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Atenção à saúde da pessoa idosa na estratégia saúde da família no município de Santo Antônio/RN: um estudo de caso

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Academic year: 2017

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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

FERNANDA DE MEDEIROS FERNANDES

ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO/RN: UM ESTUDO DE CASO.

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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO/RN: UM ESTUDO DE CASO.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Enfermagem, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como requisito (parcial/EQ) para obtenção do título de Mestre em Enfermagem

Grupo de pesquisa: Práticas assistenciais e

epidemiológicas em saúde e enfermagem

Orientação: Profa. Drª Rejane Maria Paiva de

Menezes

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ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO/RN: UM ESTUDO DE CASO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PGENF-UFRN), área de concentração Enfermagem na Atenção à saúde, como requisito (parcial/EQ) para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Aprovada em 30/03/2012.

( Universidade Federal do Pará-UFPA )

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Aos meus queridos e amados pais Abner e Lina, eterno porto seguro em minha vida. Companheiros inseparáveis de todas as horas, meus maiores exemplos de vida e de amor incondicional. Dedico a vocês essa conquista.

À Daniel, meu esposo, pela paciência, ajuda, compreensão e incentivo sempre demonstrados ao longo desse período, no qual rotina de trabalho, organização do casamento e realização do mestrado se fundiam.

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À Deus, fonte de toda a vida, causa e substância de tudo que me permitiu a concretização de mais um objetivo, meu Grande amparo nos momentos de dificuldade ao longo dessa trajetória.

Ao meu irmão Victor e meus sobrinhos Danilo, Letícia e Marina que com sua presença, alegria e sorrisos aliviaram vários momentos de estresse ao longo dessa caminhada. Amo vocês.

À Professora Dra. Rejane Maria Paiva de Menezes, que me acompanha desde da graduação, na vivência da monitoria em saúde do idoso e com certeza uma das maiores incentivadoras para o ingresso no mestrado e na docência. Muito obrigada pela confiança em mim depositada, por me permitir seguir meus passos ao longo dessa jornada com certa autonomia, com quem muito aprendi ao longo desses anos, deixando-me contaminar pela paixão que tem pela área da gerontologia. Meu muito obrigada!

Aos professores Dra. Rejane Millions Viana Meneses e Dr. Jamerson Viegas de Queiróz pelas valiosas contribuições na banca de qualificação que enriqueceram este estudo.

Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por serem elos importantes na transmissão do conhecimento adquirido durante essa jornada e preciosos incentivados da pesquisa científica.

Aos funcionários do Departamento de Enfermagem da UFRN, pelo apoio, carinho e colaboração durante esse período.

À coordenação do Curso de Pós Graduação por sua dedicação e empenho.

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Aos professores do Departamento de Educação Física da UFRN e UERN Dr. Paulo Moreira Silva Dantas e Dra. Maria Irany Knackfuss, respectivamente, pela valiosa contribuição na elaboração e validação do instrumento de pesquisa.

Á enfermeira Jussara Andressa Alves do Nascimento, pela colaboração na coleta dos dados da pesquisa.

Ao bolsista Pedro Henrique Silva de Farias pela colaboração nas produções dos artigos científicos.

À Secretaria Municipal de Saúde de Santo Antônio, em especial a Secretária de Saúde Maria José Silva e a coordenadora de Atenção Básica Maria do Socorro Silva por autorizarem a coleta de dados junto aos profissionais da Estratégia de Saúde da Família do município.

Aos profissionais da Estratégia Saúde da Família, sujeitos da minha pesquisa que voluntariamente aceitaram participar deste estudo, cedendo um pouco do seu tempo para descoberta de dados importantes para o crescimento da atenção à saúde do idoso no município. Obrigada por tornar esse estudo possível!

A todos os meus familiares: tios, tias, primos, primas, padrinhos, em especial a Tio Beto, Tia Gringa, Tia Neuzinha e Tia Thérbia, pela ajuda constante e estímulo nos momentos difíceis, compreendendo minhas ausências e me apoiando quando mais necessitei. Muito obrigada!

Às minhas amigas e comadres Camilla, Ana Tereza e Juliana pelo carinho compartilhado em tantos momentos da minha vida. Obrigada pela “escuta qualificada”, pela amizade sincera e pelo apoio durante essa caminhada. Amo vocês.

Aos amigos Maria Thaíze Belo e Valtery Paiva que modificaram sua rotina para que fosse possível a conciliação dos meus horários de trabalho e aulas do mestrado. Muito obrigada!

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À professora Hélida Salles Santos pela contribuição no Abstract.

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“Da mesma forma que gosto de sentir um toque de maturidade

num jovem, gosto do idoso que conserva algo do aroma da

juventude.

Aquele que se esforça por misturar assim a juventude e a

maturidade pode tornar-se velho pelo corpo, mas seu espírito

permanecerá jovem."

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Segundo estimativas demográficas, até o ano de 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Por essa razão, é função das políticas públicas contribuir para que as pessoas alcancem idades avançadas com melhor saúde. O atual modelo assistencial de vigilância à saúde através da Estratégia Saúde da Família (ESF) configura-se como a porta de entrada no atendimento da pessoa idosa no Sistema Único de Saúde (SUS), favorecendo práticas de promoção a saúde, prevenção e controle das doenças crônicas não degenerativas. Objetivou-se neste estudo analisar a atenção à saúde da pessoa idosa prestada pelos profissionais da ESF com vista ao alcance de um atendimento integral. O estudo é descritivo do tipo estudo de caso com abordagem quantitativa, realizado no município de Santo Antônio/RN. A população incluiu todos os profissionais de saúde integrantes da ESF do município que aceitaram participar da pesquisa, totalizando 80 profissionais. Os dados foram coletados através de um questionário estruturado com questões fechadas em sua maioria, dividido em duas partes: uma contendo informações sócio demográficas dos profissionais de saúde e de formação profissional e outra sobre ações desenvolvidas pelos profissionais no atendimento ao idoso, sendo analisados a partir de um banco de dados tabulado na planilha excel e discutidos de acordo com a estatística descritiva em tabelas, gráficos e quadros através de frequências, mediana e valores de tendência central. Obteve-se predomínio de profissionais de nível médio, do sexo feminino, com idade entre 30 a 34 anos, com formação profissional concluída nos últimos 10 anos, sem pós- graduação na área de geriatria ou gerontologia e maioria sem capacitação em gerontologia. Os familiares e cuidadores foram os componentes da rede social de apoio mais identificados pelos profissionais (66,3%). O acesso da pessoa idosa à Unidade Básica de Saúde da Família foi considerado por 83,8% dos profissionais como o fator que mais interfere nas ações de saúde junto ao idoso. Quanto a inserção da família no cuidado: 98,8% dos profissionais consideram a família como um dos objetivos da assistência, porém 82,5% auxiliam a família a conhecer sua função e participar do cuidado junto ao idoso, destacando-se que nenhum profissional faz uso de instrumentos de avaliação da funcionalidade da família. Quanto às ações realizadas junto ao idoso, 91,25% realizam visita domiciliar ao idoso; 88,75% realizam o acolhimento; 77,5% conhecem os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos dos idosos, suas famílias e da comunidade; 51,25% complementam as ações através da intersetorialidade; 50% participam de grupos de vivência de idosos; 33,75% mantem a caderneta de saúde da pessoa idosa atualizados; 11,25% dos profissionais realizam o Planejamento Terapêutico Singular (PTS) e poucos implementam as ações de promoção à saúde de acordo com o PTS; há déficit em algumas categorias profissionais na identificação de idosos frágeis e o acompanhamento dos mesmos em domicílio. Conclui-se, que a atenção à saúde da pessoa idosa desenvolvida pelos profissionais da ESF diverge entre as categorias profissionais. Verificou-se fragilidades quanto a promoção do envelhecimento ativo e saudável e no estabelecimento de uma atenção integral e integrada a pessoa idosa. Recomenda-se a adoção de atividades de educação permanente por parte da Gestão Municipal, a priori para os profissionais da ESF na perspectiva das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e posteriormente para os demais profissionais que integram a rede de atenção a saúde da pessoa idosa em todos os níveis de atenção no município para a elaboração de estratégias e práticas que promovam a melhoria da qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa, impactando resultados efetivos e concretos em termos de produção de saúde na realidade brasileira.

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According to demographic estimates, by the year 2025 Brazil will be the sixth country in the world in number of elderly. For this reason, it is a purpose of public policies to help people to reach that age being healthier. The current health care model of health surveillance through the Family Health Strategy (EFS, in portuguese) is configured as a gateway into the care of the elderly in the Unified Health System (SUS, in portuguese). It is also an area of development of practices to promote health, prevention and control of chronic non-degenerative diseases. The aim of this study was to analyze the health care of the elderly provided by ESF professionals for the achievement of a full care. The study is descriptive case study with a quantitative approach, performed in the city of Santo Antônio/RN. The population included all health professionals, who are FHS members of the city that agreed to participate of the survey, a total of 80 professionals. Data were collected using a structured questionnaire, having mostly closed questions and divided into two parts: one containing sociodemographic information of health professionals and vocational training and the other, the activities carried on by the professionals in senior care, being analyzed from a database tabulated in a spreadsheet and discussed according to the descriptive statistics in tables, graphs and charts using frequencies, medians and values of central tendency. It was verified a predominance of professionals who finished highschool, mostly female, aged from 30 to 34 years old, with training completed in the last 10 years, without being graduated in the field of geriatrics or gerontology and mostly without training in gerontology. Family members and caregivers were the components of the social support network most identified by the professionals (66.3%).The elderly access to the Family Health Basic Unit was considered by83.8% of professionals as the most important factor that interferes in the activities of health care of the elderly. Considering the inclusion of the family in care: 98.8% of professionals consider the family as one of the goals of care, but 82.5% assist the family to know their role and participate in the care of the elderly, emphasizing that no professional makes use of tools for evaluating the functionality of the family. Regarding the actions taken to assist the elderly, 91.25% have home visits program to the elderly, 88.75% use the host program; 77.5% know the habits of life, cultural, ethical and religious values of the elderly, their families and their community ;51.25% complement the activities through intersectoral actions, 50%participate in groups of living with the elderly; 33.75% keeps track and maintain updated the health information of the elderly; 11.25% of the professionals perform the Single Therapy Planning (PTS, in portuguese) and few implement the actions to promote health according to PTS; there is a deficit in the number of professional categories in the identification and monitoring of the frail older people in their households. It is concluded that the health care of the elderly developed by ESF professionals differs among the professional categories. It was identified weaknesses in the promotion of an active and healthy aging and also in the establishment of an integrated and full care of the elderly. It is recommended the adoption of permanent educational activities by the City Management, initially for ESF professionals in the the perspective of the guidelines of the National Policy of Health Care for the Elderly and later to the other professionals that are part of the health care network of the elderly, at all levels of care in the city for the development of strategies and practices that promote the improvement of the quality of healthcare for the elderly, expecting concrete and effective results in terms of promoting health within Brazilian reality.

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Gráfico 1 - Distribuição dos profissionais da equipe de ESF por categoria profissional. Santo Antônio/RN, 2011...63

Gráfico 2 - Distribuição da variável motivação para outro vínculo empregatício, de acordo com o s profissionais da equipe da ESF. Santo Antônio/RN, 2011...68

Gráfico 3 - Distribuição dos profissionais da ESF que planejam e implementam o Projeto Terapêutico Singular (PTS) da pessoa idosa, pactuado com usuário e equipe. Santo Antônio/RN, 2011...76

Gráfico 4 - Distribuição dos profissionais da ESF que preenchem o SIAB e utilizam os dados do SIAB na programação das ações para pessoas idosas. Santo Antônio/RN, 2011...77

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Tabela 1 - Distribuição das variáveis sexo, idade e ano de conclusão de formação, segundo as categorias profissionais da equipe da ESF. Santo Antônio/ RN, 2011...64 Tabela 2 - Distribuição das variáveis pós graduação e suas respectivas área do conhecimento, de acordo com os profissionais de nível superior da ESF. Santo Antônio/ RN, 2011...65 Tabela 3 - Distribuição da variável capacitação em gerontologia, segundo as categorias profissionais da equipe da ESF. Santo Antônio/ RN, 2011...66 Tabela 4 - Distribuição das variáveis local de trabalho e tempo de serviço, segundo os profissionais da ESF. Santo Antônio/ RN, 2011...67 Tabela 5 - Distribuição da variável outro vínculo empregatício, de acordo profissionais da equipe ESF. Santo Antônio/ RN, 2011...67 Tabela 6 - Distribuição dos componentes da rede social de apoio, identificados pelos profissionais da ESF, de acordo com a categoria profissional. Santo Antônio/RN, 2011...69 Tabela 7 - Distribuição dos fatores que interferem no desenvolvimento das ações à saúde da pessoa idosa, de acordo com a categoria profissional. Santo Antônio/ RN, 2011...71 Tabela 8 - Distribuição da variável maior dificuldade na realização das ações de saúde a pessoa idosa, na ESF por categoria profissional. Santo Antônio/RN, 2011...72 Tabela 9 - Distribuição da variável maior facilidade na realização das ações de saúde à pessoa idosa na ESF, segundo categoria profissional. Santo Antônio/RN, 2011...73

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ACD - Auxiliar de consultório dentário ACS - Agente comunitário de Saúde

AIVD - Atividade instrumental de vida diária AVD - Atividade da vida diária

CEP-UFRN - Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte CF - Constituição Federal Brasileira

CNS - Conselho Nacional de Saúde

CSPI - Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa DCNTs - Doenças Crônicas Não Transmissíveis EI - Estatuto do Idoso

ESF - Estratégia Saúde da Família

HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS - Ministério da Saúde

NASF - Núcleo de Apoio à Saúde da Família NOAS - Norma Operacional da Assistência à Saúde OMS - Organização Mundial de Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde PIAE - Plano de Ação Internacional

PNH - Política Nacional de Humanização PNI - Política Nacional do Idoso

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PTS - Projeto Terapêutico Singular RN - Rio Grande do Norte

SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica SUS - Sistema Único de Saúde

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TE - Técnico de Enfermagem

UBSF - Unidade Básica de Saúde da Família

UBS - Unidades Básicas de Saúde

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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1 INTRODUÇÃO... 17

2.OBJETIVOS... 27

2.1 OBJETIVO GERAL... 28

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 28

3 REVISÃO DE LITERATURA... 29

3.1 O ENVELHECIMENTO HUMANO... 30

3.2 POLÍTICAS PÚBLICAS DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSA... 33

3.3 MODELO PARA A ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE NO BRASIL... 40

3.3.1 A Estratégia de Saúde da Família X Atenção à pessoa idosa... 46

4 MATERIAL E MÉTODOS... 53

4.1 DELINEAMENTO METODOLÓGICO... 54

4.2 LOCAL DE ESTUDO... 55

4.3 POPULAÇÃO ALVO... 57

4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS... 58

4.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO... 58

4.6 PROCEDIMENTOS ÉTICOS E LEGAIS... 59

4.7 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS...59

4.8 PROCEDIMENTOS PARA TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS... 60

5 RESULTADOS... 61

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA... 62

5.1.1 Caracterização sociodemográfica e de formação profissional... 62

5.1.2 Caracterização do trabalho dos profissionais da Estratégia Saúde da Família... 66

5.2 IDENTIFICAÇÃO DA REDE SOCIAL DE APOIO... 68

5.3 FATORES QUE INTERFEREM NO DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES DE SAÚDE À PESSOA IDOSA... 70

5.4 AÇÕES REALIZADAS PELOS PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA PARA A PESSOA IDOSA... 74

5.4.1 Ações da equipe ESF relacionadas à família da pessoa idosa... 74

5.4.2 Competências e habilidades requeridas a todos os profissionais da ESF noo atendimento à pessoa idosa... 75

5.4. 3 Competências e habilidades requeridas ao Médico... 80

5.4.4 Competências e habilidades requeridas ao Enfermeiro... 81

5.4.5 Competências e habilidades requeridas ao Dentista... 82

5.4. 6 Competências e habilidades requeridas ao Técnico de Enfermagem... 84

5.4.7 Competências e habilidades requeridas ao Auxiliar de Consultório Dentário... 84

5.4. 8 Competências e habilidades requeridas ao Agente Comunitário de Saúde (ACS)... 85

6 DISCUSSÕES... 86

7 CONCLUSÕES... 105

REFERÊNCIAS... 108

APÊNDICES... 118

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INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural de mudança do ser humano relacionado ao tempo, que começa do nascimento e continua por toda a vida até a morte, provocando no organismo modificações biológicas, psicológicas e sociais, que se intensificam na velhice e caracterizam esse período que, na visão de muitos é visto como de decadência; mas, na verdade, é uma sequência da vida com suas peculiaridades e características, não podendo ser vista como sinônimo de incapacidade.

A partir da década de 1960, ocorre no Brasil, um aumento considerável da população idosa, fato relacionado à redução das taxas de mortalidade e de fecundidade, alterando significativamente a estrutura etária da população (VERAS, 2002).

Segundo dados do censo de 2010, do total de 190.755.799 habitantes da população brasileira, 14.081.480 têm 65 anos ou mais; o que representa 7,4% da população total, sendo o grupo com faixa etária entre 65 e 69 anos, aquele com maior representatividade entre os idosos. Destaca-se ainda que 23.760 brasileiros têm idade igual ou maior que 100 anos (IBGE, 2010).

De acordo com projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2025 a população de idosos no Brasil crescerá 16 vezes contra cinco vezes da população total, o que nos dará a colocação de 6º país com maior população. Nesse contexto, o Brasil tenta se organizar através da implantação das suas políticas para responder às crescentes demandas da população que envelhece e inicia promulgando em 1994, através da Lei 8.842, a Política Nacional do Idoso (PNI) regulamentada em 1996 pelo decreto 1.9448, que visa assegurar direitos sociais à pessoa idosa, criando condições que promovam sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do Sistema único de Saúde-SUS (BRASIL, 2006a).

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De acordo com Lima-Costa e Veras (2003), essas mudanças - demográfica e epidemiológica, repercutem na área da saúde, em relação à necessidade de (re) organizar os modelos assistenciais que conduzam ao repensar das políticas sociais e de saúde.

Em finais do século XX, por volta do ano de 1999, o Ministério da Saúde (MS) cria no Brasil, através da Portaria Ministerial/GM de nº 1.395, a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) que destaca as perdas da capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para a realização de atividades básicas (AVD) e instrumentais da vida diária (AIVD), como principal problema que pode afetar o idoso em decorrência da evolução de suas enfermidades e de seu estilo de vida (BRASIL, 1999).

A necessidade de se ter, no setor saúde, uma política atualizada em relação à saúde do idoso, contribuiu para a aprovação da Portaria/GM de Nº 2.528 de 19 de outubro de 2006, que dispõem sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), a qual fundamenta a ação do setor saúde à população idosa e destaca a necessidade de “recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes

do Sistema Único de Saúde” (BRASIL, 2006a, p. 3).

A PNSPI vem fortificar uma das prioridades evidenciadas no documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde, publicado em fevereiro de 2006 pela Portaria/GM 399, nas quais estão contempladas três dimensões: pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Nesse documento, no Pacto pela Vida, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades compactuadas entre as três esferas de governo. Isso significa que, pela primeira vez na história das políticas públicas no Brasil, a preocupação com a saúde da população idosa brasileira é explicitada, representando um avanço importante no que diz respeito à saúde da população idosa.

A necessidade de enfrentamento dos desafios impostos pelo envelhecimento caracterizado por doenças e/ou condições crônicas não-transmissíveis, geralmente acompanhadas de incapacidades, leva-nos a perceber a importância da Estratégia Saúde Família (ESF) como porta de entrada no atendimento à saúde da pessoa idosa e como espaço para se trabalhar a promoção da saúde, na perspectiva da prevenção e no controle dessas doenças, bem como, na tentativa de se evitar ou minimizar a instalação de incapacidades, sem desvincular-se de um atendimento integral e humanizado.

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promoção da saúde e a prevenção de doenças, baseada em um enfoque multidisciplinar, que desenvolva uma postura crítica e criativa dos profissionais ao lidar com os problemas de saúde da comunidade em uma área geográfica delimitada.

Merhy e Franco (2003) entendem ser a Saúde da Família um tópico principal para a reorganização da prática assistencial, uma vez que com a conformação dessa estratégia

têm-se um “modelo centrado na família, entendida e percebida a partir do têm-seu ambiente físico e social” em detrimento de um modelo hospitalocêntrico, centrado na figura do médico e voltado para a cura de doenças.

Dessa forma, a atenção das equipes saúde da família possibilita uma compreensão do processo saúde-doença e da necessidade de intervenções com a população adscrita quando necessário, exigindo do profissional a capacidade de perceber os múltiplos fatores que interferem nos processos mórbidos, sejam eles físicos, mentais ou sociais, tanto individuais, quanto coletivos, contextualizando, sempre, o indivíduo em seu meio ambiente.

Ao atuar em uma área adscrita, espera-se que a equipe da ESF desenvolva ações de saúde dirigidas às famílias e ao seu ambiente, com ênfase nos aspectos preventivos, curativos e de reabilitação, articuladas com outros setores que contribuem para a melhoria das condições de saúde. Além disso, por essa estratégia elegem-se como pontos centrais o estabelecimento de vínculo e a criação de laços de compromisso e de responsabilidade entre os profissionais de saúde e a população (BRASIL, 1994; BRASIL, 1998).

A pessoa idosa deve ter atenção especial nessa estratégia e participação ativa para a melhoria da suaqualidade de vida.

Para Matta e Morosini (2008, p.39) a atenção à saúde “designa a organização estratégica do sistema e das práticas de saúde em resposta às necessidades da população. É expressa em políticas, programas e serviços de saúde consoante aos princípios e as diretrizes que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Dessa forma, a atenção deve ser voltada para a promoção do envelhecimento ativo e saudável, com estímulo as ações intersetoriais que favoreçam a integralidade da atenção e fortalecimento do controle social como estabelece a Portaria 2.528/2006 que aprova a PNSPI. A elaboração nas ESF do Projeto Terapêutico Singular (PTS) torna-se um elemento importante nessa perspectiva de atenção à saúde do idoso, uma vez que considera todos os fatores envolvidos no processo de adoecimento, pactuando a intervenção desse projeto com o usuário(BRASIL,2008a).

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menor expediente para o idoso procurar os serviços de saúde e deslocar-se nos diferentes níveis de atenção; e, para os mais carentes, qualquer dificuldade torna-se um motivo para bloquear ou interromper a continuidade da assistência à sua saúde; daí a importância de se estabelecer um atendimento na atenção primária de saúde, acolhedor, resolutivo e humanizado.

Em vista disso, é importante o desenvolvimento de ações que proporcionem proteção específica, identificação precoce de seus agravos mais frequentes e sua intervenção, bem como, medidas de reabilitação voltadas a evitar a separação da pessoa idosa do convívio familiar e social (BRASIL, 2006c).

Acredita-se que a ESF possui as ferramentas necessárias que possibilitam prestar uma atenção integral à saúde da pessoa idosa; mas é necessário que a equipe de profissionais de saúde apresente resolutividade ao lidar com os problemas e as necessidades de saúde dessa faixa população.

A atenção à saúde da pessoa idosa no SUS, no âmbito da ESF, apesar dos avanços relacionados ao princípio da integralidade e das estratégias propostas, apresenta algumas dificuldades, às quais se destacam a fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais; a falta de complementaridade entre a rede básica de saúde e o sistema de referência; a precária interação da equipe multiprofissional; profissionais pouco qualificados para lidar com a dimensão subjetiva das práticas de atenção à saúde da pessoa idosa, em consequência, o baixo investimento na qualificação dos trabalhadores e o desrespeito aos direitos dos usuários, relacionadas ao atendimento integral, a disponibilização regular de medicamentos, a prioridade no atendimento, dentre outros.

Além disso, na própria dinâmica de cada município pode coexistir dificuldades no estabelecimento de uma integração efetiva da atenção básica com os demais níveis de atenção, interferindo na integralidade da atenção por meio dos entraves existentes entre os fluxos de referência e contrarreferência e na implementação de modalidades de atendimento que correspondam às necessidades da população idosa, com abordagem multiprofissional e interdisciplinar, conforme estabelece a PNSPI.

Ressalta-se que há dificuldades no funcionamento adequado de uma rede social de apoio organizada e de parcerias com outras instituições, devendo a equipe de saúde da família facilitar a ação dessa rede e a formação de outras redes a partir do enfrentamento de problemas de saúde.

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influenciado pela pouca escolaridade, pobreza e cultura excludente. Conforme Braga (2006), é necessário o mapeamento da rede social de apoio através da escuta e de uma observação atenta das teias que nem sempre estão à mostra, mas que certamente, indicam o caminho para a construção de um olhar e de uma postura capaz de compreender e respeitar o outro.

Na realidade, a ESF não trata a atenção à saúde do idoso de maneira coletiva, exceto por programas que indiretamente contemplam a questão. Esse aspecto pode ser encontrado em ações realizadas para as doenças crônicas não transmissíveis como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, quando do atendimento às necessidades dos idosos portadores dessas enfermidades, como afirma Miyata et al (2005).

Observa-se a necessidade de um direcionamento especial à saúde do idoso na prática da ESF. São poucas as iniciativas ou equipes da ESF que, mesmo de forma isolada, tenham sido capacitadas para atuarem de forma mais incisiva na atenção a saúde da pessoa idosa, cumprindo a assistência domiciliar prevista na Política Nacional de Saúde do Idoso - PNSI (COSTA NETO, 1999; PROTTI, 2002 apud MIYATA, 2005).

Nos serviços públicos de saúde é frequente a redução do envelhecimento à doença crônica pelos profissionais. Por outro lado, a abordagem para com os doentes crônicos restringe-se a atendimentos médicos individuais esporádicos, quase sempre restritos às complicações (DALMASO, 1993; NEMES, 1991 apud LIMA et. al, 1996).

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É importante que instrumentos avaliadores da capacidade funcional e sócio-familiares da pessoa idosa sejam implementados pelos gestores municipais e estaduais do SUS, para que haja a participação de profissionais de saúde e usuários na construção de planos locais de ações para enfrentamento das dificuldades inerentes à complexidade de saúde da pessoa idosa, já que esta é a interação entre a saúde física, a saúde mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social (BRASIL, 2006a).

A assistência de saúde à pessoa idosa vem passando por reformulações com a utilização da Visita Domiciliária (VD) como instrumento que busca promover uma visão mais abrangente de saúde pela equipe da ESF.

A VD repercute na atenção à saúde da pessoa idosa como forma de instrumentalizar a equipe para efetivação de novas práticas que possibilitam o conhecimento da realidade de vida da pessoa idosa, bem como o estabelecimento de vínculo, interlocução com a família, com vistas a atender as diferentes necessidades de saúde dos idosos e suas famílias, preocupando-se com a infraestrutura existente na comunidade e o atendimento integral à saúde desses usuários. Além disso, é um valioso recusrso na identificação de idosos frágeis ou em processo de fragilização.

Dessa forma, os profissionais que atuam na ESF precisam, na realização da VD, considerar a família como unidade de diagnóstico e terapêutica, uma vez que a doença surge no seio familiar e é diretamente influenciada por sua organização e funcionamento.

Algumas vezes pode acontecer de uma ou outra família não ser “visualizada” pelas

equipes do serviço, pois há de se considerar que a maioria dos profissionais ainda apresenta um enfoque individual, característico do modelo biomédico, em detrimento de um enfoque mais ampliado e coletivo com a inclusão da família como objetivo dessa assistência. Observa-se que alguns profissionais não compreendem o contexto familiar no qual as pessoas idosas estão inseridas e não vivenciam um processo de interação com os elementos desse contexto, o que pode direcionar ações pautadas nas demandas individuais que, em vista disso, serão pouco eficazes.

É preciso que os profissionais da ESF trabalhem de forma conjunta e integrada na atenção à saúde da pessoa idosa, considerando as especificidades dessa fase da vida, sem perder de vista, a multidimensionalidade no atendimento complexo que se encerra quando se atende usuários em processo de envelhecimento.

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secundária e terciária. Trata-se de uma questão relevante, uma vez que a Lei 8.842 referente à Política Nacional do Idoso, na seção 2, artigo 4, contém uma diretriz exigindo a capacitação e a atualização em geriatria e gerontologia dos recursos humanos prestadores de serviços aos idosos (BRASIL, 1994a).

Em geral, nos serviços de saúde faltam esses especialistas, sendo o atendimento realizado basicamente por Clínicos Gerais, o que afeta o complexo assistencial que envolve as necessidades de saúde da pessoa idosa na atenção primária, necessitando de encaminhamentos no sistema de referência e contrarreferência a fim de fortalecer o princípio da integralidade.

Frente a essa problemática de saúde presente na demanda atual das pessoas idosas atendidas pelas equipes saúde da família, tem-se como objeto de estudo a atenção à saúde da pessoa idosa realizada pela ESF do município de Santo Antônio/RN à luz da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

Nortearão este estudo as seguintes questões:

- As ações de promoção à saúde e prevenção de agravos são realizadas à pessoa idosa pelos profissionais da ESF?

- O atendimento à pessoa idosa pela ESF é realizado seguindo as diretrizes da PNSPI? - Que fatores interferem no atendimento integral à pessoa idosa realizado pela equipe da ESF?

- Como a equipe da ESF inclui a família no cuidado à pessoa idosa?

A importância em desenvolver um estudo sobre a atenção à saúde da pessoa idosa no âmbito da equipe saúde da família surge à medida que se constata a tendência mundial no aumento significativo dessa parcela da população, configurando-se a atenção básica como porta de entrada desses usuários nos serviços de saúde.

Nesse contexto, a ESF surge como um instrumento potencial de mudança e de implementação das diretrizes da PNSPI. Em vista disso, faz-se necessário que os profissionais da ESF estejam capacitados a prestar uma assistência adequada, desvinculando-se de um atendimento curativo, com ênfadesvinculando-se às atividades de promoção e prevenção, no sentido de estimular as ações intersetoriais, fortalecer o controle social, valorizar um atendimento acolhedor e incorporar outras ações que visem à melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa, baseadas na manutenção da sua independência e autonomia, entendendo a pessoa idosa dentro do seu contexto familiar e social.

As razões que motivaram a escolha da temática, foco deste estudo, são oriundas

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Idoso em Clínica Ampliada de Enfermagem: intervenções de enfermagem na atenção básica”, vinculado à disciplina Enfermagem em saúde do adulto I (saúde do idoso) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), momento em que se vivenciou a dinâmica dos profissionais da ESF no atendimento à pessoa idosa e o processo saúde-doença do idoso, situando-o no contexto de atenção da política nacional de saúde, através do contato direto em seu ambiente domiciliar.

Posteriormente, o desejo de trabalhar com a temática foi estimulado pela vivência como enfermeira de Unidades de Saúde da Família de zona rural de municípios do interior do Rio Grande do Norte (RN), no qual coexistem áreas rurais e urbanas, o que permitiu observar que a equipe multidisciplinar atuante na ESF se depara constantemente com as dificuldades inerentes da estratégia e também com peculiaridades da sua área adscrita, as quais interferem no desenvolvimento de ações voltadas para a promoção e a proteção da saúde, bem como para a prevenção de agravos da população idosa.

Além disso, em relação à atenção à saúde da pessoa idosa na ESF, vale salientar que se identificam poucos trabalhos na perspectiva quantitativa, que este estudo buscou analisar. Observa-se que na literatura há um maior número de estudos que adotam os idosos atendidos pela ESF como sujeitos da pesquisa. Ao contrário, ainda são poucos os estudos que adotam como sujeitos, os profissionais atuantes na ESF, considerando ser esta recente, tentando se organizar do ponto de vista estrutural e em relação à capacitação dos profissionais para atuarem no atendimento às populações mais envelhecidas.

Dessa forma, acredita-se que analisar a atenção à saúde da pessoa idosa realizada por esses profissionais seja importante para o direcionamento das ações de saúde dirigidas aos idosos. Além disso, tal iniciativa contribuirá para o incremento do conhecimento na área de gerontologia e geriatria, ainda incipiente no meio acadêmico.

Considera-se então, que os resultados deste estudo contribuam para incorporação de estratégias e alternativas que promovam a melhoria da qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa, bem como subsidiem gestores, equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde e os profissionais que compõem a ESF, na elaboração dos planos municipais de saúde locais e regionais, de maneira que possam impactar resultados efetivos e concretos em termos de produção de saúde a esse grupo etário crescente na realidade brasileira.

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(ACS) e da equipe de enfermagem, realizando atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais profissionais da equipe.

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL:

- Analisar a atenção à saúde da pessoa idosa prestada pelos profissionais da Estratégia Saúde da Família com vista ao alcance de um atendimento integral

2.2 ESPECÍFICOS:

- Caracterizar os profissionais atuantes na Estratégia Saúde da Família no município de Santo Antônio quanto aos aspectos sócio-demográficos e profissionais;

- Identificar a rede social de apoio para a pessoa idosa no município de Santo Antônio;

- Descrever as ações realizadas pela equipe da ESF e os fatores que interferem na atenção à saúde da pessoa idosa;

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Para melhor compreensão da temática deste estudo, faz-se necessária a fundamentação teórica de alguns referenciais. Assim, abordaremos neste capítulo alguns assuntos interelacionados com o foco do estudo, tais como processo de envelhecimento; políticas públicas de atenção à pessoa idosa e modelo atual de atenção à saúde com ênfase na Estratégia Saúde da Família.

3.1 - O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

A composição de uma população é reflexo de sua dinâmica ao longo do tempo, apresentando-se como resposta à mudança de alguns indicadores. O processo de envelhecimento populacional é resultado das modificações dos indicadores da queda da fecundidade e da mortalidade e do aumento da expectativa de vida, sendo considerado, na atualidade, como um dos maiores triunfos da humanidade e também como um dos grandes desafios (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005).

É descrito pela primeira vez, por volta dos anos 1940, o processo de transição demográfica referindo-se aos efeitos que a mudança nos níveis de fecundidade, natalidade e mortalidade provocam sobre o ritmo de crescimento populacional e sobre a estrutura por idade e sexo. Concomitantemente à transição demográfica ocorre a transição epidemiológica em virtude das mudanças nos padrões de mortalidade e morbidade, incorporando, de forma geral, as mudanças dos padrões de saúde e doença, mortalidade, fecundidade e estrutura por idades, além dos determinantes socioeconômicos, ecológicos, de estilos de vida e de suas consequências para os grupos populacionais (VERMELHO; MONTEIRO, 2006).

Do ponto de vista demográfico, o envelhecimento é caracterizado pelo aumento na proporção da população a partir de 60 anos, para países em desenvolvimento, e de 65 anos, para os desenvolvidos, em relação à população total (NOGUEIRA, 2008).

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) define envelhecimento como:

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O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos – senescência - o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência - senilidade. Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo de vida mais ativo (BRASIL, 2007).

Nesse início de um novo século, o aumento expressivo de pessoas com 60 anos de idade ou mais se configura como uma das principais características da população mundial. Dos cerca de 600 milhões de idosos vivendo hoje, no mundo, aproximadamente 370 milhões habitam em países em desenvolvimento, e as projeções para os próximos vinte anos apontam para uma população de mais de um bilhão de idosos, dos quais 70% irão residir em países pobres ou em vias de desenvolvimento (FERNANDES; FRAGOSO, 2005).

A realidade socioeconômica e educacional dos idosos brasileiros relaciona-se ao fato do processo de transição demográfica ter se dado de maneira diferente em regiões do mundo. Nos países desenvolvidos, essa transição demográfica ocorreu lentamente, acompanhando a elevação da qualidade de vida, com inserção das pessoas no mercado de trabalho, oportunidades educacionais favoráveis, bem como boas condições sanitárias, alimentares, ambientais e de moradia. No Brasil e em outros países em desenvolvimento, esse processo foi rápido e desvinculado de uma política social favorável, sem melhora concomitante na qualidade de vida da população idosa, cabendo ressaltar que nas regiões brasileiras o processo de envelhecimento populacional não ocorre de maneira uniforme (CARVALHO; GARCIA, 2003; NOGUEIRA, 2008).

Além disso, como afirma Fernandes e Fragoso (2005), a população brasileira idosa também está envelhecendo, ou seja, onze por cento dos seus componentes apresentam idade de oitenta anos ou mais, sendo o segmento da população que mais cresce. Em 2050, dezenove por cento dos idosos brasileiros estarão nessa faixa etária. O crescimento desse grupo populacional representa uma mudança populacional sem precedentes, com previsão da sua duplicação nos próximos dois decênios. Essa situação gerou discussões acerca da vertente gerontológica, na qual essa parcela de idosos passaria a constituir a quarta idade, uma etapa alusiva à fase de declinação, com maior dependência e acelerada perda da capacidade funcional e cognitiva (MORAIS; RODRIGUES; GERHARDT, 2008).

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esta, quantificadora da qualidade de vida do idoso. O mesmo considera autonomia como a capacidade de decisão, de escolhas do ser humano, enquanto capacidade funcional é a habilidade física, o potencial que o idoso apresenta para realizar determinada atividade. Assim, compreendemos a necessidade de se manter a capacidade funcional e a autonomia da pessoa idosa como forma de se atingir um envelhecimento ativo.

As questões da capacidade funcional e autonomia do idoso podem ser mais importantes que a própria questão da morbidade, pois se relacionam diretamente à qualidade de vida. Um estudo domiciliar realizado em 1990, na grande São Paulo, mostrou proporção crescente, de acordo com o aumento da idade, de indivíduos que necessitavam de auxílio para realização de AVDs, tais como se transferir da cama para o sofá, vestir-se, alimentar-se ou cuidar da própria higiene. Em adição, a proporção de indivíduos que apresentam deficiência física e – provavelmente, gozam de menor grau de autonomia – também aumenta de acordo com a idade (MIYATA et al., 2005).

Dessa maneira, o envelhecimento como um processo irreversível a que todos estamos sujeitos deve ser mais bem compreendido, principalmente numa época em que nosso país arca com um crescente número da população de idosos, e que junto a isso possui uma sociedade despreparada praticamente em todas as suas esferas para lidar com esta realidade (RAMOS, 1995).

Nesse contexto, a realidade brasileira é preocupante, uma vez que essa parcela da população está mais sujeita a problemas de saúde, e com isso pode-se esperar um aumento de enfermidades crônicas com alto grau de incapacitação, com exigência de cuidados constantes, medicação contínua e exames periódicos, produzindo assim, onerosos gastos numa área já tão carente de recursos.

Não bastassem os problemas próprios do fenômeno epidemiológico, também é preciso levar em conta que as mudanças se dão num contexto nacional de acentuada desigualdade social, de pobreza e de fragilidade de instituições (UCHOA, 2003). Isso gera uma série de questões cruciais, tanto para os gestores e pesquisadores contemporâneos dos sistemas de saúde, quanto para a sociedade como um todo.

Dessa forma, é perceptível que essas mudanças impõem desafios para o governo e para a iniciativa privada, traduzidos na emergência da necessidade de novos paradigmas e métodos de planejamento, de gerência e de prestação de cuidados, pois os modelos vigentes se mostram ineficientes e de alto custo.

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sofrimento, dependência e custos, dando à pessoa idosa a condição de decidir sobre sua própria vida.

3.2 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSA

A crescente necessidade de assistência e tratamento de uma população que envelhece exige políticas adequadas que, quando ausentes, podem causar importantes aumentos dos custos com os componentes dessa faixa etária da população (MIYATA et al., 2005). Dessa forma, o processo de envelhecimento populacional tem sido discutido e acompanhado por medidas destinadas a proteger os idosos como cidadãos cada vez mais presentes nas sociedades mundiais.

No Brasil, até a década de 1970 do século XX, a atenção aos idosos era realizada, principalmente, por instituições não governamentais de cunho caritativo (entidades religiosas e filantrópicas). No aspecto legislativo, os idosos foram citados em alguns artigos, decretos-leis, decretos-leis, portarias, entre outras; destacando-se artigos do Código Civil (1916), do Código Penal (1940), do Código Eleitoral (1965), da Lei nº 6.179/74, que criou a Renda Mensal Vitalícia, e de outros decretos-leis e portarias relacionadas, particularmente, com as questões da aposentadoria (RODRIGUES et al., 2007).

Em agosto de 1982, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a 1ª Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento em Viena, na Áustria, considerada como o marco mundial que iniciou as discussões direcionadas aos idosos, tendo como propósito principal traçar um Plano Internacional de Ação. Os objetivos do plano eram garantir a segurança econômica e social dos indivíduos idosos, bem como identificar as oportunidades para a sua integração ao processo de desenvolvimento dos países. Teve como referência a Conferência dos Direitos Humanos realizada em Teerã em 1968 (CAMARANO; PASINATO, 2004).

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devem dispensar atenção especial aos grupos vulneráveis de idosos, particularmente aos mais pobres, mulheres e residentes em áreas rurais (RODRIGUES et al., 2007).

Na América Latina, como influência desse Plano de Ação, teve-se um avanço importante no sentido de políticas e programas especiais voltados às pessoas idosas, mesmo sabendo-se que o foco de atenção naquele momento era os países desenvolvidos. Por exemplo, os governos da Venezuela (1999), Equador (1998), Brasil (1988), Bolívia (1994) e Peru (1993) modificaram suas constituições em graus diferenciados, criando leis que favoreciam a população idosa (URIONA; HAKKERT, 2002).

A Constituição Federal Brasileira (CF) de 1988 foi a primeira a tratar no Brasil o idoso e a velhice como um problema social. Nesse sentido, avança para além da assistência previdenciária e assegura a proteção na forma de assistência social. Os capítulos II e VII desse documento enfatizam, respectivamente, a garantia da seguridade social e a necessidade de respeito às pessoas idosas, principalmente pela família (AGUSTINI, 2003).

Segundo a CF de 1988, as ações e serviços em saúde devem ser providos por um sistema único de saúde, organizado segundo as diretrizes da descentralização, atendimento integral e participação comunitária. Dessa forma, a CF cria constitucionalmente o SUS que veio a ser regulamentado pelas Leis Orgânicas da Saúde (8.080/90 e 8.142/90), as quais estabeleceram a forma e as condições para realizar a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes de saúde no Brasil.

O artigo 196 da CF afirma que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 2008b, p.131). Para viabilizar o que foi garantido pela constituinte nesse artigo, indo de encontro com a realidade demográfica caracterizada pelo aumento acelerado de pessoas idosas, o governo teve que redirecionar a forma de fazer saúde para garantir a integralidade da atenção também a esse grupo etário.

Assim, o Governo Federal promulga em 04 de Janeiro de 1994, pela Lei nº 8.842/94, a Política Nacional do Idoso (PNI) regulamentada em 03 de julho de 1996, pelo Decreto nº 1.948/96, a qual “visa assegurar direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS” (BRASIL, 2006a, p.2).

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nos estados e municípios, em parceria com entidades governamentais e não governamentais e regem-se por princípios, tais como: assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, sendo a família, a sociedade e o Estado os responsáveis em garantir sua participação na comunidade, defender sua dignidade, bem-estar e direito à vida (RODRIGUES et al., 2007).

Em 1999, a Portaria Ministerial nº 1.395/GM anuncia a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI) que destaca a perda da capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para a realização de AVD e AIVD, como principal problema que pode afetar o idoso em decorrência da evolução de suas enfermidades e de seu estilo de vida. Além de aprovar a PNSI, determina que os órgãos e entidades do MS, cujas ações se relacionem com o tema objeto da política, promovam a elaboração ou a readequação de seus planos, programas, projetos e atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (BRASIL, 1999).

A operacionalização dessa política compreende um processo sistematizado e contínuo de seguimento e avaliação para a observação dos resultados e seu impacto na saúde dos idosos, possibilitando o desenvolvimento de adequações necessárias. Para tanto, será indispensável definição de metodologia, critérios, parâmetros e indicadores específicos, com vistas a se evidenciar a repercussão das medidas adotadas, inclusive, por outros órgãos, que resultaram da ação articulada e estabelecida nessa política, bem como a observância dos compromissos internacionais assumidos pelo país em relação à atenção aos idosos (RODRIGUES et al., 2007).

No ano de 2002, o MS estabeleceu através da Portaria GM/MS nº 702/2002 e Portaria SAS/MS nº 249/2002, as Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso. A composição das redes seria organizada por Hospitais Gerais e Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso para oferecer diversas modalidades assistenciais: Internação hospitalar, atendimento ambulatorial especializado, hospital dia e assistência domiciliar, constituindo-se em referência para a rede de assistência à Saúde do Idoso (LOUVISON; BARROS, 2009).

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articulação assistencial entre a Rede constituída, a rede de atenção básica e a ESF (BRASIL, 2002).

Outro marco importante ocorrido no ano de 2002, de 8 a 12 de abril, em Madri, foi a 2ª Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, que aprovou um Plano de Ação Internacional (PIAE), o qual solicita à comunidade internacional a abordagem plena acerca da relação entre pessoas idosas e desenvolvimento e desafia as ideias convencionais que a sociedade tem da velhice. O documento afirma que a velhice não é um problema, mas sim uma conquista, e não meramente uma questão de segurança social e de bem-estar, mas sim de desenvolvimento global e de políticas econômicas. E, pela primeira vez, os Governos concordaram em que é necessário integrar a velhice com quadros de desenvolvimento social, econômico e de direitos humanos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2003).

O PIAE é fundamentado em três princípios básicos: 1) Participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento, na força de trabalho e erradicação da pobreza; 2) Promoção da saúde e bem-estar na velhice e 3) Criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento. Em Madri, a OMS formulou recomendações específicas do PIAE e, como contribuição, lançou o documento “Envelhecimento ativo: um marco para elaboração de

políticas”, que contempla um novo paradigma de entender o envelhecimento e, ao mesmo tempo, complementa e amplia o plano. Neste, políticas de saúde na área do envelhecimento devem levar em consideração os determinantes de saúde (sociais, econômicos, comportamentais, pessoais, culturais, além do ambiente físico e acesso a serviços) ao longo de todo o curso de vida (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005; RODRIGUES et al., 2007).

Em 2003, após sete anos de tramitação no Congresso Nacional, foi sancionado o Estatuto do Idoso (EI). Até então, a legislação relativa à atenção às pessoas idosas permaneceu fragmentada em ordenamentos jurídicos setoriais ou em instrumentos de gestão política. O EI, oficialmente aprovado pela Lei 10.741 de 2003, incorpora novos elementos e enfoques, dando um tratamento integral e com uma visão de longo prazo ao estabelecimento de medidas que visam proporcionar o bem-estar das pessoas idosas. A aprovação do EI representa um passo importante da legislação brasileira no contexto de sua adequação às orientações do Plano de Madri (CAMARANO; PASINATO, 2004).

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social. É um documento em que são estabelecidas sanções penais e administrativas para quem descumpra os direitos dos idosos, nele estabelecidos (RODRIGUES et al., 2007).

Esse documento discute os direitos fundamentais da pessoa idosa, relacionados aos seguintes aspectos: à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, a alimentos, saúde, educação, cultura, esporte e lazer, profissionalização do trabalho, previdência social, assistência social, habitação e ao transporte. Além disso, discorre sobre medidas de proteção, política de atendimento ao idoso, acesso à justiça e crimes. No entanto, duas ações apresentam um caráter controverso: a proibição da discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados para os maiores de 60 anos e a exclusão para fins de aferição dos critérios de elegibilidade do recebimento por parte de outros idosos membros da família do benefício assistencial no cômputo da renda familiar (CAMARANO; PASINATO, 2004; RODRIGUES et al., 2007).

Em fevereiro de 2006, o MS através da Portaria nº. 399/2006 divulgou as diretrizes do Pacto pela Saúde 2006, uma agenda de compromissos sanitários elaborados a partir de uma análise da situação de saúde do país e das prioridades definidas pelos governos federal, estadual e municipal, dividido em três áreas: Pacto pela Vida, Pacto de Gestão e Pacto em Defesa do SUS. Nesse documento, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo, representando um avanço importante no que diz respeito à saúde da população idosa (BRASIL, 2006c).

O Pacto pela Vida traz, dentre as seis ações prioritárias, três que se relacionam à pessoa idosa: a saúde do idoso (na busca pela atenção integral); a promoção da saúde (para elaborar e implantar a Política Nacional de Promoção da Saúde, como forma de internalizar a responsabilidade individual na adoção de hábitos saudáveis) e atenção básica à saúde - com o intuito de consolidar e qualificar a ESF como modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das redes de atenção à saúde do SUS (BRASIL, 2006c).

A PNSPI, estabelecida pela Portaria GM nº. 2.528, de 19 de outubro de 2006 vem fortificar uma das prioridades evidenciadas no documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida. Esta política apresenta-se como instrumento para reavaliar e readequar a política que foi lançada em 1999 adaptando-a as mudanças do SUS e define que a atenção à saúde do idoso terá como porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família.

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assegurar a qualidade da atenção), a promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa e apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (BRASIL, 2006a).

A diretriz da Promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável defende que toda ação de saúde deve ter como meta a manutenção da capacidade funcional e da autonomia. Sua abordagem deve basear-se no reconhecimento dos direitos dos idosos e da heterogeneidade do grupo das pessoas idosas. Faz-se necessário incentivar e equilibrar a responsabilidade pessoal desses usuários e aproveitar todas as oportunidades para realizar o acolhimento baseado nos critérios de risco, realizar ações de prevenção de acidentes no domicilio e nas vias públicas, combater a violência doméstica e institucional, estimular o controle social, estimular os grupos de convivência de idosos, realizar ações de promoção e prevenção à saúde, reconhecer e incorporar modelos culturais dos usuários em seus planos de cuidados, dentre outros (BRASIL, 2006a).

Em relação à Atenção Integral e Integrada à Saúde da Pessoa Idosa, esta conforme afirma Brasil (2006a, p.8):

Deverá ser estruturada nos moldes de uma linha de cuidado com foco no usuário, estabelecimento de fluxos bidirecionais funcionantes, aumentando e facilitando o acesso a todos os níveis de atenção, providos de condições essenciais, como infraestrutura, insumos e recursos humanos qualificados.

Além disso, deve ser oferecida atenção domiciliar e ambulatorial, com incentivo de uso de instrumentos de avaliação funcional e psicossocial, identificação da rede de suporte social, estímulo de grupos de convivência para os cuidadores, enfrentamento da fragilidade (identificação de idosos frágeis) e promoção da saúde e da integração social em todos os níveis de atenção, dentre outros (BRASIL, 2006a).

Para Brasil (2006a, p.10), a diretriz do Estímulo às Ações Intersetoriais, visando à Integralidade da Atenção, pressupõe:

O reconhecimento de parceiros e de órgãos governamentais e não-governamentais que trabalham com a população idosa. A organização do cuidado intersetorial a essa população evita duplicidade de ações, corrige distorções e potencializa a rede de solidariedade. As ações intersetoriais visando à integralidade da atenção à saúde da pessoa idosa devem ser promovidas e implementadas, considerando as características e as necessidades locais.

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e os municípios as formas de financiamento para aprimoramento da qualidade técnica da atenção à saúde prestada à pessoa idosa”. Os itens prioritários para a pactuação são: provimento de insumos, de recursos para adequação de estrutura física dos serviços próprios do SUS e para ações de qualificação e de capacitação de recursos humanos, e incremento da qualidade técnica dos profissionais de saúde; produção de material de divulgação e informativos sobre a PNSPI, normas técnicas e operacionais, protocolos e manuais de atenção; implementação de procedimento ambulatorial específico para a avaliação global do idoso; e determinação de critérios mínimos de estrutura, processo e resultados (BRASIL, 2006a).

A diretriz do Estímulo à Participação e Fortalecimento do Controle Social defende a inclusão nas Conferências Municipais e Estaduais de Saúde de temas relacionados à atenção à população idosa, incluindo participação de cidadãos e cidadãs idosos na formulação e no controle social das ações deliberadas nessas Conferências. “Devem ser estimulados e implementados os vínculos dos serviços de saúde com os seus usuários, privilegiando os núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições para uma efetiva participação e controle social da parcela idosa da população” (BRASIL, 2006a).

Outra diretriz trata da divulgação e Informação sobre a PNSPI para profissionais de Saúde, Gestores e Usuários do SUS, objetivando incluir a PNSPI na agenda de atividades da comunicação social do SUS; produzir material de divulgação da atenção à saúde da pessoa idosa, respeitando as especificidades regionais e culturais do País; apoiar e fortalecer ações inovadoras de informação e divulgação sobre a atenção à saúde da pessoa idosa em diferentes linguagens culturais; identificar, articular e apoiar experiências de educação popular, informação e comunicação em atenção à saúde da pessoa idosa; e prover apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais que atuam na ESF (BRASIL, 2006a).

A Promoção de Cooperação Nacional e Internacional das Experiências na Atenção à Saúde da Pessoa Idosa devem “fomentar medidas que visem à promoção de cooperação nacional e internacional das experiências bem sucedidas na área do envelhecimento, no que diz respeito à atenção à saúde da pessoa idosa, à formação técnica, à educação em saúde e a pesquisas” (BRASIL, 2006a).

A diretriz do Apoio ao Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas apoia o

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A portaria nº 91/GM de 10 de janeiro de 2007 regulamenta a unificação do processo de pactuação de indicadores e estabelece os indicadores do Pacto pela Saúde. A implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa (CSPI)está dentre as ações previstas no âmbito federal, estadual e municipal. É um instrumento que visa propiciar um levantamento periódico de determinadas condições do indivíduo idoso e outros aspectos que possam interferir no seu bem-estar (BRASIL, 2007; BRASIL, 2008).

Diante do levantamento acerca das políticas que abordam o envelhecimento populacional, evidenciaram-se avanços tanto na agenda internacional quanto na nacional nas últimas duas décadas. Grande parte das sugestões das assembleias internacionais foi incorporada pela legislação. Apesar disso, muito ainda precisa ser feito para os idosos, pois, embora essa população tenha formal e legalmente assegurada atenção às suas demandas, na prática, as ações institucionais mostram-se tímidas, limitando-se a experiências isoladas.

Dessa forma, para que as políticas voltadas para o envelhecimento populacional possam ser efetivas, é necessário que elas apresentem uma abordagem integrada em seus diversos setores específicos: saúde, economia, mercado de trabalho, seguridade social e educação.

3.3 MODELO PARA A ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE NO BRASIL

Modelos assistenciais ou modelos de atenção têm sido definidos, segundo Paim (2003,p.568) como:

combinações tecnológicas utilizadas pela organização dos serviços de saúde em determinados espaços populações, incluindo ações sobre o ambiente, grupos populacionais, equipamentos comunitários e usuários de diferentes unidades prestadoras de serviços de saúde com distinta complexidade (postos, centros de saúde, hospitais etc.).

Dessa forma, modelo assistencial diz respeito ao modo como são organizadas, em uma dada sociedade, as ações de atenção à saúde, envolvendo os aspectos tecnológicos e assistenciais. Ou seja, é uma forma de organização e articulação entre os diversos recursos físicos, tecnológicos e humanos disponíveis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma coletividade.

Merhy (2003a) complementa que:

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comprometida com necessidades enquanto valores de uso, enquanto utilidades para indivíduos e grupos.

A partir da segunda metade da década de 1970, em decorrência da crise do setor saúde, o modelo assistencial predominante no Brasil voltado às ações curativas, de alto custo e de exclusão social, caracterizado pela utilização irracional de recursos tecnológicos disponíveis e pela baixa resolutividade, vivencia uma profunda crise, emergindo no âmbito da saúde pública algumas propostas que visam à transformação das práticas das ações de saúde, objetivando a ampliação da cobertura para a população excluída pela assistência previdenciária (COSTA et al., 2009).

Assim, em 1986, ocorreu a 8º Conferência Nacional de Saúde, momento no qual a Reforma Sanitária Brasileira teve seus princípios lançados, os quais influenciaram fortemente o desenvolvimento do processo de institucionalização da saúde como dever do Estado e de direito do cidadão brasileiro. Esse processo culminou num sistema de saúde coletivo, gratuito e de controle social, que recebeu o nome SUS (BRASIL,2006d).

Para a construção do SUS, foi fundamental a reorientação do modelo assistencial vigente e hegemônico no país, focado em uma atenção médico assistencial privatista (COSTA et al., 2009).

Dessa forma, pautado neste propósito de transformação, um processo de construção social de um novo sistema de saúde com mudanças estruturais se fez necessário. Iniciou-se então, um SUS, em que o modelo de atenção (vigilância à saúde) é direcionado não apenas para um modelo curativo e biomédico (hospitalocêntrico), mas também em um modelo de atenção voltado para as ações de promoção à saúde e prevenção de agravos (MENDES, 1996).

Segundo Paim (2003, p.577) os elementos e princípios da proposta do modelo da vigilância à saúde, no qual o SUS está vinculado são:

Práticas sanitárias destinadas a controlar determinantes, riscos e danos, sobretudo, no nível local. Apoia-se na ação intersetorial e procura reorganizar as práticas de saúde no nível local com as seguintes características: intervenção sobre os problemas de saúde, ênfase em problemas que requerem atenção contínua; utilização do conceito epidemiológico de risco, articulação entre ações promocionais, preventivas e curativas; atuação intersetorial; ações sobre o território e intervenção sobre a forma de operações.

Imagem

Figura 1: Localização da área de estudo
Gráfico 1 - Distribuição dos profissionais da equipe da ESF por categoria profissional
Tabela 1 - Distribuição das variáveis sexo, idade e ano de conclusão de formação, segundo as  categorias profissionais da equipe da ESF
Tabela 2 - Distribuição das variáveis pós graduação e suas respectivas área do conhecimento,  de acordo com os profissionais de nível superior da ESF
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