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Análise comparativa de variáveis biomecânicas entre as mulheres idosas caidoras e não caidoras

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Luciano Fernandes Crozara

ANÁLISE COMPARATIVA DE VARIÁVEIS BIOMECÂNICAS ENTRE MULHERES IDOSAS CAIDORAS E NÃO CAIDORAS

Dissertação apresentada ao Instituto de

Biociências do Câmpus de Rio Claro,

Universidade Estadual Paulista, como parte

dos requisitos para obtenção do Título de

Mestre em Desenvolvimento Humano e

Tecnologias - Área Tecnologias nas

Dinâmicas Corporais.

Orientador: Prof. Dr. Mauro Gonçalves

Rio Claro

(2)
(3)

RESUMO

Alterações de força e potência muscular, nível elevado de cocontração, desequilíbrio

de força entre músculos antagonistas, respostas motoras inadequadas, especialmente

nos membros inferiores, estão associadas ao envelhecimento. Tais fatores podem

estar relacionados às perdas de capacidades funcionais e ao aumento do risco de

quedas na população idosa. Diante deste fato extremamente comprometedor para a

qualidade de vida desta população, os objetivos do presente estudo foram: (1)

comparar a capacidade de produzir torque e potência nas articulações do joelho e

tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não caidoras; (2) comparar o torque

máximo, a taxa de desenvolvimento de força (TDF), a taxa de aumento do sinal

eletromiográfico (TAEMG) e o tempo de reação sensório-motora entre mulheres jovens,

idosas caidoras e não caidoras; (3) comparar o nível de cocontração, a razão

eletromiográfica e a razão de força entre músculos agonistas e antagonista das

articulações de joelho e tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não

caidoras. Para cada objetivo proposto é apresentado um artigo, nos quais foram

avaliados 63 indivíduos que se voluntariaram para o estudo, sendo: 18 mulheres

jovens, 22 mulheres idosas com histórico de quedas nos últimos doze meses

pregressos ao estudo e 23 mulheres idosas sem histórico de quedas nos últimos doze

meses pregressos ao estudo. Entre as participantes idosas foram realizados os testes

funcionais escala de equilíbrio de Berg (EEB) e teste de sentar e levantar (TSL). Para a

aquisição das variáveis foi utilizado um dinamômetro isocinético, no modo de execução

concêntrico/concêntrico e isométrico para a avaliação das articulações do joelho e

tornozelo em sincronia com um sistema de aquisição de sinais eletromiográficos (EMG)

por telemetria dos músculos reto femoral, vasto lateral, bíceps femoral, tibial anterior e

gastrocnêmio lateral. Com a aquisição destas variáveis foram obtidas medidas de

torque, razão de pico de torque, potência, TDF, TAEMG, ativação muscular agonista,

cocontração muscular antagonista, razão eletromiográfica, tempo de reação total e

tempo de reação fracionado (tempo pré motor e tempo motor). Idosas caidoras

apresentaram menor capacidade de produzir potência na articulação do joelho durante

a extensão a 90 e flexão 120°/s, menores valores de pico de torque isométrico na

articulação do joelho e reduzida TAEMG no músculo GL durante as contrações

isométricas em relação as idosas não caidoras. Além disso, somente as idosas

(4)

menor potência de flexão dorsal do tornozelo a 90°/s em relação a jovens. Com relação

aos testes funcionais idosas caidoras apresentaram menores e maiores pontuações na

EEB e no TSL do que idosas não caidoras, respectivamente. Idosas,

independentemente do histórico de quedas, apresentaram maior tempo motor para os

músculos RF, VL, BF, GL e TA, maior tempo para atingir o torque isométrico máximo

(flexão dorsal do tornozelo), maior razão de pico de torque de flexão dorsal/plantar do

tornozelo a 90 e 120°/s, declínio do torque máximo e reduzida TDF nas articulações do

joelho e tornozelo em relação as jovens. Portanto, concluiu-se que idosas caidoras

apresentam desempenho funcional reduzido, menor capacidade de produzir potência

nos movimentos de extensão e flexão do joelho e flexão dorsal do tornozelo, menor

produção de força máxima nos extensores e flexores do joelho e nos flexores plantares

do tornozelo em relação a idosas sem histórico de quedas nos últimos doze meses

pregressos ao estudo.

Palavras-chave: Eletromiografia de superfície. Dinamometria isocinética. Quedas.

(5)

ABSTRACT

Changes in muscle strength and power, high level of co-contraction, strength imbalance

between antagonist muscles, inadequate motor responses, especially in the lower

limbs, are associated with aging. Such factors may be related to loss of functional

capacity and increased risk of falls in the elderly. Given this fact extremely

compromising for the quality of life in this population, the objectives of this study were:

(1) to compare the ability to produce power and joint torque in the knee and ankle

among young females, older female fallers and nonfallers, (2) to compare the maximum

torque, the rate of force development (RFD), the rate of rise in EMG (RREMG) and

sensory motor reaction time among young females, older females fallers and nonfallers

(3) to compare the level of co-contraction, EMG and joint torque ratio between agonists

and antagonist muscles of knee and ankle joints among young females, older females

fallers and nonfallers. For each objective proposed is presented a paper, which were

evaluated 63 subjects who volunteered for the study, being: 18 young females, 22 older

females with a history of falls in the last twelve months previous to the study and 23

older females with no history of falls in the last twelve months previous to the study.

Among the older participants were conducted the tests Berg Balance Scale (BBS) and

sitting and standing test (SST). For the acquisition of the data was used an isokinetic

dynamometer, in concentric/concentric and isometric mode for the evaluation of knee

and ankle joints in sync with an acquisition system of electromyographic signals by

telemetry of the rectus femoris (RF), vastus lateralis (VL), biceps femoris (BF), tibialis

anterior (TA) and gastrocnemius lateralis (GL). With the acquisition of these data were

obtained measurements of joint torque, ratio of peak torque, power, RFD, RREMG,

agonist muscle activation, antagonist muscle co-contraction, EMG ratio, total reaction

time and fractionated reaction time (pre-motor time and motor time). Older fallers

showed less ability to produce power in the knee joint during extension and flexion at 90

and 120°/s, lower values of peak torque in the knee joint and reduced RREMG of the

GL muscle during isometric contractions than older nonfallers. Furthermore, only the

older fallers showed a higher level of EMG activation of the RF and BF muscles and

lower power of ankle dorsiflexion at 90°/s than young females. With respect to

functional tests older fallers had lower and higher scores on BBS and SST tests than

older nonfallers, respectively. Older females, irrespective of history of falls, had longer

(6)

isometric torque (ankle dorsiflexion), higher ratio of peak torque of ankle

dorsiflexion/plantiflexion at 90 and 120°/s, lower peak torque and reduced rate of torque

development in the knee and ankle joints than to young females. Therefore, it was

concluded that older females fallers have reduced functional performance compared to

older females who do not fall and the lower ability to produce power in the movements

of extension and knee flexion and ankle dorsiflexion, the lower peak torque production

in the knee extensors and flexors and especially in the ankle plantar flexors are

instances that should be further investigated as potential contributors to falls in elderly.

(7)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus por ter me dado a oportunidade e a capacidade para

desempenhar minhas funções pessoais e profissionais da melhor maneira possível. A

Ti toda honra e glória.

Aos meus pais e minha irmã por toda a confiança, carinho, amor incondicional,

paciência, investimento pessoal e por ser minha estrutura, amo vocês, esta vitória é

nossa!

A minha namorada e meu tesouro Gabriella, por todo seu companheirismo, dedicação,

apoio, por todo o crescimento pessoal e profissional, pelos vários momentos felizes e,

principalmente, por todo seu amor e carinho, Te Amo!!! Sou um homem realizado ao

seu lado.

Ao meu orientador Mauro Gonçalves, pelo aprendizado constante, pelo exemplo de

dedicação, competência e ética profissional. Obrigado pela oportunidade e pelo

privilégio de ter feito parte de seu grupo de pesquisa.

Aos meus grandes amigos de Uberlândia e Rio Claro, a quem devo boa parte da

história da minha vida tanto pessoal como acadêmica, é um privilégio ter vocês como

amigos!

Aos amigos e colegas do Laboratório de Biomecânica, pelo enorme apoio, pela

contribuição profissional e pessoal, amizade, confraternizações. Ninguém faz pesquisa

sozinho e devo a realização desta pesquisa em grande parte para esse grupo forte,

unido, ético e extremamente competente.

E a todas as pessoas que tiveram alguma contribuição direta ou indiretamente na

minha vida tanto acadêmica quanto pessoal para que hoje fosse possível eu realizar

mais um dos meus objetivos, e sei que tem muitos mais pela frente!

À CAPES, CNPq, FAPESP e FUNDUNESP pelo apoio financeiro ao projeto e ao

(8)

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO... 9

2 OBJETIVOS... 11

2.1 Objetivos gerais... 11

2.2 Objetivos específicos... 11

3 ARTIGOS... 12

3.1 Artigo 1... 13

3.2 Artigo 2... 32

3.3 Artigo 3... 56

4 CONCLUSÃO... 72

5 REFERÊNCIAS... 73

6 ANEXOS... 76

6.1 Anexo 1: Escala de equilíbrio de Berg... 76

6.2 Anexo 2: Mini-Exame de estado mental... 82

6.3 Anexo 3: Questionário internacional de nível de atividade física... 84

6.4 Anexo 4: Questionário específico sobre quedas... 87

6.5 Anexo 5: Termo de consentimento livre e esclarecido... 88

(9)

1 INTRODUÇÃO

De 1950 a 1998, a população mundial de idosos passou de aproximadamente

204 milhões para 579 milhões e a projeção para 2050 é de cerca de 1,9 bilhão. Este

fenômeno deve-se, entre outros fatores, ao aumento da expectativa de vida, devido

à melhoria nas condições de saúde e aos avanços da área médica (IBGE, 2000;

HIRANO; FRAGA; MANTOVANI, 2007). Segundo a Organização Mundial de Saúde,

nos países desenvolvidos, são considerados idosos os indivíduos com mais de 65

anos de idade, e nos países em desenvolvimento os com mais de 60 anos de idade.

O envelhecimento biológico natural do ser humano (senescência) vem

acompanhado de uma série de alterações fisiológicas, tais como: comprometimento

da visão, diminuição da audição, do equilíbrio, redução da velocidade dos impulsos

nervosos, diminuição dos mecanismos de atenção e tempo de reação, alterações

proprioceptivas e degeneração do sistema neuromuscular que, por sua vez, leva ao

comprometimento do desempenho motor expondo-os a situações de quedas,

geralmente com graves consequências (BASSEY, 1997; ABREU, CALDAS, 2008;

COURT-BROWN, CLEMENT, 2009; CHODZKO-ZAJKO et al., 2009; STELMACH;

ZALAZNIK; LOWE, 1990; DOHERTY et al., 1993; METTER et al., 1998; SCAGLIONI

et al., 2002; TANG; WOOLLACOTT, 1998; KERRIGAN et al., 1998). Além disso, o

sedentarismo tem sido apontado como fator não menos importante na aceleração do

processo de degeneração do sistema neuromuscular com o envelhecimento

(BASSEY, 1997; HARRIDGE et al., 1999; CHODZKO-ZAJKO et al., 2009). Nesse

sentido, estudos relatam que após treinamento de equilíbrio com haste vibratória

ocorre uma diminuição do risco de queda em mulheres idosas (HALLAL; MARQUES;

GONÇALVES, 2011).

Dentre as alterações fisiológicas que acompanham o envelhecimento, a

degeneração do sistema neuromuscular tem grande influência no desempenho das

atividades de vida diárias da população idosa (KERRIGAN et al., 1998). A

diminuição da força muscular, flexibilidade, resistência, velocidade de condução de

impulsos nervosos e do equilíbrio, pode acarretar inúmeros fatores responsáveis

pela perda da autonomia e independência dos idosos (BASSEY, 1997; MEULEMAN

et al., 2000; FARIA et al., 2003; HIRANO; FRAGA; MANTOVANI, 2007).

As manifestações de distúrbios no equilíbrio têm importante impacto para os

(10)

decorrentes de quedas (COLLEDGE, 1997; BURNFIELD et al., 2000; FARIA et al.,

2003; RIBEIRO; PEREIRA, 2005; SILVA et al., 2006; HIRANO; FRAGA;

MANTOVANI, 2007; PIJNAPPELS et al., 2008a; PIJNAPPELS et al., 2008b; VAN

DIEEN; PIJNAPPELS, 2008). No Brasil, estima-se que cerca de 4.32 milhões de

idosos caem a cada ano e entre estes, 2.175 milhões sofrem com algum tipo de

consequência da queda (ABREU; CALDAS, 2008). Além disso, a Sociedade

Brasileira de Geriatria e Gerontologia aponta que cerca de 30% dos indivíduos com

idade maior ou igual a 65 anos apresentam relato de queda anualmente, havendo

aumento deste percentual para 51% nos indivíduos com mais de 85 anos. Existe

uma relação direta entre o envelhecimento e o aumento de fraturas causadas por

quedas, aproximadamente 86% dos casos (COURT-BROWN; CLEMENT, 2009).

A queda pode ser considerada um evento sentinela, ou seja, sinalizador do

início do declínio da capacidade funcional envolvendo diversas causas, fatores

intrínsecos (fisiológicos e neuromusculares) ou extrínsecos (ambientais), geralmente

de etiologia multifatorial, sobretudo em pessoas muito idosas (COLLEDGE, 1997;

MENEZES; BACHION, 2008; LAROCHE et al, 2010). Este evento (queda) pode ser

definido pela insuficiência súbita do controle postural (desequilíbrio), que leva o

indivíduo a um evento não intencional que tem como resultado a mudança de

posição da corpo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial (LAMB

et al., 2005; COLLEDGE, 1997). Em outras palavras, a queda pode ser

consequência da incapacidade do reposicionamento ou manutenção do centro

massa sobre a base de suporte após uma perturbação postural (THELEN et al,

1996; ROBINOVITCH et al. 2002).

Nesse sentido, a investigação do comportamento de variáveis biomecânicas

em indivíduos idosos com e sem histórico de quedas se torna importante tanto para

melhor compreender os mecanismos da queda quanto para fornecer subsídios

científicos para a elaboração de estratégias de intervenção com exercício físico que

(11)

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

- O objetivo deste estudo é descrever o comportamento de variáveis

biomecânicas em indivíduos idosos com e sem histórico de quedas.

2.2 Objetivos específicos

- Comparar o pico de torque (PT), a atividade eletromiográfica (EMG) no PT e

a potência muscular de flexores e extensores do joelho e de flexores dorsais e

plantares do tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não-caidoras.

- Comparar a taxa de desenvolvimento de torque, a taxa de aumento EMG, o

tempo para atingir o PT e o tempo de reação total e fracionado (tempo pré motor e

tempo motor) de flexores e extensores do joelho e de flexores dorsais e plantares do

tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não-caidoras.

- Comparar a razão de PT, a razão eletromiográfica e o nível de cocontração

muscular antagonista dos flexores/extensores do joelho e flexores dorsais/plantares

(12)

3 ARTIGOS

Nesse capítulo serão apresentados os artigos que compõem esta dissertação,

intitulados:

3.1 Força e ativação neuromuscular no joelho e tornozelo de mulheres idosas

caidoras e não caidoras

3.2 Tempo de resposta motora, taxa de aumento EMG e taxa de desenvolvimento

de força em mulheres idosas caidoras e não caidoras

3.3 Análise dinamométrica e eletromiográfica em mulheres idosas caidoras e não

(13)

3.1 FORÇA E ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR NO JOELHO E TORNOZELO DE MULHERES IDOSAS CAIDORAS E NÃO CAIDORAS

RESUMO

Introdução: Alterações de força e potência muscular, especialmente nos membros inferiores, estão associadas ao envelhecimento e têm sido apontadas como um dos principais fatores causais das quedas e consequentemente de danos na saúde, qualidade de vida e independência de indivíduos idosos. Nesse sentido a avaliação de músculos envolvidos nas articulações do joelho e tornozelo é importante para melhor compreender a influência do histórico de quedas na função muscular. Objetivo: Comparar o pico de torque (PT), a atividade eletromiográfica no PT e a potência muscular de flexores e extensores do joelho e de flexores dorsais e plantares do tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não-caidoras. Método: Foram avaliados 63 indivíduos, sendo 18 mulheres jovens, 22 idosas classificadas como caidoras e 23 como não caidoras. O torque e a potência foram determinadas em contração voluntária máxima a 90 e 120°/s utilizando um dinamômetro isocinético. Durante as avaliações dinamométricos também foi registrado o sinal eletromiográfico de superfície (EMG) dos músculos reto femoral (RF), vasto lateral (VL), bíceps femoral (BF), gastrocnêmio lateral (GL) e tibial anterior (TA). A escala de equilíbrio de Berg (EEB) e o teste de sentar e levantar (TSL) foram utilizados para caracterizar o desempenho funcional. Resultados: Idosas caidoras apresentaram menor capacidade de produzir potência na articulação do joelho a 90 e 120°/s e do tornozelo a 90°/s do que jovens e idosas não caidoras. Além disso, idosas caidoras apresentaram um maior nível de ativação agonista dos músculos RF e BF durante a extensão e flexão do joelho a 90 e 120°/s em relação a jovens (p < 0,05). Com relação aos testes funcionais EEB e TSL idosas caidoras apresentaram menores e maiores pontuações do que idosas não caidoras, respectivamente (p < 0,05). Conclusão: Idosas caidoras apresentam uma menor capacidade de produzir potência nos movimentos de extensão e flexão do joelho e flexão dorsal do tornozelo em relação a idosas não caidoras. Além disso, o nível ativação muscular agonista de flexores e extensores do joelho de idosas caidoras é superior ao de mulheres jovens, mesmo sem necessariamente produzirem mais força.

(14)

INTRODUÇÃO

O envelhecimento fisiológico do ser humano está associado à degeneração

do sistema neuromuscular que, por sua vez, leva ao comprometimento do

desempenho motor de idosos expondo-os a situações de parcial ou total

dependência e principalmente a episódios de queda, geralmente com graves

consequências (BASSEY, 1997; ABREU, CALDAS, 2008; CHODZKO-ZAJKO et al.,

2009; COURT-BROWN, CLEMENT, 2009).

O envelhecimento pode acometer componentes tanto centrais quanto

periféricos do sistema neuromuscular. Alterações nos parâmetros centrais da

contração muscular decorrentes do processo de envelhecimento estão associados

com o declino da força muscular e potência, que por sua vez tem sido mostradas

como determinantes do aumento do risco de quedas em idosos (POUSSON et al.,

2001; RUBENSTEIN, 2006; BENTO et al, 2010; CLARK et al., 2011). Por outro lado,

componentes periféricos do sistema neuromuscular, como as propriedades

contráteis do músculo esquelético também sofrem influência do processo de

envelhecimento, uma vez que se tornam mais lentas devido à perda predominante

de fibras musculares do tipo II em um processo conhecido como sarcopenia

(BASSEY, 1997; VANDERVOORT, 2002; EDSTROM et al., 2007; AAGAARD et al.,

2010). No entanto, sugere-se que as alterações nos componentes centrais do

sistema neuromuscular decorrentes do envelhecimento, refletem uma adaptação

neural, uma vez que altas taxas de disparo não aumentariam a produção de força

pelo músculo (CONNELLY et al., 1999; KLASS; BAUDRY; DUCHATEAU, 2007).

Estudos prévios indicam que indivíduos idosos classificados como caidores

apresentam potência de flexão/extensão do joelho e flexão-plantar/flexão-dorsal do

tornozelo reduzidas quando comparados com idosos não-caidores, e que ambos

apresentam esta diminuição em relação a jovens (BASSEY et al, 1992; PERRY et al,

2007; CASEROTTI et al, 2008). Pousson et al. (2001) por sua vez, ao avaliarem a

articulação do cotovelo em idosos relataram que estes apresentaram menor nível de

ativação neuromuscular do que jovens e ainda, que o nível de ativação

neuromuscular em altas velocidades angulares (240°/s) foi menor do que em

velocidades mais baixas (60°/s) no grupo de idosos quando comparados a jovens.

No entanto, ainda não está bem estabelecido na literatura que tipo e velocidade de

(15)

articulações do joelho e tornozelo e com um aumento do risco de quedas em

indivíduos idosos.

Além disso, o sedentarismo tem sido apontado como fator não menos

importante na aceleração do processo de degeneração do sistema neuromuscular

com o envelhecimento (BASSEY, 1997; HARRIDGE et al., 1999; CHODZKO-ZAJKO

et al., 2009). Estudos relatam que idosos sedentários apresentam um declínio mais

acentuado da força e da potência, quando comparados com idosos submetidos a

diversas modalidades de treinamento (KLITGAARD et al.,1990; VANDERVOORT,

2002; KORHONEN et al., 2006; CHODZKO-ZAJKO et al., 2009). Portanto, o objetivo

do presente estudo foi comparar o pico de torque (PT), a atividade eletromiográfica

no PT e a potência muscular de flexores e extensores do joelho e de flexores dorsais

e plantares do tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não caidoras. As

hipóteses deste estudo são que mulheres idosas classificadas como caidoras

apresentarão uma menor capacidade de produzir força e ativação muscular nos

músculos envolvidos nas articulações do joelho e tornozelo do que idosas não

caidoras durante contrações dinâmicas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

Participaram deste estudo 45 mulheres idosas não institucionalizadas e 18

mulheres jovens, todas fisicamente ativas. As características físicas das

participantes estão apresentadas na Tabela 1. As mulheres jovens compuseram o

grupo de jovens (GJ; n = 18), enquanto que as mulheres idosas foram divididas em

dois grupos, grupo de idosas não-caidoras (GINC; n = 23) e grupo de idosas

caidoras (GIC; n = 22), baseado no protocolo utilizado por Callisaya et al. (2011), no

qual era relatado pelas participantes idosas o número de queda nos últimos 12

meses pregressos ao estudo, incluindo as causas da queda, caso tenha ocorrido. As

participantes idosas realizaram os testes funcionais Escala de Equilíbrio de Berg

(BERG et al., 1992) e teste de Sentar e Levantar (ARAÚJO, 1999), respectivamente,

para avaliação do risco de queda e da capacidade de sentar e levantar do chão

utilizando o mínimo de apoio possível. Para a classificação do nível de atividade

(16)

Organização Mundial de Saúde, 1998). Foram incluídas no estudo as voluntárias

que não apresentaram dor, fratura, ou lesão grave em tecidos moles nos seis meses

antecedentes ao estudo, e sem comprometimentos cognitivos (Mini-Exame do

Estado Mental – FOLSTEIN; FOLSTEIN; MCHUGH, 1975), cardiovasculares ou

respiratórios. Todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa local (CEP 69/2009).

Tabela 1. Média e desvio padrão (±) das características físicas das participantes jovens (GJ), idosas não caidoras (GINC) e idosas caidoras (GIC) e das pontuações nos testes funcionais (somente para os grupos de idosas).

GJ (n = 18) GINC (n = 23) GIC (n = 22) p

Idade (anos) 21,79 ± 2,12 66,09 ± 5,96 69,68 ± 6,99 0,070

Massa Corporal (kg) 60,72 ± 7,92 64,72 ± 12,68 66,06 ± 9,81 0,695

Estatura (m) 1,62 ± 0,06 1,55 ± 0,06 1,52 ± 0,05 0,120

IMC (kg.m-²) 23,29 ± 3,23 27,08 ± 4,68 28,66 ± 3,9 0,226

EEB - 54,91 ± 1,51 53,53 ± 3,26 0,012*

TSL - 3,45 ± 1,82 5,38 ± 2,57 0,003*

IMC: Índice de massa corporal; EEB: Escala de equilíbrio de Berg; TSL: Teste de sentar e levantar.

* Diferença significativa entre os grupos de idosas caidoras e não caidoras (p < 0,05)

Avaliação dinamométrica

As avaliações de torque das articulações do joelho e tornozelo foram

realizadas em um dinamômetro isocinético System 4 PRO (Biodex®), o qual foi

sincronizado com o módulo de aquisição de sinais biológicos por meio de uma placa

de sincronização NorBNC versão USB (Noraxon®). Os dados dinamométricos e

eletromiográficos foram registrados pelo software myoresearch com frequência de

amostragem de 2000 Hz (versão 1,07, Noraxon®).

O protocolo de avaliação foi composto de uma série de cinco contrações

isocinéticas máximas para flexão e extensão do joelho no modo de execução

concêntrico/concêntrico nas velocidades de 90 e 120º/s. A amplitude de movimento

foi de 90 a 30° (60°), considerando que 0° corresponde a extensão completa do

joelho. O epicôndilo lateral do fêmur foi alinhado ao eixo de rotação do dinamômetro

e o quadril foi posicionado a 90º de flexão em todos os modos de execução nas

avaliações do joelho (HARTMANN et al, 2009) (Figura 1). Foram realizados os

(17)

velocidades de 90 e 120º/s percorrendo uma amplitude de movimento de 20° para

flexão dorsal e 40° para flexão plantar, partindo da posição neutra. Nas avaliações

do tornozelo a borda inferior do maléolo lateral foi alinhada ao eixo de rotação do

dinamômetro e o quadril e o joelho foram posicionados a 70 e 45° de flexão,

respectivamente (HARTMANN et al, 2009) (Figura 2). Foi realizada a correção

gravítica em todas as avaliações dinamométricas.

Figura 1: Posicionamento do voluntário no dinamômetro para a avaliação isocinética de músculos envolvidos na articulação do joelho.

A sequência das avaliações no equipamento foi aleatória e o posicionamento

dos indivíduos no dinamômetro isocinético foi de acordo com as recomendações do

fabricante. Durante as avaliações, o tronco, a pelve e o membro inferior foram

estabilizados por meio de cintas ajustáveis. A avaliação foi realizada no membro

inferior dominante (SADEGHI et al, 2000), e cada série foi realizada após

familiarização de três repetições submáximas e 1 máxima do movimento a ser

(18)

durante as avaliações e orientadas a iniciar a contração muscular o mais rápido e

forte possível, imediatamente após identificar o feedback visual (luz).

Figura 2: Posicionamento do voluntário no dinamômetro para a avaliação isocinética de músculos envolvidos na articulação do tornozelo.

Eletromiografia

O eletromiograma de superfície (EMG) foi registrado durante a avaliação

dinamométrica utilizando um módulo de aquisição de sinais biológicos por telemetria

(Telemyo 900, Noraxon®), com ganho total de 2000 vezes (20 vezes no sensor e 100

vezes no equipamento), razão de modo de rejeição comum > 100 dB (60 Hz), ruído

de base < 1 µV root mean square (RMS), impedância diferencial de entrada > 10

MOhm, utilizando um conversor analógico-digital de 16 bit. O EMG foi registrado

com frequência de amostragem de 2000 Hz. Foram utilizados eletrodos de superfície

bipolares Ag/AgCl (Miotec®), com área de captação de 10 mm de diâmetro e

distância intereletrodos (centro a centro) fixa de 20 mm. Previamente a colocação

dos eletrodos, foi realizada a tricotomia e limpeza da pele com álcool, como forma

de evitar possíveis interferências no sinal eletromiográfico (GONÇALVES e

BARBOSA, 2005).

Os eletrodos foram posicionados unilateralmente no membro inferior

(19)

femoral (BF), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio porção lateral (GL),

longitudinalmente e paralelamente ao sentido das fibras musculares de acordo com

as recomendações do SENIAM (Surface EMG for Non-Invasive Assessment of

Muscles; HERMENS et al., 2002). O eletrodo de referência foi posicionado no

maléolo medial do membro avaliado.

Figura 3: Posicionamento dos eletrodos nos músculos RF, VL, BF, TA e GL.

Análise de dados

Os dados dinamométricos e eletromiográficos foram processados e

analisados por meio de rotinas específicas desenvolvidas em ambiente Matlab,

versão 7,4 (Mathworks®, Inc.).

O sinal de torque foi suavizado utilizando um filtro digital (Butterworth de 4ª

ordem) passa baixa com frequência de corte de 3 Hz (WINTER, 1990). Desta forma

foi obtido o valor do PT (N.m) dentre um total de quatro picos obtidos de contrações

voluntárias isocinéticas máximas (após desconsiderar a primeira contração). Para o

cálculo da potência média (Watts) foi calculada a média do torque realizado durante

as contrações que, em seguida, foi multiplicada pela velocidade angular em radianos

por segundo. As medidas de torque foram normalizadas pela massa corporal para

explicar as diferenças entre os voluntários e refletir mais precisamente o

desempenho funcional muscular de cada indivíduo.

O EMG dos músculos RF, VL, BF, GL e TA foi filtrado por um filtro digital

(20)

de 20-500 Hz e em seguida foi retificado por onda inteira e suavizado por filtro digital

(Butterworth de 4ª ordem) passa baixa com frequência de corte de 3 Hz para a

criação do envoltório linear (WINTER, 1990). O EMG referente ao pico de torque foi

obtido em um janelamento de 100 ms (50 ms antes e 50 ms depois do pico de

torque). Os dados EMG foram normalizados pelo pico de ativação de cada músculo

obtido durante uma contração isométrica voluntária máxima realizada anteriormente.

Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas com o “Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS)” software, versão 18,0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA). Como

as suposições da análise de variância multivariada (MANOVA) foram violadas e

consequentemente o poder do teste foi seriamente prejudicado, após a verificação

da normalidade (teste de Shapiro-Wilk) e homogeneidade da variância dos dados

(teste de Levene), foram realizadas análises de variância (ANOVA) one-way com

teste post-hoc de Bonferroni ou, quando apropriado, ANOVA de Kruskal-Wallis

seguida de testes de Mann-Whitney com correção de Bonferroni para as

comparações de cada variável dependente entre os grupos. Para todos os

procedimentos, considerou-se a significância de p < 0,05. Os dados estão

apresentados como média e desvio padrão (±).

RESULTADOS

Com relação aos testes funcionais, idosas não-caidoras atingiram maiores

pontuações na escala de equilíbrio de Berg e utilizaram um menor número de apoios

no teste de sentar e levantar do que idosas caidoras (Tabela 1).

De forma geral, as idosas (caidoras e não caidoras) demonstraram uma

declínio de força, em relação as jovens, durante a extensão (p < 0,0005; p < 0,0005)

e flexão (p < 0,0005; p < 0,0005) do joelho e flexão plantar (p < 0,0005; p < 0,0005)

e dorsal do tornozelo (p < 0,0005; p < 0,0005) nas velocidades de 90 e 120°/s,

respectivamente. No entanto, não houve diferenças de força nos movimentos

extensão e flexão do joelho e flexão dorsal e plantar do tonozelo entre idosas

(21)

0 50 100 150 200 250 Extensão Flexão JOELHO

GJ GINC GIC

* # * # (a) Pi co de t o rque ( N m .kg -1 ) 0 50 100

150 Flexão plantar

Flexão dorsal

GJ GINC GIC

TORNOZELO * # * # (a) Pi co de t o rque ( N m .kg -1 ) 0 50 100 150 200 250 Extensão Flexão

GJ GINC GIC

* # * # (b) Pi co de t o rque ( N m .kg -1 ) 0 20 40 60 80

100 Flexão plantar

Flexão dorsal

GJ GINC GIC

*# * # (b) Pi co de t o rque ( N m .kg -1 )

Figura 4. Pico de torque de extensão e flexão do joelho e flexão plantar e dorsal do tornozelo das participantes jovens (GJ), idosas caidoras (GIC) e não caidoras (GINC) durante as contrações isocinéticas a (a) 90 e (b) 120°/s. Os dados estão apresentados como média e desvio padrão (±).

#

Diferença significativa em relação ao grupo de idosas não caidoras (p < 0,05) * Diferença significativa em relação ao grupo de idosas caidoras (p < 0,05)

Foram reveladas diferenças significativas na potência muscular de jovens em

relação às idosas (caidoras e não caidoras) nos movimento de extensão (p < 0,0005;

p < 0,0005) e flexão (p < 0,0005; p < 0,0005) do joelho a 90°/s, extensão (p <

0,0005; p < 0,0005) e flexão (p < 0,0005; p < 0,0005) do joelho a 120°/s, flexão

plantar (p = 0,003; p = 0,006) do tornozelo a 90°/s e flexão plantar (p = 0,003; p =

0,021) e dorsal do tornozelo (p = 0,019; p = 0,024) a 120°/s, respectivamente.

Somente idosas caidoras apresentaram uma menor capacidade de gerar potência

de flexão dorsal do tornozelo a 90°/s do que jovens (p < 0,0005). Além disso, idosas

caidoras demonstraram uma menor habilidade para gerar potência do que as idosas

não-caidoras durante a extensão do joelho 90°/s (p = 0,049) e durante a flexão do

(22)

flexão de joelho a 90°/s e extensão de joelho a 120°/s foram similares entre idosas

caidoras e não caidoras. O mesmo foi observado para a flexão plantar e dorsal do

tornozelo a 90 e 120°/s (Figura 5).

0 100 200 300 400 Extensão Flexão

GJ GINC GIC

JOELHO * # * # + (a) P o n c ia m é d ia (w a tts .k g -1 ) 0 20 40 60 80 100 Flexão plantar Flexão dorsal

GJ GINC GIC

TORNOZELO * * # (a) P o n c ia m é d ia (w a tts .k g -1 ) 0 100 200 300 400 500 Extensão Flexão

GJ GINC GIC

* # * # + (b) P o n c ia m é d ia (w a tts .k g -1 ) 0 50 100

150 Flexão plantar

Flexão dorsal

GJ GINC GIC

* # *# (b) P o n c ia m é d ia (w a tts .k g -1 )

Figura 5. Potência média dos extensores e flexores do joelho e flexores plantares e dorsais do tornozelo das participantes jovens (GJ), idosas caidoras (GIC) e não caidoras (GINC) durante as contrações isocinéticas a (a) 90 e (b) 120°/s. Os dados estão apresentados como média e desvio padrão (±). #

Diferença significativa em relação ao grupo de idosas caidoras (p < 0,05) * Diferença significativa em relação ao grupo de idosas não caidoras (p < 0,05) +

Diferença significativa em relação ao grupo de idosas caidoras (p < 0,05)

Somente as idosas caidoras apresentaram maior nível de ativação do

músculo RF do que jovens durante o movimento de extensão do joelho a 90 (p <

0,0005) e 120°/s (p < 0,0005) e ambos os grupos de idosas (caidoras e não

caidoras) apresentaram um nível de ativação do músculo BF superior aos de jovens

(23)

0,012; p = 0,024), respectivamente. No entanto não foram encontradas diferenças

significativas entre idosas caidoras e não caidoras (Figura 6).

0 50 100 150 200 Reto femoral Vasto lateral Bíceps femoral JOELHO

GJ GINC GIC

* # * (a) A ti vação agoni st a ( % do pi co EM G ) 0 50 100 150 TORNOZELO Tibial anterior Gastrocnêmio lateral

GJ GINC GIC

# (a) A ti vação agoni st a ( % do pi co EM G ) 0 50 100 150 200 Reto femoral Vasto lateral Bíceps femoral

GJ GINC GIC

* *# (b) A ti vação agoni st a ( % do pi co EM G ) 0 50 100 150 Tibial anterior Gastrocnêmio lateral

GJ GINC GIC

* # (b) A ti vação agoni st a ( % do pi co EM G )

Figura 6. Ativação eletromiográfica de músculos envolvidos nas articulações do joelho e tornozelo das participantes jovens (GJ), idosas caidoras (GIC) e não caidoras (GINC) durante as contrações isocinéticas a (a) 90 e (b) 120°/s. Os dados estão apresentados como média e desvio padrão (±). #

Diferença significativa em relação ao grupo de idosas não caidoras (p < 0,05) * Diferença significativa em relação ao grupo de idosas caidoras (p < 0,05)

Foi observado também que durante a flexão dorsal do tornozelo a 90°/s

apenas o nível de ativação do músculo TA de idosas não caidoras foi superior ao de

jovens (p = 0,02). Por outro lado, o nível de ativação do músculo TA durante a flexão

dorsal do tornozelo a 120°/s foi maior em idosas caidoras (p = 0,003) e não caidoras

(24)

durante a flexão plantar do tornozelo não diferiu entre os grupos (GJ, GINC e GIC)

em nenhuma das velocidades analisadas (Figura 6).

DISCUSSÃO

Os principais achados do estudo foram que idosas caidoras têm menor

capacidade de produzir potência muscular na articulação do joelho do que idosas

não caidoras, somente idosas caidoras apresentaram potência de flexão dorsal do

tornozelo inferior a de jovens e uma maior ativação agonista do músculo reto

femoral.

De forma geral, as idosas demonstraram uma capacidade neuromuscular

inferior às jovens no que diz respeito a força e potência muscular nas articulações do

joelho e tornozelo. Quanto a capacidade de produzir torque entre idosas caidoras e

não caidoras não foram encontradas diferenças. Estas diminuições na força e

potência muscular relacionadas ao envelhecimento estão associadas com o declínio

da massa muscular, ou seja, uma redução no número e tamanho das fibras

musculares, especialmente fibras de contração rápida (AAGAARD et al., 2010). Este

comprometimento parece se desenvolver mais rapidamente nos membros inferiores

do que nos superiores (LYNCH et al., 1999; IKEZOE et al, 2011), justificando em

parte a maior propensão a queda em indivíduos idosos, visto que o

reposicionamento ou a manutenção do centro de massa sobre a base de suporte

após um tropeço é dependente da capacidade de produção de torque de maneira

rápida nas articulações do joelho, quadril e, principalmente, do tornozelo (THELEN

et al., 1996). Uma das limitações deste estudo está em não ter sido avaliada a

articulação do quadril cuja importância na recuperação de um desequilíbrio postural

esteja documentada (THELEN et al., 2000).

Particularmente nos movimentos de extensão de joelho a 90°/s e flexão de

joelho a 120°/s, a potência produzida pelas idosas caidoras foi inferior a idosas

não-caidoras. A capacidade de produzir força rapidamente (potência) pode ser preditiva

de quedas, uma vez que para retomar o equilíbrio postural após um desequilíbrio

inesperado são necessários movimentos explosivos, principalmente de músculos

dos membros inferiores (PERRY et al, 2007). Nesse sentido, estudos indicam que a

potência muscular explosiva é mais preditiva do risco de quedas do que a força por

(25)

Por outro lado, para que os músculos realizem contração de forma rápida e

eficiente é necessário uma ativação neural adequada, já que mediante uma

perturbação inesperada do equilíbrio, o sistema nervoso requer uma integração

sensório-motora suficientemente rápida, para isso os receptores musculares agem

como sistema de primeiro alerta para o desencadeamento de ajustes posturais

(90-110 ms) seguido pela visão e sistema vestibular, que desencadeiam compensações

mais lentas (185-250 ms) (NASHNER, 1976, 1982; NASHNER, 1978). Como

observado no presente estudo, idosas caidoras demonstraram uma maior ativação

agonista dos músculos reto femoral, vasto lateral e tibial anterior do que as jovens,

entretanto não atingiram valores de torque e potência de extensão do joelho e flexão

dorsal de tornozelo similares ou superiores aos de jovens. Este fato sugere que além

das diferenças na taxa de disparo dos neurônios motores entre idosos e jovens, é

visto também que as propriedades contráteis do músculo esquelético (componentes

periféricos) se tornam mais lentas devido à perda predominante de fibras

musculares de contração rápida (fibra tipo II) com o envelhecimento (AAGAARD et

al., 2010; CONNELLY et al., 1999; KLASS; BAUDRY; DUCHATEAU, 2007).

Quando se trata das capacidades funcionais e do risco de quedas em idosos,

é necessária uma abordagem específica para a função de músculos dos membros

inferiores, principalmente, os envolvidos nas articulações de joelho e tornozelo, uma

vez que a produção de força e potência nestas articulações tem papel fundamental

no controle postural e é necessária, por exemplo, em atividades de vida diária como

subir e descer escadas, sentar e levantar de uma cadeira e durante a marcha

(CAVANAGH; MULFINGER; OWENS, 1997; LARSEN; SORENSEN et al, 2008;

HOLSGAARD-LARSEN et al, 2011).

Diferentes estratégias podem ser utilizadas para manutenção do equilíbrio

(HORAK, 1987; McLLROY; MAKI; 1996). Dentre elas, a estratégia do tornozelo é a

mais usada e envolve alteração do centro de massa por meio da oscilação do corpo

sobre a articulação tibiotársica, com o mínimo de movimento nas articulações do

quadril e joelho (RUNGE et al, 1999). No entanto, perturbações maiores ou prejuízos

no sistema proprioceptivo podem forçar estratégias adicionais como, por exemplo,

movimentos do joelho e dos membros superiores (KARLSSON; LANSHAMMAR,

1997). Em contrapartida, os dados do presente estudo indicam que a capacidade de

(26)

risco de quedas aumentado em mulheres idosas em relação a articulação do

tornozelo.

Estudos anteriores encontraram que idosos caidores têm uma menor na

capacidade de produzir torque isocineticamente na articulação do tornozelo do que

idosos não-caidores (THELEN et al., 1996; WHIPPLE et al., 1987; WOLFSON et al.,

1995). As diferenças entre estes achados prévios e os do presente estudo podem ter

ocorrido devido a idade mais avançada dos participantes utilizados nesses estudos.

CONCLUSÃO

Idosas caidoras apresentam uma menor capacidade de produzir potência nos

movimentos de extensão e flexão do joelho e flexão dorsal do tornozelo em relação

a idosas não caidoras. Além disso, o nível ativação muscular agonista de flexores e

extensores do joelho de idosas caidoras é superior ao de mulheres jovens, mesmo

(27)

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WINTER, A. D. Biomechanics and motor control of human movement. Second Edition. Waterloo: A Wiley-Interscience Publication, 1990.

(32)

3.2 TEMPO DE RESPOSTA MOTORA, TAXA DE AUMENTO EMG E TAXA DE DESENVOLVIMENTO DE FORÇA EM MULHERES IDOSAS CAIDORAS E NÃO CAIDORAS

RESUMO

Introdução: As quedas são uma das maiores preocupações entre os idosos. Uma resposta neuromuscular adequada frente a uma perturbação do equilíbrio postural é importante para evitar a queda. No entanto, com o envelhecimento ocorrem algumas alterações neuromusculares que, por sua vez estão relacionadas com a lentificação do sistema neuromuscular em responder a um estímulo e ao aumento do risco de quedas na população idosa. Nesse sentido, a análise do comportamento de variáveis biomecânicas relacionadas com a resposta motora rápida e a força muscular explosiva se tornam importantes para o entendimento dos mecanismos de queda em indivíduos idosos. Objetivo: Comparar a taxa de desenvolvimento de torque (TDF), a taxa de aumento eletromiográfico (TAEMG), o tempo para atingir o pico de torque (PT) e o tempo de reação total e fracionado (tempo pré motor e tempo motor) de flexores e extensores do joelho e de flexores dorsais e plantares do tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e não-caidoras Método: Foram avaliados 61 indivíduos, sendo 18 mulheres jovens, 21 idosas classificadas como caidoras e 21 como não caidoras. As medidas de PT, TDF, TAEMG e os tempos de reação (total, pré motor e motor) foram determinadas em contração isométrica voluntária máxima (articulações do joelho e tornozelo) em resposta a um estímulo visual. Durante as avaliações dinamométricas também foi registrado o eletromiograma de superfície (EMG) dos músculos reto femoral (RF), vasto lateral (VL), bíceps femoral (BF), gastrocnêmio lateral (GL) e tibial anterior (TA). A escala de equilíbrio de Berg (EEB) e o teste de sentar e levantar (TSL) foram utilizados para caracterizar o desempenho funcional das participantes idosas. Resultados: Idosas, independentemente do histórico de quedas, apresentaram maior tempo motor (tempo do onset EMG até o onset de torque) para os músculos RF, VL, BF, GL e TA, maior tempo para atingir o PT (flexão dorsal do tornozelo), declínio do PT isométrico e reduzida TDF nas articulações do joelho e tornozelo em relação as jovens (p < 0,05). Além disso, idosas caidoras apresentaram menores valores de PT na articulação do joelho e reduzida TAEMG apenas no músculo GL em relação as idosas não caidoras (p < 0,05). Conclusão: Idosas caidoras apresentam um declínio de força nos extensores e flexores do joelho em relação as idosas não caidoras. Além disso, foi evidenciado que o envelhecimento leva ao aumento do tempo gasto para atingir o PT na flexão dorsal do tornozelo, a diminuição da capacidade para produzir torque máximo e para desenvolver torque rapidamente na articulação do joelho, e a uma resposta motora (tempo motor) lentificada durante a flexão e extensão do joelho e tornozelo.

(33)

INTRODUÇÃO

O envelhecimento humano está associado a uma série de alterações

fisiológicas e biomecânicas, tais como: comprometimento da visão, da audição, da

atenção, da velocidade dos impulsos nervosos, do tempo de reação, dos

mecanismos proprioceptivos, do sistema neuromuscular e, consequentemente, do

equilíbrio postural (STELMACH; ZALAZNIK; LOWE, 1990; DOHERTY et al., 1993;

METTER et al., 1998; SCAGLIONI et al., 2002; TANG; WOOLLACOTT, 1998;

KERRIGAN et al., 1998). Particularmente, dentre essas alterações, a perda

progressiva em tamanho e número de fibras musculares é apontado como um dos

principais fatores que comprometem o desempenho mecânico muscular e contribui

com a perda das capacidades funcionais dos idosos, aumentando a predisposição

destes indivíduos às quedas (VANDERVOORT, 2002; EDSTROM et al., 2007;

AAGAARD et al., 2010). No Brasil, estima-se que cerca de 4.32 milhões de idosos

caem a cada ano e entre estes, 2.175 milhões sofrem com algum tipo de

conseqüência da queda (ABREU, CALDAS, 2008). Court-Brown e Clement (2009)

sugerem uma relação direta entre o envelhecimento e o aumento de fraturas

causadas por quedas, cerca de 86,4% dos casos.

Está bem documentado na literatura que o envelhecimento promove a perda

progressiva da capacidade de produzir força muscular, com uma perda substancial

iniciando aproximadamente nos 50 anos de idade, e a taxa deste declínio é cerca de

15% por década (HUGHES et al., 2001; GROUNDS, 2002; LANZA et al., 2003;

SAMUEL, ROWE, 2009; AAGAARD et al., 2010). Porém, os episódios de queda

parecem estar mais relacionados com a habilidade de responder a um desequilíbrio

postural e desenvolver força rapidamente do que a força máxima por si (SKELTON

et al, 1994), uma vez que um atraso na resposta motora pode aumentar a demanda

neuromuscular necessária para a retomada do equilíbrio (i.e. reposicionamento do

centro de massa sobre a base de suporte) (THELEN et al, 1996; ROBINOVITCH et

al. 2002). Nesse sentido, a taxa de desenvolvimento de força (TDF) é

frequentemente investigada por seu alto impacto em vários movimentos humanos

(i.e. equilíbrio postural) (PIJNAPPELS et al. 2005; THELEN et al. 1996).

A capacidade de desenvolver força rapidamente (i.e. TDF) sofre a influência

de diversos fatores, entre eles as propriedades musculares que abrangem o

(34)

distribuição das fibras musculares, a expressão de isoforma de cadeia pesada de

miosina, a força muscular máxima e o nível de complacência das estruturas

relacionadas com a transmissão da força (HAKKINEN; ALEN; KOMI, 1985;

HARRIDGE et al., 1996; AAGAARD; ANDERSEN, 1998; JENSEN; EBBEN, 2007;

AAGAARD, THORSTENSSON, 2003; BOJSEN-MOLLER et al., 2005; MIRKOV et

al., 2004; AAGAARD et al., 2002), fatores estes que podem ser acometidos pelo

envelhecimento. Além disso, a TDF também pode ser influenciada por componentes

neurais como o drive neural, a dupla descarga e a taxa de disparo das unidades

motoras (VAN CUTSEM et al., 1998; PATTEN et al., 2001; AAGAARD et al., 2002).

Estudos anteriores demonstraram que a reduzida TDF em indivíduos idosos

tem correlação positiva com o declínio do controle postural (IZQUIERDO et al.,

1999), assim como a reduzida taxa de aumento do sinal eletromiográfico (TAEMG),

equivalente neural da TDF, tem sido associada com baixa capacidade de retomada

do equilíbrio após tropeço (PIJNAPPELS, BOBBERT, VAN DIEEN, 2005). Além

disso, alguns fatores temporais da ativação muscular (i.e. tempo de resposta motora

a um estímulo visual) também têm sido associados com o risco de queda em idosos

(LaROCHE et al., 2007; LaROCHE et al., 2010). Nesse sentido, investigação do

comportamento de variáveis biomecânicas entre idosas com e sem histórico de

quedas se torna importante para o um melhor entendimento dos mecanismos da

queda em indivíduos idosos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi comparar a

TDF, a TAEMG, o tempo para atingir o pico de torque e o tempo de reação total e

fracionado (tempo pré motor e tempo motor) de flexores e extensores do joelho e de

flexores dorsais e plantares do tornozelo entre mulheres jovens, idosas caidoras e

não caidoras. As hipóteses deste estudo são que mulheres idosas classificadas

como caidoras apresentarão uma menor capacidade de produzir força máxima e

força rapidamente, lentificação do recrutamento muscular e atraso no tempo para

atingir a força máxima e no tempo de reação frente a um estímulo visual nos

músculos envolvidos nas articulações do joelho e tornozelo em relação a idosas não

(35)

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

Participaram deste estudo 43 mulheres idosas não institucionalizadas e 18

mulheres jovens, todas fisicamente ativas. As características físicas das

participantes estão apresentadas na Tabela 1. As mulheres jovens compuseram o

grupo de jovens (GJ; n = 18), enquanto que as mulheres idosas foram divididas em

dois grupos, grupo de idosas não-caidoras (GINC; n = 22) e grupo de idosas

caidoras (GIC; n = 21), baseado no protocolo utilizado por Callisaya et al. (2011), no

qual era relatado pelas participantes idosas o número de queda nos últimos 12

meses pregressos ao estudo, incluindo as causas da queda, caso tenha ocorrido. As

participantes idosas realizaram os testes funcionais Escala de Equilíbrio de Berg

(BERG et al., 1992) e teste de Sentar e Levantar (ARAÚJO, 1999), respectivamente,

para avaliação do risco de queda e da capacidade de sentar e levantar do chão

utilizando o mínimo de apoio possível. Para a classificação do nível de atividade

física foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ,

Organização Mundial de Saúde, 1998). Foram incluídas no estudo as voluntárias

que não apresentaram dor, fratura, ou lesão grave em tecidos moles nos seis meses

antecedentes ao estudo, e sem comprometimentos cognitivos (Mini-Exame do

Estado Mental – FOLSTEIN; FOLSTEIN; MCHUGH, 1975), cardiovasculares ou

respiratórios. Todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa local (CEP 69/2009).

Tabela 1. Média e desvio padrão (±) das características físicas das participantes jovens (GJ), idosas não caidoras (GINC) e idosas caidoras (GIC) e das pontuações nos testes funcionais (somente para os grupos de idosas).

GJ (n = 18) GINC (n = 22) GIC (n = 21) p

Idade (anos) 21,79 ± 2,12 66,14 ± 6,1 69,62 ± 7,16 0,06

Massa Corporal (kg) 60,72 ± 7,92 65,04 ± 12,89 65,91 ± 10,03 0,512

Estatura (m) 1,62 ± 0,06 1,55 ± 0,06 1,52 ± 0,05 0,119

IMC (kg.m-²) 23,29 ± 3,23 27,13 ± 4,78 28,53 ± 3,95 0,301

EEB - 54,91 ± 1,51 53,50 ± 2,31 0,014*

TSL - 3,63 ± 1,68 5,34 ± 2,65 0,006*

IMC: Índice de massa corporal; EEB: Escala de equilíbrio de Berg; TSL: Teste de sentar e levantar.

(36)

Avaliação dinamométrica

As avaliações de torque das articulações do joelho e tornozelo foram

realizadas em um dinamômetro isocinético System 4 PRO (Biodex®), o qual foi

sincronizado com o módulo de aquisição de sinais biológicos por meio de uma placa

de sincronização NorBNC versão USB (Noraxon®). Os dados dinamométricos e

eletromiográficos foram registrados pelo software myoresearch com frequência de

amostragem de 2000 Hz (versão 1,07, Noraxon®).

Figura 1: Posicionamento do voluntário no dinamômetro para a avaliação isométrica de músculos envolvidos na articulação do joelho.

O protocolo de avaliação foi composto de uma série de três contrações

voluntárias isométricas máximas de flexão e extensão do joelho posicionado a 60°

de flexão (0° extensão completa do joelho) com duração de 5 segundos cada

contração e intervalo de 30 s entre elas. O epicôndilo lateral do fêmur foi alinhado ao

eixo de rotação do dinamômetro e o quadril foi posicionado a 90º de flexão

(37)

para a flexão plantar e flexão dorsal do tornozelo, posicionado na posição neutra.

Nas avaliações do tornozelo a borda inferior do maléolo lateral foi alinhada ao eixo

de rotação do dinamômetro e o quadril e o joelho foram posicionados a 70 e 45° de

flexão, respectivamente (HARTMANN et al, 2009) (Figura 2). Foi realizada a

correção gravítica em todas as avaliações dinamométricas.

A sequência das avaliações no equipamento foi aleatória e o posicionamento

dos indivíduos no dinamômetro foi de acordo com as recomendações do fabricante.

Durante as avaliações, o tronco, a pelve e o membro inferior foram estabilizados por

meio de cintas ajustáveis. A avaliação foi realizada no membro inferior dominante

(SADEGHI et al, 2000), e cada série foi realizada após familiarização de três

repetições submáximas e 1 máxima da contração a ser realizada (HARTMANN et al,

2009). Todas voluntárias foram fortemente encorajadas durante as avaliações e

instruídas a realizar a contração muscular o mais rápido e forte possível

imediatamente após identificar o feedback visual (luz).

Figura 2: Posicionamento do voluntário no dinamômetro para a avaliação isométrica de músculos envolvidos na articulação do tornozelo.

Eletromiografia

O eletromiograma de superfície (EMG) foi registrado durante a avaliação

dinamométrica utilizando um módulo de aquisição de sinais biológicos por telemetria

(Telemyo 900, Noraxon®), com ganho total de 2000 vezes (20 vezes no sensor e 100

(38)

de base < 1 µV root mean square (RMS), impedância diferencial de entrada > 10

MOhm, utilizando um conversor analógico-digital de 16 bit. O EMG foi registrado

com frequência de amostragem de 2000 Hz. Foram utilizados eletrodos de superfície

bipolares Ag/AgCl (Miotec®), com área de captação de 10 mm de diâmetro e

distância intereletrodos (centro a centro) fixa de 20 mm. Previamente a colocação

dos eletrodos, foi realizada a tricotomia e limpeza da pele com álcool, como forma

de evitar possíveis interferências no sinal eletromiográfico (GONÇALVES;

BARBOSA, 2005).

Os eletrodos foram posicionados unilateralmente no membro inferior

dominante, sobre o ventre dos músculos reto femoral (RF), vasto lateral (VL), bíceps

femoral (BF), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio porção lateral (GL),

longitudinalmente e paralelamente ao sentido das fibras musculares de acordo com

as recomendações do SENIAM (Surface EMG for Non-Invasive Assessment of

Muscles, HERMENS et al., 2002) (Figura 3). O eletrodo de referência foi posicionado

no maléolo medial do membro avaliado.

Figura 3: Posicionamento dos eletrodos nos músculos RF, VL, BF, TA e GL.

Análise dos dados

Os dados dinamométricos e eletromiográficos foram processados e

analisados por meio de rotinas específicas desenvolvidas em ambiente Matlab,

(39)

O EMG dos músculos RF, VL, BF, GL e TA foi filtrado por um filtro digital

(butterworth de 2ª ordem para passa alta e 4ª ordem para passa baixa) passa banda

de 20-500 Hz e em seguida foi retificado por onda inteira e suavizado por filtro digital

(Butterworth de 4ª ordem) passa baixa com frequência de corte de 3 Hz para a

criação do envoltório linear (WINTER, 1990).

O sinal de torque foi suavizado utilizando um filtro digital (Butterworth de 4ª

ordem) passa baixa com frequência de corte de 3 Hz (WINTER, 1990). Desta forma

foi obtido o valor do pico de torque (N.m) dentre um total de três picos obtidos de

contrações isométricas voluntárias máximas. Em seguida foi realizado o cálculo da

TDF (N.m.s-1) nos intervalos de 50, 100, 150 e 200 ms do onset do torque (primeiro

valor igual ou maior que 5% do pico de torque atual) (KONRAD, 2005) de acordo

com a seguinte equação:

Neste equação a TDF representa a taxa de desenvolvimento de força, Torquen=100

representa o valor de torque da 100ª amostra e Torquen=1 representa o valor de

torque da 1ª amostra, portanto, a inclinação da curva torque-tempo foi calculada da

amostra 1 até a amostra 100, seguida pelas amostras 2-101, 3-102, etc. (LaROCHE

et al, 2010). Todas as medidas de torque foram normalizadas pela massa corporal

para explicar as diferenças entre os voluntários e refletir mais precisamente o

desempenho funcional muscular de cada indivíduo.

Além disso, foi calculada a TAEMG (µ.s-1) dos músculos RF, VL, BF, TA e GL

enquanto atuavam como agonistas, nos intervalos de 50, 100 e 150 ms do onset

EMG (primeiro valor igual ou maior que 5% do pico EMG atual) (KONRAD, 2005) de

acordo com a seguinte equação:

Nesta equação a TAEMG representa a taxa de aumento do sinal EMG, EMGn=100

Imagem

Figura 1: Posicionamento do voluntário no dinamômetro para a avaliação isocinética  de músculos envolvidos na articulação do joelho
Figura 2: Posicionamento do voluntário no dinamômetro para a avaliação isocinética  de músculos envolvidos na articulação do tornozelo
Figura 3: Posicionamento dos eletrodos nos músculos RF, VL, BF, TA e GL.
Figura 4. Pico de torque de extensão e flexão do joelho e flexão plantar e dorsal do  tornozelo das participantes jovens (GJ), idosas caidoras (GIC) e não  caidoras (GINC) durante as contrações isocinéticas a (a) 90 e (b) 120°/s
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