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Aspecto sanitário de pisciculturas do litoral sul catarinense

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

FACULDADE DE CIDNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

ASPECTO SANITÁRIO DE PISCICULTURAS DO

LITORAL SUL CATARINENSE

Neida Lucas Bortoluzzi

Médica Veterinária

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

FACULDADE DE CIÂNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

ASPECTO SANITÁRIO DE PISCICULTURAS DO

LITORAL SUL CATARINENSE

Neida Lucas Bortoluzzi

Orientador: Flávio Ruas de Moraes

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária (Patologia Animal).

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Bortoluzzi, Neida Lucas

B739a Aspecto sanitário de pisciculturas do litoral sul catarinense / Neida Lucas Bortoluzzi. – – Jaboticabal, 2013

iv, 77 p. ; 28 cm

Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2013

Orientador: Flávio Ruas de Moraes

Banca examinadora: Fabiana Bozzo, Eduardo Makoto Onaka, Marcello Pardi de Castro, Rogério Salvador

Bibliografia

1. Resíduo orgânico. 2. Tilápia. 3. Parasitos. 4. Santa Catarina. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 619:616:639.3

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DADOS CURRICULARES

NEIDA LUCAS BORTOLUZZI – Nasceu em 06 de maio de 1984 em Tubarão,

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"A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser.”

Francisco Cândido Xavier

“E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre.”

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AGRADECIMENTOS

À Deus e guias por que sem dúvida foram a minha fonte primordial de amparo, direção e persistência a cada etapa da realização deste trabalho.

À minha mãe, Claudete, que deixou suas atividades e compromissos de lado para se tornar minha equipe de trabalho no campo. Ao meu pai, Ismael, que por vezes fez o papel de auxiliar e de apoio no campo. E obrigada a ambos por não me deixarem esmorecer no caminho deste sonho, por me mostrarem que o conhecimento liberta e nos traz uma curiosidade instigante a cada interrogação do caminho desde minha mais tenra idade. Vocês são os maiores e melhores exemplos de vida, amor e companheirismo.

Ao meu orientador, Professor Flávio, que apesar da necessidade do meu retorno a Santa Catarina, me compreendeu e soube que eu não quebraria minha promessa de terminar o doutorado a menos que por forças alheias. Não tenho como agradecer a confiança em mim depositada desde2007 independentemente dos obstáculos que surgiram a cada etapa do mestrado e doutorado! Obrigada pelas conversas, discussões, puxões de orelha!

Aos produtores rurais brasileiros e mais especialmente àqueles que doaram animais para realização deste trabalho. Vocês são exemplos vivos da superação diante das crises, possuem conhecimento de administração e percepção de negócio extraordinário. Não tenho palavras para agradecer os gestos que muitos viram como pequeno de doar animais para pesquisa, mas que poderá gerar novos trabalhos com consequências na redução dos custos produtivos, tão importantes à sobrevivência das pequenas propriedades de nosso Estado.

Ao Celso Pilati, que me auxiliou na execução final dos trabalhos com as amostras. Sem dúvida tua colaboração foi muito importante, mas ainda não terminamos. Irei em breve a Lages para tomarmos chimarrão, discutirmos algumas lâminas e refazer algumas colorações. Obrigada por tudo (do apoio para ir fazer pós em Jaboticabal e além da conclusão do doutorado)!

Aos membros das minhas bancas de qualificação e defesa que contribuíram enormemente com o trabalho por meio das sugestões e críticas. Muitíssimo obrigada por cada correção e questionamentos realizados, vocês me permitiram uma visualização “externa” do trabalho que estava sendo difícil para mim.

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estadias em Ribeirão Preto e Jaboticabal. Sinto grandes saudades de vocês e sempre pensarei em vocês com carinho, se precisarem de mim estou às ordens (podendo estar aparentemente sumida). Obrigada pelas conversas, risadas, planos de trabalho e lazer! Obrigada pela paciência Vivi, de ficar escutando as discussões de temas diversas minha com seus pais (e também as músicas que estão sendo muito úteis no campo)!

À Fabíola pelos mates e discussões variadas matando saudades aqui do sul, quando estávamos ambas em Jaboticabal e meus retornos eventuais. Obrigada guria também pelo abrigo em Lages e por me ajudar a matar a saudades da serra catarinense enquanto moraste naquelas paragens. Grande abraço para ti!

Aos amigos, Paula e Israel pelos auxílios com recuperação de computadores, muitas conversas, apoio e colaboração no projeto (inclusive os peixes). Obrigada Paula por me ajudar a regular meu consumo obsessivo de café logo que começamos a trabalhar juntas. E obrigada pela paciência Israel pelas inúmeras vezes que te liguei precisando falar com a Paula.

Às gurias que dividiram apartamento comigo no início do doutorado, Lígia e Roberta! Não tenho como agradecer a paciência com minha súbita mudança. Recordo com carinho a época que morei com vocês!

Aos meus animais de estimação, Candy, Vick, Théo, Galileu, Hanna e a Paloma (in memorian) que nem sempre compreenderam minha necessidade de ficar horas e horas fora de casa e depois mais horas e horas na frente do computador, quase sem brincar e recebendo carinho com “hora marcada”. Não tem preço todo o carinho que recebo de vocês, assim como não existem palavras que expliquem o que sinto por vocês minhas crianças (tudo bem que vocês não dão a mínima de serem citados aqui, talvez preferissem que eu gastasse este tempo fazendo algo diferente e para vocês...).

Aos meus irmãos, sobrinho e demais familiares que nem sempre compreenderam minha necessidade de transformar finais de semana em dias de trabalho, noites em horas e mais horas de estudos e trabalho também, sei que momentos perdidos não podem ser revertidos, mas tenho certeza que poderemos desfrutar ainda de muitas horas de alegria e confraternização!

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IX SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...XI

LISTA DE TABELAS...XII

RESUMO...13

ABSTRACT...14

ASPECTOS GERAIS...15

Doenças na piscicultura...20

Doenças parasitárias...23

Doenças bacterianas...25

Doenças não infecciosas...27

Nutrição...27

Manejo...31

OBJETIVO...34

MATERIAL E MÉTODOS...35

Propriedades...35

Animais...37

Necropsia...37

Processamento das amostras...38

RESULTADOS E DISCUSSÂO...39

Característica produtiva das propriedades...43

Agentes patogênicos identificados...50

(11)

X

CONCLUSÂO...56

REFERDNCIAS...57

ANEXO 1...75

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XI LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Imagem de satélite do Estado de Santa Catarina, sendo demarcada pelo retângulo a região na qual estão localizados os municípios alvos da pesquisa...31

Figura 02- Exemplares de tilápia da mesma propriedade que apresentavam infestação por monogenóides e sinais clínicos de infecção oportunista por fungos e bactérias. Em (A) podem ser observadas várias lesões brancas com aspecto de pluma pelo corpo do animal que em (B) são perceptíveis apenas por pontos mais claros (seta). Em (B) a hemorragia consequente a infecção secundária mostra-se mais acentuada próximo ao opérculo e nadadeiras peitoral e dorsal...37

Figura 3 – Propriedade de Grão Pará com a estrutura característica da região para produção de intensiva de suínos (seta), bovinocultura de leite com pastagem cultivada, piscicultura consorciada (cabeça da seta) e reflorestamento com eucalipto com uso de mão de obra familiar (casa do produtor indicada em 1) e área de produção de até 50 hectares mantendo a área de preservação permanente...42

Figura 4 -Hepatopâncreas de tilápia com hemossiderose e degeneração vacuolar hepática. Coloração HE...50

Figura 5 -Rim de um jundiá (Rhamdia quelen) com intenso infiltrado inflamatório mononuclear intersticial, necrose de coagulação dos túbulos. Coloração HE...51

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XII LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Municípios componentes da região de Tubarão de acordo com o número de propriedades que executam atividades produtivas comerciais nas áreas de suinocultura, avicultura, piscicultura e bovinocultura...13

Tabela 02- Frequência média (erro padrão) de propriedades com animais doentes ou sem lesões e sinais clínicos por município avaliado...36

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13 ASPECTO SANITÁRIO DE PISCICULTURAS DO LITORAL SUL

CATARINENSE

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo avaliar a condição sanitária de pisciculturas em municípios do litoral sul catarinense por meio da identificação dos agentes com potencial patogênico e da avaliação da distribuição dos focos de doenças, bem como a ocorrência de doenças em relação ao regime alimentar. As colheitas foram realizadas em 136 animais de 32 propriedades distribuídas em seis municípios da região de Tubarão/SC. Os peixes foram submetidos ao raspado cutâneo e colheita de fragmentos branquiais para pesquisa a fresco de parasitos. Fragmentos de fígado, rim, brânquias e demais órgãos que apresentaram lesão macroscópica à necropsia foram colhidos para exame histopatológico. No exame a fresco foram encontrados Gyrodactiluu

spp., Arguluu spp., Trichodina spp.. Em nenhuma das propriedades foram observadas lesões por infecções secundárias isoladas, mas estas estavam sempre acompanhadas por lesões decorrentes da ação parasitária ou coexistência de lesão hepática e/ou renal.

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14 SANITARY ASPECT THOSE FISH FARMS ON THE SOUTH COAST OF

SANTA CATARINA

ABSTRACT

The aim of this assay was to evaluate the sanitary condition those fish farms on the south coast of Santa Catarina state throught the identification of pathogenic agents, as well as the relation between illness and diet. The samples were made in 136 animals distribute on 32 fish farms in six cities around Tubarão/SC. The animals were skin scraped and fragment gills samples were extracted for parasites research in natural conditions and liver, kidney, gill samples and others organs with macroscopic lesions for histopathology. In the natural conditions research was found Gyrodactiluu spp., Arguluu spp.,

Trichodina spp.. None farm with cutaneous infection were found alone, they were always present with cutaneous parasite or liver and/or kidney lesions.

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15 ASPECTOS GERAIS

No Brasil a atividade aquícola comercial é variada, explorando cerca de duas dúzias de espécies de peixes, camarões e moluscos bivalves. Apesar disso, o maior volume de produção e comércio é realizado com pequeno número de espécies, com destaque na piscicultura para a tilápias-do-Nilo (Oreochromiu niloticuu). A produção mundial das espécies de tilápia em 2010 apresentou expressivo crescimento correspondendo a 13,5% da produção mundial, inferior a de carpas (31,3 %) e camarões marinhos (17,3%) (FAO, 2012).

O país ainda apresenta, no entanto, resultados modestos de desenvolvimento devido aos processos de produção pouco tecnificados e à falta de informação sobre espécies nativas com potencial zootécnico (PRIETO et al., 2006).

O Estado de Santa Catarina localiza-se na região sul do Brasil, entre as latitudes -26,020526° e -29,354480°, longitudes -48,359296° e -53,816077° (tomando como princípio seus pontos mais extremos). Apresenta extenso litoral delimitado pelo embasamento cristalino no setor centro-norte (Serra do Mar) e sul (Serra Geral) (HARAKAWA, 2009).

As condições extremas de temperatura e precipitação proporcionam desafio na produção de organismos aquáticos por serem fontes importantes de estresse aos animais.

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16 A característica de pequena propriedade com menos de 100 hectares, em conjunto com a necessidade de profissionalização das atividades produtivas, foram apontados na região como limitadores para a permanência dos jovens nas propriedades. Desta forma, as atividades que podem ser integradas, agregadoras de valor a propriedade e que gerem renda são importantes para a permanência dos futuros produtores no local.

A capacitação dos produtores em diferentes atividades é alvo de entidades públicas e privadas no Estado catarinense ao longo dos anos. Dentre estas entidades podem ser citadas as universidades do Estado, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), associações de produtores rurais e de trabalhadores rurais, entre outras.

A bacia hidrográfica do rio Tubarão é composta por 22 municípios (Tabela 01), com destaque estadual na produção agropecuária e industrial, além do comércio bem desenvolvido.

O litoral sul catarinense abriga a segunda maior concentração de suínos do Estado de Santa Catarina, sendo em sua maioria produtores independentes descendentes principalmente de alemães e italianos.

A pecuária da região destaca-se pela bacia leiteira, produção de suínos e avicultura. Como consequência desse ramo produtivo, a região teve o crescimento concomitante da indústria do agronegócio decorrente daquela produção.

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17 Fonte: Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina-2012

*Valor referente ao número de propriedades com atividade comercial. ¹Municípios participantes do trabalho.

Município Suinocultores* Avicultores* Piscicultores* Bovinocultores

Armazém¹ 60 1 50 721

Braço do Norte¹ 476 26 55 1259

Capivari de Baixo 0 0 0 216

Garopaba 0 0 4 545

Grão Pará¹ 245 44 56 786

Gravatal 2 0 8 906

Imaruí 0 9 0 1437

Imbituba 2 4 2 710

Jaguaruna 18 20 1 802

Laguna 0 1 8 1024

Paulo Lopes 0 1 2 575

Pedras Grandes 10 19 39 583

Rio Fortuna¹ 81 18 168 737

Sangão 4 8 0 455

Santa Rosa de Lima¹ 14 10 151 360

São Ludgero¹ 40 98 65 476

São Martinho 25 0 35 543

Treze de Maio 10 34 8 655

Tubarão 2 5 3 1561

TOTAL 989 318 655 14351

Nas décadas de 60 e 70, ocorreu no Estado catarinense o incentivo à produção de peixes como forma complementar da renda das famílias e associação à criação de suínos nestas pequenas unidades produtivas (INSTITUTO CEPA, 1996; VALENTI, 2000). Esse estímulo se deu por órgãos governamentais com a instalação do serviço de extensão pesqueira, postos e estações de piscicultura em vários municípios (POLI et al., 2000).

Os resíduos da criação de suínos e aves geraram alterações ambientais importantes na região junto com o rejeito do carvão mineral (BORTOLUZZI, 2003). Entre as medidas adotadas para diminuir o impacto ambiental da produção intensiva de suínos e aves, está o uso dos dejetos destes na produção de peixes que tem obtido grande crescimento nos últimos anos.

Em sistemas intensivos, os alimentos industrializados (rações) são a fonte principal ou exclusiva de nutrientes para os peixes e podem representar até 70% dos custos de produção (LOVELL, 1998).

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18 A produção natural de alimento no tanque pode ser uma fonte importante de proteína e, se a espécie de peixe produzida for capaz de utilizar esta fonte, pode-se obter bom desenvolvimento com rações de baixa concentração protéica (25% ou menos) se houver alta produção do alimento natural (LOVELL, 1998).

Todavia a acumulação de matéria orgânica e metabolitos em reservatórios, tanques e viveiros afeta negativamente o crescimento e a sobrevivência dos peixes (CYRINO et al, 2010).

Algas que crescem em ambientes eutróficos podem causar toxidez aos animais aquáticos e degradar potenciais produtos da aquicultura (BARAK et al., 2003; COLOSO et al., 2003).

Atualmente, os principais destinos dados aos resíduos de suínos são adubação das pastagens para a bovinocultura de leite ou de corte, além da produção de plâncton para a piscicultura. No entanto, a utilização de adubos orgânicos na piscicultura não é recomendada por favorecer a proliferação de agentes patogênicos (FRANCIS-FLOYD, 2005), risco de contaminação dos produtos dos animais expostos a este ambiente (UBEIRA et al., 2000; TORRES et al., 2000) e estresse (FRANCIS-FLOYD, 2005).

De acordo com Pilarski et al. (2004), as análises realizadas no músculo de Cyprinuu carpio não revelaram diferença microbiológica entre a produção desta espécie com ração e viveiros fertilizados com resíduos de suínos, neste caso com benefício secundário, do consórcio piscicultura + suinocultura, a possibilidade de diminuir os custos de produção.

Na piscicultura catarinense, as espécies dulcícolas apresentam maior representatividade e destas as exóticas possuem maior destaque. Isto ocorre porque essas espécies possuem alta adaptabilidade, são de fácil manejo e com um pacote tecnológico já desenvolvido (HARAKAWA, 2009).

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19 espécies de tilápias, jundiá (Rhamdia quelen), pacu (Piaractuu meuopotamicuu) e dourado (Salminuu spp.), segundo os produtores de alevinos da região.

Essa mudança reflete a preferência do consumidor por espécies com filés que apresentem menos ossículos e sabor mais agradável, maior resistência aos patógenos, tecnologia mais desenvolvida que facilitam o domínio da produção e geram maior lucro aos produtores (CREPALDI et al., 2006).

Historicamente, o processo de comercialização e industrialização do pescado, vinha sendo apontado como um dos pontos críticos da atividade na Região Sul. Esta preocupação fundamentava-se em:

- o baixo hábito de consumir peixes de água doce;

- as espécies produzidas apresentarem baixo valor comercial; - a comercialização concentrada no período da quaresma; - a inexistência do beneficiamento dos produtos de piscicultura.

Esta posição, contudo alterou-se gradativamente, graças ao crescimento da indústria de beneficiamento de pescado e da pesca esportiva, representados pelas unidades processadoras já instaladas e pesqueiros (POLI et al., 2000).

As espécies de tilápia reúnem várias característica que favorecem o aumento de sua produção que agradam produtores e consumidores, entre elas: alta taxa de crescimento (HASSANIEN et al., 2004), eficiência na conversão alimentar (PEZZATO et al., 2005), resistência a doenças (PLUMB, 1997; ARDJOSOEDIRO & RAMNARINE, 2002), capacidade de produção sob condições de estresse (GALL & BAKAR, 1999; EL-SAYED & KAWANNA, 2004) e facilidade na produção e obtenção de juvenis, carne palatável e ausência de espinhos intramusculares em forma de “Y” no filé (FURUYA et al., 2003).

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20 FRANCIS-FLOYD & REED, 2009). Todavia, demonstra apenas a população parasitária existente na produção e doenças bacterianas ou fúngicas oportunistas de maior ocorrência na produção comercial.

O tratamento das enfermidades parasitárias e infecciosas ainda é contraditório, principalmente em função da quase inexistência de fármacos com uso permitido em aquicultura no país e desconhecimento do metabolismo, farmacocinética e farmacodinâmica em peixes (BRASIL, 2012 a).

Doenças na piscicultura

A caracterização do sistema produtivo catarinense já foi alvo de diferentes trabalhos onde foram descritos agentes patogênicos que apresentam não apenas importância econômica, mas também para a defesa sanitária animal do Estado de Santa Catarina.

A Organização Internacional de Epizootias (OIE) mantém entre as doenças de notificação obrigatória a anemia infecciosa do salmão, infestação por Gyrodactyluu ualariu, herpesvírus da carpa koi, iridovírus, necrose hematopoiética epizoótica, necrose hematopoiética infecciosa, septicemia hemorrágica viral, virose primaveril da carpa, enquanto que o Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) mantem a vigilância sobre doenças de impacto econômico, à saúde pública e meio ambiente na aquicultura em áreas privativas, bem como o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) atua com maior ênfase na área de fomento à produção.

O investimento em espécies, mais adaptadas ou rústicas, que apresentem melhor resposta a agentes agressores, bem como a identificação dos principais agentes causadores de prejuízo na aquicultura alimentam a busca por princípios ativos que possam ser utilizados sem deixar resíduos na carne e subprodutos da atividade.

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21 (PNCRP), sendo que a origem dos produtos flagrados com resíduos de fármacos sofre sanções decorrentes de sindicância da Polícia Federal e ficam impedidos de comercializar seus produtos até terem resultados negativos em novas análises (BRASIL, 1999B).

Há trabalhos que sugerem diferença na susceptibilidade do hospedeiro frente a agentes patogênicos (SCHALCH & MORAES, 2005), principalmente correlacionado ao nível de estresse, aporte nutricional e espécie do agente e espécie do hospedeiro (FRANCIS-FLOYD, 2005).

Uma das principais características de um animal saudável é a sua habilidade de reagir na presença de estressor, pois as respostas gerais aos estímulos estressores são necessárias para o animal sobreviver e enfrentar as variáveis ambientais (LAPPIVAARA & OIKARI, 1999).

Os estímulos estressores (BONGA, 1997) aos peixes são consideradas:

- as rápidas e extremas alterações do ambiente físico;

- as interações intra ou interespecíficas como a predação, o parasitismo, a competição por espaço, alimento ou parceiro sexual;

- a interferência humana incluindo o manejo intrínseco à aquicultura;

- contaminação da água com as mais variadas substâncias.

A gama de enfermidades que acarretam prejuízos na criação de organismos aquáticos é extensa não apenas em relação a patógenos obrigatórios como oportunistas.

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22 Doenças de peixes podem ser controladas com o uso de quimioterápicos, vacinas ou imunoestimulantes (CYRINO et al., 2010), mas é importante que as substâncias sejam submetidas à aprovação do MAPA tornando possível o uso sem restrições legais.

A prevenção é a melhor maneira de garantir a saúde dos peixes. Em piscicultura há medidas que previnem o surgimento de enfermidades, entre estas é possível citar (MORAES & MARTINS, 2005; FRANCIS-FLOYD, 2005; MORAES & MORAES, 2009):

- evitar o manuseio desnecessário em especial nas épocas frias no caso de peixes tropicais;

- uso de filtros de cascalho e areia para evitar a invasão de espécimes silvestres;

- observação diária dos tanques eliminando animais mortos;

- atenção à densidade populacional fornecendo ração e oxigênio nas medidas recomendadas;

- desinfecção de viveiros com cal e exposição ao sol;

- quarentena dos animais;

- uso de cloreto de sódio em situações de estresse;

- suplementação da ração fornecida aos animais com imunoestimulantes;

- cuidado com os materiais utilizados no manejo dos animais.

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23 A correta caracterização e identificação dos problemas de enfermidades e seus agentes causais é necessária para que se possa estabelecer o ciclo epidemiológico e definir os métodos de controle e profilaxia (COSTA, 2002).

Doenças parasitárias

O parasitismo é uma estreita relação inter-específica entre organismos, onde o parasito depende e causa prejuízo para o outro, considerado hospedeiro (OVERSTREET, 1978).

Entre os parasitos de peixes conhecidos poucos são considerados agentes patogênicos primários graves, o ictioparasitismo é frequente, quase constante, e as doenças parasitárias exteriorizam-se quando as condições ambientais são adequadas à reprodução do parasito, permitindo a proliferação do agente etiológico.

Nas populações de peixes de cativeiro, os parasitos causam surtos graves de doença, pois a tecnologia utilizada e as alterações do seu biótopo natural favorecem a transmissão dos parasitos monoxenos (KLINGER & FLOYD, 2009), a persistência dos portadores ou dos hospedeiros intermediários dos parasitos heteroxenos que em ambiente natural estariam sujeitos a predação.

Acresce que, para sua rentabilidade final, a superconcentração animal nas criações intensivas, os hábitos gregários (cardumes) da maioria das espécies piscícolas e as alterações inusitadas do meio, podem favorecer a reprodução de certas espécies parasitárias, aumentando o seu número e poder de transmissão, tornando-as, direta ou indiretamente, muitíssimo patogênicas (CARVALHO-VARELA, 2005).

(25)

24 população, prejuízo na conversão alimentar com menor crescimento concomitante, e por fim dificuldade de comercialização do peixe (FERREIRA et al., 2006, SANTA CATARINA, 1997; SANTA CATARINA, 1998) e/ou aumento de seu custo de produção (ROHDE, 1982).

É importante considerar que o número de parasitos necessários para causar o estado de doença num peixe, varia consideravelmente com a espécie parasitária, a idade do hospedeiro, a sua predisposição maior ou menor para a mesma (CARVALHO-VARELA, 2005), e o tipo de ambiente em que está o espécime (TAVARES-DIAS et al., 1999; TAKEMOTO et al., 2004).

A maior parte dos parasitos dos peixes já conhecidos, salvo os de especificidade-hospedeiro restrita, possui uma distribuição geográfica mundial, isto é, são cosmopolitas. Com o início da produção comercial da piscicultura, verificou-se a introdução de espécies exóticas não ambientadas às explorações, pela transfaunação intra e intercontinental dos peixes mais apetecíveis ao consumidor. Estes peixes transportam geralmente agentes patogênicos de outras regiões, os quais se tornam mais agressivos para os novos hospedeiros, ampliam a sua distribuição geográfica e dificultam o seu domínio, desequilibrando o ecossistema local, pois é rara a aplicação da quarentena (CARVALHO-VARELA, 2005, TAVARES-DIAS et al., 2013).

A legislação sanitária animal de Santa Catarina prevê que o produtor é diretamente responsável pela saúde de seu rebanho podendo responder administrativamente na ocorrência de enfermidades com impacto econômico cuja aquisição de animais sem o devido respaldo da documentação sanitária (SANTA CATARINA, 1997; SANTA CATARINA 1998), que neste caso reflete-se na Guia de Trânsito Animal somada ao Atestado Ictiossanitário expedido por médico veterinário.

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25 representam papel fundamental na sua aplicação, mas geralmente não são seguidas (CARVALHO-VARELA, 2005).

A fauna parasitária dulcícola pode apresentar diferentes composições dependendo da espécie de hospedeiro, do nível da cadeia trófica em que o hospedeiro se enquadra, da idade, do tamanho, do sexo e de outros fatores bióticos e abióticos (EIRAS et al. 1986).

Mesmo em propriedades em que o produtor adota medidas preventivas há o risco de surgirem casos de doenças parasitárias, pois os peixes podem albergar diferentes de espécies de parasitos em suas fases intermediárias. Neste caso, a infestação ocorrerá principalmente em áreas onde é mantida a relação presa/predador (CARVAJAL & GONZÁLEZ, 1990).

A avaliação parasitária é importante ferramenta em diferentes situações como no estudo de ambientes naturais, investigação de episódios de mortalidades, condição sanitária de propriedades (SCHALCH & MORAES, 2005), fatores que influenciam o parasitismo (GOMES, 2008; BARQUETE, 2006), risco a saúde pública (UBEIRA et al., 2000; TORRES et al., 2000) e medidas sanitárias adotadas (INSTITUTO CEPA, 1996; SANTA CATARINA, 1997, SANTA CATARINA, 1998).

Doenças bacterianas

No Brasil as doenças bacterianas em pisciculturas ocorrem de forma secundária, devido basicamente às deficiências de manejo, baixa qualidade de água e uso indiscriminado de substâncias químicas entre estes antibióticos (COSTA, 2002).

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26 são, por excelência, responsáveis por infecções secundárias oportunistas quando os peixes estão debilitados pelo estresse ou por alguma enfermidade prévia, especialmente se houver soluções de continuidade (MORAES & MARTINS, 2005).

A maior parte das bactérias de peixes pode ser controlada com a administração de antibióticos na água ou ração, no entanto o sucesso da terapêutica depende do estado de saúde dos animais. O tempo de carência para o consumo da carne pode chegar a até 40 dias e a não observância desse período pode trazer consequências graves para o consumidor, como alergias e infecções resistentes a antibióticos (MORAES e MARTINS, 2005).

Diferentes autores têm destacado dados salientando alguns gêneros ou espécies bacterianos como grandes causadores de mortalidade e medidas sanitárias passíveis de serem adotadas na produção de peixes no Brasil, entre estes: Streptococcuu spp. (SALVADOR et al., 2011; ZANOLO et al., 2011, SALVADOR et al., 2012), Flavobacterium columnare (SEBASTIÃO et al., 2010), Weiuuella sp. (FIGUEIREDO et al., 2012), Aeromonau spp. (GODOY et al. 2008), Edwarduiella tarda (NUCCI et al., 2002).

Há informações isoladas por gênero ou espécies bacterianas também para outros países produtores de peixe como Franciuella auiatica (SOTO et al., 2010), Franciuella noatunenuiu (COLQUHOUN & DUODU, 2011; SOTO et al., 2013), Aeromonau spp. (Francis-Floyd, 2009), entre outros.

Doenças não infecciosas

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27 espécies utilizadas na produção, entre outros fatores que podem gerar estresse ao indivíduo.

Nutrição

As doenças de origem nutricional podem ser de difícil diagnóstico dependendo dos sinais clínicos que forem apresentados e da capacidade do produtor em constatar a enfermidade no tanque antes da ocorrência de doenças oportunistas.

Os sinais clínicos mais comuns, em caso de deficiência nutricional, em peixes são a perda de peso, falta de apetite e escurecimento da pele (ROBERTS, 1989).

As doenças nutricionais podem estar relacionadas tanto com contaminação dos insumos utilizados na produção do alimento fornecido aos animais (RUSSO & YANONG, 2010), como no equilíbrio da formulação do mesmo.

As dietas não balanceadas afetam negativamente o aproveitamento de nutrientes. Pois os níveis dietéticos de nutrientes, quando abaixo ou acima daqueles exigidos, podem interferir na digestibilidade e absorção de outros nutrientes.

O uso excessivo de alimentos ou rações não balanceadas reduzem a absorção de nutrientes pelos peixes, o que pode resultar em excesso de matéria orgânica nos sistemas de produção (CYRINO et al., 2010).

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28 baixa eficiência de ingestão alimentar, alto aporte de nutrientes na água, além da dissipação de vitaminas e minerais (CASTAGNOLLI, 2005).

Os peixes regulam o consumo de alimento principalmente pela quantidade de energia dietética. Portanto, se a dieta contém altos níveis de energia, a saciedade pode ser alcançada antes de o peixe ter consumido a quantidade de nutrientes necessária para obtenção de um bom índice de crescimento (PEZZATO et al., 2005).

A nutrição de peixes encontra-se longe de estabelecer padrões de exigências que possam ser utilizados pelos nutricionistas de forma padronizada. Entre vários fatores que contribuem para tal estagnação, destaca-se o fato de que os peixes, por destaca-serem animais aquáticos, apredestaca-sentam dependências direta e indireta do meio onde vivem, estando sujeitos a condições ambientais de difícil manipulação, se comparados com as oferecidas aos animais terrestres (PEZZATO et al., 2005).

As exigências nutricionais estão diretamente relacionadas com a espécie, fase de desenvolvimento, sexo e estádio de maturação sexual, sistema e regime de produção, temperatura da água, frequência de arraçoamento e qualidade da dieta.

A determinação das exigências nutricionais considera as características anatômicas e morfológicas do sistema digestório e os diferentes hábitos e comportamentos alimentares (PEZZATO et al., 2005).

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29 O nitrogênio ocorre na água em sua forma original e como nitrato, nitrito, amônio e amônia, sendo esta a mais tóxica para organismos aquáticos. Suas principais fontes são os excrementos, fertilizantes e a decomposição microbiana de compostos nitrogenados como as proteínas.

Assim é necessário o controle rigoroso da população de peixes nos tanques de cultivo, bem como da utilização de níveis adequados de fertilizantes e da quantidade de matéria orgânica presente para que a criação não tenha sua higidez prejudicada (MORAES & MARTINS, 2005).

A tilápia é um modelo interessante para o estudo do metabolismo de carboidratos, pois embora considerada fitoplanctófaga, pode alimentar-se de grande variedade de alimentos naturais, incluindo invertebrados aquáticos, larvas de peixes, detritos, matéria orgânica em decomposição, apresentando grande capacidade de aceitar alimentação artificial, seja na forma farelada, peletizada ou extrusada, sugerindo que a espécie possua mecanismos enzimáticos bem desenvolvidos para utilização de carboidratos (GALLI & TORLONI, 1984; LOVSHIN & CYRINO, 1998).

O uso do resíduo da criação de suínos e aves na criação de peixes é utilizado pelas propriedades entrevistadas com o objetivo principal de reduzir o volume de efluentes oriundos da criação comercial daquelas espécies. Secundariamente sobrevém à necessidade de redução dos custos da piscicultura com a produção abundante de alimento natural. Este por si só é de excelente qualidade nutricional ao considerarmos que a base da piscicultura comercial na região é feita com espécies de tilápia.

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30 (B5), piridoxina (B6), cianocobalamina (B12), colina, biotina, ácido fólico, inositol e ácido ascórbico (PEZZATO et al., 2005).

Alguns ingredientes apresentam substâncias antagonistas que prejudicam a utilização das vitaminas pelos peixes. Entre estes compostos destacam-se: tiaminase (fator antitiamina que pode ser degradado pelo calor), galactoflavina (antagonista da riboflavina), deopiridoxina (antipiridoxina que pode ser degradada pelo calor), 6-mercaptopurina, 2,6-diaminopurina e 8-azaguanina (estes três antagonistas do ácido pantotênico), antimetabólico da niacina (pode ser superada aumentando a dosagem de niacina no alimento) e avidina (agente antibiotina que pode ser degradado pelo calor) (PEZZATO et al., 2005).

Além da eliminação/redução de substâncias antagonistas da ração, o processamento da mesma deve levar em conta a velocidade de trânsito do alimento pelo sistema digestório para que exista um melhor aproveitamento dos nutrientes (FEDRIZI, 2009).

Os elementos minerais são importantes em diversos aspectos do metabolismo dos peixes, entre os quais podemos destacar a resistência e rigidez óssea, a manutenção do equilíbrio osmótico com o meio aquático, a manutenção do sistema nervoso e endócrino, e enzimas envolvidas nos processos metabólicos. Diferentemente dos demais animais, os peixes apresentam a particularidade de ter como fonte de suprimentos minerais a dieta como o meio em que vive (PEZZATO et al., 2005).

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31 substâncias não legalizadas para a aquicultura e que, portanto, não tem seu efeito tóxico suficientemente conhecido, tanto para os animais de produção quanto aos animais que fazem parte do ecossistema (GOMES, 2008).

Manejo

Apesar do controle empírico de qualidade de água realizado pelos produtores comerciais, onde não são mantidos os registros destas análises, os tanques apresentaram em sua maioria grande concentração de matéria orgânica consequente ao uso de resíduos da criação de suínos ou aves.

O excesso de matéria orgânica no sistema produtivo é apontado por diferentes autores (KLINGER & FLOYD, 2009; FRANCIS-FLOYD, 2009B; ROJAS, 2006) como fonte de estresse em virtude da variação do oxigênio dissolvido e risco sanitário. Este excesso de matéria orgânica, em geral, é consequente ao uso mal dimensionado de fertilizantes no tanque ou ao fornecimento excessivo de ração aos peixes.

Alguns piscicultores acreditam que os dejetos de animais podem servir de alimento para os peixes, entretanto há atualmente um número significativo de trabalhos que demonstram que a suposição é falsa. Os peixes não necessariamente conseguem aproveitar nutrientes não absorvidos pelos mamíferos ou aves (ARANA, 2004).

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32 A qualidade e a quantidade dos efluentes da aquicultura variam em função do sistema de produção, técnicas de manejo e estratégia de produção adotada (COLT, 1991).

O uso de alimentos e rações, e o consequente manejo nutricional dos peixes, definirão a severidade do impacto ambiental causado pela piscicultura, em proporção direta com a intensificação dos sistemas de produção (CYRINO et al., 2010).

Do ponto de vista da fertilidade da água dos viveiros, os macronutrientes, notadamente o nitrogênio, fósforo e potássio, são fundamentais para o crescimento do fitoplâncton. Contudo estes elementos são relativamente escassos nos tanques, desta forma o fitoplâncton consegue esgotá-los rapidamente tornando necessária a fertilização (ARANA, 2004).

Entretanto, as bactérias e o zooplâncton conseguem utilizá-lo como fonte de alimento para sua proliferação. Assim sendo, a figura de aproveitamento do resíduo por parte dos peixes muda: em vez de o peixe consumir um produto de baixíssimo valor nutricional que é o resíduo puro da criação de suínos ou aves, o animal passa a aproveitar um produto com elevado valor biológico que é o resíduo colonizado por bactérias e zooplâncton, considerando que estes microrganismos compõem uma fonte importante de proteínas, vitaminas e minerais (ARANA, 2004).

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33 As enfermidades bacterianas são responsáveis por graves mortalidades, tanto em peixes no ambiente natural como nas criações. A água, principalmente quando contém excesso de matéria orgânica, é um meio ideal para o crescimento de muitos gêneros bacterianos (ROBERTS, 1981). Somado a este fato, o muco da superfície corporal e o trato digestório dos peixes albergam uma ampla microbiota. As bactérias saprófitas são responsáveis por infecções oportunistas quando os peixes estão debilitados pelo estresse ou por alguma enfermidade prévia, especialmente quando há solução de continuidade (MORAES & MARTINS, 2004). Nos casos de excesso de matéria orgânica deve-se ter um rígido controle da condição sanitária dos animais, densidade populacional e conhecimento das técnicas de manejo permitindo a intervenção no momento mais oportuno e evitando maiores prejuízos.

O uso de resíduos da criação de outros animais deve ser usado com critério também no que se refere ao resíduo de medicamentos, pois muitos destes são eliminados através das fezes e/ou urina, já biotransformados ou em sua molécula ativa, sendo escassas as informações sobre a quantificação de fármacos utilizados na pecuária. O cuidado com resíduo de medicamentos é importante, mas deve-se lembrar de que não apenas os dejetos dos animais que estão sendo levados aos tanques, mas o resultado da lavação das instalações, mas também restos de alimentos contendo fármacos. A presença destes tem sido detectada em águas superficiais e subterrâneas com maior regularidade (FENT et al., 2006), apesar de estes compostos terem potencial interferência no metabolismo e comportamento dos organismos aquáticos (MORLEY, 2009).

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34 concentrações traço. Estes efeitos são avaliados em geral sob os aspectos da intoxicação dos organismos aquáticos (CARVALHO et al., 2009) ou risco para humanos (BILA & DEZOTTI, 2003) e não são encontrados dados sobre resíduos de medicamentos em pisciculturas comerciais que avaliem não apenas os efeitos negativos, mas a possível existência de fatores positivos em consórcios de produções de diferentes espécies animais na mesma propriedade.

OBJETIVO

O presente trabalho teve por objetivo geral identificar os parasitos existentes em peixes de pisciculturas comerciais nos municípios de Armazém, Braço do Norte, Grão Pará, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, São Ludgero.

Os objetivos específicos do projeto foram:

- identificar os principais parasitos causadores de doenças em peixes nas propriedades destes municípios no litoral sul catarinense;

- avaliar a influência do manejo nutricional na propriedade em relação à ocorrência da condição “doença” nos animais;

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35 Fonte: Google Earth, acesso em 05/12/2012.

Figura 01- Imagem de satélite do Estado de Santa Catarina, sendo demarcada pelo retângulo a região na qual estão localizados os municípios alvos da pesquisa.

MATERIAL E MÉTODOS

Propriedades

As colheitas foram realizadas em 36 propriedades com ou sem histórico de mortalidade de peixes, em que o produtor apresentou o interesse na avaliação sanitária do sistema produtivo, distribuídas em seis municípios da região de Tubarão/SC.

Os municípios avaliados durante o projeto correspondem a 83,21% da produção comercial de peixes na região de Tubarão/SC. A área correspondente a estes municípios inicia na encosta da Serra Geral e se estende em direção ao leste do Estado até o Oceano Atlântico (Figura 01).

O período de colheitas foi concentrado na segunda quinzena de julho de 2012 a primeira quinzena de novembro de 2012.

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36 Foi avaliado qual o modelo de alimentação fornecido aos peixes na propriedade quanto à integração com outra atividade da propriedade, em caso positivo identificado o resíduo da atividade utilizado e em caso negativo qual a forma de alimentação dos peixes.

Os produtos utilizados na fertilização dos tanques ou alimentação dos peixes são bastante variáveis na região. Desta forma, para melhor avaliar a influência de cada tipo de produto, as propriedades avaliadas foram separadas nos seguintes grupos:

1= Resíduo de aviário;

2=Resíduo de aviário e hortaliças;

3= Resíduo de aviário e ração;

4= Pesque Pague sem alimentação;

5= Pesque pague e ração;

6= Ração com formulação variável;

7= Resíduo de cozinha;

8= Resíduo de incubadora de aves;

9= Resíduo de suínos e ração;

10= Resíduo de suínos;

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37 Animais

Os animais foram capturados nos tanques com uso de rede ou anzol, identificados de acordo com a espécie para seleção de três a cinco indivíduos por espécie que apresentavam algum sinal clínico sugestivo de doença. Na ausência de sinais clínicos a seleção foi aleatória (KLINGER & FRANCIS-FLOYD, 2009).

Imediatamente após a captura, os animais foram colocados em água colhida do tanque de origem dos peixes para transporte até o local do exame. Para o procedimento de transporte foram utilizadas caixas plásticas de 20 L que após cada colheita eram desinfetadas com hipoclorito a 5% ou formol a 10% em conjunto com a rede utilizada.

Necropsia

Durante o exame de necropsia os animais foram avaliados quanto à identificação de parasitos, presença/ausência de lesões sugestivas de infecções secundárias fúngicas e/ou bacterianas, gravidade das lesões em relação à sobrevivência do peixe, distribuição dos agentes nas espécies de peixe de cada propriedade.

Os animais foram identificados por imagem quando apresentaram lesão macroscópica.

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38 Fragmentos de fígado, rim, brânquias e demais órgãos dos peixes que foram submetidos à necropsia e apresentaram lesão macroscópica foram colhidos para exame histopatológico.

Processamento das amostras

Os órgãos colhidos para exame histopatológico foram fixados em formol tamponado 10% e transportados para o Laboratório de Histologia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) para preparação e confecção das lâminas histológicas. O material foi incluído em parafina para confecção das lâminas com cortes seriados dos tecidos com 5,0 µm de espessura. Os mesmos foram corados com hematoxilina e eosina (HE) para leitura em microscopia de luz.

Os animais foram submetidos ao exame clínico e identificados por categorias:

0= Animal sem lesões macroscópicas externas e sem sinais clínicos de qualquer enfermidade. Nesta condição os animais foram considerados hígidos;

1= Animal com lesões, restritas a 20% da superfície corporal, sugestivas de enfermidade e sem sinais clínicos;

2= Animal com lesões, em mais de 20% da superfície corporal, sugestivas de enfermidades e sem sinais clínicos;

3= Animal com lesões, em mais de 20% da superfície corporal, sugestivas de enfermidades e com sinais clínicos.

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39 RESULTADOS E DISCUSSÂO

Em nove, do total de 32 propriedades, os 22 animais amostrados, independentemente da espécie, não apresentavam sinais clínicos, lesões macroscópicas ou parasitos. Foi verificado ainda que, em quatro propriedades os animais não apresentaram sinais clínicos, mas estavam com infestação por

Gyrodactiluu spp. nas brânquias.

Foram avaliados 136 animais provenientes de 32 propriedades distribuídas em oito municípios da região sul catarinense (Tabela 02). Destas propriedades, apenas cinco relataram a ocorrência de mortalidade no lote de peixes que estava na produção no momento da entrevista.

Os produtores informaram nestes casos que não realizaram nenhum tipo de tratamento. Apenas três produtores demonstraram interesse em realizar alguma forma de tratamento em virtude do aumento da mortalidade. Em uma das propriedades foi constatado número elevado de Gyrodactiluu spp. nas brânquias e as tilápias apresentavam sinais iniciais de infecção secundária sugestiva de aeromonose.

Em outras duas propriedades haviam infestações massivas por Arguluu

sp. com infecção secundária compatível com aeromonose e fúngica por saprolegniose concomitantes em todos exemplares avaliados.

Em nenhuma propriedade foi observada a existência de lesões por infecção secundária isoladas. Estas estavam sempre acompanhadas por lesões decorrentes da ação parasitária ou coexistência de lesão hepática e/ou renal (Tabela 02).

Em seis propriedades, de 25 tilápias examinadas, 12 apresentaram-se com baixa infestação por Trichodina sp. em pequeno número (três a cinco por campo de observação), mas sem histórico de mortalidade ou sinais clínicos. Destas, duas de uma mesma propriedade estavam com infestação também por

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40 Entre as 14 propriedades que apresentaram infestação por monogenóides apenas uma tinha histórico de mortalidade, apesar do número de parasitos não ser elevado, como já observado em literatura (Figura 02). Este fato reforça o observado por Vargas (1998) de que a existência de um quadro de parasitose não necessariamente corresponde à presença de sinais clínicos, provavelmente em função da seleção natural destes parasitos buscou impingir ao hospedeiro o mínimo de prejuízo e manter assegurada sua existência.

Município

Qualificação da lesão

Parasitária Bacteriana Fúngica Macroscópica Alteração

Armazém 1,500 (0,0180) 3,038 (0,250) 0,308 (0,301) 1,577 (0,110) Braço do Norte 2,875 (0,382) 0,000 (0,000) 0,000 (0,000) 2,25 (0,322) Grão Pará 2,210 (0,201) 2,842 (0,328) 1,263 (0,160) 2,210 (0,185) Rio Fortuna 2,636 (0,101) 0,204 (0,047) 0,045 (0,045) 1,318 (0,103) Santa Rosa de Lima 0,000 (0,000) 0,000 (0,000) 0,000 (0,000) 5,000 (0,000) São Ludgero 2,923 (0,246) 0,461 (0,110) 0,346 (0,111) 0,423 (0,075)

As epizootias são o resultado da ruptura na relação equilibrada hospedeiro/parasito/ambiente, criada por condições artificiais (VARGAS, 1998). Os monogenóides foram os parasitos mais frequentemente encontrados nas propriedades avaliadas, contudo a frequência no número de casos de mortalidade de tilápias não diferiu entre as espécies de parasitos encontrados.

Durante o período da pesquisa foi observado que os produtores que utilizam resíduos da criação de suínos ou aves, além da ração, enviam ao final da produção os animais para abate, enquanto os que mantêm o uso do resíduo enviam seus animais a pesque pagues.

Além disto, os produtores informaram que os animais são produzidos basicamente com resíduo de outras espécies recebendo apenas na fase final

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41 de terminação somente a ração, pois para realizar a entrega para agroindústria deve ser respeitado o período de dois a três meses de arraçoamento.

Essa exigência surgiu a partir da agroindústria pela necessidade de eliminação de possíveis resíduos de fármacos utilizados em suínos e aves, além do tratamento de doenças nos próprios peixes ou em função da necessidade de diminuir a contaminação na superfície corporal dos peixes antes de sua chegada à indústria. Esta última justificativa para o procedimento Figura 02- Exemplares de tilápia da mesma propriedade que apresentavam infestação por monogenóides e sinais clínicos de infecção oportunista por fungos e bactérias. Em (A) podem ser observadas várias lesões brancas com aspecto de pluma pelo corpo do animal que em (B) são perceptíveis apenas por pontos mais claros (seta). Em (B) a hemorragia consequente a infecção secundária mostra-se mais acentuada próximo ao opérculo e nadadeiras peitoral e dorsal.

A

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42 realizado pelos produtores corrobora as observações de Oliveira & Viegas (2004) que citam o fato de os peixes vivos e seus produtos crus, além dos microrganismos não patogênicos inerentes ao produto, podem estar contaminados por grande número de bactérias patogênicas oriundas do ambiente aquático ou do manuseio e processamento como Cloutridium botulinum, Vibrio parahaemolyticuu, Liuteria monocytogeneu, Eucherichia coli,

Salmonella sp., Staphylococcuu aureuu, entre outros. Contudo não se descarta que a eliminação de traços de fármacos do pescado possa ocorrer no período que está suspenso o uso de resíduos da criação de suínos e aves.

Os antimicrobianos são amplamente utilizados para prevenir ou tratar infecções microbianas nos animais e no homem, sendo utilizados para acelerar o crescimento e desempenho dos animais, inclusive na aquicultura (KUMMERER, 2004, CARRASCHI et al., 2011). Apesar dos casos de parasitoses encontrados, na região não há registro da aquisição de medicamentos específicos para peixes nas agropecuárias. Ao contrário dos medicamentos comercializados para as demais espécies animais, onde uma quantidade expressiva de fármacos possui o registro de comercialização. Estes medicamentos verificados são utilizados basicamente em suínos, bovinos e aves.

A contaminação do ambiente constitui-se em sério risco à saúde pública, principalmente a contaminação da água que recebe dejetos de suínos, bovinos e aves não tratados corretamente (PETERSEN et al., 2002). Tendo em vista que os sistemas humanos, suínos e bovinos são intimamente relacionados pelas cadeias produtivas de alimentos, a transferência de bactérias resistentes é importante risco à saúde pública, levando em conta não só o consumo de alimentos, como também o caráter ocupacional desta infecção (SCHROEDER et al., 2002).

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43 agroindústria tanto com objetivo de reduzir a carga bacteriana da superfície do peixe, como risco de resíduos de fármacos.

O uso de medicamentos em piscicultura deve ser restrito aos registrados no MAPA. Contudo, de forma recorrente pode ser observado o uso de substâncias não regulamentadas, como por exemplo, fármacos utilizados no controle de pragas.

Em contrapartida, grande número de pesquisas busca opções mais viáveis sanitária e ambientalmente por meio do favorecimento do sistema imune (MORAES & MORAES, 2009). Considerando que os maiores entraves na piscicultura brasileira são as doenças oportunistas consequentes ao estresse a que os animais são submetidos, o direcionamento das pesquisas buscando o reequilíbrio do organismo sem prejudicar o ambiente rompem o ciclo vicioso.

Entre os principais compostos que possuem atividade nutracêutica incluem-se as vitaminas, microminerais e oligossacarídeos. Todavia, esse tipo de tecnologia ainda não está ao alcance dos produtores como revelado nas entrevistas.

A adição de vitaminas e minerais na ração para peixes de cativeiro pode trazer benefícios como a diminuição do índice de parasitismo e com isso os prejuízos da produção. Além disso, o impacto ambiental será menor uma vez que o uso de substâncias não legalizadas para a aquicultura também será reduzido, diminuindo também os efeitos sobre organismos não alvo que fazem parte do ecossistema (GOMES, 2008).

Característica produtiva das propriedades

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44 As pisciculturas na região avaliada contam com a assistência técnica de profissionais da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) ou contratados eventualmente pela Associação de Piscicultores.

A assistência fornecida não se resume a atendimentos aleatórios em casos de doenças, pois a Associação de Piscicultores, de acordo com os relatos, realiza com frequência de três a quatro vezes por ano palestras, cursos e “palestras - dia de campo”.

O conteúdo das palestras, de acordo com os produtores, envolve normalmente medidas profiláticas na produção, reconhecimento de doenças nos peixes e sinais clínicos das principais enfermidades que ocorrem na produção, construção de tanques e discussões sobre a legislação ambiental e sanitária.

Os produtores demonstram bom conhecimento de medidas básicas de profilaxia que demonstram que as atividades de educação sanitária realizadas pela Associação de Piscicultores e EPAGRI dão bons resultados. Estes estão relacionados à avaliação frequente das características das propriedades e recursos das propriedades quando da implantação de projetos com financiamento supervisionado pelas entidades relacionadas.

A implantação da atividade aquícola deve considerar as características das comunidades, harmonizando o processo produtivo com a cultura local (HARAKAWA, 2009), refletindo na existência de mão de obra de forma cooperada entre produtores e aplicação das técnicas transmitidas nos cursos realizados.

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45 Os produtores que fazem da piscicultura a atividade principal da propriedade, tem ainda o cuidado em adquirir peixes de pisciculturas que possuam acompanhamento de profissional com conhecimento ictiossanitário, não utilizam os resíduos da criação de animais, realizam mensurações semanais para avaliação da qualidade da água e avaliam o comportamento dos animais no momento do arraçoamento.

O reconhecimento de doenças, apesar dos treinamentos, ainda figura como um dos pontos de maior dúvida entre os produtores, pois poucos sabem informar o momento exato em que deveria ser chamado um técnico para assistência, e buscam auxílio apenas quando começa a ocorrer mortalidade.

O reconhecimento de doenças está relacionado aos parasitos para a maior parte dos produtores que permitiram a colheita de amostras, sendo a

Lernaea spp. a espécie parasitária mais citada.

Há necessidade de correção destas deficiências, pois a observação diária do comportamento e da alimentação dos peixes auxilia a constatação precoce de doenças e o tratamento antes que a maioria dos peixes se encontre com quadro severo da doença aumentando as chances de sucesso da terapia.

Os custos da produção são elevados quando ocorrem doenças, pois se perde o investimento com os juvenis, os custos de aquisição e aplicação de fármacos e baixo (ou nenhum) crescimento durante a convalescença (FRANCIS-FLOYD, 2005).

A correta caracterização e diagnóstico da situação sanitária das pisciculturas se faz necessária para que se possa estabelecer os ciclos epidemiológicos e definir métodos de controle e profilaxia (COSTA, 2002).

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46 um lote de animais é decisiva para obtenção da guia de trânsito animal e de seus produtos (SANTA CATARINA, 1997).

Na Figura 3 é possível observar uma das propriedades participantes do trabalho. Esta propriedade demonstra as diversificações produtivas necessárias à manutenção de pequenas unidades de produção. A necessidade de aproveitamento do espaço, intensificação dos sistemas produtivos, organização das atividades transformando as propriedades em empresas familiares.

Verificou-se que as propriedades têm sofrido com o êxodo rural, sendo apontado como um dos maiores custos da produção independentemente da atividade. Esta é uma das razões que faz com que os produtores tenham maior interesse na produção de tilápias para frigoríficos ao invés de outras espécies Figura 3 – Propriedade de Grão Pará com a estrutura característica da região para produção de intensiva de suínos (seta), bovinocultura de leite com pastagem cultivada, piscicultura consorciada (cabeça da seta) e reflorestamento com eucalipto com uso de mão de obra familiar (casa do produtor indicada em 1) e área de produção de até 50 hectares mantendo a área de preservação permanente.

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47 para pesque pagues, pois os primeiros oferecem parcerias, onde são fornecidos os juvenis e realizam a despesca após o tempo acordado. Em outra opção a agroindústria assume os custos e o trabalho da despesca após o contrato de compra dos peixes.

As espécies de peixe produzidas nas propriedades dependem do objetivo da criação, sendo normalmente espécies de tilápia para abate ou pesque pagues, carpas e espécies ornamentais (lebiste, paulistinha, kinguio,etc) para ornamentação de propriedades ou venda para tal, e jundiá, dourado, pacu para pesque pagues.

A origem dos peixes é bastante variada, pois os produtores não fazem parcerias para aquisição. Entre as propriedades avaliadas os municípios de origem dos animais foram: região de Joinville (peixes ornamentais e carpas); Braço do Norte e Ituporanga para as espécies de tilápia, dourado (os juvenis são adquiridos no interior de São Paulo e trazidos para revender em Braço do Norte), pacu e jundiá (estas duas últimas são revendidas no Estado, mas sua origem de acordo com os produtores é a região serrana do Rio Grande do Sul).

A traíra é uma espécie nativa da região e em pisciculturas que não utilizam nenhuma forma de filtro na água liberada dos tanques normalmente acabam sendo encontradas pelos produtores no momento da despesca. O peixe por ter hábito carnívoro, provavelmente é atraído aos tanques em função da oferta de alimento (ração e os juvenis de outras espécies).

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Nei

de Luces Bortoluzzi

48

Onde: 1=resíduo de aviário; 2= resíduo de aviário e hortaliças; 3= resíduo de aviário e ração; 4= pesque pague sem alimentação; 5= pesque pague e ração; 6= ração com formulação variável; 7= resíduo de cozinha; 8= resíduo de incubadora de aves; 9= resíduo de suínos e ração; 10= resíduo de suínos; 11= hortaliças.

Tabela 3 – Comparações realizadas pelo Teste de Dunn (p˂0,05) entre as características de produção em relação à ocorrência da condição de doença nas propriedades. As letras na tabela demonstram diferença significativa entre as características produtivas das propriedades.

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49 Nas propriedades com característica 7, resíduo de cozinha, os peixes não apresentaram qualquer forma de lesão, enquanto que nas propriedades que utilizam resíduo de aviário ocorreram lesões causadas por parasitos, lesões hepáticas e renais.

Nas propriedades com característica produtiva 3, uso concomitante de resíduo de aviário e ração, foi registrada a ocorrência de lesão por infecção secundária, induzidas por parasitos, lesões hepáticas e renais.

A inexistência de lesões em peixes oriundos de pesque-pague pode ser explicada pela frequência que os tanques são repovoados na região avaliada. Os proprietários realizam despescas periódicas dos tanques para seleção dos peixes e eliminação dos animais doentes ou com aspecto repugnante (causado por fungos ou bactérias normalmente). Enquanto que os produtores nas propriedades que utilizam resíduos orgânicos evitam procedimentos de biometria em função das condições climáticas na maior parte do ano.

O ciclo de produção na propriedade comum dura em torno de sete meses, sendo que destes cinco a seis meses correspondem aos meses de temperaturas mais baixas, onde não é recomendado o manejo dos animais para evitar o estresse do manejo se some ao das condições climáticas. Ou seja, há duas situações distintas de manejo dependendo da finalidade produtiva dos animais, estando ambas amparadas por argumentos técnicos.

As lesões bacterianas e parasitárias foram semelhantes nos peixes produzidos com uso de resíduo de aves e suínos.

As propriedades em sua maioria (39,96%) fazem o uso da adubação orgânica para produção de plâncton ou fornecimento de restos da horticultura ou de incubatório de aves, estes produtos são utilizados com intuito de reduzir gastos com a alimentação dos peixes.

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50 água possui características físicas e químicas que devem estar equilibradas. A quebra desse equilíbrio pode exercer influências negativas sobre os animais nela viventes determinando alterações da homeostase orgânica (MORAES & MARTINS, 2004).

As propriedades que utilizam resíduos da criação de suínos ou aves realizam como atividade principal da propriedade a produção destes animais. No caso de uso das aves, o resíduo primeiramente é enviado para fermentação onde permanece por uma a duas semanas para, então, ser colocado no tanque dos peixes. O uso de resíduos de suíno ocorre de duas formas, sendo a primeira (podendo ter um período de permanência na esterqueira) através do recolhimento do resíduo que é conduzido para uma prensa que separa parcialmente a parte sólida e libera o líquido direto para os tanques dos peixes.

A segunda forma é o uso direto de resíduo da criação dos suínos nos tanques, este tipo de resíduo recebe a denominação de “esterco verde”. Kang’ombe et al. (2006) ao avaliarem a capacidade de produção de plâncton de resíduos de aves, suínos e bovinos em pequenas propriedades verificaram que o primeiro apresenta maior eficiência nesta produção, além de conferir melhores características à composição da carcaça dos animais ao final do período produtivo.

Agentes patogênicos identificados

Os casos de mortalidade observados estavam todos relacionados à infestação por parasitos, sendo que em duas propriedades por infestação de

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51 Nas propriedades com peixes ornamentais havia o histórico de mortalidade com início súbito após inclusão de novos indivíduos oriundos de ambiente natural e outras propriedades, natação errática, inapetência. Todavia, verificou-se que nem todos os casos de infestação por parasitos estavam relacionados com mortalidade, a manutenção da homeostase do organismo do peixe muito provavelmente encontrou um patamar de interação de fatores ambientais e da natureza do próprio agente parasitário, onde neste caso o animal teve condições de suprir suas demandas fisiológicas e zootécnicas.

A coinfestação por Dactylogyruu spp. e Trichodina upp.ocorreu em tilápias de apenas uma propriedade, mas o índice de infestação para ambos parasitos foi pequeno (até dois parasitos por campo), os peixes apresentaram hiperplasia das brânquias sem apresentar sinais clínicos. A lesão branquial é compatível ao observado por Eiras et al. (1999) em em pacus de criação com infestação intensa por Dactylogyruu sp., infestação moderada por Trichodina

sp. e presença de cistos de mixosporídeo H. piaractuu, com abundante produção de muco e hiperplasia do epitélio branquial. De acordo com Dias et al. (2009), os tricodinídeos podem ocorrer tanto parasitando com numa relação de simbiose em uma ampla gama de hospedeiros de invertebrados e vertebrados em ambientes aquáticos ou terrestres.

Apesar de ter sido verificada a invasão de tanques de algumas propriedades por peixes nativos (SANTOS et al., 2003; LIZAMA et al., 2005), não foram encontrados parasitos digenéticos nas espécies exploradas comercialmente ou nas invasoras. A patogenia dos digenéticos em peixes é mais pronunciada nas infecções por metacercárias do que por adultos, pois estas podem encistar em qualquer tecido, exceto cartilagens e ossos, debilitando o hospedeiro (THATCHER, 1991).

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52 alimentação. Estes animais podem servir como disseminadores importantes destes parasitos considerando a área de deslocamento e contato com ambientes silvestres.

Os acantocéfalos são parasitos frequentes de peixes, seu ciclo de vida compreende um artrópode como hospedeiro intermediário e um vertebrado como hospedeiro definitivo, no entanto pode existir um hospedeiro paratênicos que podem ter o papel desempenhado pelos peixes (EIRAS, 1994). Em levantamentos parasitários realizados na bacia do Rio Paraná, este grupo de parasitos não foi igualmente observado (KOHN et al., 1985; KOHN & FERNANDES, 1987).

No caso dos crustáceos, foram observadas duas propriedades com

Arguluu sp. tendo alta mortalidade principalmente em carpas comum e japonesa de finalidade ornamental. Eiras (1994) discorre que os crustáceos possuem um grande número de espécies e podem ser causa direta de mortalidades elevadas de peixes independente da idade, além de poderem ser vetores de doenças de etiologia vírica e, presumivelmente, hospedeiros definitivos de hemoparasitos de peixes.

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53 Histopatologia

As alterações histopatológicas resultam de uma variedade de mudanças bioquímicas e fisiológicas no organismo (HINTON & LAURÉN, 1990). Estas alterações em tecidos de peixe podem ser consequentes aos estressores do meio ambiente (HINTON et al., 1992) ou induzidas por agentes patogênicos. Nas propriedades avaliadas, além de parasitos, foram verificados como potenciais agentes estressores a superpopulação, o uso excessivo de matéria orgânica e a amplitude térmica de 24 horas superior a 10°C.

Essas alterações histológicas são consideradas mais sensíveis que os parâmetros relacionados apenas com o crescimento ou reprodução do indivíduo (TEH et al., 1997), pois a manutenção das taxas zootécnicas e reprodutivas apresentam alteração posterior ao desenvolvimento de lesões nos tecidos.

A avaliação histopatológica dos órgãos que apresentaram alguma forma de lesão macroscópica demonstrou que 41 animais estavam com quadro de hemossiderose hepática e/ou esplênica, sendo todos representantes de espécies de tilápia.

Analisando este dado em relação ao ambiente consorciado com suínos que os peixes estavam expostos, a hemossiderose pode ser consequente ao desequilíbrio alimentar mais propriamente do que em função da destruição de hemácias. Esse desequilíbrio da fonte alimentar é mais evidente ao considerarmos que estes animais não apresentaram alterações exceto nos órgãos de armazenamento de ferro (Figura 4).

Imagem

Tabela  1  –  Municípios  componentes  da  região  de  Tubarão  de  acordo  com  o  número  de  propriedades  que  executam  atividades  produtivas  comerciais  nas  áreas  de  suinocultura,  avicultura, piscicultura e bovinocultura
Figura 01- Imagem de satélite do Estado de Santa Catarina, sendo demarcada pelo retângulo  a região na qual estão localizados os municípios alvos da pesquisa
Tabela 3 – Comparações realizadas pelo Teste de Dunn (p˂0,05) entre as características de produção em  relação  à  ocorrência  da  condição  de  doença nas  propriedades
Figura  4  -Hepatopâncreas  de  tilápia  com  hemossiderose  e  degeneração  vacuolar hepática
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Referências

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