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A Acessibilidade como veículo de inclusão social: proposta de dispositivo computacional para os deficientes visuais da cidade de Natal/RN

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL:

PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS

DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN

por

ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR

BACHAREL EM ENGENHARIA ELÉTRICA, UFRN, 2004.

TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

JANEIRO/ 2009

© 2009 ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR TODOS DIREITOS RESERVADOS.

O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,

em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.

Assinatura do Autor: ___________________________________________

APROVADO POR:

___________________________________________________________ Prof. Reidson P. Gouvinhas, D.Sc. – Professor Orientador – UFRN

________________________________________________________________ Prof. Carlos Magno de Lima, D.Sc., Membro Examinador – UFRN

(2)

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Santos Júnior, Zulmar Jofli dos.

A acessibilidade como veículo de inclusão social: proposta de dispositivo computacional para os deficientes visuais da cidade de Natal/RN / Zulmar Jofli dos Santos Júnior. – Natal, RN, 2009.

74 f.

Orientador: Reidson P. Gouvinhas.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

1. Interação homem-computador (deficientes visuais) – Dissertação. 2. Acessibilidade (deficientes visuais) – Dissertação. 3. Deficientes visuais – Dissertação. 4. Dispositivo computacional – Dissertação. I. Gouvinhas, Reidson P. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

(3)

II

CURRICULUM VITAE RESUMIDO

(4)

III

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela vida, pelas oportunidades e pelas vitórias obtidas, mesmo perante as diversas dificuldades encontradas, contribuindo para a minha maturidade e desenvolvimento acadêmico, pessoal e profissional.

(5)

IV

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelos dons que me foram oferecidos, pela trajetória que me foi destinada e pelos belos ensinamentos que obtive em cada desafio superado.

Aos meus pais, irmãos, e a minha namorada Larisse de Souza, pela compreensão e companheirismo.

À UFRN, pela oportunidade dessa conquista, em especial, ao PEP, seus professores e colaboradores, pelo suporte oferecido.

Ao Professor Dr. Reidson P. Gouvinhas, meu orientador, por acreditar no meu potencial e incentivar o meu interesse pela temática da acessibilidade. Pela sua disposição, paciência e pelas sábias orientações realizadas sempre que foi solicitado.

Ao Professor Dr. Roncali, por sempre estar presente nos momentos em que precisei de ajuda. À minha tia e professora Maria das Graças, por ter me ajudado diversas vezes na minha jornada acadêmica quando foi requisitada.

Aos colegas do mestrado, em especial a Márcio Rodrigues, um amigo leal e sempre pronto para motivar e auxiliar nos desafios encontrados.

Aos amigos Márcio Valério de Araújo e Djalma Teixeira Maranhão Neto pelo apoio técnico, respectivamente, na parte eletromecânica e na parte do software do Protótipo 02.

(6)

V

“A imaginação é mais importante que o conhecimento”

(7)

VI

Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.

A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL: PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS

DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN

ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR

Janeiro/2009

Orientador: Prof. D. Reidson P. Gouvinhas

Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção

O presente trabalho teve como objetivo propor um dispositivo computacional capaz de permitir a comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou baixa visão) através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network). O trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente são realizados no LAI

(Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Assim, realizou-se uma pesquisa, envolvendo um determinado protótipo capaz de reconhecer

geometrias, com alunos considerados cegos legais, do Instituto de Educação e Reabilitação de

Cegos do Rio Grande do Norte (IERC-RN), localizado no bairro do Alecrim, cidade de Natal.

Paralelamente, foi desenvolvido outro protótipo, testando a comunicação via rede local e

Internet. Para analisar os dados, utilizou-se a abordagem qualitativa e quantitativa, por meio

de técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias, para apoiar interpretações

subjetivas. Os resultados oferecem uma análise de até que ponto a aplicação pode contribuir para a socialização e aprendizado dos deficientes visuais, e por fim, são sugeridas algumas recomendações em termos de desenvolvimento de pesquisas futuras no intuito de viabilizar o dispositivo proposto.

(8)

VII

Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the degree of Master of Science in Production Engineering

January/2009

Thesis Supervisor: Prof. D. Reidson P. Gouvinhas Program: Master of Science in Production Engineering

This study aims to propose a computing device mechanism which is capable to permit a tactile communication between individuals with visual impairment (blindness or low vision) through the Internet or through a local area network (LAN - Local Network Address). The work was developed under the research projects that currently are realized in the LAI (Laboratory of Integrated Accessibility) of the Federal University of Rio Grande do Norte. This way, the research was done in order to involve a prototype capable to recognize geometries by students considered blind from the Institute of Education and Rehabilitation of Blind of Rio Grande do Norte (IERC-RN), located in Alecrim neighborhood, Natal/RN. Besides this research, another prototype was developed to test the communication via a local network and Internet. To analyze the data, a qualitative and quantitative approach was used through simple statistical techniques, such as percentages and averages, to support subjective interpretations. The results offer an analysis of the extent to which the implementation can contribute to the socialization and learning of the visually impaired. Finally, some recommendations are suggested for the development of future researches in order to facilitate the proposed mechanism.

(9)

VIII SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES... X LISTA DE QUADROS... XII LISTA DE SIGLAS... XIII LISTA DE TABELAS... XIV

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO... 2

1.2 JUSTIFICATIVA... 3

1.3 OBJETIVOS... 5

1.3.1 Objetivo Geral... 5

1.3.2 Objetivos Específicos... 6

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO... 6

CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO... 7

2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 7

2.2 A INTERFACE HOMEM-COMPUTADOR... 9

2.2.1 Projeto DOSVOX... 12

2.2.2 Sistema BRAILLE... 13

2.3 A ACESSIBILIDADE E OS DEFICIENTES VISUAIS... 14

2.3.1 Deficiência Visual... 15

2.3.1.1 Classificação Legal... 16

2.3.1.2 Classificação Educacional... 16

2.3.2 Acessibilidade... 17

2.4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL... 19

2.5 A INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL... 24

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DA PESQUISA... 28

3.1 TIPO DE PESQUISA... 28

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA... 29

3.3 CARACTERIZAÇÃO DO INSTITUTO ONDE FOI REALIZADA A PESQUISA... 30

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS... 31

3.5 ANÁLISE DOS DADOS... 35

CAPÍTULO 4: DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO... 36

(10)

IX

4.2 FUNCIONAMENTO E APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01... 37

4.3 DESENVOLVIMENTO E FUNCIONAMENTO DO PROTÓTIPO 02... 39

4.3.1 Parte Física do Protótipo 02 (Hardware)... 41

4.3.2 Programas de Computador do Protótipo 02 (Software)... 43

4.3.3 Arquitetura do Sistema... 45

4.3.4 Protocolo de Comunicação... 47

4.4 APLICAÇÃO FUTURA DO DISPOSITIVO COMPUTACIONAL... 49

4.5 DIMENSÕES E CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO DO DISPOSITIVO... 52

CAPÍTULO 5: RESULTADOS DA PESQUISA... 53

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DA INSTITUIÇÃO... 53

5.2 TESTE DO PROTÓTIPO 01... 57

5.3 TESTE DO PROTÓTIPO 02... 60

5.4 AVALIAÇÕES E IMPACTOS DOS RESULTADOS PARA O DISPOSITIVO PROPOSTO... 61

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES... 62

6.1 SÍNTESE DA JUSTIFICATIVA... 62

6.2 SÍNTESE DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA... 63

6.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA DA PESQUISA... 63

6.4 SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA... 64

6.5 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO... 65

6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO... 65

6.7 CONCLUSÃO... 66

6.7.1 Visão de Futuro do Dispositivo... 66

6.7.2 Benefícios para a Sociedade... 68

6.7.3 Investimentos para a Indústria... 68

6.8 DIREÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 70

GLOSSÁRIO... 75

(11)

X LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1.1 – Censo Demográfico do IBGE... 2

Ilustração 2.1 – Alfabeto Braille... 14

Ilustração 3.1 – Dimensões de Análise da Pesquisa... 32

Ilustração 3.2 – Geometrias Utilizadas no Teste de Viabilidade do Protótipo 01... 33

Ilustração 3.3 – Reconhecimento da Geometria... 33

Ilustração 3.4 – Posicionamento dos Pinos... 33

Ilustração 3.5 – Exibição da Geometria... 34

Ilustração 3.6 – Reconhecimento da Forma... 34

Ilustração 3.7 – Parte Eletromecânica... 35

Ilustração 3.8 – Software do Dispositivo... 35

Ilustração 4.1 – Funcionamento do Protótipo Computacional Proposto... 37

Ilustração 4.2 – Perspectiva do Topo... 38

Ilustração 4.3 – Perspectiva Lateral... 38

Ilustração 4.4 – Ferramenta Tátil e Geometrias... 38

Ilustração 4.5 – Representação da Geometria... 38

Ilustração 4.6 – Imagem do Protótipo 02... 39

Ilustração 4.7 – Fonte de Alimentação... 42

Ilustração 4.8 – Módulo Háptico... 42

Ilustração 4.9 – Conversor Serial / USB... 42

Ilustração 4.10 – Perspectiva de Frente... 42

Ilustração 4.11 – Perspectiva de Trás... 42

Ilustração 4.12 – Perspectiva Direita... 42

Ilustração 4.13 – Perspectiva Esquerda... 42

Ilustração 4.14 – Pino em Deslocamento Mínimo... 43

Ilustração 4.15 – Pino em Deslocamento Máximo... 43

Ilustração 4.16 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Mestre... 44

Ilustração 4.17 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Escravo... 44

Ilustração 4.18 – Interface de Vídeo do Programa Servidor... 45

Ilustração 4.19 – Arquitetura do Sistema... 46

Ilustração 4.20 – Diagrama de Seqüência de Eventos... 48

Ilustração 4.21 – Computador e Dispositivo de Captura e Impressão de Imagens 3D... 49

Ilustração 4.22 – Máquina do Professor... 50

(12)

XI

Ilustração 4.24 – Transmissão através da Internet ou Rede Local (LAN)... 50

Ilustração 4.25 – Máquina 1 (Modo de Captura)... 51

Ilustração 4.26 – Forma pronta para Captura... 51

Ilustração 4.27 – Início da Captura... 51

Ilustração 4.28 – Forma Capturada... 51

Ilustração 4.29 – Máquina 2 (Modo de Impressão)... 51

Ilustração 4.30 – Forma Impressa... 51

Ilustração 5.1 – Perfil dos Entrevistados... 54

Ilustração 5.2 – Opinião Quanto aos Recursos Utilizados pela Instituição... 55

Ilustração 5.3 – Sugestões para Melhor Aproveitamento da Experiência no Instituto... 56

Ilustração 5.4 – Imagem do Sistema em Funcionamento... 60

(13)

XII LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 – Pesquisa Acadêmica sobre Acessibilidade aos Deficientes Visuais...3

Quadro 2.1 – Dispositivos de Interação para Computadores Destinados aos Deficientes Visuais encontrados no Mercado Internacional até 1994... 10

Quadro 2.2 – Teses e Dissertações de Mestrado e Doutorado... 24

Quadro 2.3 – Artigos Nacionais do ENEGEP e ENANPAD... 25

(14)

XIII LISTA DE SIGLAS

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CORDE – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência ENANPAD – Encontro da ANPAD

ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos

FINEP – Financiamento de Estudos e Projetos

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IERC/RN – Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte LAI – Laboratório de Acessibilidade Integrada

MEC – Ministério da Educação e Cultura OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas

PEP – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

(15)

XIV LISTA DE TABELAS

(16)

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A sociedade atual vive a era da informação, na qual se torna imprescindível para cada indivíduo o acesso e utilização das tecnologias de informação e comunicação, como requisito para obtenção de sucesso.

Porém, estas tecnologias não se encontram disponíveis para todos, e para aqueles que se encontram disponíveis, podem não se apresentar de maneira adequada, como por exemplo, para os deficientes visuais. Sem essa tecnologia, ou sem o acesso adequado, os deficientes visuais ficam limitados quanto a utilização dos mais diversos canais de conhecimento, lazer e comunicação, o que por sua vez pode gerar a sua exclusão social.

Assim, levando-se em consideração que estes indivíduos necessitam de uma educação especial, adequada às suas necessidades, o presente trabalho teve como objetivo propor um dispositivo computacional capaz de permitir a comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou baixa visão) através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network). Para verificar até que ponto a aplicação do dispositivo pode contribuir para a socialização e aprendizado dos deficientes visuais, aplicou-se um protótipo capaz de reconhecer geometrias, tendo como objeto de estudo os alunos considerados cegos legais do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC/RN), localizado no bairro do Alecrim, em Natal. Para avaliar a viabilidade de comunicação tecnológica do dispositivo, foi desenvolvido outro protótipo, testando a comunicação via rede local e Internet.

O trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente

são realizados no LAI (Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

(17)

2 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Assumir uma deficiência seja ela física, mental, visual ou auditiva, ainda implica em ter que transpor muitas barreiras, do preconceito, arquitetônicas e no mundo globalizado atual, a barreira tecnológica. De acordo com o último Censo Demográfico (ver Ilustração 1.1), realizado pelo IBGE, em 2000, foi constatado que no Brasil existem aproximadamente 24,5 milhões de pessoas deficientes, ou seja, 14,5% da população total apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência. Destas, 16,5 milhões (9,79%) são pessoas com deficiência visual. No Estado do Rio Grande do Norte o percentual de pessoas com incapacidade ou deficiência é de 17,6% (489.824). Desse quantitativo, 12,61% (350.447) representam a população com deficiência visual, enquanto que os 5% restantes representam as demais deficiências.

Ilustração 1.1 – Censo Demográfico do IBGE.

Fonte: IBGE, 2000.

O número de pessoas com deficiência cresce a cada ano e, infelizmente, a velocidade com que nascem ou adquirem algum tipo de deficiência, não é acompanhado de ações sociais e políticas para melhorar a adaptação e independência desses indivíduos na sociedade.

(18)

3

Sem o uso do computador e das demais tecnologias, os deficientes visuais podem encontrar muitas dificuldades para se adaptarem ao dia-a-dia, efetivarem sua educação, terem lazer e obterem emprego.

Com isso, a possibilidade de se desenvolver protótipos aplicáveis aos deficientes visuais torna-se urgente para promover a inclusão dos mesmos na sociedade.

Diante desse contexto, a pesquisa buscou investigar: “Em que medida a aplicação de um protótipo computacional para os deficientes visuais pode tornar-se um

meio de socialização e aprendizado para os mesmos”?

1.2 JUSTIFICATIVA

A abordagem do referido tema se justifica pela atualidade e a crescente discussão na sociedade sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência, seja transpondo barreiras arquitetônicas, seja superando barreiras tecnológicas, principalmente em se tratando da rede mundial de computadores.

Através de pesquisas realizadas no banco de teses e dissertações da CAPES

(envolvendo Mestrado Profissionalizante, Mestrado e Doutorado), nos anais do ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção) e ENANPAD (Encontro da ANPAD), e em bases de dados internacionais no site do Emerald Insight e do Science Direct, foram

encontrados vários trabalhos acadêmicos correlatos ao assunto da acessibilidade dos

deficientes visuais. Através do Quadro 1.1 pode-se observar que no período de 1997 à 2008

foram encontrados 198 trabalhos associados ao tema.

Quadro 1.1 – Pesquisa Acadêmica sobre Acessibilidade aos Deficientes Visuais.

Ano / Portal

CAPES

ENEGEP ENANPAD EMERALD

INSIGHT

SCIENCE

DIRECT Total

Profiss. Mest. Dout.

1997 - 2 1 - - 3 2 8

1998 - 5 - - - - 1 6

1999 - 4 1 - - 1 - 6

2000 - 2 9 - - - 3 14

2001 - 9 6 - - 2 - 17

2002 1 10 3 - - 2 1 17

2003 - 17 1 1 - 3 4 26

2004 - 7 4 - - - 1 12

2005 3 21 6 - - 1 16 47

2006 1 25 6 - 2 1 1 36

2007 - - - 1 - 3 3 7

2008 - - - 1 1 2

Total 5 102 37 2 2 17 33 198

(19)

4

Apesar das oscilações quanto às publicações, vê-se uma tendência de crescimento, levando em consideração, principalmente, os anos entre 2005 e 2006, que só não é confirmada em 2007 e 2008, devido à não inserção, até o momento, das teses e dissertações referentes a esses anos no banco de teses da CAPES.

Entre teses, dissertações, artigos nacionais e internacionais pesquisados, percebe-se, por meio de uma análise qualitativa, que bons trabalhos vem sendo desenvolvidos, dando destaque para a parceria constante entre computação e acessibilidade, desde o uso de metodologias novas até a construção de designs mais interativos e adaptados aos deficientes visuais que permitam sua inserção na sociedade.

É importante salientar que a acessibilidade aqui abordada não diz respeito somente à tecnologia e, sim no sentido amplo da palavra, acesso à educação, informação e campo de trabalho.

Assim, a educação é outro fator de intercessão da temática acessibilidade. Técnicas computacionais e de ensino conjugam-se a fim de propiciar aos deficientes visuais possibilidades de aprendizado e desenvolvimento. Os assuntos abordados possuem um forte apelo em disponibilizar uma experiência educacional aos deficientes visuais de forma mais interessante e eficaz.

Apesar da quantidade de trabalhos encontrados, muitos deles ainda se encontram em um estágio embrionário quanto às temáticas ligadas a acessibilidade dos deficientes visuais. Vê-se, portanto, que os trabalhos publicados carecem de projetos mais práticos ligados ao assunto em questão, como formulações de protótipos e/ou mecanismos de apoio direto aos deficientes.

Assim, com o objetivo de contribuir para esta área do conhecimento, este estudo

propôs o desenvolvimento de um protótipo voltado para os deficientes visuais, cuja aplicação

se realizou em uma instituição, que trabalha com deficientes visuais, localizada na cidade de

Natal, RN.

(20)

5 A) Relevância Acadêmica

Avanço do conhecimento sobre Acessibilidade, focando na temática do desenvolvimento de protótipo computacional para os deficientes visuais.

Preenchimento de lacunas em temáticas sobre a acessibilidade dos deficientes visuais na área educacional.

B) Relevância Prática

Estudo prático, focando na possibilidade de aplicação de um protótipo computacional para deficientes visuais;

Benefícios para a sociedade como um todo, mais precisamente para os deficientes visuais com potencial progresso para sua inclusão social e aprendizado.

Possibilidade de investimentos maciços pela indústria neste tipo de produto voltado para a acessibilidade de deficientes visuais.

Com relação à vinculação acadêmica:

Na ABEPRO, vincula-se à área de Métodos e Desenvolvimento de Produto; No CNPq, vincula-se à Engenharia de Produção – Engenharia de Produto;

No PEP/UFRN, vincula-se à área de Mercado e Produto (ver “Projetos 2006” no site do PEP).

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

(21)

6 1.3.2 Específicos

Identificar o perfil do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte e dos seus alunos com deficiência visual;

Identificar o avanço dos deficientes visuais no que diz respeito ao uso de recursos (materiais, humanos, tecnológicos, entre outros) no ensino-aprendizagem dos mesmos;

Verificar até que ponto a aplicação de protótipos computacionais para os deficientes visuais contribui para a socialização e aprendizado dos mesmos.

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa foi estruturada da seguinte forma: Após essa parte introdutória, encontra-se o capítulo 2, dividido em cinco partes: a primeira apresentando conceitos sobre inovação tecnológica; a segunda descrevendo a interface homem-computador; a terceira explicando a relação entre acessibilidade e deficientes visuais; a quarta mostrando um histórico sobre a educação especial, marcos históricos e normativos; e a quinta abordando a inclusão social e digital.

Logo após, no capítulo 3, se localiza a metodologia da pesquisa, onde se apresenta o tipo de pesquisa; o universo e amostra da pesquisa; o instrumento de coleta de dados utilizado; e os procedimentos para análise dos dados.

Em seguida, no capítulo 4, é apresentado o desenvolvimento do protótipo computacional voltado para deficientes visuais, a visão de futuro do mesmo, quais os investimentos para a indústria e os benefícios para a sociedade.

Mais adiante, no capítulo 5, se encontram os resultados buscados por essa pesquisa conforme os objetivos propostos, bem como a análise desses resultados, seguida, por fim, do capítulo 6, com as conclusões e recomendações a respeito do tema, de acordo com os resultados obtidos.

(22)

7

CAPÍTULO 2

REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo procura esclarecer através de uma revisão bibliográfica, alguns conceitos que cercam a temática que está sendo trabalhada, apresentando trabalhos e dispositivos já desenvolvidos e aplicados, revelando lacunas existentes que possam ser abordadas para melhorar os conhecimentos sobre o tema.

Para tanto, no referencial teórico apresentado a seguir, primeiramente são expostos os conceitos sobre inovação tecnológica e tecnologia assistiva, seguido da apresentação dos principais dispositivos que permitem o acesso dos deficientes visuais ao computador, dando um destaque especial ao Projeto DOSVOX e ao sistema Braille. Mais adiante, a deficiência visual e a acessibilidade são especificamente caracterizadas, no intuito de trazer uma compreensão de como pode ocorrer a inclusão social e digital. Logo a seguir, é traçado um histórico sobre a educação especial no Brasil, relembrando os principais fatos, eventos, leis e decretos envolvendo o tema. Por fim, são apresentados os principais trabalhos encontrados em bancos de teses e dissertações, artigos apresentados e publicados em congressos nacionais, além de publicações internacionais, enfatizando a temática da acessibilidade voltada para os deficientes visuais.

2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Para Bertz (1998) inovação é a introdução de novos produtos, processos e serviços no mercado e inovação tecnológica significa a introdução destes produtos, processos e serviços baseados em novas tecnologias.

(23)

8

no mercado em escala comercial, tendo, em geral, fortes repercussões socioeconômicas. Assim, inovação tecnológica significa concepção de novo produto ou processo de fabricação que inclua funcionalidades que configurem melhorias e ganho de qualidade ou produtividade.

As vantagens proporcionadas pela informática são inúmeras, desde que bem utilizadas. Cada vez mais aumenta a ocorrência de algum tipo de inovação tecnológica, ou seja, novos softwares e equipamentos são desenvolvidos para serem utilizados nas mais diversas áreas, incluindo a educação. E há um segmento desta área que tem sido muito beneficiado com isso, a educação especial.

Segundo Borges apud Rodrigues (2000), os deficientes visuais no Brasil são em sua maioria pessoas semi-analfabetas ou possuem somente a educação básica, com extrema dificuldade de acesso a educação. Estes indivíduos necessitam de uma educação especial adequada às suas necessidades. Neste contexto, a tecnologia da informática dispões de recursos que possibilitam ao deficiente visual ter melhores condições de acesso à educação e conseqüentemente, possibilita uma melhoria na qualidade de vida, seja através do crescimento intelectual (acesso a informações e educação), pessoal (possibilidade de se comunicar e formas de entretenimento com outros indivíduos em condições de igualdade) e profissional (ter meios adequados para desenvolver uma atividade profissional possibilitando a conquista da independência financeira).

Segundo Cook e Hussey (2002, p.5), os dicionários fornecem as seguintes definições para tecnologia:

―A ciência ou estudo de artes práticas ou industriais‖; ―Ciência aplicada‖;

―Um método, processo para lidar com um problema técnico específico‖.

Nenhuma dessas definições menciona algo sobre um ―dispositivo‖, apenas enfatiza a aplicação do conhecimento. Conforme estes mesmos autores, este conceito é importante e deve ser usado o termo “tecnologia assistiva” para se referir aos diversos dispositivos, serviços, estratégias a práticas que são concebidas e aplicadas para melhorar os problemas enfrentados por indivíduos com deficiência.

(24)

9

de tecnologia assistiva é ―qualquer item, peça de equipamento ou produto de um sistema que pode ser adquirido comercialmente nas prateleiras, modificados ou personalizados, que é utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de pessoas com deficiência‖.

2.2 A INTERFACE HOMEM – COMPUTADOR

Conforme Carvalho (1994), a interface é o nome que se dá a algo que serve de ligação entre dois sistemas, independente da estrutura dos mesmos. No caso de sistemas que se caracterizam pelo processamento de informações (sistemas cibernéticos), a interface serve como elo de comunicação (um tradutor de informações), entre ambos.

Carey apud Carvalho (1994) define interface como um ponto de contato entre duas entidades. Para ela, as interfaces entre o computador e os seres humanos podem abranger várias características, incluindo o meio, o diálogo e as técnicas de manipulação.

Assim a expressão interface homem-computador se refere a interface que serve de interconexão entre dois sistemas que trocam informações, sendo eles: de um lado o computador e de outro, o ser humano, aqui designado como o homem no sentido amplo da palavra.

A interface homem-computador, ou mesmo o acesso do mesmo a este mecanismo de informação e ação ainda possui sérios obstáculos. Principalmente, no que se referem às pessoas com deficiências. Os projetistas têm preocupação crescente com a possibilidade de inserir mais eficazmente estes deficientes no mundo computacional, ou mesmo tornar a computação um veículo que lhes facilite nas suas diversas atividades.

A seguir, no Quadro 2.1, segue uma amostra desenvolvida por Carvalho (1994), referente a quantidade e diversidade de dispositivos que permitem o acesso dos deficientes visuais aos computadores e que até então, só podiam ser adquiridos no mercado internacional.

(25)

10

Quadro 2.1 – Dispositivos de Interação para Computadores Destinados aos Deficientes Visuais encontrados no Mercado Internacional até 1994.

1. Sistemas Amplificadores de Tela

inLARGE 2.0 Amplia de 2 a 16 vezes; permite vários modos de movimentação da área ampliada. MAGNUM GT Amplia até 8 vezes; foco circular; controle por mouse ou teclado.

Optelec LP-DOS

5.0 Amplia de 2 a 16 vezes; movimentação automática de foco.

Screen Magnifier/2 Amplia de 2 a 32 vezes; a área ampliada se movimenta juntamente com o mouse. ZOOMTEXT Amplia até 16 vezes; oferece várias opções de foco.

ZOOMTEXT

PLUS Amplia até 16 vezes; oferece várias opções de foco. 2. Sistemas de Saída de Voz

Dolphin Speech

Synthesisers Vocalização de linha, letra, palavra, janela e cor em 7 línguas (inclusive a portuguesa). DOSVOX Sistema de fala em língua portuguesa.

IBM Screen Reader/DOS 1.2

Fornece um Keypad virtual accessível através de teclado comum; monitora a tela para alertar o usuário a respeito de mensagens de comunicação de estado e de erros.

IBM Screen Reader/2

Habilita o reconhecimento e a verbalização de objetos (ícones); monitora a tela para alertar o usuário a respeito de mensagens de comunicação de estado e de erros.

JAWS Job Access With Speech

Leitura de janelas pop-up, menus pull-down e outros avisos; fornece cursores para leitura e entrada; reconhece atributos da tela como cores, negrito, itálico e etc...

outSPOKEN 1.7 Permite leitura do texto por letra, palavra ou linha. outSPOKEN for

Windows

Permite completo acesso a janelas, menus e caixas de diálogos; fornece vozes distintas para textos, gráficos, mensagens do sistema e outras informações.

ScreenPower Trabalha com software amplificador de tela e terminal de acesso Braille.

Vocal-Eyes Acessa processadores de textos, programas gerenciadores de banco de dados e planilhas eletrônicas do tipo CUI; permite que o teclado possa sonorizar caracteres e palavras. WinVision Permite acesso automático a caixas de diálogo, controla o cursor do mouse via teclado. 3. Sistemas de Saída em Braille (Impressoras)

Braillo Comet Imprime caracteres Braille de 6 e 8 pontos; até 42 caracteres por linha e até 40 linhas por página; imprime gráficos; velocidade de 4 páginas por minuto.

Braillo 200 Imprime caracteres Braille de 6 e 8 pontos; até 42 caracteres por linha; velocidade de 200 CPS; possui sinal audível para mensagens.

Ohtsuki BT-500 Imprime caracteres Braille e caracteres em tinta, simultaneamente; imprime até 41 caracteres por linha; velocidade de 13 CPS.

VersaPoint 40 Imprime caracteres em Braille de 6 e 8 pontos; imprime gráficos; até 42 caracteres por linha; velocidade de 40 CPS.

4. Sistemas de Saída em Braille (Terminais de Acesso)

Brailloterm KTS Conectável a mainframe, representação completa do conjunto de 256 caracteres IBM em Braille de 8 pontos.

5. Sistemas de Reconhecimento de Voz

Dragon Dictate Possui vocabulário de palavras pré-selecionadas e vocabulário ativo; pode ser adaptado para uma determinada voz, vocabulário e ambiente de trabalho; contém microfone. IBM VoiceType 2 Possui um vocabulário ativo de 7.000 palavras; possui comando de voz embutido para

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De 1994 para os dias atuais, além dos aperfeiçoamentos dos dispositivos apresentados no Quadro 2.1, várias novidades (principalmente no âmbito nacional) em termos de dispositivos e protótipos surgiram para melhorar a vida das pessoas com deficiência visual, como as apresentadas a seguir:

Em 2003, Alejandro Garcia, professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de Santa Catarina, começou a desenvolver uma bengala eletrônica, com sensores semelhantes a um sonar, que avisam por meio de vibrações no próprio cabo sobre a presença e localização de obstáculos. Para respaldar a iniciativa, o professor entrou em contato com a ACIC - Associação Catarinense para Integração do Cego. Lá foram realizados os testes dos protótipos, com a participação de alunos da instituição. O projeto integra diversas áreas do conhecimento, como hardware e design, baseados na tecnologia conhecida como "haptics" ou realimentação tátil com auxílio de sensores e reuniu uma equipe de oito pesquisadores. A bengala eletrônica já tem protótipo pronto para ser apresentado a empresas. Esse projeto recebeu apoio do FINEP (2008).

Rodrigues (2006) desenvolveu o vEye (Virtual Eye ou olho virtual), um dispositivo portátil que ajuda os deficientes visuais a se locomoverem em lugares externos que não conhecem. Por meio da tecnologia de reconhecimento de voz, via aparelho celular, o usuário indica uma referência ou o endereço de onde quer chegar e assim que o sistema identifica o melhor caminho emite a informação por meio de vibrações, fazendo que o deficiente visual consiga chegar ao endereço desejado. O projeto foi o vencedor do 2° Desafio GV-Intel-Venture Capital e Empreendedorismo realizado em 2007.

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idioma, inclusive para a língua portuguesa. Os códigos são lidos para o usuário, que os digita após ouví-los por meio das caixas de som ou pelos fones de ouvido.

Programa Tactile Graphics Designer (TGD): é um software pedagógico criado para a geração de figuras e/ou gráficos em Braille. Permite a conversão de imagens dos mais variados formatos para o sistema Braille. (Rodrigues apud Araújo et. al., 2007).

2.2.1 Projeto DOSVOX

Dentre todos os dispositivos apresentados, não se pode deixar de destacar o DOSVOX, criado pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O DOSVOX permite que pessoas cegas utilizem um microcomputador comum (PC) para desempenhar uma série de tarefas, adquirindo assim um nível alto de independência no estudo e no trabalho. Trata-se de um conjunto de programa para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário através de síntese de voz em Português, sendo que a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas.

O que diferencia o DOSVOX de outros programas voltados para uso por deficientes visuais é que no DOSVOX, a comunicação homem-máquina é muito mais simples, e leva em consideração as especificidades e limitações dessas pessoas. Ao invés de simplesmente ler o que está escrito na tela, o DOSVOX estabelece um diálogo amigável, através de programas específicos e interfaces adaptativas. Isso o torna insuperável em qualidade e facilidade de uso para os usuários que vêm no computador um meio de comunicação e acesso que deve ser o mais confortável e amigável possível.

Grande parte das mensagens sonoras emitidas pelo DOSVOX é feita em voz humana gravada. Isso significa que ele é um sistema com baixo índice de estresse para o usuário, mesmo com uso prolongado. Além disso, é compatível com a maior parte dos sintetizadores de voz existentes, pois usa a interface padronizada SAPI do Windows. Isso garante que o usuário possa adquirir no mercado os sistemas de síntese de fala mais modernos e mais próximos à voz humana, os quais emprestarão ao DOSVOX uma excelente qualidade de leitura.

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de tela, etc) que porventura estejam instalados na máquina do usuário. O DOSVOX vem sendo aperfeiçoado a cada nova versão.

2.2.2 Sistema Braille

O Braille é sem dúvida a tecnologia assistiva mais conhecida.

Braille é um sistema de leitura através do tato para cegos inventado pelo francês Louis Braille, o qual perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois, ele ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, L. Braille fez algumas adaptações no sistema de pontos em relevo.

Em 1829, publicou o seu método. O sistema Braille é um alfabeto convencional (Ilustração 2.1) cujos caracteres se indicam por pontos em relevo, o deficiente visual distingue por meio do tato. A partir dos seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas musicais.

L. Braille morreu de tuberculose, em 1852, ano em que seu método foi oficialmente adotado na Europa e América.

Assim como a escrita convencional abriu um novo mundo para o homem comum, o Braille fez o mesmo para as pessoas com deficiência visual. E mais, o Sistema Braille impulsionou uma revolução para os deficientes visuais, através dele as pessoas cegas podem resgatar sua cidadania. Alfabetizando-se, elas possuem condições de estudar, e estudando tem mais chances de conseguir emprego, e ter um emprego significa estar socialmente incluído e ser independente.

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Ilustração 2.1 – Alfabeto Braille

Fonte: Site do IERC/RN

Tais exemplos de dispositivos e tecnologias assistivas apresentadas nesse tópico são fonte de motivação ainda maior para a tentativa de viabilização do dispositivo proposto por esse presente estudo.

2.3 A ACESSIBILIDADE E OS DEFICIENTES VISUAIS

A questão da acessibilidade dos deficientes visuais é ampla e passível de discussão em vários âmbitos do conhecimento. A evolução do conhecimento humano precisa estar atrelada a adaptação de seus vários agentes sociais.

O desenvolvimento socioeconômico e cultural também é um direito das pessoas com deficiências, seja ela de que natureza for.

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Em uma esfera maior, a inclusão digital destes indivíduos denota a necessidade de níveis de acessibilidade específicos para cada tipo de patologia e/ou deficiência.

A acessibilidade, portanto, abrange possibilidades de incluir digitalmente indivíduos com deficiências (como a visual), como também de preparar o individuo para a vida social, em termos de oportunidade de emprego e inserção.

A seguir, nos próximos dois tópicos, a deficiência visual e a acessibilidade serão mais especificamente caracterizadas, para oferecer uma melhor compreensão de como a inclusão social e digital pode ser realizada.

2.3.1 Deficiência Visual

Em toda parte do mundo e em todos os níveis da sociedade há pessoas com algum tipo de deficiência.

A deficiência é definida como: ―qualquer perda ou anomalia de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica‖ (Organização Mundial da Saúde (OMS), 1989).

São diversos os tipos de causas associadas ou que podem se associar à deficiência visual, ou seja, as causas da deficiência visual podem ser congênitas (albinismo, anirídia, atrofia óptica, catarata, corriorrentinite macular, estrabismo, glaucoma, hipermetropia, miopia, retinose pigmentar, rubéola materna, sífilis, toxoplasmose) ou adquiridas (ambliopia, ansiometropia, astigmatismo, catarata, conjuntivite, descolamento de retina, diabetes, glaucoma, presbiopia, retinoblastoma, retinopatia da prematuridade, sarampo, subluxação do cristalino, toxoplasmose, traumatismos diversos).

Com isso, existem várias classificações para a deficiência visual, que variam conforme as limitações e os fins que se destinam. Para Munster e Almeida apud Crós et. al. (2006) elas surgem para que as desvantagens decorrentes da visão funcional de cada indivíduo sejam minimizadas, pois apesar das pessoas com deficiência visual possuírem em comum o comprometimento do órgão da visão, as alterações estruturais e anatômicas promovem modificações que resultam em níveis diferenciados nas funções visuais, que interferem de forma diferenciada no desempenho de cada indivíduo.

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16 2.3.1.1 Classificação Legal

A deficiência visual é caracterizada por uma limitação no campo de visão. Pode variar de cegueira total à visão subnormal. Neste caso, conforme a diminuição na percepção de cores e maior dificuldade de adaptação à luz. A comprovação desta deficiência está definida a partir do Decreto nº 5.296/04, em seu artigo 70, inciso III. Deficiência visual / cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º ou ocorrência simultânea de qualquer das conclusões anteriores.

Esta classificação permite à pessoa o direito aos atendimentos previstos pela lei, e obtenção dos recursos junto à previdência social, estabelecendo o exercício da cidadania, variando de acordo com a Constituição de cada país.

Abaixo seguem as leis federais que surgiram no segmento da Constituição de 1988, a chamada Constituição Cidadã, que estabeleceu uma condição de igualdade entre as pessoas, de acordo com as características de cada um, e como tal, as pessoas com deficiência, o pleno exercício da cidadania e da integração social.

Lei Nº 7.853, de 24 de Outubro de 1989: Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde. Institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.

Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996: Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional.

2.3.1.2 Classificação Educacional

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17

O instrumento padrão usual é a Escala de Snellen, que consistem em fileiras de letras de tamanhos decrescentes que devem ser lidas a uma distância de 20 pés. Os escores são baseados na exatidão com que a pessoa com deficiência visual foi capaz de identificar as fileiras de letras utilizando um olho de cada vez.

Assim, têm-se as seguintes denominações:

Pessoa cega: é aquela que possui perda total ou resíduo mínimo de visão, necessitando do método Braille como meio de leitura e escrita e/ou outros métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para o processo ensino-aprendizagem.

Pessoa com baixa visão: é aquela que possui resíduos visuais em grau que permitam ler textos impressos à tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais, excluindo as deficiências facilmente corrigidas pelo uso adequado de lentes.

Existem também pessoas que apesar de não enxergarem, ainda conseguem perceber a luz, a essas pessoas é dada a classificação de Cego Legal.

2.3.2 Acessibilidade

A acessibilidade é uma palavra recente no mundo atual, principalmente quando se fala em pessoa com deficiência, computador e Internet. Acessibilidade significa facilidade de interação, aproximação. A acessibilidade no âmbito das tecnologias de informação está associada a ações que tem como objetivo tornar os computadores mais acessíveis a todos os usuários.

Segundo Godinho (1999), a Acessibilidade envolve três noções: "Usuários", "Situação" e "Ambiente": O termo "Usuários" significa que nenhum obstáculo deverá ser imposto ao indivíduo face às suas capacidades sensoriais e funcionais. O termo "Situação" significa que o sistema é acessível e utilizável em diversas situações, independentemente do software, comunicações ou equipamentos e o termo "Ambiente" significa que o acesso não é condicionado pelo ambiente físico envolvente, exterior ou interior.

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gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade), para os fins de acessibilidade, considera-se:

Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação.

Ajuda Técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida.

Assim, o artigo 47 do mesmo decreto-lei estabeleceu um prazo de doze meses para a acessibilização de todos os sites da administração pública, de interesse público ou financiado pelo governo. Com essa nova lei, muitas organizações tiveram que adaptar suas instalações, serviços e sistemas de informações a fim de obter a certificação de acessibilidade.

Essa medida, tornando obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos da administração pública na rede mundial de computadores (Internet) para o uso das pessoas com deficiência visual, garante aos mesmos o pleno acesso às informações disponíveis.

Além disso, o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou no dia 18 de setembro de 2008 um decreto que regulamenta o ensino para pessoas com deficiência, a chamada educação especial. O decreto foi publicado na edição do Diário Oficial da União do dia anterior, 17 de setembro de 2008.

Segundo o ministro, com o decreto, cada município terá que instalar salas multifuncionais que dêem condições de aprendizado à criança com deficiência. ―Isso significa universalizar o livro didático em braile, equipar esses locais com o sistema operacional DOSVOX (que transforma a leitura do texto em sinal sonoro para que a pessoa com deficiência visual possa ouvir o livro que ela precisa conhecer)‖, exemplificou.

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possam dar aulas bilíngües (português e Libras). Segundo Haddad, o decreto prevê ainda a definição dos recursos necessários para ampliação da política de educação especial.

Com isso, entende-se por fim, que a Acessibilidade é a possibilidade de qualquer pessoa usufruir todos os benefícios da sociedade, inclusive o de usar o computador e a Internet, seja como uma forma de diversão, de ensino-aprendizagem ou de trabalho.

2.4 A Educação Especial

A educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização, fundamentada no conceito de normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico terapêuticos fortemente ancorados nos testes psicométricos que definem, por meio de diagnósticos, as práticas escolares para os alunos com deficiência.

No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi – 1926, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.

Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser fundamentada pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024/61, que aponta o direito dos ―excepcionais‖ à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.

A Lei nº. 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir ‗tratamento especial‘ para os alunos com ―deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados‖, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.

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no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação; ainda configuradas por campanhas assistenciais e ações isoladas do Estado.

Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à educação, permanecendo a concepção de ―políticas especiais‖ para tratar da temática da educação de alunos com deficiência.

A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais, ―promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação‖ (art.3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a ―igualdade de condições de acesso e permanência na escola‖, como um dos princípios para o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, artigo 55, reforça os dispositivos legais supracitados, ao determinar que "os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino‖. Também, nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva.

Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de ‗integração instrucional‘ que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que "[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais‖ (p.19). Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mantendo a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da educação especial.

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21

fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a ―possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado‖ (art. 24, inciso V) e ―[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames‖ (art. 37).

Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular.

Acompanhando o processo de mudanças, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).

As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar a escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializa a adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino prevista no seu artigo 2º.

O Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que ―o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana‖. Ao estabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos, aponta um déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento educacional especializado.

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22

da diferenciação adotada para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização.

Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever em sua organização curricular formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.

A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.

A Portaria nº 2.678/02 aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território nacional.

Em 2003, o Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, visando transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, que promove um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, a organização do atendimento educacional especializado e a promoção da acessibilidade.

Em 2004, o Ministério Público Federal divulga o documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.

Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto nº 5.296/04 regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Nesse contexto, o Programa Brasil Acessível é implementado com o objetivo de promover e apoiar o desenvolvimento de ações que garantam a acessibilidade.

(38)

23

desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena, adotando medidas para garantir que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência;

b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem (Art.24).

Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior.

Em 2007, no contexto com o Plano de Aceleração do Crescimento - PAC, é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social de Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de salas de recursos e a formação docente para o atendimento educacional especializado.

No documento Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas, publicado pelo Ministério da Educação, é reafirmada a visão sistêmica da educação que busca superar a oposição entre educação regular e educação especial.

Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da educação especial nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva da inclusão e do atendimento às necessidades educacionais especiais, limitando, o cumprimento do princípio constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino.

(39)

24 2.5 A Inclusão Social e Digital

Proporcionar uma melhor maneira de inserção social e digital das pessoas com deficiência visual é a principal contribuição que essa dissertação de mestrado busca oferecer.

Devido a isso, este tópico procura mapear a evolução da ocorrência do tema ―Acessibilidade dos Deficientes Visuais‖, destacando os principais enfoques que tem sido dado ao referido tema. Isso foi possível através de pesquisas no banco de teses e dissertações acadêmicas da CAPES (que é uma das maiores fontes de conhecimento do país), nos anais de congressos científicos nacionais e nas bases de dados internacionais. Esse levantamento serve de subsídio para análise de quais campos estão em ascendência e quais lacunas precisam ser mais bem exploradas.

Quadro 2.2 – Teses e Dissertações de Mestrado e Doutorado. Massari

(2006)

Análise da relação da pessoa com deficiência física ou visual e a acessibilidade urbana da região central da cidade de Santo André.

Boer (2005)

Desenvolvimento de uma ferramenta de software (Quatro Estações), buscando amenizar as dificuldades dos alunos com baixa visão no processo de interação com o computador, superando suas necessidades especiais, e contribuindo para sua inclusão no processo educacional e social. Negrão

(2004)

Análise comparativa entre a sensibilidade tátil de pessoas cegas, surdas e não deficientes, visando contribuir para o desenvolvimento de ferramentas que auxiliem pessoas com alguma deficiência (auditiva ou visual) a interagirem no âmbito social por meio de uma realimentação tátil.

Bezerra (2003)

Apresentação do ―BR Braille‖, programa que tem por finalidade facilitar a comunicação entre pessoas com deficiência visual alfabetizadas em Braille, e pessoas que não conheçam o sistema Braille, como na relação educador não-alfabetizado em Braille e alunos deficientes visuais. Hoffmann

(2002)

Estudo de caso da inserção laboral de pessoas com deficiência visual em um estúdio de gravação, objetivando a melhoria das condições do posto de trabalho, considerando a concepção ergonômica do ambiente e de sua própria atividade laboral.

Carvalho (2001)

Demonstração de que a Educação a Distância no Ensino Superior é adequada e viável, com a atual tecnologia, como uma forma de acesso para o deficiente visual.

Rodrigues (2000)

Descreve a situação atual do acesso a Internet por pessoas com deficiência visual, apresentando novas formas de desenvolvimento de páginas através de regras de acessibilidade e da implementação de um protótipo de um browser adaptados aos deficientes visuais, enfatizando-se também a importância do desenvolvimento de páginas acessíveis de boa qualidade.

Fernandez (1999)

Estudo das possibilidades de melhoria para o acesso às páginas da Internet por usuários com deficiência visual e cegueira.

Munster (1998)

Estudo com o objetivo de elaborar um material pedagógico adequado às necessidades educativas especiais de crianças com deficiência visual, bem como fornecer orientações e sugestões que auxiliem o professor de educação física a proporcionar experiências perceptivo-motoras significativas a estas crianças.

Veríssimo (1997)

(40)

25

No Quadro 2.2, são destacadas algumas teses e dissertações de mestrado e doutorado. Nesse banco de teses e dissertações, foram encontrados 144 trabalhos. A princípio, observa-se nos anos iniciais, pouco interesse na abordagem empresarial no Brasil, o que de certa forma, explica a baixa produção acadêmica, porém este quadro começa a mudar ao longo dos anos, e apesar das oscilações quanto às publicações, observa-se claramente uma tendência de crescimento (ver quadro 1.1), revelando o quanto a temática da acessibilidade aos deficientes visuais está cada vez mais presente, na atualidade, no campo das pesquisas científicas do Brasil, dando destaque, principalmente, para a área do desenvolvimento de novas tecnologias para a inserção do deficiente visual na sociedade.

Quadro 2.3 – Artigos Nacionais do ENEGEP e ENANPAD.

Almeida et. al. (2007)

Trata da aplicação de princípios ergonômicos para avaliar os recursos utilizados na orientação e mobilidade de pessoas com deficiência visual, procurando apontar os resultados obtidos quando do questionamento a usuários cegos e de baixa visão de um centro de capacitação para pessoas com deficiência visual na cidade de Recife, Pernambuco, sobre o conhecimento e aplicação dos recursos: guia videntes, bengalas, cão guia, mapa tátil e ajudas eletrônicas. Para tal, foi realizada uma Intervenção Ergonomizadora do Sistema Humano-Tarefa-Máquina, contemplando as etapas de Apreciação e Diagnose ergonômica. Observou-se que as pessoas com deficiência visual usam essencialmente o recurso do guia vidente e da bengala, demonstrando desconhecimento de outros recursos que permitam maior autonomia na realização de suas atividades, assim como a importância do enfoque ergonômico para o desenvolvimento de um sistema informacional que melhor atenda às necessidades dessas pessoas.

Leite e Silva (2006)

Verifica a ocorrência, na prática, do processo de inclusão escolar, em especial de alunos com deficiência visual, no ensino de nível superior. Foram escolhidas cinco Instituições de Educação Superior - IES do município de Belo Horizonte que contam com alunos cegos em seu quadro discente. A coleta dos dados para a análise foi feita por meio de visitas às IES, entrevistas com coordenadores e com os próprios alunos.

Ferreira et. al. (2006)

Procura identificar e definir diretrizes de usabilidade alinhadas com a legislação de acessibilidade, que possam facilitar a interação de deficientes visuais com a Internet e garantir sites com conteúdo compreensível e navegável. Busca também quantificar os sites da administração pública que aderiram aos padrões de acessibilidade desenvolvidos pelo governo brasileiro. Para isso realizou um estudo exploratório, compreendendo uma pesquisa de campo, com a realização de entrevistas em profundidade com vários deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant, principal centro de referência no Brasil em matéria de educação e reeducação de deficientes visuais. Os resultados permitiram identificar vários aspectos que poderão contribuir para a acessibilização de sites, com ênfase na facilitação do acesso de deficientes visuais à Web.

Paula e Filho (2003)

Apresenta o trabalho desenvolvido pela União dos Cegos D. Pedro II – UNICEP, entidade localizada no Espírito Santo, que tem a função de reabilitar a pessoa cega e de baixa visão para incluí-la na Sociedade na área de educação, profissionalizante e desportiva. O trabalho é executado com atividades de vida diária, prática esportiva e educação com recursos do Braile, leitura ampliada, materiais concretos, jogos didáticos e informática. Visando a reabilitação ela desenvolveu uma fábrica de cabides com objetivo de dar trabalho a um grupo de cegos e gerar renda para a instituição e para os próprios cegos.

Fonte: Anais do ENEGEP e ENANPAD.

Imagem

Ilustração 1.1  – Censo Demográfico do IBGE.
Ilustração 2.1  – Alfabeto Braille
Ilustração 3.1  – Dimensões de Análise da Pesquisa
Ilustração 3.2  – Geometrias Utilizadas no Teste de Viabilidade do Protótipo 01
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