Inserção produt iva, gênero e saúde ment al
Une mp lo yme nt, info rmal wo rk, g e nd e r,
and me ntal he alth
1 Facu ld ad e d e Med icin a, Dep a rt a m en t o d e M ed icin a Socia l, Un iv ersid a d e Fed era l d e Pern a m b u co. Av. Professor M ora es Rego s/no, Bloco D, 1oa n d a r, Cid a d e Un iv ersit á ria , Recife, PE 50670- 911, Bra sil. a b l@n p d .u fp e.b r
An a Bern a rd a Lu d erm ir 1
Abst ract A cross- sect ion a l st u d y w a s con d u ct ed in Olin d a , Pern a m b u co, t o in v est iga t e a p ossi-b le a ssocia t ion ossi-b et w een u n em p loym en t , in form a l w ork , a n d com m on m en t a l d isord ers (CM D) a ssessed by t h e Self Rep ort in g Qu est ion n a ire (SRQ – 20). W h ile w om en w ork in g in t h e form a l la -b or m a rk et sh ow ed sign ifica n t ly -b et t er m en t a l h ea lt h a s com p a red t o in form a l w ork ers (OR = 3.02, 95% CI 1.3- 7.2), h ou sew iv es (OR = 2.29, 95% CI 1.0- 5.0), a n d u n em p loyed (OR = 2.66, 95% CI 1.1-6.3) a n d in a ct ive w om en (OR = 3.19, 95% CI 1.2-8.4), n o d ifferen ce w a s fou n d a m on g m en . Th e a ct u a l p a t t ern of t h e od d s ra t ios su ggest s a m od ifyin g effect of gen d er in t h e a ssocia t ion b e-t w een em p loym en e-t se-t a e-t u s a n d CM D. How ever, e-t h e in e-t era ce-t ion e-t erm a d d ed e-t o e-t h e fin a l m od el w a s st a t ist ica lly sign ifica n t for in form a l w ork , b u t n ot for u n em p loym en t . Th e resu lt s of t h e p resen t st u d y su ggest t h a t t h e ex p erien ce of in form a l w ork m a y b e d ifferen t for m en a n d w om en . T h is fin d in g h igh ligh t ed t h e n eed t o in corp ora t e a gen d er a p p roa ch (reflect in g a socia l d im en sion of sex -rela t ed in equ a lit ies) t o t h e t h eoret ica l fra m ew ork ba sed on socia l cla sses a d op t ed h ere.
Key words Key w ord s Work ; Gen d er; M en t a l Hea lt h
Resumo Um est u d o t ra n sv ersa l foi con d u z id o em Olin d a p a ra est im a r a a ssocia çã o d o d esem -p rego e d o t ra ba lh o in form a l com os t ra n st orn os m en t a is com u n s ( TM C), a va lia d os -p elo Self Re-p o rtin g Qu estio n n a ire(SRQ- 20). En q u a n t o a s t ra b a lh a d ora s form a is a p resen t a ra m u m a sa ú d e m en t a l sign ifica t iv a m en t e m elh or q u e a s in form a is (OR = 3,02, IC a 95% 1,3 7,2), d esem p rega -d a s (OR = 2,66, IC a 95% 1,1- 6,3), -d on a s -d e ca sa (OR = 2,29, IC a 95% 1,0- 5,0) e in a t iv a s (OR = 3,19, IC a 95% 1,2- 8,4), a s d iferen ça s en con t ra d a s en t re os h om en s n ã o fora m est a t ist ica m en t e sign ifica n t es. As od d s-ratiossu gerem qu e a p osiçã o n o m erca d o p rod u t ivo t eve o seu efeit o sobre a sa ú d e m en t a l m od ifica d o p elo sex o. Porém , o t est e p a ra in t era çã o só foi est a t ist ica m en t e sign i-fica n t e p a ra o t ra ba lh o in form a l, n ã o h a ven d o ev id ên cia s d e qu e a a ssocia çã o en t re o d esem p re-go e a sa ú d e m en t a l fosse d iferen t e en t re h om en s e m u lh eres. Os resu lt a d os d o p resen t e est u d o su gerem qu e o m u n d o d o t ra ba lh o t em d ois sex os e qu e h om en s e m u lh eres v iven cia m o t ra ba lh o in form a l d iferen t em en t e. Est a con st a t a çã o a p on t ou p a ra a n ecessid a d e d e com p lem en t a r o refe-ren cia l t eórico d a s rela ções d e cla sse a q u i a ssu m id o, com a a b ord a gem d e gên ero, q u e reflet e a d im en sã o socia l d a s d esigu a ld a d es sex u a is.
Int rodução
O d esem p rego vem se torn an d o a m aior q u es-tã o só cio -p o lítico -eco n ô m ica d o m u n d o o ci-d en ta l ci-d esci-d e a ci-d éca ci-d a ci-d e 70, e o s seu s cu sto s sociais têm -se revelad o m aiores d o q u e se p o-d ia p rever. Classe social e o-d esem p rego estão re-lacion ad os, e q u an to m ais b aixa a in serção n a escala social m aiores são as ch an ces d o trab a-lh ad or ficar d esem p regad o (Naren d ran ath an et al., 1982). Bartley & Owen (1996), com p aran d o as taxas d e em p rego, d esem p rego e in ativid ad e eco n ô m ica em h o m en s d e d iferen tes gru p o s so cia is d u ra n te a s m u d a n ça s eco n ô m ica s n a In gla terra n o p erío d o en tre 1973 e 1993, d e-m on strarae-m qu e os trab alh ad ores qu alificad os a p resen ta va m ta xa s d e em p rego m u ito m a io -res q u e o s sem q u a lifica çã o, d iferen ça s esta s q u e cresceram d rasticam en te com o au m en to d o d esem p rego. Qu an d o as taxas d e d esem p re-go são b aixas, o d esem p rere-go ten d e a ser isola-d o isola-d e su a s ra ízes socia is, e os isola-d esem p rega isola-d os sã o estigm a tiza d os e a cu sa d os d e su a p róp ria situ a çã o. Du ra n te a s crises econ ôm ica s, o d e-sem p rego cresce e é freqü en tem en te atrib u íd o a ca u sa s estru tu ra is (Pla tt & Kreitm a n , 1990; Lah elm a, 1992; Ezzy, 1993).
Ta lvez a m a io r d iferen ça en tre a estru tu ra p ro d u tiva d o s p a íses d esen vo lvid o s e d o s em d esen vo lvim en to esteja n a gra n d e p ro p o rçã o d e trab alh ad ores fora d o m ercad o form al. A re-cessão econ ôm ica b rasileira d os ú ltim os an os, a lém d e a u m en ta r o n ú m ero d e d esem p rega -d os, com p rom eteu a q u a li-d a -d e -d os em p regos gerados (Uran i, 1995). O trabalh o in form al, p or-ta de en trada n o m ercado p ara os joven s, tem si-d o a p rin cip al form a si-d e si-d iscrim in ação si-d a força de trabalho m igran te (Sin ger, 1983; Secretaria de Plan ejam en to d o Estad o d e Pern am b u co, 1990) e fem in in a (Mach ad o, 1991). Ap esar d e esse ti-p o d e trab alh o ser con sid erad o u m a caracterís-tica d os p a íses d a Am érica La tin a (Gu im a rã es & Sou za, 1984; Oliveira & Rob erts, 1996), p ou co se sab e sob re su as con seqü ên cias p sicológicas.
Desemprego e saúde ment al
Não só o d esem p rego é d eterm in ad o p ela clas-se social, m as tam b ém a saú d e m en tal d o tra-b alh ad or (Brown & Harris, 1978; Doh ren wen d , 1990; Rod gers, 1991; Power et a l., 1991; Power & Man or, 1992; Meltzer et al., 1995; Woh lfarth , 1997). A d oen ça m en tal, assim com o o d esem -p rego, existe em u m d eterm in ad o es-p aço e em u m d eterm in ad o tem p o, e o seu caráter h istó-rico e so cia l exp ressa -se o b jetiva m en te p ela su a d istrib u içã o d esigu a l en tre o s d iferen tes gru p os p op u lacion ais.
Nas socied ad es in d u strializad as já está es-tab elecid o q u e os d esem p regad os e su as fam ília s têm p io r sa ú d e m en ta l q u a n d o co m p a ra -d o s co m o s q u e estã o tra b a lh a n -d o (Brown & Ha rris, 1978; Beb b in gto n et a l., 1981; Wa rr, 1987; Town sen d et al., 1988; Bartley et al., 1992; Jen kin s et al., 1997). Sem som b ra d e d ú vid as, a sa ú d e m en ta l p reexisten te é u m fa to r im p o r-ta n te n a d eterm in a çã o d o s q u e co n segu em e m an têm os seus em p regos – “th e h ealth y w ork er effect” ( Tiffa n y et a l., 1970; La h elm a , 1992) –, m as os estudos lon gitudin ais de in divíduos sau-dáveis qu e viven ciaram o desem p rego (Ban ks & Jackson , 1982; Jen kin s et al., 1982; Warr & Jack-son , 1985; Ham m arström et al., 1988; With in g-ton & Wyb row, 1988; Bartley et al., 1992; Lah el-m a, 1992; Graetz, 1993; Morrell et al., 1994; Fer-rie et al., 1995) têm con firm ad o os seu s efeitos ad versos p ara a saú d e m en tal e a recu p eração d a saú d e com a volta ao em p rego (Warr & Jack-son , 1985; With in gton & Wyb row, 1988; La h el-m a, 1992; Morrell et al., 1994).
O m eca n ism o q u e liga o d esem p rego a o s tran storn os m en tais ain d a n ão está totalm en te co m p reen d id o e, p a ra a lgu n s a u to res ( Wa rr, 1987; Ezzy, 1993; Gra etz, 1993), u m certo tip o d e d esem p rego (a saíd a d e u m em p rego m on ó-ton o e rep etitivo, lim itad or d as h ab ilid ad es d o in d ivíd u o) p od e ap resen tar efeitos p ositivos d a m esm a form a qu e certos em p regos têm efeitos n egativos sob re a saú d e m en tal.
(1993) a crescen ta à s su a s crítica s o fa to d e o m od elo ign orar as d iferen ças n as exp eriên cias d e trab alh o, com o, p or exem p lo, a vivên cia d e u m em p rego o n d e o in d ivíd u o tem p o d er d e d ecisã o so b re a s su a s a tivid a d es n ã o é igu a l àq u ela em q u e ele se sen te con trolad o p or su -p ervisores e sistem as im -p essoais.
O m od elo d e Warr (1987) b aseiase n a id en -tificação d e n ove características con sid erad as com o “vitam in as” p ara saú d e m en tal em tod os os tip os d e am b ien te, m as p articu larm en te n o d o trab alh o rem u n erad o e n o d o d esem p rego. Sã o ela s: 1) o p o rtu n id a d e p a ra co n tro le; 2) o p o rtu n id a d e p a ra o u so d e h a b ilid a d es; 3) m eta s gera d a s extern a m en te; 4) va ried a d e; 5) p revisib ilid ad e; 6) d isp on ib ilid ad e d e d in h eiro; 7) segu ran ça física; 8) op ortu n id ad e p ara con -tatos in terp essoais; e 9) valorização social. Para o a u to r, a a sso cia çã o en tre a s ca ra cterística s a m b ien ta is e a sa ú d e m en ta l n ã o é lin ea r. Os b aixos n íveis d e u m a “vitam in a” ten d em a d e-teriorar a saú d e m en tal, m as os au m en tos além d o n ível n ecessá rio n ã o tra zem b en efício a d icio n a l e a lgu m a s d ela s em gra n d es q u a n tid a -d es p o -d em ser a té p reju -d icia is (a s -d e n ú m ero 1, 2, 3, 4, 5 e 8). O am b ien te d o d esem p regad o con tém q u an tias lim itad as d e cad a “vitam in a” e a falta d e op ortu n id ad e d e con trole e a d ete-rioração fin an ceira em virtu d e d o d esem p rego são vistas com o as p rin cip ais fon tes d e p rob lem as p essoais e falem iliares e cap azes d e in flu en -ciar as ou tras características. Esse m od elo, ap e-sar d e ter o am b ien te com o ob jeto p rim ário d e in vestigação, su gere q u e os in d ivíd u os p od em m od elar as in flu ên cias am b ien tais d e d iferen -tes m an eiras e con segu e exp licar os efeitos p o-sitivos ob servad os com a saíd a d e u m trab alh o op ressivo e com a recu p eração d o em p rego, os n egativos d e u m trab alh o in satisfatório e as d i-feren ças em saú d e m en tal en tre su b gru p os d e d esem p rega d o s. Po r exem p lo, o d esem p rego p a ra m u lh eres so lteira s q u e sã o a rrim o d e fa -m ília p od e resu ltar e-m p rob le-m as -m aiores p ela falta d e d in h eiro, d e segu ran ça, d e op ortu n id a-d e p ara con tatos p essoais e statu ssocial q u e o d esem p rego p a ra a s ca sa d a s, rela tiva m en te m en os d ep en d en tes d e u m em p rego.
Ezzy (1993), u san d o u m a ab ord agem socio-lógica, con sid era o d esem p rego com o u m st a -t u sd e m u d a n ça , u m tip o d e st a t u sd e p a ssa -gem com p reen d id o com o u m a tran sição social ou u m m ovim en to d en tro d e d iferen tes p artes d e u m a estru tu ra so cia l. Assim , esta situ a çã o vivid a com p reen d e a p erd a d e u m statu s e, freqü en tem en te, con tém fases tran sitórias d e d u -ra çã o in certa . Acen tu a n d o a im p o rtâ n cia d a com p reen são d o p on to d e vista d o su jeito, é o sign ificado dado p elo in divídu o ao trabalh o
co-m o su sten tácu lo con sisten te e p ositivo d e su a au to-im agem q u e d eterm in a os efeitos d o d e-sem p rego n a saú d e m en tal. Desta form a, o fra-casso ou o su cesso n a ten tativa d e m an ter u m sign ificad o p ara a vid a d eterm in ará as d iferen -tes form as de reação psicológica ao desem prego.
Inserção feminina no mercado produt ivo e saúde ment al
Hom en s e m u lh eres d esem p en h am d iferen tes p a p é is so cia is e t e n d e m a t e r d ife re n t e s n e -cessid ad es (Moser, 1993). Ao con trário d o q u e ocorre com os h om en s, a in serção fem in in a n o m ercad o p rod u tivo é lim itad a p or su as resp on -sa b ilid a d es d o m éstica s e fa m ilia res, ten d o o em p rego q u e ser ad ap tad o às su as ou tras fu n -çõ es ( Jo sh i, 1990). As m u lh eres en fren ta m m a io res ta xa s d e d esem p rego q u e o s h o m en s (Ham m arström et al., 1988; Kassard a & Parn ell, 1993) e, n os p aíses d o Terceiro Mu n d o, são fre-q ü en tem en te en con trad as trab alh an d o n o se-to r in fo rm a l d a eco n o m ia (Ma ch a d o, 1991). Nos p aíses in d u strializad os, as p esq u isas têm -se con cen trad o n os efeitos d o em p rego sob re a sa ú d e m en ta l fem in in a , co m p a ra n d o a s q u e são exclu sivam en te d on as d e casa com as q u e estão d esen volven d o u m a ativid ad e rem u n era-d a fo ra era-d o la r. A in ve st iga çã o era-d o s e fe it o s era-d o d esem p rego tem sid o p rob lem ática, p orq u e as m u lh eres casad as sem u m trab alh o rem u n era-d o sã o, gera lm en te, cla ssifica era-d a s co m o era-d o n a s d e c a s a e n ã o c o m o d e s e m p re ga d a s (Po we r e t a l., 1991). A m a io ria d o s estu d o s revisa d o s (Brown & Harris, 1978; Warr & Parry, 1982; Kan -d el et al., 1985; An esh en sel, 1986; Bartley et al., 1992) su gerem qu e o trab alh o rem u n erad o tem u m efeito p o sitivo n a sa ú d e m en ta l. A teo ria d o s p a p éis so cia is p ro p õ e d u a s exp lica çõ es com p etitivas: 1) o trab alh o rem u n erad o p rote-ge as m u lh eres d o isolam en to social, d a m on o-ton ia e d o b a ixo st a t u s d o tra b a lh o d om éstico (role en h a cem en t); 2) o tra b a lh o rem u n era d o cau sa con flito e sob recarga d e p ap éis p elas d e-m an d as sie-m u ltân eas d a ativid ad e ree-m u n erad a, d o trab alh o d om éstico, d o m arid o e d os filh os, levan d o à fad iga, ao estresse e a sin tom as p sí-q u icos (role ov erloa d) (Power et al., 1991; Bar-tley et al., 1992; Macran , 1993).
O d e se m p re go d o s m a rid o s ta m b é m te m -se m o st ra d o u m fa t o r d e risco p a ra a sa ú d e m e n t a l d e su a s m u lh e re s, m a s n ã o o o p o st o (Be b b in gto n e t a l., 1981; Co ch ra n e & Sto p e s-Roe, 1981; Rod gers, 1991).
M ét odos
A área de pesquisa
Olin d a é u m a cid ad e h istórica, p atrim ôn io n a-tu ral e cu la-tu ral d a h u m an id ad e. Segu n d a m aior cid a d e e m p o p u la çã o d o e st a d o d e Pe r n a m b u co, con stitu i, ju n tam en te com Recife, o n ú -cleo cen tral d a região m etrop olitan a d o Recife (RMR) (Secretaria d e Plan ejam en to d o Estad o d e Pern am b u co, 1996). Cap ital d e Pern am b u co até 1827, a cid ad e foi sed e d a gran d e exp an são econ ôm ica d a cu ltu ra d a can ad eaçú car, con -so lid a n d o -se, n a p rim eira m eta d e d o sécu lo XVII, co m o o m a is im p o rta n te cen tro u rb a n o d o No rd este (Nova es, 1990; Secreta ria d e Pla -n eja m e-n to d o Esta d o d e Per-n a m b u co, 1990). No in ício d o sécu lo XIX, a in flu ên cia d o seto r a gro -exp o rta d o r so b rep u n h a -se a o p a p el e à fu n çã o econ ôm ica d o m u n icíp io. Ta n to a ssim q u e, q u an d o d a red efin ição d as relações in ter-n acioter-n ais d eter-n tro d o avater-n ço d o p rocesso cap i-talista, u m a n ova d ivisão region al d o trab alh o n o Bra sil co n so lid o u u m Su d este in d u stria l e u m Nord este agrário. Essa situ ação n ão im p e-d iu u m su rto e-d e in e-d u strialização n o Recife, n o fin a l d a q u ele sécu lo e n a s p rim eira s d éca d a s d o sécu lo XX, q u e a ssegu rou a rep resen ta tivi-d ativi-d e tivi-d e Pern am b u co, p rin cip alm en te tivi-d o setor têxtil, n o cen á rio n a cio n a l (Secreta ria d e Pla -n ejam e-n to d o Estad o d e Per-n am b u co, 1990).
Desd e en tão, Recife vem p erd en d o su a im -p o rtâ n cia n a regiã o e n o -p a ís. En tre 1960 e 1970, vu ltosos in vestim en tos p ú b licos n a RMR d in a m iza ra m e m o d ern iza ra m a s in d ú stria s e d em a is a tivid a d es u rb a n a s em co n seq ü ên cia d e cap itais extra-region ais, qu e m ais lim itaram d o q u e in d u ziram o crescim en to in tegrad o d a eco n o m ia lo ca l. Se isto fo i gra ve d o p o n to d e vista d e su a au ton om ia econ ôm ica, m ais ain d a o tem sid o em term os d e cria çã o d e p ostos d e trab alh o, u m a vez qu e o coeficien te d e geração d e em p rego d ireto d a in d ú stria local é red u zid o. A p rin cip al con seqü ên cia tem sizid o a exp an -são d o setor in form al d a econ om ia, qu e ab riga con tin gen tes crescen tes d a p op u la çã o m a rgin alizad a ecorgin ôm ica e socialm ergin te, sergin d o orgin -d e a gran -d e m aioria -d os m igran tes en con trou a su a sob revivên cia (Secretaria d e Plan ejam en to d o Esta d o d e Pern a m b u co, 1990). Fo rça d o s a exercer ativid ad es fora d o âm b ito d a p rod u ção cap italista, estes rep rod u ziram n a cid ad e cer-to s tra ço s d a eco n o m ia d e su b sistên cia so b a fo rm a d e a tivid a d es a u tô n o m a s, gera lm en te serviços ta is com o a m b u la n tes, ca rrega d ores, serviço s d o m éstico s e d e rep a ra çã o, etc. (Sin -ger, 1983). A exigên cia d e u m a com p etitivid ad e cu ja escala é p lan etária e cu ja lei é estran h a às
n ecessid ad es reais d a cid ad e e d o p aís agrava a crise social d o Recife. A m ú sica d e Ch ico Scien -ce (Scien -ce, 1994a) “a cid ad e n ão p ára/ a cid a-d e só cresce/ o a-d e cim a sobe/ e o a-d e baixo a-d esce...” exp licita claram en te o qu e San tos (1994) d en o-m in a d e in vo lu çã o o-m etro p o lita n a , co o-m a ex-p an são d e em ex-p regos m al rem u n erad os e a d e-terio ra çã o d a q u a lid a d e d e vid a . A RMR vem ap resen tan d o as m ais altas taxas d e d esem p re-go d o p aís – 9,8% (IBGE, 1993) –, e Recife, q u e cresceu co m o a terra m en to d o s m a n gu es (d a lam a), recen tem en te receb eu o títu lo d a cid ad e m ais d eteriorad a d o Brasil e d a q u arta p ior d o m u n d o, segu n d o o Pop u lat ion Crisis Com m it -t ee(Secreta ria d e Pla n eja m en to d o Esta d o d e Pern am b u co, 1995). “Da lam a ao caos/ d o caos à lam a”(Scien ce, 1994b ).
De acordo com o últim o cen so (IBGE, 1991a), Olin d a tin h a u m a p op u lação d e 341.394 h ab i-ta n tes, d istrib u íd os em a p en a s 37,4 km2, com u m a d en sid ad e d em ográfica d e 9.128 h ab itan -tes p or km2. A p artir d a d écad a d e 60, a cid ad e vem sofren d o u m p rocesso acelerad o d e cres-cim en to p o p u la cio n a l, resu lta d o d a a tra çã o exercid a p elas cid ad es d a RMR sob re a p op u la-çã o m igra n te ca m p o -cid a d e e d a co n stru la-çã o d e gran d es con ju n tos h ab itacion ais, on d e h oje resid em 25% d a p op u lação, sem q u e h ou vesse u m co rresp o n d en te d esen vo lvim en to sign ifi-ca tivo d a s a tivid a d es p ro d u tiva s. Olin d a , p o r d istar d o cen tro d o Recife ap en as 8 km , tem si-d o si-d escrita com u m a cisi-d asi-d e gêm ea con u rb asi-d a com a cap ital, com o se fora u m b airro gigan te o n d e a m a io r p a rte d o s seu s m o ra d o res exer-cem su a ativid ad e (Novaes, 1990).
O desenho da invest igação e a colet a de dados
Um estu d o tran sversal foi con d u zid o n a área II d e Olin d a. A p op u lação d e estu d o foi d efin id a co m o to d o s o s resid en tes co m id a d e igu a l o u su p erior a 15 an os n a ép oca d a coleta d e d ad os (62.891 h ab itan tes), e o d om icílio, con sid erad o com o a u n id ad e am ostral. Um a am ostra alea-tória sim p les d e 226 d om icílios foi selecion ad a, u tilizan d o-se os n ú m eros gerad os p or u m a cal-cu lad ora cien tífica (Casio fx – 3400p ). Os TMC foram avaliad os p or u m p roced im en to em d ois estágios. No p rim eiro, a versão brasileira do Self Rep ort in g Qu est ion n a ire(SRQ-20) e u m q u es-tion ário sob re a in serção n o m ercad o p rod u ti-vo, a situ ação d em ográfica e sócio-econ ôm ica foram ad m in istrad os em d om icílio a 621 ad u l-to s p o r seis en trevista d o res trein a d o s (d o is a gen tes co m u n itá rio s d e sa ú d e co m o en sin o m éd io com p leto e q u atro estu d an tes d e m ed i-cin a , co m exp eriên cia p révia em tra b a lh o d e cam p o). Um estu do p iloto foi realizado n a área, em d om icílios n ão selecion ad os p elo p rocesso d e am ostragem , p ara id en tificar p rob lem as n a ob ten çã o d a s en trevista s e testa r a lin gu a gem d o q u estion ário, q u e sofreu , en tão, as m od ificações n ecessárias. Para garan tir o caráter d u -p lo-cego d o estu d o, os en trevistad ores n ão fo-ram in form ad os sob re os ob jetivos esp ecíficos d a in vestiga çã o. Na ten ta tiva d e m in im iza r a taxa d e n ão-resp osta, m u itos d om icílios foram visitad os à n oite e n os fin ais d e sem an a, sen d o p ossível ob ter-se in form ações sob re tod os eles. No segu n d o estágio, a p op u lação d e estu d o foi d ivid id a em d ois gru p os, d e acord o com os escores d o SRQ-20: n ã o-su sp eitos, se igu a l ou m en or q u e sete, e su sp eitos, se igu al ou acim a d e o ito. To d o s o s su sp eito s (n = 141) e u m a a m o stra a lea tó ria (n = 51) d o s n ã o -su sp eito s foram en cam in h ad os p ara u m a en trevista p si-qu iátrica. Cen to e seten ta e três (173) con su ltas (122 n os su sp eitos e 51 n os n ão-su sp eitos) fo-ra m rea liza d a s n o s cen tro s d e sa ú d e m u n icp ais e estad u ais o m ais icp erto icp ossível d o d om i-cílio d o en trevistad o, p or d ois p siq u iatras trei-n ad os, q u e u tilizaram u m a etrei-n trevista sem i-es-tru tu rad a (as p ergu n tas foram p rep arad as com a n teced ên cia , m a s eles p o d ia m a crescen ta r qu estões p ara d ecid ir sob re a p resen ça/ au sên -cia d e p sicop a tologia ) b a sea d a n a s ca tegoria s d iagn ósticas d o DSM III-R. Os p siq u iatras e os en trevista d o s n ã o sa b ia m d o s resu lta d o s d o screen in g e d o q u estion ário. Qu an d o os en tre-vistad os n ecessitavam / solicitavam tratam en to m éd ico, era m en ca m in h a d os p a ra os serviços d e saú d e p ú b lica d a área.
O inst rument o de screening – o Self Report ing Q uest ionnaire
O Self Rep ortin g Qu estion n aire(SRQ-20) foi d e-sen volvid o p or Hard in g et al. (1980) e valid ad o p o r u m a série d e estu d o s in tern a cio n a is co n -d u zi-d o s p ela Orga n iza çã o Mu n -d ia l -d a Sa ú -d e, co m se n sib ilid a d e va r ia n d o d e 62,9% a 90% e esp ecificid a d e, d e 44% a 95% ( WH O, 1993). A co n fia n ça n esta esco lh a d o in stru m en to d e screen in gveio d o fato d e ele já ter sid o testad o e valid ad o em p op u lações u rb an as b rasileiras (Bu sn ello et al., 1983; Mari, 1987), n ão se fazen -d o n ecessá rio, n o p resen te estu -d o, o teste -d e ca m p o d e su a tra d u çã o. É co m p o sto d e vin te q u estões d o tip o sim -n ão, q u atro sob re sin to-m as físicos e d ezesseis sob re d istú rb ios p sico-em ocion ais. In icialm en te, o escore d e corte d o SRQ-20 p a ra este estu d o fo i d efin id o em 7/ 8 (b asead o n os resu ltad os d e Mari, 1987). Dep ois d o estu d o d o p od er d iscrim in atório d os d iver-so s esco res d e co rte p ela Rela t iv e Op era t in g Ch a ra ct erist ic (ROC) a n a lysis, u tiliza n d o -se a en trevista p siq u iá trica co m o o p a d rã o -o u ro, este fo i red efin id o em 5/ 6 – sen sib ilid a d e = 62% e esp ecificid a d e = 78% (p a ra m a iores d e-talh es sob re a ap licação d a ROC an alysisp ara o SRQ-20, ver Mari & William s, 1986; Araya et al., 1992; Lu d erm ir, 1998).
O quest ionário
Foi u tilizad o u m q u estion ário ob jetivo con sti-tu íd o p or p ergu n tas fech ad as sob re a in serção n o m ercad o p rod u tivo e os p ossíveis fatores d e con fu n dim en to de su a associação com os TMC. Segu n d o a literatu ra revisad a, as covariáveis d e in teresse p ara a ocorrên cia d os TMC foram : se-xo, id ad e, situ ação con ju gal, m igração, escola-rid ad e, ocu p ação, ren d a, p rop ried ad e d a casa e con d ições d e m orad ia.
A m a ioria d a s va riá veis é a u to-exp lica tiva , em b ora algu m as n ecessitem ser d efin id as p ara au m en tar a com p reen são d as in form ações co-letad as:
• Tra n sto rn o s m en ta is co m u n s ( TMC) – ex-p ressão criad a ex-p or Gold b erg &amex-p; Hu xley (1992:7-8) p ara d escrever “t ran st orn os com u m en t e en -con t ra d a s n a p op u la çã o e q u e sin a liz a m u m a in t erru p çã o d o fu n cion a m en t o n orm a l”. Co n -sistem em sin tom as com o in sôn ia, fad iga, irritab ilid ad e, esq u ecim en to, d ificu ld ad e d e con -cen tração e qu eixas som áticas.
• Posição n o m ercad o p rod u tivo – a
• Tra b a lh a d o r fo rm a l – in d ivíd u o fo rm a lm en te in serid o n o lm ercad o p rod u tivo, in clu in -d o os em p rega-d ores e em p rega-d os.
• Em p regador – p essoa que exp lora um a
ativi-d aativi-d e econ ôm ica com au xílio ativi-d e em p regaativi-d o(s).
• Em p regad o – p essoa q u e exerce u m a
atividade econ ôm ica ou trabalha em estabelecim en -to, n egócio, in stitu ição, etc. d o setor p ú b lico ou p rivad o, form alm en te em p regad o, com cartei-ra d e tcartei-ra b a lh o a ssin a d a , co n trib u in d o p a cartei-ra a p revid ên cia e q u e receb ia u m ou m ais salários m ín im os p or m ês.
• Tra b a lh a d o r in fo rm a l – in d ivíd u o tra b a -lh an d o in form alm en te ou n o m ercad o d e b en s e ser viço s, in clu in d o o s su b em p rega d o s e o s au tôn om os.
• Su b em p rega d o – p esso a q u e receb e q u a l-q u er tip o d e p a ga m en to p elo seu tra b a lh o, se d iz em p regad o, m as n ão tem carteira d e trab a-lh o assin ad a (trab aa-lh ad or clan d estin o). • Au tô n o m o – p esso a q u e exerce u m a a tivi-d ativi-d e isolativi-d am en te ou com a aju tivi-d a tivi-d e m em b ro d a fam ília sem vín cu lo em p regatício, rem u n e-rad o ou n ão, sem em p regad or e sem em p rega-d os sob o seu com an rega-d o.
• Desem p regad o – p essoa qu e n ão estava
tra-b alh an d o, m as estava p rocu ran d o em p rego. • In ativos – algu ém q u e n ão estava en gajad o em u m a ativid ad e p rod u tiva e n em p rocu ran d o em p rego, ou seja, d on asd ecasa, estu d an -tes e ap osen tad os.
• Ocu p ação – in icialm en te, os in d ivíd u os fo-ram categorizad os d e acord o com a classifica-ção d e ocu p ações ad otad a p elo cen so d e 1991 (IBGE, 1992) e, p osteriorm en te, agru p ad os em : tra b a lh a d o res n ã o m a n u a is (in telectu a is, a d -m in istradores e p restadores de serviços), traba-lhadores braçais (qualificados, sem iqualificados e sem q u alificação), d on asd ecasa e estu d an tes. Os d esem p rega d o s, in vá lid o s e a p o sen ta -dos tiveram com o referên cia a últim a ocup ação. • Ren d a fam iliarp er cap ita m en sal – d efin id a co m o a ren d a fa m ilia r to ta l em sa lá rio s m ín i-m os n o i-m ês an terior à en trevista d ivid id a p elo n ú m ero d e p essoas n o d om icílio, foi categori-zad a em : 0 a 1/ 4; > 1/ 4 a 1; e >1.
Fo i cria d o u m ín d ice d e co n d içõ es d e m o -rad ia qu e con sid erou o m aterial d e con stru ção d a casa: p ared es (tijolo = 1; ou tros = 0), telh ad o (telh a / la je = 1, o u tro s = 0) e o p iso (m a d eira / cerâ m ica = 2, cim en to = 1 e terra b a tid a = 0); b an h eiros (in tern o = 2, extern o = 1 e com u n itá-rio = 0); e n ú m ero d e in d ivíd u os p or côm od os n o d om icílio (0,1-0,7 = 2; 0,71-0,9 = 1 e ≥1 = 0). A m éd ia a ritm ética d a so m a d e ca d a item fo i ca lcu la d a , e os in d ivíd u os com va lores a b a ixo d a m éd ia fo ra m cla ssifica d o s co m o d e p recá -ria s co n d içõ es d e m o ra d ia ; o s d e va lo res em
torn o d a m éd ia (m éd ia ± 1 d esvio p ad rão), co-m o co-m éd ios e os acico-m a d a co-m éd ia co-m ais 1 d esvio-p ad rão, com o d e b oas con d ições.
Análise dos dados
Os d ad os foram d igitad os d u as vezes p or d ife-ren tes p essoas, com o p rop ósito d e valid ação, e an alisad os u tilizan d o-se os p rogram as Ep i In fo 5.01(CDC, 1990/ 91) e St a t a 4.0p a ra W in d ow s (Stata Corp oration , 1995).
O escore d icotôm ico d o SRQ-20 (red efin id o em 5/ 6), aq u i assu m id o com o u m a ap roxim a-çã o q u a n tita tiva d o esta d o d e sa ú d e m en ta l, con stitu ise n a variável d ep en d en te d a p resen -te a n á lise. In vestigo u -se a a sso cia çã o d o d e-sem p rego e trab alh o in form al com os TMC, es-tim an d o-se os od d s-ratios(OR) sim p les, in ter-va lo s d e co n fia n ça a 95% e ter-va lo res d o p. Regressão logística – u m m od elo m atem ático em -p rega d o -p a ra d escrever a rela çã o d e va riá veis in d ep en d en tes (exp osição + va riáveis d e con -fu n d im en to ou covariáveis) com u m a variável d ep en d en te d ico tô m ica (Klein b a u m , 1994) – fo i u tiliza d a p a ra in vestiga r a in d ep en d ên cia d a associação d o d esem p rego e d o trab alh o in -form al com os TMC. As covariáveis in clu ídas n o m o d elo fo ra m a q u ela s d escrita s n a litera tu ra com o p oten ciais fatores d e con fu são e q u e n o p resen te estu d o m ostraram -se associad as com os TMC e com a p osiçã o n o m erca d o p rod u ti-vo. A p resen ça d e con fu n d im en to foi avaliad a p ela m u dan ça n os od d s-ratiosqu an do da in clu são d e gru p os d e covariáveis n o m od elo (Klein -b au m , 1994). In d ivíd u os resid en tes n o m esm o dom icílio ten dem a ser sem elh an tes em relação às con d ições sociais e p sicológicas, e isto p od e acarretar u m au m en to su b stan cial d o erro p a-d rão a-d as estim ativas a-d e p revalên cia ( Jen kin s et al., 1997). Por isso, a an álise d e regressão logís-tica, an tes e d ep ois d o aju ste p ara variáveis d e co n fu n d im en to, u tilizo u o s p eso s d e Hu b er (1967) p a ra a ju sta r a s estim a tiva s, leva n d o -se em con sid eração o efeito d e clu ster(con glom e-rad o). Testes d a razão d e verossim ilh an ça (LRS) foram realizad os, e o valor d o p d e ≤0,05 foi as-su m id o com o estatisticam en te sign ifican te.
Result ados
n o en ta n to, n en h u m a d iferen ça esta tistica -m en te sign ifican te foi en con trad a e-m relação à ren d a fa m ilia r p er ca p it am en sa l (92% n o s d e b a ixa ren d a , 90% n o s d e ren d a m éd ia e 95% n os com ren d a m ais alta; p = 0,14).
A Tabela 1 ap resen ta a distribuição da am os-tra p or ativid ad e econ ôm ica e p osição n o m er-ca d o p ro d u tivo. Vin te e u m p o r cen to (21%) d o s eco n o m ica m en te a tivo s esta va m d esem -p regad os e 38% trab alh avam n o setor in form al (rep resen ta n d o 48% d o s tra b a lh a d o res rem u -n erad os). A d u ração d o d esem p rego foi sig-n ifi-cativam en te m aior (p = 0,03) n as m u lh eres (28 m eses, d esvio-p ad rão = 30,9) q u e n os h om en s (15 m eses, d esvio-p ad rão = 16,1).
A a n á lise u n iva ria d a d a a sso cia çã o en tre p osição n o m ercad o p rod u tivo e os TMC, ap
re-sen tad a n a Tab ela 2, foi estratificad a p or sexo, já qu e h om en s e m u lh eres d esem p en h am d ife-ren tes p ap éis sociais. En qu an to as trab alh ad o-ra s fo rm a is a p resen ta o-ra m u m a sa ú d e m en ta l sign ifica tiva m en te m elh o r q u e a s in fo rm a is (OR = 3,43), d esem p regad as (OR = 2,37), d on as d e casa (OR = 2,78) e in ativas (OR = 2,60), as d i-feren ças en con trad as en tre os h om en s n ão fo-ram estatisticam en te sign ifican tes.
To d a s a s cova riá veis, co m exceçã o d a p ro p ried ad e d a casa, m ostraram se fatores p oten cia is d e con fu n d im en to, p or esta rem a ssocia -d a s à p o siçã o n o m erca -d o p ro -d u tivo ( Ta b ela n ã o a p resen ta d a ) e, in d ep en d en te d esta , a o s TMC (Tab ela 3).
A associação en tre p osição n o m ercado p ro-d u tivo e o s TMC m a n teve-se, m esm o q u a n ro-d o
Tab e la 1
Distrib uição d a amo stra p o r ativid ad e e co nô mica e p o sição no me rcad o p ro d utivo . O lind a, 1993.
At ividade econômica n = 621 % Posição no mercado n = 621 %
At ivos 390 62,80 Trabalhadores remunerados 306 78,46
Fo rmal 159 52,00
Info rmal 147 48,00
Desempregados 84 21,54
Inat ivos 231 37,20 O ut ros 231 37,20
Estud ante s 70 30,30 Do nas d e casa 124 53,68 Ap o se ntad o s 37 16,02
Tab e la 2
Pre valê ncia d e TMC (n = 216) p o r p o sição no me rcad o p ro d utivo e se xo , o dds-ratio snão -ajustad o s (O R), inte rvalo s d e co nfiança (IC a 95%) e te ste d e sig nificância (g raus d e lib e rd ad e ). O lind a, 1993.
Posição no mercado n % O R (IC 95%) Test e de significância
M ulheres
Trab alhad o ras fo rmais 16 25,8 1,00 χ2(4)= 13,17 Trab alhad o ras info rmais 37 54,4 3,43 (1,6-7,2) p = 0,01 De se mp re g ad as 19 45,2 2,37 (1,1-5,0)
Do nas d e casa 61 49,2 2,78 (1,4-5,4) Inativas 28 47,5 2,60 (1,2-5,8)
Homens
Trab alhad o re s fo rmais 17 17,5 1,00 χ2(3)= 2,01 Trab alhad o re s info rmais 15 19,0 1,10 (0,5-2.,3) p = 0,57 De se mp re g ad o s 11 26,2 1,67 (0,8-3,5)
Tab e la 3
Pre valê ncia d e TMC (n = 216) p o r variáve is d e mo g ráficas e só cio -e co nô micas, o dds-ratio snão -ajustad o s (O R), inte rvalo s d e co nfiança (IC a 95%) e te ste d e sig nificância (g raus d e lib e rd ad e ). O lind a, 1993.
Covariáveis Casos % Tot al O R (IC 95% ) Test e de significância
Sexo
Masculino 55 20,7 266 1,00 χ2 (1)= 42,25 Fe minino 161 45,4 355 3,18 (2,2-4,6) p < 0,0001
Idade (anos)
15-24 48 25,7 187 1,00 χ2 (2)= 12,46* 25-54 122 36,1 338 1,64 (1,1-2,4) p < 0,001
≥55 46 47,9 96 2,66 (1,6-4,5)
Sit uação conjugal
So lte iro 66 29,5 224 1,00 χ2 (2)= 17,16 Casad o 104 33,2 313 1,19 (0,8-1,7) p < 0,001 Se p arad o / viúvo 46 54,8 84 2,90 (1,7-4,9)
M igração
Nativo 133 30,7 433 1,00 χ2 (1)= 10,43 Mig rante 83 44,2 188 1,78 (1,2-2,5) p = 0,001
Escolaridade (anos)
0-4 93 49,7 187 3,31 (2,1-5,3) χ2 (1)= 34,97* 5-7 63 38,4 164 2,09 (1,3-3,4) p < 0,0001 8-10 25 21,2 118 0,90 (0,5-1,6)
≥11 35 23,0 152 1,00
O cupação
Não -manual 43 25,0 172 1,00 χ2 (3)= 21,58 Manual 90 36,6 246 1,73 (1,1-2,7) p = 0,0001 Do na d e casa 62 49,6 125 2,95 (1,8-4,8)
Estud ante 20 27,0 74 1,11 (0,6-2,0)
Renda familiar per capit a mensal (salário mínimo)
0-1/ 4 39 55,7 70 3,88 (2,1-7,1) χ2 (1)= 19,96* > 1/ 4-1 136 34,7 392 1,64 (1,1-2,5) p < 0,0001
> 1 36 24,5 147 1,00
Propriedade da casa
Pró p ria 179 35,5 504 1,00 χ2 (1)= 0,64 Alug ad a 37 31,6 117 0,84 (0,6-1,3) p = 0,42
Condições da moradia
Bo a 25 30,9 81 1,00 χ2 (1)= 8,71*
Mé d ia 148 32,2 460 1,06 (0,6-1,8) p < 0,01 Pre cária 42 53,2 79 2,54 (1,3-4,9)
a ju sta d a , n a a n á lise m u ltiva ria d a , p a ra id a d e, situ ação con ju gal, m igração, escolarid ad e, ren -d a fa m ilia r m en sa l p er ca p it a e co n d içõ es d e m oradia (Tabela 4). Os od d s-ratiossu gerem qu e a p osição n o m ercado p rodu tivo teve o seu efei-to sob re a saú d e m en tal m od ificad o p elo sexo, fa zen d o co m q u e o excesso d o s TMC en tre o s trab alh ad ores in form ais e d esem p regad os ap a-reça exclu sivam en te n as m u lh eres (OR = 3,02, IC a 95% 1,3-7,2 e OR = 2,66, IC a 95% 1,1-6,3, resp ectiva m en te). Po rém , o teste p a ra in tera -ção só foi estatisticam en te sign ifican te (LRS = 4,25; 1 gra u d e lib erd a d e; p = 0,04) p a ra o tra -b a lh o in fo rm a l, n ã o h a ven d o evid ên cia s d e q u e a sso cia çã o en tre o d esem p rego e a sa ú d e m en tal fosse d iferen te en tre h om en s e m u lh e-res (LRS = 0,32; 1 grau d e lib erd ad e, p = 0,57). O od d s-ra t io estim ad o p ara as trab alh ad oras in form ais (3,02) ficou fora d os lim ites d e con fian -ça a 95% d a estim ativa corresp on d en te p ara os h om en s (OR = 1,08 IC a 95%, 0,5-2,4), o qu e p o-d e rep resen tar m ais u m a con firm ação em p íri-ca d a su a in teração com o sexo.
Discussão
Neste estu d o, as m u lh eres d esem p regad as e as trab alh ad oras in form ais ap resen taram u m ris-co a u m en ta d o p a ra o s TMC. No en ta n to, n ã o foi en con trad a u m a associação estatisticam en -te sign ifican -te en tre a p osição n o m ercad o p ro-d u tivo e a saú ro-d e m en tal n os h om en s. Em b ora a cau salid ad e reversa seja im p rovável, já q u e os n ossos resu ltad os con cord am com a literatu ra revisa d a , u m estu d o tra n sversa l n ã o n o s p erm ite distin gu ir se o deseerm p rego e o trabalh o in form al p rod u ziram os efeitos ad versos d as m u -lh eres aqu i in vestigad as ou se d istú rb ios p sicoló gico s en co n tra d o s to rn a ra m n a s m a is p ro -p en sas ao d esem -p rego e à in form alid ad e.
Desemprego e TM C
No Bra sil, o n d e o tra b a lh o é a p rin cip a l fo n te d e rem u n eração, statu se segu ran ça e con sid e-rad o fu n d am en tal p ara u m a vid a d ecen te (79% d os en trevistad os o con sid erou com o u m a p ar-te essen cial d e su as vid as), a d esvalorização scial cau sad a p elo d esem p rego (Warr, 1987) p o-d e com p rom eter o b em -estar p sicológico in o-d i-vid u al. Neste estu d o, qu an to m en ores a escola-rid ad e, a qu alificação e a ren d a, m aiores foram a s ch a n ces d o tra b a lh a d o r esta r d esem p rega -d o. Assim , p arte -d a associação aq u i en con tra-d a p otra-d e ser a trib u ítra-d a a tra-d ificu ltra-d a tra-d es fin a n ceira s d evid o a o d esem p rego ( Wa rr, 1987; Ro d -gers, 1991) p ara os já vu ln eráveis p or su a p
osi-çã o d e cla sse (Co lled ge & Ha in swo rth , 1982). Além d isso, a d eso rga n iza çã o d o m erca d o d e trab alh o b rasileiro e o excesso d e m ão-d e-ob ra d e reserva (DIEESE, 1996) trazem p essim ism o sob re o fu tu ro e d im in u em o p od er in d ivid u al p erceb id o d e co n tro le so b re o m eio so cia l (já q u e a p rocu ra d e em p rego n ão p rod u z resp os-tas p revisíveis), geran d o an sied ad e e d ep ressão (Warr, 1987; Rosen field , 1989).
Trabalho informal e TM C
A m aioria d os estu d os revisad os realizou -se em p a íses rico s e co m p o lítica s so cia is d efin id a s. No m u n d o em d esen vo lvim en to, a situ a çã o é b astan te d iferen te, e o exército in d u strial d e reserva u rb an o é con stitu íd o m en os p or d esem -p regad os, em sen so estrito, e m ais -p or serviçais d om ésticos, b iscateiros e am b u lan tes (Sin ger, 1983; Uran i, 1995). Em 1981, os trab alh ad ores in form ais rep resen tavam 54% d a ocu p ação to-ta l b ra sileira (Ura n i, 1995). En tre 1989 e 1992, co m a q u ed a d a p a rticip a çã o d o s tra b a lh a d o -res form ais n a força d e trab alh o d e m ais d e 8%, u m a p ro p o rçã o co n sid erá vel d o s q u e p erd eram seu s em p regos com carteira assin ad a en -con traram em p regos sem carteira ou ab an d o-n aram o m ercad o d e trab alh o p ara se lao-n çarem com o au tôn om os, n o m ercad o d e b en s e servi-ço s (Ura n i, 1995). Pa rte d eles, p rova velm en te d esen co ra ja d o s p ela s co n d içõ es d o m erca d o d e tra b a lh o, in terrom p era m a p rocu ra d e em -p rego e o -p ta ra m -p ela in fo rm a lid a d e co m o a
Tab e la 4
O dds-ratio sajustad o s* (O R), inte rvalo s d e co nfiança (IC a 95%) e te ste d e sig nificância (g raus d e lib e rd ad e ) p ara a asso ciação e ntre p o sição no me rcad o p ro d utivo e TMC e stratificad a p o r se xo . O lind a, 1993.
Posição no mercado O R (IC 95%)* Test e de significância
M ulheres
Trab alhad o ras fo rmais 1,00 χ2 (4)= 9,30 Trab alhad o ras info rmais 3,02 (1,3-7,2) p = 0,05 De se mp re g ad as 2,66 (1,1-6,3)
Do nas d e casa 2,29 (1,0-5,0) Inativas 3,19 (1,2-8,4)
Homens
Trab alhad o re s fo rmais 1,00 χ2 (3)= 2,02 Trab alhad o re s info rmais 1,08 (0,5-2,4) p = 0,57 De se mp re g ad o s 1,77 (0,8-3,9)
Inativo s 1,62 (0,6-4,2)
ú n ica form a d e ga ra n tir a lgu m a rem u n era çã o (DIEESE, 1996). Esta in form alid ad e trou xe con -sigo a lgu m a s ca ra cterística s q u e p o d em ser m aléficas p ara a saú d e p sicológica, tais com o: b aixos n íveis d e p od er d e d ecisão e d e con trole p essoal (Warr, 1987; Rosen field , 1989) sob re os ven cim en tos e a jorn ad a d e trab alh o, d eterm i-n ad os p ela d em ai-n d a d o m ercad o, i-n o caso d os au tôn om os, ou p ela con ven iên cia d o em p rega-d or, p ara os su b em p regarega-d os. A in certeza sob re a situ a çã o d e tra b a lh o ( Wa rr, 1987), o s b a ixo s salários (n este estu d o, os trab alh ad ores in for-m ais tin h afor-m salários ain d a for-m ais b aixos q u e os form ais), a au sên cia d e b en efícios sociais e d e p roteção d a legislação trab alh ista foram , p ro-va velm en te, o s resp o n sá veis p elo d esen vo lvim en to d a a n sied a d e e d ep ressã o en tre o s tra -b alh ad ores in form ais.
Inserção no mercado produt ivo, gênero e saúde ment al
Os n ossos resu ltad os su gerem qu e o m u n d o d o trab alh o tem d ois sexos. Se o efeito d o d esem -p rego n a saú d e m en tal m ascu lin a -p od e ter si-d o a q u i a ten u a si-d o p elo erro tip o II, o u seja , a qu an tid ad e d e h om en s recru tad os p elo estu d o n ão foi su ficien te p ara d etectar u m a d iferen ça estatisticam en te sign ifican te, m esm o q u e esta exista (Hen n eken s & Bu rin g, 1987), a in teração en tre sexo e trab alh o in form al d em on stra q u e este é viven ciad o d iferen tem en te p or h om en s e m u lh eres. Ma is esp ecifica m en te, a a sso cia -çã o en tre tra b a lh o in fo rm a l e o s TMC p a rece estar p resen te n as m u lh eres e au sen te n os h o-m en s. Esta con statação ap on tou p ara a n eces-sid a d e d e com p lem en ta r o referen cia l teórico d a s rela çõ es d e cla sse a q u i a ssu m id o co m a a b o rd a gem d e gên ero, q u e exp ressa a rela çã o de p oder en tre os sexos e reflete a dim en são so-cial d as d esigu ald ad es sexu ais (Oliveira, 1997). No Brasil, a taxa d e ativid ad e econ ôm ica fe-m in in a vefe-m au fe-m en tan d o, p articu larfe-m en te n a form a d e trab alh o au tôn om o, qu e p erm ite u m a m a io r flexib ilid a d e n a jo rn a d a d e tra b a lh o, u m a q u estã o cru cia l p a ra m u lh eres q u e têm q u e co n cilia r a s o b riga çõ es fa m ilia res co m a n ecessid ad e/ d esejo d e u m a ocu p ação rem u n e-rad a (San tan a et al., 1997). Em p u re-rad as p ara o trab alh o fora d e casa, as m u lh eres têm en fren -tad o taxas m ais altas d e d esem p rego e salários m en ores q u e os h om en s (DIEESE, 1997). A d e-cisão d e trab alh ar reflete vários asp ectos d a vi-d a fem in in a . Pa ra Jo ffe (1985), existem vi-d o is gru p os d e m u lh eres en tre as qu e exercem u m a ativid ad e rem u n erad a: as q u e têm u m a carrei-ra p rofission al e, p ortan to, tcarrei-rab alh am p or reali-zação p essoal; e as socialm en te d esfavorecid as,
q u e o fazem p or p ressões fin an ceiras. As rela-ções d e gên ero sã o con stru íd a s socia lm en te e variam com a classe social, m as, in d ep en d en te d a su a p osiçã o socia l, a m a ioria d a s m u lh eres a q u i estu d a d a s, a o co n trá rio d o s h o m en s, a o d esem p en h ar u m a ativid ad e econ ôm ica, assu -m ia ta -m b é-m a s resp o n sa b ilid a d es d e esp o sa , m ã e e tra b a lh a d o ra e em p reen d ia d o is tra b a -lh os: o rem u n erad o e o n ão rem u n erad o, geral-m en te n ão recon h ecid o d en tro d e casa. Ap esar d a sob recarga d e trab alh o, a in serção fem in in a form al n o m ercad o associou -se a u m a m elh or saú d e m en tal, p rovavelm en te p elo au m en to d o o rça m en to d o m éstico ( Wa rr, 1987; Ba rtley et al., 1992) e p ela p roteção con tra o isolam en to, a m on oton ia e o b aixo st at u s(Warr, 1987; Ma-cran , 1993) q u e acom p an h am o p ap el d e d on a d e casa n a socied ad e b rasileira. Mas, en qu an to 54% d a s tra b a lh a d o ra s in fo rm a is a p resen ta -va m a n sied a d e e d ep ressã o, a p en a s 19% d o s h o m en s so fria m co m a in fo rm a lid a d e. O em -p rego d om éstico, u m a exten são d o -p a-p el trad i-cio n a l d e d o n a d e ca sa , fo i co m u m en tre a s m u lh eres e, n os h om en s, as ocu p ações d e p e-d reiro e en can ae-d or, qu e exigem u m a certa qu a-lificação, foram as m ais freq ü en tes. Se p ara os h om en s o trab alh o in form al sign ifica au ton o-m ia e a con cretização d o son h o d e n ão ter p a-trão, p ara as m u lh eres, além d a carga ad icion al d e tra b a lh o e d a m o n o to n ia , rep resen ta u m a o p o rtu n id a d e lim ita d a e n ã o reco n h ecid a d o u so d e su as cap acid ad es (Warr, 1987). A in certeza sob re su a situ ação d e trab alh o, com o con -seq ü ên cia d a in form alid ad e, e a p ercep ção d e in ju stiça e d iscrim in ação (San tan a et al., 1997), p ela s m en o res ch a n ces em rela çã o à s d o s h o -m en s d e u -m a in serção for-m al, p od m estar n e-gativam en te associad as ao b em -estar p sicoló-gico fem in in o.
Agradeciment os
A a u tora a gra d ece a tod os os q u e torn a ra m este tra -b alh o p ossível: os en trevistad ores Ed m ilson Hen au th , Celso Nu n es, Sérgio Cavalcan ti, Th ales Cou ceiro, Lí-d ia Lí-d a Fon seca, Din alva Lí-d a Silva e Lu ciLí-d alva Lí-d a Silva; os p siq u iatras An gela Bezerra e Ricard o d e Barros; o p ro fesso r Glyn Lewis; a s d ireçõ es d a Fa cu ld a d e d e Ciên cias Méd icas e d a Secretaria d e Saú d e d e Olin d a e o s en trevista d o s. Esta p esq u isa fo i d esen vo lvid a co m o a p o io fin a n ceiro d a Fu n d a çã o d e Am p a ro à Ciên cia e Tecn ologia d e Pern am b u co – FACEPE – e d o Con selh o Nacion al d e Desen volvim en to Cien tífico e Tecn ológico – CNPq.
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