• Nenhum resultado encontrado

Biblioteca pública: a contradição de seu papel

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Biblioteca pública: a contradição de seu papel"

Copied!
116
0
0

Texto

(1)

MARIA CECI LIA PÏNÏZ NOGUEIRA

BIBLIOTECA PUBLICA:

A CONTRADICAO DE SEU PAPEL>

Belo HoA.-izon.te

(2)

MARIA CECILIA 0 INIZ NOGUEIRA

O S Ü Q M

U . F . M . G . - BIB LIO TEC A UNIVERSITÁRIA j « 1

IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

- « ; ’■ 1 6 3 1 3 8 5 8 2 o t b f U NÃO DANIFIQUE ESTA ETIQUETA

BIBLIOTECA PUBLICA:

A c o n t r a d i c ã o d e s e u p a p e l

D i s s e r t a ç a o de m e s t r a d o a p r e s e n ­ t a d a c o m o r e q u i s i t o p a r c i a l p a r a

a o b t e n ç ã o do g r a u de m e s t r e no C u r s o de P o s - G r a d u a ç a o e m B i b l i o

t e c o n o m i a da E s c o l a de B i b l i o t e ­

c o n o m i a da U F M G .

Orientado fia: pfio faeòòofia A gnela da Silva Giuòta

Co-orientado fia: Pro faes-òora Ana Mafiia Atkayde Polke

B e l o H o r i z o n t e

(3)

O t r a b a l h o c i e n t í f i c o n a s c e de u m a p r á t i c a e, e n ­ q u a n t o p r á tica, t r a n s m i t e v a l e r e s p a r t i c u l a r e s , t e n d o s e n t i ­ do no p l a n o do c o l etivo. É f u n d a m e n t a d o e m t e o r i a s c o n s t r u í ­ das p o r v á r i o s i n t e l e c t u a i s , que, por sua vez, l a n ç a r a m m ã o de p r i n c í p i o s d e f e n d i d o s p o r outrosj' i n c o r p o r a e x p e r i ê n c i a s v i v e n c i a d a s p e l o s que postulam a m e s m a c o n c e p ç ã o de m u ndo, e, p r i n c i p a l m e n t e , e m se t r a t a n d o de u ma d i s s e r t a ç ã o ou tese, q u a n d o c o n t a m o s c om u m e s p a ç o p a r a u m a d i s c u s s ã o c r ítica, re

f o r ç a p o n t o s de v i s t a e m f u n ç ã o do e x e r c í c i o de o r i e n t a ç ã o .

A d i s s e r t a ç ã o ou tese r e f l e t e m u m p r o j e t o de vida, d e v e n d o ser c o n s i d e r a d a s c o m o p a r t e de u m p r o c e s s o , p r o c e s s o e s t e c o m p a r t i l h a d o p o r m u itos, sob r e t u d o , p e l o s que c o n t r i ­ b u í r a m m a i s d i r e t a m e n t e p a r a a sua e l a b o r a ç ã o .

Ca.be,n e s t e mo m e n t o , e x p r e s s a r m e u r e c o n h e c i m e n t o aos que c o m p a r t i l h a r a m c o m i g o d e s t a e t a p a do p r o c e s s o de com p r o m e t i m e n t o .

Agn zt a da S i l v a Gíuòta,

p e l a d e d i c a ç ã o na a t i v i d a d e de o r i e n t a ç ã o . Você, A g n e l a , i m p r i m i u m a r c a s no m e u c r e s c i ­ m e n t o i n t e l e c t u a l , na m i n h a prática..

Ana Masiia Athaydz Po i kz ,

p e l a s o b s e r v a ç õ e s f eitas c o m o co~orienta.dora, possibilit.ando-me u m a a n á l i s e m a i s c r í t i c a d as p r a t i c a s da b i b l i o t e c o n o m i a .

Rzglna. dz r K z i t a ò Campo*,

(4)

Calo tina AngÕ-lica Baibo*a Satiba,

p ela f l e x i b i l i d a d e n a o r i e n t a ç ã o da n o r m a l i ­ zação .

Mala Mait&y Santo* ,

p e l o c a r i n h o na a t i v i d a d e da d a t i l o g r a f i a .

R e g i s t r o t a m b é m m e u a g r a d e c i m e n t o a t o d o s q u e p a r t i c i p a r a m das e n t r e v i s t a s f e itas na B i b l i o t e c a P u b l i c a de S a n ­ ta Luzia.

So b o u t r o ângulo, n e s t e t r a b a l h o se e n v o l v e r a m , ain da, a q u e l e s c o m q u e m m a n t e n h o u ma l i g a ç ã o m a i s pr ó x i m a . T a m b ê m a e l e s m e u r e c o n h e c i m e n t o .

V a l t l o ,

m e u c o m p a n h e i r o de m u i t a s a l e g r i a s v i v i d a s a dois.

knna CaH.ol.tna, Pauta, Bcatliz c B i & n o , m e u s f i l h o s , q u e m u i t o me en s i n a m . <

Papai,

p e l a s ua poesia.

Mamãe.,

p e l a sua coragem.

(5)

p e l a c o n s t â n c i a dos i n c entivos.

A m u i t o s ,

p e l a s l i ções de vida.

(6)

Oa òonkoò tn.aze.rn coviòigo dzs cncontnoé ,

dz&ZtuL&ão , ccnjh.ontcò ..

Mas, tem Áímnfte como c0mnanhe.ih.0 0,

o de.6e.jo, de.éaji.0, n a ixã o .

Can.fie.Qam a e.6ne.h.ança,

atingem a c&h.te.'za;

oí> de.6e,nc.ontfios caminham nana o z n c o n t n o ,

a de.6Íluâão anonta no vai iZuòõe.4,

o con&fionio de.6e.nha o ide.aZ.

(7)

F o l h a R E S U M O

A B S T R A C T

1 I N T R O D U Ç Ã O ... . ... 10 2 R E F E R E N C I A L T E Õ R I C O ... ... 15 2.1 Conòiderações s ob re o método d i a l é t i c o ... 15

2 . 2 0 todo social.: composição, a r t i c ul a ç ão e

transformação das relações s o c i a i s... 16

2 . 3 ÍÂodos de organização dos homens em s o c i e d a

de: produção da e x i s t ê n c i a m a te r i a l e s o ­

c i a l centrada na relação de cooperação e

na relação de dominação ... ... 17 2 . 4 0 Estado burguês ... 22.

•3 O R I G E M E F U N D A M E N T O S DA B I B L I O T E C A PÜ B L I C A : re-l e i t u r a da revisão de re-l i t e r a t u r a ere-laborada por

Suz a na P . M . Mu e l l e r ... 34

4 A B I B L I O T E C A P Ú B L I C A DE S A N T A LUZIA: estudo de

cas o ... 61

4. 1 Observações p r el im in are s ... 51 4 . 2 Vescrição do MunicZpio de S a n ta L u z i a . . . . 61 4 . 3 A B i b l i o t e c a P u b l i c a de San ta L uz i a em

suas rela çõ es com o contexto s o c i a l ... 6 2 5 C O N C L U S Ã O ... 91 6 B I B L I O G R A F I A ... ,n .

(8)

RESUMO

(9)
(10)
(11)

1. I N T R O D U Ç Ã O

P e l o p r e s e n t e e s tudo, a n a l i s a m o s a b i b l i o t e c a p ú b l i c a e n q u a n t o p r o d u t o h i s t ó r i c o i n s e r i d o no m o d o de p r o d u ­ ção c a p i t a l i s t a . E x a m i n a m o s e s t a i n s t i t u i ç ã o e m suas r e l a ­ ções c o m o c o n t e x t o s õ c i o - e c o n õ m i c o e i d e o l õ g i c o - p o l í t i c o , p ro c u r a n d o c o n h e c e r a sua d i n â m i c a i n t e r n a e as c o n c e p ç õ e s q u e en c o b r e m sua p a r t i c i p a ç ã o c omo i n s t r u m e n t o de i n t e r v e n ç ã o e c o n ­ t r o l e e x e r c i d o p e l a c l a s s e h e g e m ô n i c a .

T o m a n d o as r e l a ç õ e s s o c i a i s e m s u a t o t a l i d a d e , l e v a m o s e m c o n t a as c o n t r a d i ç õ e s i n e r e n t e s aos s i s t e m a s c e n t r a dos na d i v i s ã o s o c i a l e 'técnica do t r a b a l h o . C o n s i d e r a m o s a a r t i c u l a ç ã o o r g â n i c a e n t r e as r e l a ç õ e s i n f r a ~ e s t r u t u r a i s e s u ­ p e r e s t r u t u r a is c o m o f e n ô m e n o d i a l é t i c o , b u s c a n d o c o m p r e e n d e r o p a p e l do i n t e l e c t u a l (em p a r t i c u l a r do b i b l i o t e c á r i o ) e n q u a n ­ to m e d i a d o r das r e l a ç õ e s sociais.

V i s a m o s d e s v e l a r o p a p e l da b i b l i o t e c a e a b o r d a r a a m b i g ü i d a d e de s e u e x e r c í c i o : no d i s c u r s o a b i b l i o ­ t e c a p ú b l i c a a p r e s e n t a - s e c o m o r e c u r s o n e u t r o de e d u c a ç ã o p e r ­ ma n e n t e . C o n c r e t a m e n t e , ê u m a r t i f í c i o q u e p r o p i c i a a i n c u l c a ção i d e o l ó g i c a e a r e p r o d u ç ã o da f o r ç a de tra b a l h o ; s i m u l t a n e a me nte, c o n s t i t u i - s e e m u m i n s t r u m e n t o q u e a u x i l i a a - e d i f i c a ç ã o da c o n t r a - h e g e m o n i a .

N o s s o t r a b a l h o é r e a l i z a d o c o m b a s e na t e o r i a m a r x i s t a e, c omo tal, l ida c o m a e s s ê n c i a , q u e ê o c u l t a d a p e ­

la i d e ologia.

C o m o i n t u i t o de o b t e r m o s u m a v i s ã o m a i s a m p l a do p a p e l da b i b l i o t e c a , i n i c i a l m e n t e r e c o r r e r e m o s â r e v i s ã o de l i t e r a t u r a e l a b o r a d a p o r S u z a n a P. M. M u e l l e r 1 . E s t e e s t u d o

(12)

11

n os fornece alguns marcos da biblioteconomia, r e f l e t e as n u a n ç a s das p r á t i c a s i n s t i t u c i o n a i s da b i b l i o t e c a — d e s d e a o r i g e m da b i b l i o t e c a p ú b l i c a até a a t u a l i d a d e — e nos p e r m i t e r e v e l a r a f i l o s o f i a s u b j a c e n t e â i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o e ao f u n c i o n a m e n t o do r e c u r s o t é c n i c o e m análise.

E x a m i n a m o s a i n s t i t u i ç ã o e m foco t e n d o como apoio o e s t u d o de cas o da B i b l i o t e c a P ú b l i c a .Municipal T i b ú r c i o de Ol i v e i r a . A m e s m a é, p o r n õ s , t r a t a d a de B i b l i o t e c a P ú b l i c a de S a n t a Luzia, c i d a d e o n d e se localiza..

A a n á l i s e d e s t a r e a l i d a d e d e t e r m i n a d a — a b i ­ b l i o t e c a a c i m a r e f e r i d a — é d i r e c i o n a d a p e l a s s e g u i n t e s q u e s ­ tões :

1 -- Q u a l ê o p a p e l q u e a B i b l i o t e c a P ú b l i c a de S a n t a L u z i a d e s e m p e n h a na s o c i e d a d e e m que e s t á i n s e r i d (a?

2 - C o m o se c o n f i g u r a m a d e m a n d a e a u t i l i z a ç ã o da B i b l i o t e c a P ú b l i c a de S a n t a L u z i a p e l a p o p u l a ç ã o da " p a r t e alta" da c i d a d e ?

P a r a d e l i m i t a r m o s a á r e a da p e s q u i s a , p r i m e i r a ­ me nte, r e c o r r e m o s aos d o c u m e n t o s o f i c i a i s , n u m a t e n t a t i v a de o b t e r m o s u m q u a d r o g eral do m u n i c í p i o : h i s t ó r i a , e s p a ç o g e o ­ gráfico, d i s t r i b u i ç ã o s õ c i o - e c o n ô m i c a e f í s i c a da p o p u l a ç ã o , s u p o r t e s da e c o n o m i a e, e m p a r t i c u l a r , o s i s t e m a e d u c a c i o n a l , v i s t o q u e a b i b l i o t e c a p ú b l i c a ê, o f i c i a l m e n t e , u m r e c u r s o de e d u c a ç ã o p e r m a n e n t e . P a r a f a v o r e c e r a d e l i m i t a ç ã o , t a m b é m c o ­ le t a m o s i n f o r m a ç õ e s b á s i c a s s o b r e a r e l a ç ã o da i n s t i t u i ç ã o e m e s t u d o c o m a p o p u l a ç ã o do m u n i c í p i o e m q u e s t ã o . E s t a s f o r a m o b t i d a s a t r a v é s de u m e s t u d o e x p l o r a t ó r i o , q u a n d o u t i l i z a m o s os s e g u i n t e s i n s t r u m e n t o s :

- e n t r e v i s t a c o m a b i b l i o t e c á r i a

- o b s e r v a ç ã o do f u n c i o n a m e n t o da b i b l i o t e c a - q u e s t i o n á r i o e n v o l v e n d o u s u á r i o s , n ã o u s u á ­

rios e a u t o r i d a d e s formais

(13)

e e s p a l h a d o s n ú c l e o s p o p u l a c i o n a i s ,os quais, em m u i t o s casos, e s t ã o d i s t a n t e s da l o c a l i z a ç ã o d a q u e l a b i b l i o t e c a , e c o m b a s e no c o n h e c i m e n t o p r e l i m i n a r das p r á t i c a s da mesma, r e s t r i n g i m o s a a b r a n g ê n c i a da n o s s a p e s q u i s a e m t e r m o s da d e n o m i n a d a " p a r ­ te alta" da cidade, á r e a o n d e se e n c o n t r a a b i b l i o t e c a pública. E s t a d e c i s ã o j u s t i f i c a - s e p e l a p o l í t i c a a d o t a d a p e l a i n s t i t u i ­ ção, i m p o s s i b i l i t a n d o que seus s e r v i ç o s c u b r a m t o d a a á rea g e o g r á f i c a de S a n t a Luzia.

Ao s i t u a r m o s a b i b l i o t e c a p ú b l i c a no c o n t e x t o do t o d o s o c i a l l e v a n d o e m c o n t a o p r o c e s s o d i a l é t i c o das rela ç ões sociais, b u s c a m o s c o m p r e e n d e r a r e a l i d a d e d e sta i n s t i t u i ­ ção e f o r n e c e r c o n t r i b u i ç õ e s p a r a a f o r m a ç ã o e p r á t i c a do b i ­ b l i o t e c á r i o . P r e t e n d e m o s d e s v e n d a r o o c u l t o do s eu e x e r c í c i o

e m f u n ç ã o dos s e g u i n t e s o b j e t i v o s :

- v e r i f i c a r as r e l a ç õ e s dos u s u á r i o s da i n s t i ­ t u i ç ã o e m e s tudo, q u e r e s i d e m na "parte a l t a ” da c i d a d e de S a n t a Luzia, c o m a b i b l i o t e c a p ú b l i c a local.

- c o n h e c e r as b a r r e i r a s q ue i n t e r f e r e m na u tili zação da m e n c i o n a d a b i b l i o t e c a .

- p r o p i c i a r a r e f l e x ã o s o b r e o p a p e l da b i b l i o ­ t e c a p ú b l i c a no s i s t e m a c a p i t a l i s t a .

- f o r n e c e r e l e m e n t o s p a r a m e l h o r c o m p r e e n s ã o da b i b l i o t e c a p ú b l i c a d e n t r o do c o n t e x t o b r a s i ­

l e i r o .

(14)

13

t er i n d i v i d u a l i s t a . B u s c a m o s não s u b m e t e r o e n t r e v i s t a n d o a u m a r e a l i d a d e p r o n t a e p r é - d e t e r m i n a d a e, c omo tal,, c o n d u z i m o s as e n t r e v i s t a s n o s e n t i d o de p r o p i c i a r m a i o r e s p a ç o p a r a a m a ­ n i f e s t a ç ã o da pr á t i c a . E m ú l t i m a a n álise, t r a t a n d o do c o n t e ú ­ do c o n c r e t o da b i b l i o t e c a , c e n t r a m o s a e n t r e v i s t a no e n t r e v i s ­ tando/ v i s a n d o f a v o r e c e r a e x t e r i o r i z a ç ã o da p r á t i c a , e, a s ­ sim, c a p t a r as c o n t r a d i ç õ e s da r e l a ç ã o p e n s a m e n t o / a ç ã o .

O c o n j u n t o das e n t r e v i s t a s c o b r e as s e g u i n t e s c a t e g o r i a s : u s u á r i o s , f u n c i o n á r i a s e d i r e ç ã o da b i b l i o t e c a , a/u t o r i d a d e s f o rmais e i n f o r m a i s do s e t o r de a d m i n i s t r a ç ã o .p ú b l i ­ ca e da á r e a da e d u c a ç ã o . I n i c i a m o s as e n t r e v i s t a s c o m os usuá rios e , p o s t e r i o r m e n t e , e n t r e v i s t a m o s as f u n c i o n á r i a s e a dire t o r a da r e f e r i d a i n s t i t u i ç ã o . N u m a t e n t a t i v a de m e l h o r c a p t a r mos as c o n t r a d i ç õ e s s o c i a i s , c o l h í a m o s i n f o r m a ç õ e s c om os usu á r i o s , b u s c á v a m o s p e r c e b i - l a s sob o p r i s m a das f u n c i o n á r i a s e da d i r e ç ã o e ,e n t ã o r e p e t í a m o s o c i c l o das e n t r e v i s t a s . E s t e p r o c e s s o d e s e n r o l a v a - s e p o r m e i o de r e c o r r ê n c i a ao r e f e r e n c i a l te ó r i c o , q u a n d o l e v a n t á v a m o s h i p ó t e s e s e p r o c u r á v a m o s c h e c á - las e m u m a r e a l i d a d e d e t e r m i n a d a ; r e v í a m o s o c o r p o de t e o r i a s u t i l i z a d a s , r e t o r n a n d o , e m seguida, ao c a m p o de p e s q u i s a . N u ­ m a s e g u n d a e t a p a ,e n t r e v i s t a m o s as d e m a i s a u t o r i d a d e s f o r m a i s e as a u t o r i d a d e s inf o r m a i s .

O r o t e i r o das e n t r e v i s t a s foi d i r i g i d o p a r a l e ­ v a n t a r m o s i n f o r m a ç õ e s q u e nos p o s s i b i l i t a s s e m i d e n t i f i c a r :

- a d e m a n d a e a u t i l i z a ç ã o r e ais da b i b l i o t e c a p ú b l i c a n a s o c i e d a d e c a p i t a l i s t a

~ o f u n c i o n a m e n t o c o n c r e t o da B i b l i o t e c a P u b l i ­ ca de S a n t a L u z i a

- o p a p e l da b i b l i o t e c a p ú b l i c a na s o c i e d a d e ca p i t a l i s t a

(15)

v e s t i g a m o s as r e l a ç õ e s s o c i a i s c o n s i d e r a n d o a a r t i c u l a ç ã o o r g â n i c a e n t r e a i n s t â n c i a da i n f r a - e s t r u t u r a e a i n s t â n c i a da s u ­ p e r e s t r u t u r a . E s t a c o m p o r t a a s o c i e d a d e c i v i l — m o m e n t o i d e o ­ l ó g i c o — e a s o c i e d a d e p o l í t i c a — m o m e n t o c o e r c i t i v o . C o m o n o s s o o b j e t o de e s t u d o ê o c o n h e c i m e n t o da b i b l i o t e c a , p o r t a n ­ to i n s t i t u i ç ã o q u e f u n c i o n a p r e v a l e c e n t e m e n t e p e l a ideologia, c e n t r a m o s a a n á l i s e na s u p e r e s t r u t u r a e m a i s e s p e c i f i c a m e n t e n a s o c i e d a d e civil.

B u s c a m o s e m M a r x e E n g e l s e, p r i n c i p a l m e n t e nos t e ó r i c o s da s u p e r e s t r u t u r a , as e x p l i c a ç õ e s p a r a d e s v e n d a r m o s as q u e s t õ e s c o l o c a d a s . L a n ç a m o s raão do e s t u d o de K o s i k p a r a m e l h o r s u b s i d i a r m o s a c o m p r e e n s ã o do m é t o d o d i a l é t i c o . o e x a ­ me do p a p e l da bibliotec-a p ú b l i c a é d e s e n v o l v i d o , s o b r e t u d o , c o m o a u x í l i o das t e s e s de G r a m s c i e A l t h u s s e r . D e v i d o a a n a ­ l o g i a e n t r e a e s c o l a e a b i b l i o t e c a , r e c o r r e m o s a B o u r d i e u e P a s s e r o n e a E s t a b l e t e B a u d e l o t , i n c o r p o r a n d o t a m b é m c o n t r i ­ b u i ç õ e s de J a m i l Cury. N a s e l a b o r a ç õ e s de L a p a s s a d e e L o u r a u e B r a v e r m a n e n c o n t r a m o s e l e m e n t o s p a r a e n t e n d e r m o s os a s p e c t o s b u r o c r á t i c o s das i n s t i t u i ç õ e s .

(16)
(17)

que se d e p a r a com a " c o i s a e m si" (estrutura), c o n f o r m e a e x p r e s são de Kosik. P a r a se a t i n g i r a e s t r u t u r a , é n e c e s s á r i o e f e ­ tu ar-se, ao n í v e l da a b s t r a ç ã o t e órica, a d e c o m p o s i ç ã o do t o d o s o c i a l e, e m seguida, e l a b o r a r a sua r e c o n s t r u ç ã o .

Á ca fia c tg rZ s t i c a pngcZpua do con h g cim gn to c o n ­ s i s t g na d gcom posição do t o d o . A d i a l é t i c a não a t i n g g o pgnsamgnto dg fona pana d g n t n ò , ngm dg i m g d i a t o , ngm tampouco c o n s t i t u i ama dg, suas qua Z id a d g S ) o con h gcim g n to é qug g a. pr.5pr.ia d l a l g t i ca. gm uma das suas fo rm a s ; o co n h gcim gn to ê a dgcom posição do t o d o . 0 " c o n c g i t o " g~ft ” a b s t r a ­ ç ã o", gm uma concgpção d i a l é t i c a , têm o s i g n l f l cado dg mgtoao qug dgcompõg o todo pana p o d g r sigptioduzir. g s p i r i t u a l m g n t g a g s t r u t u r a da c o i s a , g, p o n t a n t o , comprggndgr, a c o i s a. 3

E m última, a n álise, c omo se p r o c u r a e x a m i n a r o o c u l t o e n c o b e r t o p e l a i d e o l o g i a ,já que a essência n ão se m a n i f e s ­ ta de i m e d i a t o , o m é t o d o _d i a l é t i c o m a t e r i a l i s t a t e m o m é r i t o de p r o p i c i a r a i n v e s t i g a ç ã o da c o n t r a d i ç ã o e n t r e t e o r i a e p r á ­ tica, a e x p l i c a ç ã o d e s t a d i s s o c i a ç ã o , e de a p o n t a r c a m i n h o s pa ra a c o n s t r u ç ã o da u n i d a d e p e n s a m e n t o / a ç ã o . E m o u t r a s p a l a ­ vras, i n s t r u m e n t a l i z a a t r a n s f o r m a ç ã o de u ma dada r e a l i d a d e .

2 . 2 O todo social: c o m p o s iç ã o , a n t i c u l a ç ã o g tfians fofimação das

n g la çõ g s. s o c i a i s

O m a t e r i a l i s m o h i s t ó r i c o c o n s i d e r a as r e l a ç õ e s s o c i a i s e m c o n e x ã o c o m o p r o c e s s o h i s t ó r i c o . T r a b a l h a c o m o t o d o s o c i a l l e v a n d o e m c o n t a a p r o d u ç ã o m a t e r i a l da e x i s t ê n c i a c o m o d e t e r m i n a n t e das r e l a ç õ e s e n t r e os h o m e n s e a n a t u r e z a e, s i m u l t a n e a m e n t e ,das r e l a ç õ e s dos h o m e n s e n t r e si. D e s t a f o r ­ ma, o t o d o s o c i a l é a n a l i s a d o c o m b a s e e m d u a s i n s t â n c i a s dis- tintas: i n f r a - e s t r u t u r a — r e l a ç õ e s s ó c i o - e c o n ó m i c a s — e s u ­ p e r e s t r u t u r a — r e l a ç õ e s j u r í d i c o - p o l í t i c a s .

(18)

17

/.../ A g*th.atah.a gconôm ica da í o c i g d a d g gm c a ­ da época da k i * i õ h . i a c o n é t i t u i , / . . . / a bo,*g ng..ai cu ja * pn.oph.igda.dcs g x p li c a m , gm ú l t i m a anã l i b g , t o d a a * a p g i g * t i u t u h a intg.gh.ada pg.ía* in í t i t a i ç õ g * j u i Z d i c a * g p o lZ tíco .:* , a**im como p g l a i d g o l o g i a i g l i g i o * a j i l o & c j i c a . , g t c . , dg cada p giZ o d o hi& tõh.ico

P o r t a n t o , o c o n t e ú d o e o f u n c i o n a m e n t o da s u ­ p e r e s t r u t u r a são o r g a n i z a d o s a p a r t i r de u m a b a s e m a t e r i a l p a r t i c u l a r : são e x p l i c a d o s no â m b i t o de u ma f o r m a ç ã o h i s t ó r i c a espe c í f i c a ,

N o p r o c e s s o c o n c r e t o de c o m p o s i ç ã o , a r t i c u l a ç ã o e t r a n s f o r m a ç ã o das r e l a ç õ e s sociais, a i n f r a - e s t r u t u r a e a su p e r e s t r u t u r a f o r m a m u m t o d o o r g â n i c o a t r a v é s de m o v i m e n t o s con t r a d i t õ r i o s : as relações' s õ c i o - e c o n ô m i c a s c o n d i c i o n a m as r e l a ­ ções i d e o l õ g i c o - p o l í t i c a s , e, s i m u l t a n e a m e n t e , são c o n d i c i o n a ­ das p e l o s n í v e i s s u p e r e s t r u t u r a i s . E m síntese, o t o d o s o cial c o m p o r t a a a r t i c u l a ç ã o d i a l é t i c a e n t r e t e o r i a e p r ática, a qual é o r i g i n á r i a do m o v i m e n t o e e v o l u ç ã o da r e l a ç ã o e n t r e a b a s e material, e a b a s e social. A c o n t r a d i ç ã o n a s c e da d i v i s ã o so™ ciai do trabalho,determinando a c a t e g o r i z a ç ã o dos h o m e n s e m duas classes f u n d a m e n t a i s , c o n f o r m e a p o s i ç ã o q u e se o c u p a no p r o ­ c e sso de pr o d u ç ã o .

2.3 Modos d e o r g a n i z a ç ã o d os h o m e n s e m s o c i e d a d e : plo d u ç ã o da exi* t e n d a m a t e i i a l e * o ciai c e n t i a d a na l e l a ç ã o de

co o p e i a ç ã o e na l e l a ç ã o de d o m i n a ç ã o

Os e s t u d o s f e i t o s p o r E n g e l s , s obre a h i s t ó r i a da h u m a n i d a d e , i n d i c a m q u e os h o m e n s , d e s d e o e s t á g i o c u l t u r a l selvagem, g a r a n t e m a s o b r e v i v ê n c i a a t r a v é s do d o m í n i o e, m a i s tarde, da t r a n s f o r m a ç ã o do m e i o am b i e n t e : os h o m e n s s a t i s f a z e m as suas n e c e s s i d a d e s e s t a b e l e c e n d o r e l a ç õ e s c o m a n a t u r e z a .

(19)

0 pnimeino facto hiòtonico e poiò a ptiodação ■doò meioò que penmit? m ò a t i ò f a z e n eòòaò neceòòi dadeò, a pnodução da pncpnia vida m a te n ia l ; tua

Í a - í e. de um facto h i ò t õ n i c o , cie ama condição fun­ damental de toda a h i ò t Õ n i a , que e neceòò anio f tanto ho je como hã. milhaneò de a n o ò , executan. dia a d ia , hona a hona, a fim de nanten oò homenò vivoò . b

A p r o d u ç ã o da e x i s t ê n c i a m a t e r i a l c o n d u z os h o ­ m e n s a e s t a b e l e c e r e m , c o n c o m i t a n t e m e n t e , r e l a ç õ e s e n t r e si —

"t na bal ho doò homenò òobne oò homenò". 6

/ . . . / A c on òc i e n c i a da neceòòidade de entabulan nelaçõeò com oò indivZduoò que o cencam manca pana o homem a tomada de c on òc ie n ci a que vive efectivamente- em ò o c ie da d e. '

C o m o os h o m e n s se r e a l i z a m s o c i a l m e n t e , a p r o d u ç ão da e x i s t ê n c i a n ão ê um fatp na t u r a l , m as d e t e r m i n a d o p e ­ lo m o d o s e g u n d o o q u a l se o r g a n i z a m .

0 in d iv íd uo não entna em nelação cem oò outnuò homenò pon j u ò t a p o ò i ç ã o, maò on gan ic am ent e, iò-to ê, na-medida em que paòòa a fazen pante de onganiòmoò, doò maiò òimpleò aoò maiò comple­ xo ò . Veòta fonma, o homem não entna em nela-çoeò c o m a natu nez a òimpleòmente pelo fato de òen ele meòmo natun eza , maò a ti v a m e n t e ,p o n meio do tnabalho e da t é c n i c a L E maiò: eòtaò nela-çõeò não òão m ec ãn ic aò. São o.tivaò e conòc-ten-t e ò , ou ò e j a , conneòpondem a um gnau maion ou menon de i n t e l i g i b i l i d a d e que delaò tenham o ho mem i n d i v i d u a l . VaZ òen poòòZvel d iz e n que c a ­ da um tnanòfonma a ò i meòmo, òe m o d i f i c a , na me dida em que tnanòfonma e m od i f i c a todo o conjun to de nelaçõeò do qual ele e o ponto c e n t n a l .*

A s sim, a p r o d u ç ã o e r e p r o d u ç ã o das r e l a ç õ e s sõ- c i o - e c o n ô m i c a s e, p o r t a n t o , t a m b é m das r e l a ç õ e s i d e o l õ g i c o - p o líticas, são p a r t i c u l a r e s a c a d a é p o c a ,apresentando, inclusive,

5KARL, M a r x & FJNGELS, F r i e d r i c h . A i d e o l o g i a alemã. p. 33. 6lbid. p . 44.

?Ibid. p. 35.

(20)

d i f e r e n ç a s de s o c i e d a d e p a r a s o c i e d a d e e d e n t r o de um m e s m o m o ­ m e n t o h i s t ó r i c o . As m u d a n ç a s são o p e r a d a s a p a r t i r das n e c e s ­ s i d a d e s g e r a d a s s o c i a l m e n t e c o m b a s e no m o d o de e s t r u t u r a ç ã o dos h o m e n s e m u m a f o r m a ç ã o s o cial d e t e r m i n a d a .

E n g e l s a f i r m a que n os e s t á g i o s p r é - h i s t ó r i c o s a o r g a n i z a ç ã o das s o c i e d a d e s ê c e n t r a d a no c r i t é r i o de c o o p e r a ção: no e s t a d o s e l v a g e m pn.e.domina a apn.opn.iaq.ao de pnodutoò de na.-tun.iiza, pn.ontoó pana. òzn. uii.tiza.do* / . . . / 9 ; e n q u a n t o n a b a r ­ bá rie, apan.zc.zm a zn.iaq.ao de gado e a agn.ic.ultun.a., e xz apizn-dz a inan.zme.ntan. a pnodu.ção da na tu nz z a pon. mzio do tn.oJoai.ka

humano9 . 0 t r a ç o c o m u m ê a a u s ê n c i a da h i e r a r q u i z a ç ã o f o r ­ mal da d i v i s ã o do t r abalho. A p r o p r i e d a d e e a. p r o d u ç ã o t ê m ca r á t e r c o l e t i v o e, c o m o tal, o c o n s u m o se r e a l i z a c o m b a s e na p a r t i c i p a ç ã o d i r e t a do pro d u t o r : os h o m e n s p r o d u z e m o q u e c o n ­ s o m e m e c o n s o m e m a q u i l o q ue pro d u z e m . A c i r c u l a ç ã o do p r o d u ­ to é d e f i n i d a p e l o v a l o r de uso.

A divisão do tn.abaZ.hc z zntão muito pouco dzòzn voZvida e Zimita.-* e a xionòtituii a m a zxtzmao da divisão do tnabaZhc na.tun.aZ que. zxistia. no ãmbi

to da j a m Z Z i a . 10- ~

A i n d a n a p a s s a g e m da b a r b á r i e p a r a a c i v i l i z a ­ ção, o m o d o d o m i n a n t e de o r g a n i z a ç ã o das s o c i e d a d e s p e r m a n e c e a s s e n t a d o na a p r o p r i a ç ã o c o m u m e n a d i v i s ã o e s p o n t â n e a do

tra-f

balho. C o m o as r e l a ç õ e s s õ c i o - e c o n ô m i c a s n ão p r o m o v e m o i n t e ­ r e s s e p e l a a c u m u l a ç ã o de riq u e z a s , a p r o d u ç ã o p e r m a n e c e l i m i t a da às n e c e s s i d a d e s bá s i c a s .

E s t a s f o r m a ç õ e s s o c i a i s e s t r u t u r a n d o - s e no p r i n c í p i o de i g u a l d a d e — os h o m e n s s ão s e n h o r e s d a sua p r o d u ç ã o e s e n h o r e s da c i r c u l a ç ã o de seus p r o d u t o s , i s t o ê, a g e m a p a r

-9E N G E L S , F r i e d r i c h . O r i g e m da f a mília, da p r o p r i e d a d e p r i v a d a e do E s t a d o . p . 2 8.

(21)

tir de i n t e r e s s e s p r ó p r i o s — propiciara a p r o d u ç ã o da e x i s t ê n ­ cia c o m b a s e no c r i t é r i o de c o o p e r a ç ã o .

/.../ E n q u a n t o a p A o d u ç ã o sz A z a l í z o u s o b A z eò-

s a basz, não pode s o b A z p o A - s z aos p A o dutoAzs, nzm jazzA suAg.ÍA d l antz dzlzs o zs p z c t A o dz po-dzAzs z s t A a n k o s , como suczdz, A z g u l a A z Inzvl-t a v z l m z n Inzvl-t z na c i v i l i z a ç ã o .1 1

C o n t i n u a n d o a a n á l i s e da h i s t ó r i a da t r a n s f o r m a ção das s o c i e d a d e s , E n g e l s o b s e r v a q ue o f inal do e s t á g i o da b a r b á r i e ê m a r c a d o p o r m u d a n ç a s p r o f u n d a s : a d e n s i d a d e p o p u l a ­ c i o n a l c r e s c e v e r t i g i n o s a m e n t e , as n e c e s s i d a d e s ganhara g r a n d e impulso, em d e c o r r ê n c i a as t é c n i c a s são a p r i m o r a d a s ,e surge, na p r o d u ç ã o , o e x c e d e n t e econ ô m i c o . Tais c i r c u n s t â n c i a s e n g e n ­ d r a m a n e c e s s i d a d e de r e c r u t a m e n t o de m a i o r c o n t i n g e n t e de for ça de t r a b a l h o , o b t i d o a t r a v é s de guerras, nas q u a i s o p r i s i o ­ n e i r o é t r a n s f o r m a d o e m escravo.

É n e s t e p a n o r a m a q u e o c o r r e uma r u p t u r a no m o d o de o r g a n i z a ç ã o dos h o m e n s em sociedade. E s t a b e l e c i d a a d i v i ­ são e n t r e os h o m e n s — s e n h o r e s e e s c r a v o s f o u d o m i n a d o r e s e d o m i n a d o s — , inicia-se uma nova era: c i v i l i z a ç ã o . O m o d o d o m i ­ n a n t e da p r o d u ç ã o da e x i s t ê n c i a m a t e r i a l - e , p o r t a n t o , o m o d o de o r g a n i z a ç ã o das s o c i e d a d e s ,p a s s a a ser c e n t r a d o nas r e l a ­ ç õ e s de d o m i n a ç ã o / s u b o r d i n a ç ã o . São e s t a s r e l a ç õ e s q ue d ão o r i g e m âs c l a s s e s sociais.

Va p A l m z l A a g A a n d z d i visão s o c i a l do tAabalhc, n a s c z u a p A l m z l A a g A a n d z d i visão da s o c l z d a d z zm duas classzs: s z n h o A z s z zscAavos, z x p l o A a d o azs z z x p l o A a d o s . 12

A r e l a ç ã o de d o m i n a ç ã o traz e m si e , s i m u l t a n e a m e n t e ,d e s e n c a d e i a o m e c a n i s m o de v a l o r de t r o c a d os p r o d u t o s : o f e t i c h i s m o da m e r c a d o r i a o b s c u r e c e o c a r á t e r s o c i a l da p r o d u

(22)

21

ção, e n q u a n t o o c a r á t e r c o l e t i v o da p r o p r i e d a d e é m i nado. A t e r r a e os p r o d u t o s s ã o t o m a d o s p o r m e r c a d o r i a , t o r n a n d o - s e pas sxveis de a p r o p r i a ç ã o pr i v a d a . 0 v a l o r d e uso é n e gado. A m ais v a l i a ê i n s t i t u c i o n a l i z a d a . P r e v a l e c e o v a l o r de mercado.

Não ie demo fiou, a deòcobsiifi a gfiande ” vefida.de'1 de que t a m b é m o homem p o d i a òefivisi de meficadoKÍa,de. que a fofiça de tfia.balho p o d i a a chegan. a -5 esi‘ob_ jetc de tfioea e conòumo, d e òde que o h o m e m òe

tfianò fofimaòòe em e&csiavo. oé homens tinham

d e s c o b e n t o a tfioea e começasiam l o g o o. sesi tnoca.

dos eles pfiÕptiios . 0 ativo se tfianS-^Amava em

p a s s i v o , i n d e p e n d e n t e da v o n t a d e humana.

A c o m p o s i ç ã o das s o c i e d a d e s s e n d o p a u t a d a n a de s i g u a i d a d e c o n c r e t a e n t r e os h o m e n s f orça a d e s t r u i ç ã o das re lações de c o o p e r a ç ã o e a e m e r g ê n c i a da r e l a ç ã o de d o m i n a ç ã o .

A c r i s t a l i z a ç ã o da d i v i s ã o do t r a b a l h o e , assim, o a g r u p a m e n t o dos homens e m c a t e g o r i a s s o c i a i s d i f e r e n c i a d a s , o c o r r e c o m a r u p t u r a da u n i d a d e e n t r e a t i v i d a d e m a n u a l e a t i v i d ade i n t e l e c t u a l — a n ã o c o r r e s p o n d ê n c i a e n t r e o p e n s a m e n t o e a ação, e n t r e a teoria, e a prática.

A div isã o do tfiabalho sÕ susige efe ctivamente a pasitisi do momento em que se ope-ia uma divisão en tfie o tfiabalho matesiial e i n t e l e c t u a l. 1 ^

F r e n t e a e s t a s c o n d i ç õ e s , a s i d é i a s g a n h a m a u t o ­ nomia, d i s s o c i a n d o - s e da ação, ou seja, ê r o m p i d o o t o d o t e o ­ r i a / p r á t i c a . A c l a s s e p o s s u i d o r a do c a p i t a l d e t ê m o pensar, en q u a n t o a c l a s s e d e t e n t o r a da f o rça de tr a b a l h o , o fazer.

À pafitifi deste momento, a c o n s c i ê n c i a pode su-pofi-se algo mais do que a co ns c i ê n c i a da pfiãti-ca exis t e n t e , que fiepsies enta de facto qualquen coi s a ò em fiepfies entafi algo de n.eal. E igualmen te a pafitifi deste i n s t a n t e ela encontfia~se em co ndiçó es de se emancipafi do mundo e de passafi ã fofimação da teosiia ” pufia", te.ologia mofial,eXc.x *

1 3E N G E L S , F r i e d r i c h , op. c i t . , p. 187.

(23)

cia p a s s a a ser d o m i n a d a p e l a i d e o l o g i a da c l a s s e d i r i g e n t e . A s c o n c e p ç õ e s h e g e m ô n i c a s são i n t e r n a l i z a d a s , r e f o r ç a n d o a dist.or ção e n t r e o p e n s a r e o fazer.

Õs pzns amzntos da. cZass z domi.na.ntz são tambzm, zm todas as zpo cas, os p.znsamzníos do m in a nt e s , ou s z j a , a cZassz quz tzm o podzA. matzA-iaZ d o mi. nantz numa dada socZzd adz z tambzm a potzncZd domZnantz zSpZfiZtuaZ . 15

E s t e p r o c e s s o r e q u e r a m e d i a ç ã o de u m o r g a n i s m o e ê , p o r t a n t o , o f u n d a m e n t o do Estado.

2.4 O E s t a d o b u r g u ê s

0 m o d o de p r o d u ç ã o c a p i t a l i s t a é o r g a n i z a d o e m t o r n o de d uas classes f u n d a m e n t a i s : c l a s s e d e t e n t o r a do capi- tal — b u r g u e s i a — e classe detentora da força de trabalho — pro let a riado. Esta, p or ser e x p r o p r i a d a dos m e i o s de pro d u ç ã o , p a r a ga r a n t i r a s o b r e v i v ê n c i a , é f o r ç a d a a v e n d e r a sua f o r ç a de t r a ­ balho. Q u a n t o ã p e q u e n a b u r g u e s i a — g r u p o .intermediário que n ã o se o p õ e n e m â c l a s s e d o m i n a n t e , n e m ã c l a s s e s u b o r d i n a d a - — t e n d e ,nos m o m e n t o s de d e f i n i ç ã o p o l í t i c a , a e s t a b e l e c e r a l i a n ­ ças c o m a c l a s s e no poder.

S e n d o os i n t e r e s s e s da b u r g u e s i a e do p r o l e t a ­ r i a d o i n c o m p a t í v e i s , a r e l a ç ã o e n t r e c l a s s e s t e m c a r á t e r a n t a ­ gônico. E s t e i m p a s s e j u s t i f i c a o E s tado, r e c u r s o de r e a l i z a ­ ção, g a r a n t i a e l e g i t i m a ç ã o da r e l a ç ã o d o m i n a ç ã o / s u b o r d i n a ç ã o .

0 Estado não z p o is , dz modo aZgum, um podzAquz sz Zmpqs ã soc.izda.dz dz jona pa?ia dzntAo; tam­ pouco z "a A za Zi d a d z da Z d z i a mo.’i a Z " , nzm " a Zmagzm z a A c aZi dad z da n.azão", como ajinma

(24)

23

gel. 5 antes um pr o d u t o da s o c i e d a d e ,quando e s ­ ta c hega a um d e t e r m i n a d o g rau de d e s e n v o l v i m e n to; e. a c o n f i s s ã o de que ei 6a s o c i e d a d e se enre dou n u m a i n r e m e d i ã v e l c o n t r a d i ç ã o com ela p r ó ­ p r i a e est a d i v i d i d a p or a n t a g o n i s m o s I r r e c o n c i l i á v e i s que não c o n s e g u e conjurar. lias p ara que esses a n t a g o n i s m o s , essas classes com interes_

ses e c o n ô m i c o s eoli d e n t e s não se de v o r e m e não c o n s u m a m a sociedade, n u m a l u t a estéril, la.z-se n e c e s s á r i o um p o d e r c o l ocado a p a r e n t e m e n t e por cima da s o c i e d a d e , chamado a a m o r t e c e r o choque e m a n t ê - l o dentro dos Limites da. MordemM. Este poder, n a scido da soc i e d a d e , mas posto acima de­ la se d i s t a n c i a n d o cado, vez m a i s , ê o Estado. 16 E s t e c o n c e i t o de E s t a d o v e m e l a b o r a d o no i n t e ­ r ior da t e o r i a m a r x i s t a . F u n d a m e n t a d o na c a t e g o r i a c l a s s e so ciai, e x p r e s s a o concreto. Simultaneamente, deixa entrever a concepção liberal. E s t a p r e n d e - s e ao e m p í r i c o e d e s c o n h e c e a l u t a de classes, ist o é, c o n s i d e r a a s o c i e d a d e c o m o u m t odo h a r m ô n i c o . C o l o c a o E s t a d o c o m o u m a r e p r e s e n t a ç ã o ur.iversalista e m p r o l do b e m comum.

N o â m b i t o da t e o r i a m a r x i s t a , c abe a G r a m s c i ara p l i a r a v i s ã o de E s tado, f o r m u l a n d o s ua tese cora b a s e na d e f i ­ n i ç ã o de b l o c o h i s t ó r i c o .

À a r t ic u la ç ã o do bloco h i s t ó r i c o p e x m i t e , pois d i s t i n g u i r metodologicamente duas esf era s com­ p l e x a s•• a e s t r u t u r a SÓ cio - eco nÔmica e a superes_ trutura_ideolõ-gica e po í Z t i c a , cujo vinculo o r ­ gânico ê assegurado por uma camado, s o c i a l d i f e ­ r e n c i a d a , os i n t e l e c t u a i s . 17

R e t o m a n d o os c o n c e i t o s s o b r e a c o m p o s i ç ã o do to do social, e s s a c o l o c a ç a o r e f o r ç a a n e g a ç ã o da d i s t i n ç ã o e n t r e a i n s t â n c i a da i n f r a - e s t r u t u r a e a i n s t â n c i a da su p e r e s t r u t u r a . A m e s m a é u m a a b s t r a ç ã o t e ó r i c a que, na p r a t i c a , t e m f u n ç ã o

e s t r a t é g i c a . R e a f i r m a que as r e l a ç õ e s s õ c i o - e c o n õ m i c a s são d e ­ t e r m i n a n t e s , p o r e x c e l ê n c i a , e q u e o m o m e n t o s u p e r e s t r u t u r a l tem

16E N G E L S , F r i e d r i c h , op. c i t . , p. 191.

(25)

a u t o n o m i a r e l a t i v a f r e n t e a e s t a d e t e r m i n a ç ã o . As r e l a ç õ e s sõ- c i o - e c o n ô m i c a s c o n d i c i o n a m as r e l a ç õ e s i d e o l õ g i c o - p o l í t i c a s e,

ao m e s m o tempo, são p o r elas c o n d i c i o n a d a s .

Grainsci t r a b a l h a c o m a r e l a ç ã o t e o r i a / p r á t i c a c o n s i d e r a n d o que a c o n t r a d i ç ã o p e n s a m e n t o e a ç ã o o r i g i n a - s e da fo rma de a r t i c u l a ç ã o e n t r e i n f r a - e s t r u t u r a e s u p e r e s t r u t u r a . 0 v í n c u l o o r g â n i c o ê r e a l i z a d o a t r a v é s da a t i v i d a d e d o s i n t e l e c ­ tuais, s endo a ideologia, no capitalismo, r e s p o n s á v e l p e l a s u s t e n ­ t a ç ã o d a d i s t o r ç ã o e n t r e o fazer e o p e n â a r . A c e n t u a —o d e s v i o e n t r e p o s i ç ã o e c o n ô m i c a e p o s i ç ã o i d e ológica.

A o n í v e l da s u p e r e s t r u t u r a Grarosci s i t u a a s o ­ c i e d a d e c i v i l e a s o c i e d a d e p o l í t i c a , que c o m p õ e m uma u n i d a ­ de d i a l é t i c a : o E s tado.

/ . . . / Podg.-sg. j-ixa.fi d o i s gfiand.gs " p l a n o s ” sup2.fi 2.6 t f i u t u f i a i s : o qug podo, S2.fi chamado dg, "s u c í c d a

-de c i v i l " [ i s t o e, o c o n j u n t o dg. ofigan-ismoò zha

mados c.omumgntg. dg. " p - l i v a d o s " ) e o da ' ' s o c i c d a

-de. p o l Z t i c a ou E s t a d o" , qug cofifi2.spond2.m ã j u n ­

ção de " h g g g m o n i a ” qug. c gfiupo dominantg. g.xg.ficg.

cm t o d a a so c i cdadg. e aqugla. do, " domZnio di>te-

t o" ou dg. comando qug. sg. c x p f i g s s a no E s t a d o e no govg.fino j u f i Z d i c o " . 18

A s o c i e d a d e p o l í t i c a c o m p o r t a a f u n ç ã o da r e ­ pr e s s ã o , da g a r a n t i a das r e l a ç õ e s s õ c i o - e c o n ô m i c a s p e l a força. A d o m i n a ç ã o a s s u m e a f o r m a de leis, n o r m a s , m u ltas, po l í c i a , pr i s õ e s , t r i b u n a i s , etc. A s o c i e d a d e c i vil é o m o m e n t o do e x e r c í c i o da h e g e m o n i a p or m e i o do c o n s e n s o e m t o r n o da c o n c e g ção de m u n d o da c l a s s e f u n d a m e n t a l e c o n o m i c a m e n t e . A b r a n g e o d o m í n i o dos o r g a n i s m o s que e l a b o r a m e d i f u n d e m a i d e o l o g i a .Sua f u nção c o n s i s t e e m l e g i t i m a r as p o s i ç õ e s de c l a s s e e , c o m o tal, g a rante que as r e l a ç õ e s s o c i a i s de p r o d u ç ã o se r e a l i z e m p e l a d o m i n a ç ã o .

Ern o u t r a s pal a v r a s , a r e l a ç ã o o r g â n i c a e n t r e so c i e d a d e civil, q u e o p e r a p or m e i o da i d e o l o g i a , e s o c i e d a d e

(26)

25

lítica, a t r a v é s das a ções c o e r c i t i v a s , l e v a n d o e m c o n t a os con d i c i o n a m e n t o s s õ c i o - e c o n ô m i c o s , é q u e / e m seu c o n j u n t o , d e f i n e m a f o r m a e o c o n t e ú d o do Estado. M a i s p r e c i s a m e n t e , o E s t a d o é c o m p o s t o p e l o e x e r c í c i o d a s o c i e d a d e civil, e da s o c i e d a d e polí^ tica.

A c o n t r i b u i ç ã o o r i g i n a l de G r a m s c i c o n s i s t e e m a t r i b u i r aos i n t e l e c t u a i s a f u nção de g a r a n t i r a d i r e ç ã o m o r a l e i n t e l e c t u a l da s o c i e d a d e sob u m a i d e o l o g i a p a r t i c u l a r . São, p o r t a n t o , a g e n t e s da s u p e r e s t r u t u r a . No s i s t e m a c a p i t a l i s t a c o m p e t e aos i n t e l e c t u a i s ,r e p r e s e n t a n t e s da b u r g u e s i a ,a s s e g u r a r a r e l a ç ã o de d o m inação.

Os i n t e l e c t u a i s são os McomissáriosM do grupo do_ m i n a n t e p.ara o e x e r c í c i o dai funções iu.bditQ.Knos da h e g e m o n i a s o c i a l e do goveh.no p o l í t i c o , isto z: J) do consenso M e s p o n t â n e o M dado pelai g.lan­ des massas da p o p u l a ç ã o a o r i e n t a ç ã o imph.es so. peto grupo f u n d a m e n t a l d o m i n a n t e o. vida s o c i a l , co n s e n s o que nasce M h i s t o r i c a m e n t e M do p r e s t i ­

gio (e., portanto, da confiança) que. o grupe d o-

mino.nie obtem* por c ausa de s u a p o s i ç ã o e de sua. função no mundo da p r o d u ç ã o; 2) do a p a r t o de c o erção e s t a t a l que a s s e g u r a Ml e g a l m e n t e M a dis c i p l i n a dos grupos que não M c o m e n t e m M , nem ati va nem p a s s i v a m e n t e , mas_ que ê co n i t i t u l d o para. t o d a a. s o c i e d a d e , na p r e v i s ã o dos m o m e n t o 6 de crise no c o m a n d o e na direção, nos quais f r a ­ c a s s a o co n s e n s o e s p o n t â n e o .19

C o m o já foi dito, no p r o c e s s o h i s t ó r i c o , a s o ­ c i e d a d e c i v i l e a s o c i e d a d e p o l í t i c a f u n c i o n a m o r g a n i c a m e n t e a r t i c u l a d a s . S e g u n d o G r a m s c i , n a s s o c i e d a d e s de c a p i t a l i s m o a v a n ç a d o o e x e r c í c i o da s o c i e d a d e p o l í t i c a é d i t a d o p ela s itua ç ão de h e g e m o n i a , isto é, p e l a c o e s ã o i d e o l ó g i c a . A a ç ã o do aça r e l h o r e p r e s s i v o s u p e r a a f o r ç a d a i d e o l o g i a s o m e n t e n os m o m e n tos de c r i s e h e g e m ô n i c a .

C o m o n e s t a s f o r m a ç õ e s s o c i a i s a s o c i e d a d e c i ­ vil e x e r c e primazia sobre a s o c i e d a d e p o l í t i c a , o u seja, a i d e o ­ logia f u n d a m e n t a a m a t e r i a l i z a ç ã o das r e l a ç õ e s s ó c i o e c o n ô m i

(27)

c a s , a c o n q u i s t a do E s t a d o passa, i n i c i a l m e n t e , p e l a s o c i e d a d e civil. D e s t e modo, o d o m í n i o dos o r g a n i s m o s c u l t u r a i s r e p r e ­ s e n t a o p o n t o de p a r t i d a e s t r a t é g i c o p a r a a s u p e r a ç ã o da e s ­ t r u t u r a de classes: é a s o c i e d a d e civil, a t r a v é s da a t i v i d a d e dos i n t e l e c t u a i s , o p a l c o de e l a b o r a ç ã o da c o n t r a - h e g e m o n i a . A a t i v i d a d e dos i n t e l e c l t u a i s ê o s u p o r t e e e lo da e d i f i c a ç ã o de u m a n o v a c o m p o s i ç ã o social.

P o r t e l l i ,a n a l i s a n d o o c o n c e i t o de E s t a d o e m Gr a m s c i , o b serva:

/ . . ./ a un-icla.de do Estado d e c o A A e de. s ua gestão pon. um Qftupo s o c i a l que assegu-ta a h o m o g e n e i d a ­ de do bloco h l s t õ x l c o •• o s lntel.ec -"L. LL a 'C. A ■

C abe aos a g e n t e s da b u r g u e s i a , c o m o m e i o de o c u l t a ç ã o da r e l a ç ã o de d o m i n a ç ã o , f o r j a r a r e p r e s e n t a ç ã o uni- v e r s a l i s t a do E s tado. I m p õ e m a c o e s ã o i d e o l ó g i c a , s e g u n d o os i n t e r e s s e s da c l a s s e d e t e n t o r a do capital.

Contudo, c o m o o p r o l e t a r i a d o n ã o se r e a l i z a n a i d e o l o g i a d o m i n a n t e , n ã o se subraete p a s s i v a m e n t e ao Estado. G r a m s c i a t r i b u i aos i n t e l e c t u a i s v i n c u l a d o s ã c l a s s e s u b o r d i n a da o p a p e l de d e s v e n d a r o o c u l t o das r e l a ç õ e s sociais, o b s c u ­ r e c i d o e l e g i t i m a d o p e l a i d e o l o g i a — s u b s t a n c i a r a r e s i s t ê n ­ c ia à o r d e m e s t a b e l e c i d a .

Q u a n t o â q u e s t ã o da m a n i f e s t a ç ã o da i d e o l o g i a , e s s e t e ó r i c o v e r i f i c a q ue a m e s m a a s s u m e f o r m a s d i f e r e n c i a d a s a p a r t i r da p o s i ç ã o de classe:

- f i l o s o f i a , c o n c e p ç ã o de m u n d o e l a b o r a d a e o r ­ g a n i z a d a , c o r r e s p o n d e n d o ao m o d o de e x p r e s s ã o da b u r g u e s i a

- s e n s o comum, c o n c e p ç ã o de m u n d o a s s i s t e m á t i - ca — " a c u m u l a ç ã o de c o n h e c i m e n t o s p o p u l a

(28)

27

res — i d e n t i f i c a n d o - s e , c o m a m a n e i r a de ex 'p r e s s ã o da c l a s s e d o m i n a d a

- fol c l o r e , c o n c e p ç ã o de m u n d o m e n o s t r a b a l h a d a q ue o s e n s o c o m u m

F r e n t e â f r a g m e n t a ç ã o do s e n s o comum,. s u b s ­ t r a t o da i d e o l o g i a da c i a s s e d e t e n t o r a da f o r ç a de t r a b a l h o , compete, p o r e x c e l ê n c i a , aos i n t e l e c t u a i s r e p r e s e n t a n t e s d e s t a classe, d a r s i s t e m a t i z a ç ã o e c o e r ê n c i a as i d éias do s e n s o c o ­ mum, i sto ê, f a v o r e c e r a e l a b o r a ç ã o de ura s a b e r que lhe seja pr õ p r i o . A t u a n d o n e s t a d i reção, c o n t r i b u e m p a r a f o r t a l e c e r a c o n t r a - c u l t u r a .

Os a g e n t e s da s u p e r e s t r u t u r a ,a s e r v i ç o da b u r ­ guesia, a s s u m e m , e n t ã o , as r e i v i n d i c a ç õ e s do p r o l e t a r i a d o â m e ­ d i d a que e s t a c l a s s e o r g a n i z a - s e e n q u a n t o força p o l í t i c a . A in c o r p o r a ç ã o das c o n t e s t a ç õ e s ao r e g i m e j u s t i f i c a - s e também, c o ­ m o a r t i f í c i o de d i s s i m u l a ç ã o do a m a d u r e c i m e n t o das c o n t r a d i - ç õ e s sociais. P o s t a s c omo c o n c e s s ã o , são e s v a z i a d a s da c o n o t a ç ã o p o l í t i c a , r e s g a t a d a s p e l o E s t a d o e a p r e s e n t a d a s c omo m a n i ­

f e s t a ç ã o da s ua r e p r e s e n t a ç ã o u n i v e r s a l i s t a . D e c o r r e n t e do c o n t e ú d o é t i c o - p o l í t i c o do Estado,, a r e s i s t ê n c i a das f o r ç a opos ta ê a s s i m i l a d a nos l i m i t e s dos i n t e r e s s e s da c l a s s e no p o d e r e, ao m e s m o tempo, é i n d i c a d o r do a v a n ç o do p r o l e t a r i a d o . Uma e l a b o r a ç ã o de P a u l S i n g e r a u x i l i a - n o s e l u c i d a r e s t a q u estão.

A buh.gue.6-ia 60 abriu mão de parte, de óua. auto no

mia, enquanto claòòe d i r i g e n t e no p-Ca.no econômZ

ao, permitindo ao E s t a d o, pôr em p r á t i c a pol ZtZ ca6 de c on ju n tu r a, porque o agravamento da6 cri 60.6 e. o prolongamento da6 depreò iõ cò t e n d i a ã r a d i c a l i z a r aò po6Í.çõc6 do movimento o p e r á r i o , pondo em perigo a existência, da burg ues ia como claSòe d o m i n a n t e . 21

N a a n á l i s e do p a p e l do E s t a d o , A l t h u s s e r a p r o x i m a - s e de G r amsci, d e s e n v o l v e n d o sua t e s e s o b r e as f u n ç õ e s dos o r g a n i s m o s da s u p e r e s t r u t u r a .

(29)

N a v i s ã o d a q u e l e t e órico, o E s t a d o é c o m p o s t o de A p a r e l h o s I d e o l ó g i c o s — A I E — ' e Aparelho (Repressivo) de Estado. E s t a s d uas c a t e g o r i a s de r e c u r s o de E s t a d o são i m p r e s c i n d í v e i s â m a n u t e n ç ã o das r e l a ç õ e s s o ciais: c o m p õ e m urna u n i d a d e de c o n ­ trole, a q u a l b u s c a d ar s u p o r t e ao p o d e r e c o n ô m i c o da c l a s s e do m i n a n t e . E n t r e t a n t o , o e x e r c í c i o dos m e s m o s é d i f e r e n c i a ­ do.

0 que d i s t i n g u e os AIE do Aparelho [repressivo] dg Estado , ê a d i f e r e n ç a fundamental 6e.guln.te.: 0 Aparelho Repressivo de Estado "funciona, pela v i o l ê n c i a " , enquanto os Aparelhos i de oló gi cos de Estado "funcionam pela I d e o l o g i a " . 22

Porém, c o n c r e t a m e n t e , ambos A p a r e l h o s de E s t a d o c o m p o r t a m , s u m u l t a n e a m e n t e , a f o r ç a da i d e o l o g i a e a f o r ç a da coerção. N a p r i m e i r a c a t e g o r i a p r e d o m i n a o p o d e r de inculcação, e n q u a n t o na s e g u n d a h ã p r i m a z i a 1 do e x e r c í c i o da r e p ressão.

/ . . . / Os Aparelhos Ideoló gic os de Estado 5unclo nam de um modo masslvamente p r e va l e c e nt e pe.la I d e o l o g i a . , embora funcionando secundariamente pela. r e p r e s s ã o , mesmo que no l i m i t e , mas apenas no l i m i t e , esta s e j a bastante a t e n u a d a , dlsslrnu la d a ou até s i m b ó l i c a . [Não hã aparelho puramcTi . te I d e o l ó g i c o6 . 2 3

D e s t e modo, c a d a a p a r e l h o c o n t é m e x e r c í c i o d u ­ p l o — "de maneira pr ev al e c e nt e e de maneira s e c u n d á r i a" . 2 3

D i s c o r r e n d o s o b r e a p l u r a l i d a d e dos AXE,Althusser v e r i f i c a que e s t a r e m e t e ao apa r e n t e : a i m e d i a t a m u l t i p l i c i d a ­ de dos me s m o s , f r e n t e â f u n ç ã o q u e d e s e m p e n h a m , r e p r e s e n t a urna unidade. As i n s t i t u i ç õ e s tais c o m o família, e s c o l a , i g r e j a , im p r ensa, etc., b e m c o m o a b i b l i o t e c a , e m b o r a c o n t e n d o e x e r c í c i o s p e c u l i a r e s ,e x p r e s s a m , a t r a v é s da p r á t i c a , u m a i d e n t i d a d e de o b ­ jetivos. 0 c o n j u n t o a p a r e n t e m e n t e d i s p e r s o i m p l i c a e m u m

to-22A L T H U S S E R , Louis. I d e o l o g i a e A p a r e l h o s I d e o l ó g i c o s de. Es

t a d o . p . 4 6. — _

(30)

do: todas as forrras.de instituições e r portanto seus respectivos meios ,vi saiu incutir a i d e o l o g i a da c l a s s e no p o der, isto ê, b u s c a m con s e r v a r a o r d e m e s t a b e l e c i d a .

A n a l i s a n d o a força dos AIE e do Aparelho (Repressivo)de Estado, Althusser desconhece a possibilidade de transformação da sociedade a partir dos AIE. P o s t u l a que, s o mente o E s t a d o ê capaz de e n g e n ­

d r a r as c o n d i ç õ e s p a r a a e d i f i c a ç ã o de uma n o v a c o m p o s i ç ã o s o ­ cial. Prega, assim, q u e a c o n q u i s t a do E s t a d o p assa, i n i c i a l - mente, p e l o A p a r e l h o R e p r e s s i v o . E n q u a n t o G r a m s c i a c e n t u a a n e c e s s i d a d e do c o n t r o l e i d e o l ó g i c o ,a ntes da t o m a d a do p oder, A l t h u s s e r d e f e n d e u ma e s t r a t é g i a c o n t r á r i a . A p e s a r de n e g l i ­ g e n c i a r o p o d e r da i d e o l o g i a p a r a a c o n s t r u ç ã o . d a c o n t r a - h e g e - m onia, e s t e t e õ r i c o n ã o - n e g a a s ua f o rça p a r a a c o n s o l i d a c á o das r e l a ç õ e s sociais.

/... i Ne.nh.uma c l a 6 6 z pode. dusiavzlme.nte. dcJ:zr o po d(L‘L de. E stado 6 e.m tLxeJicth. iimuZ-t a m a m a nta a s u a he.ge.moni.cL sob fie. <l noó Apafie.th.Q6 I de.ologi-c.o6

de. Estado . 2 4 ■

Q u a n t o ao p o d e r de i n c u l c a ç ã o , A l t h u s s e r o b s e r ­ va q u e no d e s e n v o l v i m e n t o das f o rças p r o d u t i v a s , n os p a í s e s de c a p i t a l i s m o ava n ç a d o , a e s c o l a a s s u m e o l u g a r q ue a i g r e j a o cu p a v a nas f o r m a ç õ e s p r ê - c a p i t a l i s t a s : s e u a l c a n c e d o u t r i n á r i o a c o l o c a e m p o s i ç ã o d o m i n a n t e — A p a r e l h o I d e o l ó g i c o n9 1. Co~

/

b r i n d o t o d a s as c l a s s e s e t r a n s m i t i n d o c o n h e c i m e n t o s s i s t e m á ­ ticos, r e p a s s a — d e s d e a t e n r a idade, fase e m que os h o m e n s são m a i s v u l n e r á v e i s ã i n t e r i o r i z a ç ã o de v a l o r e s — a c o n c e p - ç ã o de m u n d o que i n t e r e s s a a c l a s s e h e g e m ô n i c a . N os p a í s e s de c a p i t a l i s m o p e r i f é r i c o , o n d e a e s c o l a ainda n ão a t i n g i u a todos, e l a d i v i d e e s s a p r i m a z i a c o m o u t r o s a p a r e l h o s . N o c a s o do B r a sil, a i g r e j a t e m u m a i n f l u ê n c i a m u i t o forte.

C o n c r e t a m e n t e , c a b e ã e s c o l a d e s e m p e n h a r d u p l a função: i n c u l c a r a i d e o l o g i a e, c o n c o m i t a n t e m e n t e , r e p r o d u z i r

(31)

a força de trabalho.Portanto, a essência do papel dos AIE,no modo de produ çã o c a p i t a l i s t a , ê g a r a n t i r a r e p r o d u ç ã o da e s t r u t u r a de c l a s ­ se. 0 e s t a g i o de d e s e n v o l v i m e n t o das forças p r o d u t i v a s , levan do e m c o n t a a o r g a n i z a ç ã o da c l a s s e t r a b a l h a d o r a , c o n d i c i o n a a f eição que os A I E t o m a m e m u m d a d o m o m e n t o .

P a r a a s s e g u r a r o p a p e l o f i c i a l da e s c o l a , o E s ­ t a d o i mpõe a t r a n s m i s s ã o de c o n h e c i m e n t o s t i d o s como o b j e t i ­ vos: v a l o r i z a a a b o r d a g e m t e c n i c i s t a , e n q u a n t o p r o p a g a a n e u ­ t r a l i d a d e da técnica. N e s t e p r o c e s s o , a e s s ê n c i a das r e l a ç õ e s s o c i a i s é o c u l t a d a , c o n f o r m e nos i n d i c a C a r l o s J a m i l C u r y :

peto ensino, os operário A podem ficar melhor In

t e l r a d o s do como da produção. E guarda, a p o s 6.1

b l l l d a d e 'de revelar o p o r q u ê de todo o sistema p r o d u t i v o , po0Albltlda.de esAa não realizável Aob

o e a p l t a t l A m o a em que Ae negue a Al p r ó p r i o (...)/3

A t e n d e n d o aos i n t e r e s s e s da c l a s s e f u n d a m e n t a l e c o n o m i c a m e n t e , o p r o c e s s o de a p r e n d i z a g e m s u f o c a a e m e r g ê n c i a da r e f lexão. C o m p e t e ao p r o f e s s o r i m p o r i d é i a s ,n o r m a s , v a l o ­ res e c o m p o r t a m e n t o s e ao a l u n o i n t e r n a l i z ã - l o s . O p a p e l da e s c o l a f u n d a m e n t a - s e e m m o l d a r e c o n d i c i o n a r a s o c i e d a d e : "en­

sinar" ãs c l a s s e s q u a i s d e v e m ser suas n e c e s s i d a d e s , seus p a ­ dr ões .

Á e A c o t a quer formar, quanto a classe a u b a t t e r ­ na, o cldadao d õcll e o op e r á r i o c o m p e t e n t e . A

coesão que q u e r t i r a r dessa c o n t r a d i ç ã o Ae au.~ t o p r o c t a m a na e A c o t a como t r a n s m i s s ã o de c o n h e ­ cimentos a p o t l t l c o A , a c i m a e por cima daA c.las-seA, a s e r v i ç o de todos e v o l t a d a para o a t e n d i mento do p o t e n c i a l de c ada um como I n d i v í d u o . Por I s s o , a função t e c n l c a não se funda em sl, e nem se r e s o l v e nela mesma. Ela se d i s t i n g u e

{didaticamente) da função potZtlca, m ai não e s ­

tá s e p a r a d a dela /.../. Esse e n v o l v i m e n t o s i g ­ n i f i c a d o de acordo com o ponto de v i s t a de clas se, s i t u a o e d u c a t i v o no p o l Ztlco, e o r e f e r e a.o e c o n ô m i c o , 2 6

(32)

31

N e s t a p e r s p e c t i v a f a e s c o l a i n c o r p o r a as p r e s ­ sões s o c i a i s e n q u a n t o i m p l i c a m e m raudanças s u p e r f i c i a i s . A d a p ­ ta o e x e r c í c i o p e d a g ó g i c o ao m o m e n t o p a r t i c u l a r ,mas s e m a b a n d o n a r o c o n t e ú d o t r a d i c i o n a l .

Ma m e d i d a em que r e f e r e e produz a s e p a r a ç ã o da t e o r i a e pratica, da c u l t u r a z da p o l Z t i c a , cio . ■ s a b e r z do t r a b a l h o , a {unção da ed u c a ç ã o sob

a h e g e m o n i a b u r g u e s a não m uda s u b s t a n c i a l m e n t e . Ela q uzr a e s t a b i l i z a ç ã o do s i s t e m a c.apitalista pzla d e s a r t i c u l a ç ã o da c u l t u r a o p e r a r i a . 27

' A s s i m , o p r o c e s s o e d u c a t i v o é desenvolvido e m b a s e s q u e b u s c a m o c u l t a r a f u n ç ã o o f i c i a l da e s c o l a , e s c a m o t e a n d o q u e e s t e r e c u r s o o b j e t i v a assegurar a r e l a ç ã o de d o m i n a ç ã o . N o ­ v a m e n t e A l t h u s s e r e v i d e n c i a e s t a questão:

os m e c a n i s m o s que r e p r o d u z e m este r e s u l t a d o v i ­ t a l para o /iegimei capital is ta ião n a t u r a l m e n t e

e n v o l v i d o s e d i s s i m u l a d o s por uma i d e o l o g i a da E s c o l a u n i v e r s a l m e n t e reinante, visto que é «

das formas e s s e n c i a i s da i d e o l o g i a b u r g u e s a d o ­ m i n a n t e ; uma i d e o l o g i a que r e p r e s e n t a a E s c o ­ la como um meio n e u t r o, d e s p r o v i d o de i d e o l c -

gia. / . . . / * 8

Os e s t u d o s de Reich, e m b a s a d o s nas t e ses f r e u ­ d i a n a s e m a r x i s t a s , i n d i c a m - n o s q ue a f o rça da i d e o l o g i a r e s i ­ de no fato de ser i n c u t i d a d u r a n t e a p r i m e i r a i n f â n c i a —- fase de f o r m a ç ã o da p e r s o n a l i d a d e . A i m p o s i ç ã o das c o n c e p ç õ e s i n i c i a n d o - s e na f a i x a e t á r i a e m q ue a p e r s o n a l i d a d e ê formada, p r o v o c a a a s s i m i l a ç ã o dos v a l o r e s ao n í v e l do i n c o n s c i e n t e , o u seja, a i n t e r n a l i z a ç ã o a l c a n ç a o e s t r a t o m a i s p r o f u n d o da p s i ­ que. P o r t a n t o , a r e p r e s s ã o , já o c o r r e n d o n e s s a fase, c o n d i c i o na a h i s t ó r i a do sujeito. R e s u l t a e m s u b m i s s ã o , i n i b i n d o a e x t e r i o r i z a ç ã o das i n s a t i s f a ç õ e s e, como tal, a m a n i f e s t a ç ã o de id é i a s c o e r e n t e s c o m a p o s i ç ã o de classe. A i d e o l o g i a , e n t r a ­ n h a n d o - s e na e s t r u t u r a p s í q u i c a , faz c o m q u e as c o n c e p ç õ e s

he-2 7CURY,Carlos R. J a m i l , op, cit., p.

(33)

ge m ô n i c a s d o m i n e m o c o n s c i e n t e e, a s s i m , l e g i t i m a o d e s v i o e n ­ tre p o s i ç ã o e c o n ô m i c a e p o s i ç ã o i d e o l ó g i c a — r e f o r ç a a r u p t u ­ ra da u n i d a d e t e o r i a / p r á t i c a . F a v o r e c e n d o a a l i e n a ç ã o , capaci_ t a - s e c o m o f o r ç a m a t e r i a l . Ê u ma força de c a r á t e r c o n s e r v a d o r e, d e s t e modo, b l o q u e i a a re f l e x ã o , s u j e i t a n d o os h o m e n s às ira p o s i ç õ e s de v a l o r u n i v e r s a l : d i s t o r c e a r e a l i d a d e , j u s t i f i c a a d o m i n a ç ã o , i m p e d i n d o a a d e s ã o aos m o v i m e n t o s de resistência.'

A idzo Zogia dz cada formação òo cia Z não tzm pcn única função rzfiZzctir o proczòòo econômico dzò_ 6 a òo c i z d a d z , maò também a dz znn.alzar, rzai zò-tnu.tu.Ka6 pòZquicaò do6 komznò de.òòa ò o c i z d a d t . 06 komznò zòtão ò a jz it o ò ãò pn cp r ia i condiçõ zò dz z x i ò t z n c i a dz du.aò manzino.ò; dz jvanzina dí-n z c t a , pzta dí-nzpzdí-ncuòòão i m ed ia t a da òua òitua-çao zconÔmica e. òocicít, z dz mcinzira. ividirzcici, pzZa z6tn.ato.ra i d z c Z o g i c c da 6Qci.zda.dzi tzm por­ tanto quz dzòznvoZvzr òzmpnz na 6ua zòtnutu.no. pòZquica uma. contradição quz cornzòpcndz ã t r a ­ dição quz z x i ò t z zn trz aò re.pznc.u6 6 õzò da zò-tnutuna idzoZcgico. do. ò o c i z d a d t , 23

A p e s a r de o p o d e r da i d e o l o g i a c o n d i c i o n a r a h i s t ó r i a de v i d a do s u j eito, f r e n t e ao a n t a g o n i s m o e n t r e as c l a s s e s sociais, o p a p e l dos o r g a n i s m o s da s o c i e d a d e c i v i l ,con forme p o s t u l a Gr a m s c i , n ã o .se e s g o t a na s ua f u n ç ã o d e t e r m i n a d a . S i m u l t a n e a m e n t e t ais o r g a n i s m o s r e p r e s e n t a m i n s t r u m e n t o s de c o n s t r u ç ã o da c o n t r a - l i e g e m o n i a . F a c e a e s t a a m b i g u i d a d e , e c o n s i d e r a n d o os a g e n t e s da s u p e r e s t r u t u r a c o m o m e d i a d o r e s das r e l a ç õ e s s o c i a i s ,c o m p e t e aos i n t e l e c t u a i s r e p r e s e n t a n t e s da c l a s s e t r a b a l h a d o r a , no e x e r c í c i o de suas a t i v i d a d e s , d e s v e n - d a r as r e l a ç õ e s de d o m i n a ç ã o .

 zducação podz tonnan-ò z um òaczn-inòtnumznto .quz poòòibiZite. o caminho do viòZvzZ ao

ZnvisZ-vzt, do úznÔmzno ao zò tn utun al z, com i ò ò o , òu-pznan o canãtzn ambíguo dzòòa co n tra diç ão . Vz pzndz da unção poZZtic.a quz zZ.a aòòumir / . . . / .

A p o ò ò i b i Z i d a d z dz que. a zducação aòòuma a {.un­ ção dz arma. c a Ztica. z x i ò t z ponquz a nzpno dação

(34)

33

das A e t a ç õ e s s o cials de: pio dação não e me.Aa Ae~ p e t i ç ã o das mesmas, m m mesmo uma a e p A o d u ç a o Aei tex.at.iva, mas uma A e p A o d u ç ã o ampliada, que ievã~ consigo as c o n t A a d i ç o e s e x i s t e n t e s na s o c iedade.

E como as co ntAo.dições em ceAto n i v e Z g e A a m pAo_ b Z e m a s , m a n i f e s t o s oa não, fica em abeAto a queJ tão da e x p t i c a ç ã o dos m e s m o s . 30

(35)
(36)

34

3. O R I G E M E F U N D A M E N T O S D A B I B L I O T E C A P Ú B L I C A : x e l & i t u l a da le visão de l i t e i a t u i a et abo ia da póh Suz a na Mue.Z-te.si

M u e l l e r i n i c i a s e u t r a b a l h o de r e v i s ã o de l i t e ­ r a t u r a d e s c r e v e n d o o c e n á r i o da i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o das b i b l i o t e c a s p ú b l i c a s n os s e g u i n t e s termos:

0-6 s & i v i ç o s aos as uã iio s o .feiecidos poi bibtio-tecas começaiam a sen. oi g a ni za do s de mane-üia sis-: temática a p a i t i l da emergência das b i b l i o t e c a s

públicas Isêculo XIX) ,* elas pibp hias l e s u l t a n t e s das t ian s foimações s o c i a i s que o c o n e iam com o desenvolvimento da i n d u s t i i a e a c ie s c e n t e uiba nização dos séculos XV Jí e XIX.1

T e n d o p o r a l a v a n c a a R e v o l u ç ã o Indus t r i a l , e x i ­ g i n d o q u a l i f i c a ç ã o m ais a p r o p r i a d a da f o r ç a de t r a b a l h o , e v i ­ s a n d o m a n t e r o n o v o m o d o de p r o d u ç ã o , i m p õ e - s e a necessidade do e n s i n o formal c o m o m e i o de a p e r f e i ç o a m e n t o i n d i v i d u a l e de d e ­ s e n v o l v i m e n t o nac i o n a l . N e s t e con t e x t o , a b i b l i o t e c a p ú b l i c a

\

a p r é s e n t a - s e c omo m ais u m a r t i f i c i o de g a r a n t i a da d e m o c r a t i z a ç ão do saber.

S o b r e e s t e tema, no s e n t i d o de t o r n a r m e l h o r c o m p r e e n d i d a a r e a l i d a d e do final do s é c u l o p a s s a d o ,r e c o r r e m o s a uma a n t o l o g i a q ue r e f l e t e o p e n s a m e n t o de M a r x e E n gels.

0 desenvolvimento da levolução i n d u ò t l i a l e o t l i u n f o do li b e l a l i s mo tíouxesiam consigo uma tians foimação fundamental do apaiato e s c o l a i

/ . . . / As nec essidades t e cn ol ó gi ca s p i o d u z i d aò

poi mudanças oco i l i d a s nas foiças pi od ut iva s e poi outio la do , as ex igê nc ias l i b e i a i s , de en ­ t e n d e i a educação e o conhecimento como c o n d i ­ ção da i g u a l d a d e e nt ie todos os cidadãos detei-minaio.m a i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o , extensão e pio5u£t

dização do apaiato e s c o l a i . 2

1M U E L L E R , S u z a n a P . M . , B i b l i o t e c a s e s o c i e d a d e : e v o l u ç ã o da i n t e r p r e t a ç ã o e p a p é i s da b i b l i o t e c a , p. 9.

Referências

Documentos relacionados

Caso particular: Se duas rectas coincidirem em todos os pontos também dizemos que são paralelas. As duas rectas são

O gráfico da figura apresenta os valores da componente escalar da velocidade de um carro com movimento retilíneo, horizontal, em função do tempo, ao longo de 55

Assim, se recorrermos à origem da palavra clínica, será constatado que Kliniké estava relacionado à posição de inclinação do corpo do médico para escutar o pathos do

Atenção humanizada ao recém-nascido : Método Canguru : manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas

Por exemplo, dois lados de um triângulo são sempre consecutivos, mas não são adjacentes (colineares com um único ponto

Para tanto, será utilizado o artifício de associar ao objeto de interesse um sistema de coordenadas, de forma que a orientação possa ser descrita através da descrição dos

“A posição dominante diz respeito a uma posição de poder económico detida por uma empresa que lhe permite afastar a manutenção de uma concorrência efetiva no mercado

Dois planos são paralelos distintos quando não têm ponto comum. T3) Se dois planos distintos são paralelos, então toda reta de um deles é paralela ao outro. T4) Se dois planos