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História da psicologia e psicologia histórica: seus critérios e suas diferenças

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Academic year: 2017

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CENTRO DE POS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

HISTORIA DA PSICOLOGIA E PSICOLOGIA HISTORICA: SEUS CRITgRIOS E SUAS DIFERENÇAS

ANNA CRISTINA VE FILIPP0t:

FGV / I SOP / CPGP

Praia de Botafogo, 190 sala 1108 Rio de Janeiro - Brasil

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(3)

AGRADECIMENTOS

· Ao professor Antonio Gomes Penna,orientador deste trabalho, em quem sempre percebi, e por isso adm~

rei, uma dedicação muito grande ao conhecimento. · Ao professor Eliezer Schneider e à professora Eva

Nick pela participação na avaliação deste traba lho.

· Aos meus pais e

à

minha irmã pelo apoio, que rec~ bi para tudo que pensei em fazer, durante toda a minha vida.

A Toninho e Loy, meus grandes apoios na época do vestibular, para psicologia, do que muito me lem brei quando escrevia essa dissertação.

· Aos meus amigos Roberto, Eduardo, Renate,Âurea,V~

cente, Leonor, Caetana e Jandira, que sempre ouv~

ram as minhas "teses sobre a vida", as quais, é claro, influenciaram na elaboração deste trabalho.

· Ao meu afilhado Alexandre,cujo sorriso sempre me estimula.

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. Aos meus clientes e alunos que continuamente aj~

dam a renovar meus conhecimentos e ideais.

. A Debora Pinto Otoni e a Teresa Cristina Franco Cosentino que, cuidadosamente, fizeram toda a pa~

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RESUMO

Este trabalho diferencia a História da Psicologia da Psicologia Histórica,mostrando que a História da Psicolo gia se ateve ao estudo da evolução de uma ciência e, assim sendo, operou a nível conceitual,tendo considerado importa~

tes para melhor compreensão de seu objeto de estudo - o ho mem - conceitos referentes

à

leis fisiológicas e psicológ~

caso As raízes desses conceitos encontram-se em movimentos relacionados às ciências naturais - conceitos fisiológicos, principalmente sobre os reflexos e a localização cerebral, conceitos biológicos, como os de evolução e adaptação, inte resse pela pesquisa, surgimento de laboratórios e uma abor dagem do psiquismo - e à filosofia - empirismo crítico,ass~

ciacionismo e materialismo científico. Fundamentalmente op~ ra com o princípio da permanência, ou seja, com o princípio que sustenta a permanência da natureza humana ao longo da História.

Influenciados pelos estudos da sociologia e da a~

(6)

tual, como a História da Psicologia,mas a nivel factual.Tra balha não com uma natureza humana essencialmente estável,mas com um ser humano que se modifica ao longo da História, mo~ trando caracteristicas novas e novas espécies de comport~

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SUMMARY

This paper (dissertation) makes a distinction between the historical psychology and the history of psy-chology in an attempt to show that the history of psychQ logy deals with the study of the evolution of a science, therefore operating on conceptual leveis. Aiming at a more comprehensive understanding of its object of study the :man - the concepts related to the physiological and psychQ logical rules have been considered of high importance.These concepts are originated from the movement not only related to the natural sciences - physiological concepts, mainly tose about the reflexactions and the localization of the cerebral functions, biological concepts like those of the evolution and adaptability, interest in research,the outcoming of laboratories and atomistic approach to psychism but also

related to philosophy-empiricism, associationism and

scientific materialismo Fundamentaly, the history of psychS logy deals with the remain principie, or else, with the principie that supports the permanence of the human constitution during the History.

(8)

seen as a human being whose reality is essentially historical and whose behaviour not only causes changes in the social environment where he lives but also reflects them. This new view of the man is the landmark of the beginnings of the historical psychology which operates on factual leveIs instead of conceptual ones.

(9)

RESUMO SUMMARY INTRODUÇÃO CAP!TULO

!NDICE

...

pág.

1

I - A HIST6RIA DA PSICOLOGIA . . . 3

1 - A METACI~NCIA . . . 3

1.1 - A Psicologia da Ciência . . . 3

1.2 - A Sociologia da Ciência . . . 4

1.3 - A Filosofia da Ciência . . . 4

1.4 - A História da Ciência . . . 5

1.4.1 - A História da Psicologia . . . ... 6

A - Conceitos Biológicos . . . 6

B - Conceitos Fisiológicos . . . 10

C - Quantificação . . . 22

D - Pesquisas em Universidades e Laboratórios de Treinamento .. 25

E - Atomismo . . . 36

F - Empirismo Crítico . . . 36

G - Associacionismo . . . 45

H - Materialismo Científico . . . 58

11 - A PSICOLOGIA HIST6RICA . . . 63

1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS . . . 63

2 - AS ID~IAS DE J.H. VAN DEN BERGI . . . 65

3 - AS ID~IAS DE IGNACE MEYERSON . . . 69

4 - AS ID~IAS DE JEAN-PIERRE VERNANT . . . 70

5 - AS ID~IAS DE PHILIPPE ARI~S . . . 75

CONCLUSÃO

...

82

(10)

Sua execução implicaria na citação de vários auto res ilustres. Fizemos, por~m, uma seleç~o prévia. de alguns desses autores e suas obras. Nio que consideremos sem rel~ vância os autores excluídos,mas esta ~ uma proposta acadêm! ca e, como tal, referenciada pelo fator tempo. Com base nes te referencial, decidimos fazer uma pausa em nossas leituras, organizar o material que nos era mais familiar e pertinente, como escolha intelectual, e apresentá-lo. Esse trabalho re presenta nossa pausa. B assim, que no dizer de Jaspers, nos sentimos.

o

homem ê possibilidade aberta, nao terminado e não terminãvel. Por isso

é

sempre também mais e outra coisa do que tenha realizado.

A história da psicologia centraliza-se no conheci mento do surgimento e evoluç~o de uma ciência e, como tal, considera seu objeto de estudo dotado de características de permanência e inalterabilidade, no que diz respeito às suas funções bio-psíquicas, sendo suas variações consideradas so mente a nível de conteúdo. Para estudar esse objeto - o ho mem -

é

importante o domínio de conceitos, relacionados a

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encontram-se em movimentos tributários da filosofia - empl rismo crítico, associacionismo, materialismo científico - e das ciências da natureza - fisiologia,conceitos biológicos, corno evolução e adaptação, abordagem atomista, interesse p~ la pesquisa e pelo surgimento de laboratórios.

As contribuições que a sociologia e a antropologia apresentaram a respeito do comportamento humano, fizeram com que os psicólogos sentissem necessidade de rever seusconcel tos. Corno fruto dessa revisão, emergiu a perspectiva de um objeto de estudo que se transforma, ao longo do tempo,abri~

do horizontes para a percepçao de um homem que vive num da do contexto de local e epoca e cuja realidade

é

biopolítica. Esse novo homem difere do homem abstrato, mostrando-se eng~

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cAPlrrULO I

A HISTORIA DA PSICOLOGIA

A hist6ria da psicologia ~ centrada no estudo do surgimento e evolução de uma ciência.

Refletindo sobre essa id~ia, lembramo-nos de que vários autores acreditaram que tudo pode ser objeto de est~ do científico, inclusive a pr6pria ciência ~ como fazer ci ência da ciência ou metaciência.

1 - A METACI~NCIA

A metaciência nao se desenvolveu como um estudo sistematizado, mas como um conjunto de disciplinas diferen ciadas no seio de outras ciências: são elas: a psicologia da ciência, a sociologia da ciência,a filosofia da ciência e a hist6ria da ciência.

Não e nossa pretensão descrevê-las. Resumidamen te mostraremos o significado de cada uma delas, para chega!: mos ao nosso objetivo que é a hist6ria da psicologia.

1.1 - A PSICOLOGIA DA CI~NCIA

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na é motivada, a motivação ligada ao exercício da atividade cientifica deve constituir-se em objeto da psicologia da ci ência, assim como o estudo da estrutura da personalidade e inteligência especificamente científicas.Tal como fez Ernest Jones em sua biografia sobre Freud.

1.2 - A SOCIOLOGIA DA CIENCIA

O desenvolvimento cientifico depende em grande parte da evolução da sociedade,uma vez que a feitura de pe~ quisas e suas divulgações estão vinculadas a instituições: suas facilidades e limitações,bem como sua ideologia. Impo~

ta nesse domlnio, o estudo dos fatores sociais e econômicos que propôem problemas novos sobre os quais se irão debruçar os pesquisadores

1.3 - A FILOSOFIA DA CIENCIA

Nem toda filosofia trata da ciência. Existe uma

"filosofia da moral" .. uma "filosofia da arte" .. uma "filos~

fia da religião" .. etc. Um ramo da filosofia moderna pode ser considerado filosofia da ciência, sendo dividido em: metodo logia - trata dos métodos empiricos da ciênciai metateoria-trata-se da análise do discurso cientifico i epistemologia ~ a mais antiga das três disciplinas - preocupa-se, fundame~

(14)

A filosofia das c1encias sem a história das ciências

e

vazia; a história das ciências sem a filosofia das ci ências

é

cega.

(Irnre Lakatos)

1.4 - A HIST6RIA DA CIENCIA

Define-se não apenas corno a história dos conceitos propostos no domínio do conhecimento científico mas,também, corno o estudo das condições sociais e econômicas que possl bilitaram a proposição desse conhecimento. Comporta urna hi~ tória de fatos, segundo Bachelor, construídos e expressivos da constatação de problemas.

Seu período de interesse é posterior aos séculos XVI e XVII, urna vez que o saber cientifico é acontecimento da modernidade. Rejeita a figura do precursor, e é considerada descontinua. Conhece cortes e rupturas.Para Bachelor proce~

sou-se através da ruptura epistemológica e do movimento de reorganização de determinadas ciências.

A noção de ruptura epistemológica é relacionada a

-de corte epistemológico. O corte surge em função de um con

junto de correções, criticas, refutações e negações de ideQ logias ou de filosofias, denominada pelo referido autor de ruptura intra-ideológica. Ela prepara o corte e corno conse quência se produz a ruptura epistemológica.

(15)

panhamento a sucessivas proposições de problemas que o ho mem investigou e, também da sequência de soluções propostas para resolvê-los.

A história da ciência pode ser subdividida em tan tas subdisciplinas quantas forem as ciências estudadas. Te mos então,a história da física, a história da química,a his tória da psicologia, etc.

1.4.1 - A HIST6RIA DA PSICOLOGIA

A psicologia científica emergiu no começo do século XIX, favorecida por alguns movimentos tributários da filoso fia e das ciências da natureza.

Entre os tributários das ciências da natureza,incl~

em-se alguns conceitos biológicos, onde se destacam os de evolução e adaptação, conceitos relacionados a fisiologia, urna abordagem atomista, um interesse na quantificação, além da tendência a instituir pesquisa universitária e laborató rios de treinamento.

Entre os tributários da filosofia, estão incluídos o associacionismo, o empirismo crítico e o materialismo ci entífico.

A - Conceitos Biológicos

Charles Robert Darwin (1809-1882) sustentou que o m~

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dizer com isso que os organismos competem numa luta mortal por recursos limitados de alimentos, o que estabelece uma disputa pela sobrevivência, pertencendo a vitória aos org~

nismos mais bem ajustados às suas circunstâncias ecológicas.

A idéia de uma luta pela sobrevivência foi de insp! ração malthusiana, mas na teoria de Malthus não há um proce~

do de seleção, apenas é feita a menção de que existem meca nismos que restabelecem o equilíbrio entre a população e os recursos alimentares disponíveis. Porém, esses mecanismos são, em grande parte, indiscriminados.

A ênfase de Darwin na sobrevivência de uma espécie adaptada a seu meio ambiente encontra um paralelo bem próx! mo nos modernos principios de aprendizagem de autores como Thorndike e Hull, segundo os quais no repertório de um org~ nismo sobrevivem aquelas respostas que satisfazem as suas n~

cessidades,mas são eliminadas aquelas que não o satisfazem, ou que geram aborrecimento ou dor.

Darwin, é claro, não discutiu apenas a evolução das estruturas anatômicas, mas também, a do comportamento,tendo mostrado, nessa discussão,os ingredientes básicos da teoria evolucionária - função, variação e continuidade.

(17)

quência fosse retomada. P. Huber verificou isso ubservando uma lagarta na feitura de uma rede muito complexa. Se pega~

se uma lagarta que tivesse completado sua rede,por exemplo, até o sexto estágio de construção e a colocasse numa rede construída até o terceiro estágio, ela simplesmente refazia o quarto, o quinto e o sexto estágio da construção. E caso retirasse uma lagarta de uma rede construída, digamos,até o terceiro estágio e a colocasse numa outra construída até o sexto,longe de sentir o benefício,ela ficava atrapalhada e, parecia obrigada a começar de onde havia parado.

Acreditava,também,que os instintos são tão importa~

tes quanto a estrutura corporal,para o bem estar de cada es pécie, sob suas condições naturais de vida. Sob outras con dições, é possível que pequenas modificações de instinto se jam boas para uma espécie e não sejam, para outras, dentro das mesmas condições. Como o instinto varia pouco,é de se supor que a seleção natural conserve e acumule variações de instin to em qualquer extensão que possa ser útil. Sendo assim, é também possível que os instintos mais complexos se originem dessa maneira.

As idéias de Darwin influenciaram Francis Galton (1822-1911), seu primo, que acreditava que os seres humanos podem sofrer variações em seus dotes genéticos mentais e, ~ lém disso, essas variações serem transmitidas pela heredit~

(18)

Galton deixa bem claro, em diversos de seus textos, não ter admitido idéias corno: os bebês nascem muito parec! dos e a criação os diferenciará. Essas idéias, segundo ele, sugerem urna perniciosa igualdade natural. Embora tenha reco nhecido o grande poder da educação e das influências sociais para o desenvolvimento das capacidades ativas da mente,acr~

ditava que existe um limite para essas capacidades, que não é ultrapassado por qualquer esforço ou tipo de educação.

Este autor tentou medir diretamente a variação na ca pacidade humana. Sustentou que as pessoas variam em inteli gência porque variam na precisão de suas discriminações se~ soriais. Essa idéia é compreensivel,uma vez que ele formou-se sob a influência de urna filosofia cujo valor máximo esta va na obtenção do conhecimento, através dos sentidos. Criou métodos para avaliar essa precisão e,embora seus argumentos não fossem bem aceitos, estimulou outros pesquisadores a en contrarem métodos mais adequados que os seus.

Entre os autores que sofreram a influência de Galton e,indiretamente,a de Darwin está James Mckeen Cattell (1860-1944). O terna central de seu trabalho foi a avaliação das ca pacidades humanas. Apesar de seu doutoramento com Wundt, se guiu as linhas de pesquisa estabelecidas por Galton.

-Criou a expressa0 "teste mental"; procurou estabel~

(19)

ples - e, também, aplicou técnicas estatisticas para os d~ dos que colheu. Essa preocupação com a variação das capac~

dades humanas se tornou conhecida corno psicologia das dife renças individuais.

Devemos ~risar que, no entanto,a forma aceita de tes te de inteligência não foi a de Galton e tão pouco a de Cat tell, mas a de Stern na Alemanha, e a de Binet, na França, para quem o teste mental deveria ter dois objetivos: avaliar a variação das faculdades mentais de individuo para indivi duo, bem corno determinar a covariação entre as várias facul dades mentais. Para atingir esses objetivos era preciso tes tar as funções mentais mais elevadas, e não os simples pr~ cessos sensoriais pesquisados por Galton, Cattell e outros. Durante o restante do século XIX e os primeiros anos do se culo XX, Binet e colaboradores construiram testes mentais e os avaliaram. Finalmente, na segunda década do nosso século, o teste de inteligência sob a forma concebida por Binet, já se tornara um instrumento padrão para o psic610go.

B - Conceitos Fisiol6gicos

Entre os estudos mais importantes nessa área desta caram-se: o estudo dos reflexos e da localização cerebral.

-- O Estudo dos Reflexos

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los estritamente limitados, de movimentos isolados.Os refle xos, pela separação bem definida de estímulo e resposta, e pela precisão de máquina, se tornaram o modelo preferido de análise psicológica para os teóricos de abordagem mecanicis ta, uma vez que rareciam ser os átomos de que se compunham as moléculas mais complexas do comportamento.Alguns psicól~

gos influenciados pelos fisiologistas,que a cada dia revela ram novos reflexos, chegaram a pensar que todas as ações do homem poderiam ser decompostas nessas unidades mais simples.

Já em 1662, Descartes (1596-1650), a quem foi atri buída a idéia do homem como máquina, definiu o reflexo como unidade de análise para a ação involuntária. No entanto, não

-sustentou que todas as açoes humanas seriam reflexas,pois ~

creditava que o homem possuísse uma alma racional,cuja int~ ração com o corpo se daria através da glândula pineal do cé rebro, glândula essa que teria todo o controle da ação huma na, além e acima da mecânica do sistema nervoso.

A Julien Offraw de la Mettrie (1709-1751) coube a am pliação da posição de Descartes, tendo sustentado a amplit~

de global do princípio do reflexo. Embora não tenha contri buído para o estudo empírico dos reflexos, reafirmou ampl~

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David Hartley (1705-1757) elaborou uma descrição da fisiologia neuro-muscular que se assemelha ao reflexo.M.guns movimentos foram descritos por ele como automáticos ou invo luntários. Sustentou que o princípio de associaçao por co~

tig~idade poderin ser usado para explicar como os movlirentos

automáticos passam ao controle voluntário e, por outro lado, como os movimentos voluntários se tornam automáticos.

Considerou como movimento voluntário aquele que aco~ panhava um estado da mente denominado vontade - conjunto de vibratiúnculas compostas - diretamente e sem que percebêss~

mos a intervenção de qualquer outra idéia, sensaçao ou mov! mento. Sendo necessária a interferência de outras idéias,sen sações ou movimentações, o movimento seria dito imperfeit~

mente voluntário ou, em linguagem comum, semi-voluntário.V~

rificando, na vida diária,os movimentos que acompanham pe~ feita ou imperfeitamente, mediata ou imediatamente a vonta de, e que o fazem em proporção ao número e grau de força das associações, tudo que era denominado voluntário,poderia ser atribuído

à

associação. Devido a um conjunto de associações, a ação poderia tornar-se voluntária e, por outro lado, pod~

ria tornar-se dependente de sensações e idéias, das quais a mente praticamente, não estava consciente e,dificilmente,p~

deria recordá-las, momentos depois da ação. Disso decorria que a associação poderia converter as açoes automáticas em voluntárias, e vice-versa, chamando de automáticas aquelas das quais a mente dificilmente estava consciente, devendo,

(22)

Embora a contribuiç~o maior de Hartley tenha sido referente ao desenvolvimento do associacionismo, fez ele os primeiros esforços para preencher a vazia e aparente distân cia entre aç~o voluntária e involuntária.

Robert Whytt (1714-1766) resumiu o estudo do conhe cimento empírico sobre o reflexo.Nessa época a hipótese ca! tesiana, na fisiologia, estava praticamente abandonada.Whytt falou sobre estímulos, músculos antagônicos, esfíncteres e um equivalente ao tônus muscular. O estudo do conhecimento da época indica os aspectos essenciais de urna corrente de ~

contecimentos que, finalmente,levaram o conceito de reflexo a um ponto fundamental: um estímulo agindo num tecido nervo so e, assim, conduzindo a um movimento muscular, cuja magn! tude seria, de certa maneira, proporcional

à

intensidade do estímulo.

A discuss~o do sistema nervoso por George Prochaska (1749-1820) contribuiu para o conceito moderno de reflexo, tendo ultrapassado Whytt quanto

à

descrição da aç~o do esti mulo sobre o sistema nervoso. Disse ele que esse processo ocorria em virtude da vis nervosa -- causa latente na polpa dos nervds, produzindo efeitos n~o verificados. Utilizou es se termo sob a influência de Newton, que chamava de vis at

tractiva a misteriosa causa da atração física.

Para Prochaska algum estímulo era necessário para ~ ç~o da vis nervosa, e poderia ser originário do corpo ou da

(23)

cionais a vis nervosa e a vis stimulo; na medida ern~ ela fosse mais ativa e o estímulo mais eficiente, a ação seria mais intensa.

A vis nervosa varia em gra~, dependendo de fatores como: idade, sexo, clima, condições do corpo humano qua~ to

à

saúde ou doença.

A recepção sensorial e a expressa0 motora segundo se pensava , tinham sua conexão numa região do sistema nervQ so denominada sensorium commune. cuja principal função co~ sistia na transformação de impressões sensoriais em moto ras, o que poderia ocorrer tanto consciente quanto incon~

cientemente. Existiriam, então,dois tipos de ação muscular no corpo humano, de acordo com a causa que produzisse a ex citação: voluntária - de acordo com a ordem ou vontade da mente, a ação poderia ser excitada, aumentada,diminuída ou detida - e involuntária -a mente estaria realizando a ação inconscientemente, sem seu conhecimento, apenas por estar recebendo um estímulo mecânico corpóreo. Por essa razão qua~ do o movimento muscular é realizado independente da vonta de da mente, além de involuntário, é dito espontâneo ou, a inda, automático.

-

~

(24)

Marshall Hall (1790-1856) tentou separar o sistema nervoso espinhal do resto do sistema nervoso, dando ao esp~

nhal a característica distintiva de mediação dos reflexos. Essa tentativa de separação, em grande parte, fracassou e a import~ncia de sl~a contribuição foi estabelecer o reflexo como uma entidade fisiológica anatomicamente definida e fa zer de seu estudo uma area de conhecimento substancial da biologia.

Ivan Michailovich Sechenov (1829-1905) foi o pai da reflexologia russa,tendo levado essa concepção at~ seu limi te extremo, ao considerar todo comportamento, voluntário ou involuntário, redutível a reflexos. Essas opini~es preced~

ram a defesa de uma psicologia objetiva apresentada na RGs sia por Bekhterev e Pavlov e, nos Estados Unidos,por Watson.

Para Sechenov, toda a atividade psíquica do homem se exprimiria em manifestaç~es externas que poderiam ser cons~

deradas fenômenos surgidos na atividade do enc~falo e atri buidas a movimentos musculares. Com isso, muitos fenômenos que, aparentemente, não tinham relação entre si, poderiam ser reduzidos

à

atividade de algumas dezenas de mGsculos.Torno~

se claro, também, que todas as qualidades de manifestaç~es

externas de atividades encefálicas, caracterizadas como ani mação, paixão, caçoada, dor, alegria, etc, nada mais seriam do que resultados de maior ou menor contração de alguns gr~ pos de músculos.

(25)

pos: voluntários e involuntários. O grupo dos involuntários poderia ser caracterizado por:

- ter como base uma excitação mais ou menos definida de um nervo sensorial;

- uma excitação sensorial que produzisse um movimento refl~

xo e pudesse,também, provocar sensações conscientes; tais sensações, no entanto, não seriam inevitáveis;

- uma constância, sob determinadas condições, na relação e~ tre a força da excitação e a intensidade do movimento,num puro reflexo, despido de elementos psíquicos;

- variaçao dessa relação se o reflexo fosse complicado pelo elemento psíquico;

aparecimento rápido do movimento reflexo, que se seguiria a excitação sensorial;

- correspondência entre a duração do movimento reflexo e da excitação sensorial, principalmente se o reflexo não fos se complicado por elementos psíquicos;

- conveniência de todos os movimentos involuntários, do po~ to de vista da previsibilidade e integridade do organismo;

(26)

- relação de interdependência entre a possibilidade de rep~ tir freqüentemente um reflexo, numa mesma direção e a pr~ sença, no corpo, de um mecanismo inato definido (por exe!!! pIo), o mecanismo de espirrar, ou a de um mecanismo adqul rido por aprendizagem (por exemplo) ,o mecanismo de andar;

-- no caso de embotamento de recepçao sensorial, em um ou em todos os sentidos (visão,audição,etc).

o

mecanismo de to dos os movimentos que se originassem nesses sentidos -tan to os inatos quanto os adquiridos por aprendizagem, - se ria reflexo. Esse mecanismo consistiria de nervos sensori ais e motores, com suas células nos centros cerebrais. Tais células constituiriam o início dos nervos e enviariam p~ ra o encéfalo processos,através dos quais, ele influenci~

ria o movimento reflexo,fortalecendo-o ou enfraquecendo-o. Seria, então, possível dizer que a atividade desse mecanis mo é que seria um reflexo. Conseqüentemente, a 1/ máquina 1/

seria posta em funcionamento pela estimulação dos nervos sensoriais, assim, todos os movimentos involuntários seri am máquinas em sua origem.

Quanto aos movimentos voluntários, também seriam ba seados na estimulação dos nervos sensoriais. Apenas, por aI gumas razões, o estímulo sensorial, em geral, não seria obser vado. Entre essas razões, destacam-se:

(27)

taria a uma associaçao, que em todos os outros aspectos seria bem clara. A associação essencial seria tão vívida que essa adição se tornaria de difícil observação, ou se quer observada;

- Uma série de pensamentos logicamente ligados,poderia ser associada com uma idéia sem qualquer relação lógica com ela, e esse seria, então,a idéia que provocaria a meneio nada série específica de pensamentos;

- Uma cadeia de idéias combinadas poderia permanecer tento tempo em nossa consciência,que seria difícil lembrar qual foi o impulso específico que provocou determinada cadeia de pensamentos.

- O Estudo da Localização Cerebral

A crença de que o cérebro seria o órgão principal da mente durou muitos séculos. Pitágoras e Platão acreditaram nela. Já Aristóteles atribuía as funções mentais, fundamen talmente, ao coração. Galeno, cujas afirmações médicas f~ ram, durante séculos, inabaláveis, acreditou,

que a mente tem sua localização no cérebro.

firmemente,

(28)

Franz Joseph G~ll (1758-1828) desenvolveu a doutri na da organologia, que seu discípulo Spurzheim popularizou com o nome frenologia. Essa teoria baseou-se, primeiro,na crença de que cada função mental dependeria de uma parte de terminada do cérebro; segundo, se uma determinada função es tivesse bem desenvolvida em um indivíduo, o exame de sua es trutura neural revelaria isso.Finalmente, desde que a forma do crânio acomodaria, em certa medida,a forma do tecido ner voso que a conteria, a verificação das massas cranianas in formaria a respeito do grau de desenvolvimento das estrutu ras nervosas subjacentes e, correspondentemente,das caracte rísticas comportamentais do indivíduo.

-

-Pierre Jean Marie Flourens (1794-1867) opos-sea fre nologia. Acreditava que cada parte distinta do sistema ner vos o teria uma função fixa e própria. A função dos lobos ce rebrais seria o comando da vontade, do julgamento,das lembr~

ças, da visão, da audição ou, resumindo, do sentir. Ao cér~ bro caberia dirigir e coordenar os movimentos de locomoção e apreensão, e ao bulbo raquidiano a conservação dos movllre~

tos. A medula espinhal deveria ligar,em movimentos globais, contrações musculares imediatamente excitadas pelos nervos. Apesar disso, cada uma dessas partes,além da ação própria e exclusiva, teria ação comum.

(29)

bela o levarié1 a um enfré1quecimento maior ainda, e él da medu

la espinhal e bulbo rilquidiilno (l

-

ext inç'du dC'~; ses movimen tos. Isso se justificélria, uma vez qu<.; o:; luLos cerebrais

estariam determinando o desejo de movimentar, o cerebelo a

coordenaç~o, dos movimentos, enquanto o bulbo e a medula a

sua produç~o.

Os fatos expostos fizeram Flourens concluir que o cérebro atuaria essensialmente corno um todo, embora cer tos lobos tivessem, de fato, funções especificas dentro do conjunto.

Paul Broca (1824-1880) aceitou a opiniao de Jean

Bouillaud, um médico fisiologista francês, que atribuía a funç~o da linguagem, à parte superior dos lobos cerebrais. Logo depois, Broca encontrou um homem que é1presentava pCE da da capacidade do uso da linguagem,e relatou que a afasia estava associada a um tumor no lado esquerdo inferior do ce

rebro do paciente.

(30)

John Hughlings Jackson (1835-1911) confirmou a des coberta de Broca, mas suas observações o levaram a refutar uma localização exata para a função, e a criar uma interpr~

tação evolutiva de niveis superiores e inferiores do siste ma nervoso,que funcionariam,respectivamente,para as funções mais e menos complexas. A evolução mostraria a passagem de um nivel mais organizado para um menos organizado.Conseque~

temente, em relação ao sistema nervoso, seria válido dizer que o progresso se daria de centros comparativamente bem o~

ganizados, por ocasião do nascimento, para centros mais ele vados que continuamente, se organizaram durante a vida.

Dizia, tamb~m, o autor que a evoluç30 apontava ~ ma passagem do mais simples para o mais complexo, o que impll:. caria uma passagem de comando dos niveis inferiores para os superiores, consequentemente, do automático para o voluntá rio.

Influenciado por Herbert Spencer, Jackson usou o te~

mo dissolução, para o oposto de evolução e, nessa perspectl:. va, acreditou que a doença nervosa atacaria inicialmente os niveis superiores, e ao progredir, passaria para os inferiQ res, que nunca seriam perturbados sem que os superiores já o tivessem sido.

(31)

mia frontal de apenas um lado tinha efeito muito pequeno s~

bre a aprendizagem e a mem6ria, mas se fosse realizado nos dois lados, poderia provocar a perda de hábitos recentemen te adquiridos, embora os hábitos antigos r.:ermanecessem inta~

tos. Verificou, também, que os hábitos perdidos pela dest~

ção do tecido cerebral poderiam ser reaprendidos, embora o tecido destruido não se regenerasse.

idéias de Flourens voltavam à baila.

ASSim, novamente, as

Karl Spencer Lashley (1890-1958) também reforçou e~ sa volta às idéias de Flourens,ao desenvolver os princIpios de equipotencialidade - as partes do cérebro apresentavam p~ tencial para executar as funç6es de outras partes, se essas sofressem danos - e ação maciça - a atuação cerebral seria semelhante à de qualquer unidade integrada.

Os autores mais atuais parecem acreditar que o ce rebro atua como um todo, mas existe, também, certo grau de especificidade, particularmente, com referência as funç6es mais simples, tais como as experiências sensoriais básicas e movimentos especIficos.

c -

Quantificação

Emmanuel Kant afirmou, em torno de 1800, que a ps~

(32)

sibilidade foi refutada poucas décadas depois,quando alguns eventos psicológicos foram transpostos em termos matem5ticos por Herbart, Weber e Fechner.

Johan Friedrich Herbart (1776-1841) pode ser consi derado o primeiro psicólogo matemático.Acreditava ele que a psicologia poderia ser quantitativa e empírica. Fazia,no en tanto, restrições a que ela fosse fisiológica ou,também, ex perimental, uma vez que considerava as preocupações fisiol~

gicas e as técnicas experimentais com tendªncias e fraciona rem seus objetos de estudo e a mente deveria ser tratada co mo um todo. Considerava as idéias como sendo din~~cas epo~

suidoras de uma energia que faria com que elas se atraíssem ou se repelissem uma às outras; estariam sempre disputando um lugar na consciência e,por isso, nunca eram esquecidas,~

penas empurradas para baixo do limiar da consciªncia pelas idéias adversárias. Essa formulação sugere,nitidamente, uma analogia com os conceitos de inconsciente e repressão,util! zados, posteriormente, por Freud. Também, antecipou alguns conceitos da psicologia de Kurt Lewin.As idéias novas so p~ deriam subir a consciªncia, se as idéias que lá já estives

(33)

-tor quantificou suas teorias sobre a percepçao, limiar de cons ciência, atividade das idéias e sua fusão, tendo antecipado algumas abordagens atuais de modelos matem5ticos.

Ernest Heninrich Weber (1795-1878) realizou trabalho quantitativo em muitas modalidades sensoriais. Estudou o li miar de dois pontos, descobrindo que havia importantes dife renças entre várias partes do corpo, relativamente

à

distân cia que deveria haver entre dois pontos tocados simultanea mente, de modo que a pessoa dis sesse serem dois e não apenas um, e, também, observou de quanto deveria ser alterado um e~ tímulo, para que uma pessoa percebesse que foi alterado -di ferença apenas perceptível. Esse trabalho resultou na com preensão de que a menor diferença perceptível na intensida de do estímulo seria uma fração constante da intensidade to tal em que foi medida. Essa relação foi denominada lei de Weber.

Gustav Theodor Fechner (1801-1887) ,procurando est~

belecer a validade empirica da lei de Weber, realizou exte~

so trabalho experimental e inventou os métodos psicofísicos que, agora, constituem a base da medida em grande parte dos campos de estudos da psicologia; estudos sobre sensação,te~

tes psicológicos, atitudes sociais, etc.

(34)

lores, nos quais o estímulo variável fosse considerado igual ao padr~o, ou poder-se-ia começar fora da regi~o nigual n e lentamente mudar o estímulo variável até que fosse consid~

rado igual ao padr~o. Desse modo, seria possível encontrar os limites da zona "igual". O método dos estímulos constan tes, ou dos casos certos e errados,consistiria na apresent~

ç~o, ao sujeito, de pares compostos do estímulo variável e~ parelhados em ordem causal com o padr~o.O método de reprod~

ç~o, ou de ajustamento ou, ainda, de erro médio, requeria que o sujeito ajustasse o estímulo vari~vel de tal modo que ele parecesse igual ao padrão. Esses métodos tornaram possível, pela primeira vez, medir quantidades psicológicas de manei ra precisa.

D - Pesquisas em Universidades e em Laboratórios de Treinamento

A primeira metade do século XIX assistiu a insti tuiçao formal de uma série de pesquisas em universidades, e de laboratórios para treinamento. Embora em vários campos de estudo já existissem laboratórios,esse movimento, em ps! cologia, foi particularmente copiado da química. Em 1836, Friedrich Wôhler, em Gottingen, sintetizou o primeiro prod~

(35)

Em psicologia há uma controvérsia a respeito da fun dação do primeiro laboratório. Seria em Harvard, 1875, com William James, ou em Lipzig, 1879, com Wundt?

Um vasto campo de pesquisa psicológica foi o estudo do método dos testes, cuj a paternidade foi atribuida a Alfred Binet quem em 1894, se tornou diretor do primeiro laborató rio de psicologia da Sorbonne. Certo de que a vida psiquica deveria ser uma totalidade, e de que o pensamento não pod~ ria ser reduzido, como queria Taine,a uma combinação de im~ gens, estudou a inteligência humana sob o aspecto de esqu~ mas diretores,e o ser humano como um feixe de tendências.

Em 1904, a convite do Ministério de Instrução Públi ca,na França, dedicou-se ao problema das crianças anormais, procurando um critério que permitisse avaliar o retardamen to ou o progresso intelectual de um estudante e, em 1905,p~

blicou os resultados dessa pesquisa feita com um médico, o Dr. Simon, também convidado do governo francês a opinar so bre a questão. Essa publicação foi feita na revista Année Psychologique.

(36)

-ou nao, retardada e, se fosse, de quanto o era. Esse traba lho originou a chamada escala Binet-Simon.

A obra de Edward Claparéde (1873-1940) continuou,em boa parte, a de Binet, tendo, além disso, feito estudos em psicofisiologia, psicopatologia, psicanálise,psicologia ani mal, psicologia da criança, etc.Baseou-se na psicologia fun cional, alegando que ela permitia a delimitação e a descri ção de certos fenômenos, enunciando, com precisão,problemas de gênese e, além disso,sugerindo aplicações práticas e for mulação de leis. O próprio Claparéde propôs várias leis:

- lei da necessidade - toda necessidade tende a provocar as reações próprias para satisfazê-la;

lei da extensão da vida mental - o desenvolvimento da vi da mental é proporcional à diferença entre as necessida des e os meios de satisfazê-las;

- lei da tornada de consciência - o indivíduo torna consciên cia de um processo tanto mais tarde quanto mais cedo sua conduta envolveu o uso automático, inconsciente,desse pr~ cesso;

- lei da antecipação - toda necessidade, que por causa de sua natureza, corre o risco de não poder ser imediatamente sa tisfeita, aparece antecipadamente;

(37)

Em 1900,com o aparecimento da psicologia diferencial, termo proposto por W.Stern, proponente do Quociente de Inte ligência, multiplicaram-se os trabalhos que recorriam

à

esta tística e

à

técnica dos testes, com aplicações nos campos da psicotécnica, da seleção e da orientação profissional.

Francis Galton (1822-1911), primo de Darwin, concebeu um projeto de verificação experimental da teoria evolucioni~

ta, estudando estatisticamente as diferenças individuais e a hereditariedade; assim, teve a idéia de estender seus métodos aos fenômenos mentais. Esses trabalhos de Galton, tendo sido continuados por outros autores, conduziram

à

análise fatorial de Charles Spearman (1863-1945) ,um método de coeficientes de correlação, próprio para revelar o fator geral nos comport~

mentos individuais. O fator g estaria em todo comportamento associado a um fator s, específico, mas L.L.Thurstone (1887-1955) descobriu, com relação ao comportamento,uma multiplicl dade de fatores dos quais nenhum seria geral.

Quanto aos testes de personalidade,o mais famoso, sem dúvida, foi o de Hermann Rorschach (1921). Comportando dez pranchas cobertas de borrões de tinta,negros ou policrômicos era ele submetido ao sujeito, cujas reações

à

percepção de conjunto ou detalhe, forma, cor, movimento e conteúdos de in terpretação pessoal, se constituiriam em um conjunto de da dos, que o experimentador interpretava para sugerir um dia~

nóstico.

(38)

mitantes de certas funções psíquicas com o corpo, em partic~

lar com os sistemas nervosos da vida de relação e da vida ve getativa, com o encéfalo e com as glândulas endócrinas.Essas pesquisas encontraram aplicação prática no domínio da psic~

técnica e, por outro lado, na psicopatologia,facilitando o d~

senvolvimento de pesquisas e verificações diárias de modifi cações e alterações do humor e do pensamento,sob o efeito de certas perturbações corporais, ou de certos medicamcntos c, inversamente, todas as repercussões orgânicas produzidas por acontecimentos psíquicos.

A pesquisa e principalmente a experimentação aplicada ao ser humano encontrou obstáculos nos limites impostos pela consciência moral ou religiosa. Mas o mesmo não aconteceu com a psicologia animal. Isso gerou uma vasta gama de estudo.

C.L.Morgan (1852-1936) foi o primeiro a romper com o antropoformismo vigente na época, discordando ,veementemente , que as condutas do animal tivessem intenções análogas as que ocorriam no comportamento humano. Além disso,promoveu pesqu~

sas para estudar objetivamente a vida animal. As publicações consagradas a esses estudos foram particularmente numerosas por volta dos anos 1920-1940.

Um nome inesquecível - E.L.Thorndike (1874-1949) .Eng~

nhoso inovador no domínio da técnica experimental,submeteu v~ rias espécies animais aos métodos do labirinto e às experiê~

(39)

animais resolviam problemas de interesse vital,tendo concluI do que aprendem por ensaios e erros.

Sofreu muitas crIticas, entre as quais, a acusação de um objetivismo radical. Porém, alguns autores viram a exper~

mentação como confirmação do papel de uma subjetividade ca paz de encontrar uma resposta pessoal, diante de um problema a ser resolvido. Foi o caso de K~hler.

Wolfgang K~hler (1887-1967) resolveu colocar ~ prova a teoria de Thorndike sobre os ensaios e erros; imaginou, P2 rém,experiências que não comportassem o elemento de coerção, censurando ~queles que recorriam ~s caixas problemas e aos labirintos. Os experimentos lhe provaram que os macacos com aptidões individuais desiguais, eram em geral capazes de r~ solver problemas que mais pareciam testes de inteligência pr~ tica, tendo um deles chegado a encaixar duas hastes de bambu para atingir uma banana suspensa no teto.

A interpretação do autor era de que certo objeto pod~ ria adquirir bruscamente,na percepção de uma nova totalidade estruturada, um significado do qual até então estava despr2 vido, tendo implicado, da parte do animal, um discernimento.

(40)

importância da linguagem humana cujo desenvolvimento lhes p~ receu inseparável da inteligência.

Buytendijk acreditava que a busca de leis, no domínio da psicologia animal,ficaria desprovida de sentido se limita da a uma descrição formal, tendo chegado

à

convicção de que se deveria confiar inteiramente na observação em estado de liberdade, principalmente no caso de animais de grande esta tura. Seria indispensável considerar o animal como um suje~

to.

Experiências análogas fizeram os pesquisadores Victor von Weizãcker e Jacob von Uexcüll, os quais acabaram influe~

ciando o famoso autor da atualidade - Konrad Lorenz - cuja preocupação principal é compreender a adaptação do animal ao meio ambiente.

Outro importante ramo da pesquisa foi a caracteriolo gia. A tentativa de fundar cientificamente uma caracteriolo gia não data de hoje, visto que a medicina da escola hipocr~

tica, já no quinto século antes da nossa era, distinguia os temperamentos humanos em sanguíneo, linfático,bilioso e atr~ biliário. Porém, foi no final do século XIX e no próprio se culo XX que, beneficiando-se de outras pesquisas em psicol~

gia, os estudos caracteriológicos progrediram. Foram baseados em vários critérios de classificação. Alguns autores manife~

taram tendências a privilegiar a constituição orgânica,outros, os fatores psicológicos individuais,e houve quem privilegia~

(41)

duais a certas formas típicas, e analisar uma individualida de enquanto é justamente esta individualidade.

Na França, a escola morfológica de Claude Signaud e Leon Mac Auliffe considerou, sob a influência de Lamarck,que o meio modelaria as formas de vida,estimulando algumas de suas funções. A descrição clínica de certos tipos baseou-se na pr~ dominância de um aparelho orgânico. O tipo digestivo foi c~

racterizado pela predominância de uma divisão inferior do blli to e da face - abdominal e bucal; no respiratório,prevaleceu a divisão média - torácica e nasal; no muscular,o êesenvolv! mento das três divisões do busto e da face era igual; no ce rebral predominou a divisão superior - cefálica e craniana.

A morfopsicologia de Corman teve como fundamento uma oposiçao essencial entre o tipo dilatado (hipoexcitável c hi perexcitável) e o tipo retraído; o primeiro seria alegre, es pontâneo, otimista, impulsivo, de pensamento concreto e pr~

tico; o segundo, pessimista, inibido, reflexivo e de espír! to especulativo. Ainda distinguiu três tipos de retraídos: lateral, frontal e de base. Analisou o aspecto geral da fisio nomia, os olhos, a boca, o nariz, as três divisões e a expre~

são, acreditando que também esse exame poderia revelar a ati

tude psicológica sobretudo em termos de adaptação ou resis tência.

Os fundadores da escola tipológica italiana, Giacinto Viola e Nicola Pende, desenvolveram o diagnóstico caracteri~

(42)

gos e delgados; brevilíneos - maior desenvolvimento do tron co em relação aos membros. Os dois básicos foram subilivididos em estênicos e astênicos.

O alemão Ernest Kretschmer distinguiu,em função de u ma avaliação psíquica, os tipos: ciclotímico - aptidão para o contato vital; esquizotímico - inaptidão para o contato vi tal. Morfologicamente, o primeiro seria um pícnico (espesso, denso) e o segundo leptossômico (estreito, fino) .Acrescentou

à

sua classificação os tipos atlético - robusto, musculoso, com predisposição para a epilepsia, e displásico - mau, um desviante do comportamento heterogêneo.Acreditou que a esqu~

zofrenia e a psicose maúIaco-depressiva correspondiam a duas exagerações mórbidas do comportamento, julgando não haver s~

-nao diferenças de grau na passagem eventual da esquizotimia, (sensibilidade voltada sobre si próprio)

à

esquizoidia (ina daptação, devaneio, solidão) e

à

esquizofrenia (ruptura co~

sumada); o mesmo sucedia na passagem da ciclotimia (cordiali dade, jovialidade) à cicloidia (euforia - depressão) e a ps~ cose maníaco-depressiva (mania, melancolia).

As pesquisas do americano W.H.Sheldon fundamentaram-se em um método morfo-psicológico. Inscritas, na linha abe~

ta, pela análise fatorial de Spearman,visavam tornar manifes tos, estatisticamente, componentes aos quais se atribuíram certos temperamentos caracterizados do ponto de vista psic~

(43)

a qual determinaria um tipo morfológico e um tipo caracteri aI que lhe corresponderia:

CAMADA EMBRIONÃRIA TIPO MORFOLÓGICO TIPO CARACTERIAL

ENDOTERMA

(tubo digestivo e glândulas anexas)

ENDOMÓRFICO

MESODERMA MESOMÔRFICO

(músculos, sangue, esqueleto)

ECTODERMA ECTOMÔRFICO

(pele,sistema ner voso,cérebro)

VISCEROTÔMICO

(sociavel,amavel, complascente,bom sono, apreciador de boa mesa)

SOMATOTÔNICO

(firmeza na post~

ra e nos gestos, coragem,força fi sica,necessidade

de jogos e exer

cicios)

CEREBROTÔNICO

(intelectual, ini

bido,angustiado: tenso,solitario, dorme mau)

Os holandeses Heymans e Wiersma criaram uma tipologia em base exclusivamente psicológica. O tipo caracterial seria determinado pela dosagem de três fatores fundamentais: a emo tividade (vibração interior, agitação), a atividade (necessi dade espontânea de agir ,mesmo sem coersão ou interesse maior) e repercussão das representaçôes (mais imediata e de menos longo alcance no primário do que no secundário). A importâ~

cia mais ou menos grande dos componentes emotividade,ativid~

(44)

xonado (emotivo, ativo, secund5rio) - (lua tem o sentido da grandeza, personalidade em tens~o por urna obra a executar e ambiç~o realizadora; o col~rico (emotivo, ativo, primãrio) voltado para urna açao mais improvisada, de reações rápidas, e às vezes impetuosas e aptid~o para oratõ):-ia j: o nervoso (ern~

tivo, n~o ativo, primário) - subjetivo,de humor variãvel,i~

constante, errante, necessidade de divertimentos e excitan tes, individualista e frequentemente revoltado; o sentimen tal (emotivo, n~o-ativo, secundãrio) - sonhador,meditativo, inclinado à melancolia, tímido, escrupuloso, em quem os sen

-timentos da natureza, assim corno os sen-timentos morais, sao muito fortes; o sanguíneo (n~o-emotivo, ativo, primário) frio, objetivo, decidido, dotado de sentimento prãtico, de trabalho fácil, de percepç~o rãpida, diplomata,oportunista, voltado para o êxito social; o fleugmãtico (n~o-emotivo,at!

vo, secundãrio) - com o sentido da legalidade e da justiça, moderado, ponderado, simples, respeitável, de humor igual, pontual e objetivo; o apãtico (n~o-emotivo, n~o-ativo,secu~

dãrio) - fechado, misterioso, voltado para si mesmo, s~n v! da interior vibrante, pessoa de muitos hãbitos, taciturno e amante de sua tranquilidade; o amorfo (não-emotivo, n~o-at!

vo, primãrio) - acolhedor, à disposiç~o de terceiros, negl! gente, voltado para seu bel-prazer.

(45)

ráter histérico,o compulsivo, o fálico-narcisico e finalmen te, o masoquista.

E - Atomismo

Essa abordagem teve muito êxito em várias discipl! nas, como a química, por exemplo.Por isso, foi natural que a psicologia procurasse adotá-la. A química deu o exemplo mais brilhante com a teoria at5mica de John Dalton e sua classifi cação dos elementos. Em neurofisiologia havia a teoria do neu r5nio de Santiago Ramon y Cajal, e muitos filósofos,tanto a~ tes quanto depois de Arist6teles, haviam pensado atomistica mente os fatos mentais, interessados,cntre outras coisas, na maneira pela qual se formavam associações entre os elementos ou átomos mentais.

o

assoc iac ionismo, espéc ie de atom:Lsmo mental, é a abordagem que realmente interessa nesse trabalho e sera vis ta logo ap6s o Empirismo Crítico.

F - Empirismo Crítico

o

empirismo crítico floresceu devido às mudanças que ocorreram na atitude preponderante na Idade Média, quando os autores deduziam seu conhecimento de autoridades como Arist6 teles e os Doutores da Igreja.A partir da Reforma, no século XVI, da descoberta da América, da redescoberta de textos gr~ gos e latinos, e outros fatos mais,o homem começou a questi~

(46)

--periªncia e,tamb6m, que a ordem vigente n~o era nem permane~

te, nem, necessariamente, a melhor.

As principais quest6es dos empiristas criticos jã ha viam sido questionadas pelos gregos,que se interessaram em sa ber de que era feito o mundo e, principalmente, no caso do em pirismo critico, corno ser ia poss ivel um simples ser humano obter o conhecimento a respeito da primeira quest.ão proposta.

Em resposta a primeira das quest~es acima mencionadas, nasceram as ciªncias da química, física e biologia. Para res ponder a segunda, os empiristas críticos indagavam: em que co~

tribui o homem para o conhecimento que experimenta? Qual a na tureza da experiªncia e do mundo dos objetos fisicos?

Seria preciso distinguir o empirismo corno pressuposto filosófico - afirmando que todo conhecimento humano vinha da experiªncia - e corno prescrição metodológica estabelecendo que para obtenção do conhecimento seria preciso apoio na obser vação, na experiência e na medida. Corno pressuposto filosófi co, o empirismo contrastava com o nativismo - o conhecimento era inato; corno prescrição metodológica, o contraste se fazia com o racionalismo - a razão seria o melhor caminho para obter o conhec imento. Evidentemente, nos dois sentidos a palavra nao

-deixou de ter relação, uma vez que a experiência seria ponto central nos dois casos. Contudo, os dois sentidos nao

-

eram idênticos. Era possível ser um não-empirista - filosoficamen te - o empírico - metodologicamente; ou um empirista não empi rico, por exemplo,sustentando, dedutivamente, que todo compo~

(47)

De Platão a Descartes, acreditou-se que o homem nas cia pelo menos com algumas idéias, tais como os axiomas da geometria. A maior parte dos filósofos subseqüentes tendiam ao empirismo aristotélico, sustentando que o homem nascia sem conhecimento de idéias especificas, e que todos os seus pe~ sarnentos se desenvolviam a partir de sua experiência a respe~ to do mundo.

Descartes, filósofo já citado, anteriormente,no tr~ balho, foi dos primeiros filósofos a decidir encontrar aqu~ lo de que poderia estar certo, sem recorrer aos doutores da Igreja. Verificou que podia duvidar de algumas das maiores crenças do homem, e resolveu utilizar a dúvida como seu méto do. Duvidou de tudo que podia duvidar: da existência de Deus, do mundo e de seu próprio corpo. Sua única certeza era de que duvidava, o que implicava na existência de alguém que duvida vai assim, acabou por convencer-se de sua própria existência, tendo, então, estabelecido sua famosa afirmação: "penso3 logo

existo". Estabeleceu, portanto, a crença em sua própria exi~

tência como um ser pensante, e daí, dedutivamente, a crença na existência de Deus, do mundo e de seu próprio corpo físi co. Seu argumento para provar a existência de Deus consistiu em que ele próprio era um ser imperfeito e, no entanto, po~

suía a idéia da existência de um ser perfeito,de um Deus. C~ mo o perfeito não poderia depender do imperfeito,seria prec!

(48)

de, deveriam ser verdadeiras, caso contrário, Deus, totalmen te perfeito, não as teria colocado no homem.

Descartes chegou, com seu raciocínio, a tudo aquilo que havia destruído com sua dúvida, com a diferença de que a crença nos objetos estava,então, estabelecida racionalmente.

Para ele, existiam duas substâncias: mente e maté ria, respectivamente, substância pensante e extensa intera gindo na glândula pineal, localizada na base do cérebro. Com referência a substância extens~, Descartes foi um verdadeiro mecanicista. Acreditava em todas as ações do corpo - respir~

ção, movimentos dos músculos e tendões, processos de sensação -poderiam ser explicados através de princípios mecânicos, te~ do, então, introduzido o conceito de ação reflexa,já citada, anteriormente, nesse trabalho.

Thomas Hobbes (1588-1679), monarquista britânico, .deu especial atenção às relações do homem com o Estado. Des creveu o homem como portador de um impulso natural, que o le varia a tentar conseguir tudo o que quizesse. Esse impulso, no entanto, conduziria ao conflito, pois cada um estaria em luta com o outro, ninguém se sentiria seguro, todos estariam, de certo modo, derrotados em seus objetivos. Esta situação terminava quando os homens, motivados pelo medo e pelo egoí~·

(49)

sendo egoísta e medroso, nao manifestaria cegamente essas co~

dições, que se apresentariam controladas pela razão. Ele se ria um ser racional, cuja conduta jamais seria dirigida por coisas consideradas tão irracionais qua~to o sentimento e a

-emoçao.

Com relação aos processos psicológicos, Hobbes, im pressionado com a obra de Galileu, tentou descrever toda a at.!. vidade humana, inclusive a psicológica, em função do movime~

to. A sensação - fonte do conhecimento - seria um movimento comunicado pelo objeto externo ao cérebro. A mente não teria conteúdo, por mais complexo que fosse,que nao pudesse ser re duzido a estes termos.

John Locke (1638-1704),continuador de Hobbes,do po~

to de vista da psicologia, situou-se entre dois movimentos: um deles, tendo partido de uma série de investigações críti cas efetuadas por Berkeley, Hume e Kant, resultou na destru.!.

-,çao da psicologia racional, que pretendia um conhecimento da alma baseado na intuição e na dedução; o outro foi um movi mento mais positivo, tendo se manifestado em parte,na filosQ fia do senso comum da escola escosesa, e, em parte, nos ensi namentos dos associacionistas britânicos; esse segundo movi mento, resultou em uma psicologia que, embora fosse empírica por ser oposta

à

racional, nao chegou a ser experimental.

(50)

objetos sensíveis do mundo exterior,e outra da reflexão -pe~ cepção das funções mentais.

Não aceitava a existªncia de idªias inatas. Acredita va que, inicialmente, a mente se assemeihava a uma folha de papel em branco e que nada existia no intelecto sem que, an tes, tivesse passado pelos sentidos.

Sua tentativa de explicar o conhecimento de um mundo real exterior, levou-o a distinguir entre as qualidades prim~

rias e secundárias. As primárias seriam aquelas que existir! am no objeto em si, tais como: o movimento,a forma,a solidez e o número. As secundárias dependeriam do aparelho sensorial do organismo, como, por exemplo, a cor.

George Berkeley (1685-1753) questionou essa diferenci~

ção entre as qualidades primárias e secundárias, uma vez que tudo o que se sabia de um objeto era atravªs dos sentidos,i~

(51)

Uma outra questão suscitada por Berkeley foi a da existência das idéias abstratas. Locke, que negou a existên cia de idéias inatas, reconheceu a existência de idéias abs tratas. Porém, Berkeley considerou a crença nas idéias abs

-tratas como um jogo de palavras. Seu argumento era que nao s~

ria possível formar a idéia, por exemplo, de um homem a nao

-ser que fosse um homem preto, branco ou amarelo, alto ou bai xo, etc, como também não seria possível fazer urna idéia de mo vimento que nao fosse rápido ou lento, curvilíneo ou retilí neo, etc.

A diferença entre Berkeley e Locke sobre a possib! lidade de idéias abstratas, incluiu a questão do pensamento sem imagens. Várias perguntas ficaram por serem respondidas: poderiam as idéias serem cópias das coisas pensadas? Ou elas deveriam apresentar algum conteúdo sensorial que as represe~

tasse? Poderiam existir pensamentos que não possuíssem nenhum conteúdo sensorial? Essas perguntas surgiram como problemas estritamente psicológicos dos séculos depois de Locke e Ber keley, quando a controvérsia do pensamento sem imagem prop! ciou uma clareza de enunciado que ,somente, um ambiente exp~

rimental possibilitaria.

(52)

tendo dado corno causa das características que distinguiam as

-percepçoes das imagens, a mente divina que as percebia.

David Hume (1711-1776) acred~tava que a idéia de causa continha a idéia de conexao necessária. Porém, quando procurava urna ligação com as experiências das quais,possivel mente, ela provinha, nada era encontrado que desse idéia de necessidade, apenas de contigüidade e sucessão.A experiência não fornecia nada além de urna sequência invariável dentro do tempo. A necessidade em que a idéia de causalidade implicaria nunca seria encontrado na experiência, jamais, portanto teria validade objetivai seria produzida na mente,e não descoberta no objeto. A crença do ser humano na causalidade~ria apenas urna questão de costume, ou uma associação muito forte.

Hume expos o monismo idealista de Berkeley sem re correr a Deus para fundamentar a existência de um mundo físi co real. Ao contrário, o fato de acreditar que a mente conhe cia apenas seus próprios processos,levou-o a duvidar da exis tência de Deus, assim como de qualquer coisa fora dos proce~

sos mentais.

(53)

A experiência seria um produto de duas fontes: as coisas como elas eram em si mesmas, e a mente. Ela começaria quando as coisas em si agissem sobre os sentidos e, no momen to em que isso acontecesse,um mecanismo,complexo seria posto em movimento, o que tornaria, para sempre, impossível que as coisas em si fossem conhecidas independente da maneira de co nhecer do homem; elas jamais seriam conhecidas como realmen te eram; poderiam ser conhecidas somente como apareciam na e~

periência, determinadas pelas formas do pensamento humano. A natureza não seria descoberta; a realidade,na sua forma exi~ tente fora da experiência humana não seria descoberta. O mun do em si mesmo não seria conhecido,como também não seria po~ sível conhecer, de forma direta, o percebedor. Esse seria um ponto importante para a psicologia, uma vez que a psicologia racional não poderia cumprir seu objetivo de ter um conheci mento direto do percebedor, e a psicologia empírica não pod~ ria ter um conhecimento direto sobre a natureza física. Isso levou Kant a concluir que a psicologia jamais poderia ser uma ciência.

Os filósofos pós-kantianos discordaram dele,com r~ lação a essas questões. Nos séculos XIX e XX, desenvolveu-se o movimento positivista, que procurou analisar a experiência, com o propósito de descobrir aquilo a cujo respeito seria po~· sível ser positivo.

(54)

XIX e XX. As indagações a respeito do conhecimento deram ori gem a movimentos tais corno o operacionalismo,no século XX, ten do gerado, também, urna preocupação com o método cientifico.

G - Associacionismo

A doutrina associacionismo implica, em primeiro lu gar,na afirmação de que a experiência é psicologicamente mais importante que a dotação inata e que a mente é passiva duran te o pensamento, sendo a complexidade do ato de pensar expl~

cada sem a perda de qualquer de suas propriedades essenciais, através de regras simples de associação.

A primeira apresentação sistemática dessa doutrina foi feita por Aristóteles (382-322 A.C.) ,na tentativa de de~ crever o ato de lembrar. Segundo dizia, na memória urna idéia acompanhava a outra porque eram semelhantes, ou contrastan tes ou contigüas no espaço, ou no tempo. Haveria, então, re~ pectivamente, três leis de associação: semelhança, contraste e contigüidade.

Lembrava ele que a recordação diferia da reaprend~

zagem, pois quem recordava era,de alguma forma, capaz de ap~

nas por seu próprio esforço associar.Quando urna pessoa prec~

(55)

Thomas Hobbes, autor

citado

anteriormente,bati~

se contra a crença do conhecimento inato do mundo, tendo sus

tentado que esse conhecimento seria obtido apenas através dos

sentidos, e que os pensamentos seriam cópias das

sensaçoes

passadas, que se tornaram ligadas por terem sido

experiment~

das juntamente. Reafirmava, assim, o

princIpio aristotélico

de associação por contigdidade.

Considerava () discurso mental como uma

seq6ência

de pensamentos, na qual nenhum sucederia o outro por acaso.O

homem não poderia pensar em algo que não

tivesse,anteriorme~

te, passando por seus sentidos, e todos os movimentos que se

sucediam nessa passagem continuavam juntos,e quando o primei

ro ocorresse novamente, o segundo o acompanharia.

o

discurso mental poderia ser de dois tipos:

nao

orientado, sem plano, ou regulado por algum desejo e plano.O

primeiro seria inconstante, não haveria nenhum pensamento

p~

ra governar o que se seguiria a ele. Nesse caso, os

pensame~

tos oscilariam, pareceriam impertinentes entre si,anonum

s~

nho. Hobbes o exemplificou citando a pergunta

de um

homem

que,

num discurso sobre a guerra civil da época,perguntou o valor

da moeda romana, o que lhe sugeriu que, para aquele homem, o

pensamento da guerra introduziu o pensamento de entregar o

rei a seus inimigos e esse pensamento trouxe o pensamento da

entrega de Cristo e, esse, por sua vez,o pensamento das

tri~

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