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Discurso do outro: lá onde o sujeito trabalha

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Academic year: 2017

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D ISCURSO DO O UTRO :

LÁ O N D E O SUJEITO TRA BA LH A

M aria Celeste Said Silva MA RQUES1 A nna Flora BRUN ELLI2 Sírio POSSENTI3

• RESUM O : Este artig o é u m estud o sobre o trabalho estratég ico d o sujeito a p artir d o d iscurso d o Outro / o utro . Sem vo ltar à hip ó tese d o sujeito p ro d uto r o riginário , não co nsid erand o , p o rém, o sujeito c o m o assujeitad o , p artim o s d a c o nc ep ç ão d e sujeito c o m o estrateg ista - no sentid o d e M ic h e l d e

Cer-teau e m

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A invenção do cotidiano - e assim analisam o s texto s no s q uais se p o d e v erificar o trabalho d o sujeito no p ro cesso d isc ursiv o .

• PA LA V RA S- C H A V E: Discurso ; hetero g eneid ad e; trabalho ; sujeito .

O o bjetiv o d este trabalho é analisar u m p equeno co njunto de texto s co m a finalid ad e d e co ntinuar a rever a no ção d e sujeito que te m sid o

su stentad a p ela A nálise d o D iscurso Francesa (

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AD, d o rav ante), p elo m eno s e m sua v ersão m ais c o nhec id a o u q u iç á e m sua v ersão m ais

"p o lítica".

1 Departamento de Ciências da Educação - Núcleo de Educação - UNIR - 78900-000 - Porto Velho - RO (celeste(»!iel.unicamp.br).

2 Departamento de Letras Vernáculas - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP - 15054-000 - São José do Rio Preto - SP (anna@lev.ibilce.unesp.br).

3 Departamento de Linguistica - Instituto de Estudos da Linguagem - Unicamp - 13081-970 - Campinas - SP (sirio(»)iel.unicamp.br).

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A análise sumária de um a piad a serve co mo esp écie de resumo do que se segue. Um brasileiro que estivera por bo m temp o em Paris vo lto u para rever o Rio de Janeiro. Ind o em direção à Barra da Tijuca, que ainda era u m bairro novo, na altura do Jo á, volta-se e vê aquele belíssimo mar,

que há tem p o não v ia, e exclam a:

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" Oh, la meie" . Um am ig o q u e o aco mp anha lhe d iz : "Isso aqui já fo i la mère, agora é la meide" . A o que

o primeiro retruca: "Para bo m entendedor, meia palavra bos...". O final da p iad a é, de certa fo rma, u m provérbio, enunciad o na hora certa, "ade-quad amente", dadas as circunstâncias e os eventos que co nstituem a pequena narrativa. Mas, o provérbio que é enunciad o "sob as palavras" tem que ser d esco berto p elo o uv inte/ leito r, p o rque o lo cuto r p ro d uz u m enunciad o que, se leva em co nta o pro vérbio , tam b ém o altera. A lém disso , a alteração segue u m esquema que se repete, e que p o d e ser representad o na fo rma de um a q uarta p ro p o rcio nal (bos : bo sta :: mère : merd e). O esquema é perfeito do p o nto de v ista do material lin-güístico , mas falha (isto é, os elemento s se to rnam desiguais) se se levar em co nta a "d up la face" do s elemento s env o lv id o s. É que "bo s" não significa nad a em po rtuguês co rrente. Funcio na no esquema, o u, co mo se p o d eria dizer alternativamente, funcio na para um a instância psíquica (o inco nsciente) cuja ló gica é p eculiar. Mo ral d a histó ria: temo s o d is-curso citad o e a ino vação , o p ro d uto e a mano bra. Para avançar a tese d o trabalho , diríamos que o enunciado final não é u m efeito auto mático da própria ling uag em , mas que exige u m sujeito / lo cuto r, u m lo cuto r que mano bra co m d ad o s (estereo tipado s) de ling uag em .

A no ção de sujeito , em to rno da qual se situam, a rigor, as d

iscre-pâncias fund amentais entrezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA AD e outras análises de d iscurso é um a d a-quelas em que aind a se exercita co m demasiada freqüência u m racio

cí-nio do tip o tud o o u nada. Há q uem imagine que atribuir caracteres his-tó rico s e so ciais ao sujeito o u p o stular o p ap el da alterid ad e em sua co nstituição im p lic a necessariamente que então ele deve ser co ncebi-d o co mo u m lugar, uma p o sição . E há q uem imagine, v inncebi-d o ncebi-da ncebi-d ireção co ntrária, que atribuir ao sujeito alg uma característica de não -p assi-v id ad e - alg um a intenção , alg um a co m p etência, alg um a atiassi-v id ad e, mesmo que não d ecid id a por ele - imp lica co ntinuar concebendo neces-sariamente o sujeito como ele o era "antes de Freud e de M arx", o u seja, co mo u m sujeito uno e o riginário , não afetado pelas co nd içõ es histó -ricas e institucio nais, além de ficar "esquecid a" sua divisão , tal co mo pro po sta pela p sicanálise.

Queremos, neste trabalho , defender de novo um a p o sição segund o a qual - depo is do estruturalismo e de outros mo v imento s que co

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tilham a idéia d a prevalência do sistema sobre o elemento - atribuir ao sujeito características que ev entualmente lhe tenham sid o atribuíd as também por outros discursos não significa necessariamente permanecer naqueles discurso s o u vo ltar a eles (discurso da intenção , da unid ad e, e tc ) . E também queremo s argumentar que tanto a multip licid ad e do s "sistemas" a que o sujeito está "subm etid o " quanto o fato de que tais sistemas não são abso lutamente sistemático s são fatores que p ermitem, se não exigem, que se conceba u m sujeito agind o , mano brand o , mesmo que não saiba que mano bra e mesmo que sua mano bra não p ro d uza o efeito p o r ele ev entualmente intencio nad o .

Se nos fiarmos em análises como a de Schneider (1990), poderíamos aceitar, u m tanto p arad o xalmente, que, quanto mais os autores d ev em a o utro s auto res tanto mais o rig inais eles são . Flaubert não é o único exemp lo . M as, se é verd ad e que trabalhar so bre e a p artir de texto s tão extenso s e variados quanto u m o u mais romances po de pro piciar ao analista fatos numero so s e diverso s para sustentar sua argumentação , to mar co mo m aterial de análise p equeno s texto s p o d e p erm itir, em co mp ensação , maio r controle da relação entre um a teo ria e u m co njunto de dado s e deixar mais clara a relação dos dados entre si. Por isso, inv o ;

caremos piadas, provérbios,

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slogans, lugares-co muns. Se possível, um a co njunção desses texto s.

A s piadas (e o utro s texto s curto s co m ó bvias relaçõ es interd iscur-sivas) p ro p o rcio nam excelentes exemplo s de trabalho do sujeito , traba-lho que inclui ao mesmo temp o marcas do inco nsciente, ingred ientes da cultura relativamente público s e, p o rtanto , co nhecid o s (mais o u meno s relevantes para o d o mínio d o inco nsciente) e, d e certa fo rma, ing re-d ientes pragmático s, na mere-d ire-d a em que chistes, para funcio nar, re-d ev em incluir u m terceiro sujeito . Po rtanto , d evem ser por ele entend id o s, fazer sentid o para ele. Os pro vérbio s têm a característica de ser ind u b ita-v elmente u m tip o de citação , de ita-vez que ninguém inita-v enta pro ita-vérbio s, embo ra po ssa trabalhar exp lo rand o os traço s fo rmais que os caracteri-zam. Os slogans interessam por sua co nstrução , sua vaguid ad e, sua lin-g ualin-g em "p o ética", sua relação clara co m co nd içõ es de pro d ução , sua p ro ximid ad e co m a ling uag em dos chistes. Para u m analista, o melho r, ev id entemente, o co rre quand o esses gênero s se cruzam, quand o , p o r exemplo , u m slogan explo ra u m provérbio (A ntes à tarde do que nunca), o u quand o u m chiste exp lo ra u m provérbio (Suspeitando da fid elid ad e da mulher, Teo d o ro co ntrata u m d etetiv e que, depo is de um a semana, lhe info rma que a mulher o está traind o co m seu melho r amigo . N o d ia seguinte, o cacho rro d a família aparece mo rto ) etc. M esm o sem entrar

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em d etalhes, vale a p ena assinalar a necessid ad e de u m a inferência

ativa para que o

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slogan e a p iad a funcio nem (trata-se de "lembrar" do s pro vérbio s "antes tard e do que nunca" e "o cão é o melho r amig o do

ho m em ", o que tem a ver co m memó ria d iscursiva, sim, mas d esigual-mente distribuída entre lo cuto res, e que não funcio na no v ácuo ).

De certa fo rma, para que o lugar d este trabalho fique mais claro , talvez valha a pena insistir em caracterizá-lo melhor. A pretensão é fugir ao vício do tud o o u nada já assinalado. A ceitamo s em traço s gerais um a co ncep ção de sujeito d eco rrente das pesquisas dos últimos cem ano s. Segund o Certeau (1996), o ato mismo so cial que, d urante três século s, serv iu de p o stulad o histó rico para um a análise da so cied ad e sup o nd o uma unid ad e elementar, o indivíduo, a p artir da qual seriam co mpo sto s os g rup o s e à q u al sempre seria po ssível red uzi-lo s, fo i recusad o p o r mais de u m século de p esquisas so cio ló g icas, eco nô m icas, antro p o -ló gicas o u psicanalíticas. Mas aceitar tal co nclusão não significa aceitar que o sujeito é to talmente passivo . É o mesmo auto r q u em d isting ue usuário de co nsumid o r. Para esclarecer o que significa essa tese, co nsi-dere-se sua avaliação das análises típicas de materiais co mo os provér-bio s e outro s texto s que se rep etem. Segundo esse autor, os provérprovér-bios acabam p o nd o em relevo os esto ques classificados, perd end o se o pro -cesso. Em suas próprias palavras:

inco nveniente do método, condição do seu sucesso, é extrair os d o cumento s de seu co ntexto históiico e eliminar as operações dos locutores em circunstâncias particulares de tempo , lugar e co mpetição . É necessário que se apaguem as práticas lingüísticas cotidianas (e o espaço de suas táticas), para que as práticas científicas sejam exercidas no seu campo próprio. Por isso não se levam em conta as mil maneiras de "colocar bem" um provérbio, neste ou naquele mo mento e diante deste ou daquele interlo cuto r. Tal arte fica excluída e os seus autores, lançad o s para fora do laboratório, não só p o rque to d a cientificid ad e exige delimitação e simplificação de seus objetos, mas po rque à co nstituição de u m lugar cientifico, condição prévia de qualquer análise, corresponde a necessidade de poder transferir para ali os objetos que se devem estudar. Só pode ser tratado o que se pode transportar. O que não se pode desarraigar tem que ficar fora do campo, por definição. Daí o privilégio que esses estudos concedem aos discursos, coisa deste mund o que é aquela que se pode mais facilmente captar, registrar, transportar e abordar em lugar seguro, enquanto o ato de palavra não pode separar-se da circunstância. (Certeau, 1996, p.81-2)

É reco rrente nos trabalho s dazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA AD - especialmente a p artir d aquela que Pêcheux (1990a) chama de "3a ép o ca" - a d emo nstração da

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ro geneid ad e d iscursiv a a p artir da ênfase na p resença do

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O/outro no d iscurso . Baseados no princípio dialó gico co nstitutiv o do d iscurso co

n-cebido pelo círculo de Bakhtin, mas info rmado s basicamente pela leitura de Lacan (nos dois sentid o s: sua leitura de Freud e a leitura que se faz de sua o bra), esses trabalho s m o stram asp ecto s ev id entem ente re-lev antes d o funcio nam ento d a ling uag em , em que o p ap el do outro é fund amental. Mas, em geral, as análises não vão além da d emo nstração da hetero geneid ad e e d a relevância d o d iscurso d o o utro . Freqüente-mente, um a co nclusão a que a maio r p arte de tais análises - f u nd a-mentad as numa p ersp ectiv a estreita do p o nto de v ista exatamente da heterogeneidade - chega é que a presença do discurso do O/outro o u do o/ Outro no d iscurso p raticamente anula o sujeito (o lo cuto r, o autor, o enunciado r) red uzind o -o o u a u m mero lugar o u a u m efeito . O u seja, o sujeito não é co nsid erad o co mo se representando através do(s) outro(s) discurso(s) o u interferind o nele(s), a p artir de o utra p o sição .

N o entanto , o funcio namento d iscursivo parece ind icar a relevância d e tentar o utra estratég ia de análise. Esp ecificamente, certo s texto s curto s, enunciad o s de ampla circulação , co mo os lugares-co muns, p ia-das, provérbios, slogans etc , p o ssibilitam um a reflexão diferente acerca d o O/outro no d iscurso , po is que neles a ação do sujeito p o d e ser até facilmente d etectad a, o u mais, é praticamente impossível de ser disfar-çad a. Poder-se-ia dizer que se trata de casos de subjetivid ad e mo strada.

N o ssa hip ó tese é a de que a p resença do outro d o d iscurso não o briga a eliminar o u d esco nhecer o trabalho do "eu"; até p erm ite mo s-trar o sujeito o perand o co mo u m estrategista - co nceito d esenv o lv id o po r M ic he l de Certeau (1996) - em sua ativ id ad e d iscursiv a. U m tra-balho que parte dessa co ncep ção de sujeito enfatiza a fabricação que os usuário s fazem co m os p ro d uto s que lhe são oferecidos (ou até mesmo imp o sto s), po is aceita que na co nstituição do d iscurso os:

outros discursos são marcados poi usos, apresentam à análise as marcas de atos ou processos de enunciação ; significam as o peraçõ es de que foram objetos, operações relativas a situaçõ es e encaráveis como modalizações co njunturais do enunciad o o u da p rática; de mo d o mais lato , ind ic am p o rtanto um a historicidade social na qual os sistemas de representaçõ es ou os pro cedimento s de fabricação não aparecem mais só como quadros no rmativo s mas co mo instrumentos manipuláveis por usuários. (Certeau, 1996, p.82)

Parece co rreto , assim, conceber as açõ es do sujeito , incluind o , ev i-d entemente, o i-discurso , a p artir i-das co ni-d içõ es só cio -histó ricas que ele

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enco ntra e que co nd icio nam sua ação e o discurso , sem que isso sig ni-fique anular sua ação o u co nsid erá-la irrelevante. É certo que o sujeito é interp elad o pelas(s) ideologia(s) e afetado pelo inco nsciente e que seu d iscurso se inscreve no interd iscurso . M as isso não anula nem to rna necessariamente auto mático seu trabalho , p o ssib ilitand o , ev entual-mente, até mesmo esco lhas estratégicas (o bv iaentual-mente, co nd icio nad as).

Quanto a isso, vale a pena relembrarmo s o que nos esclarecem Pê-cheux & Fuchs (1990) a respeito do esquecimento n2 2, cujo funcio na-mento é de natureza p ré-co nsciente-co nsciente, na med id a em que u m sujeito falante selecio na, no interio r d a fo rmação d iscursiv a que o d o -mina, u m enunciad o e não o utro s que p o d eriam ter sido selecio nad o s po r funcio narem co mo equivalentes no interio r de tal fo rmação d iscur-siva. Se considerarmos que o co njunto de enunciados básico s que cons-titu em um a fo rmação d iscursiv a é bastante p equeno , p o d emo s justa-mente focalizar a ativid ad e do sujeito nas paráfrases que realiza a p artir de enunciad o s que ele não d o mina, que ele não cria, mas que ele co -nhece o suficiente para parafrasear e emp regar ad eq uad am ente em d eterminad as situaçõ es. Não se po d e imaginar que to das as paráfrases do s enunciad o s b ásic o s de u m d iscurso se enco ntrem v irtu alm e nte p ro ntas p airand o so bre as c ab eç as do s sujeito s. M elho r ad m itir que esses sujeito s são d o tad o s de um a certa capacid ad e, po is selecio nam itens lexicais e estruturas sintáticas, aind a que essa seleção seja lim i-tada pelas relaçõ es entre os discursos, isto é, pelo interdiscurso e, o bv iamente, pelo próprio sistema lingüístico . Em suma, as co nd içõ es de pro -d ução co n-d icio nam, não -d eterm inam .

Dessa fo rma, p o d emo s co nsiderar o d iscurso co mo repetição / reto -mad a de o utro s, o u melho r, co mo paráfrase de o utro s d iscurso s, mas tam b ém p o d emo s enxergar, juntam ente co m a rep etição , a ativ id ad e d o sujeito que selecio na este enunciad o e não aquele, que o p ta p o r u m e não o utro item lexical etc. Ora, o próprio ato de enunciar p o d e ser encarado co mo um a ativ id ad e p arcialmente co nsciente do sujeito , na m ed id a em que "co nhece" leis so ciais d a co nv ersação , que "ev ita" temas p ro ibid o s so cialmente, que tem u m certo co nhecim ento so bre seus o uv intes, que sabe, ev entualmente, que empregar certo s enun-ciado s em certas o casiõ es pro vo ca efeitos mais o u meno s previsíveis. Não que o sujeito po ssa sempre co ntro lar esses efeitos o u até m esm o p red iz ê-lo s, mas sabe, em m uitas situ aç õ es, algo a resp eito d eles. Co mo exemp lo , v ejam-se as mano bras que os sujeito s-falantes rea-liz am na elabo ração de p equeno s texto s humo rístico s analisad o s po r Po ssenti (1995).

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A tentativ a d e exp licitar as estratégias d iscursivas d o sujeito não imp lica po stular u m sujeito intencio nal o u mesmo negar o inco nsciente, a id eo lo gia e a histó ria, po is, co mo afirma Geraldi (1996, p.99), "entre a metafísica id ealista e o m aterialism o mecanicista, p o nto s extremo s, mo v imentase o p ênd ulo ". Esclarecemo s que o que estamo s questio -nand o é a fo rma simp lificad a que a maio ria dos trabalho s sobre

hete-ro geneid ad e confere ao

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O/outro no pro cesso de co nstituição do sujeito e do sentid o (ver Po ssenti, 1995).

A tese p o d eria ser bem resumid a co m a seguinte leitura que Clark & H o lquist (1998) fazem de Bakhtin:

A ativid ad e ética é concebida como u m ato (postupok). A ênfase não recai naquilo em que a ação resulta, o pro duto final da ação , mas antes no ato ético em seu fazimento, como u m ato no processo de criar ou "autorar" u m evento que pode ser chamado de ato, quer ele seja uma ação física, u m pensamento, uma elo cução ou u m texto escrito - sendo os dois últimos encarados como co extensivo s. Bakhtin chega a esse processo med itand o sobre a fo rma da atividade auto ral... (p.89-90)

Veja-se aind a, dos mesmo s auto res:

A dicotomia self/ outro em Bakhtin não enfatiza, como na filosofia romântica, o self sozinho, uma subjetivid ad e radical que ameaça cair na sombra dos solipsismos extremos. Pela mesma razão o self, como é concebido por este filósofo russo, não é uma presença na qual se aloja o privilégio supremo do real, a fonte de soberana intenção e o garante da significação unificad a. O self bakhtiniano nunca é co mpleto , uma vez que só pode existir d ialo gicamente. Não é uma substância ou essência por direito próprio, porém existe apenas num relacionamento tenso co m tudo o que é outro e, isto é o mais imp o rtante, co m outros selves. (p.91)

Defend eremo s essa tese analisand o v ário s texto s: e m p rim eiro lugar, e u m tanto genericamente, trataremo s da intro d ução de "pensa-mento s" de autores co nhecid o s em livro s de auto -ajud a; em seguid a, b em mais d etalhad amente, analisaremo s u m slogan po lítico cujo f u n-cio namento nos po ssibilita verificar o trabalho estratégico d o sujeito que assim escreve a sua subjetiv id ad e, po is "escrever é utilizar to d o tip o de meio de expressão para tentar dizer o que se é e, antes ainda, o que não se é" (Schneider, 1990, p.332). Finalmente, trataremo s, mais o u meno s sumariamente, de u m texto humo rístico cujo mo d o de co nstrução é a exp lo ração de frases feitas.

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Co nsid eremo s, p o is, em p rim eiro lugar, o que aco ntece co m u m tip o p articular de literatura, co nvencio nalmente co nhecid a co mo litera-tura de auto -ajud a. Os livro s de auto -ajud a são aqueles que p ro m etem fórmulas infalíveis para a co nsecução de uma série de objetivos, a saber, ganhar d inheiro , co nquistar sucesso pro fissio nal, o bter auto co nfiança, co nquistar o p arceiro id eal... Esses liv ro s tratam d e u m co njunto de asp iraçõ es co rriqueiras, co muns a u m co njunto indefinível de pessoas, dos mais variados países, classes sociais, culturas e idades. U m analista d o d iscurso que investigasse esse tip o de material certamente p ro cu-raria exp lic itar suas co nd içõ es d e p ro d ução . Sem m uita d ificuld ad e, d esco briria que, nu m m und o em que nem to d o s p o d em ficar rico s, em que não há emprego para to d o s, em que nem to d o s p o d em mo rar em co nd o mínio s de luxo e tc , há u m ambiente pro pício ao flo rescimento desse tipo de literatura para apaziguar os ânimo s e levar pessoas a acre-d itarem que p o acre-d em realizar os seus pro jeto s, p o acre-d em ficar ricas, p o acre-d em co mprar carros o u casas de praia etc , co mo se o sistema so cio eco nó -mico não limitasse essas po ssibilid ad es. Se u m indivíduo acreditar que realmente tud o d epend e dele, então não terá razõ es para questio nar o que efetiv amente o imp ed iria de mud ar seu nível so cio eco nó mico , fato muito favorável à manutenção d o sistema. A liás, de aco rd o co m o d is-curso d a auto -ajud a, os fracasso s da v id a d evem-se aos pró prio s su-jeito s, que não so uberam co mo ap licar d ev id am ente o que os liv ro s

receitam. É neste sentid o que azyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA AD entend e os d iscurso s co mo co n-d icio nan-d o s po r fatores eco nô m ico s, in-d eo ló g ico s etc. A ssim , existe o

cap italismo , cuja id eo lo gia se materializa em d iscurso s que p ro p iciam a sua manutenção , co mo parece ser o caso do d iscurso v eiculad o po r esse tip o de literatura. Co ntud o , a tarefa do analista não deve acabar aqui. A final, os livros de auto -ajuda não existem ind ep end entemente de seus autores. Esses autores são sujeitos sábio s o bastante para perceber que existe u m vastíssimo mercad o que necessita co nsumir texto s co m mensagens o timistas. Ora, a sensação que se tem quand o se lêem do is desses livro s é que se leu apenas u m . Quanto mais se lê, mais se per-cebe o quanto esses livros d izem a mesma coisa. Vejam-se po r exemplo as seguintes passagens:

tud o aquilo que imaginardes, cedo ou tarde se expressará em vossos negó cio s ... A ssim, pois, para jogardes co m êxito a p artid a da v id a, é preciso educardes vossa faculdade imaginativ a. (Prado, 1991, p.16)

O que pensamos sobre nós torna-se verdade para nós ... Cada pensamento que temo s está criand o nosso futuro ... O que vo cê escolhe pensar sobre si mesmo e sobre a v id a to rna-se verdade para vo cê. (Hay, 1984, p.17-8)

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Se eu tiver Sucesso dentro do meu cérebro, o Sucesso virá. Se meu cére-bro armazenar d esgraças, é isto que eu vo u enxergar no mund o ... N o mo men-to em que vo cê mud a suas crenças e seus sistemas de valores, o mund o mud a com vo cê, co mo num estalar de dedos. (Ribeiro, 1992, p.41-2)

A inteligência infinita em seu subconsciente só pode fazer por você o que pode fazer por seu intermédio. O seu pensamento e sentimento co ntro lam o seu destino ... Os seus pensamentos são criativo s. Cada pensamento tende a manifestar-se em sua v id a. (Murphy, 1994, p.37)

Poder-se-ia facilmente imaginar que foram to das tirad as do mesmo livro , o u que p ertençam a livro s diferentes de u m mesmo auto r. Entre-tanto , elas se enco ntram em liv ro s d iferentes, de auto res d iferentes. Então , se o co nteúd o desses liv ro s já fo i d ito e red ito , p o r que esses autores co ntinuam p ublicand o esses livro s? Talvez p o rque p erceberam que enco ntraram, na ativ id ad e de parafrasear u m certo co njunto de enunciados, uma fo nte muito rica de vendas. Co mo se sabe, os livros de auto -ajud a são u m sucesso de vend as mund ial, co m d ireito a seç õ es especiais em livrarias e divulgação de listas dos mais v end id o s. A liás, po d er-se-ia mesmo questio nar por que alguns livros são mais vend id o s do que o utro s, se to d o s rep etem as mesmas id éias. A o lado de o utro s fatores, co mo inv estimento s em d ivulgação , prestígio dos autores e tc , p arece p o ssív el justificar isso d iz end o que alguns co ntêm p aráfrases mais interessantes d o que os o utro s, o que no s auto riz a a ver seus auto res co mo sujeito s mais criativ o s, capazes de transfo rmar u m co n-junto de já-d ito s numa fo nte até mais prazerosa de leitura para o utro s sujeitos. Por exemplo , o Dr. Joseph M u rp hy parece ser u m b o m exemplo

d e u m sujeito que, d o tad o d e u m certo saber, enco ntro u

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mil e uma maneiras de dizer a mesma coisa em suas dezenas de livro s. Pensamo s

que estamo s falando de u m sujeito ativo, explo rand o u m vasto mercad o que não era seu a p rio ri e que ele co nquisto u.

M ic hel de Certeau (1996) nos ensina a olhar o co tid iano reveland o "as o p eraçõ es dos usuário s, sup o stamente entregues à p assiv id ad e e à d isc ip lina". Seu trabalho te m p o r o bjetiv o "exp lic itar as c o m b ina-tó rias de o p eraçõ es que co mp õ em tam b ém (sem ser exclusiv amente) uma cultura e exumar os mo d elo s de ação característico s do s usuá-rio s, do s quais se esco nd e, so b o p u d ic o no m e d e co nsumid o res, o estatuto d e d o minad o s (o que não quer d izer passivo s o u d ó ceis). O co tid iano se inv enta co m m i l maneiras de caça não auto rizad a" (p.38). "M aneiras de fazer", co mo d iz Certeau, que fo rm am a co ntrap artid a, do lad o do s co nsumid o res (o u "d o minad o s"?) do s p ro cesso s m ud o s

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que o rganizam a o rd enação só cio -p o lítica" (p.41). Parece razoável co

n-siderar os auto res desses livro s de auto -ajud a co mo sujeito s

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quebran-do a disciplina e a passividade ao ap ro v eitarem u m esp aço criad o p o r

situaçõ es que eles não d o m inam , v eiculand o enunciad o s que tam bém não são o rig inais. É pro vável que eles d e sc o nhe ç am as o rig ens d o d iscurso que v eiculam, o que não nos imp ed e de perceber esses sujei-to s exp lo rand o um a situação p reestabelecid a e alg uns até lucrand o bastante co m ela.

A co ncep ção de sujeito que estamos defendendo aqui é esclarecida em Possenti (1996). Defendendo a idéia do discurso co mo integralmente aco ntecim ento e integ ralm ente p eça de um a estrutura (referind o -se o bv iamente a Pêcheux, 1990b), ele po stula outros cinco princípios simi-lares a respeito dos sujeito s e d iscurso s. Esses princípios são :

1 os sujeito s são integ ralmente so ciais e histó rico s e integ ralmente ind iv id uais - para evitar o subjetiv ismo desvariado o u a id entifica-ção do sujeito co mo um a p eça;

2 cad a d iscurso é integ ralm ente histó rico e so cial e integ ralm ente p esso al e circunstancial - para ev itar a id éia de que o sujeito é fo nte de seu d iscurso e a de que é o d iscurso que se dá;

3 cada discurso é integralmente interdiscurso e integralmente relativo a u m mund o exterio r - para evitar a idéia de que o d iscurso refere-se d iretamente às coisas e a de que tud o é d iscurso o u que a reali-d areali-d e, se ho uver uma, é criareali-d a pelo reali-d iscurso ;

4 cada d iscurso é integralmente ideo ló gico e/ ou inco nsciente e inte-gralmente co o perativo e interpesso al - para evitar a idéia de que o sujeito diz o que diz materializand o as suas intençõ es e a de que o sujeito não tem nenhum po d er de mano bra e que o interlo cuto r co ncreto é irrelev ante;

5 o falante sabe (integralmente?) o que está d izend o e ilud e-se (inte-gralmente) se pensar que sabe o que diz (ou que só diz o que quer) - para ev itar que se d esco nheçam os saberes que os sujeito s acu-m u laacu-m eacu-m sua prática histó rica e que se co nclua disso que nad a lhe é estranho o u d esco nhecid o , (p.6)

Co mo a p assagem esclarece, não se p o d e d efinir o sujeito só p o r u m traço . Perguntamo s ao leito r o que auto res co mo Go ethe, W illiam James, Proust, Henry Ford, Tho mas Kuhn, Pascal, Shakespeare têm em co m um co m a auto -ajud a. A p arentemente, nada, mas são to d o s, entre o utro s, fo ntes de citaçõ es que ap arecem nos livro s de auto -ajud a, c itaç õ e s essas que serv em co mo refo rço s para atestar as id éias p ro

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p o stas no s liv ro s. M as q u e m p o d eria im ag inar q ue falas d e p erso -nag ens d e Shakespeare i ri am aparecer nos liv ro s de auto -ajud a? O u q u em po d eria prever que pensamento s d e Kuhn e d e Pascal sirv am para ensinar alg uém a ganhar d inheiro , a vend er mais, a ter sucesso p ro

-fissio nal? Ora, não existe nad a a

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prion que pudesse garantir o u prever a o co rrência dessas citaçõ es nesses liv ro s. M as sujeito s enco ntraram

no s enunciad o s de o utro s sujeito s reforços para suas teses. Parece que não é imp rud ência co nsid erar essas c itaç õ es co m o ativ id ad es d e su-jeito s que reap ro v eitam o já-d ito para to rnar seus texto s m ais co n-v incentes.

A resp eito de citaçõ es, A uthier-Rev uz (1990) esclarece que elas, co mo u m caso marcad o de hetero geneid ad e mo strad a, são "u m a das fo rmas lingüísticas d e representação d e diferentes mo d o s d e neg o ciação d o sujeito falante co m a hetero geneid ad e co nstitutiv a" (p.26). Segund o a autora, tais formas caracterizam-se co mo fo rmas d o d esco nhecimento da hetero geneid ad e co nstitutiv a, po r o perarem so b o m o d o da d ene-g aç ão , "p o r u m a esp éc ie d e co m p ro m isso p recário que dá luene-g ar ao hetero gêneo e p o rtanto o reco nhece, mas para melho r negar sua o nipre-sença" (p.33). Propomos inverter a ênfase de A uthier-Revuz, da seguinte fo rma: o sujeito não sabe tud o , sabe meno s d o que pensa, d esco nhece o que parece controlar, mas revela, nas formas de hetero geneidade mo s-trad a, que d etém u m certo saber.

Parece ser pro veito so ap licarmo s a análise (de Certeau) às citaçõ es enco ntradas nos livro s de auto -ajud a. Trata-se de maneiras de colocar bem a voz de u m o utro o u de outro(s). Podemos utilizá-las co mo exem-p lo s da exem-p resença de u m a alterid ad e na cadeia d iscursiv a, m o strand o co mo o sujeito não está so zinho , mas também utilizálas para co mp ro -var que existe u m sujeito que revela u m certo saber ao emp regar b em esta o u aquela citação . Pensamo s que a citação p o ssa ser encarad a co mo u m processo bastante co mplexo , que ficaria red uzid o caso fossem eliminad o s os seus auto res: ora, essas citaçõ es env o lv em esco lhas de sujeito s que enco ntraram co rrespo nd ência entre o que sustentam e os dizeres d e auto res que d esfrutam m uito créd ito . Temo s, p o rtanto , su-jeito s em ativid ad es que envo lvem pelo menos u m certo g rau de co nhe-cimento e de co nsciência, reinv entand o o co tid iano co m um a bo a d o se de criativ id ad e.

Em seguida, para mostrar mais d etalhad amente alguns aspecto s do

funcio namento d iscursiv o , analisaremo s o enunciad o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"Acorda, Brasil. Está na Hora da Escola!", co m o intuito de tentar exp licitar o

traba-lho realizado pelo sujeito . Sem voltar à hip ó tese do sujeito produtor, mas

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co nsid erand o a interd iscursivid ad e, nossa análise pretend e mo strar que

a co nstituição do

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slogan é u m lugar o nd e o sujeito trabalha a p artir de o utro s d iscurso s.

"Acorda, Brasil. Est á na Hora da Escola!" é u m enunciad o que

fo i u tiliz ad o co m o slogan d o Pro grama d o g o v erno d o Presid ente d a República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso - eleito pela

co lig ação d o s p artid o s p o lítico szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA PSDBPFLPTB, co nsid erad o s id eo lo -g icamente de d ireita (sobre a d istinção d ireita e esquerd a, ver Bo bbio ,

1995) - para a Ed u c aç ão . Esse slogan fo i rep risad o d iversas vezes na abertura d o ano letivo de 1995, nos meio s de co m unicação de massa, co nclamand o o empresariad o e o po vo para mo biliz arem-se e d inam i-zarem o setor ed ucacio nal. De acordo co m o ministro da Ed ucação e d o Desp o rto , Paulo Renato de Souza:

desde o início do go verno ele [o presid ente Fernando H . Cardoso) reuniu empresário s, formadores de opinião, co municado res, atores, atrizes em atos que visavam chamar a atenção para a necessidade de o Brasil despertar para a Ed ucação , procurando fazer co m que a questão deixasse de ser u m problema, para ser o grand e fator do nosso d esenvo lvimento ... Uma parte imp o rtante da mo bilização sem dúvida, é a co ntribuição do meio empresarial ... Sem dúvida, o outro segmento a ser mo bilizad o é o dos pais ... A s escolas públicas, quand o co ntam co m esse apoio, têm desempenho semelhantes ao das escolas privadas. {Boletim Acorda, Brasil, p.3, ano I, ns 0, mar.1997)

Para Josecler Go mes Mo reira, co o rd enad o r do Pro grama

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"Ac o rd a ,

Br a s i l ":

o ministro trabalha para que o brasileiro, seja ele rico empresário o u u m humild e trabalhador, deixe de olhar a escola pública só como questão de governo e passe a assumi-la pessoalmente, adotando açõ es de parceria em seu favor ... Foi d ignificante conhecer cidadãos que ajudam a escola sem pedir nada em troca. Gente como o agriculto r D. G. M . . . . Incansável aos 92 anos, ele planta de sol a sol para doar alimento s a creches e escolas. (Boletim Acorda, Brasil, p.2, ano I, ns 0, mar.1997)

Embo ra de fo rma breve, reco rtamo s as co nd içõ es de pro dução q ue exp licam, quanto às co nd içõ es histó ricas e circunstanciais, a o co rrência d o slogan em estud o .

"Acorda, Brasil. Est á na Hora da Escola!" é u m siogan político,

que v eicula a id eo lo g ia do cid ad ão co mo parceiro d o go v erno . Co

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tu i um a fórmula co ncisa, fácil de ser p ercebid a, retid a, rep etid a para uma ação .

Co mo o discurso é hetero gêneo , reco rtad o e atravessado por o utro s

d iscurso s, há no

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slogan em análise a p resença de o utro s d iscurso s no interio r do próprio d iscurso , o u seja, a interd iscursiv id ad e, assim co mo

a materialização de o peraçõ es lingüísticas resultante de u m trabalho do sujeito .

De aco rd o co m a teo ria de Rebo ul (1975, p.2), p o d emo s dizer que esse enunciad o é u m slogan "não pelo que d iz, mas pelo que não d iz, e que, no entanto , co nstitui seu alcance real, seu po d er de incitação ". Ou seja: a ed ucação vai mal, mas a respo nsabilidade não é só do gover-no federal - do presid ente, do ministro da ed ucação - , é dos emp resá-rio s, é do po vo . Por isso, despertem da inércia, d o sono e se m o biliz em para melho rar a ed ucação brasileira. Nesse não d izer inscrev e-se u m sujeito d o d iscurso esclarecido e porta-voz da verdade.

"Acorda, Brasil. Está na Hora da Escola!" é u m enunciad o

construído em fo rma de u m chamado , de uma co nclamação . A p artir de outro discurso, o u seja, do enunciad o : "Brasil... deit ado eternamente

em berço esplênd id o " (ver Hino N acio nal do Brasil) é criad o : "Acorda, Brasil". Essa o peração é u m aspecto relevante do processo de produção

d o slogan em análise, pois a p artir dela é po ssível desvelar, na própria matéria lingüística desse d iscurso , o traço d eco rrente d o trabalho d o sujeito so bre o próprio significante.

Esse pro cesso é um a o p eração relevante d o falante para co nstruir esse slogan, que institui um a cena enunciativ a na qual u m sujeito fala

a p artir de um a Fo rm ação Discursiv a (zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAFD) elitista/ iluminista. Essa FD id entifica a p rática do po d er co m um a tarefa essencialmente d id ática

cujo objetivo principal é mudar o co mp o rtamento dorm inhoco do Brasil

caracterizad o po r estar "deit ado eternam ente em berço esplên-dido". É preciso que o iluminadoi (o d espertad o r) acorde o Brasil, po r isso ele co nclama: Acorda, Brasil. Esse pro cesso d e co nstrução d o slogan mo stra que o outro não é apenas co nsumid o , o u seja, que esse outro discurso não estava pro nto em u m lugar e foi apenas mencio nad o . Mo stra, so bretud o , que há um a estratégia, um a inv entiv id ad e.

Percebe-se, assim, a p resença d o d iscurso das Luzes: v alo rizar o ho m em , o povo, acordá-lo da igno rância, das trevas. A esse propósito é significativa a seguinte citação de Kant (apud Fortes, 1995, p.83): "o que são as Luzes? A saíd a d o ho m em de sua mino rid ad e pela qual ele pró -p rio é res-po nsável". Esse discurso das Luzes forja u m -projeto de emanci-p ação d o cidadão emanci-por meio de sua emanci-próemanci-pria ação : ele tem que acordar do

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beiço esplêndido, sair da tutela do Estado e construir a escola que

pre-cisa.

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N o entanto , nesse colocar-se co mo po ssuid o r do excedente de vi-são (ver Bakhtin, 1992) e nessa visitação ao discurso iluminista (neo

libe-ral) do discurso sobre a mo dernização da ed ucação há u m deslo camento imp o rtante: a questão d eixa de ser colocada na o rd em do planejamento eco nô mico , da respo nsabilidade do político, d o governo federal, para ser co nsiderada co mo d iscussão da o rd em do privad o , d a genero sidade d o empresariad o , da v o ntad e do po vo . Essa estratég ia é um a fo rma d e o go verno não se respo nsabilizar, financeira, po lítica e id eo lo g icamente pelas p éssimas co nd içõ es de funcio namento da esco la p ública, assim co mo pela exclusão da escola da maio ria das crianças das classes p o p u-lares, po is as crianças das classes méd ia e alta freqüentam as esco las p articulares. Segundo esse slogan, o cid ad ão é d efinid o co mo d o no de seu pró prio d estino : a ed ucação d ep end e d ele. A ação d o cid ad ão é co ncebid a co mo única garantia para um a no va id entid ad e que d essa fo rma assegurará u m d estino de grandeza, de d emo cracia, para a ed u-cação , para o real, para a nação .

O enunciado em análise recorda a cena de um a mãe, o u de u m p ai, pela manhã, aco rd and o o filho d o rm inho co para não perder a ho ra d a escola, d izend o : " Acorda, garoto(a). Está na hora da escola!" . Essa cena familiar e esse enunciado são transpo rtad o s para o lugar de co nstrução

d este slogan po lítico :

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"Acorda, Brasil. Está na Hora da Escola!".

Essa representação não é uma mera reto mada. Ela mostra uma ação que o sujeito faz co m a ling uag em . M o stra a p resença de u m sujeito m ani-p uland o materiais lingüístico s ani-para ani-pro d uzir efeitos de sentid o .

Essa rep resentação é v ital e busca operar co mo estratégia de leg i-timação de u m sujeito que se representa co mo aquele cidadão especial (" um(a) verdadeiro(a) pai/mãe') capaz de enxergar a verd ad eira d im en-são da realidade em to d a a sua co mplexid ad e: não há vagas para to do s, não há qualid ad e na escola pública - agora é a hora da escola. E pro po r o único caminho po ssível: acordar, o u seja, açõ es po r p arte da p o p ula-ção , p o is a resp o nsabilid ad e pela esco la p ública não é um a q uestão so mente do governo federal, mas do povo. Depende da força de vo ntad e de cada um , po is o go verno cumpre sua p arte, cabe aos outros cum p ri-rem a sua.

Co nstruir u m sio gan para o bter u m a ação esp ecífica, em d eterm i-nad as co nd içõ es de pro d ução , mo stra a p resença de u m sujeito o pe-rando para produzir peculiares efeitos de sentido . Embo ra não haja neste slogan u m trabalho tão visível co mo nas piad as e nos provérbios alte-rad o s, p u d em o s d emo nstrar a existência d e marcas da ativ id ad e d o

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sujeito . N a co nstrução do

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slogan, o trabalho do sujeito é so cial, ideo ló -gico , histó rico - po is nunca se trata apenas de intro d uzir nu m d iscurso

marcas ind iv id uais - , mas é tam bém u m trabalho lingüístico . Enco n-tram o s no f u nc io nam ento d o slogan alg uns ind ício s d este trab alho q u and o o bserv amo s o p ro cesso d e p ro d ução . D etectam o s aç õ es d o sujeito na m aterialid ad e d iscursiv a. Uma alternativ a seria co nsid erar que esses ind ício s são resultad o da pró pria ativ id ad e da língua (ver Gad et & Pêcheux, 1981). Entretanto , nossa p o sição é que as aç õ es da língua não exc lu em as aç õ es do sujeito s (so bre essa d isc u ssão , ver Gerald i, 1993).

A lém das questõ es relativas às mano bras dos sujeitos, po d e-se ex-p licitar o utro asex-pecto co rrentemente asso ciado à mesma ex-p ro blemática. Em texto s co mo os que estamo s analisand o , trata-se de trabalho d o sujeito o u de trabalho da própria língua? Para que a alternativ a fique mais clara, analisamo s, embo ra sem muito d etalhe, u m texto cuja ca-racterística básica é o inv estimento em clichês e provérbios. Seu efeito é humo rístico , mas não é essa a característica que queremo s ressaltar. O que será d estacad o é essencialmente o p ro ced imento de m o ntag em do texto , que exp lo ra em larga escala o d iscurso de o utro .

Pretend emo s mostrar, analisand o algumas passagens de u m texto que acum ula "d iscurso s d e o utro ", que não se p o d e v o ltar ao sujeito o riginário , po is fica claro que o texto resulta de um a m o ntag em co m materiais que certamente não p ertencem ao auto r, mas que isso não significa p o stular a ausência de sujeito , a m o rte do autor, exatamente p o rque o que o auto r faz co m tais materiais não é o ó bvio o u o co rrente,

mas o utra coisa, ev entualmente bastante o rig inal. O texto "zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAFRASES", de Luiz Fernand o Veríssimo , po d e ser assim resumid o :

Um senhor co meça a pensar que tem problemas no dia em que, co n-versando co m os amigos, se refere a alguém co mo tend o uma paciência de Lot. Eles lhe o bjetam que se diz paciência de Jó, mas ele insiste, e sua insis-tência dos amigo s o faz duvidar, como M acbeth. Decide co nsultar u m colega que ainda não se manifestara, esperando que ele desse o voto de M ecenas, pois o considerava justo como Moisés. Consolado pelos amigo s, elabora uma pequena teo ria segundo a qual só há u m jeito certo de dizer as coisas, que se deve respeitar as frases que milhares de anos criaram para todas as o casiõ es. Trair tal herança seria como voltar à tone de Babilônia. Foi para casa, derrotado co mo Napoleão depois de W atergate. À noite, desesperado, sente que falta po uco para tomar cicuta, como Aristóteles. Sozinho, fica pensando em co mo as frases erradas o to rnariam vulnerável, seriam seu calcanhar de Ulisses. Considera que está ficando velho co mo ... como M ateus. No dia seguinte,

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d ecid e reco meçar. A final

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Esparta não fora feita num só dia. Em p o uco temp o , tud o estaria como antes no quartel de... de... Decide ir ao méd ico , que fez

ouvidos de marceneiro em relação a suas queixas, embora fosse insusp eito , como a mulher de Nero. Quando o méd ico lhe diz que ele está bem, responde, incrédulo, co m Sonho de uma tarde de outono. Quando o méd ico diz que não vai receitar nada, p ergunta-lhe se v ai lavar as mão s. O méd ico responde como Pilatos, ao que ele retruca como Herodes. Decide ir para casa, viver recluso, sem falar co m ninguém. A final, o silêncio é de prata.

A característica mais visível deste texto é o v o lume de citaçõ es de frases feitas de tip o s v ariad o s. Temo s, aqui, u m excelente exem p lo co nd ensad o , que serv iria para d efend er a m o rte d o auto r e a p rep o n-d erância n-d o intertexto . Sim p lificann-d o u m p o uco , co rre-se o risco n-de desprezar o trabalho do auto r, que, no entanto , não necessariamente está ausente, po is, de mo d o notório, ao mesmo tempo, cita, mas inven-ta, e inveninven-ta, mas seguindo limites bastante estritos. A ssim , inv enta "paciência de Lo t", "d uvid ar como M acbeth", "Esparta não fo i feita nu m só d ia", "so nho de um a tard e de o uto no ", "o silêncio é de p rata", entre outras fo rmas. O que significa que cita (aludindo) as fórmulas "co rretas" que se o uv em por detrás das (que estão sob as) que aparecem no texto . A lém disso, inv enta seguind o u m esquema estrito : Lo t e Jó são perso -nagens bíblico s, M ac b eth e Hamlet são perso -nagens de Skakespeare, Ro ma e Esp arta são cid ad es (antigas), tard e e no ite são p erío d o s de temp o , o uto no e verão são estaçõ es do ano, prata e o uro são metais (e metáfo ras co rrentes). O que equivale a d izer: há inv entiv id ad e, mas há esquema (aliás, só há inv entiv id ad e co m esquema). E, co rrelativa e i n -versamente, há esquema, há discurso s pro nto s, mas também há inv en-ção so bre eles. A lém disso , não é de desprezar o fato de que o texto d em and a u m leito r (co o p erativ o , d iria Eco , 1979) que rec o nheç a as fó rmulas alud id as, po is sem isso o texto não funcio na - se o nd e uns riem outro s ficam co nstrangid o s, tud o bem, mas se ninguém ri, o texto fracassa. Barthes (1988) sugere que o auto r precisa mo rrer para que o leitor possa assumir o papel de dar unid ad e ao texto , o u seja, de d ar-lhe sentid o . M as p o r que transp o r para o leito r u m p o d er to tal atribuíd o anterio rmente ao auto r? Por que é que se precisa atribuir a alguém o p o d er to tal? Por que não exp licar o funcio namento dos texto s co nsi-derando critérios variados (gêneros, estilos etc), consideradas as marcas p resentes no s texto s (p istas, sinto mas), mas co nsid erand o tam b ém alg um tip o de interação entre os pólos "exterio res" d o leito r e d o autor, mesmo que d esigualmente, se for o caso? Ousaria dizer, po r mais que

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isso soe à pragmática, que L. F. Veríssimo, a cada um a das frases feitas que subv erteu, sabia que as estava subv ertend o , e espera que seus leito res se ap ercebam de suas mano bras.

A ssim , imag inaríamo s ter arg umento s co nv incentes para que se possa pensar em sujeitos que realizam o peraçõ es e em texto s que apre-sentam no vid ad es, sem que isso signifique po stular sujeitos que sabem tud o , que estão acima dos g ênero s e da histó ria, e texto s que nad a tenham a ver co m o utro s texto s. Enfim, pensamo s que é po ssível co

n-ceber

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sujeitos trabalhando, e trabalho que d eixa marcas no s texto s (assim co mo o utro s trabalhado res d eixam suas marcas nos o bjeto s que

pro d uzem, especialmente se buscam efeito estético . Po deríamo s pensar nos p ro d uto s artesanais e na culinária, se não quisermo s co nsiderar a g rand e arte...). Ev entualmente, p equenas marcas. N a enunciação de lugares-co muns e de pro vérbio s, quer se trate da enunciação das fór-mulas enquanto tais quer se trate de sua enunciação "alterada", cremos que não se po de dizer nem que cada caso é u m caso, co mo se não ho u-vesse co nd içõ es que p resid em sua enunciação (sua "boa co lo cação "), nem que a enunciação é auto m ática, co mo se não ho uv esse alg u m processo, que inclui, de fo rma relevante, avaliação , d ecisão , apd sta por p arte d o sujeito/ autor/ locutor.

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• ABSTRACT: This paper investigates the strategical work done by the subject of the discourse upon the discourse of the Other/other. W ithout reviving the idea of the subject as an original creator and, on the other hand, without supposing the speaker totally submitted to the discourse, we conceive this subject as a strategist - in the meaning proposed by M. de Certeau in L'inv entio n d u q u o tid ien. From this point of view, we analyse texts in which it is possible to verify the subject's work in the discourse process.

• KEYW ORDS: Discourse: heterogeneity; work; subject.

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Referências

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