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Caracterização experimental do fenômeno de sensibilização comportamental imediata após administração única de diferentes drogas de abuso em camundongos

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(1)

JULIANA DO NASCIMENTO ALVAREZ

CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DO FENÔMENO DE

SENSIBILIZAÇÃO COMPOR

TAMENTAL “IMEDIATA”

APÓS ADMINISTRAÇÃO ÚNICA DE DIFERENTES

DROGAS DE ABUSO EM CAMUNDONGOS

Tese apresentada à Universidade Federal de São

Paulo – Escola Paulista de Medicina – para obtenção do título de Mestre em Ciências pelo

Programa de Pós-Graduação em Farmacologia.

São Paulo

(2)

CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DO FENÔMENO DE

SENSIBILIZAÇÃO COMPORTAMENTAL “IMEDIATA”

APÓS ADMINISTRAÇÃO ÚNICA DE DIFERENTES

DROGAS DE ABUSO EM CAMUNDONGOS

Tese preparada durante o Curso de Pós-Graduação em Farmacologia – Área de Concentração: Neurotransmissores – Departamento de Farmacologia e apresentada à Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina,

como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências pelo

programa de Pós-Graduação em Farmacologia.

Orientador: Dr. Roberto Frussa Filho

Número do Comitê de Ética em Pesquisa: 0984/06

São Paulo

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA

Alvarez, Juliana do Nascimento

“Caracterização experimental do fenômeno de sensibilização comportamental „imediata‟ após administração única de diferentes drogas

de abuso em camundongos

Juliana do Nascimento Alvarez- São Paulo, 2009 - n° de pág: 224

Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Farmacologia.

(4)
(5)

Agradeço meu orientador, Prof. Dr. Roberto

Frussa-Filho;

A doutoranda Daniela Fukue Fukushiro;

A Profª. Drª. Beatriz Monteiro Longo;

A Ana Claudia Naldinho;

Aos colegas do laboratório;

Aos técnicos: Téo e Cleo;

E a todos que de uma forma ou de outra colaboraram

com meu desenvolvimento profissional.

(6)

“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por

aqueles que não podiam escutar a música.”

(7)

A sensibilização comportamental caracteriza-se pelo aumento progressivo

e duradouro do efeito estimulante locomotor eliciado por drogas de abuso após o

tratamento repetido em roedores. A base neurobiológica desse fenômeno parece

intersectar com aquela da dependência química em humanos (sistema

dopaminérgico mesolímbico). Assim, a sensibilização comportamental tem sido

proposta por diferentes pesquisadores como um modelo fisiopatológico

dependência química. Recentemente verificamos que a sensibilização

comportamental pode se desenvolver de uma forma imediata. Nesse sentido,

demonstramos que uma injeção indutora de anfetamina é capaz de potencializar

o efeito estimulante locomotor produzido por uma injeção desafio da droga,

administrada algumas horas após.

Os objetivos gerais da presente Tese foram: 1-) caracterizar

comportamental e neuroquimicamente o fenômeno de sensibilização imediata à

anfetamina em camundongos, 2-) verificar se o fenômeno de sensibilização

imediata também ocorre para outras drogas de abuso (cocaína, morfina e etanol)

e 3-) verificar o possível desenvolvimento de sensibilização comportamental

imediata cruzada entre anfetamina e cocaína, morfina ou etanol.

Para tanto, utilizamos como paradigma experimental a atividade

locomotora de camundongos em campo aberto.

Verificamos o desenvolvimento de sensibilização imediata à anfetamina em

vários parâmetros comportamentais analisados em campo aberto (locomoção,

levantar e imobilidade), administrando 2 injeções desse psicoestimulante na dose

(8)

injeção de anfetamina (injeção indutora) ou de níveis residuais de droga. Além

disso, uma maior ativação neuronal no núcleo accumbens foi observada em

animais sensibilizados, na ausência de alterações neuroquímicas pré-sinápticas

no estriado-accumbens, sugerindo o envolvimento de modificações pós-sinápticas

no fenômeno de sensibilização imediata.

A sensibilização comportamental imediata também se desenvolveu para a

cocaína e a morfina, mas não para o etanol. Finalmente, a sensibilização imediata

ocorreu também de forma cruzada entre anfetamina e as demais drogas de

abuso, apresentando um caráter bidirecional, com exceção do etanol, cujo

cruzamento ocorreu apenas quando a anfetamina foi administrada na indução do

fenômeno, e o etanol na sua expressão.

Esses resultados podem ter relevância para uma maior compreensão dos

(9)

The behavioral sensitization phenomenon is characterized by a progressive

and enduring enhancement of the locomotor stimulant effect of drugs of abuse

following repeated treatment in rodents. This behavioral phenomenon seems to

share the same neurobiological basis of drug dependence in humans and has

been proposed as a pathophysiological animal model of drug dependence.

Recently, we demonstrated an early-onset type of behavioral sensitization. Indeed,

an “induction” injection of amphetamine potentiated the locomotor stimulant effect of a challenge injection of the drug, given some hours later.

The aims of this Thesis were threefold: 1-) to behaviorally and

neurochemically characterize the rapid-onset type of behavioral sensitization to

amphetamine in mice, 2-) to verify if the rapid-onset type of behavioral

sensitization would also occur to other drugs of abuse (cocaine, morphine and

ethanol) and 3-) to investigate the possible development of rapid-onset

cross-sensitization between amphetamine and cocaine, morphine or ethanol.

Mice´s open-field locomotor activity was used as the experimental

paradigm.

We verified the development of the rapid-onset type of behavioral

sensitization to amphetamine in the several behavioral parameters analyzed in the

open-field (locomotion, rearing and immobility), by administering 2 injections of 2,5

mg/kg amphetamine, separated by a 4h interval. We demonstrated that this

phenomenon was not a consequence of the stress induced by the priming

injection of amphetamine and was not due to residual levels of the drug. Moreover,

(10)

accumbens, suggesting that postsynaptic adaptations may be involved.

The rapid-onset behavioral sensitization also developed to cocaine and

morphine, but not to ethanol. Finally, rapid-onset cross-sensitization occurred

between amphetamine and the other drugs of abuse in a bidirectional way, except

for ethanol. Within this aspect, cross-sensitization between amphetamine and

ethanol only developed when amphetamine was administered during the induction

of this phenomenon and ethanol in its expression.

The present results may contribute to the comprehension of the mechanism

(11)

ANF – Anfetamina COC – Cocaína DA – Dopamina

DOPAC – Ácido 3,4-dihidrofenilacético ETN – Etanol

HVA – Ácido homovanílico

IEGs – Genes de expressão imediata IP – Intraperitoneal

MET – Metirapona MOR – Morfina SAL – Salina

(12)

1.Introdução

1. 1. Sensibilização comportamental e dependência qu“mica...14

1.2. Fenômeno de sensibilização imediata aos efeitos comportamentais da anfetamina ...21

1.3. Sensibilização comportamental cruzada...25

1.4. Dependência qu“mica e genes de expressão imediata...27

2. Objetivos 2.1. Proposição geral...31

2.2. Objetivos espec“ficos...31

2.2.1. Relacionados à caracterização experimental do fenômeno de sensibilização imediata induzida por diferentes drogas de abuso...31

2.2.2.Relacionados ao fenômeno de sensibilização comportamental imediata cruzada entre diferentes drogas de abuso...32

3. Materiais e métodos 3.1. Sujeitos experimentais ...33

3.2. Drogas e reagentes...33

3.3. Testes comportamentais...34

3.3.1 Atividade geral em campo aberto...35

(13)

accumbens de camundongos...36

3.4.1.1 Dissecação da estrutura ...36

3.4.1.2. Processamento das amostras...36

3.4.1.3. Separação e quantificação de dopamina seu metabólito DOPAC...37

3.4.2. Avaliação da expressão de c-fos...37

3.4.2.1. Perfusão e fixação do encéfalo de camundongos...37

3.4.2.2. Imuno-histoquímica para c-fos...38

3.5. Análise estat“stica...39

4. Delineamento experimental e resultados 4.1 Experimento 1 - Curva tempo-resposta do efeito estimulante locomotor induzido pela dose de 2,5 mg/kg de anfetamina em camundongos ...40

4.2 Experimento 2 - Conteúdo de dopamina e de DOPAC no estriado-accumbens após administração aguda de anfetamina...46

4.3. Experimento 3 – Caracterização comportamental do fenômeno de sensibilização imediata ao efeito estimulante locomotor induzido pela dose de 2,5 mg/kg de anfetamina ... 52

(14)

comportamental imediata à anfetamina... 63

4.6. Experimento 6 –Investigação da participação da corticosterona na expressão do fenômeno de sensibilização comportamental imediata à anfetamina ... 67

4.7. Experimento 7 – Poss“vel desenvolvimento de sensibilização imediata cruzada a diferentes doses de coca“na após injeção indutora de anfetamina ... 73

4.8. Experimento 8 – Investigação da influência de poss“veis n“veis residuais de anfetamina sobre a sensibilização imediata cruzada entre anfetamina e coca“na...79 4.9. Experimento 9 – Poss“vel desenvolvimento de sensibilização imediata cruzada a diferentes doses de morfina após injeção indutora de anfetamina ... 85

4.10. Experimento 10 – Poss“vel desenvolvimento de sensibilização imediata cruzada a diferentes doses de etanol após injeção indutora de anfetamina ... 91

4.11. Experimento 11 – Curva tempo-resposta do efeito estimulante locomotor induzido pela dose de 20 mg/kg de coca“na em camundongos ... 97

4.12. Experimento 12 – Caracterização comportamental do fenômeno de sensibilização imediata ao efeito estimulante motor induzido pela dose de 20 mg/kg de coca“na ... 103

(15)

induzido pela dose de 20 mg/kg de morfina em camundongos ... 117

4.15. Experimento 15 – Caracterização comportamental do fenômeno de sensibilização imediata ao efeito estimulante motor induzido pela morfina ... 124

4.16. Experimento 16 - Poss“vel desenvolvimento de sensibilização imediata cruzada a diferentes doses de anfetamina após injeção indutora de morfina...131

4.17. – Experimento 17 – Curva tempo-resposta do efeito estimulante locomotor induzido pela dose de 1.8 g/kg de etanol em camundongos ... 138

4.18. Experimento 18 – Caracterização comportamental do fenômeno de sensibilização imediata ao efeito estimulante motor induzido pelo etanol ... 144

4.19. Experimento 19 – Poss“vel desenvolvimento de sensibilização imediata cruzada a diferentes doses de anfetamina após injeção indutora de etanol...150

5. Discussão ... 156

6. Conclusão ... 199

(16)

14

1. INTRODUÇÃO

1.1. Sensibilização comportamental e dependência química

Algumas respostas comportamentais exibidas por animais de laboratório

a estimulantes dopaminérgicos indiretos (como a anfetamina e a cocaína) e

diretos (como a apomorfina e a bromocriptina) intensificam-se após a sua

administração repetida (Robinson e Becker, 1986; Hoffman e Wise, 1992).

Diversos termos têm sido utilizados para a denominação desse fenômeno,

como por exemplo, tolerância reversa, facilitação comportamental e

sensibilização comportamental, sendo esse último mais freqüentemente

utilizado (Szechtman et al., 1994a,b; Everitt e Wolf, 2002). Dentre as respostas

sensibilizadas por agonistas dopaminérgicos diretos e indiretos incluem-se o

comportamento rotacional, o comportamento de beber, a responsividade a

estímulos acústicos, o comportamento de escalar e a performance em labirinto

em Y (Robinson e Becker, 1986). Indubitavelmente, entretanto, a hiperatividade

locomotora e os comportamentos estereotipados promovidos por esses

agonistas são as respostas comportamentais mais dramaticamente afetadas

pela administração repetida de drogas capazes de aumentar a função

dopaminérgica; constituem, portanto, os parâmetros comportamentais

quantificados na grande maioria dos estudos relacionados ao fenômeno de

sensibilização comportamental (Robinson e Becker, 1986; Wise et al, 1996,

Alvarez e Fukushiro et al 2006). Nesse aspecto, a sensibilização à

hiperatividade locomotora induzida pela anfetamina, em particular, tem atraído

(17)

15

dos mecanismos relacionados ao fenômeno de dependência a

psicoestimulantes.

Conforme revisado por Phillips e colaboradores (1997a,b), a maioria das

substâncias com potencial de abuso é capaz de estimular a atividade

locomotora em roedores. Esse fato tem levado à investigação detalhada da

estimulação psicomotora induzida por drogas. Assim, tem sido postulado que

modelos animais de estimulação locomotora induzida por drogas poderiam

corresponder à ação euforizante dessas drogas em humanos, sendo que o

estudo da locomoção traria importantes subsídios aos mecanismos

neuroquímicos relacionados aos efeitos euforizantes e reforçadores das drogas

de abuso. Nesse contexto, assim como descrito para a anfetamina, o

tratamento crônico intermitente com diversas outras drogas de abuso é capaz

de promover sensibilização ao seu efeito estimulante motor (Robinson e

Becker, 1986; Kalivas e Stewart, 1991, Araújo et al 2006).

De fato, além de agonistas dopaminérgicos, outras classes de drogas

capazes de apresentar, em determinadas doses, efeitos psicoestimulantes,

também promovem o desenvolvimento do fenômeno de sensibilização ao efeito

estimulante locomotor, quando administradas repetidamente. Assim, a

administração repetida de morfina e outros opiáceos com ação agonista em

receptores opióides do tipo  parecem promover um aumento de seu efeito

estimulante motor caracterizado pela intensificação da ambulação de

camundongos (Iizuka e Hirabayashi, 1983; Kuribara e Tadokoro, 1989,

Kuribara, 1995; Zarrindast et al., 2003; De Rover et al., 2005; Kotlinska et al.,

(18)

16

Esse aumento da atividade locomotora em camundongos promovida por

agonistas opióides parece refletir um aumento da neurotransmissão

dopaminérgica conseqüente a uma estimulação de receptores opióides do tipo

 (Rethy et al., 1971; Buxbaum et al., 1973; Kuschinsky e Hornykiewicz, 1974;

Reggiani et al., 1980; Swerdlow et al., 1985).

Da mesma forma, enquanto a administração aguda de uma dose baixa

de etanol resulta em um aumento da atividade locomotora, a administração

repetida de baixas doses pode produzir o aparecimento de sensibilização

comportamental, caracterizada por um aumento progressivo da atividade

locomotora de camundongos (Masur et al, 1986; Cunningham e Noble, 1992;

Hunt e Lands, 1992; Broadbent et al., 1995; Phillips et al., 1995; Roberts et

al.,1995; Kurtz et al., 1996; Lessov et al., 2001; Araújo et al., 2005, 2006).

Nesse sentido, a administração sistêmica de doses baixas (0,5 a 2,0 g/kg i.p.)

de etanol promove um aumento dos níveis de dopamina e de seus metabólitos,

ácido homovanílico (HVA) e ácido 3,4-dihidroxifenilacético (DOPAC) no núcleo

accumbens de ratos (Imperato e Di Chiara, 1986). Além disso, a administração

de etanol é capaz de aumentar de forma dependente de dose, tanto in vivo como in vitro, a taxa de disparos dos neurônios dopaminérgicos localizados na

área ventral do tegmento mesencefálico (Gessa et al., 1985; Brodie et al.,

1990)

Nesse contexto, diferentes observações experimentais indicam que o

sistema dopaminérgico mesolímbico vem a ser o principal substrato neuronal

subjacente tanto ao fenômeno de sensibilização à hiperatividade locomotora

como também às propriedades reforçadoras de drogas psicoestimulantes.

(19)

17

capazes de bloquear tanto a auto-administração de psicoestimulantes em ratos

(Le Moal e Simon, 1991) como o desenvolvimento da sensibilização

comportamental à anfetamina (Segal et al., 1979). Ainda nesse sentido,

Paulson e Robinson (1990) verificaram que após a administração sistêmica

repetida de anfetamina, uma injeção desafio dessa droga no núcleo

accumbens promoveu um aumento da locomoção significativamente maior do

que aquele observado em animais pré-tratados com salina. Paralelamente,

injeções repetidas de anfetamina na área ventral do tegmento mesencefálico,

mas não no núcleo accumbens, produzem sensibilização à resposta

locomotora induzida por uma injeção periférica subseqüente de anfetamina

(injeção desafio) (Kalivas e Weber, 1988).

Esses resultados sugerem que enquanto a indução da sensibilização

comportamental à resposta locomotora promovida pela anfetamina depende da

ação dessa droga na área ventral do tegmento mesencefálico, a expressão do

fenômeno está relacionada às suas ações nas terminações dopaminérgicas

localizadas no núcleo accumbens. Independentemente dessa diferenciação, os

experimentos acima descritos mostram o estreito vínculo do fenômeno de

sensibilização comportamental ao sistema dopaminérgico mesolímbico, à

semelhança do que ocorre com o processo de auto-administração de

psicoestimulantes (Maldonado et. al., 1993).

Ainda nesse contexto, drogas bloqueadoras de receptores

dopaminérgicos centrais têm se mostrado efetivas em antagonizar tanto a

sensibilização comportamental (Kuczenski e Leith, 1981; Mattingly e Rowlett,

1989; Ujike et al., 1989; Mattingly et al., 1994) como a auto-administração

(20)

18

1989; Britton et al., 1991; Hubner e Moreton, 1991; Richardson et al., 1993).

Curiosamente, algumas das substâncias não-dopaminérgicas (como

antagonistas de aminoácidos excitatórios e antagonistas opióides) que são

efetivas em inibir a sensibilização comportamental (Karler et al., 1989; Kuribara,

1995) também têm se mostrado capazes de antagonizar as propriedades

reforçadoras de psicofármacos (Mello et al., 1989; Schenk et al., 1993).

Uma evidência experimental adicional das semelhanças entre os

mecanismos inerentes à sensibilização comportamental e o processo de

dependência de psicoestimulantes provém dos experimentos relatados por

Piazza e colaboradores (1989). Esses autores verificaram que os ratos mais

predispostos a desenvolver hiperatividade locomotora induzida pela anfetamina

também eram aqueles a apresentar maior predisposição à auto-administração

dessa droga. Dados semelhantes têm sido obtidos para o etanol. Camarini e

colaboradores (2004) verificaram uma correlação positiva entre a sensibilização

à hiperatividade locomotora induzida pelo etanol e o consumo dessa

substância em duas linhagens de camundongos (C57BL/6J e DBA/2J).

Grahame e colaboradores (2000) demonstraram que camundongos

geneticamente selecionados para alta preferência ao etanol desenvolveram

sensibilização ao efeito estimulante locomotor da droga, ao passo que tal

sensibilização não ocorreu para camundongos geneticamente selecionados

para baixa preferência ao etanol. Esses resultados sugerem uma associação

genética positiva entre o fenômeno de sensibilização comportamental e as

propriedades reforçadoras do etanol. Nesse sentido, Lessov e colaboradores

(2001) verificaram, que uma linhagem de camundongos com alta preferência

(21)

19

pelo etanol e apresentou associado a um posterior aumento do consumo

voluntário da droga. Paralelamente, esses autores verificaram que o consumo

voluntário prévio de etanol foi capaz de promover um aumento (sensibilização)

do efeito estimulante induzido por uma injeção intraperitoneal da droga.

A administração repetida de agonistas dopaminérgicos indiretos como a

anfetamina e a cocaína aumenta a disponibilidade sináptica de dopamina na

área ventral do tegmento mesencefálico levando a uma subsensibilidade de

auto-receptores dopaminérgicos D2 (Wolf et al., 1993). Localizados nos corpos

celulares dos neurônios dopaminérgicos, com conseqüente aumento na

atividade basal desses neurônios (Henry et al., 1989) e potencialização do

aumento dos níveis extracelulares de dopamina no núcleo accumbens induzido

por esses psicoestimulantes (Wolf et al., 1993). Essas alterações pré-sinápticas

têm sido propostas como parte dos processos eliciadores do fenômeno de

sensibilização comportamental (ver Henry et al., 1998). Todavia, esses efeitos

são transientes, permanecendo por poucos dias após o término da

administração repetida. Por outro lado, a administração repetida desses

psicoestimulantes torna os neurônios supersensíveis aos efeitos

eletrofisiológicos inibitórios da dopamina no núcleo accumbens (Henry et al.,

1989) e de agonistas seletivos D1 (Henry e White, 1991). Nesse sentido, é

importante ressaltar que essa supersensibilidade funcional de

dopaminoceptores D1 conseqüente da administração repetida de

psicoestimulantes não está associada a alterações no binding de SCH 23390,

fato sugestivo que o fenômeno decorra de alterações pós-receptor (Groppetti et

(22)

20

Nesse cenário, estudos eletrofisiológicos realizados por Henry e

colaboradores (1998) trouxeram importante contribuição para a elucidação das

adaptações de dopaminoceptores D1 e D2 no sistema dopaminérgico

mesoaccumbens em conseqüência de sua estimulação repetida, bem como da

relação dessas adaptações com a resposta comportamental associada ao

fenômeno de sensibilização. Assim, esses autores verificaram que a

administração sistêmica repetida do agonista de dopaminoceptores D2

quimpirole produziu uma subsensibilidade de auto-receptores D2 na área

ventral do tegmento mesencefálico (isto é, atenuou efeitos inibitórios da

apomorfina na taxa de disparos dos neurônios dessa região), enquanto o

tratamento sistêmico repetido com o agonista D1 SKF 38393 promoveu uma

supersensibilidade de dopaminoceptores D1 no núcleo accumbens (isto é,

potencializou os efeitos inibitórios da aplicação iontoforética do SKF 38393

nesses neurônios). Ambos os fenômenos duraram apenas 1 semana, sendo

que somente nesse período verificou-se um aumento aos efeitos estimulantes

locomotores da cocaína (sensibilização cruzada). Quando os agonistas D1 e D2

foram combinados, observou-se subsensibilidade de auto-receptores D2 na

área ventral do tegmento mesencefálico, semelhante àquela produzida pelo

agonista D2 isoladamente. Todavia, tal combinação aumentou e prolongou a

supersensibilidade D1 no núcleo accumbens, prolongando também a

sensibilização cruzada à cocaína. Os autores interpretaram esses últimos

resultados como sugestivos de que a indução de subsensibilidade de

auto-receptores D2 na área ventral do tegmento mesencefálico é condição

necessária para alterações persistentes tanto da supersensibilidade D1 no

(23)

21

Mais especificamente, Henry e colaboradores (1998) preconizam que a

subsensibilidade de auto-receptores D2 (induzida pela administração repetida

do agonista D2) com o conseqüente aumento da atividade dos neurônios da

área ventral do tegmento mesencefálico, mantém aumentado o nível de

estimulação dos dopaminoceptores pós-sinápticos. Quando a administração do

agonista D2 é combinada com a do agonista D1, a estimulação adicional dos

dopaminoceptores D1 (pós-sinápticos) promoveria as adaptações necessárias

para o aumento persistente da função receptora D1.

1.2. Fenômeno de sensibilização “imediata” aos efeitos comportamentais da anfetamina

Assim como relatado para comportamentos relacionados ao sistema

mesoaccumbens, processos adaptativos que ocorrem imediatamente após a

manifestação comportamental resultante da injeção de psicoestimulantes

parecem também ser fundamentais para a sensibilização de comportamentos

associados à transmissão dopaminérgica nigroestriatal. Com efeito, em dois

trabalhos pioneiros, Kuczenski e Segal (1999a,b) demonstraram o

desenvolvimento de sensibilização imediata ao comportamento estereotipado

induzido por anfetamina em ratos. Mais especificamente, os autores verificaram

que 3 horas após a injeção aguda de 4 mg/kg de anfetamina (período no qual a

estereotipia já havia desaparecido e os níveis extracelulares de dopamina já

haviam voltado ao normal) uma nova injeção de 0,5 mg/kg de anfetamina (dose

incapaz de promover estereotipia em animais pré-tratados com salina)

promovia intensa estereotipia, sem alterar os níveis extracelulares de dopamina

(24)

pré-22

tratados com salina. Em um de seus trabalhos, Kuczenski e Segal (1999a),

verificaram que tal fenômeno era inibido tanto pela injeção do antagonista

preferencialmente D2, haloperidol, como do antagonista seletivo D1, SCH

23390, previamente à primeira injeção de anfetamina. Em um segundo

trabalho, esses mesmos autores, demonstraram que a injeção prévia de 4

mg/kg de anfetamina era capaz de, 3 horas depois, também potencializar os

efeitos de doses sub-efetivas dos agonistas D1 SKF 82958 ou D2 quimpirole

sobre o comportamento estereotipado. Além disso, verificaram que a

administração prévia desses agonistas em doses maiores foi capaz de

potencializar a estereotipia induzida por doses sub-efetivas de anfetamina

(Kuczenski e Segal 1999b).

A expressão da sensibilização comportamental se baseia em mudanças

neuroplásticas dependentes de tempo nos circuitos cerebrais que envolvem o

comportamento motivacional. Dentre essas alterações neuroadaptativas, uma

hiper-reatividade da via dopaminérgica mesolímbica de longa duração tem sido

mais evidente (ver item 1.1). A magnitude da sensibilização é altamente

influenciada pelo perfil de pré-tratamento. Nesse sentido, a administração

repetida intermitente de doses moderadas de drogas é muito mais efetiva em

induzir sensibilização do que uma exposição contínua a doses altas ou

crescentes dessas drogas (Robinson e Becker, 1986; Stewart e Badiani, 1993;

Vanderschuren et al., 1997). Nesse aspecto, a exposição única à anfetamina,

cocaína ou mesmo morfina tem se mostrado capaz de induzir sensibilização

comportamental e neuroquímica (Robinson, 1984; Peris e Zahniser, 1987;

(25)

23

desafio foi sempre aplicada em um intervalo de vários dias após a injeção

indutora da droga.

Conforme já abordado anteriormente, Kuczenski e Segal (1999 a,b)

demonstraram o desenvolvimento de sensibilização imediata ao

comportamento estereotipado induzido por anfetamina em ratos. Esse achado,

embora publicado em periódico de grande impacto na área farmacológica, não

teve continuidade investigativa condizente com sua potencial importância

básica e clínica. Com efeito, sob o ponto de vista básico/mecanicístico ele

sugere a possibilidade de que os eventos neuroplásticos (ou pelo menos parte

deles) que medeiam o fenômeno de sensibilização comportamental ocorram de

maneira praticamente imediata. Paralelamente, conforme sugerido por esses

mesmos autores, uma vez que essas alterações comportamentais são

aparentes logo após o término da resposta à anfetamina, elas podem ter

importantes implicações para as alterações comportamentais resultantes das

administrações de psicoestimulantes em um padrão “binge” de abuso em humanos. Não obstante, Kuczenski e Segal (1997a,b) sugeriram que o

fenômeno de sensibilização imediata à estereotipia induzida por anfetamina em

ratos não se estenderia ao efeito estimulante locomotor da droga, o qual está

relacionado ao sistema mesoaccumbens, e reflete de maneira mais específica

os processos mecanicísticos subjacentes à dependência química. Por outro

lado, a ausência de sensibilização ao efeito estimulante locomotor poderia

decorrer de uma competição comportamental entre os comportamentos

estereotipado e locomotor, uma vez que ambos os comportamentos foram

avaliados em um mesmo aparelho de observação. Com efeito, ao validarmos

(26)

24

camundongos (Chinen et al., 2006), utilizamos aparelhos de observação

específicos para avaliar a estereotipia ou a atividade locomotora e

demonstramos o desenvolvimento do fenômeno para ambos os parâmetros

comportamentais (com um intervalo de 4 horas entre as injeções indutoras e

desafio).

Nesse trabalho Chinen et al (2006), analisando conjuntamente os dados

obtidos para o comportamento estereotipado e para a estimulação locomotora

induzidos pela anfetamina, no contexto do fenômeno de sensibilização

imediata, verificaram um perfil de respostas bastante semelhante. Em ambos

os parâmetros comportamentais, a sensibilização imediata ocorreu na ausência

de pareamento ambiental, mas este foi capaz de potencializá-la de maneira

vigorosa. Em ambos os casos, o efeito potencializador do processo de

pareamento ambiental pareceu se dever ao desenvolvimento de um

condicionamento Pavloviano entre o comportamento em questão e o ambiente

a ele associado, conforme sugerido pelos experimentos envolvendo desafio

com salina. Sob o ponto de vista clínico, a demonstração do fenômeno de

sensibilização imediata à ação estimulante locomotora da anfetamina, bem

como sua potencialização pelo processo de condicionamento ambiental sugere

que o desenvolvimento de dependência de drogas pode se estabelecer (pelo

menos em alguns de seus aspectos biológicos) de forma imediata. Além disso,

sugere também que o condicionamento ambiental poderia exercer um papel

importante no abuso de psicoestimulantes em um padrão “binge”. Sob o enfoque básico/mecanicístico, nossos dados sugerem que uma única injeção

(27)

25

conseqüências funcionais imediatas nos sistemas dopaminérgicos

mesoestriatal e mesoaccumbens.

1.3. Sensibilização Comportamental Cruzada

No que concerne ao fenômeno da sensibilização comportamental, vários

estudos têm abordado a sensibilização cruzada entre drogas, na qual os efeitos

de uma droga de abuso podem ser potencializados pelo tratamento prolongado

prévio com outra droga de abuso, possivelmente pelo fato de essas duas

drogas compartilharem um mecanismo comum de sensibilização

comportamental. Nos estudos realizados para verificar a ocorrência de

sensibilização cruzada entre drogas, os animais geralmente são tratados

repetidamente com uma droga A (para indução da sensibilização), e

posteriormente desafiados com uma droga B, para se verificar a expressão da

sensibilização. Há relatos de sensibilização cruzada entre drogas como

cocaína, anfetamina e morfina (Vezina e Stewart, 1990; Wise e Leeb, 1993;

Cador et al., 1995; Cunningham et. al., 1997; Vanderschuren et. al., 1997).

Assim, Vezina e Stewart (1990) verificaram que ratos tratados com injeções de

anfetamina na área ventral do tegmento mesencefálico, mas não no núcleo

accumbens, apresentaram uma sensibilização ao efeito estimulante locomotor

de uma injeção sistêmica de morfina. De forma semelhante, Cador e

colaboradores (1995) observaram, que em ratos o tratamento com injeções de

anfetamina na área ventral do tegmento mesencefálico induziu a sensibilização

ao efeito estimulante locomotor de uma injeção de cocaína no núcleo

accumbens e de uma injeção sistêmica de morfina, administradas após um

(28)

26

entre drogas, assim como na sensibilização comportamental clássica, a área

ventral do tegmento mesencefálico parece ser a região crítica responsável pela

indução da sensibilização, enquanto o núcleo accumbens parece estar mais

relacionado com a expressão desse fenômeno.

O fenômeno de sensibilização cruzada entre drogas parece ser um

processo bidirecional. Dessa forma, assim como o tratamento com anfetamina

pode induzir a sensibilização aos efeitos de outras drogas como a morfina, o

tratamento prévio com morfina também é capaz de induzir a sensibilização aos

efeitos de uma injeção subseqüente de anfetamina. Nesse contexto,

Vanderschuren e colaboradores (1997) demonstraram que o tratamento com

injeções de morfina, de forma chamada “intermitente” (14 injeções diárias), induziu sensibilização cruzada ao efeito estimulante locomotor de uma injeção

de anfetamina, administrada 3 semanas após o término desse tratamento.

Cunningham e colaboradores (1997) também relataram essa sensibilização

cruzada entre o tratamento com morfina (na dose de 10 mg/kg durante 5 dias)

e, uma injeção desafio de anfetamina (na dose de 1,5 mg/kg), quando as

injeções foram dadas sistemicamente. Nesse mesmo trabalho, foi observada

sensibilização cruzada entre o mesmo tratamento com morfina e injeções

intraaccumbens de anfetamina na dose de 2,5 µg/0,5 µl ou cocaína na dose de

7 µg/0,5 µl, em ratos.

Em relação ao etanol, há dados controversos no que concerne ao

fenômeno de sensibilização comportamental cruzada. Manley e Little (1997)

relataram que ratos que consumiram etanol na dieta por 3 semanas

apresentaram maior efeito estimulante e maior sensibilização locomotora

(29)

27

Netsby e colaboradores (1997) observaram que após 3 semanas de

tratamento, ratos pré-tratados com etanol apresentaram sensibilização

comportamental (e neuroquímica) a um desafio com morfina, mas não à

anfetamina. Outro estudo com camundongos mostrou que animais pré-tratados

com etanol apresentaram sensibilização cruzada à cocaína (Itzhak e Martin,

1999), embora Fish et al. (2002) não tenham observado sensibilização cruzada

entre etanol e morfina e anfetamina.

Apesar de existirem inúmeros estudos demonstrando o fenômeno de

sensibilização cruzada entre drogas para o modelo de sensibilização

comportamental clássica, não se sabe se esse fenômeno também ocorreria

para a sensibilização comportamental imediata.

1.4 Dependência química e genes de expressão imediata

A estimulação neuronal ativa mecanismos distintos para processar e

transmitir a informação. Essa ativação pode se dar por alterações da atividade

eletrofisiológica neuronal ou por alterações na cascata de segundos

mensageiros que evocam a produção de fatores de transcrição os quais

induzem ou inibem a transcrição de genes (Herdegen e Leah, 1998). Os genes

ativados por fatores de transcrição podem produzir proteínas como as que

constituem receptores, canais iônicos e as requeridas para síntese de

neurotransmissores. Entre os fatores de transcrição conhecidos, um dos mais

estudados é o c-fos, o qual é induzido rapidamente após a ativação sináptica,

atingindo o pico entre 90 e 120 minutos após a estimulação (Grzanna e Brown,

(30)

28

Mais especificamente, c-fos é um proto-oncogene pertencente à família

dos genes de expressão imediata, immediate early genes – IEG. Esses genes são fatores de transcrição, ativados rápida e transientemente na cascata inicial

da expressão gênica, responsável por iniciar o processo de mudanças

adaptativas induzidas por estímulos extracelulares e atividade sináptica

excitatória (Davis et al., 2003). A proteína c-Fos, produto do gene c-fos, é uma

proteína regulatória que, em conjunto com outros membros das famílias FOS e

JUN, formam um complexo heterodimérico AP1, que por sua vez, se liga ao

DNA para controlar a expressão gênica.

Na maioria das células, os níveis de expressão basal de c-fos são relativamente baixos. Todavia, o seu RNAm e os níveis protéicos aumentam

rapidamente após a aplicação de uma variedade de estímulos, como por

exemplo estresse (Del Bel et al, 1993; Titze-de-Almeida et al, 1994), epilepsia

(Herrera e Robertson, 1996), estímulos nociceptivos (Hunt et al, 1987; Harris et

al, 1996) e dependência química (Aston-Jones e Harris, 2004; Nestler, 2004).

Essa baixa de expressão basal seguida de um aumento de expressão de c-fos

contribuem para a sensibilidade da técnica, onde a presença da proteína c-Fos

pode ser usada como um marcador de ativação celular gerada por um

estímulo. No sistema nervoso central, esse aumento pode ser detectado

rapidamente (15-30 minutos para a ativação de RNAm e 30-60 minutos para a

ativação da proteína c-Fos) pela técnica de imuno-histoquímica (Grzanna e

Brown, 1993). O uso extensivo dessa técnica tem sido facilitado pela

disponibilidade de anticorpos que reconhecem e se ligam às regiões

específicas da proteína. A incubação do tecido em solução contendo o

(31)

29

células c-Fos positivas. Os resultados desse procedimento podem ser

facilmente observados e quantificados por microscopia. A extensão da área e

intensidade da expressão de c-Fos determinam as áreas cerebrais ativadas em

uma determinada situação experimental (Grzanna e Brown, 1993).

Dada a sua simplicidade, sensibilidade, resolução celular e utilidade com

respeito a diversos estímulos, a imuno-histoquímica para c-Fos tem sido

aplicada para mapear a ativação de células no sistema nervoso em resposta às

drogas, tais como opiáceos (Chang et al. 1988; Chang & Harlan 1990; Hayward

et al. 1990), cocaína (Graybiel et al. 1990; Young et al. 1991; Hope, 1998), e

anfetamina (Graybiel et al. 1990). A marcação imunocitoquímica de c-Fos pode

também ser feita em combinação com a marcação de outros antígenos ou

traçadores neurais, tornando possível a identificação das características dos

neurônios que expressam c-fos em resposta ao estímulo.

Outros fatores de transcrição relacionados com Fos são as proteínas

FosB, FRA1 e FRA2, que se acumulam com a estimulação repetida,

necessitando de um tempo maior para serem detectados (Nestler et al., 2001).

De importância para esta Tese, a sensibilização comportamental clássica

induzida pelo tratamento repetido com psicoestimulantes, é acompanhada por

um aumento da expressão de fatores de transcrição como c-fos e fosB no striatum, núcleo accumbens e córtex pré-frontal (Badiani et al., 1998; Self e Nestler, 1998; Crombag et al., 2002).

Até o momento, o fenômeno de sensibilização comportamental imediata

aos efeitos estimulantes locomotores de drogas de abuso foi demonstrado

apenas para a anfetamina e apenas por meio de técnicas comportamentais.

(32)

30

que tange a outros parâmetros comportamentais que não a atividade

locomotora.

De importância, o fenômeno foi demonstrado somente após uma dose

indutora alta de anfetamina (5mg/kg), a qual poderia, hipoteticamente, levar a

níveis residuais da droga, os quais poderiam potencializar os efeitos da injeção

desafio. A investigação desse fenômeno produzido por uma dose indutora

menor de anfetamina, bem como sob uma perspectiva comportamental mais

abrangente, acompanhada de evidencias neuroquimicas e moleculares se faz,

portanto, necessária. Também de relevância vem a ser a demonstração de

abrangência do fenômeno de sensibilização imediata para outras drogas de

abuso e do possível desenvolvimento de sensibilização mediata cruzada entre

(33)

31

2.

OBJETIVOS

2.1 Proposição Geral

Esta tese teve os seguintes objetivos gerais: 1-) Caracterizar

comportamental e neuroquimicamente o fenômeno de sensibilização imediata à

anfetamina; 2-) Verificar se o fenômeno de sensibilização imediata ao efeito

estimulante locomotor demonstrado para a anfetamina (Chinen et al., 2006)

também ocorre para outras drogas de abuso (cocaína, morfina e etanol) e 3-)

Verificar o possível desenvolvimento de sensibilização comportamental

imediata cruzada entre anfetamina e cocaína, morfina ou etanol.

2.2 Objetivos Específicos

2.2.1 Relacionados à caracterização experimental do fenômeno de sensibilização imediata induzido por diferentes drogas de abuso  Caracterizar comportamental e neuroquimicamente o fenômeno

de sensibilização imediata ao efeito estimulante locomotor induzido por

anfetamina

 Verificar o possível desenvolvimento de sensibilização imediata

ao efeito estimulante locomotor induzido pela cocaína.

 Verificar o possível desenvolvimento de sensibilização imediata

ao efeito estimulante locomotor induzido pela morfina.

 Verificar o possível desenvolvimento de sensibilização imediata

(34)

32

2.2.2 Relacionados ao fenômeno de sensibilização imediata cruzada entre diferentes drogas de abuso

 Verificar a possível sensibilização imediata do efeito estimulante

locomotor entre:

 Cocaína, induzida por uma injeção de anfetamina;

 Anfetamina, induzida por uma injeção de cocaína;

 Morfina, induzida por uma injeção de anfetamina;

 Anfetamina, induzida por uma injeção de morfina;

 Etanol, induzida por uma injeção de anfetamina;

(35)

33

3.

MATERIAL E MÉTODO

3.1 Sujeitos Experimentais

Foram utilizados camundongos EPM M1 machos, com idade variando

entre 2 a 3 meses. Os animais chegaram ao laboratório experimental pelo

menos 10 dias antes do início dos experimentos e foram mantidos sob

temperatura constante (22±1°C) e sob um ciclo claro/escuro de 12:12 horas,

sendo as luzes acesas às 7:00h. Água e comida foram fornecidas ad-libitum.

3.2. Drogas e Reagentes

 Ácido Cítrico (C6H8O7.H2O) - Merck

 Ácido Heptano 1-sulfônico (C7H15NaO3S) - Mallinckrodt Baker

 Ácido Perclórico - Merck

 Anfetamina - Sigma

 Anticorpo policlonal feito em coelho anti-c-Fos - Chemicon 1:2500

 Anticorpo anti-coelho feito em cabra - Chemicon 1:200

 Avidina-biotina - Vectastain

 Bicarbonato de Sódio (NaHCO3) - Synth Brasil

 Cloreto de Cálcio (CaCl2.2H2O) - Merck

 Cloreto de Magnésio (MgCl2.6H2O) - Merck

 Cloreto de Potássio (KCl) - Sigma

 Cloreto de Sódio

 Cocaína - Sigma

 D(+) Glicose Anidra (C6H12O6) - Merck

(36)

34

 Diaminobenzidina (DAB) - Sigma

 EDTA – Etilanodinitrilo (C10H14O8N2Na2.2H2O) - Mallinckrodt Baker

 Etanol - Merck

 Fosfato de Sódio Monobásico (NaH2PO4.H2O) - Merck

 Metabissulfito de Sódio (Na2O5S2) - Merck

 Metanol (CH3OH) - Mallinckrodt Chemicals USA

 Metirapona - Merck

 Morfina - Sigma

 Sacarose (C12H22O11) - Merck

 Sulfato de Magnésio (MgSO4) - Merck

As drogas de abuso (anfetamina, cocaína, etanol e morfina) foram

dissolvidas em solução salina. As soluções foram injetadas sempre por via

intraperitoneal em volume de 0,1 ml/10 g de peso corporal. As doses propostas

em todos os experimentos foram escolhidas com base em dados obtidos em

experimentos-piloto realizados em nossos laboratórios ou em dados

específicos da literatura.

As soluções estoques dos padrões de HPLC foram diluídas em HCL

0,1M com 0,02% de EDTA e 0,02% de metabisulfito de sódio. Todos reagentes

utilizados em HPLC foram diluídos em água ultra pura (MiliQ), filtrados em filtro

de porosidade de 0,022µm e de aerados com gás Hélio.

(37)

35

3.3.1 Atividade Geral em Campo Aberto

O campo aberto utilizado consiste em uma arena de polietileno branco

fosco com formato cilíndrico. O corpo do cilindro tem 40 cm de altura e sua

base é um cilindro de madeira do mesmo diâmetro e com 2 cm de altura.

Desse modo, o corpo do cilindro (paredes da arena), apresenta um encaixe

justo à base (chão da arena) podendo ser separado para a efetuação da

limpeza. O chão da arena é subdividido em 19 quadrantes aproximadamente

iguais demarcados por 3 circunferências concêntricas de raios diferentes (8, 14

e 20 cm), intersectadas por segmentos de retas radiais. Cada animal foi

observado individualmente no campo aberto por 5 minutos, durante os quais

foram quantificados, por meio de observação direta, os seguintes parâmetros

comportamentais: freqüência de locomoção, freqüência de levantar e duração

de imobilidade. Cada unidade de locomoção corresponde ao ato de o animal

penetrar com as 4 patas um dos quadrantes do campo aberto; cada unidade de

levantar corresponde à postura de o animal permanecer apoiado somente nas

patas posteriores, com o tronco perpendicular ao chão, tendo a cabeça dirigida

para cima e tocando ou não com as patas anteriores as paredes do campo

aberto; o comportamento de imobilidade foi considerado como período de

tempo (em segundos) durante os qual o animal não apresenta atividade

motora, permanecendo estático no que diz respeito à cabeça, tronco e

membros. Além desses parâmetros comportamentais, a freqüência de

defecação (número de bolos fecais) exibida pelos camundongos durante a

(38)

36

3.4 Testes Neuroquímicos

3.4.1 Quantificação de dopamina e seu metabólito DOPAC no estriado-accumbens de camundongos

3.4.1.1 Dissecação da estrutura

Os animais foram eutanásiados por decapitação, o encéfalo retirado

rapidamente e lavado com a Solução de Dissecação resfriada pela presença

de gelo e gelo seco com a seguinte composição (mmol/L): NaH2PO4.H2O

(1,25), MgSO4 (2,00), MgCl2.6H2O (2,00), CaCl2.2H2O (2,00), KCl (3,50),

Glicose (10,00), Sacarose (220,00) e NaHCO3 (21,00) sendo que o NaHCO3 e

a Sacarose foram acrescentados à solução apenas no momento do

experimento. O encéfalo foi então colocado em uma placa de Petri (forrada

com papel de filtro molhado pela mesma solução) rodeada por gelo e gelo seco

para a manutenção da temperatura. O cérebro foi dissecado abrindo os

hemisférios direito e esquerdo para localização e retirada dos

estriado-accumbens que foram separados do resto do tecido.

3.4.1.2 Processamento das amostras

Após a pesagem, as estruturas foram processadas em aparelho de

ultra-som e colocadas no congelador por 12 horas para que ocorresse a precipitação

das proteínas. Passadas às 12 horas foram centrifugadas em ultra centrífuga

(JOAN) por 45 minutos a 4ºC e 14000 rpm.

Para a quantificação das aminas as amostras foram filtradas em filtro de

seringa de 0,22m e armazenadas em freezer -80ºC até serem injetadas no

(39)

37

3.4.1.3 Separação e quantificação de dopamina e seu metabólito DOPAC

As amostras foram separadas e quantificadas por meio de um sistema

de cromatografia líquida de alta eficiência, (HPLC, Shimadzu), utilizando-se

uma coluna Chromolith RP-18e (Merck), sendo detectadas por um detector

eletroquímico (1049 A, Hewlett Packard). O sistema de HPLC foi controlado por

um computador acoplado ao sistema, por meio de um programa específico

(Software Class VP, versão 2.0) que realizou o registro e a análise dos dados.

A fase utilizada foi composta por (gramas/litro) Na2HPO4.H2O (13,4), EDTA

(0,372), ácido 1-heptanossulfônico (0,320), ácido cítrico (10,5), metanol (12%),

pH 3,5.

Concentrações conhecidas de dopamina e DOPAC foram tratadas da

mesma forma que as amostras e injetadas em diferentes concentrações no

HPLC. Para cada substância, foram calculadas as médias das áreas dos picos

de cada concentração utilizada, sendo construída uma curva da concentração

dos padrões em função da área obtida em cada concentração. A regressão

linear dessa curva serviu para calcular as concentrações de dopamina e

DOPAC nas amostras.

3.4.2. Avaliação da expressão de c-fos

3.4.2.1 Perfusão e fixação do encéfalo de camundongos

Os animais foram eutanasiados com tionembutal (50 mg/kg, i.p.) e seus

(40)

38

perfusão consistiu na abertura das cavidades abdominal e torácica dos animais

anestesiados que, com a freqüência de batimento cardíaco ainda acima de

100/minuto, foram perfundidos através do ventrículo esquerdo, com 100 mL de

solução salina (0,9% NaCl) passando em seguida em 200 mL de

paraformaldeido (4%) por aproximadamente 15 minutos. Os encéfalos então

foram removidos do interior do crânio, imersos em paraformaldeido por 1 hora

e a seguir em solução hipertônica de sacarose (30%) para crio-proteção. Fatias

consecutivas coronais do encéfalo (30 micras) foram obtidas em criostato e

armazenadas em temperatura de -20 ºC em solução anti-congelante (500 mL

PBS, 500mL H2O, 1,59g NaH2PO4, 5,47g Na2HPO4, 300g sacarose, 300 mL

etilenoglicol) até o processamento para imuno-histoquímica.

3.4.2.2 Imuno-histoquímica para c-Fos

Os cortes foram lavados com PBS para retirar a solução anti-congelante,

e incubados por 30 minutos em solução de bloqueio “blocking buffer” (BB) (90

mL de PBS 0,1M, 250L de Triton X-100, 450L de soro normal de cabra) em

temperatura ambiente. Após esse tempo, foram incubados “over night” com anticorpo policlonal feito em coelho anti-c-Fos (1:2000) diluído em BB. A seguir

os cortes foram incubados em anticorpo secundário anti-coelho feito em cabra

(1:200) por 1 hora, novamente lavados com PBS, processado com

avidina-biotina e o produto intensificado com diaminobenzidina (DAB). As lâminas

foram montadas e fechadas. Para a análise das lâminas, a extensão da área,

intensidade e quantificação das células marcadas, foram mensurados com a

(41)

39

mesencenfálico (VTA) continha 250µm², sendo que o atlas Paxinos e Franklin

(2001), serviu como referência para localização das áreas quantificadas.

3.5. Análise Estatística

Para a análise de cada parâmetro comportamental foi utilizada a análise

de variância (ANOVA) de uma ou duas vias, seguida do teste de Duncan, com

exceção dos experimentos envolvendo curva tempo-resposta, no qual se

utilizou o teste T para amostras independentes, teste T para amostras

pareadas, e MANOVA. A probabilidade de p<0,05 foi considerada suficiente para revelar diferenças estatisticamente significantes entre os vários grupos

(42)

40

4.

DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E RESULTADOS

4.1. Experimento 1. Curva tempo-resposta do efeito estimulante locomotor induzido pela dose de 2,5 mg/kg de anfetamina em camundongos.

Vinte camundongos foram habituados em campo aberto por 10 minutos

durante 3 dias, sendo sua atividade geral quantificada no 3º dia. Com base em

seu nível basal de atividade geral, os animais foram distribuídos em 2 grupos com

10 animais cada e atividade geral semelhante: ANF e SAL. No 4º dia, os animais

do grupo controle (SAL) receberam uma injeção intraperitoneal (ip) de solução

salina, enquanto os animais do grupo experimental (ANF) receberam uma injeção

ip de anfetamina na dose de 2,5 mg/kg. Imediatamente após as respectivas

injeções, os animais foram colocados no campo aberto e lá permaneceram por

240 minutos. Após 15 minutos da introdução no campo aberto, sua atividade geral

foi quantificada durante 5 minutos a cada 30 minutos, conforme descrito no item

3.3.1.

Resultados:

Com relação ao parâmetro locomoção (figura 1), a ANOVA de duas vias

revelou efeitos significativos do fator tempo (minutos de observação) [F(10,180) =

15,77; p<0,05] e do fator grupos (SAL X ANF) [F(1,18) = 24,85; p<0,05], bem

como interação entre os fatores tempo e grupos F(10,180) = 10,05; p<0,05].

O teste T para amostras pareadas mostrou que para o grupo SAL houve

(43)

41

analisados, com exceção do minuto 75, em relação ao minuto 15 [T (9) = 3,50;

4,03; 4,37; 4,43; 5,43; 5,11 e 5,52; p<0,05 para os minutos 45, 105, 135, 165, 195,

225 e 255 em relação ao minuto 15, respectivamente]. O grupo ANF apresentou

diminuição significativa na locomoção a partir do minuto 135 até o minuto 255, em

relação ao minuto 15 [T(9) = 2,75; 2,79; 3,11; 3,19; e 2,88; p<0,05 para os minutos

135, 165, 195, 225 e 255 respectivamente].

O teste T de Student revelou que a freqüência de locomoção apresentada

pelos animais do grupo ANF foi significativamente maior que aquela apresentada

pelo grupo SAL até 135 minutos após a administração da anfetamina [T(18) =2,4;

4,6; 5,0; 3,3 e 2,7; p<0,05 para os minutos 15, 45, 75, 105 e 135,

respectivamente]. Do minuto 165 ao minuto 255, a freqüência da atividade

locomotora apresentada pelos camundongos do grupo ANF não apresentou

diferenças significativas em relação àquela dos animas do grupo SAL.

No que se refere ao parâmetro freqüência de levantar (Figura 2), a

MANOVA revelou efeito significativo do fator tempo [F(10,180) = 6,90; p<0,05], do

fator grupos [F (1,18) =5,76; p<0,05] e interação tempo x grupos [F(10,180) = 5,41;

p<0,05]. O teste T para amostras pareadas mostrou que enquanto o grupo SAL

apresentou diminuição significativa da freqüência de levantar a partir do minuto 45

até o minuto 255 em relação ao minuto 15 [T(9) = 4,12; 3,85; 4,76; 5,06; 4,78;

4,82; 5,41 e 5,55; p<0,05 para os minutos 45, 75, 105, 135, 165, 195, 225 e 255

respectivamente], o grupo ANF apresentou aumento da freqüência de levantar nos

minutos 75 e 105 em relação ao minuto 15 [T(9) = 2,64; 3,28; p<0,05 para os

(44)

42

independentes revelou que os animais do grupo ANF apresentaram uma

diminuição significativa da freqüência desse comportamento em relação aos

animais do grupo SAL no primeiro período de tempo avaliado (minuto 15)

[T(18) = -2,9;p<0,05]. Do minuto 75 ao minuto 135, os animais do grupo ANF

apresentaram freqüência de levantar significativamente aumentada em relação ao

grupo SAL [T(18) =2,7; 3,1 e 2,9; p<0,05 para os minutos 75, 105 e 135,

respectivamente]. Do minuto 165 ao minuto 255, a freqüência de levantar do grupo

que recebeu anfetamina não apresentou diferenças significativas em relação

àquela do grupo que recebeu salina.

No parâmetro imobilidade (Figura 3), a ANOVA de duas vias detectou efeito

significativo do fator tempo [F(10,180) = 14,62; p<0,05], do fator grupos [F(1,18)

=7,68; p<0,05] e interação tempo x grupos [F(10,180) = 3,62; p<0,05]. O teste T

para amostras pareadas demonstrou que enquanto para o grupo SAL houve uma

aumento significativo da imobilidade em quase todos os minutos analisados em

relação ao minuto 15 [T(9) = 2,56, 3,44, 4,73, 4,16, 5,99; 6,82; 5,64 e 6,60; p<0,05

para os minutos 45, 75, 105, 135, 165, 195, 225 e 255 respectivamente], para o

grupo ANF houve um aumento significativo da duração da imobilidade do minuto

195 ao minuto 255 em relação ao minuto 15 [T(9) = 4,71, 4,20 e 3,60; p<0,05 para

os minutos 195, 225 e 255, respectivamente].

De acordo com o Teste T para amostras independentes, os animais do

grupo ANF apresentaram uma diminuição significativa na imobilidade em relação

aos camundongos do grupo SAL do minuto 75 ao minuto 135 [T(18) = 3,2; 3,3 e

(45)

43

Figura 1: Freqüência de locomoção de camundongos que receberam uma injeção

intraperitoneal de solução salina (SAL) ou de anfetamina na dose de 2,5 mg/kg (ANF). Imediatamente após as respectivas injeções, os animais foram colocados no campo aberto e sua atividade locomotora foi quantificada durante 5 minutos, a partir do 15o

minuto, a cada 30 minutos, por um período de 240 minutos. A figura representa as médias + erro padrão.

Teste T de Student para amostras independentes p<0,05 em relação ao grupo controle (SAL).

A ANOVA de duas vias revelou efeitos significativos do fator tempo, do fator grupos e interação tempo x grupos

Teste T para amostras pareadas (em relação ao minuto 15):

Grupo SAL – diminuição da locomoção no minuto 45 e do minuto 105 ao minuto 255.

Grupo ANF – diminuição da locomoção do minuto 135 ao minuto 255. Diferenças não representada nos gráficos

Locomoção

0 100 200 300 400

15 45 75 105 135 165 195 225 255

F

re

qu

ên

ci

a

ANF SAL

(46)

44

Figura 2: Freqüência de levantar de camundongos que receberam uma injeção

intraperitoneal de solução salina (SAL) ou de anfetamina na dose de 2,5 mg/kg (ANF). Imediatamente após as respectivas injeções, os animais foram colocados no campo aberto e o seu comportamento de levantar foi quantificado durante 5 minutos, a partir do 15o minuto, a cada 30 minutos, por um período de 240 minutos.

A figura representa as médias + erro padrão. Teste T de Student para amostras independentes p<0,05 em relação ao grupo controle (SAL).

A ANOVA de duas vias revelou efeitos significativos do fator tempo, do fator grupos e interação tempo x grupos

Teste T para amostras pareadas (em relação ao minuto 15): Grupo SAL – diminuição do levantar do minuto 45 ao minuto 255. Grupo ANF – aumento do levantar no minuto 75 e no minuto 105. Diferenças não representada nos gráficos

Levantar

0 10 20 30 40

15 45 75 105 135 165 195 225 255

F

re

q

u

ê

n

ci

a

ANF SAL

(47)

45

Figura 3: Duração da imobilidade de camundongos que receberam uma injeção

intraperitoneal de solução salina (SAL) ou de anfetamina na dose de 2,5 mg/kg (ANF). Imediatamente após as respectivas injeções, os animais foram colocados no campo aberto e a sua imobilidade foi quantificada durante 5 minutos, a partir do 15o minuto, a

cada 30 minutos, por um período de 240 minutos. A figura representa as médias + erro padrão. Teste T de Student para amostras independentes. p<0,05 em relação ao grupo controle (SAL).

A ANOVA de duas vias revelou efeitos significativos do fator tempo, do fator grupos e interação tempo x grupos.

Teste T para amostras pareadas (em relação ao minuto 15): Grupo SAL - aumento da imobilidade do minuto 45 ao minuto 255. Grupo ANF – aumento da imobilidade do minuto 195 ao minuto255. Diferenças não representada nos gráficos

Imobilidade

0 100 200 300 400

15 45 75 105 135 165 195 225 255

D

ura

çã

o

ANF SAL

(48)

46

4.2. Experimento 2. Conteúdo de dopamina e de DOPAC no estriado-accumbens após administração aguda de anfetamina.

Noventa e seis camundongos receberam injeção ip de salina (SAL) ou

anfetamina (ANF) na dose de 2,5 mg/kg. Após, 15, 30, 60, 120, 180 ou 240

minutos das injeções de ANF ou SAL, os animais foram submetidos à eutanásia

para a retirada dos dois estriado-accumbens de cada animal. Após processamento

do tecido, as amostras foram injetadas em HPLC acoplado a um detector

eletroquímico para a separação e análise do conteúdo de dopamina (DA) e seu

metabólito DOPAC. Foi utilizada uma amostra de 8 animais para cada tempo

indicado acima. Com base nessas quantificações foi calculado o TURNOVER da

dopamina através da relação DOPAC/DA.

Resultados:

Com relação ao conteúdo de DA (Figura 4), a ANOVA de duas vias não

revelou efeito do fator tempo, grupo, nem interação entre esses fatores.

No que se refere ao conteúdo de DOPAC (Figura 5), a ANOVA de duas vias

revelou efeitos significativos do fator tempo (minutos de observação) [F(5,84) =

3,67; p<0,05], do fator grupo [F(1,84) =6,7; p<0,057] e interação entre os fatores

tempo e grupo F(5,84) = 5,03; p<0,05].

O teste T para amostras mostrou que para o grupo SAL não houve

diferença significativa do conteúdo de DOPAC em todos os períodos analisados.

(49)

47

ao minuto 240, em relação ao minuto 15 [T(7) = 2,59; 3,84 e 4,09; p<0,05 para os

minutos 120, 180 1 240 respectivamente].

O teste T para amostras independentes revelou que o conteúdo de DOPAC

no estriado-accumbens apresentado pelos animais do grupo ANF foi

significativamente menor que aquele apresentado pelo grupo SAL até 60 minutos

após a administração da anfetamina [T(14) = 4,34; 4,06; 3,07; p<0,05 para os

minutos 15, 30 e 60, respectivamente]. Do minuto 120 ao minuto 240, os níveis de

DOPAC apresentados pelos camundongos do grupo ANF não apresentaram

diferenças significativas em relação àqueles dos animas do grupo SAL.

No que se refere à relação DOPAC/DA (Figura 6), a ANOVA de duas vias

revelou efeitos significativos do fator tempo (minutos de observação) [F(5,84) =

10,58; p<0,05], do fator grupo [F(1,84) = 8,66; p<0,05] e interação entre os fatores

tempo e grupos [F(5,84) = 14,23; p<0,05].

O teste T para amostras pareadas mostrou que para o grupo SAL não

houve diferença significativa na relação DOPAC/DA em todos os períodos

analisados. O grupo ANF apresentou diminuição na relação DOPAC/DA no minuto

30 [T(7) = 2,77; p<0,05] e a partir do minuto 120 ao minuto 240, houve um

aumento da relação DOPAC/DA em relação ao minuto 15 [T(7) = 4,38; 13,35 e

6,18; p<0,05 para os minutos 120, 180 e 240, respectivamente].

O teste T para amostras independentes revelou que a relação DOPAC/DA

apresentada pelos animais do grupo ANF foi significativamente menor que aquela

apresentada pelo grupo SAL até 60 minutos após a administração da anfetamina

(50)

48

Do minuto 120 ao minuto 240, a relação DOPAC/DA apresentada pelos

camundongos do grupo ANF não apresentou diferenças significativas em relação

(51)

49

Figura 4. Conteúdo de dopamina no estriado-accumbens de camundongos que

receberam uma injeção intraperitoneal de solução salina (SAL) ou de anfetamina na dose de 2,5 mg/kg (ANF) e, 15, 30, 60, 120, 180 ou 240 minutos antes da eutanásia

A figura representa as médias + erro padrão.

A análise de variância de duas vias não revelou diferenças significativas para os fatores grupo, tempo ou interação entre os fatores grupo e tempo.

DA

0 20 40 60 80 100

15 30 60 90 120 150 180 210 240

p

m

o

l/m

g

t

e

c

id

o

SAL ANF

(52)

50

Figura 5: Conteúdo de DOPAC no estriado-accumbens de camundongos que

receberam uma injeção intraperitoneal de solução salina (SAL) ou de anfetamina na dose de 2,5 mg/kg (ANF) e, 15, 30, 60, 120, 180 ou 240 antes da eutanásia.

A figura representa as médias + erro padrão. Teste T de Student para amostras independentes p<0,05 em relação ao grupo controle (SAL).

A ANOVA de duas vias revelou efeitos significativos do fator tempo e interação tempo x grupo

Teste T para amostras pareadas (em relação ao minuto 15): Grupo SAL – não apresentou diferenças significativas.

Grupo ANF – aumento de DOPAC do minuto 120 ao minuto 240. Diferenças não representadas nos gráficos

DOPAC

0 1 2 3 4 5

15 30 60 90 120 150 180 210 240

p

m

o

l/m

g

t

e

c

id

o

SAL ANF

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