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Dissertação de conclusão do curso de pós graduação nível mestrado, em engenharia mecânica, área de concentração Termociências, na UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob a orientação do professor
doutor ) + $ .
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Joel Nogueira Gonçalves
Viabilidade do Uso de Secadores Solar de Convecção Natural e Forçada para a Secagem do Coco Licuri.
DISSERTAÇÃO APRESENTADA NO PROGRAMA DE PÓS4GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA, NÍVEL MESTRADO, ÁREA DE CONCENTRAÇÃO TERMOCIÊNCIAS, DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, MODALIDADE MINTER COM CEFET4BA 4 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA.
Aprovada em ____/_______/______
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
ORIENTADOR – Prof. Dr. José Ubiragi de Lima Mendes (UFRN)
___________________________________________________________
COMPONENTE
–
Prof. Dra. Djane Santiago de Jesus (IFBA)
____________________________________________________________
COMPONENTE
–
Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza (UFRN)
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-/%-
,
0
om muito carinho e respeito agradeço ...
... a Deus, por ter me dado, força e discernimento para chegar até aqui, ... aos meus familiares, pelo apoio, incentivo e compreensão, principalmente quanto ao distanciamento provocado,
... aos professores pelas inestimáveis contribuições na construção deste projeto,
... aos colegas pelos bons momentos de convivência e por todas as superações que juntos realizamos, nesta jornada acadêmica,
....ao professor Luiz Guilherme, por compartilhar sua tenacidade e determinação,
....a professora Djane Santiago de Jesus, pelo incentivo e apoio,
% 0
O licuri ( (Martius) Beccari) é uma palmeira nativa do Brasil, largamente disseminada por todo o semi4árido do país. O fruto do licuri, conhecido pela mesma denominação da palmeira, é totalmente comestível. Apesar do grande potencial nutritivo e oleaginoso do licuri, pouca atenção tem sido dada para o estudo detalhado do valor nutritivo deste fruto. Nesta dissertação será estudado a viabilidade para utilização dos secadores solar de convecção natural e forçada (SSSEICF) sendo comparados com a secagem tradicional ao ar livre, para a secagem do coco licuri.
O estudo levou a construção de dois protótipos de secador solar para a realização de experimentos comprovativos: o Sistema de Secagem Solar de Exposição Direta e Convecção Natural construído com madeira, possui uma câmara de secagem direta com cobertura de lamina de vidro transparente de 4 mm, com utilização de técnicas para o correto isolamento da câmara de secagem e o Sistema de Secagem Solar de Exposição Indireta e Convecção Forçada, fabricado com chapas de aço galvanizado, tem a câmara de secagem indireta com cobertura de lâmina de vidro transparente de 6 mm, tendo a utilização de técnicas para correto isolamento da câmara de secagem e a inserção do equipamento de exaustor eólico de ar responsável direto pela convecção forçada de ar da câmara de secagem indireta.
Os dois protótipos foram analisados comparativamente quanto ao desempenho e eficiência com a secagem tradicional em uso pela comunidade extrativista. Foram avaliados quanto as variáveis: tempo e taxas de secagem e qualidade final das amostras de coco licuri.
Os frutos foram colhidos e trazidos do povoado de Ouricuri, na cidade de Caldeirão Grande BA, para a realização dos experimentos comparativos entre os três métodos de secagem foi utilizada uma carga padrão com 4,0 Kg.
A análise qualitativa das amostras de fruto e das amêndoas mostrou: que, a secagem utilizando a convecção natural apresentou boa qualidade para o licuri, porém foi constatada uma alteração sensorial no sabor, conhecida como “coco velado”.
A secagem utilizando a convecção forçada apresentou melhor qualidade do licuri, foi encontrada uma coloração avermelhada na polpa, representando que foram mantidas as quantidades do nutriente beta caroteno e não se percebeu a mudança de sabor do sistema anterior, os custos finais de construção desse sistema foram maiores.
Os protótipos construídos obtiveram vantagem competitiva e atestou perfeitamente para solucionar a dificuldade tecnológica encontrada anteriormente na produção de produtos a base do coco licurí. Permitindo agregar valor e elevar as possibilidades de aproveitamento do fruto pelas comunidades extrativistas da região semi4árida da Bahia.
-1
%-Licuri is a palm tree from the semiarid regions of Bahia State, Brazil. It is an important source of food and feed in that region, since their nuts are commonly eaten by humans and used as maize substitute for poultry feeding. The aim of this dissertation is to study the feasibility for use of natural convection solar dryers and forced being compared with the traditional drying outdoors for drying coconut licuri Syagrus coronate. The study led to the construction of two prototype solar dryer for carrying out experiments proving: model Solar Drying System Direct Exposure to Natural Convection built with wood, has a drying chamber with direct cover transparent glass laminates 4 mm, using techniques for proper isolation of the drying chamber.
The two prototypes were comparatively analyzed for performance and drying efficiency with traditional extractive use by the community. Were evaluated the variables: time and drying rates and quality of the final samples of coconut licuri. The fruits were harvested and brought the town of Ouricuri, in the city of Caldeirão Grande, BA for the experiments comparing the three methods of drying was used a standard load of 4.0 kg
The quantitative analysis for the result of the drying rate was found in 74% yield and 44% for natural and forced convection respectively compared with the traditional drying. These drying rates represent variation 345 times lower.
Drying using forced convection licuri showed better quality, was found in a reddish pulp, representing the quantities that were kept of the nutrient beta carotene, and not notice the flavor change from the previous system, the final cost of construction of this system were higher .
The prototypes built competitive advantage and had testified fully to resolve the technical difficulties previously encountered in the production of products made of coconut licuri. Allowing add value and increase their potential use for the fruit extractive communities of semi4arid region of Bahia.
Keywords: renewable energy, solar dryer, forced convection, licuri.
%,0
Lista de Figuras 11
Lista de Tabelas 12
Nomenclatura 13
CAPÍTULO 1 4 INTRODUÇÃO
1.1. Objetivo Geral 1.2. Objetivos Específicos
CAPITULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
20 20
2.1. A Importância das Energias Renováveis 21
2.2. A Energia Solar e sua Importância 21
2.3. A Tecnologia da Secagem 26
2.4. Tipos de Secadores 28
2.5. Sistemas de Secagem Solar 29
2.6. Secagem de Alimentos Utilizando Secador Solar 31
2.7. O Coco Licuri ( Syagrus Coronata ) 32
2.8. Caldeirão Grande: aplicação da tecnologia 40
CAPÍTULO 3 4 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Coleta e Preparo do Fruto do Licuri
3.2. Secagem Modelo Tradicional – Secagem ao Ar Livre
3.3. Secagem Solar de Exposição Direta com Convecção Natural
3.4. Sistema de Secagem Solar de Exposição Indireta e Convecção Forcada 3.5. Realização dos Experimentos
3.6. Metodologia das Análises 3.6.1. Analises Físico Químicas
3.6.2. Extração do Óleo das Amêndoas do Licuri 3.6.3. Analise Sensorial
CAPITULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Eficiência Térmica Para o Sistema de Secagem Com Secador Com Exposição Direta e Convecção Natural (SSSEDCN)
4.2. Eficiência Térmica Para o Sistema de Secagem Com Secador de Exposição Indireta e Convecção Forçada (SSSEICF)
4.3. Avaliação Físico Química do Óleo Obtido Com Amêndoas Secadas Pelos Sistemas de Secagem Tradicional e Convecções Natural e Forçada
50 50
53
57
CAPÍTULO 5 4 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
61
5.1 – Conclusões 64
5.2 – Sugestões 65
$, - ",/
%-" ! &2(2 Palmeira Licuri – Caldeirão Grande – BA, 2006 33
" ! &2&2 Palmeira Licuri: Caule (A), Frutos (B), Folha (C), e Inflorescência (D). 34
" ! &232 Licuri in natura: amêndoa (1), polpa (2). 35
" ! &242Germinação (A) e Muda (B), do Licuri. 36
" ! &252 Arara4azul4de4lear alimentando4se de Licuri. 37
" ! &262 Cadeia Produtiva do Licuri, GPPQ, 2011.
" ! &272 Mulher “colhendo” Licuri, Caldeirão Grande – BA.
" ! &282 Mapas do Território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru e Município de Caldeirão Grande.
" ! &292 Desvantagem da secagem tradicional do licuri.
39 40 41
42
" ! 32(2 Agricultora colhendo licuri. 43
" ! 32& Secador Solar de exposição direta com convecção natural em Caldeirão
Grande,Bahia. 45
" ! 3232 Sistema de secagem solar de exposição indireta e convecção forçada, instalado no LABTECA.
47
" ! 42(2 Fruto do licuri com polpa no primeiro (A) e quinto(B) dia de secagem no secador solar com convecção natural.
53
" ! 42&2 Temperatura no interior da camara de secagem no secador solar de exposição direta e convecção natural durante a secagem do licurí com polpa.
" ! 4232 Temperatura no interior da camara de secagem no secador solar de exposição direta com convecção natural e a temperatura ambiente durante a secagem do licurí com polpa.
" ! 4242 Teor de umidade para o licuri submetido a secagem tradicional e secagem em secador solar de convecção forçada.
" ! 4252Temperatura no interior da camara de secagem no secador solar de exposição indireta com convecção forçada e a temperatura no método tradicional
durante a secagem do licurí com polpa.
54
56
58
60
$, - -1
$-42( : Relação entre a temperatura do ar de secagem e o tempo gasto no processo de secagem natural.
55
42& : Teor de umidade para o licurí submetido a secagem no secador solar de exposição direta e convecção natural.
57
423 : Dados de ensaio para o licurí com polpa em secagem forçada indireta.
57
424 : Dados comparativos entre os sistemas de secagem com convecção natural e com convecção forçada no processo de secagem do fruto licuri.
59
425 : Características físico4químicas do óleo de licuri obtido pelas amêndoas prensadas à frio.
0 $-
%-A = área de coleção (m2) αp = absortividade da placa
Cp = calor específico do fluido (ar) (J/kg°C).
T = gradiente de temperatura entre entrada e saída do fluido (oC). I = irradiação solar global (W/m2)
Pabs. ;potência absorvida (W)
Pp = potência perdida (W)
Pu = potência útil (W)
m = massa (kg)
ηt = eficiência térmica do sistema (%)
∆T = variação da temperatura ambiente (°C) ∆t = variação do tempo (h)
τ
v = transmissividade do vidroCAPITULO 1
1.1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos o Brasil tem registrado bons exemplos de soluções inovadoras
voltadas para a promoção do desenvolvimento social visando a melhoria da qualidade de
vida, principalmente, das classes menos favorecidas da nossa população (SILVA,2008).
O progresso social existe quando as condições de vida dos indivíduos melhoram,
elevando o índice de desenvolvimento humano e diminuindo os riscos sociais. Iniciativas
que difundam a disseminação e popularização da ciência e tecnologia, são fundamentais
para o desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas que venham a auxiliar a
minoração de dependência do Estado no que diz respeito a melhoria da qualidade de vida
de cidadãos.
Sendo o Nordeste brasileiro uma região com grandes disparidades
socioeconômicas frente às demais, faz se necessário, por parte das Instituições difusoras do
saber, uma ação mais atuante que venha a implantar esta disseminação do saber.
A Bahia é o estado da região Nordeste do país que tem uma das maiores áreas e
onde se observa também grandes problemas de ordem social, principalmente no interior.
Conforme Sampaio 2008, o estado baiano possui o número de municípios mais elevado no
semiárido, atingindo 23,4% do total, o que equivale a 63,9% das cidades da Bahia, ou seja,
dos 417 municípios baianos, 265 estão localizados na região semiárida.
No que diz respeito também à demografia, a Bahia também se destaca no tocante à
população residente na região semiárida, representando 27,3% desse território, conforme
dados do IBGE.
O semi árido baiano, é caracterizado, no tocante à aspectos socioeconômicos e
geoambientais por uma estrutura espacial heterogênea, apresentando, consequentemente,
um espaço interno diversificado, dificultando homogeneização dos dados estudados.
Conforme ainda esses autores, nessa complexidade do espaço geográfico podem ser
agricultura de sequeiro, agricultura irrigada, além de áreas industrializadas e zonas de
comércio.
Além do importante patrimônio histórico cultural, um aspecto relevante no
semiárido baiano é a permanência das culturas tradicionais adequadas às condições daquela
região, onde destaca se o licuri, cultura esta que tem cooperado para a sobrevivência das
populações de menor poder aquisitivo e se constituído em um fator preponderante para o
desenvolvimento regional. Neste sentido, o aproveitamento das capacidades naturais da
região semiárida baiana, destacando se a agricultura familiar, com vistas ao
desenvolvimento regional torna se de extrema importância.
A escassez de chuva acaba por dificultar o desenvolvimento da agricultura no semiárido,
principalmente na Bahia. Entretanto, esta região possui uma vegetação peculiar, a xerófila,
adaptável à pouca umidade e, possuindo um potencialidade forrageira – ou seja, utilizadas
para alimentação de gado, frutíferas, ornamentais e, muitas delas, medicinais, se explorada
de forma sustentável, pode se tornar grande provedor de rendar de muitas populações na
região semiárida nordestina e, em especial, baiana.
Conhecido popularmente também como nicuri, ouricuri e aricuri, e tendo como
nome científico SyagrusCoronata – da família Palmae , o licuri, conforme já afirmava
Bondar (1938), é nativa do semiárido baiano, principalmente, nos municípios de Jaguarari,
Bonfim, Pindobaçu, Caldeirão Grande, Caié, Jacobina, Itiúba, Cansação, Monte santo,
Queimadas, Miguel Calmon, Campo Formoso e outros municípios do semiárido baiano,
entretanto, as zonas de maior concentração, na década de 1960, era Bonfim e a Encosta da
Chapada Diamantina. A população baiana de palmeiras nativas, na década de 1930, era de
cerca de 5 bilhões, tendo base média de 200 pés de licuris por hectare (BONDAR, 1938).
Conforme Bondar (1938), um cacho de licuri possui cerca de 100 frutos, pesando, cada
fruto, cerca de 5 gramas. Já a amêndoa, extraída do caroço, o coquilho, não ultrapassa,
conforme o autor, 1,5 gramas. É estimado o rendimento médio de meio quilo de amêndoa
por cacho.
O licurizeiro tem sua produção registrada durante todo ano, tendo como período de
meses possam ser considerados de maior incidência de produção devido à intensidade da
chuva durante este período.
Podendo chegar, quando adulto, à uma altura de até dez metros,o licurizeiro, apesar
de ainda ter o extrativismo com a sua maior forma de exploração, é considerado uma das
principais fontes de renda dos municípios dos municípios do semiárido baiano, sendo
considerada uma palmeira com 100% de aproveitamento. O aproveitamento da amêndoa
do licuri no semiárido para o consumo por crianças e adultos, bem como transformada em
procedimentos elementares ou como fornecedor de óleo e leite para alimentação, tem seu
registro datado dos primórdios da colonização portuguesa.
O tronco serve para a fabricação do bró, uma farinha que serve de alimentação,
principalmente no período da seca. As folhas, além de servir para forragem para os animais,
antigamente utilizadas para cobrir as casas de sertanejos, atualmente são utilizadas em sua
maioria para o artesanato, tais como desenvolvimento de chapéus, peneiras, bolsas e
utilidades domésticas, além da possibilidade de extração de excelente fibra, que pode
originar em compósitos, briquetes, Chapas de fibras de licuri (que serve para construção de
móveis, divisórias etc), além da cera, que serve para fabricação de cosméticos. Da polpa, é
possível a fabricação de sorvetes, farinha para bolos e mingaus, ração para animais
ruminantes, licores e essência. A casca possibilita a obtenção de Carvão Vegetal, Carvão
Ativado, Ácido acético, Briquetes, Artesanatos, Decorativos, Bijuterias e Utilidades; Já das
amêndoas pode se adquirir barras de cereais, glicerina, óleo comestível, biodiesel, leite de
coco, cosméticos, tortas residuais para ração animal (GPPQ CEFET, Bahia).
Pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
da Bahia sobre o valor nutricional e o peso socioeconômico do licuri revelou que neste
fruto são encontradas as seguintes substâncias: na polpa ou drupa – cálcio, magnésio, cobre
e zinco e, na amêndoa (dentro do coquilho) – cálcio, magnésio, cobre, zinco, ferro,
manganês e selênio (MEC, 2006), substâncias indispensáveis à sobrevivência humana e que
contribuem para o combate à fome, bem como doenças tais como problemas de visão,
cânceres, doenças do coração, artrite, arteriosclerose, combate à anemia e os distúrbios da
aprendizagem, diabetes, asma e osteoporose. Diversos produtos foram desenvolvidos a
sorvetes, geléias, iogurtes, cocadas, doces, licor e farinha) fortalecendo a cadeia produtiva
do fruto, bem como possibilitando a inclusão produtiva da população do semiárido que tem
no licuri sua principal fonte de renda.
A exploração extrativa do licuri compete, acirradamente, na ocupação de mão de
obra, com outras atividades agrícolas regionais, sendo utilizada para complementar a renda
familiar.
Um cacho de licuri médio possui, conforme LIMA (1961), cerca de 500 frutos, os
quais devem ser apanhados “de vez ou maduros”. Esta maturação do licuri se dá de forma
licuri é rápida, levando à queda do fruto, que se depositava ao pé do licurizeiro ou “cama”,
como é denominado. Ao cair e ficar depositado ao chão, o coquilho acaba por sofrer a
contaminação pelo germe de bicho de coco, conhecido cientificamente, por
, germe que acaba por destruir o licuri. Tradicionalmente, o
aproveitamento do licuri envolve um modelo de extrativismo artesanal, restringindo se à
produção de amêndoa do licuri a partir de resíduos do processo de quebra do coco in natura
com pedra, geralmente realizado por mulheres e crianças, no entanto, é comum no turno da
noite toda a família, inclusive os homens, se ocuparem na debulha. O processamento do
licuri começa com de colheita que se dá durante todo o ano, com destaque no período de
novembro a abril. As colheitas são realizadas em camas no chão e nos currais de bovinos e
caprinos, os frutos expelidos após a ruminação, muito poucos frutos são colhido
diretamente no palmeiral.
Neste sentido, através das pesquisas realizadas para o desenvolvimento de
produtos alimentícios, bem como a aproximação com a comunidade do semiárido baiano, o
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia, juntamente com comunidade
do município de Caldeirão Grande – Bahia, na perspectiva de fortalecer a Cadeia Produtiva
do Licuri, identificou três demandas por Tecnologias Sociais no processo produtivo do
licuri,
Apesar da inexistência de estatísticas oficiais, o desperdício de licuri na Bahia é
estimado em mais de 40% da produção, ou seja, mais de 14 milhões de toneladas. Por outro
lado as condições de coleta, manuseio e armazenamento impende a implementação do uso
Caldeirão Grande é um dos quatro maiores municípios produtores de licuri da Bahia
e aquele para o qual o extrativismo do licuri tem maior importância econômica e social.
Existem cerca de 900 famílias extrativistas cadastradas que mantêm vivos práticas e saberes
relacionados ao extrativismo e ao uso do licuri, condições fundamentais para o
desenvolvimento de TS. É o município cuja produtividade na extração vegetal do licuri é a
mais alta considerando tanto sua superfície quanto sua população. Além de ter uma mata de
licurizeiros avaliada em torno de mais de 15 milhões de palmeiras, cujo aproveitamento
econômico produtivo não alcança menos de 0,1% de seu potencial.
Tais condições favorecem a implantação do projeto, já conhecido e aceito pelas
comunidades implicadas na sua implantação, o que faz de Caldeirão Grande um local
apropriado para o início do projeto. Objetivamente, a idéia de fortalecimento da cadeia
produtiva do licuri voltado para a geração de renda das famílias extrativistas locais e as
relações entre o IFBA e o lugar existem desde 2005 quando a equipe do Grupo de Pesquisa
e Produção em Química do então CEFET BA iniciou trabalho de pesquisa aplicado à
cadeia produtiva do Licuri, tendo realizado reuniões com a comunidade identificando os
gargalos e problemas tecnológicos para cultura do Licuri. pesquisas iniciadas em 2003 por
professores e estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
IFBA, na época, ainda Centro Federal de Educação Tecnológica, identificaram uma gama
de potencialidades no fruto, bem como contribuíram no desenvolvimento de tecnologias
sociais e condições estruturais adequadas para o fortalecimento de toda cadeia produtiva do
licuri, agregando valor aos produtos, aperfeiçoando a organização da produção comunitária
e, conseqüentemente, gerando aumento da renda para as populações extrativistas
tradicionais.
Nas comunidades rurais, o licuri, catado no mato, era seco em terreiros e sem
condições higiênicas sanitárias, além de haver muita perda das amêndoas pelo
desenvolvimento do bicho do coco como também pela germinação do mesmo.
Nesta perspectiva, a presente dissertação, corrobora para o alcance destes objetivos
de fortalecimento da cadeia produtiva do licuri, motivada pela riqueza ambiental e o
comprometimento das mulheres agricultoras familiares do município e na um produto de
transformar o município em referência regional do licuri. Assim, a avaliação da secagem do
licuri em secador solar fomentará a cadeia produtiva do licuri que significa, para Caldeirão
Grande e para o semi árido, a transformação de uma atividade potencial em atividade real
de geração.
Ao mesmo tempo, o licurizeiro ainda possui expressivo valor ambiental,
participando da manutenção dos ciclos ambientais, como o ciclo da água e dos nutrientes.
Ressalte se que grande totalidade dos licurizeiros é nativa, isto é, não cultivados, e
estão presentes nos mais diversos ecossistemas. Não se pode deixar de fazer referência
ainda, ao licuri ser o principal alimento da arara azul de lear. Essas araras são uma das aves
mais raras do mundo. O Raso da Catarina, Bahia é o único lugar do mundo onde elas
podem ser encontradas.
Tendo em vista as necessidades do pequeno produtor rural do semiarido baiano,
buscou se uma alternativa econômica, sustentável e ecologicamente viável para que estes
produtores pudessem obter uma renda complementar, por meio da utilização do secador
solar unidade de secagem de alimentos que utilize fontes renováveis e limpas de
combustíveis.
O problema principal consiste no melhor aproveitamento dos produtos agrícolas. A
secagem de alimentos possibilita também um aumento do tempo de consumo, paralelo a
isso há uma agregação de valor ao produto final que pode significar um aumento na receita
de até 20 vezes o valor do alimento comercializado . O projeto de
desenvolvimento da unidade de secagem tem por objetivo dar uma outra destinação aos
alimentos que se perderiam no transporte ou na própria lavoura. Uma das premissas deste
empreendimento é que ele seja de baixo custo de implantação devido a utilização de
materiais alternativos e regionais e também pelo fato do próprio produtor executar toda a
montagem do equipamento. Toda a tecnologia deverá ser transferida por mio de cursos e
palestras nas comunidades rurais, bem como por meio de cartilhas explicativas e um
manual de implantação da unidade de secagem.
A composição desta dissertação está dividida em cinco capítulos. Neste primeiro
capítulo, a introdução, é apresentada a estrutura do trabalho. No capítulo dois será
utilização deste tipo de energia para secagem de alimentos e os diferentes tipos de
secadores é também uma breve descrição do fruto licuri e seu peso socioeconômico. O
capítulo 3 apresenta a proposta em estudo, mostrando os métodos construtivos, princípios
de funcionamento e processos de fabricação e montagem, e apresenta também a
metodologia experimental empregada.
O capítulo 4 mostra os resultados e as discussões dos dados obtidos no levantamento
de desempenho comparativo das secagens com secador solar e método tradicional.
O quinto e último capítulo, constituído pela conclusão, será realizada a síntese e
análise das abordagens ao longo do trabalho, apresentando, se possível, expectativas para
realização de futuras pesquisas.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Estudar a viabilidade de utilização de um secador solar de exposição direta para
secagem do coco licuri, visando a redução do tempo de secagem, obtenção de produto de
melhor qualidade, bem como seu emprego por comunidades de agricultores familiares do
semiarido baiano.
1.2.2 Objetivos Específicos
1. Desenvolver, projetar e construir modelos de secadores solar de exposição direta
para secagem do coco licuri;
3. Avaliar a qualidade final do produto por meio da análise química, sensorial e física.
4. Implementar a utilização do secador solar para licuri em comunidades de
agricultores rurais EXTRATIVISTA DO LICURI em Caldeirão Grande.
CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A Importância das Energias Renováveis
O homem ao direcionar o seu olhar para o futuro percebe o custo cada vez maior que
a energia tende a sempre ter e o que é pior, encontra se na crise cada vez maior que
experimenta os combustíveis fosseis atualmente utilizados em grande escala, o que nos
preocupa com a possibilidade de racionamentos sempre crescente e mesmo o
desabastecimento o que para a sociedade moderna representa uma completa paralisação de
todas as suas atividades. As formas de suprimento de energia estão determinando o curso
do desenvolvimento social e econômico para um futuro cada vez mais próximo.
O suprimento de energia será a base para um elevado e sustentável nível de segurança
e conforto, a energia também determinará o balanço ecológico. As fontes energéticas e as
tecnologias que são usadas nos dias atuais influenciarão significativamente o futuro do
planeta.
Há também uma grande evidência de que a maioria das tecnologias energéticas em
uso não são ecologicamente apropriadas e tem o potencial de provocar sérias e irreversíveis
mudanças climáticas, bem como a constatação de que a quase totalidade destas fontes
energéticas não são renováveis e estão se esgotando rapidamente. Em função dessas
percepções, o direcionamento às fontes renováveis de energia é inevitável. As fontes de
energia eólica, solar e de biomassa são abundantes, amplamente distribuídas,
ecologicamente atrativas e renováveis. Essas fontes não poluem a atmosfera e não
contribuem para o aumento da temperatura do planeta.
2.2 A Energia Solar e Sua Importância
O Sol é o responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de energia
conhecidas pelo homem. O aproveitamento dessa energia, inesgotável na escala terrestre de
tempo, tanto como fonte de calor quanto de luz, é atualmente uma das alternativas
energia em escala mundial.
O Sol fornece anualmente 1,5x1018 KWh de energia para a atmosfera terrestre, o que
corresponde a cerca de 10000 vezes o consumo mundial de energia no mesmo período de
tempo.
Os países tropicais, devido a excelente posição geográfica, possuem grande potencial
energético, encontrando potencial bastante favorável para a utilização dos equipamentos
solares. O Brasil possui significativo potencial solar com disponibilidade equivalente a 1,13
X 1010 GWh, no período de um ano, e uma das mais promissoras regiões para utilização da
energia solar é o Nordeste (QUEIROZ, 2005).
O aproveitamento da radiação solar pode ser dividido, conforme a aplicação, em
quatro grupos distintos: aplicações térmicas em geral, geração de força motriz diversa,
geração de eletricidade e geração de energia química.
As aplicações térmicas são aquelas em que a forma de energia necessária ao processo
final é o calor, como aquecimento de água, destilação, secagem de frutas e grãos,
refrigeração por absorção e adsorção, calefação e o cozimento de alimentos através de
fogões solares.
Para a obtenção de energia mecânica para tarefas específicas como bombeamento
d’água, irrigação, moagem de grãos, entre outras, as duas formas de obtenção mais comuns
são a obtenção de eletricidade por painéis fotovoltaicos e a posterior alimentação de um
motor elétrico ou, através da conversão térmica e alimentação de um motor de ciclo
térmico.
Para a obtenção de eletricidade, os métodos de conversão mais utilizados são a
conversão termoelétrica indireta que utiliza o efeito da termoconversão para obtenção de
calor e acionamento de uma máquina térmica; conversão termoelétrica direta, onde vários
fenômenos conhecidos permitem que a energia solar seja convertida diretamente em
eletricidade e a conversão fotovoltaica cujos princípios são conhecidos já a bastante tempo,
embora a sua utilização só tenha se intensificado após o ano de 1958 com a corrida
espacial pelas superpotências EUA e União Soviética, onde as fotocélulas obtiveram
bastante êxito como fonte de energia em satélites, dominando totalmente essa aplicação. As
bastante difundidos, o mesmo se observa em relação a eficiência para as células
fotovoltaicas que tem crescido significativamente nos últimos anos, atingindo índices de
eficiência de 40% na Alemanha, um dos países que apresentam maior difusão para
utilização dessa forma de energia.
Finalmente, a energia solar pode ser aplicada a sistemas que produzam diretamente
energia química, o que representa um grande atrativo em função das vantagens inerentes
aos combustíveis como sua grande densidade energética, facilidade de distribuição e de
transporte, boa adequação à aplicação nos transportes e permitir armazenamento sem
degradação por longos períodos, compensando variações sazonais de produção.
Cada metro quadrado da superfície do sol emite aproximadamente 62,8 MW de
energia eletromagnética, que são lançados no espaço. A origem desta energia está em um
conjunto de reações termonucleares que ocorrem no núcleo do sol causando uma
diminuição em sua massa da ordem de 4,25 milhões de toneladas em cada segundo.
Embora esse dado seja avaliado como uma perda inimaginável seriam necessários 147
bilhões de anos (a idade de nosso sistema solar é estimada em 8 bilhões de anos) de
atividade solar, neste mesmo ritmo, para que a sua massa sofresse uma diminuição de um
por cento (1%) (BEZERRA, 2000).
Para ter se uma ideia de tal potencial basta que se faça a seguinte análise: Considere
se que a Terra recebe do sol, ao nível do solo, no máximo 1KW/m2, embora possa atingir
maiores picos em algumas regiões. Excluídas as regiões Ártica e Antártica, ela recebe em
média 3,6 KWh/m2.dia, nas massas continentais temos uma área de cerca de 132,5x1012
W/m2 (SOUZA, 2002). Portanto, a incidência solar sobre essas massas continentais é
4,77x108 GWh/dia, logo, a incidência em um ano é de1,74x 1011GWh.
Considerando se que o consumo energético anual atual corresponde a1,5x108 GWh,
conclui se que a energia solar disponível nas massas continentais representa mais de 1.000
vezes o consumo de energia da humanidade. Isso equivale a dizer que menos de 1% da
energia solar disponível nas massas continentais seria suficiente para suprir de energia à
humanidade. Considerando se toda a área da Terra, vai para 1,02 x1013 GWh.
Uma vez que a luz solar está disponível em todas as regiões da Terra e pode ser usada
transporte da energia através de redes de distribuição, inerentes ao sistema convencional.
Os equipamentos solares têm um grande potencial em países tropicais, entre os quais
se encontra o Brasil, com disponibilidade equivalente a 1,13x1010 GWh, por possuírem
significativos potenciais solares e receberem energia solar em quase todo o ano, como
acontece no nordeste brasileiro.
A radiação solar é atualmente usada para produzir potência através de duas
tecnologias: fotovoltaica e térmica. A tecnologia fotovoltaica tem um grande potencial e
parece ser um dos mais atrativos modos de obtenção de energia no futuro. Os sistemas
fotovoltaicos são atualmente mais confiáveis e econômicos que muitas outras tecnologias
energéticas por serem independentes, descentralizados e pelas alternativas de
aplicabilidade, gerando uma gama de produtos para consumo.
Um sistema fotovoltaico pode atuar em rede ou de modo independente. São muito
importantes para o desenvolvimento de países do terceiro mundo, pela escassez de
fornecimento de energia elétrica principalmente em áreas rurais, onde a energia elétrica
gerada pode ser usada de forma descentralizada.
Os métodos para a geração de potência térmica solar são essencialmente os mesmos
das tecnologias convencionais, porém o combustível usado é a energia térmica. Ao invés do
combustível fóssil, usa se a radiação solar. A faixa de temperatura requerida para
aplicações domésticas e comerciais pode ser suprida com as tecnologias disponíveis de
conversão da energia solar em energia térmica.
Os sistemas térmicos solares para uso principalmente doméstico não necessitam de
alta eficiência, porém para uso em aplicações industriais e comerciais já estão sendo
desenvolvidos sistemas com alta performance. Tais sistemas permitem a obtenção de
temperaturas para pré aquecer a água de alimentação de caldeiras, aquecer água e ar em
processos industriais e produzir vapor para gerar potência.
Um dos processos comerciais mais utilizados é a conservação de produtos
agropecuários através da técnica conhecida como desidratação ou conservação das frutas,
em que a técnica não promove alteração em suas propriedades nutritivas e biológicas. O
método consiste em se promover a redução do teor de umidade presente no produto, agindo
ocorrência de reações químicas indesejáveis, que acabam por deteriorar os produtos,
tornando os impróprios para o consumo (MADAMBA,2007).
Podem ser enumeradas as principais vantagens oferecidas por esta técnica está em
manter a concentração dos nutrientes e permitir um maior tempo de vida de prateleira para
os produtos. Além de manter o sabor praticamente inalterado por longo período. A secagem
é atualmente utilizada não apenas para a conservação dos alimentos, mas também permite
que sejam elaborados produtos diferenciados como exemplo: massas, biscoitos, iogurtes e
sorvetes entre outros (FIORENZE,2004).
Entre os diferentes equipamentos utilizados na secagem de alimentos podem ser
citados os secadores mecânicos e os secadores solar. A principal diferença entre esses
equipamentos encontra se na energia utilizada para o aquecimento do fluido de secagem,
no modelo mecânico esta energia é oriunda da queima dos combustíveis fosseis, da lenha
ou através da utilização da eletricidade. No método da secagem solar, o gás é aquecido pela
energia solar, o que faz o modelo ser bastante utilizado na secagem de grãos e de sementes.
O desenvolvimento tecnológico atual, experimentado pela sociedade, tem permitido a
transformação da energia solar em calor. O que é de suma importância, frente ao atual
momento, em que os combustíveis fósseis apresentam escassez e preços elevados e ainda a
constante preocupação com a poluição causada pelos mesmos (SOUZA et al. 2007).
O Brasil apresenta um grande potencial, para utilização da energia solar, em quase
todo o território nacional, principalmente na região Nordeste onde se tem a presença do sol
em quase todas as épocas do ano (ANUNCIAÇÃO, 2007).
A energia solar representa uma das opções mais que vantajosas para viabilizar
projetos e promover o desenvolvimento regional em vários setores como: secagem de
frutos, aquecimento de água para uso comercial e doméstico e ainda na conversão de
energia solar em elétrica para aqueles locais de difícil acesso onde se faz necessário a
construção de muitos quilômetros de linhas de transmissão de redes elétricas
convencionais. Os sistemas de secagem solar apresentam aspectos importantes como baixo
custo de construção e de manutenção dos equipamentos (SINICIO, 2006).
A energia solar e a energia eólica são fontes inesgotáveis de energia não poluente,
urgente necessidade de utilização destas fontes de energia as quais atendam as necessidades
globais de forma sustentável e sem comprometer o crescimento econômico.
2.3 A Técnica da Secagem
É uma técnica bastante antiga aplicada na conservação dos alimentos, o processo
consiste em se remover a água ou qualquer outro liquido do alimento em forma de vapor
para o ar saturado. O processo também consiste em se remover a água dos alimentos
sólidos, sendo uma forma para reduzir a atividade da água a qual tem por objetivo a
inibição do crescimento microbiano, evitando a deterioração do produto.
Esta tecnologia para conservação dos alimentos consiste na aplicação de alguns
princípios físicos e químicos: utilização de baixas e altas temperaturas, eliminação da água
presente nos alimentos (secagem, liofilização, desidratação osmótica, prensagem,
concentração), aditivos químicos e irradiação (SILVA, 2005).
A correria em que vive a sociedade moderna tem privilegiado a indústria de alimentos
chamados de instantâneos (prontos e semi prontos), utilizando como matéria prima os
produtos submetidos a algum tipo de secagem, buscando com isso facilitar os processos de
manuseio e armazenagem . Para que os produtos sejam adequadamente secos é necessário
que uma quantidade de energia seja aplicada. Com isso é perceptível um grande
fortalecimento das técnicas de secagem, para alimentos e produtos agropecuários, que
mostram uma busca pela qualidade de vida, e a crescente utilização dos alimentos mais
saudáveis, com minimização de desperdícios de tempo contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida da população.
Para que a secagem ocorra faz se necessário que o meio esteja submetido a uma
temperatura superior a percebida no sólido úmido, o que leva a percepção da existência de
um fluxo de calor, possibilitando a vaporização da umidade. Outra característica é
explicada pela retirada de grande parte da água, inicialmente presente na constituição
intrínseca do produto, para ser finalizado com um nível máximo de umidade, onde não são
verificadas perdas de suas qualidades organolépticas e nutricionais (sabor e aroma). É um
evaporar a umidade da superfície do produto para o meio externo o ar.
A técnica da secagem que realiza a remoção da água possibilita a conservação dos
produtos por não permitir a proliferação dos microorganismos e para os grãos a presença de
insetos que deterioram os produtos (PARK, 2007).
Durante muito tempo, a metodologia da secagem tradicional sempre consistiu em se
deixar exposto o produto no campo, sob a ação do sol e dos ventos, para que seja
descartada grande parte da umidade. É uma técnica que ainda hoje encontra aplicação
devido aos elevados custos empregados na metodologia da secagem artificial. A
metodologia conhecida como secagem tradicional é aquela que se realiza com o produto
exposto a céu aberto, em condições ambientais normais (PARK, 2007). Entre as várias
metodologias aplicadas na realização da secagem podem ser destacadas as mais
importantes:
a) secagem por convecção – um dos mais comuns em que o calor sensível é
transferido para o material por convecção. O agente da secagem (o ar pré aquecido) passa
sobre ou através do sólido, evaporando a umidade e retirando a para fora do secador. As
condições da secagem podem ser controladas através da temperatura e do ar aquecido.
b) Secagem por condução – é a transferência do calor por contato físico. É favorável
quando o material a ser seco é muito úmido e a espessura do leito do material é reduzida.
c) secagem por radiação – a energia térmica pode ser suprida por uma série de fontes
eletromagnéticas, sendo que o transporte da umidade e a difusão do vapor no solido seguem
as mesmas leis físicas que a condução e a convecção.
d) secagem por liofilização – esta é a metodologia em que se baseia na sublimação da
água congelada do material sendo colocada em uma câmara de secagem onde a pressão está
situada abaixo do ponto tríplice da água. A energia é suprida por irradiação direta ou
condução nas bandejas aquecidas, sendo que as taxas para a temperatura do material não
ultrapassa o valor de zero grau célsius.
A umidade é então sublimada e se condensa em placas refrigeradas, localizadas em
uma câmara do secador, longe do material ou em um condensador separado. Esta é a
técnica em que o material secado não pode ser aquecido, nem mesmo com temperaturas
melhor qualidade entre todos os outros métodos (PARK, 2007).
2.4 Tipos de Secadores
Existe atualmente no mercado uma grande variedade de processos e equipamentos de
secagem, os quais são aplicados para se obter produtos com mais qualidade, dentre eles
podem ser citados:
O secador de bandejas – é bastante versátil, o produto a ser secado é exposto em
bandejas e submetido a uma corrente de ar aquecido. Podem ser utilizados por pequenas,
médias e grandes indústrias de alimentos: são operados por duas diferentes condições: na
primeira a câmara do aquecedor está cheia e o ar só será movimentado após a temperatura
atingir o grau desejado; já para a segunda, os produtos só deverão ser introduzidos no
secador após a temperatura e a circulação de ar serem encontradas em condições ideais. Um
dos inconvenientes apresentados encontra se no fato da distribuição do fluido de
aquecimento não ser uniforme, o que leva a secagem dos produtos a ocorrer de maneira
diferente, uma tentativa para se minimizar o problema está na troca de posição das bandejas
com produto.
Secadores de túnel – nas indústrias de alimentos são utilizados para desidratar de
forma subcontinua, hortaliças e frutas apresentando grande capacidade de produção.
Possuem comprimento variado, sendo construídos com um túnel de 10 a 15 metros de
comprimento. A corrente do fluido pode ser material ou forcada e o seu fluxo pode ser
paralelo, contracorrente ou combinado.
Secador de leito de jorro – ocupam posição de destaque em operações que
envolvem partículas sólidas e fluidas. Um dos principais objetivos está em se realizar a
secagem de maneira eficiente, materiais, granulados, pastas e suspensões promovendo um
contato intimo entre o fluido e as partículas relativamente grandes as quais apresentam
fluidização com qualidade inferior.
Secador por aspersão ou atomização “spray9dryer” – utilizado para a secagem de
constituído por uma câmara, geralmente cônica com diâmetro e comprimento precisamente
calculados, nele o fluido a ser processado é introduzido por aspersão, sob pressão. É um
processo continuo, no qual um liquido, ou pasta são transformados em produto seco,
caracterizando se por um túnel de secagem relativamente curto. Consiste na atomização do
produto no interior da câmara de secagem em contato com uma corrente de ar quente que
pode atingir até 200 °C, com tempo de contato variando entre 20 e 30 segundos . Encontra
aplicação não apenas na indústria de alimentos, como também farmacêutica, cerâmica e de
detergentes etc.
Fornos secadores – encontram grande aplicação para a secagem de maçã, lúpulo,
malte e batata. A construção do modelo ocorre com a formação de dois pisos: o primeiro,
onde é colocado o produto a ser desidratado, o qual entra em contato com o ar aquecido,
através do calor gerado neste piso pelo forno, estufa ou outra fonte de calor. O ar aquecido
então passa pelo produto por corrente material ou forcada, através de um soprador ou
ventilador. Para que seja reduzido o tempo de secagem, o material deve ser colocado numa
agitação continua, porém mesmo após todos estes cuidados, ainda se verifica um grande
tempo de secagem .
2.5 Sistemas de Secagem Solar
As pesquisas atualmente conduzidas estão sendo direcionadas para as aplicações em
sistemas que utilizam a secagem solar, principalmente pelas características de: baixo custo,
eficiência, simplicidade de fabricação etc. Os principais tipos são: secador de exposição ou
radiação direta e indireta por convecção natural ou forcada. O nome desse secador se deve
ao fato de receber diretamente a radiação solar na câmara de secagem e o de exposição
indireta por possuir um coletor solar plano, adicionado a uma câmara de secagem com
bandejas, onde o produto é distribuído sendo complementado por uma chaminé a qual
promove uma melhor circulação do fluido no interior da câmara e por consequência, no
produto.
A construção dos protótipos dos secadores pode ser realizada utilizando diversos
alumínio, de ferro galvanizado e outros. O processo para escolha do tipo de material mais
adequado a construção deve primar pela obtenção da qualidade e eficiência para o produto
final, redução dos custos e elevação do tempo de vida útil para o protótipo. O sistema deve
garantir o melhor isolamento térmico, utilizando materiais com baixa condutibilidade
térmica, para que sejam evitadas perdas de calor no interior da câmara de secagem e a
cobertura deve possuir a melhor transparência possível com a utilização de vidro ou
plástico transparente com a espessura definida corretamente em projeto (BEZERRA, 2005
e POTTER, 2006).
O sistema utiliza para aquecimento do fluido de trabalho, a radiação solar que é um
tipo de radiação eletromagnética, onde a terra recebe a radiação com pequeno comprimento
de onda e retransmite de volta com grande comprimento de onda. Quando a radiação solar
incidente atinge a cobertura do secador, uma parte é absorvida causando uma elevação da
temperatura no interior da câmara de secagem, com consequente elevação da energia
térmica, resultando em uma radiação com grandes comprimentos e pequenas frequências, o
que consequentemente leva a radiação a ficar retida no interior da câmara de secagem,
promovendo um “efeito estufa” (SILVA, 2005).
Este efeito pode ser grandemente favorecido pela pintura da superfície absorvedora
com tinta preto fosco (GOMES, 2007). A construção da caixa do secador é em formato de
uma caixa retangular, por cima da estrutura é colocado um vidro transparente e na parte
frontal da estrutura da caixa uma entrada de ar frio e na parte posterior na outra
extremidade uma saída para expulsar o ar quente e úmido.
Segundo MELONI (2005), faz se necessário o fornecimento de calor, para que seja
evaporada a umidade do produto e um meio de transporte para remover o vapor de água
que se forma na superfície do produto a ser secado. A maneira para se realizar a circulação
de ar, da câmara de secagem é transportar a umidade removida do produto para o meio
ambiente. Este processo pode ser realizado por convecção natural ou através de um
soprador ou ventilador o que caracteriza a convecção forçada.
No trabalho desenvolvido por MATTHEW (2001) é citado que o sistema solar pode
ser constituído com três componentes principais: a câmara de secagem onde o alimento é
pela secagem; e um componente diferente chamado de exaustor (airflow), a sua função é a
de facilitar e direcionar a circulação de ar no interior da câmara de secagem, a atuação
ocorre em forma de arrasto do fluido carregado de umidade para a saída superior do
secador.
O secador solar por secagem indireta tem a câmara de secagem apresentando uma
vantagem em relação a outros sistemas solares abertos, pois a estrutura construtiva ser de
maneira fechada permite a proteção do alimento de animais, insetos, sujeiras e da chuva,
além de permitir um eficiente sistema de isolamento com materiais de baixíssimo custo,
como exemplo da serragem da madeira, que melhora em muito a eficiência térmica.
A técnica da secagem natural, o ar entra no coletor em condições normais, depois
segue aquecido pela placa absorvedora e vai para a câmara de secagem onde é responsável
pela retirada da umidade do produto a ser secado. Na convecção forçada é adicionado um
ventilador e ou um soprador que é responsável por proporcionar uma maior vazão de ar
para a câmara de secagem.
O rendimento térmico de um secador é representado por ηt e pode ser calculado pela
seguinte equação: ηt = ṁCp.∆T/I.A, sendo que ηt = Energia útil / Energia incidente. Onde:
ṁ= vazão mássica em Kg/s;
Cp= calor específico, J/Kg.K;
∆T=variação de temperatura, valor final menos o valor inicial, K;
I=energia solar incidente, W/ m2
A=área do coletor, m2
2.6 Secagem de Alimentos Utilizando Secador Solar
O secador solar é o equipamento utilizado para realizar a extração da água dos
produtos através das aplicações do calor, para realizar a secagem, inclusive alguns dos
melhores e mais eficientes modelos já estão sendo industrializados. A técnica da secagem
ou da desidratação dos alimentos, tem a finalidade de aumentar o tempo de conservação em
e do seu valor nutritivo, além de apresentar facilidade de transporte e de manipulação no
preparo dos produtos. (CRUZ, 1990).
Algumas cidades no interior do semiárido apresentam sua exploração agrícola
bastante diversificada com grande vocação para a agricultura de subsistência com a venda
dos excedentes de produção, dentre as quais as frutas de época: umbu, cajá, caju, jaca,
mangas, etc.
Entretanto, a experiência mostra que nem toda a produção colhida encontra comércio
para ser vendida, devido principalmente a vulnerabilidade dos produtos, os quais são
bastante perecíveis ou pelo fato das propriedades rurais estarem situadas distantes dos
centros de consumo. Ao serem aplicadas as técnicas de secagem e de desidratação, as quais
representam um prévio tratamento dispensado para a produção, pode se agregar valor e
minimizar as perdas, algumas das melhores técnicas encontram aplicações industrializadas
há bastante tempo, (CRUZ,1990).
Como principal resultado para o processo da desidratação dos alimentos, os mesmos
podem ser transformados em pó e adicionados a sopas, caldos e mingaus. Em sua forma
granulada, podem ser cozidos junto com arroz ou outros cereais. Em pó ou pequenos
pedaços, podem ser usados como ingredientes de pães, bolos e biscoitos. As frutas
desidratadas podem ser ingeridas em pedaços, cruas.
Uma das principais vantagens para essas técnicas estão na obtenção dos frutos
desidratados que bem acondicionados e embalados, possibilitará aumento da renda das
famílias dos agricultores. O que leva a um melhor aproveitamento da produção,
possibilitando o comércio dos produtos em período fora das safras e facilidade de
estocagem, contribuindo diretamente para o aumento da produtividade e dos lucros.
2.7 O Coco Licuri
O licuri (Syagrus coronata) (Figura 2.1) é uma palmeira bem adaptada às regiões
secas e áridas da caatinga e possui grande potencial alimentício, ornamental e forrageiro;
sendo o seu manejo de grande importância para essas regiões, visto que as mesmas
explorada de forma extrativista. A palmeira do licuri possui tronco ereto, com comprimento
situado na faixa que vai dos 6 aos 10 metros de altura, apresenta cerca de 20 centímetros de
diâmetro, profundamente anelado. As folhas, geralmente em fileiras de cinco, ocorrem no
ápice do tronco, formando uma “coroa foliar”, daí o epíteto específico coronata. As bases
dos pecíolos são persistentes (BONDAR, 1938; NOBLICK, 1991). Há emissão de uma
folha por mês. A folha possui em média 186 pinas.
O florescimento acontece entre os meses de dezembro e de março. A inflorescência
tem um comprimento de 60,3 cm e leva dois meses para o seu desenvolvimento total
(Figura 2.2 D). Os ramos basais têm 28,5 cm de comprimento e os apicais
aproximadamente 7,2 cm de comprimento. As flores masculinas medem entre 15 e 17 mm
de comprimento e são amarelas e as femininas medem entre 10 e 12 mm de comprimento e
tem coloração esbranquiçada. A proporção entre as flores masculina/feminina é de
10587,8/1327,2. Os frutos são tipo drupa com uma média de 1,9 cm de comprimento e 2,3
cm de diâmetro. Levam cerca de dois meses para amadurecerem e são amarelos quando
maduros (CRESPALDI et al, 2006).
Figura 2.1 Palmeira Licuri – Caldeirão Grande – BA, 2006. (Fotografia Rosilã Jacques Pereira)
Um cacho com frutos tem em média cerca de 6,26 kg e possui cerca de 1070 frutos. A
polpa do fruto tem aproximadamente 4,26 g e a amêndoa 0,66 g e a proporção
polpa/amêndoa é de 6,26 (CRESPALDI et al, 2006).
processo de amadurecimento, dando origem à amêndoa. Quando maduros estes apresentam
uma coloração que varia do amarelo claro a para a cor laranja, dependendo não apenas do
seu estágio de maturação, mas também dos indivíduos considerados (Figura 2.2. B).
Figura 2.2 Palmeira Licuri: Caule (A), Frutos (B), Folha (C), e Inflorescência (D).
A palmeira frutifica o ano todo, mas apresenta um pico para sua frutificação entre os
meses de junho e julho (CRESPALDI, et al., 2006). A distribuição da espécie vai do Norte
de Minas Gerais, porção oriental e central da Bahia até o Sul de Pernambuco, incluindo os
estados de Sergipe e Alagoas (NOBLICK, 1991)
As sinonímias listadas para S. coronata estão em Noblick (1986, 1991): Cocos
coronata Mart., 1826; Cocos coronata var. todari Beccari, 1887; Cocos botryophora var.
ensifolia Drude, 1881; Cocos quinquefaria Barb. Rodr, 1900; Licuri é o nome mais
utilizado no semiárido baiano, entretanto, outros nomes também designam a mesma
espécie: ouricuri, aricuri, nicuri, coqueiro dicori, coqueiro cabeçudo, alicuri e baba de boi.
(BONDAR,1942).O licuri embora não se saiba, até então, qual o grau de ameaça do licuri,
em 1996 a IUCN já recomendava estudos ecológicos e biológicos que permitissem o
manejo sustentável da palmeira e ações de conservação diante da crescente pressão e erosão
genética sofrida a qual esta espécie está submetida (JOHNSON, 1996). O coco licuri in
natura apresenta uma polpa agridoce, endocarpo e amêndoa conforme mostra a Figura 2.3 .
Figura 2.3 Licuri in natura: amêndoa (1), polpa (2),.
A propagação da palmeira licuri, ocorre como a grande maioria das espécies de
Arecaceae, de forma sexuada, por sementes. A germinação é um processo lento, que pode
demorar quase um ano (LORENZI, 2000). Em condições de viveiro, registraram uma
grande variação no número de dias necessários para germinação das sementes situando se
em uma faixa que vai de 42 a 334 dias (MATTHES e CASTRO,1987). Este fenômeno é
comum para várias espécies de palmeiras, as quais apresentam dificuldade para germinar,
mesmo quando suas sementes são submetidas a condições adequadas (BOVI e CARDOSO,
1978; BROSCHAT e DONSELMAN, 1988; CUNHA e JARDIM, 1995; TOMLINSON,
1990). Esta demora e desuniformidade da germinação podem ser explicadas por obstáculos
mecânicos como a espessura da testa ou do endocarpo, que dificultam a penetração de água
no embrião (TOMLINSON, 1990; BOVI e CARDOSO 1976; CARVALHO et al., 2005).
Rodrigues et al. (2006) estudando A viabilidade de sementes de licuri durante o
armazenamento, sugerem que as mesmas sejam recalcitrantes, ou seja, altamente sensíveis
ao dessecamento. Apesar disto, algumas sementes de licuri conseguem atravessar o período
de seca até o início da estação chuvosa para germinar, embora esta taxa de germinação seja
baixa (CREPALDI, 2001).
O cultivo de embriões in vitro tem se mostrado uma técnica promissora para
propagação de espécies de palmeiras em menor espaço de tempo, superando o problema do
lento processo de germinação da semente . O transplante de plantas semi adultas ou adultas
particularmente em áreas de cultivo com grande adensamento de palmeiras. Áreas com esta
característica possuem uso limitado para a agricultura tradicional e a redução do
adensamento de licurizeiros pode ser uma alternativa para viabilizar a agricultura, sem que
palmeiras sejam sacrificadas, mas transplantadas para outras áreas. Um licurizeiro adulto ao
ser retirado da caatinga e transplantado em outro local sobrevive naturalmente, como pode
ser observado em diversos povoados no interior baiano, em que, por ocasião de festas, se
transplantam licurizeiros para ornamentação das ruas, os quais, ao serem deixados no novo
lugar, continuam vegetando e produzindo frutos. A figura 2.4 mostra a germinação e muda
da palmeira do licuri (CARVALHO et al,2005).
.
A B
Figura 2.4 – Germinação (A) e muda (B), do Licuri.
Estudos a respeito da interação de vertebrados e palmeiras ainda são escassos, com
exceção do palmito juçara (Euterpe edulis Mart.)
Dentre os estudos realizados com o licurizeiro, destacam se os relatos do
comportamento alimentar da arara azul de lear por (BRANDT e MACHADO, 1990).
Quinze espécies de vertebrados, distribuídos entre répteis, aves e mamíferos,
alimentam se dos frutos da palmeira ou de invertebrados associados. De acordo com os
diversos tipos de interação ecológica citados , acredita se que possam existir quatro tipos de
interação dos organismos associados ao licurizeiro. A palmeira do licuri é uma das
principais fontes de alimento para vários animais silvestres como a arara azul de lear,
ligada à existência do licuri que também serve como fonte de alimentação a animais
domésticos como bovinos e caprinos. A Figura 2.5 mostra a espécie alimentando se dos
frutos dos licuri.
Figura 2.5 Arara azul de lear alimentando se de Licuri.
A otimização do uso dessa palmeira, certamente contribuirá para a melhoria da
qualidade de vida das populações da região, possibilitando a utilização dos seus frutos na
alimentação humana, pois estes apresentam um bom valor nutricional, como também para
aumentar o desenvolvimento socioeconômico do semiárido, gerando renda para a
população através da utilização sustentável do licuri. O licurizeiro apresenta grande
importância nos municípios onde se encontra, pois representa uma fonte de renda para as
populações, no entanto a sua exploração ainda se dá de forma extrativista. Das suas folhas,
são confeccionados sacolas, chapéus, vassouras, espanadores, etc. Estas também são usadas
para retirada da cera do licuri que durante algumas décadas atrais era utilizada na
fabricação de papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis, sendo
considerada equivalente a da carnaubeira. As amêndoas do licuri são consumidas in natura
seca ou cozidas. Também são utilizadas na produção de cocadas, rosários, licores, e do leite
de licuri, muito utilizado na culinária baiana. O óleo constitui cerca de 55 a 61% da
amêndoa é usado em culinária da população do semi árido, análogo ao coqueiro da praia
detergentes, sabão em barra e sabonetes finos) considerados de alta qualidade.Do resíduo
obtido com a extração do óleo, origina se uma torta também que serve como alimento para
animais, esta torta apresenta 41% de substâncias não azotadas, 19% de proteínas, 16% de
celulose e 11% a 12% de óleo. Representa ótima ração adicional para vacas leiteiras, para o
desenvolvimento precoce de animais de corte e também para reprodutores.
A análise da composição nutricional do fruto do licuri (CREPALDI et al., 2001)
mostrou que o fruto é bastante calórico (108,6 Kcal/100g, polpa e 527,3 Kcal/100g,
amêndoa), tendo em média 4,5% de lipídeos na polpa e 49,2% na amêndoa. O teor de
proteínas é de 3,2% na polpa e 11,5 % na amêndoa. Os carboidratos totais predominam na
polpa (13,2%), sendo que a amêndoa possui 9,7%. Também na polpa há predomínio de
fibra alimentar total (37,5%) e na amêndoa 22,8%. Em estudo posterior efetuou se a
caracterização do óleo de licuri por cromatografia liquida de alta eficiência HPLC e por
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa CG/EM assim como dos seus
produtos usando lípases (SEGAL).
Os macro e micronutrientes presente na polpa e amêndoa foram estudados mostrando
a presença de cálcio e magnésio na polpa e na amêndoa além destes minerais também foi
encontrado zinco, cobre e selênio (DUARTE 2006).
Em virtude do grande potencial nutricional do licuri diversos produtos alimentícios
foram desenvolvidos barras de cereais, conservas, sorvetes, leite de coco licuri e diversas
outras iguarias desde 2006 (MEC,2006) formando um mix de produtos da alimentação, que
pode ser mostrado na Figura 2.6 que mostra a Cadeia produtiva do licuri elaborada a partir
Figura 2.6 Cadeia Produtiva do Licuri, GPPQ, 2011.
O maior gargalo tecnológico da cadeia produtiva do licuri para produção de alimentos
é representado pela colheita e pelas operações pós colheita como secagem, armazenamento
e manutenção de qualidade. Assim foi implementado pelo IFBA o programa colhedoras de
licuri, (Figura 2.7), uma vez que o licuri é um fruto deve ser colhido e não catado no meio
de estrumes de animais ruminantes e a avaliação de tecnologias de pós colheita próprias
para o licuri, a qual esta dissertação colabora com o estudo da secagem em secador solar,
que podem ser utilizados principalmente para unidades de pequena e média escala. Nestas
propriedades normalmente os grãos são secados nos terreiros em condições alta
vulnerabilidade, ficando à mercê das condições ambientais. na obtenção de amêndoas do
licuri com segurança alimentar em virtude da forma rudimentar iniciaram um estudo para o
uso do licuri na fabricação de devido o seu grande potencial para alimentação humana, essa
pesquisa foi concluída com resultados positivos o que fortalece a urgência de estudos sobre