detectados em um ponto do espa¸co como part´ıculas. As equa¸c˜oes de espalhamento para nˆeutrons s˜ao desenvolvidas usando a mecˆanica quˆantica. Os nˆeutrons interagem com os n´ucleos dos ´atomos e a energia que descreve a intera¸c˜ao ´e chamada de pseudopotencial de Fermi [34] que, por ser importante em distˆancias muito pequenas (10−14 m) ´e tratada como uma fun¸c˜ao δ:

V(~r) =2π¯h

m l δ(~r), (1.28)

ondeh´e a constante de Planck, ma massa do nˆeutron e l ´e o chamado comprimento de espalhamento e seu valor pode ser positivo ou negativo. Para espalhamento de nˆeutrons a amplitude de espalhamento ´e dada pela densidade de espalhamento calculada pela soma dos comprimentos de espalhamento de cada n´ucleo da mol´ecula

O n´ucleo tamb´em sofre a a¸c˜ao do campo el´etrico, mas, uma vez que a massa do n´ucleo ´e muito

(32)

divido pelo volume total. O valor de l ´e espec´ıfico para cara is´otopo de cada ´atomo. Nafigura (1.4) vemos o comprimento de espalhamento em fun¸c˜ao do n´umero atˆomico.

Figura 1.4: Comprimento de espalhamento de nˆeutrons com o n´umero atˆomico. Os pontos n˜ao indexados indicam o valor m´edio de lpara os is´otopos existentes.

A t´ecnica de espalhamento de nˆeutrons ´e especialmente atraente quando lidamos com sistemas complexos com muitos componentes. O fato de is´otopos do mesmo elemento possuirem comprimentos de espalhamento diferentes nos permite marcar um dos componentes de interesse sintetizando-os com um is´otopo que tenha um contraste maior em rela¸c˜ao ao meio. Dois is´otopos s˜ao vistos distintamente pelos nˆeutrons, mas suas caracter´ısticas qu´ımicas permancem inalteradas. Podemos mudar o contraste do solvente em rela¸c˜ao ao resto do sistema para o espalhamento de luz misturando um outro solvente com ´ındice de refra¸c˜ao diferente. Por´em as intera¸c˜oes fisico-qu´ımicas do sistema podem alterar-se drasticamente. No caso de nˆeutrons basta variar a propor¸c˜ao dos diferentes is´otopos do solvente. Essa situa¸c˜ao ´e particularmente favor´avel para amostras contendo hidrogˆenio uma vez que o hidrogˆenio e seu is´otopo pesado (deut´erio) tˆem comprimentos de espalhamento com sinais opostos (lH =

−0,374 ×10−12 cm; l

D = +0,667 ×10−12 cm). Um valor negativo de l significa

(33)

Define-se a se¸c˜ao de choque como o n´umero total de nˆeutrons espalhados por unidade de tempo dividido pelo n´umero de nˆeutrons incidentes por unidade de tempo e por unidade de ´area. Em experimentos de espalhamento de nˆeutrons medimos a se¸c˜ao de choque macrosc´opica dΣ/dΩ que ´e definida como a se¸c˜ao de choque por unidade de ˆangulo s´olido e por unidade de volume do material. dΣ/dΩ ´e, portanto, dado em unidades do inverso do comprimento.

T´ecnicas de espalhamento de raios X e nˆeutrons varrem aproximadamente a mesma faixa de vetores de espalhamento, mas cada t´ecnica com suas caracter´ısticas pr´oprias (ver, por exemplo [45]). Os nˆeutrons, por interagirem fracamente com a mat´eria, tˆem um poder de penetra¸c˜ao muito superior que a luz e raios X. Outra vantagem ´e a capacidade de variar o fator de contraste sem afetar as amostras, e marcar parte do sistema com is´otopos de comprimento de espalhamento diferentes. A principal desvantagem dos nˆeutrons ´e o baixo fluxo do feixe incidente em rela¸c˜ao ao de raios X.

1.2.4

Espalhamento por G´

eis Polim´

ericos

Um gel polim´erico ´e formado por cadeias polim´ericas com as extremidades conec-tadas, formando uma rede. Os g´eis s˜ao normalmente comparados `a solu¸c˜oes semi-dilu´ıdas de pol´ımeros [44, 46], uma vez que, em ambos os casos, s˜ao caracterizados apenas por um tamanho caracter´ıstico, ξ. Em solu¸c˜oes semi-dilu´ıdas de pol´ımeros a fun¸c˜ao correla¸c˜ao de par ´e dada por:

g(r) 1

rexp(−r/ξ) para r¿ξ. (1.29)

(34)

Para distˆancias menores que ξ as partes de uma cadeia comportam-se essencial-mente como se n˜ao interagissem com as outras cadeias, ou seja, a fun¸c˜ao correla¸c˜ao coincide com a de cadeias isoladas [46], com:

g(r)∼r(1−3ν)/ν. (1.30)

O expoenteν (chamado expoente de volume exclu´ıdo ou expoente de Kuhn) depende do tipo de solvente e vale, aproximadamente, 3/5 para cadeias reais em solventes bons [47].

Calculando o fator de estrutura pelas equa¸c˜oes (1.20) e (1.29) temos que o fator de estrutura de g´eis polim´ericos segue a lei de Ornstein-Zernicke (isto ´e, uma Lorentziana) [46], com:

S(q) = S(0)

1 +q2ξ2 para qξ <1. (1.31)

Da mesma forma, usando a equa¸c˜ao (1.30) em (1.20) temos:

S(q)q−1/ν para qξ À1. (1.32)

Assim como em solu¸c˜oes semi-dilu´ıdas de pol´ımeros, os g´eis s˜ao formados por cadeias que interagem entre si, por´em com as extremidades das cadeias conectadas umas `as outras por liga¸c˜oes qu´ımicas. Assim como em solu¸c˜oes semi-dilu´ıdas de pol´ımeros, o tamanho caracter´ıstico ξ´e tamb´em associado, para g´eis, `a distˆancia dos pontos de contato entre as cadeias que reflete o tamanho m´edio dos poros da rede. Esse tamanho depende da concentra¸c˜ao de pol´ımeros de modo que, quanto maior a concentra¸c˜ao de pol´ımeros, menor o tamanho dos poros. Para cadeias em solventes bons espera-se que o comprimento de correla¸c˜ao dependa da concentra¸c˜ao pela rela¸c˜ao ξ ∝ φ−3/4 [46]. Essa rela¸c˜ao foi comprovada experimentalmente para diversos tipos

(35)

Comparando-se as curvas de intensidade de g´eis com as de solu¸c˜oes semi-dilu´ıdas de pol´ımeros observa-se que a intensidade espalhada para valores pequenos de q aumenta significativamente para os g´eis. A presen¸ca de um agente de liga¸c˜ao cruzada cria regi˜oes de grande concentra¸c˜ao de pol´ımeros em torno dos pontos de reticula¸c˜ao, e regi˜oes menos concentradas entre esses pontos, aumentano a heterogeneidade do sistema e tamb´em a intensidade espalhada.

Medidas de espalhamento de luz, nˆeutrons e raios X em g´eis de poli(acrilamida) [48] mostram que a intensidade espalhada segue uma fun¸c˜ao Lorentziana (eq. 1.33) na regi˜ao de 3×10−2 < q <10−1 ˚A−1. Os resultados mostraram que o comprimento

de correla¸c˜aoξaumenta com o aumento da concentra¸c˜ao do agente de liga¸c˜ao cruzada (metileno-bisacrilamida). Esse comportamento ´e explicado imaginando os g´eis n˜ao como uma fase homogˆenea de pol´ımeros em escalas de comprimento maiores que ξ, mas como pacotes densos de fibras conectadas pelo metileno-bisacrilamida, distanci-adas umas das outras.

Para valores maiores do vetor de espalhamento, q > 10−1 ˚A−1 observou-se um desvio dos pontos experimentais em rela¸c˜ao `a Lorentziana (eq. 1.33), que foi atribu´ıdo ao fato das cadeias de pol´ımeros serem compostas de elementos de espessurafinita [48]. Assumindo que as fibras entre os pontos de reticula¸c˜ao tˆem um perfil de densidade eletrˆonica Gaussiano, ent˜ao o fator de estrutura ´e dado por:

S(q) = S(0)

1 +q2ξ2 exp(−r 2

0q2/2), (1.33)

(36)

Cap´

ı

tulo 2

Materiais e M´

etodos

2.1

Prepara¸c˜

ao das Amostras

Preparamos g´eis de poli(acrilamida) / metileno-bisacrilamida a partir do m´etodo usual de co-polimeriza¸c˜ao radicalar da acrilamida (AAm) CH2=CH—CO—NH2 com o

agente de liga¸c˜ao cruzadaN, N0-metileno-bisacrilamida (BIS)

CH2=CH–CO–NH–CH2–NH–CO–CH=CH2

Nesse processo, os radicais livres necess´arios para iniciar a rea¸c˜ao vˆeem da oxida¸c˜ao dos monˆomeros com o persulfato de amˆonio (NH4)2S2O8 (ver, por exemplo, [51]).

Adiciona-se uma pequena quantidade de N, N, N0, N0-tetrametiletilenodiamina, ou TEMED que, juntamente com o persulfato de amˆonio, ´e um dos iniciadores da rea¸c˜ao radicalar. Inicialmente, radicais livres s˜ao formados atrav´es da rea¸c˜ao de ´ıons persulfato os quais atacam uma mol´ecula de TEMED, formando um s´ıtio radicalar no carbono etilˆenico do TEMED, de acordo com a rea¸c˜ao:

N CH2–CH2 N

CH3

@@

CH3

¡¡ S

2O−82

−−−−−−−→

CH3@@

CH3

¡¡ N CH2– N

• CH

CH3

@@

CH3

¡¡

CH3@@

CH3

¡¡

(37)

para eliminar o oxigˆenio dissolvido na ´agua e minimizar a rea¸c˜ao de termina¸c˜ao das cadeias.

Para cada amostra adicionamos, antes do in´ıcio da rea¸c˜ao de polimeriza¸c˜ao, uma solu¸c˜ao aquosa de ferrofluido industrial. Usamos os ferrofluido EMG408 e EMG707 (FerroTec Corp. — Estados Unidos) e o ferrofluido M300 (Sigma Hi-Chemical Inc. — Jap˜ao). Todas as amostras s˜ao constitu´ıdas de magnetita estabilizadas com surfatante. No ferrofluido M300 o surfatante ´e o dodecil-benzeno-sulfonato de s´odio (ou SDBS, do ingˆes sodium-dodecyl-benezene-sulfate).

" " b b

b b¹ ¸" "

º ·"" SO−3Na+

CH3(CH2)11

" "

.

A FerroTec n˜ao informou qual surfatante foi usado em seus ferrofluidos. Os ferro-fluidos EMG408 e EMG707 foram usados 22 meses ap´os vencida a data de validade enquanto o ferrofluido M300 foi adquirido recentemente.

Os ferrofluidos EMG408 e EMG707 diferem apenas na concentra¸c˜ao de s´olidos: 1,1 m/v(%) e 1,8 m/v(%), e no pH: 7 e entre 8 e 9, respectivamente, ambos os dados fornecidos pelo fabricante. A magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao das solu¸c˜oes ´e de 6 e 10 mT. O ferrofluido M300 tem uma magnetiza¸c˜ao de satura¸c˜ao maior (32 mT) e concentra¸c˜ao de 11% em volume.

As concentra¸c˜oes de ferrofluido foram: 0; 0,26 e 2,6 mg/mL para o ferrofluido EMG408; 0,039 a 0,12 mg/mL para o ferrofluido EMG707 e 0; 0,17; 0,35 e 3,5 mg/mL para o ferrofluido M300. Todas as amostras foram deixadas a cerca de 50◦C durante um tempo suficiente para o t´ermino da rea¸c˜ao (aproximadamente 12 horas). Preparamos, tamb´em, solu¸c˜oes diluidas de ferrofluido nas mesmas concentra¸c˜oes acima.

Designamos as amostras de ferrogel M300 com dois n´umeros: o primeiro indicando a concentra¸c˜ao de gel na solu¸c˜ao (0 para solu¸c˜ao de ferrofluido, e 2,5 e 4,0 para as solu¸c˜oes com estas concentra¸c˜oes de monˆomeros); o segundo indicando a concentra¸c˜ao de ferrofluido (tabela 2.1).

(38)

Tabela 2.1: Amostras de ferrog´eis.

Nome Ferrofluido Conc. do gel Conc. de s´olidos m/m(%) mg/mL(solu¸c˜ao)

M300-0-III M300 0 3,5

M300-2.5-I M300 2,5 0,17

M300-2.5-II M300 2,5 0,35

M300-2.5-III M300 2,5 3,5

M300-4.0-II M300 4,0 0,35

M300-4.0-III M300 4,0 3,5

EMG408-4.0-I EMG408 4,0 0,26

EMG408-4.0-II EMG408 4,0 2,6

EMG707-2.5-I EMG707 2,5 0,78

EMG707-2.5-II EMG707 2,5 1,6

EMG707-2.5-III EMG707 2,5 1,9

EMG707-2.5-IV EMG707 2,5 2,3

Nas medidas de SANS usamos porta-amostras planas de vidro com espa¸camento de 2 mm. Para o espalhamento de luz as amostras foram sintetizadas em cubetas cil´ındricas de 5 mm de diˆametro.

Para as medidas com SANS usamos uma mistura de 56 m/m(%) de ´agua pesada (D2O) e 44 m/m(%) de ´agua normal (H2O). Nessas propor¸c˜oes o fator de contraste

(39)

2.2

ecnicas Experimentais - SANS

2.2.1

Descri¸

ao da Linha de SANS

As medidas de espalhamento de nˆeutrons a baixos ˆangulos (Small Angle Neutrons Scattering - SANS) foram realizadas no Institut Laue-Langevin - ILL, em Grenoble - Fran¸ca, na linha de espalhamento de nˆeutrons D11, representada na figura (2.1). Detalhes da linha podem ser encontrados nas referˆencias [52] e [53]. Uma descri¸c˜ao geral da instrumenta¸c˜ao de medidas de espalhamento de nˆeutrons pode ser encontrada em [34] e [54] .

Os nˆeutrons usados no espalhamento s˜ao produzidos pela rea¸c˜ao em cadeia da fiss˜ao do urˆanio 235U. Nessa rea¸c˜ao um nˆeutron ´e absorvido pelo n´ucleo do urˆanio e

segue-se sua fragmenta¸c˜ao em ´atomos mais leves liberando de 2 a 5 nˆeutrons. Na m´edia s˜ao produzidos 2,5 nˆeutrons por ´atomo de urˆanio dos quais 1,5 s˜ao usados na continuidade da rea¸c˜ao. Logo cada fiss˜ao produz, em m´edia, um nˆeutron utiliz´avel. No n´ucleo do reator s˜ao produzidos nˆeutrons r´apidos (1-2 MeV) em todas as dire¸c˜oes. Para utilizar os nˆeutrons ´e preciso “resfri´a-los”, ou seja, diminuir sua velocidade m´edia, gui´a-los at´e as amostras, monocromatiz´a-los e colimar o feixe. Ao contr´ario dos raios X, os nˆeutrons n˜ao tˆem um feixe bem definido de modo que utiliza-se a pequena fra¸c˜ao que viaja na dire¸c˜ao desejada. Dofluxo original de cerca de 1015nˆeutrons/cm2.s

aproveita-se apenas 107 nˆeutrons/cm2.s.

Ao sairem do n´ucleo do reator os nˆeutrons passam por moderadores, normalmente D2O ou H2O, grafite ou ainda D2 l´ıquido. Os nˆeutrons sofrem colis˜oes com os ´atomos

nos moderadores transferindo parte de seu momento. Se o moderador for grande o suficiente eles atingem aproximadamente um equil´ıbrio t´ermico, como um g´as de nˆeutrons, e sua velocidade m´edia depender´a da temperatura do moderador. Os moderadores s˜ao usados de acordo com os valores de comprimento de onda desejados. Esse ´e um modo de aumentar o fluxo de nˆeutrons nas condi¸c˜oes desejadas. A linha D11 utiliza um moderador com D2 l´ıquido a 25 K. A nova distribui¸c˜ao de velocidades

(40)

Figura 2.1: Representa¸c˜ao esquem´atica da linha D11.

A sele¸c˜ao do comprimento de onda associado aos nˆeutrons (pela rela¸c˜ao de de Broglie λ=h/mv) se d´a por um seletor de velocidades. Uma vez que as velocidades t´ıpicas s˜ao relativamente baixas (para um comprimento de onda de 6 ˚A a velocidade ´e por volta de 600 m/s) usa-se um seletor mecˆanico de velocidades. Esse dispositivo consistem em p´as de fibra de carbono de 400 mm de comprimento e 420 mm de diˆametro externo e com velocidade m´axima de rota¸c˜ao de 10.300 rev/min (fig. 2.2). O seletor de velocidades funciona do seguinte modo: suas p´as s˜ao curvadas de modo que apenas os nˆeutrons com uma velocidade espec´ıfica conseguem passar nos espa¸cos vazios `a medida que ele roda. Os nˆeutrons de velocidades muito altas ou muito baixas s˜ao bloqueados.

Figura 2.2: Monocromador de nˆeutrons: seletor de velocidades.

(41)

se¸c˜ao retangular (30×50 mm2) que possibilitam o transporte dos nˆeutrons a grandes

distˆancias do reator. As guias s˜ao revestidas de um material apropriado (por exemplo, n´ıquel) que refletem totalmente os nˆeutrons. Na linha D11 a guia entre o reator e o monocromador tem cerca de 100 m de comprimento e um raio de curvatura de 2700 m. A amostrafica a cerca de 40 m do monocromador (fig. 2.1). Entre a amostra e o monocromador o feixe ´e colimado por um jogo de diafragmas de 50 × 30 mm2.

A dete¸c˜ao de nˆeutrons se d´a pela rea¸c˜ao nuclear do nˆeutron com um ´atomo. A rea¸c˜ao envolve a absor¸c˜ao do nˆeutron, quebra do ´atomo e libera¸c˜ao de energia. 3He

e 10B s˜ao exemplos das substˆancias usadas. As rea¸c˜oes nucleares envolvidas s˜ao:

3He + n 3H + 1H + 0,77 MeV,

10B + n 7Li + 4He + 2,3 MeV.

Para detec¸c˜ao dos nˆeutrons usa-se detectores a g´as, que s˜ao cilindros de alguns cent´ımetros de diˆametro por algumas dezenas de cent´ımetros de comprimento. Os cilindros s˜ao preenchidos com h´elio gasoso enriquecido com 3He pressurizado ou BF

3

enriquecido com 10B. Na rea¸c˜ao s˜ao produzidas part´ıculas carregadas que ionizam o

g´as. Os el´etrons produzidos s˜ao acelerados e ionizam mais part´ıculas. Essa descarga ´e detectada por um eletrodo, umfio posicionado ao longo do eixo do detector. ´E poss´ıvel conhecermos a posi¸c˜ao de incidˆencia do nˆeutron comparando os tempos que o pulso leva para chegar a cada extremo do eletrodo. Detectores 2D, ou multidetectores s˜ao constru´ıdos usando uma s´erie de detectores individuais montados juntos. A linha D11 usa um multidetector de BF3 enriquecido com 10B. Ele ´e constitu´ıdo em dois

conjuntos de fios mutuamente perpendiculares onde cada conjunto de fios paralelos s˜ao dispostos dentro de uma mesma cˆamara com o g´as. A ´area do detector ´e de 64 × 64 cm2 com 3808 elementos ativos de 10 × 10 mm2. O detector ´e protegido

do feixe incidente (que n˜ao ´e espalhado) por uma lˆamina de 1 mm de espessura de c´admio, e ´area de 80 ×60 mm2.

(42)

computador e sua posi¸c˜ao em rela¸c˜ao `a amostra pode variar de 1,1 m a 36,7 m. Uma vez que a faixa limite de comprimentos de onda na linha D11 ´e deλ = 4,5 12˚A, temos que os valores acess´ıveis do vetor de espalhamento ´e de 7,4×10−4 a 0,44˚A−1.

2.2.2

Tratamento

Em nosso experimento a velocidade dos nˆeutrons foi selecionada para corresponder a um comprimento de onda de 8˚A pela rela¸c˜ao de de Broglieλ=h/mv. As distˆancias do detector `a amostra foram de 1,1; 3,0 e 10,0 metros, que corresponde aos valores de vetor de espalhamento de cerca de 0,003 a 0,1 ˚A−1.

As amostras foram preparadas em cubetas de vidro planas com espa¸camento de 2 mm entre as lˆaminas. O tempo caracter´ıstico para a medida de cada amostra foi de 90 a 120 minutos, constrastando com o tempo de aquisi¸c˜ao do SAXS de 200 segundos. Vemos na figura (2.3) um exemplo de imagem obtida com SANS.

Figura 2.3: Exemplo de imagem captada num experimento de SANS. Espalhamento da amostra de ferrogel EMG408-4.0-II com o detector a 10 m da amostra.

O vetor de espalhamento ´e calculado a partir da distˆancia do detector `a amostra e da posi¸c˜ao de cada elemento do multidetector em rela¸c˜ao ao ponto de incidˆencia do feixe transmitido. Usou-se o behenato de prata, CH3(CH2)20COOAg, para verifica¸c˜ao

(43)

As curvas de se¸c˜ao de choque dΣ/dΩ, em unidades absolutas (cm−1), foram

constru´ıdas usando o programa SPOLLY desenvolvido no ILL. O programa divide a imagem em an´eis com centro coincidindo nas coordenadas do feixe incidente. Para cada anel calcula-se o valor m´edio da intensidade dos seus p´ıxeis bem como a distˆancia m´edia p em rela¸c˜ao `a origem. Tem-se, ent˜ao, a contagem de nˆeutrons em fun¸c˜ao da distˆancia radial do ponto de incidˆencia do feixe. O erro das contagens foi calculado como sendo o desvio padr˜ao dos valores dos p´ıxeis de mesma distˆancia da origem. Para cada amostra ´e descontado o valor do ruido de fundo. A rela¸c˜ao entre a distˆancia radial pnas imagens e o vetor de espalhamento q´e dado pela rela¸c˜ao:

q = 4π λ sen

1

2tan −1µp

D

¶¸

, (2.1)

onde D´e a distˆancia detector - amostra (fig. 2.4).

Figura 2.4: Representa¸c˜ao de um experimento de espalhamento.

A se¸c˜ao de choque em unidades absolutas ´e calculada normalizando as contagens pela transmitˆancia e subtraindo-as das contagens do porta-amostra:

dΣa(q)

dΩ [cm]

−1

= ca(q)/Ta−cv(q)/Tv cw(q)/Tw−cv(q)/Tv

·dw da

dΣw

dΩ , (2.2)

onde T ´e a transmitˆancia ed a espessura da amostra. Os ´ındices a, v ew referem-se `a amostra, ao porta-amostra vazio e `a ´agua, respectivamente. A ´agua ´e usada como referˆencia para o c´alculo absoluto da se¸c˜ao de espalhamento. O valor de dΣ/dΩw ´e

(44)
(45)

2.3

ecnicas Experimentais - SAXS

2.3.1

Descri¸

ao da Linha de SAXS

As medidas de espalhamento de raios X a baixos ˆangulos (Small Angle X-Ray Scattering SAXS) foram realizadas no European Synchrotron Radiation Facility -ESRF, em Grenoble - Fran¸ca, na linha D2AM localizada no final da linha CRG -Bending Magnet BM02. A linha ´e dedicada ao estudo de transi¸c˜oes de fase, ordens locais, defeitos e estrutura relacionados com: estado s´olido, mat´eria mole e de ordem intermedi´aria (cristais l´ıquidos, etc). Espalhamento a baixos e grandes ˆangulos, e espalhamento anˆomalo s˜ao as t´ecnicas principais dessa linha [57, 58].

´

E chamadaradia¸c˜ao s´ıncrotronouluz s´ıncrotrona radia¸c˜ao liberada pela acelera¸c˜ao de um feixe de el´etrons de alta energia. Na pr´atica os el´etrons s˜ao acelerados com a aplica¸c˜ao de uma indu¸c˜ao magn´eticaB~ perpendicular `a trajet´oria da corrente havendo a atua¸c˜ao da for¸ca de Lorentz F~ = e ~v × B. O uso de el´etrons de alta energia~ (velocidades relativ´ısticas) ´e interessante uma vez que a radia¸c˜ao produzida nessas condi¸c˜oes ´e concentrada na dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao [59]. H´a trˆes vantagens principais da radia¸c˜ao s´ıncrotron: grandefluxo de f´otons, podendo exceder 1010 f´otons/s; baixa

divergˆencia vertical da radia¸c˜ao (da ordem de 0,1 mrad); e distribui¸c˜ao cont´ınua de comprimentos de onda.

No ESRF os el´etrons tˆem energia de 6 GeV e a indu¸c˜ao aplicada na linha D2AM ´e de 0,8 T. Na sa´ıda dos magnetos o feixe tem uma pequena divergˆencia tanto no plano horizontal (∼3 mrad) quanto no plano vertical (∼ 0,1−0,2 mrad dependendo do comprimento de onda) e para energias entre 5 e 40 keV a intensidade do feixe ´e praticamente constante. Antes da radia¸c˜ao ser usada, ou seja, antes de atingir a amostra, ´e necess´ario passar por dois processos: a focaliza¸c˜ao do feixe; e a sele¸c˜ao do comprimento de onda desejado ou monocromatiza¸c˜ao do feixe eliminando a radia¸c˜ao de comprimentos de onda diferentes.

(46)

equipamentos est˜ao em alto v´acuo (<10−6 mbar) e o primeiro espelho em ultra alto

v´acuo (<10−8 mbar).

A radia¸c˜ao vinda dos magnetos ap´os a deflex˜ao da corrente de el´etrons ´e divergente nos planos horizontal e vertical. Ela incide sobre o primeiro espelho que absorve grande parte da energia por absor¸c˜ao dos raios X de altas energia que n˜ao s˜ao refletidos. A potˆencia do calor gerado ´e da ordem de 100-200 W. O espelho consiste em um bloco monocristalino polido de sil´ıcio de 1,1 m de comprimento por 0,15 m de largura, coberto com um filme de 400 ˚A de espessura de platina. A rugosidade dos espelho ´e estimada em cerca de 2-4 ˚A.

Figura 2.5: Representa¸c˜ao esquem´atica da linha D2AM.

(47)

cima do espelho num ponto mais interno em rela¸c˜ao aos pontos de apoio. O raio de curvatura varia de 4 a 20 km, dependendo do ˆangulo de incidˆencia. O ˆangulo de incidˆencia ´e controlado por rota¸c˜ao de todo o sistema em rela¸c˜ao ao eixo horizontal e paralelo ao feixe. Todo o sistema pode ainda ser deslocado verticalmente para ajustar o espelho em rela¸c˜ao ao feixe incidente.

O feixe com divergˆencia apenas na horizontal, vai para o monocromador que consiste em dois cristais Si[111] de faces paralelas deslocados um em rela¸c˜ao ao outro (fig. 2.5a). A sele¸c˜ao do comprimento de onda se d´a por reflex˜ao de Bragg ajustando o ˆangulo de incidˆencia do feixe. Para o Si[111] a distˆancia interplanar ´e de 3,1355 ˚A e os valores ´otimos de comprimento de onda est˜ao entre 0,8 a 1,4˚A. Fora dessa regi˜ao a intensidade do feixe cai rapidamente. Assim como o primeiro espelho, o primeiro cristal ´e resfriado a ´agua devido `a alta absor¸c˜ao t´ermica (da ordem de 100W).

O segundo cristal ´e idˆentico ao primeiro, por´em com curvatura sagital de modo a focalizar horizontalmente o feixe. A absor¸c˜ao t´ermica nesse caso ´e desprez´ıvel. A curvatura sagital provoca uma outra curvatura longitudinal importante no espelho chamada curvatura anticl´astica. Esse efeito ´e minimizado pela constru¸c˜ao do cristal: a placa de sil´ıcio apresenta aletas na face oposta de 0,4 mm de espessura por 7 mm de comprimento e espa¸camento de 0,8 mm. Essa constru¸c˜ao, no entanto, faz com que a curvatura do cristal n˜ao seja uniforme, sendo maior nas regi˜oes sem as aletas e menor nas regi˜oes opostas `as estrias. O efeito pode ser visto como uma sucess˜ao de regi˜oes mais e menos brilhantes na imagem do feixe n˜ao-localizado.

Os cristais do monocromador podem ser rodados em rela¸c˜ao ao eixo horizontal e perpendicular ao feixe para ajustar o ˆangulo de incidˆencia do feixe vindo do primeiro espelho. H´a ainda a liberdade de rota¸c˜ao em rela¸c˜ao ao eixo paralelo ao feixe e finalmente em rela¸c˜ao `a normal `as superf´ıcies.

Saindo do monocromador o feixe passa pelo segundo espelho, an´alogo ao primeiro, que focaliza verticalmente o feixe. O ponto focal ´e ajustado para coincidir com a posi¸c˜ao do “beam-stop”.

(48)

horizontais e verticais) com o objetivo de definir o fluxo (primeiro jogo de fendas, antes do primeiro espelho) e de minimizar os efeitos de aberra¸c˜oes e de luz parasita [58].

Finalmente posiciona-se duas fotomultiplicadoras antes e depois da amostra para determina¸c˜ao da transmitˆancia de cada amostra a partir do espalhamento de filmes de Kapton de 8 µm de espessura posicionados a 45◦ em rela¸c˜ao ao feixe.

Como detector usou-se uma placa fotossens´ıvel acoplada porfibras ´opticas `a uma cˆamera comercial CCD (Princeton Instruments) de 16 bits com 1152 × 1242 p´ıxeis (42,5 × 42,5 µm2 cada p´ıxel). Antes de atingir o detector, o feixe ´e bloqueado por

um “beam-stop” circular de 0,5 mm de diˆametro.

2.3.2

Tratamento - Calibra¸

ao

O valor da intensidade captada por cada p´ıxel do detector CCD ´e descontado do valor do ru´ıdo de fundo, o qual ´e obtido pela imagem captada obstruindo-se o feixe e medindo-se durante o mesmo tempo que o dos experimentos. Um exemplo de imagem obtida nos experimentos de SAXS, bem como a imagem do ru´ıdo de fundo, e ainda do resultado da diferen¸ca das duas est´a apresentado na figura (2.6). As regi˜oes centrais correspondem `as intensidades mais fortes e o c´ırculo no centro da imagem corresponde ao “beam-stop” colocado para impedir que o feixe incidente atinja o detector.

As curvas da intensidade espalhada I em fun¸c˜ao do vetor de espalhamento q s˜ao constru´ıdas usando o programa BM2IMG desenvolvido na linha D2AM. A constru¸c˜ao das curvas de espalhamento `a partir da imagem colhida pelo detector ´e an´aloga a descrita para SANS.

Para as medidas com o ferrogel M300 selecionamos a energia do feixe paraE = 7,0 keV, que equivale a um comprimento de onda λ = 1,77 ˚A e ´e longe o suficiente da energia de absor¸c˜ao para o ferro. Para expandir a gama dos valores de q utilizamos duas configura¸c˜oes com o detector a uma distˆancia D = 328 mm e D = 1819 mm da amostra. Cada imagem ´e o resultado da acumula¸c˜ao de intensidade espalhada durante 100 segundos.

(49)

posicionamos o detector a 2105 mm da amostra. Para aumentarmos a regi˜ao medida de q repetimos as medidas para todas as amostras fixando E = 16 keV (λ = 0,775 ˚

A) e posicionando o detector a 1011 mm da amostra.

Figura 2.6: Exemplo de imagem captada num experimento de SAXS: (a) espalha-mento de uma amostra de ferrogel; (b) ru´ıdo de fundo; (c) espalhamento corrigido da amostra, subtraindo (b) de (a).

A rela¸c˜ao entre o vetor de espalhamento q e a distˆancia radial p na imagem ´e calculada a partir da distˆancia detector-amostra D,

q = 4π λ sen

"

1 2tan

−1 Ã

42,5×10−3p[p´ıxel]

D[mm]

!#

. (2.3)

Esse c´alculo ´e verificado pela curva de espalhamento do p´o de behenato de prata CH3(CH2)20COOAg. O behenato de prata ´e um dos padr˜oes usados em espalhamento

de raios X, com um pico em q= 0,1076 ˚A−1 [60]. A faixa total varrida com as duas

(50)

Figura 2.7: Imagem captada pela cˆamara CCD para o feixe sem amostra nem campo.

Estamos interessados no espalhamento apenas das part´ıculas magn´eticas de modo que o sinal do meio deve ser subtra´ıdo. Sendo IF G(q) a intensidade espalhada pelo

ferrogel e IG(q) a intensidade espalhada pelo gel nas mesmas condi¸c˜oes sem o

fer-rofluido, ent˜ao a intensidade espalhada apenas pelas part´ıculas e normalizada em rela¸c˜ao `a intensidade incidente I0 ´e:

I(q) =I0−1

"

IF G(q)

TF G −

IG(q)

TG

#

, (2.4)

onde TF G eTG s˜ao as transmitˆancias do ferrogel e do gel. Como dito anteriormente,

Imagem

Figura 1.2: Representa¸c˜ ao esquem´ atica do espalhamento de um conjunto de pontos. A diferen¸ca de caminho ´ optico percorrido pela luz leva a uma diferen¸ca de fase das radia¸c˜ oes espalhadas.
Tabela 2.1: Amostras de ferrog´eis.
Figura 2.5: Representa¸c˜ ao esquem´ atica da linha D2AM.
Figura 2.6: Exemplo de imagem captada num experimento de SAXS: (a) espalha-
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