D e s p e rdício de exames complementares
na avaliação pré-operatória em cirurgias
de catarata
Waste of medical tests in preoperative
evaluation for cataract surg e r y
1 De p a rtamento de Oftalmo-Ot o r r i n o l a r i n g o l o g i a , Un i versidade Estadual de Ca m p i n a s , Ca m p i n a s , Bra s i l .
C o r re s p o n d ê n c i a Maurício Ab u j a m ra Na s c i m e n t o
De p a rtamento de Oftalmo-Ot o r r i n o l a r i n g o l o g i a , Un i versidade Estadual de Ca m p i n a s . Ci d a d e Un i versitária Z eferino Va z , C . P. 6 . 1 1 0 , Ca m p i n a s ,S P 1 3 0 8 3 - 9 7 0 , Bra s i l . m a u a b u j a m ra @ u o l . c o m . b r
Ca rlos Ed u a rdo Leite Arieta 1
Maurício Ab u j a m ra Nascimento 1
Rodrigo Pessoa Ca valcanti Li ra 1
Newton Ka ra - José 1
A b s t r a c t
The objective of this clinical trial was to deter-mine the frequency of medical tests considere d u n n e c e s s a ry in routine pre o p e ra t i ve eva l u a-tion for cataract surgery. Un n e c e s s a ry costs with these tests were also eva l u a t e d . For pa-tients assigned to the selective testing gro u p, i t was requested that no pre o p e ra t i ve testing be p e rformed unless the patient presented a new or worsening medical problem warra n t i n g medical evaluation with testing. For patients assigned to the routine testing gro u p, t h re e tests were re q u e s t e d : a 12-lead electro c a rd i o-g ra m , complete blood count, and serum o- glu-cose leve l . The costs of tests considered unnec-e s s a ry wunnec-erunnec-e calculatunnec-ed. Thunnec-e samplunnec-e of 1,025 patients consisted of 512 assigned to the ro u-tine testing group and 513 to the selective test-ing gro u p. Cu m u l a t i ve rate of medical eve n t s was similar in the two groups (p = 0.923). T h e s e l e c t i ve group underwent 60.7% fewer tests. The results suggest that selective pre o p e ra t i ve testing in cataract surgery does not harm pa-tients in terms of peri-opera t i ve clinical com-plications and also re p resents a significant cost reduction compared to routine testing.
Ca t a ra c t s ; El d e rl y ; Medical Ex a m i n a t i o n ; Pre-o p e ra t i ve Ca re
I n t ro d u ç ã o
Mu n d i a l m e n t e, catarata é a causa mais pre va-lente de perda visual, sendo re s p o n s á vel por metade de todos os indivíduos cegos legalmen-te 1 , 2. A cegueira por ela ocasionada atinge em t o rno de 25 milhões de pessoas 3 , 4, e um cre s c i-mento deste número é esperado nas próximas décadas em virtude do aumento da sobre v i d a da população 1 , 5 , 6.
No momento, o único tratamento para a c a-t a raa-ta é a ciru rgia. Fe l i z m e n a-t e, a faceca-tomia é uma das operações mais realizadas na medici-na e, prova ve l m e n t e, a mais efetiva 7 , 8. Ge ra l-m e n t e, é ul-m procedil-mento feito col-m anestesia local 9, sendo considerado seguro e bem tole-rado pelo paciente 4 , 1 0 , 1 1 , 1 2 , 1 3. En t re t a n t o, esta doença persiste como um importante pro b l e-ma de saúde pública por causa do grande nú-m e ro de pessoas que necessitanú-m da ciru rgia e têm dificuldade de acesso à mesma 1 4 , 1 5 , 1 6 , 1 7. Nos Estados Un i d o s, a facectomia envo l ve um gasto anual de 3,4 bilhões de dólares (US$) 8 , 1 8. No Brasil, o gasto em 2001 foi de aprox i m a d a-mente 110 milhões de re a i s, incluindo apenas as ciru rgias financiadas pelo gove rno 1 9.
Pa ra atender às necessidades de facecto-mias é necessário aumentar o número de ciru r-g i a s, sem perda da qualidade mínima necessá-ria, e reduzir os custos 1 4 , 2 0.
despeito da história clínica ou exame físico 2 1. Porém, alguns estudos prévios têm sugeri d o que o rendimento de exames não seletivos em d e t e rminar anormalidades é baixo 9 , 2 2 , 2 3 , 2 4 , 2 5 , 2 6. Exames labora t o riais pré-opera t ó rios podem até ser desnecessários se o paciente não tive r f a t o res de risco 2 7 , 2 8. Um fato importante é que h i p e rtensão art e rial (HAS), broncoespasmo e arritmias respondem por mais de 90% dos e ve n-tos médicos intra o p e ra t ó rios na ciru rgia de cat a racata, e catescates ro cat i n e i ros parecem não pre v ê -los 9 , 1 9.
Kaplan et al. 2 6, Ma c a rio et al. 2 9e Ma n c u s o
3 0a va l i a ram protocolos de exames pré-opera-t ó rios em ciru rgia geral e conspré-opera-tapré-opera-taram que 40% a 70% destes exames eram desnecessári o s, ba-seando-se na história clínica e no exame físico. Co m o, por exemplo, mais de 250 mil facecto-mias são realizadas anualmente no Brasil 3 1 , 3 2, e 10 milhões no mundo 1 4, o impacto econômi-co potencial de racionalizar testes em países em desenvolvimento e em serviços públicos q u e tenham recursos financeiros limitados é signi-f i c a t i vo. Além do mais, se este conceito pare c e ve rd a d e i ro agora, torn a r-se-á mais ainda no fu-t u ro, com o envelhecimenfu-to da população de países em desenvolvimento 1 , 5 , 6.
De n t ro da rotina de um hospital unive r s i t á-rio de referência, no Brasil, o objetivo deste ex-p e rimento clínico aleatorizado foi determ i n a r a freqüência dos exames complementare s, não o c u l a re s, considerados dispensáveis numa ro-tina de avaliação pré-operatória de facectom i a s. Também foram avaliados os gastos desneces-s á riodesneces-s em relação aodesneces-s cudesneces-stodesneces-s dedesneces-sdesneces-sedesneces-s examedesneces-s.
M e t o d o l o g i a
Pacientes e procedimentos médicos
O estudo foi desenhado como um experi m e n t o clínico aleatori z a d o, tendo sido realizado no Hospital das Clínicas da Un i versidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Ca m p i n a s, São Pa u-l o, Brasiu-l. Essa instituição presta assistência à saúde de nível terciário, com uma demanda p re-dominantemente composta por pacientes do sistema público de saúde da região de influên-cia da cidade de Ca m p i n a s, realizando anual-mente de 2.500 a 3 mil facectomias eletiva s.
Os pacientes selecionados para ciru rgia de c a t a rata foram re c rutados entre 10 de feve re i ro de 2000 e 10 de janeiro de 2001. Fo ram exc l u í-dos do estudo pacientes com menos de 40 anos de idade, pacientes submetidos previamente a c i ru rgia ocular, pacientes com outras doenças o c u l a re s, como glaucoma, que necessitassem
p rocedimentos cirúrgicos adicionais simultâ-n e o s, paciesimultâ-ntes com isimultâ-ndicação de asimultâ-nestesia ge-ral, ou pacientes que sofre ram infarto agudo do miocárdio até três meses antes da ciru rg i a . Todos os pacientes pre e n c h e ram ficha de con-sentimento livre e esclare c i d o. O comitê de éti-ca aprovou o protocolo geral do estudo.
A técnica cirúrgica empregada foi de extra-ção extracapsular pro g ramada 3 3, e a ava l i a ç ã o médica pré-opera t ó ria foi realizada uma sema-na antes da ciru rgia por um clínico geral. Fo-ram definidos dois grupos: testes seletivos e testes ro t i n e i ro s. Pa ra os pacientes sort e a d o s p a ra o grupo de testes seletivo s, pediu-se que nenhum teste pré-opera t ó rio fosse executado, a menos que o paciente apresentasse um novo p roblema médico, ou piora de uma doença p r é -e x i s t -e n t -e, a qual r-e q u -e r-ess-e os t-est-es ind-ep-en- indepen-dentemente da realização da ciru rgia. Pa ra pa-cientes sorteados para o grupo de testes ro t i-n e i ro s, foi solicitado eletro c a rd i o g rama, dosa-gem de hemoglobina e glicemia de jejum. Ad o-tou-se a classificação de condição clínica da A m e rican Society of Anesthesiologists 3 4.
Coleta de dados
Os dados pré-opera t ó rios foram coletados a t rvés de uma ficha específica contendo inform a-ções da história e exame físico, completado pe-lo clínico no momento da avaliação pré-opera-t ó ria. Complicações clínicas inpré-opera-tra - o p e ra pré-opera-t ó ri a s, o c o r ridas no período intra - o p e ra t ó ri o, fora m re g i s t radas numa ficha de pro t o c o l o, pelo of-talmologista re s p o n s á vel pela ciru rgia ou por um membro da equipe de enferm a g e m .
As definições de complicações peri o p e ra t ó-rias re g i s t radas neste estudo estão descritas em L i ra et al. 3 5, e são baseadas nos conceitos ado-tados no Cu rrent Medical Diagnosis and Tre a t-ment 3 6.
As indicações dos exames complementare s f o ram revisadas por dois inve s t i g a d o res (um clínico e um cardiologista) para determinar se elas se enquadra vam nas dire t ri zes da Tabela 1, as quais foram baseadas no protocolo pro p o s-to por Fischer 3 7.
Análise de gastos
SUS foi de R$ 11,00; para a ciru rgia de catara t a , o valor foi de R$ 443,00. No ano de 2001, o SUS pagou 264.406 facectomias realizadas no Pa í s.
Tamanho da amostra e análise estatística
Foi planejada uma amostra de mil pacientes (quinhentos por grupo). Assumindo-se uma ta-xa de eventos médicos adversos de 9% no gru-po de testes ro t i n e i ro s, essa amostra perm i t i ri a 90% de poder para detectar uma diferença tão pequena quanto 7% no grupo de testes seleti-vo s. Os resultados desta análise foram conside-rados significantes quando o valor de Pfoi me-nor que 5% 3 9 , 4 0.
Fo ram feitos testes para detectar difere n ç a s e n t re va ri á ve i s, usando-se o teste do qui-qua-d raqui-qua-do ou o teste exato qui-qua-de Fisher para va ri á ve i s c a t e g ó ri c a s, e análise de va riância (o n e - w a y A N OVA), para va ri á veis quantitativa s.
Como parâmetro de tendência central e dispersão para os dados, foi determinada a mé-dia e o desvio padrão. Executou-se a análise es-tatística com o auxílio do pro g ra m a Epi In f o ( Centers for Disease Co n t rol and Pre ve n t i o n , Atlanta, Ge o rgia, Estados Un i d o s ) .
R e s u l t a d o s
Fo ram incluídos 1.025 pacientes com indica-ção para ciru rgia de catarata, com idade va-riando entre 40 e 97 anos, com média de 66,5 anos e desvio padrão de 11,6 anos. Ho u ve pre-dominância do sexo masculino, com 547 ho-mens (53,4%).
De acordo com os cri t é rios de indicação de exames complementares definidos para este e s t u d o, dos 1.025 pacientes, só have ria indica-ção de dosagem de hemoglobina em 37 (3,6%) p a c i e n t e s, de dosagem de glicemia de jejum em 218 (21,3%) e realização de eletro c a rd i o g ra-ma em 954 (93,1%).
Vinte pacientes (2%) faltaram à ciru rgia e não a re m a rc a ram. De n t re 1.005 pacientes que t i ve ram a ciru rgia realizada, houve complica-ções clínicas intra - o p e ra t ó rias em 97 (9,6%).
Os dois grupos apre s e n t a ram-se seme-lhantes em relação à idade, ao sexo, à classifi-cação de condição clínica ASA e à fre q ü ê n c i a de indicação de exames complementares (Ta-belas 2 e 3).
A amostra incluiu 513 pacientes do gru p o de testes seletivos e 512 pacientes do grupo de testes ro t i n e i ro s. Os dois grupos tive ram pro-porções similares de pacientes que faltaram à c i ru rgia e não a re m a rc a ram (2% em cada gru-po = 10 pacientes).
Os tipos de complicações clínicas intra -o p e-ra t ó rias e a freqüência com que ocorre e-ram fo-ram semelhantes nos dois grupos (9,6% no g ru-po de testes ro t i n e i ros e 9,7% no gruru-po de tes-tes seletivos – p 0,923 – Tabela 4).
Fo ram realizados 604 exames no grupo de testes seletivos e 1.536 exames no grupo de tes-tes ro t i n e i ro s, com média de exames por pa-cientes de re s p e c t i vamente 1,18 e 3,00. O gasto com a realização dos exames de hemoglobina, glicemia de jejum e eletro c a rd i o g rama dos 512 pacientes do grupo de testes ro t i n e i ros foi de
Tabela 1
Indicações para realização de hemoglobina sangüínea, glicemia de jejum e eletro c a rdiograma. Brasil, 2001.
E x a m e I n d i c a ç õ e s
Hemoglobina sangüínea Anemia sintomática
Distúrbio da hemostasia Estados de hiperc o a g u b i l i d a d e
Uso de anticoagulante ou corticosteróide C â n c e r
N e f ro p a t i a Q u i m i o t e r a p i a R a d i o t e r a p i a
S í n d romes de má absorção
Glicemia de jejum D i a b e t e s
Cetoacidose diabética Coma hipero s m o l a r Acidose láctica
Hipoglicemia sintomática S í n d rome de Cushing Doença de Addison Obesidade mórbida D e s n u t r i ç ã o
S í n d rome de má absorção Acidente vascular cere b r a l Uso de corticosteróide
E l e t ro c a rd i o g r a m a C a rdiopatias congênitas Doenças valvulares card í a c a s Doença cardíaca coro n a r i a n a A r r i t m i a s
Distúrbios de condução Insuficiência card í a c a M i o c a rdites e miocard i o p a t i a s F e b re re u m á t i c a
Doenças do pericárd i o Hipertensão pulmonar Hipertensão arterial
R$ 5.632,00 (R$ 11,00/paciente). O gasto com os 604 exames dos 513 pacientes do grupo de testes seletivos foi de R$ 2.214,66 (R$ 4,32/pa-ciente).
D i s c u s s ã o
Neste estudo, mais de 90% dos pacientes fora m classificados quanto à condição clínica como ASA 1 ou 2, demonstrando que, apesar da ida-de avançada e da alta pre valência ida-de doenças c o e x i s t e n t e s, esta amostra, a exemplo da
maio-ria dos pacientes submetidos a facectomia 9 , 1 1 , 4 1, constituía uma população de baixo risco ci-r ú ci-rgico 4 2 , 4 3. Ho l l e n b e rg 4 4classifica esse pro-cedimento entre os de menor risco de eve n t o s c a rdíacos (risco de morte ou infarto agudo do m i o c á rdio menor que 1%), assim como o são endoscopia, ciru rgia de mama e operações d e r-m a t o l ó g i c a s. Backer et al. 4 5o b s e rva ram que a incidência de re i n f a rto do miocárdio em facec-tomias com anestesia local era próxima a ze ro, não havendo risco adicional à ciru rgia mesmo nesse grupo de pacientes card í a c o s.
Na população participante deste estudo, de a c o rdo com os cri t é rios pré-estabelecidos (Ta-bela 1), a dosagem de hemoglobina seria desn e-c e s s á ria em 96,4% dos pae-cientes. Sabe-se que anemia moderada (hemoglobina > 10 mg/dl) não aumenta os riscos relacionados à ciru rg i a , e geralmente deve-se à deficiências de ferro, ácido folínico e/ou vitamina B12 4 6 , 4 7. Já ane-mias seve ras (Hb < 8 mg/dl) estão associadas a maior mortalidade opera t ó ria e morbidade c a rdíaca, mas as mesmas são, na sua maiori a , clinicamente detectáveis 4 8Po rt a n t o, nas ciru r-gias com pouco sangra m e n t o, como facecto-m i a s, não é necessária a dosagefacecto-m de hefacecto-moglo- hemoglo-bina, a não ser que o paciente tenha uma his-t ó ria de anemia com re p e rcussões clínicas 2 1.
O exame de glicemia seria dispensável em 78,7% dos pacientes, segundo os cri t é rios lista-dos no Tabela 1, entre t a n t o, mesmo nos casos em que há uma justificativa baseada na litera-t u ra, a solicilitera-tação desse exame é queslitera-tionáve l
2 1 , 4 9. Tal dúvida se deve ao fato de que a quase totalidade das solicitações deri va da pre s e n ç a de diabetes, e existem mitos re f e rentes à asso-ciação entre diabetes e ciru rgia, pois, na tenta-t i va de evitenta-tar complicações cirúrgicas re l a c i o-nadas à diabetes, como maior propensão à in-fecção e à deiscência de sutura s, va l o riza-se de f o rma demasiada o controle da glicemia na época da ciru rgia, quando, na ve rd a d e, o mais i m p o rtante é o controle crônico 4 7 , 5 0 , 5 1. Aliás, uma hiperglicemia moderada (até 250mg/dl) no peri o p e ra t ó rio é pre f e r í vel à possibilidade de ocorrer hipoglicemia 5 2. Some-se a isso o fa-to de que o estresse diante da perspectiva de c i ru rgia pode impedir que pacientes pre v i a-mente controlados atinjam va l o res agudos c o n s i d e rados ideais e já alcançados histori c a-mente no seu controle ro t i n e i ro 4 7.
O eletro c a rd i o g rama teve indicação clínica em 93,1% dos pacientes. Anormalidades no E CG são comuns, va riando de 14% a 64%, e a f reqüência de anormalidades aumenta com a idade 5 3 , 5 4. Como anormalidades no ECG são f re q ü e n t e s, o médico, se não solicitar um ECG p r é - o p e ra t ó ri o, não poderá determinar se as
Tabela 2
Características dos pacientes com indicação de facectomia, de acordo com o grupo. Campinas, São Paulo, Brasil, 2001.
Testes ro t i n e i ro s Testes seletivos p
(n = 512) (n = 513)
Idade (anos) 66,4 ± 11,9 66,7 ± 11,3 0,714 a
N ú m e ro de pacientes (%)
Sexo masculino 279 (54,5) 268 (52,2) 0,510 b
American Society of Anesthesiolists
1 71 (13,9) 76 (14,8) 0,850 b
2 394 (76,9) 387 (75,5)
3 47 (9,2) 50 (9,7)
ao n e - w a yA N O VA bqui quadrado (YAT E S )
Tabela 3
Características dos grupos de acordo com a indicação de exames pré-operatórios em facectomias. Campinas, São Paulo, Brasil, 2001.
Tipo de exame Testes ro t i n e i ro s Testes seletivos p
(n = 512) (n = 513)
H e m o g l o b i n a
Com indicação 1 8 1 9 1,000 a
Sem indicação 4 9 4 4 9 4
G l i c e m i a
Com indicação 1 1 3 1 0 5 0,582 a
Sem indicação 3 9 9 4 0 8
E l e t ro c a rd i o g r a m a
Com indicação 4 7 4 4 8 0 0,617 a
Sem indicação 3 8 3 3
a n o rmalidades no ECG pós-opera t ó rias são n ovas 2 1 , 5 5. Todavia, não há consenso quanto à necessidade de ECG pré-opera t ó rio de ro t i n a em pacientes adultos. O ECG ro t i n e i ro tem co-mo conseqüência um grande número de re s u l-tados falso-positivo s, que podem levam a pro-cedimentos adicionais com ônus para a efic i ê n-cia do serviço prestado à população. O maior efeito positivo do ECG pré-opera t ó rio de ro t i n a é detectar IAM não diagnosticado clinicamen-t e, cujo risco aumenclinicamen-ta com a idade; conclinicamen-tudo, mesmo no grupo de mais alto risco de IAM ( h o-mens acima de 75 anos), a incidência estimada de infarto nos seis meses precedentes a ciru r-gia é re l a t i vamente baixa (< 0.5%) 2 3 , 5 6 , 5 7.
Rabkin & Ho rne 5 8a va l i a ram 812 pacientes que tinham estudo eletro c a rdiográfico prévio p a ra determinar se novas anormalidades no E CG pré-opera t ó rio de rotina re s u l t a vam em a l t e ração na conduta dos pacientes cirúrg i c o s. Os resultados mostra ram mudança na conduta em apenas dois pacientes. Gold et al. 5 9o b t i ve-ram resultados semelhantes em 751 pacientes submetidos à ciru rgia ambulatori a l .
Tomando-se por base o número total de fa-cectomias pagas pelo SUS (264.406), no Bra s i l , no ano de 2001, foram gastos R$ 2.908.466,00 em exames pré-opera t ó rios 3 8. Como o gru p o de testes seletivos re a l i zou 60,7% menos exa-mes que o grupo de testes ro t i n e i ro s, com a so-licitação seletiva desses exames poderíamos ter economizado R$ 1.765.438,86, sem re p e r-cussões do ponto de vista de complicações clí-nicas intra - o p e ra t ó rias para o paciente. Esse valor equivale ao pagamento de outras 3.985 c i ru rgias de catarata, mais do que o número to-tal de ciru rgias realizadas no Estado do Ama-zo n a s, ou no Espírito Sa n t o, pelo SUS no mes-mo período 3 8. Esses recursos poderiam ser uti-lizados nos locais onde há fila de espera ou em o u t ras ações de saúde. Ou t ro aspecto mais a b rangente que a economia dos recursos em si, é que a solicitação seletiva de exames é uma f o rma de diminuir as barre i ras para a ciru rg i a , uma vez que exames desnecessários podem significar também mais idas ao hospital e adia-mento desnecessário de ciru rgias 1 6.
De ve-se salientar que a rotina de exames p r é - o p e ra t ó rios nesse serviço já é menor do que na maioria dos outros por haver uma cons-tante preocupação com a economia e otimiza-ção dos recursos disponíveis 6 0 , 6 1. Pa ra serv i ç o s que têm rotinas de exames mais amplas, in-cluindo exames de urina, coagulação sanguí-nea e eletrólitos essa racionalização será ainda m a i o r.
A análise econômica em saúde tem impor-tância cada vez maior, uma vez que os re c u r s o s
estão mais escassos e há uma competição por s e t o res de diferentes necessidades. Pa ra que os a d m i n i s t ra d o res da saúde pública possam fa-zer escolhas adequadas, é necessário ter-se co-nhecimento dos custos e suas possíveis alter-n a t i va s. Sem aalter-nálise sistemática é difícil idealter-nti- identi-ficar claramente as altern a t i vas re l e vantes 6 2.
Este estudo tem algumas limitações. Fo ra m re g i s t radas apenas morbidades clinicamente significantes; por exemplo, extra-sístoles a t ri a i s isoladas e outras arritmias menores não fora m i n c l u í d a s. Ou t ra limitação foi a adoção de uma rotina re l a t i vamente sucinta para os pacientes do grupo de testes ro t i n e i ro s, resumindo-se a três testes: eletro c a rd i o g rama com 12 deri va-ç õ e s, dosagem de hemograma e dosagem da glicemia de jejum. Porém, esses exames são os mais requisitados em facectomias e, além do m a i s, compunham a rotina padrão do centro médico acadêmico onde o estudo foi re a l i z a d o
6 0 , 6 1. Ou t ra limitação foi que os eventos médi-cos relacionados à ciru rgia limitaram-se ao pe-ríodo pós-opera t ó rio que se estendia até a alta do paciente no mesmo dia da interve n ç ã o. To-davia, este período inclui mais de 75% dos e ve n-tos card i o p u l m o n a res que ocorrem na pri m e i-ra semana de pós-opei-ra t ó rio 9. É import a n t e enfatizar que o foco de nosso estudo foi uma população re l a t i vamente saudável submetida a um procedimento de baixo risco 6 3.
Os resultados sugerem que, dentro da ro t i-na de um hospital unive r s i t á rio de re f e r ê n c i a , no Brasil, a requisição seletiva de exames pré-o p e ra t ó ripré-os sistêmicpré-os em facectpré-omias, além de não prejudicar o paciente do ponto de vista de complicações clínicas intra - o p e ra t ó ri a s, possibilita expre s s i va economia de re c u r s o s quando comparada à atual rotina de re q u i s i ç ã o de exames.
Tabela 4
Tipos de complicações clínicas intra-operatórias ocorridas em facectomias, de acordo com o grupo. Campinas, São Paulo, Brasil, 2001.
E v e n t o N ú m e ro de pacientes (%)
Testes ro t i n e i ro s Testes seletivos
(n = 502) (n = 503)
H i p e r t e n s ã o 41 (8,2) 43 (8,5)
A r r i t m i a 1 (0,2) –
A n g i n a – 1 (0,2)
Ataque isquêmico transitório 1 (0,2) –
B ro n c o e s p a s m o 3 (0,6) 3 (0,6)
A n s i e d a d e 2 (0,4) 2 (0,4)
R e f e r ê n c i a s
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A g r a d e c i m e n t o s
Ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Esta-do de São Pa u l o, por intermédio de Bolsa de Me s t ra-do processo no0 0 / 0 2 3 7 3 - 9 .
C o l a b o r a d o re s
C. E. L. Arieta contribui na concepção e desenho de e s t u d o, na análise, interpretação de dados e revisão e a p rovação para versão final. M. A. Nascimento e R. P. C. Lira colabora ram na concepção do estudo, leva n-tamento de dados, análise e interpretação de dados, e revisão final. N. Ka ra - José participou da concepção do estudo, interpretação de dados e revisão final do a rt i g o.
R e s u m o
O objetivo deste experimento clínico foi determinar a f reqüência dos exames considerados dispensáveis nu-ma rotina pré-operatória de facectomias e avaliar os gastos com eles. Se o paciente foi sorteado para testes-s e l e t i vo testes-s , testes-solicitou-testes-se que nenhum tetestes-ste fotestes-stestes-se exe c u t a-d o, a menos que o paciente apresentasse um novo pro-blema médico, ou piora de uma doença pre ex i s t e n t e , a qual re q u e resse os testes independentemente da re a l i-zação da cirurgia. Pa ra pacientes sorteados para tes-t e s - ro tes-t i n e i ro s ,f o ram solicites-tados: e l e tes-t ro c a rd i o g ra m a , dosagem de hemoglobina e glicemia de jejum. Fo ra m calculados os gastos com exames considerados desne-c e s s á r i o s . A amostra de 1.025 padesne-cientes indesne-cluiu 513 s o rteados para testes seletivos e 512 para testes ro t i n e i-ro s . A freqüência de eventos adversos intra - o p e ra t ó r i o s foi semelhante nos dois grupos (p = 0,923). O grupo de testes seletivos re a l i zou de 60,7% menos exames que o de testes ro t i n e i ro s . Os resultados sugerem que a re q u i-sição seletiva de exames pré-operatórios em facecto-m i a s , aléfacecto-m de não prejudicar o paciente do ponto de vista de complicações clínicas intra - o p e ra t ó r i a s ,p o s-sibilita ex p re s s i va economia de recursos quando com-p a rada à atual ro t i n a .
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