GASTROENTEROLOGIA
PEDIÁTRICA
INTRODUÇÃO
Adoençacelíaca(DC)éumadasprincipaiscausasdediarréia crônicaemcrianças.Aformatípicaéexpressaclinicamentepor síndromedemáabsorçãointestinal,comrepercussõessobreo estadonutricionaldospacientes.Oaspectoanatomopatológico de mucosa de intestino delgado caracteriza-se por atrofia vilositária, hiperplasia de criptas, aumento dos linfócitos intraepiteliaiseinfiltraçãodalâminaprópriadamucosapor
célulasinflamatórias(1).Suaetiologiaestárelacionadaafatores
ambientais(ingestãodeglúten),imunológicos(alteraçõesda
imunidadecelularehumoral)egenéticos(12,24,25).
Atualmente,ateoriamaisaceitaparaapatogênesedaDC baseia-senaassociaçãoentreaingestãodeglúteneapredisposição genética.HáindíciosdequeumaregiãoN-terminaldagliadina sejaresponsávelpordesencadearrespostaimunológicamediada porlinfócitosTque,porsuavez,seriaresponsávelpelosdanos àmucosaintestinal.Sabe-sequeosalelosDQA10501eDQB1
0201estãoenvolvidosnesteprocesso(8,24,29).
ADCépredominanteemindivíduoscaucasianos;osnão-caucasianosrepresentamumaminoriadoscasos.Quantoaosexo, sabe-sequearelaçãofeminino/masculinooscilaentre1,4e2(3,8).
Aprevalênciavariasegundoaregiãoestudada,mastambémde acordocomametodologiautilizadanosestudos.NaEuropa,oscila
entre1:150e1:300(1,8).Emestudosrecentesenvolvendodoadores
desangue,detectou-sefreqüênciade1:250nosEUA(1)enoBrasil,
freqüênciasde1:681(Brasília)(11)e1:273(RibeirãoPreto)(18).
ConformecritériosdiagnósticosestabelecidospelaSociedade EuropéiadeGastroenterologiaPediátricaeNutrição(ESPGAN),
em1970(19),aDCécaracterizadacomo:
a) sintomasesinaisdemáabsorçãointestinal;
b) mucosa jejunal de aspecto celíaco, com vilosidades achatadas,hiperplasiadecriptaseinfiltradoinflamatório linfoplasmocitáriodesubmucosa;
c) remissãoclínicaehistológicaquandosubmetidaadieta semglúten;
d) recurrência clínica e histológica após a reintrodução doglúten.
APRESENTAÇÃOCLÍNICADE
DOENÇACELÍACAEMCRIANÇAS
DURANTEDOISPERÍODOS,
EMSERVIÇOUNIVERSITÁRIO
ESPECIALIZADO
LíviaCarvalho
GALVÃO
1,JoséMárioMartins
BRANDÃO
3,
MariaInezMachado
FERNANDES
1eAntonioDorival
CAMPOS
2RESUMO-Racional-Estudosdemonstrammudançanaformadeapresentaçãoclínicadadoençacelíaca,comaumentodaocorrênciadeformas atípicastantoemcrianças,comoemadultos.Objetivo-Verificarestefatoemcriançasatendidasemserviçouniversitárioespecializado (HospitaldasClínicasdaFaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto,SP.).Métodos-Foramestudadospacientescelíacosemdoisperíodos: dejaneirode1978adezembrode1987(grupo1=G1)ejaneirode1988adezembrode1997(grupo2=G2).Foramanalisados:tempo dedoença,idadeaodiagnóstico,estadonutricionaleformasclínicas.Considerou-seformatípicaseopacientetinhapelomenosdoisdos seguintessinais/sintomas:diarréia,distensãoabdominal,perdadepeso,associadosounãoaoutros.Aanáliseestatísticafoirealizadapelos testesexatodeFisheredeWilcoxon.Resultados-Medianadeidadeaodiagnóstico:23meses(G1)e21(G2).Intervaloentreiníciode sintomasediagnóstico:13meses(G1)e11(G2).Estadonutricional(%)Gomez:G1:eutrofia=23,8;DI=47,61;DII=23,8eDIII=4,76. G2:eutrofia=20,68,DI=48,27,DII=27,58eDIII=3,44.Waterloo:G1:eutrofia=23,8,emaciação=14,28baixaestatura=28,57e crônico=33,33.G2:eutrofia=20,68,emaciação=13,79,baixaestatura=34,48ecrônico=31,03.Formasclínicas(%)-G1:típica57,14 eatípica42,85.G2:típica55,18eatípica44,82.Nenhumdadofoiestatisticamentediferentenosdoisgrupos.Conclusões-Noestudonão seencontroumudançanasformasdeapresentaçãoedemaiscaracterísticasclínicasdadoençacelíaca.Cogita-sequeessahipótesepoderia serdecorrentedecaracterísticaspopulacionais,dediferençasnaabordagemnosserviçosdesaúdeoudediferentesperíodosdeobservação, emcomparaçãocomosdemaisestudos.
DESCRITORES-Doençacelíaca.Diarréia.Desnutriçãoprotéico-energética.
HospitaldasClínicasdaFaculdadedeMedicinadeRibeirãoPretodaUniversidadedeSãoPaulo–FMRP-USP,RibeirãoPreto,SP.
1DepartamentodePuericulturaePediatria;2DepartamentodeMedicinaSocialFMRP-USP;3BolsadeIniciaçãoCientíficadoprogramaPIBICdaFMRP-CNPq.
Essescritériosforamrevistosem1990,quandoseestabeleceuque aprovocaçãoeaterceirabiopsiaseriamdispensadasnoscasosemque osdemaiscritériosfossempositivoseacriançafossediagnosticada emidadeacimade2anos.
Adetecçãodeanticorposcomoauxiliardiagnósticoveioreforçar
taismodificações(10).Oanticorpoanti-reticulinanosorodospacientes
foioprimeiroaserdescritoeédeterminadoporimunofluorescência. Aseguir,foiintroduzidooanticorpoanti-gliadinaque,emboratambém nãoapresenteespecificidadeideal,temasvantagens,comrelaçãoao anterior,deserrealizadoportécnicadeELISAepoderdetectarIgG,o queéútilempacientescomdéficitdeIgA.Atualmente,adeterminação deanticorposanti-transglutaminase(técnicadeELISA)eoanticorpo anti-endomísio (imunofluorescência) são os mais utilizados, pois apresentam alta sensibilidade e especificidade.Além de auxiliar no diagnósticodadoençanoscasossuspeitos,essesanticorpossãomuito úteisnadetecçãodecasosatípicose/ouassintomáticos,bemcomoem estudospopulacionais.Sabendo-sequesetornamnegativoscomadieta semglúten,tambémsãodegrandevalianoacompanhamentoclínicodos
pacientesemtratamento(14,22).Noentanto,aindanãohádadossuficientes
paraqueessesexamessubstituamabiopsiaintestinal.
NaformatípicaouclássicadaDC,ossintomasmaiscomunssão diarréiacrônica,perdadepeso,distensãoabdominal,apatia,anorexia e palidez.A forma atípica pode apresentar-se de várias formas, comobaixaestatura,anemiaresistenteatratamento,dorabdominal, osteoporose. Na forma silenciosa a doença existe, há alterações de anticorpos e de histologia de mucosa intestinal, sem manifestações clínicas.Naformalatenteadoençasósemanifestaporalteraçõesde anticorpos(4,17,19,20,28).
Estudosrecentestêmdemonstradomodificaçõesnaapresentaçãoclinica dasdistintasformasdeDCemcriançaseadultos,comaumentodasformas atípicas(23,28).Apenasumestudobrasileiroabordatalassunto(22).
Oobjetivodesteestudofoiverificarsehouvemudançanosaspectos clínicosdeapresentaçãodecriançasportadorasdeDC,nodecorrerde20 anosdeestudo,noServiçodeGastroenterologiaPediátricadoHospital dasClínicasdaFaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto.
CASUÍTICAEMÉTODOS
Osdadosforamobtidosdosprontuáriosmédicosdepacientescelíacos atendidosnoServiçodeGastroenterologiaPediátricadoDepartamento dePuericulturaePediatriadoHospitaldasClínicasdaFaculdadede MedicinadeRibeirãoPretodaUniversidadedeSãoPaulo,Ribeirão Preto,SP.OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa dessainstituição,processoHCRPnº7073/2001.
Estudaram-se todos os pacientes celíacos atendidos nesse serviçonoperíododejaneirode1978adezembrode1997,sendo definidoscomocelíacososqueapresentassempelomenosquatro dosseguintescritérios:
1. quadroclínicocompatívelcomDC
2. primeirabiopsiaintestinalcompatívelcomDC 3. respostaclínicaàretiradadoglútendadieta 4. segundabiopsianormalapósdieta
5. recaídahistológicaapósprovocaçãocomglúten.
Apósinclusãonoestudo,ospacientesforamdivididosemdois grupos,segundooperíododoprimeiroatendimento:grupo1:pacientes atendidos entre janeiro de 1978 e dezembro de 1987, e grupo 2: atendimentoentrejaneirode1988edezembrode1997.
Compararam-seosseguintesaspectos:
Quadroclínico–ospacientesforamalocadosemdoissubgrupos:
formatípicaeformaatípica.Foramconsideradosportadoresdeforma típica aqueles que referiram pelo menos dois dos seguintes sinais/ sintomas:diarréia,perdadepesoedistensãoabdominal,associados
ounãoaoutros(3,6,27).Osdemaisforamalocadosnaformaatípica.Foi
registradatambémaidadedospacientesporocasiãododiagnóstico.
Estadonutricional– foi avaliado no momento do diagnóstico.
Utilizou-seoscritériosdeGOMEZ(13)eWATERLOO(30),tendocomo
referência a curva de crescimento do National Center for Health Statistics(NCHS)(13,21,29).
Tempodedoença–consideradootempodecorridoentreoinício dossintomaseodiagnósticodadoençacelíaca.
Foramanalisadososdadosde72pacientes,dosquais22foram excluídos do estudo por não preencherem os critérios de inclusão estabelecidos.Os50pacientesrestantesforamdivididosemgrupos1 e2,conformeoscritériosjádefinidos.Ogrupo1foicompostopor21 eogrupo2por29pacientes.
Nogrupo1observaram-se10pacientesdosexofeminino(47,62%) e11domasculino(52,38%).Nogrupo2,16eramdosexofeminino (55,16%)e13domasculino(44,89%).
Análiseestatística–foramutilizadosostestesdeWilcoxonpara amostras independentes e o de Fisher para os parâmetros de forma clínicaeestadonutricional(9,15).
RESULTADOS
Osdadosdeidadeetempodediagnósticodospacientes(medianas evaloresmínimoemáximo)encontram-senaTabela1.Nãohouve diferençaestatisticamentesignificativaentreosdoisgrupostantoem relaçãoàidadedopacienteaodiagnóstico(P=0,41),quantoaointervalo entreiníciodossintomaseodiagnóstico(P=0,14).
Aavaliaçãodoestadonutricionaldospacientesfoirealizadasegundo
oscritériosdeGOMEZ(13)edeWATERLOO(30).Conformeseobserva
nasFiguras1,2,3,nãoforamencontradasdiferençasestatisticamente significativasentreosdoisgrupos,emnenhumdosparâmetrosdecada critériodeavaliação.
Deacordocomcritériosclínicosjáestabelecidosnametodologia,
foi estudada a freqüência das formas clínicastípica eatípica da
doençacelíacanosdoisgrupos,nãohavendodiferençaestatisticamente significativa,utilizando-seotesteexatodeFisher(P=0,56).
DISCUSSÃO
ExistempoucosdadosrelativosaosaspectosclínicosdaDCno Brasil.Alémdisto,amaioriadestessereferemacasosestudadosna décadade70ouiníciode80,quandoasformasatípicasdaDCeram
TABELA1-Idadedospacientesaodiagnósticoeintervaloentreoiníciodos sintomasediagnóstico(medianaevaloresmínimoemáximo)
Idade(meses)* Intervalo(meses)**
Grupo1 34,9(14e117 24,9(1a106)
Grupo2 32,5(11e140) 18,3(2a110)
comaqueladedoisestudosbrasileiros(3,25),observa-sequenoserviço
em estudo a proporção de formas atípicas da doença em ambos os temposdeobservação(42.9%e44.8%),foibastantesuperioràquelas dos outros dois estudos (22% e 16.8%, respectivamente). Este fato provavelmentesedeveaosdiferentescritériosutilizados.SDEPANIAN
etal.(25)estabelecemcomocritériodedefiniçãodasformasapenasa
presençaouausênciadediarréia,enquantoBARBIERIetal.(3),não
explicitamestescritérios.
Decidiu-se,ainda,estudaralgumascaracterísticasquepoderiam estarrelacionadasàsformasclínicas,comoidadedeaparecimento de sintomas em decorrência do retardo do diagnóstico, como o intervalo entre diagnóstico e início dos sintomas e o estado nutricionaldascrianças.
Em relação à idade dos pacientes ao diagnóstico, as medianas encontradasparaosgrupos1e2(23e21meses,respectivamente) nãosãodiferentesdamaioriadosestudosnacionais.NoIInquérito
Nacional Brasileiro sobre Doença Celíaca(3), cerca de 50% dos
pacientesforamdiagnosticadosnosegundoanodevida.PENNAet
al.(22)eSDEPANIANetal.(25)diagnosticaramamaiorpercentagemdos
seuscasosnosdoisprimeirosanos.KODAeBARBIERI(16),em1983,
encontrammedianade12mesesaodiagnóstico,maisprecocequeado presentetrabalho,masnãoforamdefinidososcritériosdiagnósticos. Comosesabe,emnossomeioasenteropatiasdeoutrasetiologiaspodem seapresentardeformasemelhanteàDC,nãosepodetercertezase
nestescasosaDCfoiexcluídaposteriormente.GALVÃOetal.(10),em
1992,diagnosticaramcasosmaistardiamente(apenas20%nosdois primeirosanosdeidade).
Asmedianasdointervaloentreiníciodossintomasediagnóstico foramde13e11mesesparaosgrupos1e2,respectivamente.No
I Inquérito Nacional ...(3), 78% dos casos foram diagnosticados em
intervalos de 1 a 24 meses, ficando a maioria (58%), entre 1 e 12 meses. Nos demais estudos nacionais, não se dispõem de dados.A ausênciadediferençasnosdoisperíodos,nesteestudo,sugerequeo encaminhamento dos pacientes ao serviço especializado não sofreu modificaçõesimportantesnestetempo.
Comrelaçãoaoestadonutricionaldospacientes,encontrou-se menos comprometimento com relação aos demais estudos, nos quais aproximadamente metade das crianças se encontrava em
desnutrição de II grau, segundo critério de GOMEZ(13).A maior
precocidadedediagnósticojustificariaesteachado,masistonão ocorreu.Assim, talvez as características gerais da população em questão,commenorincidênciadeagravosnutricionaisprimários, poderiaseraresponsávelporestasdiferenças.Estahipóteseé,no entanto, especulativa, pois não se tem estudos comprovando ou
nãoestefato.NoestudodeSDEPANIANetal.(25),cujapopulação
seassemelhariamaisàaquiestudada,estedadonãofoiavaliado. Novamenteesteparâmetronãofoidiferentenosdoisperíodos,o quepoderiareforçarahipótesedecondiçõesdeassistênciaàsaúde semelhantesemtodootempodeestudo.
Nopresentetrabalho,aformaclínicapredominantefoiaforma
típica,semdiferençasestatisticamentesignificantesnosdoisperíodos deobservação.Ésabidoquehárelaçãoentreaidadedoaparecimentoe
formasclínicasdadoença.Nasformastípicas,ossintomasgeralmente
surgemantesdos2anosdeidade,aocontráriodasformasatípicas,
mais comuns em crianças maiores e adultos(2, 5, 7, 26).A ausência de
diferençasnaidadedeiníciodossintomasvemcorroborarasemelhança dasformasnosperíodosdeestudo.
60
50
40
30
20
10
0
Grupo1 Grupo2
Eutrofia(p=0,53) DesnutriçãoGrauI(P=0,63) DesnutriçãoGrauII(P=0,73) DesnutriçãoGrauIII(P=0,67) 23,8
47,61
23,8
48,27
27,58
4,76 3,44 20,68
FIGURA 1 –Avaliação do estado nutricional dos pacientes, segundo critériodeGomez
FIGURA 2 –Avaliação do estado nutricional dos pacientes, segundo critériodeWaterloo
40 35 30 25 20 15 10 5 0
Grupo1 Grupo2
Eutrofia(P=0,53) Wasting(P=0,63) Stunting(P=0,73) Crônico(P=0,67) 23,8
14,28 28,57
33,33
20,68
13,79 34,48
31,03
FIGURA3–FormasdeapresentaçãoclínicadaDCnosGrupos1e2
70 60 50 40 30 20 10 0
Frequência
FormaTípica FormaAtípica
P=0,56
44,82 42,86 55,18
57,17
Grupo1 Grupo2
poucoconhecidas.Oscritériosdiagnósticosvariarambastantenestes
estudos,desdeosnãoexplicitadosnoestudo(16,22)atéopreenchimento
doscritériosiniciaisdaESPGAN(10),oquepoderiatornarascomparações
menosfidedignas.
Oscritériosutilizadosparadefinirformasclínicasdadoençanãoestão
bemestabelecidosnaliteratura.Amaioriadosautoresconsideraforma
típicaouclássicadadoençaaquelaqueapresentasinaisousintomasde máabsorçãointestinal,taiscomodiarréia,distensãoabdominal,perda
depesoedesnutriçãoprotéico-energética(5,27,29).Nopresenteestudo
GalvãoLC,BrandãoJMM,FernandesMIM,CamposAD.ClinicalpresentationofchildrenwithceliacdiseaseattendedataBrazilianspecializeduniversity service,overtwoperiodsoftime.ArqGastroenterol2004;41(4):234-8.
ABSTRACT–Background-Severalstudieshavedemonstratedchangesintheformsofclinicalpresentationofceliacdiseaseinchildrenandadults,withan increasedoccurrenceofatypicalforms.Aim-TodeterminethisfactinClinicalHospital,RibeirãoPreto,SP,Brazil.Methods-Celiacpatientswerestudied overtwodifferentperiodsoftime,fromJanuary1978toDecember1987(group1=G1)andfromJanuary1988toDecember1997(group2=G2).Timeof disease,ageatdiagnosisandnutritionalstatusandclinicalformswereinvestigated.Thetypicalformwasconsideredtobepresentifthepatienthadatleast twoofthefollowingsigns/symptoms:diarrhea,abdominaldistention,andweightloss,associatedornotwithothers.Results-Clinicalforms(%)-G1:typical 57.14andatypical42.85.G2:typical55.18andatypical44.82.Medianageatdiagnosis:23months(G1)and21months(G2).Intervalbetweentheonsetof symptomsandthediagnosis:13months(G1)and11months(G2).GomeznutritionalstatusG1:Eutrophy=23.8,DI=47.61,DII=23.8andDIII=4.76. G2:Eutrophy=20.68,DI=48.27,DII=27.58andDIII=3.44.WaterlooG1:Eutrophy=23.8,Wasting=14.28,Stunting=28.57andChronic=33.33.G2: Eutrophy=20.68,Wasting=13.79,Stunting=34.48andChronic=31.03.Nostatisticallysignificantdifferencesoccurredbetweenthegroupsforanyof theseparameters.Conclusions-Nochangeintheformsofpresentationorremainingclinicalcharacteristicsofceliacdiseaseoccurredinourservice.This maybeduetothepopulationcharacteristicsortodifferencesamonghealthservices,ortodifferentperiodsofobservation.
HEADINGS-Celiacdisease.Diarrhea.Protein-energymalnutrition.
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
1. AmericanGastroenterologicalAssociationMedicalPositionStatement.Celiacsprue. Gastroenterology2001;120:1522-5.
2. BarbatoM,MigliettaMR,ViolaF,IulianellaVR,FredianiT,LucarelliS,TozziAE,Cardi E.Impactofmodificationofdiagnostictechniquesandcriteriaonthepresentationofceliac diseaseinthelast16years.ObservationinRome.MinervaPediatr1996;48:359-63. 3. BarbieriD,KodaYKL,RodriguesM,RomaldiniC.IInquéritoNacionalBrasileiro
sobreDoençaCelíaca.SPGNPBoletimInformativo1993;I(2):6-8.
4. BarbieriD.Doençacelíaca.In:BarbieriD,KodaYKL.Doençasgastroenterológicas empediatria.SãoPaulo:Atheneu;1996.p.176-88.
5. BottaroG,FaillaP,RotoloN,SantifilippoG,AzzaroF,SpinaM,PataneR.Changes incoeliacdiseasebehaviorovertheyears.ActaPaediatr1993;82:566-8.
6. Bottaro G, Cataldo F, Rotolo N, Spina M, Corazza GR. The clinical pattern of subclinical/silent celiac disease: an analysis on 1026 consecutive cases. Am J Gastroenterol1999;94:691-6.
7. CeccarelliM,CaiuloVA,CortigianiL,PucciC,LupettiL,UghiC.Gliaspetticlinici dellamalattiaceliaca.Confrontotradueperiodi:primaedopol’introduzionedeldosaggio deglianticorpiantigliadinanellapraticaclinica.MinervaPediatr1990;42:263-6. 8. Ciclitira PJ. American GastroenterologicalAssociation review on celiac sprue.
Gastroenterology2001;120:1526-40.
9. FleissJL.Statisticalmethodsforratesandproportions.2ndedition.NewYork:John
Wiley;1981.
10. GalvãoLC,GomesRC,RamosAMO.Doençacelíaca:relatode20casosnoRio GrandedoNorte.ArqGastroenterol1992;29:28-33.
11. GandolfiL,PratesiR,CordobaJCM,TauilPL,GasparinM,CatarsiC.Prevalenceof celiacdiseaseamongblooddonorsinBrazil.AmJGastroenterol2000;95:689-92.
Três aspectos podem estar ligados às modificações nestas formas:característicasdoserviço(condiçõesdediagnosticarformas atípicas),oencaminhamentodepacientesaserviçoespecializadoe ascaracterísticaspopulacionais.
Investigaçõesinternacionaistêmdemonstradomudançasnopadrão deapresentaçãodaDC,compredomíniodasformasatípicasnosúltimos anos(2,6,7,10).Há,noentanto,controvérsianestesentido.BOTTAROet
al.(5),emestudofeitonaSicília,comparandodoisperíodosde1984a
1989e1987a1989,nãodemonstraramdiferençassignificativas.Esses
mesmosautores,emestudomulticêntriconaItália(6),obtiveramesta
diferençanacomparaçãoanualdoperíodode1990a1994.Diferenças nascaracterísticasdosserviçospodemexplicarasdiferençasobservadas entreamaioriadessesestudoseopresentetrabalho,poisemlocais ondeosproblemasbásicosdesaúdesão,nasuamaioria,solucionados, as doenças menos comuns são mais conhecidas e detectadas mais eficazmente.Alguns desses estudos relacionam essas mudanças ao surgimentodosanticorposnainvestigaçãoclínicadadoença,facilitando
o diagnóstico das formas atípicas(7). Nos pacientes do Serviço de
GastroenterologiaPediátricadoHospitaldasClínicasdaFaculdadede MedicinadeRibeirãoPreto,osanticorpospassaramaserutilizadosapós operíododeobservaçãodesteestudo,nãotendosido,portanto,fator deinfluêncianosresultadosdestasérie.Asdiferençaspopulacionais tambémpoderiamexplicarofato,masosestudospopulacionaisno Brasil,emboraescassos,demonstramfreqüênciadeDCnapopulação
semelhanteaospaíseseuropeus(11,18).
Apenas um estudo, recente, aborda a evolução das formas
clínicas no Brasil(25). Observando pacientes daAssociação de
Celíacos,SDEPANIANetal.(25),em2001,encontraramdiferenças
significativasnadistribuiçãodasformasemperíodosde5anosou mais,anterioresaoestudo.Comparando-setalestudocomeste,não pareceprovávelqueasdiferençasdeserviçooudepopulaçãopossam serresponsáveisporestasdiferenças,vistotratar-sedepopulações, nasuagrandemaioria,domesmoEstado,acompanhadasemserviço universitário.Alémdisto,asimilaridadedosdadosdetempoentre sintomasediagnósticoeestadonutricionalnosdoisestudosvem reforçar a hipótese de que não parece terem ocorrido diferenças relativasaosaspectosacimacitadosentreosdoisserviçosdesaúde. Osresultadosdistintospoderiamserdevidoàsdiferençasnosperíodos
deobservação,maisrecentesnoestudodeSDEPANIANetal.(25),
quandoosanticorpospassaramasermaisamplamenteutilizados noBrasil.Nopresenteestudo,optou-seporanalisarperíodosmais longínquos porque haveria mais tempo de realizar a biopsia de controledessespacientes,critériodeinclusãodosmesmos.Apesar desetercomocondutapreconizadarealizarabiopsia2anosapósa exclusãodeglútendaalimentação,muitasvezesnãoaderiràdieta éfatordeprolongamentodessetempo.
Háquesedestacarotamanhodapopulaçãoemestudoesuainfluência
nosresultadosobtidos.Foiobservadoqueonúmerodeformasatípicas
foimaiornoúltimoperíodoetalvez,seaamostrafossemaior,esta diferençafossesignificativa.
12. GodkinA, Jewell D. The pathogenesis of celiac disease. Gastroenterology 1998;115:206-10.
13. GomezF.Desnutrition.BolMedHospInfantMex1946;3:543.
14. HanssonT, Dalbom I, Rogberg S, DannaeusA, Hopfl P, Gut H, Klarescog L. Recombinanthumantissuetransglutaminasefordiagnosisandfollow-upofchildhood coeliacdisease.PaediatRes2002;51:700-5.
15. HollanderM,WolfeDA.Nonparametricstatisticalmethods.NewYork:John Wiley;1973.
16. KodaYK,BarbieriD.Doençacelíaca.Estudoclínicoem27crianças:problemasno retardodiagnóstico.Pediatria(SãoPaulo)1983;5:38-41.
17. MakiM,KallonenK,LahdeahoML,VisakorpiJK.Changingpatternofchildhood coeliacadiseaseinFinland.ActaPaediatrScand1988;77:408-12.
18. MeloSBC.PrevalênciadedoençacelíacaemdoadoresdesangueemRibeirãoPreto [dissertação].RibeirãoPreto:FaculdadedeMedicinadeRibeirãoPretodaUniversidade deSãoPaulo;2003.
19. Meuwisse GW. Diagnostic criteria in coeliac disease. Acta Paediatr Scand 1970;59:461-3.
20. MurrayJA.Thewideningspectrumofceliacdisease.AmJClinNutr1999;60:354-65. 21. NationalCenterforHealthStatistics(NCHS).Growthcurvesforchildren.Washington,
DC:USDepartmentofHealthEducationWelfarePublic-HealthService;1977.(DHEW publicationNº(PHS)78)p.1650.
22. PennaFJ,CarvalhoAST,RoqueteMLV,MotaJAC,DuarteMA,TorresMR,Peret-FilhoLA,Figueiredo-FilhoPP,StarlingAL.Doençacelíaca.Aspectosatuaisenossa experiência.JPediatr(RiodeJ)1984;57:325-9.
23. SandersDS,PatelD,StephensonTJ,WardAM,McCloskeyEV,HadjivassiliouM, LoboAJ.Aprimarycarecross-sectionalstudyofundiagnosedadultcoeliacdisease. EurJGastroenterolHepatol2003;15:407-13.
24. Schuppan D. Current concepts of celiac disease pathogenesis. Gastroenterology 2000;119:234-42.
25. SdepanianVL,Fagundes-NetoU,MoraisMB.Doençacelíaca:característicasclínicas e métodos utilizados no diagnóstico de pacientes cadastrados naAssociação dos CelíacosdoBrasil.JPediatr(RiodeJ)2001;77:131-8.
26. Silva EMBT, Fernandes MIM, Galvão LC, Sawamura R, Donadi EA. Human leukocyteantigenclassIIallelesinwhiteBrazilianpatientswithceliacdisease.J PediatrGastroenterolNutr2000;31:391-4.
27. TronconeR,GrecoL,AuricchioS.Gluten-sensitiveenteropathy.PediatrClinNorth Am1996;43:355-73.
28. VisakorpiJK,MakiM.Changingclinicalfeatureofcoeliacdisease.ActaPaediatr 1994;(suppl395):10-3.
29. Walker-SmithJA,GuandaliniS,SchmitzJ,ShmerlingDH,VisakorpiJK.Revised criteriafordiagnosisofcoeliacdisease.ArchDisChild1990;65:909-11. 30. WaterlooJC.Classificationanddefinitionofprotein-caloriemalnutrition.BrMedJ
1972;2:566-9.