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Artigo
Original
Efeitos
da
administrac¸ão
em
longo
prazo
do
omeprazol
sobre
a
densidade
mineral
óssea
e
as
propriedades
mecânicas
do
osso
夽
Gabriela
Rezende
Yanagihara
a,∗,
Aline
Goulart
de
Paiva
a,
Maurílio
Pacheco
Neto
a,b,
Larissa
Helena
Torres
c,
Antônio
Carlos
Shimano
d,
Mário
Jefferson
Quirino
Louzada
e,
Raquel
Annoni
ae
Álvaro
César
de
Oliveira
Penoni
aaFaculdadedeCiênciasMédicasdePousoAlegre,UniversidadedoValedoSapucaí,PousoAlegre,MG,Brasil bDepartamentodePatologiaClínica,FaculdadedeMedicina,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
cDepartamentodeAnálisesClínicaseToxicológicas,FaculdadedeCiênciasFarmacêuticas,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,
Brasil
dFaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto,UniversidadedeSãoPaulo,RibeirãoPreto,SãoPaulo,SP,Brasil
eFaculdadedeMedicinaVeterináriadeArac¸atuba,UniversidadeEstadualPaulistaJúlioMesquitaFilho,Arac¸atuba,SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem6deabrilde2014 Aceitoem19demaiode2014 On-lineem22desetembrode2014
Palavras-chave: Osso
Densidadeóssea Omeprazol Ratos
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Estudosepidemiológicosmostramumarelac¸ãoentreousoemlongoprazode inibidoresdebombadeprótonseometabolismoósseo,porémessarelac¸ãoaindanãoestá estabelecida.Oobjetivodesteestudofoianalisaraspropriedademecânicaseadensidade mineralóssea(DMO)deratossubmetidosaousodeomeprazolemlongoprazo.
Métodos:CinquentaratosWistar,entre200e240g,foramdivididosigualmenteemcinco grupos:OMP300(ingestãodeomeprazolnadosede300moL/Kg/dia),OMP200(200moL/ Kg/dia),OMP40(40moL/Kg/dia),OMP10(10moL/Kg/dia)eCont(grupocontrole;ingestão doveículodediluic¸ão).Aadministrac¸ãodassoluc¸õesocorreudurante90diasseguidos.Após aeutanásia,foramanalisadasaDMO,aspropriedadesmecânicasdosfêmuresdissecados eadosagemdeCa++sérico.
Resultados:ADMOdogrupoOMP300foimenordoqueadoCont(p=0,006).Nãohouve diferenc¸anacomparac¸ãoentreosgruposOMP200,OMP40eOMP10emrelac¸ãoaoCont.A forc¸amáximaerigidezdofêmurnãoforamdiferentesnosgruposexperimentaisquando comparadosaoCont.OgrupoOMP300teveconcentrac¸õesséricasdeCa++estatisticamente menoresdoqueogrupoCont(p=0,049)semdiferenc¸aentreosdemaisgruposemrelac¸ão aoCont.
Conclusão:Aingestãodiáriade300moL/Kg/diadeomeprazoldiminuiuaDMOdofêmur, porémsemalterac¸õesnarigidezenaforc¸adofêmurderatosadultos.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonaFaculdadedeCiênciasMédicasdePousoAlegre,UniversidadedoValedoSapucaí,PousoAlegre,MG,Brasil.
∗
Autorparacorrespondência.
E-mail:gabrielayanagihara@hotmail.com(G.R.Yanagihara). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.05.012
Effects
of
long-term
administration
of
omeprazole
on
bone
mineral
density
and
the
mechanical
properties
of
the
bone
Keywords: Bone Bonedensity Omeprazole Rats
a
b
s
t
r
a
c
t
Objectives:Epidemiologicalstudieshaveshownarelationshipbetweenlong-termuseof pro-tonpumpinhibitorsandbonemetabolism.However,thisrelationshiphasnotyetbecome established.Theaimofthepresentstudywastoanalyzethemechanicalpropertiesand bonemineraldensity(BMD)ofratsthatweresubjectedtolong-termomeprazoleuse. Methods: Fiftywistarratsweighingbetween200and240gweredividedequallyintofive groups:OMP300(omeprazoleintakeatadoseof300moL/kg/day); OMP200(200moL/ kg/day);OMP40(40moL/kg/day);OMP10(10moL/kg/day);andCont(controlgroup;intake ofdilutionvehicle).Thesolutionswereadministeredfor90consecutivedays.Aftertherats hadbeensacrificed,theirBMD,themechanicalpropertiesofthedissectedfemursandtheir serumCa++levelswereanalyzed.
Results: TheBMDoftheOMP300groupwaslowerthanthatofthecontrols(p=0.006).There wasnodifferenceincomparingtheOMP200,OMP40andOMP10groupswiththecontrols. Themaximumstrengthandrigidityofthefemurdidnotdifferintheexperimentalgroups incomparisonwiththecontrols.TheOMP300grouphadastatisticallylowerserumCa++ concentrationthanthatofthecontrols(p=0.049),buttheothergroupsdidnotshowany differenceinrelationtothecontrols.
Conclusion: Dailyintakeof300moL/kg/dayofomeprazoledecreasedtheBMDofthefemur, butwithoutchangestotherigidityandstrengthofthefemurinadultrats.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Osinibidoresdabombadeprótons(PPIs)sãoosprincipais fár-macosusadospara tratardoenc¸ascomo úlceraduodenal e esofagitederefluxo.1,2Poraporapresentarempoucosefeitos adversosquandoadministradoscorretamente,esses medica-mentospassaramanãoserusadossomenteparasintomas agudosnapráticaclínica,aindaquesuaindicac¸ãoemlongo prazosejabastantediscutível.3–5
OsPPIsatuamprincipalmentenasupressãodasecrec¸ãode ácidogástricopelascélulasparietaisdoestômago,poisinibem aenzimaH+K+ATPase,eessasupressãoácidapodeduraraté 48horas.6
Estudosepidemiológicosindicamqueháumarelac¸ãoentre ousoprolongadodePPIseometabolismoósseo,7–9porémessa relac¸ãoaindanãoestátotalmenteestabelecida.Yangetal.4 descreveramqueaadministrac¸ãodeomeprazol(20mg/dia), um dos principais PPIs, é capaz de diminuir significativa-menteadensidade mineralóssea(DMO).Acredita-sequeo mecanismoresponsávelsejaaelevac¸ão dopHgástricoque interferirianaabsorc¸ãodocálcio.4,10,11Issoaconteceporque algunssais, como ocálcio, sãoinsolúveis em pHbásico e, portanto,seriammenosabsorvidos.8Entretanto,oestudode Hyunetal.3sugerequeousodeomeprazoltendeadiminuir areabsorc¸ãoósseaeimpedir aprogressãoparaa osteopo-rose.Portanto,nãoestá claroarelac¸ão dousodePPIscom adesmineralizac¸ãoósseaeoriscodefraturasassociadasao usoprolongadodeomeprazol.9
Umavezqueexistemevidênciasdequeousoprolongado de PPIs podealterar o comportamento das células ósseas,
nossoobjetivofoianalisaradensidademineralósseaeas pro-priedadesmecânicasdofêmurderatossubmetidosaousode omeprazolemlongoprazo.
Materiais
e
métodos
Tipodeestudo
Experimentalemmodeloanimal.
Animais
Osprocedimentosadotadosnesteestudoseguiramasnormas descritaspeloColégioBrasileirode Experimentac¸ãoAnimal (Cobea)de1991edoInternationalGuidingPrinciplesfor Bio-medical ResearchInvolving Animals12 eteve aprovac¸ãodo ComitêdeÉticaemPesquisaAnimaldaUniversidadedoVale doSapucaí.
CinquentaratosdalinhagemWistar,machos,adultos,de pesoentre200-240g,foramusadosnesteestudo.Osanimais forammantidossobcondic¸õesnormaisdeambientee tem-peratura(21◦
±2◦C;55%-60%deumidadeeciclode12horas
claro/escuro).Receberamáguaadlibitumerac¸ãopararatos.Foi feitojejumdeseishorasnoperíododiurno,imediatamente antesdoiníciodoprotocolodiário.
Administração de omeprazol ou veículo de diluição
Início do protocolo
Dia 1 Dia 66 Dia 90
Pesagem Eutanásia
Figura1–Desenhoexperimentalduranteoperíododeexposic¸ão.
Soluc¸ões
TodososexperimentosforamfeitoscomáguagrauI purifi-cadaemsistemaMilli-Qecomreagentesdegrauanalítico.As soluc¸õesdomedicamentoforampreparadasdeacordocom Larssonetal.13Osgrânulosdeomeprazol(8,5%;Pharma Nos-tra,Lavras,MinasGerais,Brasil)foramtrituradoscomauxílio dealmofarizedispersosemveículocontendo0,25%de hidro-xietilcelulose 4400 (Galena Química, Lavras, Minas Gerais, Brasil) em soluc¸ão 0,1M de bicarbonato de sódio,pH≈7,4. As suspensões foram preparadas nas concentrac¸ões de 10,40,200,300moL/kg.
Protocoloexperimental
Durante 90 dias os animais dos grupos experimentais receberam suas respectivas doses de omeprazol e os ani-mais do grupo controle receberam o veículo de diluic¸ão. A administrac¸ão via oral foi feita por meio de gavagem. Afigura1mostraodesenhoexperimentalaolongodos90dias deexperimento.
Aotérminodos90diasdeingestãodoscompostos,os ani-maisforam novamente pesados, anestesiadoscom injec¸ão intramusculardecloridratodexilazina(95mg/kg)ecloridrato deketamina(12mg/kg)esacrificadosporexsanguinac¸ão,por meiodepunc¸ãocardíaca.14,15Osfêmuresdireitoeesquerdo de cada animalforam extraídos de seus segmentos corpo-raiseostecidosmusculareseconjuntivosforamtotalmente removidos. Os animais e espécimes foram pesados simul-taneamente.Apóspesagememedic¸ão,asestruturasforam mantidasem soluc¸ãosalina resfriada até o dia da análise densitométricaedosensaiosmecânicos(até48horasapós dissecac¸ão).
Análisedensitométrica
Osfêmuresdireitosforamsubmetidosàanáliseemum den-sitômetrodeduplaemissãoderaiosXparapequenosanimais, modeloDPX-Alpha,Lunar®.Asaquisic¸õesdeimagemforam
feitascomosfêmuresnamesmaposic¸ão,imersossob profun-didadede2cmdeáguaeselecionadasasopc¸ões:apendicular; ossoTipoI;modoaltaresoluc¸ão;76kVp;150A;colimac¸ãono ajustefino;áreadetamanhospadronizadosem40mmde lar-gurae20mmdecomprimento.Conformearecomendac¸ãodo fabricante,oaparelhofoicalibradocomumfantomafornecido peloprópriofabricante.
Comauxíliodomesmoprogramacomputacionalusadona aquisic¸ãodasimagensforamfeitasasanálisesdosexames. Comousodaferramentadeselec¸ão,osossosforam demar-cadosemsuatotalidadeeasinformac¸õessobreconteúdode massaóssea,áreadoossoe,consequentemente,densidade mineralósseaforamcoletadas.
Análisemecânica
Osfêmuresesquerdosdosanimaisforamanalisados meca-nicamente por meio do ensaio mecânico de flexão em três pontos (fig. 2). Para a realizac¸ão desse ensaio mecâ-nico, usou-se uma máquina universal de ensaios (EMIC®,
modelo DL 10000), uma célula de carga com capacidade de 500N(certificada pelaEMIC®),pertencentesao
laborató-riodeBioengenhariada FaculdadedeMedicinadeRibeirão Preto/Universidade deSãoPaulo,eacessóriosdesenvolvidos especialmenteparaosensaiosdeflexãoemtrêspontospara ossosdeanimaisdepequenoporte.16–18
Aspropriedadesmecânicasanalisadasnoensaiodeflexão emtrêspontosforamaforc¸amáxima(Fmax)earigidez(Rig). Avelocidadedeaplicac¸ãodeforc¸aparaosensaiosdeflexão emtrêspontosfoide1mm/min.Ovãoentreospontosde ensaiofoide30mmefoiadotadoumtempodeacomodac¸ão de30segundos.
Figura2–Ensaiomecânicodeflexãoemtrêspontos.
A,estruturaóssea;B,aparatodeforc¸aaplicada.Faculdade
Tabela1–Pesosinicial,médioefinaldosanimais,forc¸amáxima(Fmax)erigidez(Rig)
Grupo Pesoinicial (g)
Pesomédio (g)
Pesofinal (g)
Fmax (N)
Rig (N/mm)
OMP300 196,88±14,90 357,55±39,61 379,44±43,94 92,35±11,61 154,92±33,52 OMP200 213,80±36,06 365,90±44,71 391,70±49,79 97,19±12,09 152,34±26,73 OMP40 223,40±39,90 355,10±57,83 382,10±59,283 91,22±14,93 130,30±18,50 OMP10 221,90±40,39 378,80±35,04 413,60±33,59 97,01±15,93 149,52±34,91 CONT 215,70±39,20 362,30±22,63 383,50±35,83 99,76±6,10 155,23±37,24
OMP300(omeprazol300moL/Kg),OMP200(omeprazol200moL/Kg),OMP40(omeprazol200moL/Kg),OMP10(omeprazol200moL/Kg), Cont(Controle).Resultadosapresentadosemmédia±DP.
DosagemdeCa++sérico
Osanguecoletadopelapunc¸ãocardíacafoiusadopara dosa-gemséricadecálciopormeiodeconjuntodediagnósticoda empresaDoles(Goiânia,Brasil).
Após centrifugac¸ão (1.000g, 5min) do sangue coletado pelapunc¸ãocardíaca, osorofoi coletadoeasdosagensdo cálciosérico foram feitas com o usodo conjunto diagnós-ticoda empresaDoles(Goiânia,Brasil).Ométodobaseia-se na formac¸ão de um complexo colorido entre o cálcio e a cresolftaleína em meio alcalino. Para as análises usou-se espectrofotômetroFemto650®(FemtoInd.eCom.de Instru-mentosLtda.,SãoPaulo,Brasil)ajustadoemcomprimentode ondade570m.
Análiseestatística
A análise estatística dos dados foi feita com o programa SPSS(SPSS.Chicago/EUA versão15.0). Paratestara norma-lidadedaamostra,usou-seotestedeKolmogorov-Smirnov. Umavezque adistribuic¸ãodosdados mostrou-senormal, acomparac¸ão dosparâmetrosentre o grupo controle eos demaisgruposexperimentaisfoi feitapor meiodotestet --Student.Paraacomparac¸ãodospesosdosanimaisduranteo experimentoedopesodosfêmuresfoiusadootesteone-way
Anova.Adotou-seníveldesignificânciade5%(p≤0,05)eos resultadosforamexpressoscomomédia±desviopadrão.
Resultados
Duranteoexperimentohouveperdadeumanimalque com-punhaogrupoOMP300.
Opesomédiodosanimaisnãofoidiferenteentreos gru-posnodia1(p=0,52), dia66 (p=0,74)edia 90(p=0,45)do experimento(tabela1).
AdensidadeósseadogrupoOMP300(0,20±0,008g/cm2)foi
menordoqueadogrupoCont(0,22±0,107g/cm2;p=0,006).
Nãohouvediferenc¸anacomparac¸ãoentreosgruposOMP200 (0,21±0,019 g/cm2; p=0,644), OMP40 (0,21±0,015 g/cm2;
p=0,305)eOMP10(0,21±0,016g/cm2;p=0,410),quando
com-paradosaogrupocontrole(fig.3).
Nãohouvediferenc¸aparaosresultadosdeforc¸amáxima dosfêmures,nacomparac¸ãodogrupoConteosdemaisgrupos OMP300(p=0,09);OPM200(p=0,55);OMP40(p=0,11)eOPM10 (p=0,62).Damesmaforma,nãohouvediferenc¸aparaos valo-resderigideznacomparac¸ãodogrupoContcomosdemais grupos,OMP300(p=0,98);OMP200(p=0,84);OMP40(p=0,08)e
Densidade mineral óssea dos grupos experimentais
OMP 300
DMO (g/cm
2 )
OMP 200
* p = 0,006.
Grupo OMP 300 comparado ao grupo controle (Cont).
OMP 40 OMP 10 CONT 0,3
0,2
0,1
0,0
Figura3–Gráficodosresultadosdadensitometriamineral
ósseadecadagrupoexperimental.Valoresexpressosem
média±desviopadrão.OMP300(omeprazol300moL/Kg),
OMP200(omeprazol200moL/Kg),OMP40(omeprazol200
moL/Kg),OMP10(omeprazol200moL/Kg),Cont
(controle);DMO,densidademineralóssea.
OMP10(p=0,72).Osvaloresdeforc¸aerigidezestãoexpostos natabela1.
A concentrac¸ãoséricadeCa++ no grupoOMP300 (5,03±
0,39 mmoL/L) foi menor emrelac¸ão ao grupo Cont (5,39± 0,35mmoL/L;p=0,049).Nãohouvediferenc¸anacomparac¸ão entreosgruposOMP200(5,37±0,26mmoL/L;p=0,860)OMP40 (5,40±0,25mmoL/L;p=0,970)eOMP10(5,41±00,26mmoL/L; p=0,910),quandocomparadosaogrupocontrole(fig.4).
Discussão
Nopresentetrabalhoforamavaliadasascaracterísticasósseas deratosquereceberamingestãodiáriadeomeprazoldurante 90diasconsecutivosemquatrodiferentesdoses(300,200,40 e10moL/Kg/dia).Osresultadosdesseestudodemonstram ainfluênciada dosagemdessemedicamentonadensidade mineralóssea,umavezqueogrupoquerecebeuamaiordose (OMP 300) apresentou menor mineralizac¸ão óssea quando comparadoaogrupocontrole(Cont),resultadoquepodeser associadoàdiminuic¸ãodaconcentrac¸ãodeCa++séricanesse
Concentração sérica de cálcio dos grupos experimentais
OMP 300
Ca
++
(mmol/L)
OMP 200
* p = 0,049.
Grupo OMP 300 comparado ao grupo controle (Cont).
OMP 40 OMP 10 CONT
0 1 2 3 4 5 6
Figura4–Concentrac¸ãoséricadecálcio(Ca++).Valores
expressosemmédia±desviopadrão.OMP300(omeprazol
300moL/Kg),OMP200(omeprazol200moL/Kg),OMP40
(omeprazol200moL/Kg),OMP10(omeprazol
200moL/Kg),Cont,controle.
Asfraturasosteoporóticassãoconsideradasumproblema desaúdepúblicamundial.Ataxademortalidadeduranteo primeiroanoapósfraturadequadrilédecercade30%.19Acada anoéestimadoque1,5milhãodepessoasnosEUAsão aco-metidasporfraturasrelacionadasàosteoporose,umevento quepodereduziraqualidadedevidaeaumentaroriscode morte.5Entretanto,arelac¸ãodosriscosdefraturadequadril comusoprolongadodePPIsaindanãoestábemesclarecida.
Emumestudofeitoem1993,Mizunashietal.20avaliaram oefeitodaterapiadePPInosníveisséricosdeparatormônio PTHnumpequenogrupodepacientescomúlcerasgástricas (setehomens,12mulheres,commédiadeidadede 67±13 anos). O estudo mostrou que após oito semanas de tera-pia com o omeprazol o nível de PTH aumentou 28% em relac¸ãoàlinhadebaseentreessespacientes,acompanhado peloaumentodeosteocalcina,fosfatasealcalinaefosfatase ácidaresistenteaotartarato,quesãomarcadoresdeformac¸ão óssea. Ouseja, sugere-se quenesse pequeno grupo houve aumentodaformac¸ãoóssea,contrárioaosresultadosdo pre-senteestudo.
Noentanto,aexcrec¸ãourinária dehidroxiprolina e cál-cio,nospacientesdoestudodeMizunashietal.,20diminuiu, oquepodesugerirmenorabsorc¸ãodecálcio.Acomparac¸ão comopresenteestudoélimitada,umavezquesetratadeum estudoexperimental,enquantooestudodeMizunashietal. foifeitocomsereshumanos;oPTHfoimedidoapenasnum únicopontodetempo,oquepodenãorefletiroefeito dinâ-micodaPTHduranteumperíodode24horas;alémdeadose doomeprazolesuplementac¸ãodecálcionessespacientesser questionável.
Por outro lado, vários estudos prévios demonstram a associac¸ãoentreousodePPIsefraturasdiversas.Yangetal.4 afirmamque usodePPIspode causarefeitosdeletériosno tecidoósseoeaumentaro riscodefraturasosteoporóticas, principalmente após quatro anos de uso contínuo. Vester-gaardetal.21corroboramoestudoanterioreconfirmaram a
relac¸ão entreuso de PPIse fraturas osteoporóticas. Ainda, Gray et al.22 fizeram uma análise prospectiva que incluiu 161.806 mulheres no intuito de relacionar o uso de PPIs comoriscodefraturasclínicas.Osautoresconcluíramque existeumaassociac¸ãoentrePPIsefraturasclínicasdepunho, vértebraeantebrac¸o.Opresenteestudocorroboraosachados anteriores,umavezquefoidemonstradarelac¸ãoentreouso deomeprazoleadiminuic¸ãodadensidademineralóssea,o quepodeserentendidocomoumsinalpreditorparaa ocor-rênciadefraturasemdecorrênciadousoemlongoprazode PPIs.
KayeeJick23fizeramumestudoretrospectivoemqueouso dePPIseosriscosdefraturasdequadrilforamavaliadosem pacientessemfatoresderiscoimportante.Essesautores con-cluíramquepacientesnafaixaetáriade50-79anosquefazem uso dePPIsenão têm fatorde risconão têmaumento de fraturadequadril.Nesseestudoforamusadosdados epide-miológicos deumamesma fontededadosqueYangetal.4 usaram em2006. Noentanto,Yang etal.4 observaram que osriscosdefraturadequadrilaumentamcomousodePPIs, sobretudoquandoousoéigualousuperioraquatroanos.Kaye eJickentendemqueosresultadosdeYangetal.4sereferem apenasàquelespacientescomalgumfatorderiscopara fra-turasdequadril,umavezqueelesnãoexcluíramospacientes comfatoresderiscoimportante.
Targowniketal.9fizeramumestudoretrospectivo transver-salseguidodeumafaselongitudinal.Noestudotransversal, casosdeosteoporosedequadrilouvértebraslombaresforam comparadoscomcontrolesdeDMOnormal.Naanálise lon-gitudinal,aalterac¸ãonaDMOentreusuáriosounãodePPIs foiavaliadasucessivamente.Seusresultadosindicaramque oconsumocrônicodePPInãoestáassociadoaoaumentoda probabilidadedeocorrênciadefraturas.Alémdisso, concluí-ram queo aumento da intensidade deexposic¸ão não está associado comriscoaumentadodeapresentarosteoporose. Emoutraspalavras,elesacreditamqueoriscodefraturaestá relacionadoaoutrasvariáveisindependentesàquelas relaci-onadasàosteoporose.
Nossoestudonãopodesertotalmentecomparadocomo dessesautores,poiséexperimental.Entretanto,sabe-seque, alémdascaracterísticasminerais,avaliadaspeloDXA,oosso tem propriedadesviscoelásticasimportantesquepermitem queessetecidocumprasuasfunc¸õesespecíficas.24,25Para ana-lisaressaspropriedades,osestudosexperimentaissãoosmais indicados,poispermitemanálisesex-vivo.Emnosso conheci-mento,esteéoprimeiroestudoaanalisarosefeitosdosPPIs naspropriedadesviscoelásticasdotecidoósseodeanimais submetidosadiferentesdosesdeomeprazolporumtempo prolongado.
Apesardasaltasdosagensdemedicamentos,edolongo períodoemqueos animaisficaramexpostosàingestãode omeprazol, omecanismo de ac¸ãodosPPIsnão influenciou emqualquerpropriedademecânicadoossoemnossoestudo. Acreditamosqueamaiordoseestipuladaouotempodeuso nãoforamsuficientesparaalteraraspropriedadesmecânicas doosso,emboratenhamdiminuídoamineralizac¸ãoóssea.
Nãofoiencontradaumaproporc¸ãoparaestipulardosesde fármacosPPIsemanimaisquesimulemousohumano.Adose dessemedicamentogeralmenteadministradaemhumanosé de20mgaodiaepodechegaraaté90mg.Entretanto,nãose sabequalseriaadoseequivalenteaessasemanimais.Sabe-se queoomeprazoléligadoacercade95%doplasma28em huma-nosesegundoRegårdhetal.29emcãeseratos essaligac¸ão seriamenor(90%e87%respectivamente),oquesugerequeum simplescálculodedoseporKgnãorefletiriaadoseusadaem humanos.Alémdisso,foivistoqueameia-vidamédiadesse medicamentoédeumahoranohomemenocão,enquantono ratoforamregistradasmeia-vidasnafaixade5-15minutos.29 Algunsestudosdose-respostasobre osPPIsemanimais foram feitos,entretanto com objetivosdiferentes donosso trabalho.Londonget al.30 fizeram umestudo dose-resposta nasdosesde30,60 e90mg/Kgeumsegundo estudousou umadosede1a10mg/kg.31Adhikayetal.32usaramumadose de3mg/Kgemratoscomvistasàcuradeúlcerasgástricas induzidas.Em2003,Meloetal.33submeteramratosWistara umaingestãode0,2mg/Kg,nointuitodeavaliaroefeitodessa ingestãosobreahepatectomiaparcial.Aindaquemuitas dosa-genstenhamsidoencontradas,nãoháconsensonaliteratura experimentalsobreadose de PPIsequivalenteàquelas em humanosparasertestadaemlongoprazo.
Opresente trabalhobaseou-se noestudo deCui etal.,1 cujosobjetivoseramsemelhantesaonosso,ouseja,estudar osefeitosemlongoprazodosPPIs.Cuietal.1trataramanimais durante77dias,emumadosede400moL.Amaiordosedo presenteestudofoiestipuladacomoumpoucomenordoque adessesautores,300moL,porémcomotempodeusode 90dias,umpoucomaiordoquenotrabalhodeCuietal.,1e pôde-seobservarqueosefeitosforamsemelhantes,poisos autorestambémidentificaramdiminuic¸ãodaDMOnosseus animais.
Emsíntese,opresenteestudodemonstrouqueousode PPIs emlongo prazo não alterou as propriedades mecâni-cas de fêmur de ratos adultos. No entanto, observou-se a desmineralizac¸ão óssea do fêmur dos ratos submetidos à administrac¸ãodiáriade300moL/Kg/diadeomeprazol,oque podesugerirumapredisposic¸ãoparafraturasósseas.Futuros estudosexperimentais,comprotocolossemelhantesaonosso, seriamúteisparaconfirmaressesresultados.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
NossossincerosagradecimentosaossenhoresLúcioIvande Melo,José Lopese.MarcosMartinspeloauxíliono cuidado com os animais eà Sra. Nelsi Nara Vieira Marchette pela
contribuic¸ãonosmedicamentos.Àalunade pós-graduac¸ão BrunaRezende,peloauxílionasanálisesdensitométricas.
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1.CuiGL,SyversenCM,ZhaoD,ChenHL.Long-term
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