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Trabalho infanto-juvenil: motivações, aspectos legais e repercussão social.

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Academic year: 2017

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Trabalho infant o-juvenil: mot ivações,

aspect os legais e repercussão social

Child and ad o le sc e nt lab o r: fac to rs,

le g al asp e c ts, and so c ial re p e rc ussio ns

1 Dep artam en to d e Ciên cias Socia is, Escola N a cion a l d e Sa ú d e Pú b lica , Fu n d a çã o Osw a ld o Cru z . Ru a Leop old o Bu lh ões 1480 9oa n d a r, Rio d e Ja n eiro, RJ 21041- 210, Bra sil. Ot á v io Cru z N et o 1 M a rcelo Ra sga M oreira 1

Abst ract Ch ild ren an d you t h are cu rren t ly on e of t h e p op u lat ion segm en t s m ost h eav ily jeop ar-d iz ear-d by t h e w orsen in g of social, econ om ic, an ar-d cu lt u ral p roblem s in Braz il. Fact ors su ch as lack of gov ern m en t su p p ort for a sou n d , u n iv ersa lly a ccessib le sch ool syst em , in com e con cen t ra t ion , low w a ges, u n em p loym en t , a n d fa m ily d ysfu n ct ion h a v e d irect im p a ct s on t h e life h ist ories of ch ild ren a n d a d olescen t s, forcin g t h em t o join t h e la b or m a rk et ea rly, w h ere t h eir righ t s a s “cit i-z en s w it h sp ecia l d ev elop m en t a l con d it ion s” a re rou t in ely ign ored . Th is a rt icle a im s t o p rov id e su p p ort for t h e era d ica t ion of ch ild la b or a n d t h e a d a p t a t ion of a d olescen t la b or t o t h e t erm s of t h e p ert in en t Bra z ilia n legisla t ion . To t h is en d , t h e a rt icle rev iew s t h e Fed era l Con st it u t ion , Con -solid a t ed La b or La w s, a n d St a t u t e for Ch ild ren a n d Ad olescen t s t o a n a lyz e sit u a t ion s in w h ich w ork a ct iv it ies m a y or m a y n ot b e a llow ed for ch ild ren a n d a d olescen t s, set t lin g p ossib le p oin t s of d isagreem en t bet w een t h e t h ree legal t ex t s an d an alyz in g t h eir social asp ect s.

Key words Ch ild La bor; Ch ild Ad voca cy; Ad olescen t Ad voca cy; Pu blic Policy

Resumo A p op u la çã o in fa n t o ju v en il con st it u i se h oje em u m d os segm en t os m a is p reju d ica -d os p elo acirram en t o -d os p roblem as sócio-econ ôm ico-cu lt u rais qu e o País en fren t a. O n ão oferecim en t o p or p a rt e d o p od er p ú b lico d e u m a red e d e en sin o d e q u a lid a d e e u n iv ersa l, a con cen -t ra çã o d e ren d a , os b a ix os sa lá rios, o d esem p rego e a d eses-t ru -t u ra çã o d a s fa m ília s sã o fa -t ores qu e v êm afet an d o d iret am en t e a t rajet ória d e v id a d e crian ças e ad olescen t es, abrigan d oos a in serirem se p recocem en t e n o m erca d o d e t ra b a lh o, n o q u a l seu s d ireit os com o "cid a d ã os em con -d ições esp eciais -d e -d esen v olv im en t o" são segu i-d am en t e v ilip en -d ia-d os. O p resen t e art igo objet iv a forn ecer su b síd ios p a ra a erra d ica çã o d o t ra b a lh o in fa n t il e p a ra a a d eq u a çã o d a a t iv id a d e la -boral ju v en il ao p recon iz ad o p ela legislação brasileira. Pa ra isso, p rocu ra lev an t ar n a Con st it u i-çã o Fed era l, n a Con solid a i-çã o d a s Leis Tra b a lh ist a s e n o Est a t u t o d a Cria n ça e d o Ad olescen t e a s sit u ações em qu e est as at iv id ad es são – ou n ão – p erm it id as, d irim in d o as p ossív eis d iv ergên cias ex ist en t es en t re est es in st ru m en t os ju ríd icos e an alisan d o

seu s asp ect os sociais.

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Sign atário d a “Con ven ção Sob re os Direitos d a Cria n ça e d o Ad o lescen te” (ONU/ 1989), q u e estab elece com o d ireito d a crian ça a p roteção con tra o trab alh o q u e am eace su a saú d e, ed u -ca çã o e d esen vo lvim en to, e p o ssu id o r, d esd e 1990, d e u m in stru m en to ju ríd ico – o ECA – Es-ta tu to d a Cria n ça e d o Ad olescen te – q u e p re-co n iza u m a “p o lítica d e a ten çã o in tegra l” a o s joven s en caran d oos com o “cid ad ãos em con -d ições esp eciais -d e -d esen volvim en to”, o Brasil a in d a n ã o co n segu iu im p lem en ta r/ d esen vo l-ver a çõ es co n tín u a s e co n creta s q u e co n tri-b u am p ara a errad icação d o tratri-b alh o in fan til e o cu m p rim en to d os d ireitos d os a d olescen tes qu e p ratiqu em ativid ad es lab orais.

A so cied a d e b ra sileira a ssiste h o je a u m ap aren te p arad oxo: en q u an to os n íveis d e em -p rego d im in u em m en salm en te – seja n as esta-tísticas oficiais d o IBGE ou n os d ad os d o DIEE-SE – o trab alh o in fan to-ju ven il cresce d e form a ain da m ais im p ression an te. Ap esar de su a m agn itude e im p ortâagn cia, agn ão se sabe ao certo o agn ú -m ero de joven s qu e trabalh a-m n o p aís. De acor-d o co m o IBGE, em 1990 h a via 7,5 m ilh õ es acor-d e crian ças e adolescen tes en tre 10 e 17 an os n esta situ ação; segu n d o o Un icef, em 1996 este con tin gen te tin h a se eleva d o cerca d e 24%, a tin -gin d o o im p ression a n te ín d ice d e 9,3 m ilh ões (Colu cci, 1997), o eq u iva len te à p op u la çã o d e Po rtu ga l; a PNAD – Pe sq u isa Na cio n a l p o r Am ostragem d e Dom icílios/ 1995 (qu e ap resen -ta, segu n d o o p róp rio IBGE, resu ltad os su b esti-m a d o s) a p o n ta q u e cerca d e 522.000 cria n ça s en tre 5 e 9 a n o s re a liza m a lgu m tip o d e a tivi-d a tivi-d e la b o ra l, sen tivi-d o q u e 49% tra b a lh a m en tre 15 e 39 h oras p or sem an a.

Este p reocu p an te crescim en to está d ireta-m en te liga d o à p erp etra çã o, p rin cip a lireta-m en te d u ra n te a s d éca d a s d e 80/ 90, d e p o lítica s p ú -b lica s d e cu n h o eco n o m icista , q u e su -b o rd i-n am a socied ad e civil ao m ercad o, o ii-n teresse p ú b lico ao p rivad o, relegan d o d ireitos b ásicos d o cid ad ão com o ed u cação, saú d e e h ab itação e p rio riza n d o o em p resa ria d o, o s b a n co s e o s ch am ad os “ín d ices econ ôm icos”.

In serid os d e form a p recoce n o “m ercad o d e tra b a lh o”, e ste s jove n s re a liza m u m a va ria d a gam a de atividades, torn an do-se “m ão-de-obra d esqu alificad a e b arata”, seja n o setor p rim ário d a econ om ia (corte d e can a, sisal, extração d e carvão, colh eitas...), n o secu n dário, (ap ren dizes n a in dú stria em geral), n o terciário (boys, babás,

gu a rd a s-m irin s, p a tru lh eirism o, em p rega d a s d om ésticas, con tín u os...), n a ch am ad a “econ o-m ia in foro-m al” (trab alh o d e ru a, cao-m elô, b alei-ro...) em ativid ad es d om ésticas (n as q u ais p re-d om in am as m en in as) e até m esm o em ram os ilegais com o tráfico d e d rogas e p rostitu ição.

É óbvio qu e o trab alh o d estas vítim as d o ca -p ital n ão é volu n tário e m u ito m en os -p razero-so. Na re a lid a d e su a a tivid a d e é m o n ó to n a , b ra ça l, rep etitiva , d esin teressa n a te e d esesti-m u lan te. No en tan to, o p ou co d in h eiro qu e ar-recad am (os seis gram as d e ch ocolate d e Geor-ge Or well) é d e vita l im p o rtâ n cia p a ra eles e su as fam ílias. Em m u itos casos este acréscim o, q u e é p recá rio, sign ifica a ú n ica fo n te d e ren -d a. Em con trap arti-d a, p assan -d o su a in fân cia e a d o lescên cia lo n ge d a esco la , d o s cu id a d o s m éd ico s e d o a cesso a seu s d ireito s, tra n sfo r-m ar-m -se er-m ad u ltos ser-m r-m aiores p ersp ectivas, cid a d ã o s virtu a is fa d a d o s a va ga r p ela s m a is d iversas ativid ad es su b altern as e/ ou viver n as ru as.

Se o tra b a lh o in fa n to -ju ven il é m o tiva d o p o r p ro b lem a s só cio -eco n ô m ico s, ta m b ém é verd a d e q u e su a m a n u ten çã o a in d a in teressa a o “m erca d o”, u m a vez q u e esta a tivid a d e en -vo lve ga sto s red u zid o s (a gra n d e m a io ria n ã o p ossu i ca rteira a ssin a d a , ga n h a n d o m en os d e u m sa lá rio m ín im o) e gera exp ressivos lu cros: “Forças p od erosas o m an têm , in clu sive m u itos em p regad ores, gru p os d e in teresses estab eleci-d o s e eco n o m ista s, q u e eleci-d efen eleci-d em q u e o m er-cad o d e trab alh o d eve ser livre a qu alqu er cu s-to” (Un icef, 1997).

Em a rtigo in titu la d o “Tra b a lh o d e Men o r Aju d a a Exp o rta çã o”, recen tem en te veicu la d o n os p rin cip ais jorn ais d o p aís, o assessor d e co-m ércio exterior d a p od erosa CNC – Con fed era-ção Nacion al d o Com ércio (cu jos p artícip es re-ceb em vu ltosos su b síd ios d o p od er p ú b lico fe-d eral e isen ção fe-d e im p ostos fe-d os govern os estad u a is) estad efen estad ia a restad orosa m en te o tra b a lh o in -fa n to-ju ven il, a firm a n d o q u e é con sid erá vel a co n trib u içã o d o tra b a lh o d e m en o res p a ra a econ om ia d a região n orte-n ord este, p articu lar-m en te q u an to à p rod u ção p ara o lar-m ercad o ex-tern o, o u a té m esm o n o in d u stria liza d o Sã o Pau lo, n ão só n a colh eita d e laran jas em Beb e-d ou ro, com o tam b ém n a p róp ria fab ricação e-d e calçad os.

Exp ostas d esta m an eira assép tica, tais afir-m ações p areceafir-m con ferir ao trab alh o in fan to-ju ven il o caráter im p ortan te d e u m a ativid ad e q u e retira o jovem d as ru as e d o ócio, con cen -tra n d o su a s a te n çõ e s e p o te n cia lid a d e s e m u m a ativid ad e n ob re q u e con trib u i, in clu sive, p ara o d esen volvim en to d o p aís.

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tra b a lh a m , n e m e m tra b a lh a d o re s q u e e stu -d am (San tos, 1997). O Fóru m Nacion al -d e Pre-ven ção e Errad icação d o Trab alh o In fan til (realizad o em 1994) exp licita a situ ação d estes jo -ven s n as regiões citad as p elo citad o artigo:

Regiã o d a Serrin h a /Ba h ia (ex t ra çã o d o Si-sa l): o Bra sil é o m a io r exp o rta d o r d o m u n d o, ten d o com o m aiores com p rad ores os EUA e os p aíses d a Eu rop a Ocid en tal; o sisal é o segu n d o p rod u to d e exp ortação agrícola d o Estad o, su -p erad o som en te -p elo cacau ; a red e -p ú b lica d e en sin o registra altos ín d ices d e evasão escolar n o p rim eiro segm en to d o en sin o fu n d am en tal; os joven s trab alh am cerca d e d ez h oras p or d ia sem q u a lq u er rem u n era çã o, in gressa n d o n o trab alh o p ara au m en tar a p rod u tivid ad e d o p ai q u e receb e cerca d e R$ 35,00 p or m ês; os h os-p itais registram u m gran d e n ú m ero d e m u tila-d o s q u e q u a n tila-d o p ertila-d em a s m ã o s to rn a m -se d esem p regad os.

Fra n ca /Sã o Pa u lo (in d ú st ria ca lça d ist a ): p esq u isa rea liza d a p elo DIEESE em 1994, en -volven d o 1.561 joven s en tre 7 e 14 an os revelou q u e 73% tra b a lh a m n a s “b a rra ca s d e p esp o n -to”, sen d o q u e ap en as 9% têm carteira assin a-d a, cerca a-d e 50% receb em m eio salário m ín im o p o r m ês e 12% n ã o sã o rem u n era d o s; a red e m u n icip al d e en sin o registra u m a gran d e d efa-sagem n a relação id ad e/ série.

Dian te d esta d u ra realid ad e o p resen te arti-go p reten d e forn ecer su b síd ios p ara a elab ora-ção/ im p lan tação d e d iretrizes p olíticas qu e vi-sem à errad icação d o trab alh o in fan til e à ad e-q u a çã o d a a tivid a d e la b o ra l d o s a d o lescen tes a o p reco n iza d o p ela legisla çã o b ra sileira . Su a p rin cip a l m o tiva çã o te m o rige m n o e n vo lvi-m e n to d o s a u to re s n a re a liza çã o d o “Estu d o So b re a s Co n d içõ e s d e Vid a e Ate n d im e n to a Crian ças e Ad olescen tes d os Mu n icíp ios d o Es-tad o d o Rio d e Jan eiro” (Cru z Neto, 1997), q u e lh es p erm itiu tra va r u m co n ta to d ireto co m o co tid ia n o d o segm en to in fa n to -ju ven il e co m as in stân cias d e p od er en volvid as em seu aten -d im en to.

Deve-se ressaltar qu e esta exp ectativa p olí-tica a b o rd a u m viés estrita m en te co n ju n tu ra l (e p o r co n seq ü ên cia im ed ia to, em ergen cia l e u rgen te), u m a vez qu e com p reen d e as n ecessi-d a ecessi-d es e ecessi-d em a n ecessi-d a s ecessi-d o s joven s e ecessi-d e su a s fa m í-lias, p rocu ran d o estab elecer relações trab alh is-ta s q u e p rivilegiem a fo rm a çã o ed u ca cio n a l d os ad olescen tes. Ap esar d e n ão serem en foca-d as, as m u foca-d an ças estru tu rais, q u e ap resen tam u m ca rá ter in trin seca m en te len to e gra d u a l exatam en te p or en volverem a su p eração d e u m sistem a sócioecon ôm ico for tem en te arraiga -d o n a con sciên cia -d a p op u lação e am p lam en te h o m o gên eo, m a s q u e gera , sem cessa r, u m a

crescen te exclu são social, d evem ser en carad as com a m esm a p riorid ad e.

Assim sen d o, faz-se n ecessário d estacar n a Con stitu ição Fed eral, n a Con solid ação d as Leis Trab alh istas e n o Estatu to d a Crian ça e d o Ad o-lescen te a s situ a çõ es em q u e esta s a tivid a d es são – ou n ão – p erm itid as, d irim in d o as p ossíveis d ivergên cias existen tes en tre estes in stru -m en to s ju ríd ico s e a n a lisa n d o seu s a sp ecto s sociais.

Em p rim eiro lu ga r, d eve-se ter cla ro q u e o art. 7o, in ciso XXXIII, d a Con stitu ição Fed eral e o ECA esta b elecem a “p ro ib içã o” d o tra b a lh o n otu rn o, p erigoso, in salu b re e p en oso aos m e-n ores d e 18 ae-n os, fazee-n d o com q u e a Coe-n soli-d ação soli-d as Leis Trab alh istas (CLT) esp ecifiqu e a n atu reza d estes:

Trab alh o Notu rn o: “Realizad o en tre 22:00h d e u m d ia e 5:00h d o d ia segu in te” (Art. 73);

Trab alh o Perigoso: “Aqu eles qu e p or su a n atu reza, con d ição, ou m étod os d e trab alh o, im p liq u em o co n ta to p erm a n en te co m in fla m á veis e exp lo sivo s em co n d içõ es d e risco a cen -tu ad o” (Art. 193);

Tra b a lh o In sa lu b re: “Aq u eles q u e p o r su a n a tu reza , co n d içã o o u m éto d o s d e tra b a lh o, exp on h am os em p regad os a agen tes n ocivos à saú d e, acim a d os lim ites d e tolerân cia d o agen -te e d o -tem p o d e exp osição a seu s efeitos” (Art. 189);

Tra b a lh o Pen oso: “Serviço q u e d em a n d e o em p rego d e fo rça m u scu la r su p erio r a 20 Kg p ara trab alh o con tín u o ou 25 Kg p ara trab alh o ocasion al” (Art.390).

De fin id a s a s a t ivid a d e s la b o ra is q u e sã o ved a d a s a o s joven s, d eve-se, en tã o, esta b ele-cer aqu elas qu e são p erm itid as e em qu e situ ação elas p odem ser desem p en h adas. Neste sen -tid o, verifica -se q u e a legisla çã o b ra sileira só p erm ite o trab alh o d e ad olescen tes a p artir d os 14 an os d e id ad e, ad m itin d o q u e ele seja exercid o sob três form as: em p rego, estágio e ap ren -d iza-d o.

O a d olescen t e em p rega d otem a ssegu ra d o tod os os d ireitos trab alh istas p revistos em lei, ta is co m o sa lá rio -m ín im o, ca rteira a ssin a d a , d escan so sem an al rem u n erad o, jorn ad a d e tra-b alh o d e 8 h oras d iárias e 44 sem an ais, 13o sa-lá rio, a viso p révio, FGTS, co n ta gem d e tem p o p ara ap osen tad oria, férias an u ais... . Além d is-so, a d u ra çã o d e su a a tivid a d e d e ve se m p re p erm itir u m a efetiva freq ü ên cia às au las, sen -d o o em p rega-d or ob riga-d o a con ce-d er o tem p o qu e for n ecessário à su a form ação escolar.

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ati-vid ad es lab orais p revistas em lei, d eve ser, em qu alqu er situ ação, o ob jetivo p rin cip al d as in s-titu ições e p rogram as voltad os p ara a in serção d o jovem n o m ercad o d e trab alh o.

O a d olescen t e est a giá rio, cu ja a tivid a d e é regu lam en tad a e d iscip lin ad a p ela Lei Fed eral no 6494 d e 07/ 12/ 77, d eve esta r, n ecessa ria -m en te, cu rsan d o o en sin o -m éd io d e for-m ação técn ica ou o en sin o su p erior. Deve-se ter b em claro qu e, n esta h ip ótese, a ativid ad e p rofissio-n al ap erofissio-n as com p lem erofissio-n ta, rofissio-n a p rática, a form a-ção teórica escolar, n ão estab elecen d o vín cu lo em p regatício e n em geran d o os d ireitos trab a-lh istas e p revid en ciários.

O estágio som en te p od erá ser realizad o em u n id ad es qu e ten h am con d ições d e p rop orcio-n a r exp eriêorcio-n cia p rá tica orcio-n a liorcio-n h a d e fo rm a çã o d o a d o lescen te, a tra vés d e a tivid a d es rela cio-n ad as com o cu rso d e form ação p rofissiocio-n ali-zan te e em con form id ad e com seu s cu rrícu los, e d a r-se-á m ed ia n te term o d e co m p ro m isso celeb ra d o en tre o estu d a n te e a em p resa con -ced en te, co m in ter ven iên cia o b riga tó ria d a in stitu içã o d e en sin o. Essa n ecessá ria rela çã o trian gu lar caracteriza o estágio (MT, 1997).

O ca p ítu lo V d o ECA (“Do d ireito à Pro fis-sion alização e à Proteção n o Trab alh o”) estab lece q u e “é p ro ib id o q u a lq u er tra b a lh o a m e-n o res d e 14 a e-n o s d e id a d e, sa lvo e-n a co e-n d içã o d e ap ren d iz”. É exatam en te n este p on to qu e al-gu m as d iferen ças são estab elecid as en tre o es-tatu to e a CLT. Tais d iferen ças d evem ser exp li-citad as e com p reen d id as, visan d o ao estab ele-cim en to d e u m con sen so qu e favoreça a p rote-ção e a in serrote-ção d o segm en to ju ven il n as rela-ções d e trab alh o.

Pa ra o ECA (a rtigo 62), a p ren d iza gem é a “form ação técn ico-op eracion al m in istrad a se-gu n d o a s d iretrizes e b a ses d a legisla çã o d a ed u ca çã o em vigo r” (a ten d en d o, in clu sive, à faixa etária d e 12 a 14 an os), qu e ob ed ecerá aos segu in tes p rin cíp ios: ga ra n tia d e a cesso e fre-q ü ên cia ob rigatória ao en sin o regu lar, ativid a-d e com p atível com o a-d esen volvim en to a-d o aa-d o-lescen te e h orário esp ecial p ara o exercício d as ativid ad es.

Pa ra a CLT, “a a p ren d iza gem se co n cretiza através d e u m con trato in d ivid u al d e trab alh o realizad o en tre u m em p regad or e u m trab alh a-d or m aior a-d e 14 e m en or a-d e 18 an os, p elo q u al o em p regad or, além d e se ob rigar a assalariá-lo e a ga ra n tir-lh e to d o s o s d ireito s d eco rren tes d a ativid ad e su b ord in ad a, tam b ém se ob riga a su b m e te r o a d o le sce n te e m p re ga d o à fo rm a -ção p rofission al m etód ica d o ofício ou ocu p a-çã o p a ra cu jo e xe rcício fo i a d m itid o, e m cu r-so s m in istra d o s p elo Sen a i, Sen a c e Sen a r o u em ativid ad es p rofission alizan tes con ven iad as

co m esses ó rgã o s, o u em cu rso p o r eles reco -n h ecid o” (MT, 1997).

Deve-se o b ser va r q u e d e a co rd o co m a “Cartilh a d o Trab alh ad or Ad olescen te”, elab o-ra d a p elo Min istério d o To-ra b a lh o / Delega cia Regio n a l d o Tra b a lh o n o Esta d o d o Rio d e Ja -n eiro (MT, 1997), a a p re-n d iza gem p revista -n o ECA “em term o s p rá tico s seq u er existe a in d a , p or falta d e regu lam en tação d o artigo 64 qu e a co n tem p la e a in stitu i (...) d essa fo r m a . En -q u an to o referid o artigo n ão for regu lam en tad o, n ã o se p o tad e a tad m itir a a p re n tad iza ge m p ro -fissio n a liza n te d o a d o le sce n te e n tre 12 e 14 an os”.

Assim sen d o, fica cla ro q u e a d o lescen te ap ren d iz é aqu ele qu e se p rofission aliza trab a-lh a n d o, d en tro d e u m p ro cesso ed u ca cio n a l p revisto em lei, em q u e lh e sã o m in istra d o s, p elo s ó rgã o s co m p eten tes (Sen a i, Sen a c e Se-n a r), cu rso s q u e têm p o r o b jetivo leva r-lh e o con h ecim en to teórico-p rático d e u m d eterm i-n ad o ofício, cu jo exercício exige u m a p ré-q u a-lificação.

O ad olescen te ap ren d iz tem os m esm os d i-reito s tra b a lh ista s e p revid en ciá rio s d e to d o s os d em a is em p rega d os, ou seja : rem u n era çã o m ín im a p revista em lei, férias, d écim o terceiro sa lá rio, FGTS, a viso p révio, a p o sen ta d o ria . Além d isso, d everá ter su a Carteira d e Trab alh o e Previd ên cia Social an otad a qu an to a seu con -trato d e trab alh o, n u m p razo m áxim o d e 48 h o-ra s. Ta m b ém seu d ireito d e a cesso à esco la é garan tid o. Por esse m otivo, seu h orário d e tra-b a lh o é esp ecia l, d e fo rm a a n ã o p reju d ica r seu s estu d os.

Ain d a com relação aos d ireitos trab alh istas, o a d o lescen te a p ren d iz d iferen cia -se d o a d o-lescen te em p rega d o a p en a s n o q u e ta n ge a o asp ecto salarial, p ois su a rem u n eração é fixad a p elo a rtigo 80 d a CLT, q u e esta b elece q u e ele receb erá “50% d o sa lá rio m ín im o n a p rim eira m etad e d o cu rso, e d ois terços d ele, n a segu n -d a m eta-d e”.

Torn a-se im p rescin d ível ressaltar qu e ativi-d aativi-d es com o office-boy, b ab á, m en sageiro, au xiliar d e escritório, en sacad or d e com p ras d e su -p erm erca d o, gu a rd a -m irim , -p a tru lh eirism o... vistas p elas p róp rias em p resas com o su b altern as altern ão p od em , em h ip ótese algu m a, ser coaltern -sid erad as com o ap ren d izagem .

Além d a s h ip óteses a cim a rela ta d a s o ECA (artigo 68, 1o) estab elece u m qu arto tip o d e ati-vid a d e la b o ra l p erm itid a a o s a d o lescen tes: Trabalh o Ed u cativo.

(5)

ec-to p rod u tivo. Deve, p ortan ec-to, in tegrar u m p ro-gra m a so cia l execu ta d o so b resp o n sa b ilid a d e d e en tid a d e govern a m en ta l o u n ã o govern a -m en ta l se-m fin s lu cra tivo s, q u e a ssegu ra rá a o p a rticip a n te a s con d ições n ecessá ria s a ca p a-citá-lo p ara o exercício d e ativid ad e regu lar re-m u n era d a . Alére-m d isso, ta is p rogra re-m a s d evere-m ob servar qu e o h orário d e trab alh o n ão p od erá p reju d icar, d e form a algu m a, o com p arecim en -to regu la r d o jovem à esco la , sen d o q u e se fo r execu ta d o em en tid a d e n ã o -govern a m en ta l, d eve p o ssu ir a jo rn a d a m á xim a d e q u a tro h o -ras d iárias; e em em p resa ou en tid ad e d e d irei-to p ú b lico d e cin co h oras d iárias.

De acord o com o artigo 68 d o ECA o p rogra-m a social qu e torogra-m e p or b ase o trab alh o ed u ca-tivo, d everá assegu rar ao ad olescen te q u e d ele p articip e con dições de cap acitação p ara o exer-cício d e ativid ad e regu lar rem u n erad a.

O trab alh o ed u cativo d eve ter com o ob jeti-vo p rin cip al aten d er a ad olescen tes d e am b os os sexos n a faixa etária d e 14 a 18 an os in com -p letos, com carên cias n as áreas ed u cativas, só-cio -eco n ô m ica s e fa m ilia r, o ferecen d o -lh es op ortu n id ad e e con d ições d e d esen volvim en to ed u cacion al e d e in iciação p rofission al.

Em term os d e con sid erações fin ais é válid o ressaltar q u e a lu ta p ela errad icação d o trab a-lh o in fan til e a ad eq u ação d a ativid ad e lab oral d o ad olescen te ao p recon izad o p ela CLT e ECA, a ssu m e, ta m b ém , u m n ítid o a sp ecto cu ltu ra l, u m a vez q u e o “sen so com u m” recorre, m eca-n icam eeca-n te, à id éia d e q u e “é m elh or trab alh ar d o qu e ficar vagab u n d an d o”.

Esta visã o / co n cep çã o sim p lista , red u cio -n ista e vela d a m e-n te p reco -n ceitu o sa (p o is se

d irige, via d e regra , a cria n ça s e a d o lescen tes o riu n d o s d a s cla sses p a u p er iza d a s) d eve ser com b atid a. A m elh or op ção p ara estes joven s é p od er op tar p or u m sistem a d e en sin o d e q u a-lid a d e, n o q u a l p o ssa d esen vo lver u m a co n s-ciên cia crítica, cap az d e d otá-lo d e u m “sab er” q u e p erm ita u ltrap assar as id eologias, con h e-cer e lu tar p or seu s d ireitos e su p erar seu s p ro-b lem as.

A legisla çã o em vigo r n o Bra sil d eixa b em cla ra a im p o ssib ilid a d e d o tra b a lh o in fa n til e d efin e qu e as ativid ad es lab orais d esen volvid as p or a d olescen tes d evem esta r su b ord in a d a s à su a form ação escolar. Ap esar d isso os govern os Fed eral, Estad u ais e Mu n icip ais, com as excções d e p raxe, p ou co ou n ad a fazem p ara su p e-rar tais d ificu ld ad es. Segu in d o p ela con tram ão, in sistem em m an ter u m a retórica e u m a p ráti-ca q u e só fa zem in ten sifiráti-ca r os p rob lem a s so-ciais, en sejan d o situ ações q u e cen trifu gam os joven s p ara o m ercad o, m an tém os p rivilégios d e setores d a econ om ia q u e p resu n çosam en te se u tiliza m d o tra b a lh o in fa n to -ju ven il e se om ite em ap resen tar à p op u lação, p elo m en os, u m sistem a d e ed u cação e saú d e d e qu alid ad e. Segu in d o este ru m os, os su b estim a d os 9,3 m ilh õ es d e cria n ça s e a d o lescen tes q u e h o je tra b a lh a m n o Bra sil serã o o s a d u lto s d esem -p rega d o s d e a m a n h ã . Sem a cesso a o estu d o, saú d e, m orad ia d ign a e salu b re e ou tros d irei-to s b á sico s, serã o o b riga d o s a en fren ta r u m m ercad o qu e já retirou d eles tu d o o qu e lh e in -teressa va co m in exp ressivo reto rn o e p ro cu ra a vid a m en te p or n ovos joven s q u e esteja m ex-p o st o s a su a â n sia lu cra t iva . O ex-p a ra d oxo se d esfaz.

Referências

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(Mim eo.)

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COLUCCI, V., 1997. A errad icação d o trab alh o in fan til e a p roteçã o a o tra b a lh o d o a d olescen te. Ca d er-n os d e Direito d a Criaer-n ça e d o Ad olesceer-n te.

Floria-n ó p o lis: Asso cia çã o Bra sileira d e Ma gistra d o s e Prom otores d e Ju stiça d a In fân cia e d a Ju ven tu d e. LOPES, M. A. R., 1996. Con stitu ição da Rep ú blica Fed

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