• Nenhum resultado encontrado

Sexualidade e organizações: estudo sobre lésbicas no ambiente de trabalho.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Sexualidade e organizações: estudo sobre lésbicas no ambiente de trabalho."

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

S

EXUALIDADE E

O

RGANIZAÇÕES

:

ESTUDO SOBRE

LÉSBICAS NO AMBIENTE DE TRABALHO

H é lio Ar t h u r Re is I r iga r a y*

M a r ia Est e r de Fr e it a s* *

Resumo

A

discr im inação dos hom ossex uais m asculinos no am bient e de t rabalho j á foi obj et o de diver sos est udos; no ent ant o, per sist e a lacuna no que t ange aos seus par es fem ininos. Nest e sent ido, est a pesquisa, ilum inada pela pr em issa da Pós- Moder nidade Cr ít ica de que exist em m últ iplas ident idades sim ult âneas e sobr epost as, foi elaborada com o obj et ivo de aver iguar com o as lésbicas se per cebem no m undo cor porat ivo. Para t ant o, foi r ealizada um a pesquisa de cam po ent r e j ulho de 2005 e j ulho de 2008, em em pr esas públicas e pr ivadas, de diver sos set or es, localizadas nas r egiões m et r opolit anas do Rio de Janeir o e São Paulo. Foram ent r evist adas 18 m ulher es hom ossexuais, de idades, et nias, aspect os físicos e classes sociais difer ent es. Seus r elat os, bem com o os r egist r os de cam po, foram t ranscr it os e subm et idos à análise do discur so. O cam po r evelou que: a) as lésbicas, assim com o os gays, se per cebem subm et idas a pr át icas discr im inat ór ias no am bient e de t rabalho, as quais, não raram ent e, se escondem sob a m áscara do hum or e da infor m alidade; b) a or ient ação sexual não pode ser t rat ada com o um a cat egor ia sólida, um a vez que out ras dim ensões físicas e psicogr áfi cas, com o est ét ica, et nia, classe social acent uam ou at enuam a discr im inação; e, fi nalm ent e, c) as lésbicas se discr im inam ent r e si em função de out r os at r ibut os.

Pa la vr a s- ch a ve : Am bient e de t rabalho. Orient ação sexual e am bient e de t rabalho. Diversidade. Discur so or ganizacional

Sexuality and Organizations: a study of lesbians at the workplace

Abstract

D

iscr im inat ion against gays in t he w or kplaces has been obj ect of m any st udies; never t he-less, t her e is a gap r egar ding t heir fem ale count er par t s. This r esear ch, based upon t he post m oder n ont ology, was designed t o evaluat e how lesbians per ceive t hem selves in t he cor porat e w or ld. The fi eldw or k was car r ied out fr om July 2005 t o July 2008 in public and pr ivat e cor porat ions in Rio de Janeir o and São Paulo. We int er view ed 18 hom osexual w om en of differ ent ages, races, physical t rait s and social classes. Their r epor t s w er e subm it t ed t o discour se analysis and t hey r evealed t hat a) lesbians, as w ell as gays, per ceive t hem selves as being discr i-m inat ed against at t he w or kplace b) sexual or ient at ion cannot be dealt w it h as a solid cat egor y, hence ot her social, physical and psychological dim ensions m ay st ress or at t enuat e discrim inat ion, and c) lesbians discr im inat e each ot her on t he basis of ot her at t r ibut es.

Ke y w or d : Wor k env ir onm ent . Sex ual or ient at ion and w or k place. Div er sit y. Or ganizacional discour s.

* Dout or em Adm inist r ação de Em pr esas pela Escola de Adm inist r ação de Em pr esas de São Paulo da

Fundação Get ulio Var gas - FGV/ EAESP. Pr ofessor da Escola Br asileir a de Adm inist r ação Pública e de Em pr esas da FGV/ EBAPE, Rio de Janeir o/ RJ/ Br asil. Ender eço: Pr aia de Bot afogo, 190. Rio de Janeir o/ RJ. CEP: 22253- 900. E- m ail: helio.ir igar ay@fgv.br

* * Dout or a em Adm inist r ação de Em pr esas pela FGV/ EAESP. Pr ofessor a da FGV/ EAESP, São Paulo/ SP/

(2)

Introdução

H

ist or icam ent e, os hom ossexuais de am bos os gêner os, assim com o as out ras m inor ias, t êm sido alvo de at it udes discr im inat ór ias e, não raram ent e, punidos de diversas form as: m ult as, confi nam ent o em prisões e cam pos de concent ração at é a cast ração e t ort uras ( ADAM, 1987) . Ainda hoj e, essa m inoria cont inua a ser alvo de pr econceit o e at it udes discr im inat ór ias. Por exem plo, nos Est ados Unidos, os índices de agr essões ver bais e físicas a lésbicas e gays são m uit o super ior es à m édia nacional quando com parados a out ras cat egor ias ( MEYER. 1995, 1995) ; no Brasil, a cada t r ês dias um hom ossexual é assassinado em vir t ude de sua or ient ação sexual ( MOTT, 2006) . Pesquisa realizada, no Rio de Janeiro, ent re 2003 e 2004, com 416 gays e lésbicas r esident es na cidade, r evelou que 60% dos ent r evist ados j á haviam sido vít im as de algum t ipo de agr essão m ot ivada por sua or ient ação sexual ( GUI MARÃES, 2007) e t odos, em unanim idade, r elat aram j á t er vivenciado ou pr esenciado sit uações de int oler ância e violência - psíquica ou física - em seus lar es, escolas ou am bient es de t rabalho pela m esm a razão.

Assim com o a sociedade em geral, as or ganizações t am bém se t or naram um espaço m ais het er ogêneo, com par t ilhado por indivíduos de difer ent es sexos, et nias, r eligiões e or ient ações sexuais ( ALVES; GALEÃO- SI LVA 2004; FLEURY, 2000; NKOMO; COX, 1999) ; cont udo, elas cont inuam a ser adm inist radas com o ent idades neut ras e assépt icas, nas quais t odos t rabalham em pr ol de um obj et ivo com um , o que sig-nifi ca que m últ iplas ident idades sociais, visíveis ou não, com o negr os, defi cient es, hom ossexuais, port adores de doenças crônicas, t êm sido ignoradas e silenciadas pelos discur sos or ganizacionais ( I RI GARAY, 2007) , apesar de os m esm os afi r m ar em que as em pr esas buscam elaborar est rat égias que visem a har m onizar lucr o com j ust iça social ( ROBI NS; COULTER, 1998) .

No que t ange à diver sidade de or ient ações sexuais especifi cam ent e, est a t em sido negligenciada, m ascarada e, at é m esm o, negada pelas em presas e pela academ ia. Ent r et ant o, a sexualidade é um a quest ão pública e or ganizacional, devido ao fat o de ela delinear o com por t am ent o de hom ens e m ulher es, const r uir expect at ivas, defi nir posições, acesso a car gos, bem com o pr ivilégios ( I RI GARAY, 2008) .

Recent em ent e, no Brasil, alguns est udos ( I RI GARAY, 2008; 2007; SI QUEI RA; ZAULI - FELLOWS, 2006; SI QUEI RA; FERREI RA; ZAULI - FELLOW, 2005; SI LVA, 2004) t êm avançado na discussão sobr e a vida dos hom ossexuais m asculinos no am bient e de t rabalho; não obst ant e, o m esm o não t em sido feit o em r elação às lésbicas. No sent ido de preencher est a lacuna, o problem a de invest igação dest e est udo fi cou assim for m ulado: com o as lésbicas se per cebem com o alvo de pr ocessos discr im inat ór ios, nas r elações de t rabalho?

Tal quest ionam ent o se j ust ifi ca na m edida em que há dem anda social ( BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE, 1982) pelo avanço na discussão sobre as polít icas de gest ão ligadas à diver sidade no Brasil ( ARANHA; ZAMBALDI ; FRANCI SCO, 2006) , not ada-m ent e no que t ange às lésbicas ( I RI GARAY, 2008) . Adeada-m ais, acr edit a- se que uada-m a com pr eensão m ais pr ofunda das m últ iplas or ient ações sexuais exist ent es no m undo or ganizacional r esult ar á na elaboração e im plant ação de polít icas de diver sidade m ais efi cazes, bem com o em sugest ões para coibir pr át icas de violência m oral no am bient e de t rabalho ( FREI TAS; HELOANI ; BARRETO, 2005) , o que r esult ar á na m elhor ia da qualidade de vida dos em pr egados ( PAUCHANT, 2006) , bem com o no desem penho or ganizacional ( MORI N, 2006) .

Para t rat ar do pr oblem a, foi conduzida um a pesquisa de cam po, r ealizada ent r e j ulho de 2005 e j ulho de 2008, nas áreas m et ropolit anas do Rio de Janeiro e São Paulo, o que, por si só, delim it a est e est udo espaço- t em poralm ent e. Foram ent r evist adas 18 lésbicas, de difer ent es idades, r eligiões, classes sociais, pr ofi ssões e for m ações acadêm icas; seus r elat os foram t ranscr it os e, com auxílio do soft w ar e At las TI , sub-m et idos à análise do discur so.

(3)

dos dados per se; e, fi nalm ent e, na quint a, se apr esent am as considerações fi nais e as r efer ências ut ilizadas nest e est udo.

Na pr óxim a seção, apr esent am os o r efer encial t eór ico, abor dando pr át icas ho-m ofóbicas e het erocênt ricas coho-m o inst ruho-m ent os de reifi cação da hegeho-m onia ho-m asculina; a gest ão de diver sidade e os hom ossexuais no am bient e de t rabalho e; est igm a e cust os psicossociais no m undo cor porat ivo.

Marco Teórico

Práticas homofóbicas e heterocêntricas:

a reificação da hegemonia masculina

Ao longo dos séculos, a hom ossex ualidade foi v ist a com o cr im e, pecado e pat ologia pelo Est ado, Cat olicism o e Ciência, r espect ivam ent e ( LOPES, 2002) ; por-t anpor-t o, não raram enpor-t e, obser vam - se apor-t ipor-t udes de r epulsa por hom ossexuais e o desej o conscient e de puni- los, a denom inada hom ofobia ( WEI NBERG, 1972) . Est a pode ainda exist ir de for m a cam ufl ada - a hom ofobia incr ust ada - cuj a pr incipal caract er íst ica é a aceit ação e adoção inconscient e de sent im ent os, idéias e at it udes negat ivas cont ra os hom ossexuais e a hom ossexualidade ( BURNS, 1995) . A or igem desses com por t a-m ent os é a het er onor a-m at ividade ( HEREK, 1995) , ist o é, a cr ença na super ior idade da or ient ação het er ossexual e na conseqüent e exclusão, pr oposit al ou não, de indivíduos não- het er ossexuais das polít icas públicas e or ganizacionais, event os ou at ividades sociais. Por não ser explícit a, a het eronorm at ividade est igm at iza, nega e sufoca t oda e qualquer m anifest ação cult ural não- het er ossexual, desde a r ealização de casam ent os civis e r eligiosos at é a pr ópr ia dem onst ração de afet o em público e na m ídia ( GU-TKOSKI , 2006) . Na sociedade brasileira, a hom ofobia e a het er onor m at ividade j azem na const r ução das m asculinidades e fem inilidades na vida fam iliar ( FELI PE, 2006) e cult ural, um a vez que se m anifest am nas let ras de m úsicas ( FAOUR, 2006) , lit erat ura ( ANTUNES, 2006) , bem com o no cinem a e t elevisão ( NECCHI , 2006) .

As prát icas hom ofóbicas e het erocênt ricas im pedem que os hom ossexuais vivam plenam ent e suas vidas afet ivo- sexuais, bem com o criam barreiras para que os m esm os se insiram e ascendam no m undo cor porat ivo ( I RI GARAY, 2008; 2007; 2006) , a r igor, “ ao r eifi car a hegem onia m asculina, elas sequest ram o capit al social das m inor ias” ( BOURDI EU, 2007, p. 49) . Bour dieu ( 2007) ent ende por m inor ia t odas as cat egor ias que não per t ençam ao univer so m asculino, caucasiano, afl uent e, het er ossexual e que são subj ugadas por m eio da m ídia e das or ganizações, a par t ir da inst it ucionalização dos conceit os de “ norm al”, “ nat ural” e “ com um ” ( FOUCAULT, 1994) . Por cont raposição, t odos os indivíduos que não com par t ilham desses t raços psicogr áfi cos t endem a ser caract erizados e est igm at izados com o ant ônim os de t ais at ribut os ( BOURDI EU, 2007) . A visão da hegem onia m asculina ar raigou- se de t al for m a que, m esm o na li-t erali-t ura fem inisli-t a, m uili-t as vezes, a idenli-t idade fem inina foi disculi-t ida em função do suj eit o m asculino, subj ugando as m ulheres à condição de “ segundo sexo” ( BEAUVOI R, 1995) . A m esm a abor dagem é encont rada nos est udos sobr e os gays ( HEREK, 1990) e negr os ( SANTOS, B., 2006) .

Ent ender os conceit os de hom ofobia e het er onor m at iv idade é fundam ent al quando se discut e diver sidade no am bient e de t rabalho, um a vez que a int oler ância às diver sas or ient ações sexuais r esult a no com pr om et im ent o da dignidade desses indivíduos, conseqüent em ent e aum ent ando seu nível de est r esse ( I RI GARAY, 2006) em função de pr át icas de assédio m oral ( BARRETO, 2002; FREI TAS, 2001; HELOANI , 2004; HI RI GOYEN, 2002) .

Gestão da diversidade e os discursos organizacionais

(4)

de-obra incent iva a cr iat ividade dos em pr egados, cont r ibui para a m elhor ia no pr ocesso decisór io da em pr esa, um a vez que a t or na m ais fl exível e ágil, pois facilit a a t r oca de infor m ações sobr e exper iências, valor es, at it udes e a apr eensão de novas abor-dagens. Por out r o lado, a het er ogeneidade or ganizacional pode r esult ar na r edução de int egração e cont at os sociais, confl it os e pr oblem as de com unicação, bem com o no enfraquecim ent o dos laços de lealdade com os colegas de t rabalho e com a or ga-nização em si ( ARANHA, ZAMBALDI ; FRANCI SCO, 2006) . Tendo em vist a a pr essão j ur ídico- social que sofr em para incor porar r epr esent ant es das diver sas m inor ias, bem com o ofer ecer iguais opor t unidades de ascensão aos m esm os, as em pr esas elabo-raram um discur so polit icam ent e cor r et o que, na pr át ica, se r ever t e nas cham adas polít icas de diver sidade.

Além de dissem inar um a visão coer ent e e unívoca do que a or ganização e suas ações são, os discur sos em pr esar iais ut ilizados pelas or ganizações adquir em caract er íst icas que per m it em alçá- lo à cat egor ia de est rat égia em pr esar ial ( SARAI VA

et al., 2004) , por t ant o, além do enfoque que o encara com o r esult ado de ações de

com unicação. Trat a- se de um ver dadeir o pr ocesso de engenhar ia or ganizacional que alinha a or ganização ao que de m ais m oder no exist e no m er cado, pelo m enos no nível r et ór ico. De cer t a for m a, não se t rat a de algo novo; cont udo, o nível de sofi st icação at ual per m it e vislum brar algum as t endências que dest acam , m ais do que escondem , discr epâncias ent r e o dit o e o feit o pelas or ganizações, ent r e a m oder nidade do dis-cur so e o conser vador ism o das pr át icas.

Em linhas gerais, os discursos em presariais difundem um a nova visão de organi-zação, t rat ando de aspect os díspares e ao m esm o t em po com plem ent ares na t essit ura de um a nova per spect iva, calcada em um cidadão, m ais do que um em pr egado, e em um a com unidade, m ais do que um a em pr esa. O obj et ivo últ im o é, indisfar ça-velm ent e, a adesão dos em pr egados a um pr oj et o or ganizacional que os ant ecede e que sucum be sem seu apoio, em bora pr et enda deles independer ( SENETT, 1999) . Nesse sent ido, diz r espeit o a um a essência t radicional por que não quest iona a or dem capit alist a est abelecida nas or ganizações, m as que, ao m esm o t em po, se apr esent a com o hum anizada e at ualizada na apar ência ( I RI GARAY, 2007b) .

A cooperação que pr et ende obt er dos em pr egados se baseia em discur sos que difundem idéias com o as de igualdade dem ocr át ica, pr oat ividade, clar eza na com u-nicação - elem ent os que som ent e há pouco foram r ealm ent e considerados de for m a m ais am pla ( MELO; LI MA, 1995) . A r igor, a or ganização dissem ina um im aginár io e discur sos que aj udam a const r uir um a nova r ealidade, em que supera os lim it es es-t r ies-t os do coes-t idiano capies-t alises-t a e se conver es-t e em um local de afees-t o, a ser “ am ado” pelos em pregados. A est es caberia dedicarem - se com cada vez m ais afi nco à organização na busca de r econhecim ent o pr ofi ssional, fazendo m ais do que o pr escr it o, ao passo que a ela caber ia o acolhim ent o e obser vação do esfor ço ext ra e a pr om essa de r et or no, um a ver dadeira gest ão do afet ivo ( FREI TAS, 1999) .

O não dit o é que t ais discur sos, em bora est im ulem o envolvim ent o afet ivo dos em pr egados para com a or ganização, pr eser vam um espaço em que pr edom ina um a im pessoalidade est r it am ent e baseada na r elação ent r e pessoa j ur ídica e pessoa físi-ca. O m ais dedicado dos em pr egados pode se t or nar “ descar t ável” se não apr esent ar os r esult ados esperados pela or ganização que se pr opõe a ser am ada por ele. As pr át icas de gest ão, assim , cont rar iam os discur sos das or ganizações, pois pr eser vam inst r um ent alidade da adm inist ração, o “ braço ar m ado da econom ia” ( AKTOUF, 2004) , ligada à per for m ance.

(5)

indivíduos passam a acr edit ar que as polít icas são apenas for m ais ou quando exist em opor t unidades r eais de ascensão e de r econhecim ent o de segm ent os com o nos dis-cur sos. Em qualquer um dos casos, t rat am - se de fenôm enos que m er ecem at enção por im plicar em r evisão da hom ogeneidade funcionalist a nas or ganizações.

A diver sidade da for ça de t rabalho t em sido est udada sob a ót ica da t eor ia da ident idade social ( SLUSS; ASHFORD, 2007) , a qual r est r inge o conceit o de ident idade a um a caract er íst ica dom inant e ( CALAS; SMI RCI CH, 1999) . Acr edit am os que ident i-dade sej a um a cat egor ia fl uida, com post a por m últ iplas dim ensões que se super põem ( BOJE; FI TZGI BBONS; STEI NGARD, 1996; VI CKERS, 2005) . No caso dos gays e lés-bicas, a or ient ação sexual é só m ais um dos diver sos t raços - com o gêner o, classe social, et nia - que com põem as ident idades desses indivíduos ( I RI GARAY, 2008) ; no ent ant o, é um aspect o da individualidade hum ana que cr ia expect at ivas, est igm at iza e gera cust os psicossociais.

Os gays no ambiente de trabalho: identidade,

estigma e custos psicossociais

Obser va- se na sociedade brasileira um incr ust am ent o de valor es het er ocênt r i-cos ( MOTT, 2006) , que r efl et e a r elut ância de se discut ir a diver sidade de or ient ações sexuais ( SI QUEI RA; ZAULI - FELLOWS, 2006) , bem com o com pr om et e a inser ção de um indivíduo no m er cado de t rabalho e, t am bém , sua ascensão pr ofi ssional pelo fat o de ser ident ifi cado com o hom o ou bissexual ( I RI GARAY, 2007) .

Ao cont r ár io dos negr os, m ulher es, defi cient es e obesos que são est igm a-t izados por cona-t a de suas caraca-t er ísa-t icas físicas e m ena-t ais, os indivíduos hom o e bissexuais o são por cont a da per cepção social de um desvio de condut a m oral, que com pr om et er ia seus desem penhos pr ofi ssionais. Os adj et ivos usados para qualifi car os hom ossexuais m asculinos são pej orat ivos e, nor m alm ent e, r et rat am fragilidade, m edo e inconseqüência ( I RI GARAY, 2008) , j ust ifi cando, assim , o seu m edo de ser em est igm at izados, pois confor m e assever ou Goffm an ( 1963, p. 42) : “ nós podem os não est ar cient es das im pr essões que causam os e nossa ident idade social vir t ual pode não r efl et ir a ver dadeira”.

Est igm a é um fenôm eno socialm ent e const r uído ( BLAI NE, 2000) e t em for t es im plicações negat ivas em suas vít im as ( THOMPSON; NOEL; CAMPBELL, 2004) . Ape-sar de independer do fat o de o indivíduo ser assum idam ent e hom ossexual ou não, o est igm a é const r uído com base na per cepção dos out r os. Por isso, há um a t endência ent r e os hom ossexuais em evit ar r evelar sua ident idade sexual no am bient e de t ra-balho o m áxim o possível, por cont a de pr essões sociais e de pr évias exper iências que os pr ej udicaram pr ofi ssionalm ent e ( I RI GARAY, 2007b; RAGI NS; CORNWELL, 2001) . Há ainda aqueles que não só não assum em sua ident idade sexual com o ainda fi ngem ser het er ossexuais, sim ulando envolvim ent os am or osos e, at é m esm o, casam ent os; cont udo, est a far sa, m uit as vezes, r esult a no pedido de desligam ent o da em pr esa em função da im possibilidade de m ant ê- la por longo prazo ( I RI GARAY, 2007) . A pr essão que os hom ossosexuais, e t odas as out ras m inor ias, sofr em em função de um ou m ais t raço( s) de individualidade é denom inada m inor it y st r ess ( COCHRAN, 2001; MEYER, 1995) , o qual pode causar danos psicossom át icos às vít im as.

Os est udos de Meyer ( 1995) e DiPlacido ( 1998) apont am t rês processos que im -pact am negat ivam ent e na saúde dos indivíduos hom o e bissexuais: a) acont ecim ent os ext er nos ( que independem da or ient ação sexual) ; b) o est ado de per m anent e vigilân-cia e ansiedade, a expect at iva de ser em at acados física ou ver balm ent e a qualquer m om ent o e, fi nalm ent e, c) a int r oj eção de at it udes sociais negat ivas ( het er onor m at i-vidade ego- dist ônica) . A r igor, pode- se at r ibuir com o causa fundam ent al do m inor it y

st r ess às pr át icas discr im inat ór ias, ou sej a, ao assédio m oral. Est e, por defi nição, se

(6)

a pr át ica da per ver sidade no local de t rabalho ( HI RI GOYEN, 2002; BARRETO, 2005; FREI TAS, 2001; FREI TAS, HELOANI ; BARRETO, 2008) , m esm o quando m ascarado de t er nura e bem quer er ( BARRETO, 2005) .

Est udos ant eriores ( I RI GARAY, 2008; 2007; 2006; SI QUEI RA; ZAULI - FELLOWS, 2006; SI QUEI RA; FERREI RA; ZAULI - FELLOWS, 2005) apont am que os gays sofr em assédio m oral nas or ganizações brasileiras em função de sua ident idade sexual. No sent ido de est udar em que m edida o m esm o ocor r e com as lésbicas, é necessár io invest igar a const r ução social das ident idades sociais dest as m ulher es.

Gays e lésbicas: além do arco-íris existe um horizonte

Apesar de com par t ilhar em a m esm a or ient ação sexual, os hom ossexuais m as-culinos e fem ininos não com par t ilham da m esm a ident idade ( COSTA, 2007) , nem m esm o dent r o do cham ado m ovim ent o gay, cuj o obj et ivo é apr esent ar à sociedade um conj unt o de r eivindicações polít icas dos gays, das lésbicas, bissexuais e t ransgê-ner os ( SANTOS, 2006) .

Analisar indivíduos com o um a cat egor ia hom ogênea, apenas por est es com par-t ilhar em um a única caracpar-t er íspar-t ica física, social ou com por par-t am enpar-t al em com um , r esulpar-t a em análises sim plist as e equivocadas ( I RI GARAY, 2008) .

No que t ange aos hom ossexuais, seus m ovim ent os sociais não se fazem alheios às cat egor ias social e de gêner o. De fat o, a hom ogeneidade m asculina e a lógica pat r iar cal t am bém se fazem pr esent es na com unidade hom ossexual ( COSTA, 2007) , na qual ocor r e a invisibilidade das lésbicas ( por t ant o, das m ulher es) , bem com o dos t ravest is, t ransex uais e t ransgêner os ( ESCANDUZZI , 2004; GREEN, 2000) . Com o ilust ração, assinalam os o fat o de as m ulher es t er em est r ut urado a Liga Brasileira de Lésbicas em oposição à Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trans-gêner os ( MACHADO, 2007) . Na ver dade, raram ent e os hom ossexuais m asculinos e fem ininos com par t ilham um m esm o espaço social baseado apenas na cat egor ia iden-t iiden-t ár ia “ or ieniden-t ação sexual” ( COSTA, 2007) .

A invisibilidade das lésbicas j az, por t ant o, nos pr incípios andr ocênt r icos da infe-r ioinfe-r idade e da exclusão da m ulheinfe-r ( BOURDI EU, 2007) , a qual é infe-rat ifi cada e am pliada por m eio do sist em a m ít ico- r it ual da sociedade, ist o é, a dissim et r ia fundam ent al inst aurada ent r e o hom em e a m ulher no t er r eno das t r ocas sim bólicas ( BOURDI EU, 2007) . Sob o Welt anschauung andr ocênt r ico, as m ulher es são vist as com o obj et os, sím bolos, cuj o sent ido const it ui- se fora delas e cuj a função é cont r ibuir para a per-pet uação ou o aum ent o do capit al sim bólico andr ocênt r ico ( BOURDI EU, 2007) , o que com pr om et e sua inser ção e sobr evivência no m er cado de t rabalho, um a vez que est e passa a ser o ant ípoda do lar ( TONELLI , 2001) .

Por sua vez, o fat o de as lésbicas com par t ilhar em o m esm o gêner o t or na- as hom ogêneas? I nvest igar essa quest ão t or nou- se um obj et ivo int er m ediár io para se r esponder à per gunt a invest igat iva dest e est udo. Se t om ar m os com o base os ho-m ossexuais ho-m asculinos, os ho-m esho-m os se fragho-m ent aho-m eho-m subgr upos sociais, físicos e com por t am ent ais, os quais se discr im inam ent r e si ( I RI GARAY, 2008) .

Percurso Metodológico

(7)

da at ividade social, individual e colet iva durant e a r ealização de um a int enção ( RAY, 1994) . Essa opção se j ust ifi ca na m edida em que a ação hum ana é essencialm ent e a expr essão de um a consciência, o pr odut o de valor es, a r esult ant e de m ot ivações ( CALÁS, 1992) .

Ao longo dest a pesquisa, os aut ores est iveram ( cons) cient es de que t al est rat égia de pesquisa não os t or nar ia neut r os nem aut ônom os; ent r et ant o, buscou- se m ant er a im par cialidade por m eio do dist anciam ent o ( est ranham ent o) do obj et o est udado ( br acket ing) , ou sej a, seguiu- se a or ient ação de Bour dieu ( 1999) de não confundir o subj et ivism o do pesquisador ( seus j uízos de valor ) com o subj et ivism o dos obj et os de pesquisa ( indivíduos, grupos, sist em as sócio- cult urais) . Nas ent revist as, m ant iveram - se em m ent e as considerações de Goldenber g ( 2000) ; por isso, opt ou- se por um r ot eir o com pat ível com a ent r evist a focada e sem i- est r ut urada em duas par t es: a) a colet a dos dados cat egór icos dos ent r evist ados ( idade, est ado civil, escolar idade, ár ea de for m ação, car go e em pr esa) e b) um a conver sa sobr e suas t raj et ór ias de vida e de t rabalho, que visava apr eender suas hist ór ias de vida, um a vez que est as são vist as com o um a font e capaz de t razer à cena da pesquisa novos fat os ou pr eocupações t eór icas ( CAVEDON; FERRAZ, 2003) , algo que a hist or iografi a ou os r elat os ofi ciais disponibilizados nas font es escr it as não são capazes de capt ar ( BECKER, 1994) .

Est e ar t igo é um r ecor t e dos dados obt idos num a pesquisa m ais am pla, r ea-lizada ent r e 2005 e 2008, sobr e os efeit os da diver sidade da for ça de t rabalho nas or ganizações. Foram selecionadas em pr esas de capit al aber t o e fechado, nacionais e est rangeiras, de m édio e grande por t e que operam nas r egiões m et r opolit anas do Rio de Janeir o e São Paulo, o que por si só j á confi gura um a lim it ação para est e est udo.

No caso das lésbicas, as 18 ent r evist adas foram infor m adas do r eal obj et ivo da pesquisa e t iveram anonim at o e confi dencialidade de seus r elat os garant idos. Esses suj eit os foram selecionados por conveniência - ut ilização da t écnica de bola de neve, na qual um ent r evist ado indica out r o - e por const it uír em um a am ost ra r elevant e que t em por caract er íst ica, vist o ser est e um est udo qualit at ivo, dar im por t ância não ao núm er o de pessoas ent r evist adas, m as às difer ent es r epr esent ações sobr e o assunt o ( GASKELL, 2002) .

A am ost ra foi colet ada em oit o diferent es em presas: um a pública de grande port e da indúst r ia de ener gia; duas m ult inacionais nor t e- am er icanas do ram o de soluções de infor m át ica, e cinco bancos ( t r ês brasileir os, um espanhol e um inglês) ; 39% das ent r evist adas ocupam car gos ger enciais e as out ras são operacionais. Psicografi ca-m ent e, a aca-m ost ra apr esent ou o seguint e perfi l: idade ca-m édia de 36,4 anos; a ca-m et ade assum e publicam ent e sua ident idade sexual; 50% são cat ólicas; 17% , at éias; 22% , espír it as; e 11% são evangélicas. Quant o ao est ado civil, 67% são solt eiras e 33% divor ciadas. No que t ange à et nia declarada das r espondent es, 67% são brancas, 11% m ulat as e 22% negras.

Os encont r os, com duração m édia de 50 m inut os, foram r ealizados em luga-r es públicos, apesaluga-r de t odas as conveluga-r sas t eluga-r em sido pluga-r ivadas. Est as, bem com o as anot ações de cam po r ealizadas - ant es, durant e e depois dos encont r os - foram t ranscr it as, o que ger ou um docum ent o de 233 páginas ( papel A4, font e Tim es New

Rom an, t am anho 12, espaçam ent o sim ples) . Est es dados foram subm et idos à análise do

(8)

Um Outro Olhar: ser lésbica

num mundo heterossexual e masculino

Ao longo da hist ór ia, as m ulher es t êm sido desvalor izadas e desqualifi cadas ( BEAUVOI R, 1995) e seu capit al social sequest rado por cont a da hegem onia m asculina ( BOURDI EU, 2007) . Mesm o no m ovim ent o gay, cuj o lem a é a lut a cont ra a discr im i-nação, pr evalece a hom ogeneidade m asculina e a lógica pat r iar cal, o que r esult a na segr egação das lésbicas ( COSTA; 2007) . Essa discr im inação não lhes passa desper ce-bida, com o fi cou evident e nas falas das ent r evist adas, not adam ent e na de Paula ( 01) :

Não é só um a quest ão de ser um a sapa fur iosa, é a de ser m ulher ( ...) lógico que quando sabem da gent e a pr im eira coisa que passa na m ent e é um a m ulher m achuda, gor da, esculachada, que vest e cam isa de hom em , sapat o m ocassim , anda com a m ão no bolso e t em o cabelo bat ido na nuca ( ...) m as as bibas m alucas t am bém olham para gent e de for m a difer ent e, sacaneiam a gent e, at é m esm o na parada ( gay pr ide) e na night . ( Paula - 01)

Est e fragm ent o de discur so ( 01) , além de evidenciar que as lésbicas sofr em discr im inação de segunda or dem ( gêner o e or ient ação sexual) , r evela t am bém que a orient ação sexual por si só não é o sufi cient e para se criar um a ident idade hom ogênea. No ent ant o, a int er locura r ecor r e a seleções lexicais not adam ent e discr im inat ór ias e gr osseiras para se r efer ir aos hom ossexuais ( “ sapas fur iosas” e “ bibas m alucas” ) . Os adj et ivos escolhidos r efl et em a visão andr ocênt r ica de que as lésbicas sej am sim u-lacr o dos hom ens e os gays das m ulher es ( BOURDI EU, 2007) . De fat o, ao ut ilizar a expr essão sapa fur iosa, Paula enr ij ece o cor po, deixa a voz em t om m ais grave e m asculiniza sua post ura, com o se int r oj et asse o est er eót ipo pr econceit uoso com o qual as lésbicas são r et rat adas. Esse fragm ent o ( 01) r efor ça a idéia de que para se defender deve- se valer da for ça m asculina ( BOURDI EU, 2007) , na m edida em que o poder per t ence aos hom ens ( FOUCAULT, 1994) .

Aparent em ent e, esse discurso de aut o- afi rm ação, replicador dos argum ent os da hegem onia m asculina, é t ão pr econceit uoso quant o out r o qualquer. Na sua fala ( 01) , Paula ainda r epr oduz os est er eót ipos que ser vem de base para a est igm at ização e discr im inação das lésbicas, dent r o do pr ópr io gr upo, o qual se subdivide em lesbian

chics, m enininhas, dykes, cam inhoneir as. Essas “ t r ibos” não com par t ilham os m

es-m os espaços físicos, que são delies-m it ados es-m ais pela classe social que out r os at r ibut os. Assim com o no univer so dos hom ossexuais m asculinos ( I RI GARAY, 2008) , no fem inino, t am bém foi obser vada discr im inação por poder aquisit ivo, senso est ét ico, nível cult ural e et nia, com o fi ca evidenciado not adam ent e na fala de Flávia ( 02) :

O fat o de out ra m ulher ser lésbica t am bém não signifi ca que pode ser m inha nam orada ou am iga. Pode ser um a best a que fale ‘para m im fazer ’, ‘ sej e”, aí não dá, né? Eu sou sapa, m as acim a de t udo sou Pat r icinha, quer o ir para lugar es bacanas ( ...) t odas as m inhas am igas e ex- nam oradas são lindas, você nem dir ia que elas são gays, t odas m agr inhas, branquinhas, cabelão, você j am ais vai m e ver com um a but ch dyke ao m eu lado. ( Flávia - 02)

No discur so 02, fi ca evident e que a ident idade de um indivíduo é com post a por m últ iplas dim ensões - difer enças sociais, et ár ias, cult urais, est ét icas - que se sobr epõem e que, em m om ent os específi cos, se sobr essaem . Flávia, ao declarar seus m últ iplos t raços psicogr áfi cos ( “ sou sapa, m as acim a de t udo sou Pat r icinha” ) r ej eit a a possibilidade de se r elacionar com out ra m ulher apenas pelo fat o de t er em em co-m uco-m a co-m esco-m a or ient ação sexual. Mais do que isso, nest a sua fala fi caco-m nít idos seus padr ões de discr im inação social, est ét ica e ét nica, evidenciados pr incipalm ent e pela seleção lexical “ but ch dyke” , t er m o ut ilizado no univer so gay para se r efer ir a lésbicas m asculinizadas, geralm ent e m al vest idas e rudes ( COSTA, 2007) . Esses m últ iplos t raços psicogr áfi cos agravam e at enuam o pr ocesso discr im inat ór io ao qual as hom ossexuais são subm et idas, com o fi ca explicit ado na fala de Raquel ( 03) :

(9)

Rachel é um a m ulher bonit a, ext r em am ent e fem inina, bem educada, bem hu-m orada e sihu-m pát ica. Ela t er hu-m inou uhu-m casahu-m ent o cohu-m uhu-m hohu-m ehu-m ext r ehu-m ahu-m ent e r ico para se r elacionar com Heloísa e est ão j unt as há 10 anos. Rachel assum iu- se hom os-sexual para o ex- m ar ido, fi lhos, fam ília e com unidade. Sofr eu alguns pr econceit os, per deu alguns am igos, com o ela m esm a nar r ou, m as ganhou o apoio de “ t odos os que im por t avam ” . Ao longo de sua ent r evist a, est a int er locut ora cont ou que, de fat o, j á foi, e ainda é, discr im inada por seu gêner o e or ient ação sexual; m ais do que isso, t am bém enfr ent a at it udes pr econceit uosas por ser j udia e loira. Rachel afi r m ou que, não raram ent e, é pr é- r ot ulada com o egoíst a, avar ent a ou bur ra. Seu discur so ( 03) indica que ela sofr e discr im inação de 4º grau ( “ sou m ulher, sapat a, loira e j udia” ) , e que a m esm a se agravar ia caso sua apar ência física não cor r espondesse aos padr ões est ét icos vigent es ( “ Só falt ava ser gorda e m anca” ) . Reconhecer as m últ iplas variáveis que r esult am em discr im inação pode incor r er no r isco de seccioná- las ou, at é m esm o, hieraquizá- las: onde t er m ina a discr im inação por gêner o e com eça a por or ient ação sexual? Onde t er m ina est a e com eça a ét nico- r eligiosa? At é que pont o est as não es-t ão es-t odas enes-t r elaçadas e um a não ser ve de j uses-t ifi caes-t iva para oues-t ra? Resposes-t as para t ais quest ões não puderam ser obt idas nest a pesquisa; ent r et ant o, o fragm ent o de discur so de Rachel ( 03) r efor çou as conclusões de I r igaray ( 2008) e Sant os ( 2006) , ao sinalizar que per t ecencer a um a classe social super ior at enua a discr im inação por out r os fat or es ( “ ainda bem que sou r ica, dinheir o com pra t udo” ) .

Out r o aspect o que se dest acou nas ent r evist as foi o fat o de o gr upo em quest ão t rabalhar, se art icular e expressar suas em oções com base nos est ereót ipos socialm ent e est abelecidos: os hom ens são br ut os, violent os e egoíst as; as m ulher es são afet ivas, carinhosas e doces. Esses t raços fi caram nit idos especifi cam ent e na fala de Teresa ( 04) .

Não t em com o com parar, os hom ens pensam só em sexo, no seu pr ópr io prazer ( ...) quando eu conheci a Mar t a descobr i out r o m undo ( ...) deixei de ser apr esent ada com o esposa [ pausa] per di ident idade, ganhei afet o. ( Ter esa - 04)

No fragm ent o da fala acim a ( 04) , Ter esa r epr oduz explicit am ent e o discur so da lógica m asculina ( BOURDI EU, 2007) , o qual garant e ao hom em a busca pelo prazer ( CARRI GAN; CORNELL; LEE, 2002) e r eduz as m ulher es à condição de obj et o sexual ( BEAUVOI R, 1995) . A int er locut ora, num possível at o- falho, r efor ça a idéia andr ocên-t r ica de que a exisocên-t ência da m ulher pr essupõe um a fi gura m asculina ao seu lado e só é socialm ent e validada por est a ( “ per di a ident idade” ) .

No lim it e, as ent revist as revelaram a im possibilidade de se reduzir as ident idades das lésbicas apenas à sua dim ensão sexual, dado que em com um elas só t em o gênero, m as que se subdividem em m últ iplos subgrupos. O arco- íris é com post o m uit o m ais do que som ent e por set e cor es, um a vez que, dent r o dele, ocor r em discr im inações com base nas difer enças sociais, et ár ias, est ét icas e r eligiosas. Com o a m ult iplicadade de ident idades, cuj os pont os em com um são o gêner o e a or ient ação sexual, se inser e no am bient e de t rabalho é o obj et o da pr óxim a seção.

Lésbicas no ambiente de trabalho: os discursos e

as práticas organizacionais

Quando ouvidas sobre sua vida e seu t raj et o profi ssional, as lésbicas foram unâ-nim es em r efor çar a idéia de que os hom ossexuais são discr im inados no am bient e de t rabalho ( I RI GARAY, 2007; SI QUEI RA; ZAULI - FELLOWS, 2006; SI QUEI RA; FERREI RA; ZAULI - FELLOWS, 2005) e que a m elhor est rat égia de sobr evivência, assim com o no caso dos gays ( I r igaray, 2007) , é a om issão da or ient ação sexual. Dent r e t odas as falas, a que m elhor expr essou essa r ealidade foi a de Beat r iz ( 05) :

(10)

Essa fala ( 05) r efor ça a idéia de que a sexualidade t ende a infl uenciar negat ivam ennegat e o negat raj enegat o pr ofi ssional de um indivíduo, j á que pode se sobr epor às com -pet ências t écnicas de um pr ofi ssional, com o no caso da secr et ár ia em quest ão, que não foi cont rat ada. Por out r o lado, Beat r iz suger e que as lésbicas podem fazer o uso inst r um ent al de sua or ient ação sexual ( “ o que é at é bom para algum as em pr esas” ) , pois a m esm a sinalizar ia às em pr esas um pr oj et o de vida que não cont em pla a for m a-ção de um a fam ília, o que cor r esponder ia a um m aior com pr om et im ent o com a vida cor porat iva. Est a fala t am bém indica que, m esm o quant o não r evela sua ident idade sexual publicam ent e, m as é per cebida com o hom ossexual pelos seus colegas de t ra-balho, o indivíduo fi ca suj eit o a sanções sociais, com o o isolam ent o; ou ainda, pode ocor r er o aut o- isolam ent o com o um a est rat égia defensiva para não cor r er r iscos e t er que lidar com cenários difíceis. O isolam ent e result a em cust os psicofísicos decorrent es do m inor it y st r ess ( COCHRAN, 2001; DiPLACI DO, 1998; MEYER, 1995) e, t am bém , na difi culdade da vít im a const r uir um a r ede social de r elacionam ent os, m uit as vezes fundam ent al para sua ascensão profi ssional ( RAGI NS; CORNWELL, 2001; THOMPSON; NOEL; CAMPBELL, 2004) .

No ent ant o, algum as cir cunst âncias, com o as apont adas por Nor m a ( 06) e Gló-r ia ( 07) , aplacam a sensação de isolam ent o, m al est aGló-r e discGló-r im inação m encionada por Beat r iz.

Eu sem pr e fui assim m eio m achudinha e as pessoas m e olhavam de cant o de olho. Eu fi cava na m inha, m as, no fundo, m e sent ia assim , t ipo um OVNI , t á ligado? ( ...) aqui na em pr esa t em polít ica de diver sidade, m as é m ais para inglês ver, sem pr e fui sacaneada pelo m eu j eit o de ser ( ...) t er vindo t rabalhar com a Fer nanda foi t udo de bom , ela é do babado t am bém , m e sint o r ealm ent e pr ot egida ( ... ) se ela chegou lá, eu t am bém chego. ( Nor m a - 06)

Era m uit o m ais difícil t rabalhar lá no Recife que aqui em São Paulo, ainda m ais aqui no Mar ket ing, onde o povo é bem m ais descolado, e t rabalhar num a m ult inacional que t em polít ica de diver sidade e t udo é out ra coisa. ( Glór ia - 07)

O fragm ent o discur sivo 06 r efor ça a idéia de que t er um a chefe hom ossexual é m ais im por t ant e do que as polít icas or ganizacionais em si, dada a pr ot eção ser m ais pr óxim a e pr esent e ( “ m e sint o r ealm ent e pr ot egida” ) . Ficou pat ent e que o fat o de a chefe Fer nanda t am bém ser hom ossexual não r esult a em nenhum pr ivilégio para Nor m a, nem na ext inção da cadeia hier ár quica, m as, além de ser um a font e de iden-t ifi cação, é iden-t am bém um m oiden-t ivo de or gulho e esperança, pois sinaliza a possibilidade concr et a de ascensão pr ofi ssional “ apesar ” da sua or ient ação sexual ( “ se ela chegou lá, eu t am bém chego” ) .

Já a fala de Glór ia ( 07) r essalt a t r ês aspect os im por t ant es que infl uenciam a per cepção dos hom ossexuais no que t ange à discr im inação por or ient ação sexual: a) a cult ura local; b) os colegas de t rabalho dem onst rar em - se aber t os às difer enças e não fazer em nem com ent ár ios j ocosos, nem piadas e, fi nalm ent e, c) a im por t ância de se t rabalhar num a em pr esa que possua um a polít ica de diver sidade declarada.

(11)

a im pr essão da pr ópr ia em pr esa perant e seus st akeholder s, o que se evidencia pela seleção lexical “ para inglês ver ”.

A possibilidade de os discursos organizacionais sobre diversidade de orient ações sexuais ser em , na r ealidade, um sim ulacr o de dem ocracia e r espeit o às difer enças, com o obj et ivo de t ravest ir com o j ust as pr át icas or ganizacionais que são, efet iva-m ent e, r eifi cações da hegeiva-m onia iva-m asculina, foi r efor çada pelas falas de Cát ia ( 08) , I r ene ( 09) e Lívia ( 10) :

O discur so é m uit o bonit inho, m as não conheço nenhum ger ent e ou dir et or que sej a assum idam ent e gay, m ulher es j á são poucas. ( Cát ia - 08) .

Falam t ant o em polít ica de diver sidade aqui na em pr esa, m as m inha com panheira não t em os m esm o dir eit os que as m ulher es dos m eus am igos t êm : plano de saúde, segur o, viagem - pr êm io. ( I r ene - 09)

O engraçado é que dois funcionár ios j udeus, sendo que um a era um a m ulher, abr i-ram um discur so hom ofóbico e ninguém falou nada; aliás, nunca ninguém fala nada; algum as vezes ent ram no sit e de diver sidade da em pr esa e fi cam r indo dos viadinhos e das sapat onas ( ...) fi co com raiva, m as não consigo falar nada. ( Lívia - 10)

A seleção lexical “ discur so” é m obilizado no fragm ent o discur sivo 08 na for m a de cont radição, um a vez que a seleção lexical “ bonit inho” denot a for m alidade e r igor ; a ent r evist ada afi r m a desconhecer a exist ência de qualquer hom ossexual assum ido em car go de chefi a, o que im plica possíveis difi culdades na ascensão pr ofi ssional dessa m inor ia, bem com o na sugest ão por par t e da em pr esa que a hom oafet ividade não deva ser explicit ada.

Por sua vez, o fragm ent o da fala de I r ene ( 09) confr ont a dir et am ent e o discur so da em presa, pois est a int erlocut ora se refere explicit am ent e à “ polít ica de diversidade” com o obj et o de r et ór ica por par t e da or ganização ( “ m uit o falada” ) , m as que não é im plant ada em t oda a sua ext ensão, um a vez que exist e dispar idade de dir eit os no t rat am ent o de casais hom ossexuais em r elação aos seus par es het er ossexuais.

No caso do fragm ent o discursivo ( 10) , Lívia deixa im plícit o que esperava encont rar solidariedade ent re os m em bros de out ras m inorias que t am bém são discrim inadas, no caso “ j udeus” e “ m ulheres”, e que t al não acont ece. Essa percepção indica o est igm a apont ado por Thom pson et al. ( 2004) , no qual o indivíduo arca sozinho com o silêncio de ser discrim inado por ser quem é ( BLAI NE, 2000) . Mais do que isso, sua fala indica que a polít ica de diversidade da em presa que t rabalha é int erpret ada de form a dife-rent e em função da m inoria em quest ão. Especifi cam ent e, no caso dos hom ossexuais, não há represálias quando com ent ários pej orat ivos e discrim inat órios são proferidos, principalm ent e quando acobert ados pelo m ant o do hum or, o que a rigor confi gura as-sédio m oral se for um a prát ica repet ida ( BARRETO, 2005; FREI TAS, 2001; HELOANI , 2004; HI RI GOYEN, 2002; FREI TAS, HELOANI e BARRETO, 2005) , principalm ent e ao considerarm os não se t rat ar de um fenôm eno isolado ( “ algum as vezes ent ram no sit e de diversidade da em presa e fi cam rindo dos viadinhos e das sapat onas” ) .

Algum as ent revist adas at ribuíram as discrim inações que sofrem exclusivam ent e à orient ação sexual; no ent ant o, o discurso da m aioria desvelou que as causas dessa violência m oral residem , t am bém , em quest ões raciais, sociais e et árias. Esse é o caso de Lourdes, agent e de segurança de um banco, cuj o relat o de hist ória de vida se segue ( 11) :

(12)

que t em gent e que não gost a de m im porque sou pobre, negra, favelada, hom ossexual ( ...) Doer? Sofro com isso, sim , m as t em t ant a coisa m ais im port ant e na vida ( ...) você acha que vou parar por aqui? Vou volt ar a est udar, vou subir na vida, quem sabe um dia não posso ser um a caixa t am bém ? ( ...) Na vida, só t em im possível para quem é fraco ( ...) t ô nem aí para o que falam de m im , sei que ainda vou vencer. ( Lour des - 11)

O discur sivo 11 r em et e ao poder de agência da int er locut ora em quest ionar e subver t er a dissim et r ia fundam ent al inst aurada ent r e o hom em e a m ulher ( BOUR-DI EU, 2007) , pr essupost a pela hegem onia m asculina. Lour des r ecusa a possibilidade de par t icipar do j ogo da vida com o coadj uvant e ( BEAUVOI R, 1995) ; pelo cont r ár io, ela assum e o papel de pr ovedora e vencedora, suj eit o de sua vida. No ent ant o, ao fazê- lo, fi ca nít ido o quant o o paradigm a andr ocênt r ico foi int r oj et ado ( “ sem pr e m e sent i o hom em da casa ( ...) sust ent ar m inha m ulher, cr iar a fi lha dela ( ...) bancar algum a coisa lá em casa) . No que t ange à sua ident idade, ao longo da ent r evist a, Lour des dem onst r ou t er or gulho de sua post ura m asculinizada, seus poucos sor r isos, t om de voz m ais grave, gest os lar gos e dur os. A sua fala evidencia que, sob sua ót i-ca, sua or ient ação sexual a apr oxim a dos valor es m asculinos ( CARRI GAN; CORNELL; LEE, 2002) , o que eleva sua aut o- est im a, não sendo, por t ant o, font e de sofr im ent o, ou que ela desqualifi ca essa quest ão em vir t ude de t er enfr ent ado sit uações m uit o m ais graves, em que a fraqueza era sinônim o de fracasso. Em seu discur so, Lour des r essalt a que sua ident idade é r esult ant e de diver sos fat or es ( “ pobr e, negra, favelada, hom ossexual) , o que rat ifi ca que a or ient ação sexual não pode ser pr opr iam ent e e t ot alm ent e com pr eendida fora do m eio social no qual est á inser ida ( I RI GARAY, 2008) . Lour des t em consciência e sofr e com o fat o de est ar suj eit a à discr im inação de quar t a or dem e, ainda, ser usada em t ar efas que não com pet em à sua função, m as não se faz de vít im a. Na r ealidade, ela est á engaj ada num a bar ganha social, apar ent em ent e de sofr im ent o e inj ust iça que, para ela, é apenas um degrau no seu pr oj et o de vida. Ela t em consciência de que é um a sobr evivent e.

Out r o t raço que se fez pr esent e, not adam ent e nas duas ent r evist as com as evangélicas, foi a r eligião. Em bora ext r em am ent e r elevant es, esses encont r os foram os m ais cur t os, apr oxim adam ent e 20 m inut os, e só foram possíveis por int er m édio de um a ent r evist ada, Mar ise, que indicou sua nam orada ( Sônia) que, por sua vez, nos indicou Telm a.

As duas lésbicas evangélicas ext er naram um pr ofundo sent im ent o de culpa por cont a de sua sexualidade, bem com o um a ext r em a difi culdade em har m onizar os r elacionam ent os afet ivos com a vida em fam ília e o convívio social, not adam ent e nas igr ej as que fr equent am . Os seus discur sos apont aram para um a ar raigada hom ofobia ( WEI NBERG, 1972) e het eronorm at ividade ( HEREK, 1990) , com o fi ca evidenciado pela seguint e fala de Sônia ( 12) :

Eu não acho que isso [ hom oafet ividade] sej a nor m al, eu não quer ia ser assim , m as eu am o a Mar ise ( ...) é difícil t er que m ent ir para m eus pais, pr o past or ( ...) no t ra-balho. Ninguém sabe de m im , m as acho que ser ia m ais fácil do que o pr econceit o que enfr ent o por ser evangélica. ( Sonia - 12)

Est e fragm ent o de discur so ( 12) indica ainda que a int er locut ora se aut o-discr im ina por cont a de sua or ient ação sexual, m as que, no am bient e de t rabalho, a base para t al pr ocedim ent o e est igm at ização é sua r eligião, confor m e desvelado pela seleção lexical “ m ais fácil do que o pr econceit o que enfr ent o por ser evangélica”.

Os dados dest a pesquisa, quando analisados sob a ót ica do perfi l psicográfi co da am ost ra, r evelaram que as m ulher es m ais j ovens ( abaixo de 27 anos) apr esent aram um a t endência m aior em assum ir publicam ent e sua hom ossexualidade e que est as, ao cont r ár io do se poder ia se esperar, r elat aram ser m enos discr im inadas do que as que não o fazem . O est ado civil e a idade não im pact aram a per cepção de at it udes discr im inat ór ias; no ent ant o, et nia, classe social infer ior e r eligião cont r ibuíram para acent uar as m esm as.

(13)

a dim ensão hum ana e a per sonalidade de um suj eit o ( DOTY, 2000) . Assim com o acont ece com os gays ( I RI GARAY, 2008) , as lésbicas t am bém discr im inam out r os indivíduos hom ossexuais com base na or ient ação sexual, bem com o et nia, classe social, apar ência e car go.

Reflexões Finais

No boj o da discussão sobr e discr im inação por or ient ação sexual no am bient e de t rabalho, est a pesquisa, t om ando com o base est udos ant er ior es com hom ossexuais m asculinos ( I RI GARAY, 2008; 2007; SI QUEI RA; ZAULI - FELLOWS, 2006; SI QUEI RA; FERREI RA; ZAULI - FELLOWS, 2005; SI LVA, 2004) , t eve por obj et ivo invest igar se as lésbicas se per cebem com o alvo de pr ocessos discr im inat ór ios, assim com o os gays, nas r elações de t rabalho.

Para t rat ar do pr oblem a foi conduzida um a pesquisa em pír ica, cuj o t rabalho de cam po ocor r eu ent r e j ulho 2005 e j ulho de 2008, nas ár eas m et r opolit anas do Rio de Janeir o e São Paulo Foram ent r evist adas 18 lésbicas, de difer ent es idades, r eligiões, classes sociais, pr ofi ssões e for m ações acadêm icas. Seus r elat os foram t ranscr it os e, com auxílio do soft w ar e At las TI , subm et idos à análise do discur so.

Ficou pat ent e que as lésbicas ent r evist adas, assim com o os gays ( I RI GARAY, 2008) , se per cebem , de fat o, discr im inados no am bient e de t rabalho, t ant o explicit a quant o im plicit am ent e, quando os com ent ár ios e t rat am ent os difer enciados se escon-dem sob a m áscara do hum or e da infor m alidade. O pr ocesso discr im inar ór io pode ser at enuado por cont a de out r os t raços psicogr áfi cos, t ais com o: m aior poder aquisit ivo, pele branca e confor m idade com os padr ões est ét icos brasileir os.

As lésbicas per cebem os discur sos or ganizacionais com o um a t ent at iva de ho-m ogeneização cor porat iva, cuj a int enção é asseho-m elhar t odos os eho-m pr egados apenas por t rabalhar em na m esm a em pr esa. Para essa m inor ia, as polít icas de est ím ulo à diversidade e à inclusão parecem não t er sido adequadam ent e com preendidas, porque não dizem r espeit o a lidar com t odos com o iguais e t rat á- los com eqüidade, m as, som ent e, r evelar e sublinhar a exist ência de difer enças.

No que t ange ao am bient e de t rabalho, elas se sent em m ais confor t áveis nas seguint es sit uações: a) a em pr esa possui e efet ivam ent e im plem ent a polít icas de r espeit o às diver sidades; b) quando seus colegas de t rabalho dem onst ram - se aber t os às difer enças e não fazem com ent ár ios j ocosos e piadas; e, fi nalm ent e, c) quando t rabalham com out r os suj eit os, especialm ent e chefes, que com par t ilhem da m esm a or ient ação sexual.

Est e est udo r esult a em im plicações para a academ ia e para as em pr esas. A pr i-m eira é que não se pode i-m ais lii-m it ar a est udar as quest ões de ident idade de i-m aneira sim plist a, com base em um único ou poucos com ponent es for m ador es da m esm a, nem se pode negligenciar a exist ência de difer enças sob a pseudo- neut ralidade das or ganizações e de seus discur sos. Da m esm a for m a, aos adm inist rador es, cabe não apenas a elaboração de polít icas or ganizacionais que r eduzam a r et ór ica, m as a cer-t ifi cação de que efecer-t ivam encer-t e essas polícer-t icas foram im plancer-t adas.

Referências

ADAM, B. The r ise of a gay and lesbian m ovem ent . Bost on: Twayne, 1987.

AKTOUF, O. Adm inist r ação: ent r e a t radição e a r enovação. São Paulo: At las, 2004. ALVES, M.; GALEÃO- SI LVA, L. A cr ít ica da gest ão da diver sidade nas or ganizações.

RAE – Revist a de Adm inist r ação de Em pr esas, v. 21, p. 18- 25, 2004.

ANTUNES, A. Hom ofobia em Jor ge Am ado? Ar quipélago: Revist a de Livr os e I déias, Por t o Alegr e: I nst it ut o Est adual do Livr o, n. 7, p. 19- 21, out . 2006.

(14)

per for m ance: a r eview of evidence and fi ndings in academ ic paper s fr om 1973 t o 2003. I n: I NTERNATI ONAL CONGRESS OF APPLI ED PSYCHOLOGY, 26.. 2006, At enas, 2006. Pr oceeding... At enas, 2006. CD- ROM.

BARRETO, M. Violência, saúde, t r abalho - Um a j or nada de hum ilhações. São Paulo: EDUC, 2005.

BARRETO, M. Assédio m oral: o r isco invisível no m undo do t rabalho. Jor nal da Rede

Fem inist a de Saúde, São Paulo, n. 25, p. 12- 16, j un. 2002.

BEAUVOI R, S. O segundo sexo: fat os e m it os. Rio de Janeir o: Nova Fr ont eira, 1995. V.1.

BECKER, H. Mét odos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: HUCI TEC, 1994. BENHABI B, S. Post m oder ism and cr it ical t heor y: on t he int er play of et hics, aest het ics and ut opia in cr it ical t heor y. Cor dozo Law School Review , 11, p.1435-1449, j ul./ ago. 1990.

BLAI NE, B. The psychology of diver sit y. Mount ain View, CA: Mayfi eld, 2000. BOJE, D. St or ies of t he st or yt elling or ganizat ion : a post m oder n analysis of Disney as “ Tam ara- Land”. Academ y of Mangem ent Jour nal, v. 38, n. 4, p. 997- 1035, 1995. _______.; FI TZGI BBONS, D.; STEI NGARD, D. St or yt elling at adm inist rat ive science quar t ely: war ding Off t he Post m oder n Bar bar ians. I n : _______.; GEPHART, R.; THATCHENKERY, T. ( Ed.) . Post m oder n m anagem ent and or ganizat ional t heor y. Thousand Oaks: Sage,1996. p.67- 81.

BOURDI EU, P. A dom inação m asculina. 5a. ed. Rio de Janeiro : Bert rand Brasil, 2007. _______. Escr it os de educação. Pet r ópolis : Vozes, 1999.

BURNS, B. I nt er nalized hom ophobia, self- est eem , and t he m ot her ing choice of

lesbians. Tese ( Dout orado) – Geor gia St at e Univer sit y, Geor gia, 1995.

BRUYNE, P.; HERMAN, J.; SCHOUTHEETE, M. Dinâm ica da pesquisa em ciências

sociais. 2a. ed. Rio de Janeir o: Francisco Alves, 1982.

CALÁS, M. Wor k psychology and or ganizat ional behavior : m anaging t he individual at w or k. Academ y of Managem ent Review, v. 17, n. 4, p. 812- 818, Oct . 92.

_______.; SMI RCI CH, L. Past post m oder nism ? Refl ect ions and t ent at ive dir ect ions.

Academ y of Managem ent Review, v. 24, n. 4, p. 649- 671, 1999.

CARRI GAN, T.; CORNELL, B.; LEE, J. Towar d a new sociology of m asculinit y. I n: BROD, H. ( Ed.) . The m aking of m asculinit ies: t he new m an’s at t it udes. Bost on: Allen and Unw in, 2002. p.37- 54 .

CAVEDON, N.; FERRAZ, D. O r efl exo do sim bólico nas est rat égias dos per m issionár ios do viadut o Ot ávio Rocha. I n: ENCONTRO DE ESTUDOS EM ESTRATÉGI AS, 1., 2003, Cur it iba. Anais... Cur it iba: 2003, CD- ROM.

CHARAUDEAU, P; MAI NGUENAU, D. Dicionár io de análise do discur so. São Paulo: Cont ext o, 2004.

COCHRAN, S. Em er ging issues in r esear ch on lesbians’ and gay m en’s m ent al healt h: Does sexual or ient at ion r eally m at t er ? Am er ican Psychologist , 56, p.931-947, 2001.

COSTA, F. I gualdade e difer ença nas lut as dem ocr át icas: t ensão const ant e. I n: ASSOCI AÇÃO BRASI LEI RA DE PSI COLOGI A , 14., 2007, Rio de Janeir o. Anais... Rio de Janeir o, 2007.

(15)

consequence of het er osexism , hom ophobia, and st igm at izat ion. I n: HEREK, G. M. ( Ed.) . St igm a and sexual or ient at ion: under st anding pr ej udice against lesbians, gay m en, and bisexuals. Thousand Oaks, CA: Sage, 1998. p. 138- 159. V. 4.

DOTY, A. Flam ing classics: queer ing t he fi lm canon. London: Rout ledge, 2000. ESCANDI UZZI , F. [ online] . O Brasil sai do ar m ár io. Revist a Época, n. 315, 27/ 05/ 2004. ht t p: / / r evist aepoca.globo.com / Revist a/ Epoca. Acessado em : 28 out .2008.

FAOUR, R. Hist ór ia sexual da MPB. São Paulo: Ed. Recor d, 2006.

FELI PE, J. Hom ofobia e const r ução das m asculinidades na infância. Ar quipélago: Revist a de Livr os e I déias, Por t o Alegr e: I nst it ut o Est adual do Livr o, n.7, p. 19- 21, out . 2006.

FLEURY, M. Ger enciando a diver sidade cult ural: exper iência de em pr esas brasileiras.

RAE – Revist a de Adm inist r ação de Em pr esas, São Paulo, v. 40, n.3, p.18- 25, j ul./

set . 2000.

FOUCAULT, M. Dit os e escr it os. São Paulo: Galim ar d, 1994. V. I V.

FREI TAS, M.E. Assédio m oral e assédio sexual: faces do poder per ver so nas

or ganizações. RAE- Revist a de Adm inist r ação de Em pr esas de São Paulo, v. 41, n. 2, p. 08- 30, abr./ j un. 2001.

_______. Cult ur a or ganizacional: ident idade, sedução e car ism a? Rio de Janeir o: FGV, 1999.

_______; HELOANI , R.; BARRETO, M. Assédio m or al no t r abalho. São Paulo, Cengage, 2008.

GASKELL, G. Ent r evist as individuais e gr upais. I n: BAUER, M. W.; GASKELL, G. ( Or g.) . Pesquisa qualit at iva com t ext o, im agem e som : um m anual pr át ico. Pet r ópolis: Vozes, 2002. p.123- 139

GERGEN, K. The concept of self. New Yor k: Holt , Rinehar t & Winst on, 1991. GOFFMAN, E. A r epr esent ação do Eu na vida cot idiana. Pet r ópolis: Vozes,1963. GOLDENBEG, M. A ar t e de pesquisar: com o fazer pesquisa qualit at iva em ciências sociais. 4ª ed. Rio de Janeir o: Recor d, 2000.

GREEN, J. Além do car naval: a hom ossexualidade m asculina no Brasil do século XX. São Paulo, Brasil: Edit ora Unesp, 2000.

GUI MARÃES, M. Relação de afet o e dir eit os. Psique. São Paulo: Ed. Escala, n. 16, p. 25- 38, 2007.

GUTKOSKI , C. Ent r e t apas e beij os, a novela das oit o paut a o debat e. Ar quipélago: Revist a de Livr os e I déias, Por t o Alegr e: I nst it ut o Est adual do Livr o, n. 7, p. 19- 21, out . 2006.

HELOANI , J. R. M. Assédio m oral - um ensaio sobr e a expr opr iação da dignidade no t rabalho. Revist a de Adm inist r ação de Em pr esas Elet r ônica, São Paulo, v. 3, n. 1, j an./ j un. 2004.

HEREK, G. Beyond “ Hom ophobia” : a social psychological per spect ive on at t it udes t owar ds lesbians and gay m en. Jour nal of Hom ossexualit y, v. 10, n. 1/ 2, p. 1- 21, 1990.

HI RI GOYEN, M. F. Assédio m or al: a violência per ver sa no cot idiano. 5. ed. Rio de Janeir o: Ber t rand, 2002.

(16)

_______. Polít ica de diver sidade: um a quest ão de discur so? I n: ENCONTRO

NACI ONAL DA ASSOCI AÇÃO NACI ONAL DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMI NI STRAÇÃO - EnANPAD, 30., 2007, Rio de Janeir o. Anais... Rio de Janeir o: ANPAD, 2007. _______. Est rat égias de sobr evivência dos gays no am bient e de t rabalho. I n: ENCONTRO NACI ONAL DA ASSOCI AÇÃO NACI ONAL DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMI NI STRAÇÃO - EnANPAD, 30., Rio de Janeir o, 2007. Anais... Rio de Janeir o: ANPAD, 2007b

_______. Discr im inação por or ient ação sexual no am bient e de t rabalho: um a quest ão de classe social? Um a análise sob a ót ica da pós- m oder nidade cr ít ica e da queer t heor y. I n: ENCONTRO DE ADMI NI STRAÇÃO PÚBLI CA E GOVERNANÇA- EnAPG, 3., 2008, Salvador. Anais... Salvador : APG, 2008.

LOPES, D. O hom em que am ava r apazes e out r os ensaios. Rio de Janeir o: Aer oplano, 2002.

MACHADO, F. Muit o além do ar co- ir ís. A const it uição de ident idades colet ivas ent r e a sociedade civil e o Est ado. Disser t ação ( Mest rado) - Pr ogram a de Pós- Graduação em Psicologia, Univer sidade Federal de Minas Gerais, Belo Hor izont e, 2007.

MELO, M. C. O. L.; LI MA, M. E. A. A nova ordem cont rat ual na em presa: cidadania e relações de t rabalho. I n: NEDER, Ricardo T. ( Org.) . Olhares sobre a gest ão e

cidadania no Brasil. São Paulo: Paulicea, 1995. p. 37- 54 .

MEYER, I . Minor it y st r ess and m ent al healt h in gay m en. Jour nal of Healt h and

Social Behavior, n. 36, p. 38- 56, 1995.

MOTT, L. Hom ofobia no Brasil. Ar quipélago: Revist a de Livr os e I déias, Por t o Alegr e: I nst it ut o Est adual do Livr o, n. 7, p. 19- 21, out . 2006.

MORI N, E. Per cept ion of j ust ice, m oral cor r ect edness and em ployees m ent al healt h. I n: I NTERNATI ONAL CONGRESS OF APPLI ED PSYCHOLOGY, 26., 2006, At enas.

Anais… At enas, 2006.

NECCHI , V. Car icat os e anor m ais. Ar quipélago: Revist a de Livr os e I déias, Por t o Alegr e: I nst it ut o Est adual do Livr o, n. 7, p. 19- 21, out . 2006.

NKOMO, S.; COX, T. Diver sidade e ident idade nas or ganizações. I n: CLEGG, S.; HARDY, C. e NORD, W. Handbook de est udos or ganizacionais. São Paulo: At las, 1999. p.117- 133.

PAUCHANT, T. Managem ent , et hics and healt h. I n: I NTERNATI ONAL CONGRESS OF APPLI ED PSYCHOLOGY, 26., 2006, At enas. Anais… At enas, 2006. CD- ROM.

PUTNAM, L.; FAI RHURST, G. Discour se analysis in or ganizat ions: issues and concer ns. I n: JABLI N, J.; PUTNAM, L. ( Ed.) . The new handbook of or ganizat ional

com m unicat ion: advances in t heor y, r esear ch, and m et hods. Thousand Oaks, CA:

Sage, 2001. p. 123- 142.

RAGI NS, B.; CORNWELL, J. Pink t r iangles: ant ecedent s and consequences of per ceived w or kplace discr im inat ion against gay and lesbian em ployees. Jour nal of

Applied Psychology, p. 1244- 1261, 2001.

RAY, M. The r ichness of phenom enology: philosophic, t heor et ic, and m et hodologic concer ns. I n: MORSE, J. ( Ed) . Cr it ical issues in qualit at ive r esear ch m et hods. Thousand Oaks: Sage Publicat ions, 1994. p. 117- 133.

ROBI NS, S.; COULTER, M. Adm inist r ação. São Paulo: LTC, 1998.

(17)

SANTOS, B. A const r ução cult ural da igualdade e da difer ença. I n: SANTOS, B. A

gr am át ica do t em po: para um a nova cult ura polít ica. São Paulo: Cor t ez Edit ora,

2006. p. 279- 316. V. 4.

SANTOS, U. Mét odos qualit at ivos par a pesquisa em adm inist r ação: caract er ização e r elacionam ent o aos paradigm as para pesquisa. Tese ( Dout orado) - Univer sidade Federal do Rio de Janeir o, Rio de Janeir o, 2000

SARAI VA, L. A. S.; PI MENTA, S. M.; CORRÊA, M. L. Dim ensões dos discur sos em um a em pr esa t êxt il m ineira. Revist a de Adm inist r ação Cont em por ânea, Cur it iba, v.8, n.4, p.57- 79, out ./ dez. 2004.

SCHI FFRI N, D. Appr oaches t o discour se. Oxfor d, UK: Blackw ell, 1994. SEI DMAN, S. Queer t heor y / sociology. Cam br idge: Blackw ell, 1996 SENNETT, R. A cor r osão do car át er. Rio de Janeir o: Recor d, 1999.

SI LVA, A. Mar chando pelo ar co- ír is da polít ica: a Parada do Or gulho LGBT na const r ução da consciência colet iva dos m ovim ent os LGBT no Brasil, Espanha e Por t ugal. Tese ( Dout orado em Psicologia Social) - Pont ifícia Univer sidade Cat ólica de São Paulo, São Paulo, 2004.

SI QUEI RA, M.; FERREI RA, R.; ZAULI - FELLOWS, A. Gays no am bient e de t rabalho: um a agenda de pesquisa. I n: ENCONTRO NACI ONAL DA ASSOCI AÇÃO NACI ONAL DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMI NI STRAÇÃO – EnANPAD, 30., 2005, Salvador.

Anais... Salvador : ANPAD,, 2005. CD- Rom .

SI QUEI RA, M.; ZAULI - FELLOWS, A. Diver sidade e ident idade gay nas or ganizações. I n: ENCONTRO NACI ONAL DE ESTUDOS ORGANI ZACI ONAI S - ENEO, 4., 2006, Por t o Alegr e. Anais... Por t o Alegr e: ANPAD, 2006, CD- ROM.

SLUSS, D.; ASHFORD, B. Relat ional ident it y and ident ifi cat ion: defi ning our selves t hr ough w or k r elat ionships. Academ y of Managem ent Review, v. 32, n. 1, p. 9- 32, 2007.

STATI , S. Le t r ansphr ast ique. Par is: PUF, 1990.

THOMPSON, V.; NOEL, J.; CAMPBELL, J. St igm at izat ion, discr im inat ion, and m ent al healt h t he im pact of m ult iple ident it y st at us. Am er ican Jour nal of Or t hopsychiat r y, v.74, n.4, p. 529- 544, Oct . 2004.

TONELLI , M. A quest ão das relações am orosas e fam iliares. I n: DAVEL, E.; VERGARA S. C. Gest ão com pessoas e subj et ividade. São Paulo: At las, 2001. p. 43- 59

VAN DI JK, A. Pr inciples of cr it ical discour se analysis. Discour se and Societ y, v. 4, n. 2, p. 249- 283, 1993.

VI CKERS, M. I llness, w or k and or ganizat ion: post m oder n per spect ives, ant enar rat ives and chaos nar rat ives for t he r einst at em ent of voice. Jour nal of

Cr it ical Post m oder n Or ganizat ion Science, v. 3, n. 2, p. 74- 88, 2005.

WEI NBERG, T. Gay m en, gay selves: t he social const r uct ion of hom osexual ident it ies. New Yor k: I r vingt on, 1972.

Ar t igo r e ce bido e m 1 3 / 1 1 / 2 0 0 9 .

Últ im a v e r sã o r e ce bida e m 1 9 / 0 5 / 2 0 1 0 .

Referências

Documentos relacionados

Considerando esses pressupostos, este artigo intenta analisar o modo de circulação e apropriação do Movimento da Matemática Moderna (MMM) no âmbito do ensino

(2008), o cuidado está intimamente ligado ao conforto e este não está apenas ligado ao ambiente externo, mas também ao interior das pessoas envolvidas, seus

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

Por outro lado, os dados também apontaram relação entre o fato das professoras A e B acreditarem que seus respectivos alunos não vão terminar bem em produção de textos,

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

O exemplo da exploração de quartzito em Pirenópolis possibilita o entendimento dos processos da atividade de mineração bem como o diagnóstico e prognóstico dos impactos inerentes

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

Costa (2001) aduz que o Balanced Scorecard pode ser sumariado como um relatório único, contendo medidas de desempenho financeiro e não- financeiro nas quatro perspectivas de