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A Amazonia brasileira

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(A AMAZÔNIA BRASILEIRA)

Ney Coe de Oliveira

(2)

-Depois de participar de dois Seminários sobre a Ama-zônia, em que surgiram tópicos de maior interesse, pareceu-nos Q

portuno recolher essas mesmas quest6es, condensá-las e apresen-tá-las neste fascículo.

Esses tópicos constituirão, assim, uma espécie de ane-xo ou complemento do opúsculo n!:! 151 (ltObservaç6es à Margem do

Trabalho A Amazônia Brasileira") da série "Ensaios Econômicos " da EPGE/FGV, de maio/1990.

Essas quest6es talvez tenham o mérito de despertar-nos outros "problemas" e outras dúvidas a respeito do assunto .. ,

(3)

1. Não se deve supor que a Amazônia é imprestável e nao

-vale a pena usá-la. Isto seria atitude falsa e até suspe,i ta . . . Seria, no mínimo, um desperdício não utilizar o pote~

cial de produtividade biológica e mineral da Amazônia. A Amazônia tem despertado o interesse mundial em virtude dos movimentos conservacionistas: os chamados "e-cologistas" têm falado mais do que os cientistas, exagera~

do agora seus argumentos contra a utilização da Amazônia.

-Já é "moda" no exterior afirmar que a Amazônia nao pre.§ ta só serve corno reserva ecológica, corno fábrica de O

2 que o mundo respira. Na verdade, os estrangeiros visi -tam pontos da Amazônia, passam lá uns dias e saem (com aI gumas fotos) escrevendo leviandades: demonstram ignorância ou fazem sensacionalismo.

Po~ outro lado, parece que o brasileiro está so frF:i'1c1o uma 11 doenç::..·" que chamaríamos de "masoquismo ecológ!

co'". Estamos certos de que a Amazônia não vai se transfor-mar em deserto: só ~e a gente cimentá-la ...

2. A irradiação cósmica. Com relação ao atual comprometi -mento da camada de ozônio (que protege a terra dos raios infravermelhos ou ultravioletos) ternos uma recente informa

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a praxe. Desde 1987, pesquisadores do Dept2 de Raios Cós micos da UNI~~P (Campinas, S.P.) e do Instituto de Física de Lebedev (Moscou, URSS) já lançaram 110 balões (com sen-sores especializados russos) na atmosfera, num estudo con

junto sobre as partículas solares (sobretudo fótons e

elé-.

trons), cujos resultados estão sendo enviado aos Institu-tos Internacionais especializados no ramo. A conclusão p~

de causar surpresa: lia variação dos níveis de ozônio (03) na atmosfera corresponde exata@ente a variaçao da irradia-ção cósmica".

~ claro que esta constatação nao exclui a possi-bilidade de a poluição (sobretudo os clorofluorcarbonos) integrar o processo de destruição do ozônio; apenas colo-ca também a incidência de partículas cósmicas, origin~

rias de atividade solar, co@o fator integrante desse pr~

cesso de destruição da ~amada de ozônio (entre 15 e 30 km de altura) que veda parcialmente a passagem da radiação ultídvioleta para ct baixa atmosfera.

Obs~Lvou-se que a concentração desta radiação

cósmica é (no Brasil) maior na faixa litorânea que vai de Angra dos Reis (RJ) até Santa Catarina, que constitui a maior area da anomalia magnética brasileira (urna alteração nos campos magnéticos que circundam a terra). Por isso a pesquisa vem sendo conduzida nesta falxa, onde as condi ções de observação são mais propícias.

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comprovaç~o, isto e, a correspond~ncia entre o inverso da densidade de ozônio e a intens idade da radiaç~o cósmica, de monstrando que esta afeta aquela.

Zo.. UNIC.Z\l'1P, nesse Projeto,. é financiada pelo CNPq e o Instituto de FIsica Lebedev pela Academia de Ci~ncias

da URSS. O Projeto quer o maior n9 de dados até 1992, qua~

do o sol estará no :::::'Ja atividade, repe-tindo-se as mensurações entre 1996/97, quando chegar o p~

rIodo de menor atividade solar.

Pretende-se, também, estudar o chamado "buraco de ozônio" (onde a densidade da camada de ozônio e muito menor do que o normal): isto se localiza entre a faixa da anomalia magnética brasileira e o Polo Sul,verificando -se a possibilidade de relação entre os dois fenômenos, o que comprovaria a tese de que a radiação cósmica afeta realme~

te a camada de ozônio, o que se atribuia apenas aos gases produzidos ppla atividade humana.

3. p.. pecuá:r:la

A pecuária mal conduzida pode produzir desastre em gualquer parte do mundo. ~ possIvel, porém,nos oxisols e nos utisols de baixa fertilidade, desde que com tecnolo-gia adequada, com bom manejo dos rebanhos, em regiões de topografia apropriada e clima não excessivamente chuvoso, com o controle sobre o número de animais por unidade de

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pe-cuária mal conduzida destrói a floresta; expõe o solo ~

a degradação e inutiliza o inveslimento. Aliás, houve muiLa indisciplina entre os pecuaristas, para aproveitar-se de-terras baratas e dos incentivos fiscais. Essa irracionali-dade da pecuária na Amazônia talvez tenha sido devida a certa precipitação das autoridades na execuçao dós primei-ros planos de ocupação: houve essa indisciplina no começo, mas muita vontade de fazer logo as coisas, dadas as facili dades apresentadas, particularmente os incentivos da SUDAM liberalizados com generosidade e incondicionais.

As terras férteis devem ser ocupadas pelo culti vo de alimentos. Nota-se, hoje, que alguns pecuaristas da Amazônia estão explorando suas terras, com essa atividade, racionalmente: a maioria ainda não. Mas é que, até há po~

cos anos, o Brasil não tinha propriamente Lei sobre

prote

-çao do solo e do meio-ambiente: aqui sempre se fizeram grandes disparates nesse sentido. Agora, a nova Constitui-ção (Art. 225) e o Programa "Nossa Natureza" (Lei 96.91;',

d~ 22/10/88 e Leis complementares) disciplinaram o

to. O problema será sua observância e a fiscalização l-".:r

parte dos Poderes Públicos.

4. Criação de Florestas Homogêneas

Não se pode condenar, "a priori", a criaçao de florestas homogêneas, mesmo com essências forâneas (estra~

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Parece que também na l>..mazônia (onde já foi fei ta) a floresta homogênea se tornou mais produtiva e mais rentável: p.ex., no Projeto Jari. Assim,

é

outro mito so-bre a Amazônia afirmar que "nela não se pode plantar ~

esp~

cie forânea, mas só planta nativa". Como tese é tolice: o Brasil se enriqueceu com o café (rubiácea arábica), a Afri ca se está enriquecendo com o "cacau brasileiro" (theobro-ma cacao), a Malásia está exportando cerca de US$ 3 bi

lhões por ano de "borracha brasileira" (hevea brasiliensis). Enfim, donde vieram as culturas européias e asiáticas que aqui se desenvolveram? Aliás, a transferência de culturas é uma das técnicas mais antigas da Agronomia. O trigo / p. ex., provavelmente veio da Mesopotâmia (Asia), espalhou-se pelo mediterrâneo e, hoje, está em quaespalhou-se todo mundo, inclusive no Brasil. O mesmo ocorreu com outros grãos, co mo o milho, aveia etc.

É, pois, uma política inteligente trazer para ca o que se adaptar bem e for proveitoso, sobretudo s~ ali mento.

5. A Degradação da Amazônia

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não como fruto de diminuição de chuvas, mas como degrada-çao do solo. Aliãs, não bã dados comprobat6rios de que a remoção de floresta tenha efetivamente diminuido as 'chu-:-vas na região: isto ainda é polêmico. Na verdade, sao as chuvas que fazem as florestas e não as florestas que fa-zem as chuvas.

!'-las poderã haver uma degradação do solo amazo-nico ? Esse

é

um g-rande drama que pode ocorrer em ~alquer

parte do mundo: não seria um triste privilégio da Arnazô -nia.O que nos deve preocupar

é

a degradação de qualquer solo brasileiro. Mas a degradação pode ser evitada. A agri cultura convencional não constitui segredo e este probl~

ma é conhecido e pode ser superado. O importante, assim,

é

ensinar nosso agricultor a respeitar. o solo: fazer como qualquer agricultor europeu faz, com suas terras pobres e cansadas de tantos anos de culturas.

Na verdade, essas teorias estapafúrdias sobre

conseq~ências catastr6ficas do desmatamento confun~em no~

sa juventude e desviam a atenção sobre outros problE"~,,."lS re ais, p. ex., a pobreza, a ignor~ncia de nosso homem da ~o

ça, o uso e tráfico de drogas etc.

(9)

"

-Na verdade, nao se pode dar uma resposta geral para essa questão: a Amazônia tem vários aspectos e vários tipos de terras e ecossistemas.Entretanto, já são conheci-dos entre 12 e 15 milhões de hectares férteis, que podem ser cultivados até por sistemas tradicionais.

Totalmente inaproveitáveis (dentro do que até hoje se sabe) são conhecidos cerca de 30% de seu so16~ por seu relevo, extrema pobreza, má drenagem etc. Mas hoje há maneiras de aproveitar-se racionalmente certos solos mais pobres de regiões tropicais úmidas, como se vem fazendo na Malásia, com tecnologia inglesa.

A Malásia, com cerca de 330 mil km2 (igual ao Maranhão), exporta cerca de 7 bilhões de US$ (em minérios e produtos agrícolas), com o mesmo clima e mesmos solos da Amazônia: são produtos de borracha, palmeiras oleíferas, dendê, coco, sisal, arroz, abacaxi, pimenta-do-reino, man-dioca, café, cacau, milho, cana-de-açucar, bananas e mui tos outros produtos tropicais Dão-nos urna ~:i ;.ão de agri -cultura tropical, além de p:,,-c-duzirE;lli mllter:ctiS corno o B r a sil: estanho, ferro, carvão, ma~:~ésio etc.

Por outro lado, corno já se disse no início, de vemos defender o zoneé1mento, inclusive o da exploraç.=io da floresta e, ao mesmo tempo, a criação de grandes reservas em áreas estratégicas, representativas dos ecossistemas amazônicos.

~ claro que, se forem removidas florestas inte~

(10)

haver outros tipos de mudanças: assoreamento de rios, mu-danças grandes da flora e da fauna, alteraç6es no fluxo de águas, aumento de inundaç6es (na época das chuvas) ou abaixamento do nível dos rios (na época das estiagens)etc. Por outro lado, a remoção de certas florestas originais com a criação de florestas homogêneas (implant~

das pelo homem, <,?-dequadamente), além de evitar !"mi tos des tes riscos, proporcionaria lucros de extração: só não evi-taria, evidentémente, alteraç6es na flora e na fauna.

Sem dúvida, deve haver precauç6es no tratamen-to da cobertura florística amazônica, sobretudo das matas

-virgens ou densas; mas nao se pode exagerar, como p. ex., ser contra, em tese, à formação de florestas homogêneas ~

propriadas e em áreas adequadas, simplesmente porque modi-ficariam a fauna e a flora ou, pior ainda, o nosso visual habi tual ... Aliás, ninguém pode fazer agricultura sem mudar flora e fauna. A flora e a fauna originais têm como sol~

ção a criação e a proteção 0.:- ~!'.9-~_~~~~~e_'::"-v~s ecológicas. Nosso problema, nesse senti<:'l, e que a::'T1da nâo criamos na

Amazônia suficientes reservas (LlTI n9 e extei;~~o) e as poucas existentes não são protegidas, mas praticamente a-bandonadas pelos que delas deveriam cuidar.

7. Os desmatamentos

(11)

vastaç~o n~o tem as dimens6es apresentadas(na verdade, en

\

tre 7%e 9% de toda a Amazônia Legal): estes s~o de fato os únicos dados disponíveis sobre o assunto e não as sup~ siç6es de Fearnside e dos que nele se inspiraram ...

Parece, assim, que a ecologia, além do mérito de ter despertado a humanidade para o meio-ambiente, teve ainda o dom dp causar muita confus~o na opini~o pGblica.

8. As pesquisas

~ evidente que precisamos de mais pesquisas,mas o que já se fez permite realizar muita coisa, sobretudo se forem consultados os dados do Projeto Radam e estudos com plementares. O que não podemos fazer é perder mais tempo, alimentando fantasias, mitos e sensacionalismo sobre a Ama zônia.

Inaugurou-se agora mesmo (28/05/90), na região de Balbina (AH), a 150 km de Hanaus, perto da hidrelét: : . ...::a de Balbina, a l ª Instituiç~o brasileira de Ensino SU:''2~ior

exclusivamente dedicada ao estudo das florestas tropicais:

é a UNITROPI (Universidade dos Trópicos), cujo Diretor

é

o

Dr. Luiz Carlos Mollion (ex-técnico do INPE) , físico-quím1: co, especializado em Heteorologia pela Universidade de Wisconsin-USA, autor de vários trabalhos científicos.

(12)

Agência Especializada no seu ramo, contratadora de cientís tas e técnicos que d.esenvolvam trabalhos sobre a Amazônia. A idéia é também reverter, de algum modo, certas conseq0ê~

2

cias do erro de Balbina, que inunda 10 mil m para gerar apenas 1 KH/hora de energia (= 1/2 hora de banho quente ... ) Seu objetivo principal ser~ estudar e formular uma políti ca de desenvolvimento e ocupaç~o da Amazônia, baseada em fatos reais e como resposta eficaz aos ataques externos e

,

as pressoes internacionais que vem sofrendo o Brasil, nes-se campo.

Outro ponto importante é que acabam de ser re passados (pelo Min. da Economia)

à

Secretaria de Ciência e Tecnologia (Dr. José Goldemberg) Cr$ 800 milhões, para serem distribuídos entre as necessidades do INPA( Institu-to de Pesquisas da Amazônia) e da nova Universidade dos Trópicos (UNITROPI), que inicia suas atividades com

recur

-sos suficientes para o que se propoe realizar.

~ claro que os resultados de todo esse nOVD em penho e trabalho não serão imediatos: pesquisa cien~-·~ fica tem data para começar, mas não para acabar.

O importante, agora, é que se inicia uma nova fase nessa direção: colher dados e formular programas ál-terna ti vos.

9. O que j~ se sabe sobre a Amazônia é suficiente para tocá-la ?

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de-monstram os últimos atos do Governo (reformulação do INPA e a criação da UNITROPI).

Entretanto, já conhecemos alquns modelos de ocu pação (que não são muitos) que podem ser explorados. P.ex., um programa de cacau poderia ocupar cerca de 200 mil hec-tares, o que seria apenas uma fração da Amazônia; outras culturas perenes próprias da região (borracha, dendê etc ) em áreas bem maiores (talvez entre 2 e 3 milh6es de hecta-res) etc. Esses poucos modelos certamente não são suficien tes para ocupar grande parte da Amazônia; mas se ocupasse-mos cerca de 15% nos próxiocupasse-mos anos, com esses modelos pro~

tos, já teriamos feito muito.

Naturalmente a exploração madeireira poderia ocupar área bem maior, pois a vocação amazônica(ou de grqn de parte) é sem dúvida a florestal.

Por outro lado, o novo INCRA acaba de rastrear cerca de 155 milh6es (em todo Brasil) de hectares de ter ras agriculturáveis ainda não c~~loradas, senda ~dis de 1/3 da Amazônia: 3 vezes a ::-'~"":';'? __ Na UPY::'&~r. pesqui-sas são ainda pre liminares, im, .:fie;ientes ~:~-«l uma poli ti-ca geral e segura, florestal: extensiva a toda a Amazônia. O Governo sabe disso e também a EMBRAPA, que desse proble-ma vem tratando há algum tempo (não o IBAMA, cuja atuação

é mais de preservação).

(14)

cometeu.

Entretanto, nao se pode afirmar que a floresta amazônica é tão desconhecida ainda, a ponto de não se sa-ber sua reação diante de urna exploração racional, tecnica-mente formulada: isto, talvez, seja válido para a floresta virgem nativa (primitiva), mas certamente nao com um mode lo de exploração com florestas homogêneas, já conhecidas nos trópicos, implantadas pelo homem. O exemplo é o

Proje-to Jari.

Há um livro sobre este assunto ( "Ecossistemas Frágeis" - "Fragile Ecosystems") publicado em inglês pelo Instituto de Ecologia dos USA, mas preparado por um grupo de especialistas de várias nações, durante um seminário realizado em Costa Rica (1983), que dá normas ecológicas sobre a utilização de zonas tropicais, prevendo inclusive alterações possíveis em consequência da intervenção huma-na. No Brasil, fala-se muito em pesqui.sas tropicais, mas elas não aparecem ... Há algu~~~ do INPA e ~~ Instituto de Pesquisas Florestais da Araú':~ria (ela E.~"l:H{APA, no Paraná), e outras da Reserva Jari (mais d.e natureza g2·.·~tica e clas sificatória) e alguns estudos do Centro de Pesquisas de Campos do Jordão (Mata At..lântica, também da Er1BRAPA). Fo-ra do BFo-rasil, além do Instituto de Florestas da Argélia e do Instituto de Pesquisas da Malásia, há um programa so-bre Pesquisas Ecológicas em geral, promovido pela UNESCO

(15)

cuidados do Itamarary, que nada fez até agora.

la. A Transamazônica

Cremos que o saldo foi positivo, apesar de cer tos erros cometidos. Seria, talvez, preferível que a tran-samazônica tivesse um traçado de acordo com a capacidade de suas terras: não adianta assentar agricultores por zo-nas isoladas, distanciadas umas das outras, de soloS pobres, porque aí vão fazer a velha cultura itinerante, sem resul-tados econômicos e sociais. Por outro lado, a experiência brasileira nos tem mostrado que não há a mera cultura de subsistência. Na verdade, a vantagem (?) da agricultura de subsistência (geradora de pobreza) tem sido esconder a po-breza no interior do País e diminuir a pressão populacio-nal sobre os centros urbanos (favelas, mocambos etc). Tam bém o pequeno agricultor precisa se modernizar pa~~ ter rendimentos; como noutras precisa;-:-abalhar de for ma comunitária (cooperativas; e com ceI·~ ~juda dos Pode-res PUblicos. Nas atuais circunstâncias, talvé~ a solução transitória fosse começar com grandes empreendimentos,isto é, formando núcleos em que se assentariam os pequenos agr~

cultores, modernizando-se seus métodos e comercializando--se sua produção através das cooperativas. Em suma: fora de cooperativa é difícil expandir e modernizar a agricult~

(16)

subsistência é de poucos produtos básicos, descapitalizada,

-em geral nas maos dos mais ignorantes, com preços -em geral concorrentes e/ou controlados, distante dos centros de con-sumo, com margem de rendimento nula ou Qínima, feita por gente pobre, sem saGde etc ... Cremos que a agricultura tra dicional brasileira, do pequeno agricultor, só vai melho-rar quando houver mais instrução e saGde e quando a situ~

ção do País permitir. O pequeno agricultor no Brasil ainda vai sofrer muito, sobretudo os mais rudes e incultos e os ocupantes de terras pobres e/ou distantes dos centros de consumo. Nossa assistência técnica (quando há ... ) para es-se tipo de agricultor tem sido mais de caráter social do

que econômi~co.

11. Há modelo de ocupaçao racional da Amazônia?

Partindo-se de grandes zoneamentos técnicos prévios como vimos (~s P~~. 28/30, n9 7. vol. I da liA Amazônia Brasileira"), já d';'~semos tamlém que a Amazônia tem um potencial fantástico para a produção '~.~ madeiras, c~

lulose e para culturas perenes ( p.ex., cacau, borracha, dendê, palmeiras oleoginosas etc), culturas típicas de cli mas tropicais Gmidos, sendo produtos de grande demanda mercado externo inclusive. Mas é bom ressaltar que isso

no

..

e válido para a média e grande propriedade, que podem inves-tir em aplicações técnicas e modernizar sua agricultura.I~

(17)

de fazer isto sozinho: só em cooperativa.

Há um livro (divulgado no Brasil) do economista

Inacy Sachs (franco-polonês) que pretende desenvolver um

modelo agrícola do pequeno produtor brasileiro, que chama

de "ecodesenvolvimento". Só que suas id~ias s~o po~ticas

e n~o pragmáticas: ele nunca feZ agricultura (nem aqui nem

no exterior). Embora cite trabalhos do Congo-Belga e da

India, pergunta-se porque o Congo-Belga e a India nunca

foram exemplos para o mundo, e se tivessem tido êxito nao

-seriam o que s~o hoje. Para fazer agricultura de baixa

energia, temos antes que provar sua eficácia e

rentabili-dade, e isso ningu~m fez at~ hoje.

12. Deve-se ent~o transformar a Amazônia em grandes

lati-fúndios ?

Infelizmente, parece que sim, pelo menos numa

primei-ré! fase. Todos rlé-~ gostaríamos de ter uma resposta

s a t L,.z ü t5:L i. a p;-~ =- ,.;) .=~;....';;1t-=-'-:..:':'~~=-- .=ü-=l:...:t::..:o:...:r=---=d....::e ____ b:...;a:.:,.l:::.· _x..:..a ____ r;...e;...n ____ d:.,..a_n_a __ Am ____ a_z_ô_n_i_a ,

mas par~ce que ning~~m conhece esta resposta.

N~o podemos nos iludir de que seremos capazes

de tirar da pobreza o peque~o agricultor que cultiva ter

ras pobres, inculto, distanciado de outros, sem insumos

etc.: seria milagre.

A colonizaç~o de novas áreas só pode ser

reali-zada com o propósito de melhorar as condições de vida des

(18)

Deve-se, assim, evitar a falsa colonjzação, re~

lizada por empresas que só pensam em lucros imobilários,in centivos etc. e menos em resultados de sua produção.

Seria, pois, melhor a implantação de "polos a-groindustriais adequados aos solos", com possibilidade de desenvolvimento, com infra-estrutura adequada, com sua produção principal voltada para mercados externos (como f~

zem os japoneses na Amazônia, com sua pimenta-do-reino) , além evidentemente da produção de alimentos para consumo próprio. Esse modelo já foi testado para algumas culturas perenes (borracha, dendê, pimenta-do-reino, sisal, casta-nhas etc), como aliás vem fazendo a Malásia, isto é, o ~

or gão colonizador forma grandes conjuntos de plantações (com alguma predominância de cultura), em que o colono trabalha, de início (por 5 ou 6 anos) como empregado interessado no futuro, com salários, treinamento e permanente assistência técnica. Com o início das culturas, él área pl~nta_d: é

par-celada entre os colonos, qu~ ~agam de voltd ~dentro de cri térios razoáveis) ~ organiz2~ão parte ~~s despesas efetua-das (investimento). Essas culturas perenes t~rdam entre 5 e 7 anos para consolidar-se, como produção comercial. Esse modelo malaio (já aplicado entre os japoneses da Amazônia, com algumas variantes) se aplica também aos projetos gove~

namentais, tal como as empresas privadas fiscalizadas pelo Poder PÚblico.

Há outro mito a ser considerado, isto é, o de

(19)

a-gricola. A propósito, vejamos estes últimos dados compara-tivos: o Brasil tem hoje, cadastrados, cerca de 4,7 mi lh6es de propriedades rurais, enquanto os USA t~m apenas 2,1 milhões, mas com urna produção agrícola 5,8 vezes maior do que a brasileira, e não t~m o "matuto" perdido em sua plantação de subsistência ...

O agricultor deveria ser, por necessidade de ofi cio, um homem multidisciplinar, isto é, preocupar-se nao só com os aspectos econômicos e de seus mercados,mas tam-bém com o tempo, a entomologia, a nutrição dos vegetais,a natureza dos solos etc.

E isto deveria ser feito no mínimo por alguém qüe lhe preste assist~ncia técnica: daí a importância de Coope-rativa. Esta certamente é uma das diferenças entre a agri cultura do Norte e do Sul do País, onde se generalizou o sistema de Cooperativas, embora se saiba também que Cooper~

tivas de agricultores pobres não têm tido o ~xito esperado.

13. C ~overno frac~s~~u na Amazônia?

Não S~ F0d8 dizer que a ação governamental fra-cassou completamente liL: Amazônia. Isto ficou claro nas pgs.

(20)

tarém, Norte de Tocantins e outros polos,cuja produção agri

cola(por hectare de produtividade)é superior

à

do Sul do ...

pals.

14. "Haveria possibilidade de criação de "florestas de

ali-mentos" ?

t:

uma idéia interessante,mas so idéia ... Seria

muito bom misturar jaca,fruta-pão,pupunha, banana, castanha,

caju,manga etc. Mas quem investiria nisso,se não tiver sufi

ciente rentabilidade e comercialização adequada?

Infeliz-mente,a tecnologia de alimentos no Brasil ainda é atrasada,

sem criatividade própria,quase toda importada. Desenvolve-se

nao tecnologia própria,mas a tecnologia de alimentos

produ-zidos em outros países: patentes importadas.

~

Imagine-se nossa mandioca industrializada a manei

ra americana (se fosse americana) ,p.ex.,todos nós estaríamos

comendo pela manhã "mandioca flackes","tapioca puffs" etc.

Enfim, uma "floresta de alimentos" só seria possrv:.:l ligada

ti uma agroindústria aI tame:J'~2 qualificad? e em condições de comercializar.

15. O Projeto Jari

Já falarros alguma coisa

à

pg. 41, <b voI. 11 (n9 151)sobre "A Amazônia Brasileira". Assim, agronomicanente parece que não se pJde

arroz fazer restrições: houve grandes resultados, p.ex. ,o cultivo de

irrigacb, produção de essências florestais (p.ex., gmelina aroorea,

pi-nus caribea etc)e a implantação de culturas forâneas jamais introduzi

zidas na Amazônia, antes.

O erro foi inicial (por culpa de brasileiros) ,isto é,rrecanJ:.

(21)

lo, donde nada surgia. Mas, o maior erro foi seu abandono posterior, quando a Empresa Americana se retirou.

Agora estâo adotando o sisteôa "caboclo": derru bam árvores e queü:arn o inaproveitável" completando o servi-ço com arado (até de animais) e com insumos fertilizantes ou corretivos. Nâo tem havido qualquer alteraçâo ecológica de risco, com reposição de culturas alimentares e até de matas. Mas nâo se sabe ainda se este é o sistema ou modelo que deva prevalecer para a Amazônia em geral: naquelas ter ras tem dado certo, noutras nâo se sabe,

Hoje, como já dissemos, o Jari pertence

à

E~ffi~

PA e se tornou urna grande e valiosa reserva genética, com reposiçâo inclusive de florestas nativas e criaçâo de es-sências forâneas, corno aliás já se fizera no começo do Pro jeto.

16. E agora g~e se deveria fazer na ~~azônia ?

Evi0entemente, antes de tudo o Governo deve fa-zer executar as leis :',:,rtinentes ao meio-ambiente, corno o Art. 225 da nova Constituiçâo da República e o que pre~

creve o "Programa Nossa Natureza" (com itens específicos que se atribuem a Amazônia) e, em segundo lugar, apoiar efetivamente os órgâos encarregados dessa execuçâo, de mo-do que possam ser atuantes e eficientes. E estes, natural-mente, devem logo criar novas áreas de reserva (zoneamento)

(22)

formularem novo modelo de colonização e aproveitamento da Amazônia, sem esquecer os núcleos já implantados. Em suma:

é

preciso melhorar o que já existe de bom e criar um modelo de colonização adequado

à

Amazônia, uma colonização dirigi-da, talvez semelhante

à

executada pelos ingleses na Malá sia.

~ .possível até que se tenha de abandonar certas áreas impróprias, já ocupadas ao longo da transamazônica: são inviáveis estratégica e economicamente. Talvez fosse melhor deixar essas areas "em repouso" (para se refazerem naturalmente), até que existam condições e recursos para reocupá-las adequadamente mais tarde, se for o caso.

17. O Problema dos Garimpos

Já falamos sobre isto, tanto no 19 volume (pgs. 40/44), quanto no 29 (pgs. 51/52). É claro que é imrortante, sobretudo para a Amazônia, a ~!1dústria da ~~rçração, nas áreas mais ricas e apropriaQ~~ a essa o~tvidade. Além da ri

..

queza que extraem (beneficiando ~nclusive o ~~0duto no pro-prio local), criam empregos e arrecadação de impostos, além de inibirem a garimpagem clandestina, predatória e poluid~

ra.

Todos estão informados dos desastres ecológicos que tem causado a atividade garimpeira. A garimpagem só de-veria ser permitida em áreas selecionadas e inadequadas a ... Mineração Industrial, e a "concessão" só se daria a Cooper~

(23)

21

tivas legalmente formalizadas e responsabilizadas, sob o controle do DNPM e do Minist~rio do Trabalho. Pelo uso do mercúrio e de outros processos prejudiciais à saúde e ao meio-ambiente, a pena sumária seria a "cassação" da Licen-ça do DNPM, além das penalidades previstas na Legisla-ção para donos ou responsáveis pelo empreendimento. Basta lembrar que, entre 1980 e 1988, o DNr~·1 constatou que os garimpos lançaram nessas áreas mais de 1.800 toneladas de mercúrio, além da agressao à geologia e à própria riqueza mineral (pelo desperdício, contrabando e comércio de dro-gas). Tem-se a impressão de que muitos males causados p~

los garimpos talvez sejam irreversíveis: destruição e con-taminação do meio ambiente, isto sem falar do próprio meio anti-social que criam, onde prolifera toda sorte de crime. Assim, a substituição gradativa da garimpagem pela industrialização formãl do extrativismo mineral de veria ser uma meta, mesmo porque muitos garimpos atuais

-sao _·":".~reendimentos ;.ildustriais camuflados: descompromiss~

dos

.>

tudo, fO'::;2m ao controle do fisco e as obrigações

(24)

18. A Malásia

Como citamos várias vezes essa região, vamos falar alguma coisa sobre a Malásia. É uma Nação que tem muita se-melhança com a Amazônia e, por isso, vale a pena olhá-la de perto, para observar o que nos pode interessar. É uma Fede-ração constituída em 1946 pelos 9 Estados Malaíos e pelas 2 antigas possessões inglesas de penang e de Málaca: tem cerca de 330.000 Km2 (igual ao Maranhão), com urna população de 6.500.000 (malaios), cuja Capital é hoje Cuala-Lumpur. Adqui-riu sua independência em 31/08/1957, tornando-se membro da Comunidade Britânica, de quem recebe assistência técnica e p~

ra quem exporta tudo que produz. Existe lá um dos melhor es Centros de Pesquisas Tropicais, criado, desenvolvido e orien-tado pelos ingleses. Mas, o interessante para nós é observar

a s~melhançi que a Malásia tem com qrande parte de nosso solo

e clima am~~ônico:

I} Principais riqu€?js de seu subsolo: estanho{Sn), ferro(Fe), magnésít>(Mg): ouro{;.'l) e carvao;

2) Principais culturas asvícolas: hevea brasiliensis (borra-cha), que foi daqui para lá, no começo deste século; arroz

(oryza sativa), ananás e abacaxi (ananas sativus), mandioca (manihot utilíssima), milho (zea mays), cana-de-açúcar ( saccharum officinarum), café (coffea arabica), coco (cocos nucifera ), juta (corchorus capsularis), agave (agave americana), pimen-ta-do-reino (piper nigrum), banana (musa paradisiaca), mal-va (malmal-va silvestris, rotundifolia etc) , cajú (anacardium occidentalis), dendê (elaesis guineensis) e muitas outras

(25)

Exportou, em 1989, cerca de US$ 7 bilh6es ( 1/3 do Brasil), sendo que sua agricultura contribuiu com mais de 3 bilhões de US$. Nestes últimos 10 anos sua taxa média de crescimento tem sido de 6% ao ano, tanto quanto Singap~

ra, hoje sua rival em desenvolvimento, ao lado de outros "tigres asiãticos".

19. A "Salvação da Amazôniall

-

~

Embora se possa suspeitar, nao se pode porem a-pontar interesses escusos externos na amazônia brasileira.

Mas, parece que esta Campanha Mundial pela "Salvação da Amazônia" não produz apenas um forte sentimen to de simpatia e adesão da opinião pública mundial a essa causa: "sua salvação e a de seus índios" constituem hoje um verdadeiro processo psicológico de ~assat isto

é,

um p~

deroso i;felc.l (em termos 0':. propaganda e marketing) em

fa-V(,:, da nature za, ~e um lado representada na "beleza e ri quezc:" d<.:Z\maz·>";,,: r:elvagem e, de outro, retratada numa natureza desgastada e ~~sperdiçada pela abundância perdul~

ria do 19 Mundo, que dela já extraiu quase todo seu pote~

cial.

(26)

E, corno se poderia esperar, neste contexto eco

lógico emocional surgem formas e oportunidades de novas

fontes de "renda": produz-se e vende-se tudo cujo terna se

ja Ecologia ou Meio-Ambiente; revistas e jornais (de

gran-de circulação ou público) criam secções ou espaços

espe-ciais para assuntos arnbientalistas (inclusive jornais e r~

vistas brasileiras): Agências de Turismo Internacional prQ

movem "pacotes de viagens aos exóticos trópicos" antes que

se acabem suas belezas ... ; aparecem Empresas de

Consulto-ria sobre "problemas de impactos ecológicos"; indústConsulto-rias

modernas propõem, a pretexto inclusive da preservação dos

recursos naturais, a suspensão ou diminuição de

importa-çoes em favor de sucedâneos (madeira e minérios por plástl

cos, látex natural por borracha sintética etc);

autorida-des e políticos envolvem-se nesses movimentos, tão

atraen-tes e "9ratificanatraen-tes", inclusive para granjear simpatia,

prestígio, notoriedade ou votos; ~ov2rnos e instj.t~ições ,

pela "salvaguarda da natur~~a e/ou sobre~~vªncia dos ln-...

dios", limitam ou condicionan,~ei0~ a ;'.:-I~jetos do 39 Mundo,

recusando inclusive transferência de tecnolog~~ que, certa

mente, não têm interesse em repassar.

Estes e muitos outros são os "proveitos" indir~

tos dessa campanha de "salvação da Amazônia" ... , tirando

partido de assunto tão atual e relevante: preservar a natu

reza em benefício das gerações futuras.

Entretanto, fica a suspeita: Africa do Sul, Au~

(27)

isto é, já sao intensament.e exploradas em suas riquezas (mi nerais e biológicas), enquanto a região antártica (por uma simulação estratégica de respeito ~ sua preservação) cons-titui hoje - por Tratado ou Pacto Internacional uma imensa reserva ecológica (de também imensos recursos) por ora "intocável", deixada para um futuro remoto. A exolora

-

----"~---ção econômica ãa região antártica, embora sempre desejada (ainda que tacitamente), tem necessariamente que ser adia-da (provavelmente, por décaadia-das), não só por causa de seus altos custos e dificuldades de natureza tecnológica, mas sobretudo por estratégia de polItica internacional: só mes mo o tempo poderia conciliar possibilidades e interesses no usufruto dessa região.

Isto, evidentemente, não ocorre com a Amazônia,

onde é vista com simpatia (particularmente no exterior) a participação internacional em seu aproveitamento racional. Assim, a Amazônia, desocupada e maltratada,imen-sa, desconhecida mas sabidamente rica (ou, pelo menos, pr2 missora), dentro do Ocidente, próxima dos grandes c~~ros

de consumo, de propriedade de uma Nação carente de recur sos financeiros e capacidade tecnológica para explorá-la racionalmente, não poderia também constituir-se mais facil mente uma reserva futura (bem menos remota), potencialmen-te capaz de um trabalho provei toso em prol da "humanidade", a ser realizado com a participação do Mundo desenvolvido ?

(28)

20. Resultados de Urna Comissão Científic'a da ONU

Em julho de 1989, a ONU contratou cerca de 30' cientistas (especialistas sobre fenômenos da natureza) ,que concluiram e publicaram agora (abril/90) seu l€latório. que, com prudência e sem alarmismo, entre outras dbservações des tacam:

1) está ocorrendo um esquecimento da Terra;

2) provavelmente, além de efeito da radiação solar, este aquecimento é precipitado pela grande emissão de gases (C02, CO, CH4 etc,sobretudo, pelos cloro-fluor-carbo-nos) i

3) no ritmo atual, é possível que a temperatura dá Terra se eleve, no próximo século, mais do que nos últimos 10 mil anos;

4) em termos médios, é também provável que o aumento da

t emperatura seJa entre " 0 , 30 e , O 50 C por d~ eca a,se a e-d

m:ts="~o G.ésses gass6 ~0ntinuar nos níveis atuais;

5:

se

e=~a e~i~sá0 for ro~~zida (p.ex., em 50%), é

possi-f " 0,10

vel ~u~ o aume0~O de temperatura 1que entre e

0,20 C por década;

-6) os aumentos de temperatura da Terra nao sao e nao serao homogêneos ) isto é, afetarão algumas áreas mais do que outras;

7) corno ocorre nos corpos sólidos, os continentes se aque cerão mais rapidamente do que os mares;

(29)

9) nas áreas mais elevadas,o aquecimento relativo poderá ser acompanhado de certa "desertização" e menor 'índice de chuvas;

10)permanecendo nos níveis atuais (a emissão desses gases pOluentes), os mares poderão elevar-se entre 5 e 6 cen-tímetros por década no próximo século, em consequência de certo degelo das regiões polares, o que permitiria supor um incremento de cerca de 20 cm entre as décadas de 2020/2030 e de cerca de 65 cm até o fim do secu lo 21.

Por outro lado, sabemos que:

1) a maioria das cerca de 850 Estações Maregráficas espa-lhadas pelo mundo (que medem diariamente os nlvelS ~

.

do mar) informa que o fenômeno está associado a mudanças planetárias, sobretudo

à

inclinação do eixo da Terra; 2) ainda é polêmico o suposto aumento dos níveis dos mares,

isto é, nao sabemos se é propriamente o Mar que se está elevando ou a Terra que, nal~t.:lls pontos ou ;).Y·?-:iS do pl~

neta, se está contraind" e cedendo (abr,; xando) .

~ ~

(30)

21 - Objetivos Mundiais Ecológicos

Em termos globais, sem alarmismo mas com deter minação (sobretudo do 19 Mundo), parece-nos que,se preten-demos preservar a Terra para as futuras gerações, serão ne cessários um esforço eficaz e gastos pesados para: o re-plantio sistemático e extensivo da cobertura vegetal desa parecida nestas últimas décadas; o planejamento faniliar generalizado e sério (especialmente nas Nações do 39 Mun do); a conservação dos solos; o aumento da eficácia energ~

tica atual: o desenvolvimento de recursos energéticos renQ váveis; a diminuição sensível de emissão de gases poluen-tes; a abolição do desperdício dos recursos naturais e sua reciclagem; a proteção da diversidade biológica; a redução substancial da dívida externa do 39 Mundo; um programa de produção e abastecimento alimentar para o mundo.

provavelmen.t:e ~uase todos estes invest.ir!tentos (q.-:...:." """;;f"l rarec~m -".+-óp; cos) dariam um bom retorno, partic~

larmen~.:' a lon':lo t-"\:·á.zo. Mas, a me lhor segurança de human2:.

dade deveria ser um adequado equacionamento econômico

(31)

22 - Nova Teoria Questiona o "Equilíbrio Natural"

1 - A corrente ecológica tradicional acredita que

-a n-aturez-a, sem -a -aç-ao de f-atores externos (em particular, do homem), mantém seus ecossistemas e populações em equilí brio constante. Mesmo atingida, por exemplo, pelo fogo, ela volta ao "status" anterior.

Entretanto, nova teoria defende um modelo em que não existe propriamente um equilíbrio constante na nature za. Populações e ecossistemas sempre estariam em evolução e, após óistúrbios externos, eles não retornaram mais a condição anterior.

A teoria sobre o equilíbrio da natureza sofre, a~

sim, questionamento que poderá mudar a idéia que o homem faz do "mundo natural". A noçao que tradicionalmente tem orientado os ecologistas e a de que a condição normal da natureza serja um estado de equilíbrio, propício a competl ção el\tre as espé(,~2S, que coexistem num sistema estável.

ESSá teorla conduziu ao princípio hoje ques-tionadu de que

a

~atureza é sábia e a intervenção do homem é, por definição, prejudicial.

Novas pesquisas, porém, levaram vários ecologi~

(32)

cipais críticos da Teoria do Equilíbrio, diz: "A natureza pode apresentar os estados mais diversos".

Para estes cientistas, a utopia dos conceitos antigos forçará ambientalistas e conservacionistas a anali sarem as condições da natureza com mais cuidado do que até agora tiveram.

Segundo a convencional "Teoria do Equilíbrio", a natureza mantém uma estabilidade que, quando perturbada, e readquirida assim que a causa dessa perturbação desapar~

ce. Entretanto, essas novas pesquisas (que se iniciaram nesta década) mostram que não é bem assim que os ecossiste mas funcionam ou reagem.

2 - A consequência disto é que todas as estraté gias de conservaçao e renovação de recursos naturais terão que ser reformuladas.

Aliás, "a . Teorü .. do Equilíbrio

rl.á

boa poesia,mas nao boa Ciência", diz o ecolGQtsta Stew~r~ T.A.Pickett, do

'"

Instituto de Estudos sobre Ecossistemas, do Ja~dim Botâni-co de New York. A propósito deste tema, o próprio Pickett organizou esse debate para o Seminário Anual da Sociedade Ecológica da América (ESA) , em Snowbird (Utah).

(33)

suas condições normais. Porém, se a natureza está em perma nente transformação (e desde seu início), então o que se-riam "as tais condições normais" ?

Rupert Cutler, Presidente àa Defenders of \Vild-life, uma das maiores entidades conservacionistas, decla ra lacônico: "todo esse debate sugere que, a partir de agora, a preservação da natureza vai precisar recorrer ca da vez mais i Ci~ncia".

3 - Em dois Seminários recentes, muitos cientis-tas deixaram claro que "chegam a acreditar que a instabil!. dade é inerente is comunidades ecológicas de plantas e de animais, graças as diferenças comportamentais entre os , in divíduos envolvidos".

Mesmo que algumas comunidades disponham de certo equilíbrio interno, fatores externos (mudanças climáticas,

tempestades, inc~ndios, secas, inundações, furacões,

do~~-("'as, terremotos etc) dificilmente possibilitam estc:"'; b _ _ _ _ _ 1; rlrl-_ _ de ideal; a própria luta ou competição pela sobrevivên:..:; a é um fator intrínseco de instabilidade das espécies. Cien-tistas de vários países vêm observando isso em várias esca las de tempo e de espaço, inclusive em regiões considera das bem estáveis. Talvez a maior evidência a favor do eco~

(34)

Geor-durante muito tempo". E continua ela: "a ~nfase semprere-' caia 'sobre os processos internos do sistema, como a relação predador-presa" .

De sua parte, o paleoecologista George L. Ja-cobson Jr. da Univ. de Ma.ine (USA), que estuda as transfonnaçães e-colÕ:Jicas que aparecem através das rochas milenares e nos se dimentos do solo, afirma: "Numa paisagem natural, pratica-mente não há circunstância em que uma pessoa possa dizer que nada mudou ... Parece existir uma tend~ncia aO,equil! brio, porém nunca alcançado".

4 - Assim, segundo esse novo ponto de vista, a açao do homem é apenas mais uma das muitas fontes de dis túrbios e alterações da natureza. ~ claro que, agora,para a maioria dos ecologistas, a grande dúvida ou preocupaçao

-nao

é

se o homem deve ou nao

-

'!,.·.·' ... ervir no meio-·::T~:~iente , mas sim como ele deve ou ',~()de intervir. Aliás, a humanida de vem intervindo na natureza h~ mi l~ni(í$ .••

Agora sobretudo, diante de tal debate, a grande questão é convencer a humanidade sobre que tipos de inter-vençao devem ser estimulados, permitidos ou condenados.

Infelizmente, uma das mais comuns formas de in tervenção, crescente na sociedade moderna, é a emissão de poluentes qraves que, inclusive, afetam a temperatura.Se~

(35)

aquecimento estimulado ameaça realizar em um século muàan ças que a natureza levaria milênios para processar.

Enfim, esses novos estudos repetem uma conclu-sao: a Ecologia, como ciência multidisciplinar, ainda está no começo i requer-se muito mais estudo para avaliação da complexidade da natureza, que incorpora uma infinidade de aspectos (internos e externos) relacionados com as

ças de seus ecossistemas.

(36)

Ney Coe de Oliveira

(37)

100. JUROS, PREÇOS E DíVIDA PÚBLICA VOLUME I: ASPECTOS TEÓRICOS - Marco Antonio C. Martins e Clovis de Faro - 1987 (esgotado)

J01. JUROS, PREÇOS E DíVIDA PÚBLICA VOLUME 11: A ECONOMIA BRASILEIRA - 1971/85 - Antonio Salazar P. Brandão, ClÓvis rÉ Faro e Marco A. C. Martins - 1987 (esg:Jta±J)

'102. MACROECONOMIA KAlECKIANA - Rubens Penha Cysne - 1987

103. O PRÊMIO DO DÓlAR NO MERCADO PARALELO, O SUBFATURAMENTO DE EXPORTAÇÕES E O SUPERFATURAMENTO DE IMPORTAÇÕES - Fernando de Holanda Barbosa - Rubens Penha Cysne e Marcos Costa Holanda - 1987 (esgotado)

104. BRAZIlIAN EXPERIENCE WITH EXTERNAl DEBT AND PROSPECTS FOR GROWTH-Fernando de Holanda Barbosa and Manuel Sanchez de la Cal - 1987 (esgotado) 105. KEVNES NA SEDIÇÃO DA ESCOLHA PÚBLICA - Antonio M.da Si1veira-1987(esgotado) 106. O TEOREMA DE FROBENIUS-PERRON - Carlos Ivan Simonsen leal - 1987

107. POPULAÇÃO BRASILEIRA - Jessé Monte11o-1987 (esgotado)

108. MACROECONOMIA - CAPíTULO VI: IIDEMANDA POR MOEDA E A CURVA lM" - Mario Henrique Simonsen e Rubens Penha Cysne-1987 (esgotado) 109. MACROECONOMIA - CAPíTULO VII: "DEMANDA AGREGADA E A CURVA ISII

- Mar io Henr ique Simonsen e Rubens Penha Cysne - 1987 - (esgotado) 110. MACROECONOMIA - MODELOS DE EQUIlíBRIO AGREGATIVO A CURTO PRAZO

- Mario Henrique Simonsen e Rubens Penha Cysne-1987 (esgotado) 111. THE BAVESIAN FoUNDATIoNS DF SolUTIoN CoNCEPTS OF GAMES - Sérgio

Ribeiro da Costa Wer1ang e Tommy Chin-Chiu Tan - 1987 (esgotado)

112. PREÇOS líqUIDOS (PREÇOS DE VALOR ADICIONADO) E SEUS DETERMINANTES; DE PRODUTOS SELECIONADOS, NO PERíODO 1980/1º Semestre/1986

-- 'Hau1 Ekerman -- 1987

113. EMPRtSTIMoS BANCÁRIOS E SAlDO-MtDIO: O CASO DE PRESTAÇÕES - C1ovj~ Je Faro - 1988 (~sgotado)

114. A D~,~ÀMICA DA INF~"',~Ao - Mario Henrique Simonsen - 1988 (esgotado) 115. UNC~~TAINTY AV~uSIoN AND THE OPTIMAl CHOISE DF PORTFOlIO

-J ame s Dou: e S ~ _ :::; ~ o R i b e i r o d a C os ta We r 1 a n g -1988 (e s g o t a do) 116. O CICLO ECONÔMICO - ~Io~io Henrique Simonsen - 1988 (esgotado) 117. FOREIGN CAPITAL AND ECONoMIC GROWTH - THE BRAZIlIAN CASE

STUDV-Mario Henrique Simonsen - 1988

118. COMMON KNOWLEDGE - Sérgio Ribeiro da Costa Werlang - 1988(e~t1b)

119. OS FUNDAMENTOS DA ANÁLISE MACROECONÔMICA-Prof.Mario Henrique Simonsen e Prof. Rubens Penha Cysne - 1988 (esgotado)

120. CAPíTULO XII - EXPECTATIVASS RACIONAIS - Mario Henrique Simonsen - 1988 (esgotado)

121. A OFERTA AGREGADA E O MERCADO DE TRABALHO - Prof. Mario Henrique Simonsen e Prof. Rubens Penha Cysne - 1988 (esgotado)

122. INtRCIA INFLACIONÁRIA E INFLAÇÃO INERCIAL - Prof. Mario Henrique Simonen - 1988 (esgotado)

123. MODELOS DO HOMEM: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO - Antonio Maria da Silveira - 1988

124. UNDERINVOICING DF EXPDRTS, DVERINVDICING DF IMPORTS, AND THE

(38)

126.

PLAr~ú

CRUZADO:

cOI~r.(pç1\o

( O ERRO DE pOl1TICA fISCAL - Rubens

PenhuCys.np -

1988

127. TAXA DE JUROS

rlUlUA~TE

VERSUS

CDRREÇ~O MnN[l~RJA

DAS PRESTAÇOE5:

UI1A

COI:'PARr~ç~O I~D

CASO DO SAC [ lfJFlAÇ7W COr\SlhNTE - Clovis

de

faro - 198(3

128.

129.

130.

131.

132,

133.

134 .

CAPíTULO 1] -

MO~ElARV

CORREClION AND REAL IN1ERESl ACCOUNlING

- ,Ruhens Ppnha Cysne - 1988

CAPíTULO

)11 -

1NCOME ANDDEMAND POLICIES

IN

BRAZIL - Rubens

Penh2 Cysnc - 198B

CAPiTULO

1\1 - BRAZllIAr~

Ecor\OI',v

Ir~

lHE EIGHlIES AND THE DEBl

CRlSIS - P.uber.s Penha Cysne -

1988

lHE 8RAZJLIAN AGRICUllURAL POLICV EXPERIENCE:

RAlIO~ALE

ANb

FU1UR[ D!REC110NS - Antonio Se1azôr Pessoa

Brand~o

- 1988

MORATÓRIA

INlERN~,

DivIDA PÚBLICA E JUROS REAIS - Maria Silvia

Bastos M2rqu8s e

S~rgio

Ribeiro de Costa Wer1ang - 1988

CAPiTULO IX - lEORIA DO CRESCIMENTO ECON5MICO - Mario Henrique

Sirr,onsen - 1988

COI~GEU\l'~ENTO

C 01"1 I\BOIW SALARIAL GERANDO EXCESSO DE DEMANDA

-- Joequim Vieira Ferreira Levy e SÉrgio Ribeiro de Costa Werlóng -- 190B

135. AS ORIGENS E CONSEQUtNCIAS DA INFLAÇAo NA AMERICA LAlINA -

Fernando de Holanda Barbosa - 1988

136. A CONTA-CORRENTE DO GOVERNO - 1970-1988 - Mario Henrique

5imonsen - 1989

137. A REVIEW ON THE THEORV DF COMMON KNOWLEQGE

- Sérgio Ribeiro da Costa Werlang - 1989

13B. MACROECONOMIA

- Fernando de Holanda BGrbosa - 1989 (esgotàdu)

139. TEORIA

D~

BALANÇO DE PAGAMENTOS: UMA ABORDAGEM SIMPLIFICADA

-- ;1,);'0

Luiz Tenreiro oarr050 - 1989

14

o.

C O

tn

A

o

I L I DI'. DE;' Ú 1'- .J U ~ Ú 3 R E A I S - R U B [t~ S P E Im A

c

Y S tH - 1 989

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"CREDI' f{füi0NING h'\~

T:iE

PERI·~At~[I\T INCOl'1E HYPOTHESIS" - Vicente ~\adri9al,

Tommy Tan, Daniel Vicent, Sérgio Ribeiro da Costa Werlang - 1989

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liA AMAZONIA BRASILEIRA".- Ney Coe de Oliveira -

1989

143.

DES~GIO

DAS LFTs E A PROBABILIDADE IMPLICITA DE MORA1'CRIA

..

..

.

..

Maria Silvia Bastos Marques e S~rgio Ribeiro da Costa Werlang- 198~

144.

THE LDC DEBT PROBLEM: A GAME-THEORETICAL ANALYSIS

Mario Henrique Simonsen e Sérgio Ribeiro da Costa Werlang - 1989

.

145.

ANALISE CONVEXA NO Rn - Mario Henrique Simonsen -

1989

146.

A CONTROvERSIA MONETARISTA NO HEMISFERIO NORTE Fernando de Holanda Barbosa -

1989

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Vicente Madriga1, Sérgio Ribeiro da Costa Wer1ang - 1990 150. EDUCAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Carlos Ivan Simonsen Leal e Sergio Ribeiro da Costa Wer1ang - 1990 151. OBSERVAÇÕES Ã MARGEM DO TRABALHO liA AMAZÔNIA BRASILEIRA"

Ney Coe de Oliveira - 1990

152. PLANO COLLOR: UM GOLPE DE MESTRE CONTRA A INFLAÇÃO? Fernando de Holanda Barbosa - 1990

153. O EFEITO DA TAXA DE JUROS E DA INCERTEZA SOBRE A CURVA DE PHILLIPS DÀ ECONOMIA BRASILEIRA

Ricardo de Oliveira Cavalcanti - 1990

154. PLANO COLLOR: CONTRA FACTUALIDADE E SUGESTOES SOBRE A CONDUÇÃO DA POLíTICA MONETÁRIA-FISCAL

Rubens Penha Cysne - 1990

155. DEPÓSITOS DO TESOURO: NO BANCO CENTRAL OU NOS BANCOS COMERCIAIS? Rubens Penha Cysne - 1990

i56.

SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO: A QUESTÃO DO DESEQUILíBRIO DO FCVS Clovis de Faro - 1990

157. COMPLEMENTO DO FAScíCULO N!! 151 DOS "ENSAIOS ECONÔMICOS" (A AMAZÔNIA BRASI-LEIRA)

Ney Coe de Oliveira - 1990

000055012

Referências

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