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Transição de fase no modelo de percolação independente em grafos

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Academic year: 2017

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(1)

Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Ciˆ

encias Exatas

Departamento de Matem´

atica

Transi¸c˜

ao de Fase no Modelo de

Percola¸c˜

ao Independente em Grafos

Marcos Vin´ıcius Ara´

ujo S´a

Orientador:

R´emy de Paiva Sanchis

Apoio: CAPES

Belo Horizonte - MG

(2)
(3)

Resumo

Neste texto ser´a estudado a transi¸c˜ao de fase no modelo de percola¸c˜ao independente em grafos. No primeiro cap´ıtulo ser´a detalhado o trabalho de Lyons [11], onde relacio-naremos o processo de percola¸c˜ao, com passeios aleat´orios e circuitos el´etricos, a fim de provarmos que o ponto cr´ıtico de uma ´arvore ´e igual ao inverso de seu n´umero de rami-fica¸c˜ao. O segundo cap´ıtulo ´e destinado ao estudo de percola¸c˜ao em grafos mais gerais. Na primeira se¸c˜ao deste cap´ıtulo mostraremos que grafos de grau limitado percolam nos v´ertices se, e somente se, percolam nos elos, e provaremos tamb´em que grafos com cons-tante de Cheeger positiva percolam. Nas demais se¸c˜oes cotaremos o valor do ponto cr´ıtico por meio do Argumento de Peierls, mostrando assim uma grande fam´ılia de grafos que percolam. Teremos como base os artigos de Alves, Procacci e Sanchis [1], Kozma [9] e Tim´ar [13].

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Abstract

In this text will be studied the phase transition of the independent percolation model in graphs. In the first chapter will be detailed Lyons’ work [11], in which is related the process of percolation with random walks and electrical circuits in order to prove that the critical point of a tree is equal to the inverse of its branching number. The second chapter is intended to the percolation study in more general graphs. In its first section, we show that the graphs with limited degree percolades at the vertices if and only if, percolades at the edges, and also prove that graphs with positive Cheeger constant percolades. In the other sections we will quote the value of the critical point through Peierls argument, showing a large family of graphs that percolades. We will be based on the following arti-cles: Alves, Procacci e Sanchis [1], Kozma [9] and Tim´ar [13].

(6)
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Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 9

1 Percola¸c˜ao em ´Arvores 15

1.1 Passeios Aleat´orios, Circuitos El´etricos, Fluxos e Energia . . . 15 1.2 Ponto Cr´ıtico em ´Arvores . . . 28

2 Percola¸c˜ao em Outros Grafos 33

2.1 Desigualdades Isoperim´etricas . . . 33 2.2 Argumento de Peierls e Alguns Resultados . . . 38 2.3 Grafos de Cayley . . . 45

Conclus˜ao 53

(8)
(9)

Introdu¸

ao

Este texto tem como objetivo determinar condi¸c˜oes gerais sobre grafos para que apre-sentem transi¸c˜ao de fase n˜ao-trivial no processo de percola¸c˜ao independente. Histori-camente podemos considerar que a teoria de percola¸c˜ao nasceu em 1957 no artigo de Broadbent e Hammersley (ver [4]), mas nos primeiros anos da teoria apenas se estudava o modelo de percola¸c˜ao emZd. Somente por volta dos anos noventa, come¸caram a estudar o processo de percola¸c˜ao em uma classe maior de grafos, como os grafos transitivos e grafos com constante de Cheeger positiva. Ao longo dos anos, v´arios resultados foram provados e tamb´em conjecturas foram formuladas. Em 1990 Lyons relaciona o ponto cr´ıtico de uma ´arvore com seu n´umero de ramifica¸c˜ao (ver [10]). J´a em 1996 (ver [3]) Benjamini e Scharamm provaram que grafos com constante de Cheeger positiva percolam, al´em de perguntarem se dim(G)>1 (ver Defini¸c˜ao 2.1.7) implica que pc(G)<1. Esta pergunta,

embora ainda sem resposta, levou v´arios estudiosos a demonstrar resultados seguindo esta dire¸c˜ao, que ser˜ao mencionadas abaixo. Em 1999, Babson e Benjamini (ver [2]) demons-traram que grafos de Cayley de grupos finitamente apresent´aveis com um fim percolam. Kozma (ver [9]) em 2007 mostrou que se G ´e planar, com crescimento polinomial e di-mens˜ao maior que 1, ent˜aoGpercola. Em 2012, Alves, Procacci e Sanchis (ver [1]) definem duas desigualdades isoperim´etricas, e estendem ainda mais a fam´ılia de grafos conhecidos que percolam. Mais recentemente Teixeira (ver [12]) em 2014 provou que um grafo com crescimento polinomial satisfazendo uma certa desigualdade isoperim´etrica local tamb´em percola.

Este trabalho ser´a dividido em duas grandes partes. A primeira ser´a destinada ao c´alculo do ponto cr´ıtico em ´arvores. Basicamente ser´a detalhado o trabalho de Lyons, onde introduziremos em grafos conceitos comuns de circuitos el´etricos, e os relacionaremos com passeios aleat´orios e o processo de percola¸c˜ao. Embora Lyons desenvolva uma vasta teoria de redes el´etricas, neste trabalho desenvolveremos apenas parte da teoria necess´aria para provar que o ponto cr´ıtico de uma ´arvore ´e o inverso do seu n´umero de ramifica¸c˜ao. Para um estudo completo, ver [11].

(10)

que grafos de Cayley de grupos finitamente apresent´aveis com um fim percolam.

Agora, a fim de evitar poss´ıveis ambiguidades entre as nomenclaturas utilizadas neste texto das presentes na literatura matem´atica, iremos definir e apresentar as nota¸c˜oes dos objetos que aparecer˜ao no decorrer deste texto.

Um multigrafo G´e um par ordenado (V(G), E(G)) consistindo de um conjunto V(G) dev´ertices, um conjuntoE(G) de elose uma fun¸c˜ao de incindˆenciaΨG que associa para

cada elo de G um par n˜ao-ordenado de v´ertices de G. Se e ∈ E(G) e x, y ∈ V(G) s˜ao tais que ΨG(e) = {x, y}, ent˜ao dizemos que x e y s˜ao os extremos do elo e. Quando

x, y ∈V(G) s˜ao extremos de algum eloe∈E(G), ´e dito quex´evizinhodeye denotamos por x ∼ y. O grau de um v´ertice x em G, dx, ´e o n´umero de elos que possuem x como

um dos seus extremos, e um grafo ´e dito sern-regular se todos os v´ertices tiverem graun. Dizemos que G´e finito seV(G)∪E(G) < ∞, e que ´einfinito caso contr´ario. Dizemos

que G ´e localmente finito se o grau de todo v´ertice de G ´e finito. Um elo que possui os dois extremos iguais ´e chamado de la¸co, e se pelo menos dois elos distintos possuem os mesmos extremos, estes s˜ao chamados elos m´ultiplos. Um multigrafo G que n˜ao possui la¸cos nem elos m´ultiplos ´e dito ser um grafo. Quando G´e um grafo, denotamos por xy o ´

unico elo de extremos x e y deG, caso exista tal elo.

Para cada d ∈ N, denotamos por Zd o grafo cujos v´ertices s˜ao as d-uplas ordenadas inteiras, e dois v´ertices s˜ao vizinhos se eles diferem em apenas uma coordenada por uma unidade.

Podemos representar um (multi)grafo por meio de um “desenho”, onde os v´ertices s˜ao representados por pontos e os elos por curvas ligando seus dois extremos. Um grafo planar ´e um grafo que possui uma representa¸c˜ao planar, isto ´e, um grafo que pode ser “desenhado” no plano de modo que dois elos distintos se intersectem somente nos seus extremos em comum ( para mais detalhes ver [5]).

Um (multi)grafo H ´e dito ser um subgrafo de um (multi)grafo G se V(H) ⊆ V(G), E(H) ⊆ E(G) e ΨH = ΨG|E(H). Dado um subconjunto W ⊆ V(G), denotamos por

G[W] = (W, E[W]) o subgrafo induzido deG por W, onde

E[W] ={e∈E(G); ΨG(e)⊆W}.

Em todo o texto n˜ao ser˜ao feitas distin¸c˜oes entre um subconjunto dos v´ertices de G de seu correspondente subgrafo induzido. Seja H ⊆V(G)∪E(G), definimos a diferen¸ca de G porH para ser o multi(grafo) G\H tal que

V(G\H) =V(G)\ H∩V(G) e

E G\H=E[V(G\H)]\ H∩E(G). Definimos afronteira de elos deW ⊆V(G) por

∂W ={e∈E(G); ΨG(e)∩W= 1},

a fronteira de v´ertices por

∂vW =x∈V(G)\W; ∃y∈W com x∼y , e definimos tamb´em a fronteira interna por

(11)

Definimos tamb´em o fechode W ⊆V(G) por

W =W ∪∂vW.

Umpasseio γ entre os v´ertices v0 e vn, em um (multi)grafoG, ´e uma sequˆencia finita

alternada de v´ertices e elos da forma (v0, e1, v1, e2, v2,· · · , en, vn), onde ΨG(ei) = {vi−1, vi}

para todo 0< i≤ n. Podemos pensar que no passeio dado, saimos do v´ertice v0, damos

um passo ao longo do elo e1 visitando assim o v´ertice v1 e deste damos outro passo ao

longo dee2 visitando assimv2, e assim passeamos ao longo dos elos deGvisitando alguns

de seus v´ertices at´e terminarmos o passeio no v´ertice vn. Denotamos por|γ| o tamanho

do passeioγ, que ´e a quantidade de passos dados no passeio, isto ´e, a quantidade de elos que aparece na sequˆencia que define γ (contando possivelmente um mesmo elo mais de uma vez). Se estivermos trabalhando com grafos, podemos omitir os elos da sequˆencia que define o passeio, ou podemos omitir os v´ertices. Um passeio

γ = (v0, e1, v1, e2, v2,· · · , en, vn)

´e um caminho se vi 6= vj para todo i =6 j e ´e dito ser uma trilha se ei 6= ej para todo

i6= j. γ ´e um circuito se γ ´e uma trilha e v0 =vn. Se γ ´e um circuito, dizemos que γ ´e

um ciclo se vi 6=vj para todo i =6 j, exceto quando {i, j} ={0, n}. Um passeio infinito

partindo de um v´erticev0´e uma sequˆencia infinita alternada entre v´ertices e elos da forma

γ = (v0, e1, v1, e2, v2,· · ·), onde ΨG(ei) = {vi−1, vi} para todoi >0.

Dizemos que um (multi)grafoG´econexose para todox, y ∈V(G) existir um caminho entre eles. Podemos criar uma rela¸c˜ao de equivalˆencia entre os v´ertices deG, onde dizemos quex∼=y se existir um caminho em Gligandox ay, os v´ertices de cada uma das classes de equivalˆencia ser˜ao chamadas decomponentes conexas de G. Dizemos queG´eac´ıclico

se ele n˜ao possuir nenhum ciclo, em particular para ser ac´ıclico, G n˜ao poder´a ter la¸cos nem elos m´ultiplos. Um grafo conexo e ac´ıclico ´e denominado ´arvore. Se T ´e uma ´arvore finita teremos queV(G)=E(G)+ 1. Podemos escolher um v´erticeo qualquer, de uma

´arvoreT para ser chamado dera´ız.

Definimos adistˆanciaentre dois v´erticesxeyde um (multi)grafoGdo seguinte modo

dG(x, y) = min{ |γ|; γ ´e um caminho entre xe y}.

Em particular, temosdG(x, x) = 0 e sexeyn˜ao pertencem a mesma componente conexa,

definimos que dG(x, y) = ∞. Se est´a claro em qual (multi)grafo estamos calculando as

distˆancias, denotamos simplesmente pord(x, y) a distˆancia entre xe y. Se um elo e´e tal que ΨG(e) ={y, z}, definimos a distˆancia entre um v´erticex e e por

d(x, e) = min{ |γ|; γ ´e um caminho contendo x e e}.

Definimos tamb´em a distˆancia entre dois elos por

d(e, e′) = min{ |γ| −1; γ ´e um caminho contendo e e e′}.

Observe que tanto a distˆancia entre v´ertices quando a distˆancia entre elos s˜ao distˆancias no sentido topol´ogico. Definimos tamb´em a distˆancia entrex∈V(G) e W ⊆V(G) por

d(x, W) = min{d(x, y); y∈W}.

Odiˆametro de um subconjunto W dos v´ertices de um (multi)grafoG ´e definido por

(12)

Dado x∈V(G)∪E(G), definimos

B(x, r) = {y∈V(G); d(x, y)≤r}

para ser a bola centrada em x de raio r, podemos definir tamb´em para W ⊆ V(G) a r-´esima vizinhan¸ca de W por

B(W, r) = [

x∈W

B(x, r).

Um caminho (v0, e1, v1,· · · , vn) em um multi(grafo)G´e dito ser umcaminho geod´esico

se d(vi, vj) =|i−j| para todo 0≤ i, j ≤ n. Chamamos de raio qualquer passeio infinito

ρ = (v0, e1, v1, e2, v2,· · ·) tal que vi 6= vj para todo i 6= j, e este raio ser´a denominado

raio geod´esico se dG(vi, vj) =|i−j| para todo i, j ≥ 0. Seja γ a uni˜ao entre dois raios

geod´esicosρ= (v0, e1, v1, e2, v2,· · ·) eρ′ = (v0, e′1, v1′, e′2, v′2,· · ·), ambos come¸cando emv0,

e V(ρ)∩V(ρ′) ={v

0}. Denotemos por v−i =vi′ e e−i =e′i. Se

γ =ρ∪ρ′ = (· · · , e−2, v−1, e−1, v0, e1, v1, e2,· · ·)

´e tal quedG(vi, vj) =|i−j| para todoi, j ∈Z, dizemos que γ ´e uma bi-geod´esica infinita.

Em um (multi)grafo G, dizemos que um conjunto Π⊆ E(G) separa os subconjuntos A, Z ⊆ V(G), se todo caminho ligando um v´ertice de A a um v´ertice de Z possuir um elo de Π. Dizemos que Π ´e um corte entreA e Z se nenhum dos Λ (Π separar A deZ. Se G ´e um (multi)grafo infinito e conexo, dizemos que Π ⊆ E(G) separa W ⊆ V(G) de

∞, se para todo x ∈W a componente conexa de x em G\Π ´e finita e de mesmo modo, dizemos que Π ´e um corte entre W e ∞ se para todo Λ ( Π tivermos x pertencendo a algum raio em G\Λ. Seja Π um corte entre um v´ertice x de ∞, denotamos por Int(Π) a componente conexa dex em G\Π. Pela defini¸c˜ao de corte temos que Int(Π) ´e a ´unica componente conexa finita em G\Π, e note tamb´em que ∂ Int(Π) = Π.

Dois grafos G e H s˜ao ditos isomorfos, se existir uma bije¸c˜ao ϕ : V(G) → V(H) tal que

x∼y⇔ϕ(x)∼ϕ(y)

para todos x, y ∈ V(G). Tal fun¸c˜ao ´e chamada de isomorfismo entre G e H. Um isomorfismo entre G e ele pr´oprio ´e denomindado um automorfismo, e definimos Aut(G) como o conjunto de todos os automorfismos de G. Um grafo G ´e dito ser transitivo se para todo par de v´ertices x, y ∈ V(G), existir ϕ ∈Aut(G) tal que ϕ(x) =y, e ´e dito ser

quase-transitivo se existir um subconjunto finitoW ⊆V(G) tal que para todo x∈V(G), existe um automorfismo ϕ satisfazendo ϕ(x)∈W.

Agora irei descrever o modelo de percola¸c˜ao que ser´a abordado em todo texto. Um processo de percola¸c˜ao independente de Bernoulli nos elos de um grafoGde parˆametrop, ou simplesmente percola¸c˜aoem G com parˆametrop, ´e uma fam´ılia de vari´aveis aleat´orias

{Xe}e∈E(G) independentes e identicamente distribu´ıdas de modo que Xe ∼ Ber(p), isto

´e, P(Xe = 1) = p e P(Xe = 0) = 1 − p. Um elo e ´e dito aberto se Xe = 1, e ´e

dito fechado quando Xe = 0. Os resultados desse processo, chamados configura¸c˜oes, s˜ao

elementos ω ∈ {0,1}E(G). Denotamos por ω(e) o valor da coordenada correspondente ao

elo e em ω. Podemos ver ω como o subgrafo de Gformado apenas por seus elos abertos, e denotamos porCx(ω) a componente conexa aberta do v´erticex em ω. SeG´e um grafo

infinito, localmente finito e conexo (note que neste casoE(G) ´e enumer´avel), podemos

nos perguntar se

(13)

´e positivo ou n˜ao, ondePp ´e a medida de probabilidade produto das vari´aveis{Xe}e∈E(G).

Pelo fato de E(G) ser enumer´avel, temos que o evento { |Cx| = ∞} ´e mensur´avel, de G

ser localmente finito temos a n˜ao trivialidade de θx(p), e de G ser conexo decorre que

θx(p) >0 ⇔ θy(p)> 0. ´E claro que θx(0) = 0 eθx(1) = 1. Tamb´em ´e f´acil ver que θx ´e

uma fun¸c˜ao crescente em p, podendo assim definir o ponto cr´ıtico deG como

pc(G) = sup{p; θx(p) = 0}.

Note que ocorre uma transi¸c˜ao de fase empc(G), uma vez que sep < pc(G) temos quase

certamente|Cx| < ∞, mas se p > pc(G) temos com probabilidade positiva a ocorrˆencia

de{ |Cx|=∞}. Dizemos que G percola se admite transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial, isto ´e, se

pc(G)<1. Para demonstra¸c˜ao de todos os fatos citados acima, ver [6] e [11].

De maneira an´aloga, podemos definir a percola¸c˜ao de v´ertices em G, onde agora a configura¸c˜aoω poder´a ser vista como o subgrafo induzido de G pelos v´ertices abertos de ω. De mesmo modo definimos

θxv(p) =Ppv(|Cx|=∞) e pvc(G) = sup{p; θvx(p) = 0},

onde Pv

p ´e a medida de probabilidade no modelo para v´ertices. Dizemos tamb´em que G

percola nos v´erticesse pv

(14)
(15)

Cap´ıtulo 1

Percola¸

ao em ´

Arvores

Em 1980 Kesten mostrou que pc(Z2) = 1/2. At´e hoje s˜ao poucos os grafos em que

se sabe o valor do seu ponto cr´ıtico. Nosso objetivo neste cap´ıtulo ser´a provar que pc(T) = 1/br(T), onde T ´e uma ´arvore infinita, mas localmente finita e br(T) ´e o n´umero

de ramifica¸c˜ao de T. Para isto iremos definir passeios aleat´orios em grafos por meio de “pesos”nos elos, que ser˜ao denominados condutˆancias. Em seguida relacionaremos cir-cuitos el´etricos com passeios aleat´orios, introduziremos o conceito de fluxo em grafos, definiremos a energia de um fluxo e estabeleceremos rela¸c˜oes entre os v´arios objetos aqui apresentados. Na segunda se¸c˜ao deste cap´ıtulo mostraremos a partir da primeira e atrav´es dos M´etodos do Primeiro e Segundo Momento que pc(T) = 1/br(T).

Todos os grafos tratados ao longo deste cap´ıtulo ser˜ao localmente finitos e conexos.

1.1

Passeios Aleat´

orios, Circuitos El´

etricos, Fluxos e

Energia

Dado um grafo G, definimos para cada elo xy de G um n´umero real positivo c(x, y), que denominaremos a condutˆancia de xy. Todos os grafos deste cap´ıtulo possuir˜ao con-dutˆancias em seus elos, sendo que irei explicitar o valor das concon-dutˆancias apenas quando necess´ario. Podemos tamb´em definir de mesmo modo condutˆancias para multigrafos sem la¸cos, neste caso, para todas as defini¸c˜oes a seguir, podemos trocar todos os elos de ex-tremos x e y por um ´unico elo, cuja condutˆancia ser´a a soma das condutˆancias dos elos que o originaram. Isto ´e, dado um multigrafo sem la¸cos, podemos associar a ele um grafo satisfazendo

c(x, y) = X

ΨG(e)={x,y} c(e).

Com base nas condutˆancias, podemos definir a probabilidade de transi¸c˜ao entre dois v´ertices vizinhos de G por

p(x, y) = Pc(x, y)

z∼xc(x, z)

,

onde p(x, y) denota a probabilidade de se dar um passo saindo de x e chegando a y. Suponha que estamos em um v´erticex0 ∈G, e escolhamos um v´ertice x1 vizinho ax0 de

maneira aleat´oria, com probabilidade de transi¸c˜ao proporcional as condutˆancias dos elos incidentes ax0. Neste caso, podemos interpretar que damos um passo ao longo do elox0x1.

Agora estando no v´ertice x1, escolhemos um v´ertice x2 vizinho a x1 com probabilidade

(16)

obtido de maneira aleat´oria. Este processo ´e chamado passeio aleat´orio em G, partindo dex0. Dizemos que o v´ertice xn ´e on-´esimo v´erticevisitadodo passeio aleat´orio definido

acima. O passeio aleat´orio que come¸ca em x ´e dito ser recorrente se a probabilidade do passeio aleat´orio visitar novamente o v´ertice x ´e 1, e ´e dito sertransientecaso contr´ario.

Note que se multiplicarmos todas as condutˆancias de G por uma mesma constante positiva, n˜ao alteramos a probabilidade de transi¸c˜ao entre os v´ertices e consequentemente n˜ao alteramos o passeio aleat´orio. O passeio aleat´orio em um grafo G, tal que todos os elos de Gpossuem a mesma condutˆancia ´e chamado de passeio aleat´orio sim´etrico. Exemplo 1.1.1. O passeio aleat´orio sim´etrico em Zd ´e recorrente para d = 1,2 e tran-siente para d ≥ 3. Este ´e o famoso Teorema de P`olya, cuja demonstra¸c˜ao para os casos

d = 1,2 ser´a feita ao longo desta se¸c˜ao e a prova para o caso d ≥ 3 pode ser vista em [11].

Seja Gum grafo finito ea 6=z dois de seus v´ertices. Defimos acondutˆancia efetiva de a para z por

C(a↔z) =X

x∼a

c(a, x)P[a→z],

onde P[a → z] denota a probabilidade do passeio aleat´orio em G, come¸cando em a, visitar o v´ertice z antes de retornar a a (usaremos esta nota¸c˜ao outras vezes ao longo deste cap´ıtulo). Se a 6∈Z ⊆V(G), definimos tamb´em a condutˆancia efetiva de a para Z por

C(a ↔Z) =X

x∼a

c(a, x)P[a→Z],

onde P[a → Z] denota a probabilidade do passeio aleat´orio em G, come¸cando em a, visitar algum v´ertice deZ antes de retornar aa.

Suponha G infinito, e seja {Vn}n∈N uma sequˆencia de subconjuntos conexos e finitos

de V(G) tal que Vn ⊆ Vn+1, V(G) = SnVn e a∈ V0. Definimos Gn= G[Vn] e GWn como

o multigrafo obtido de G por identificar os v´ertices emV(G)\Vn a um ´unico v´ertice zn.

Formalmente GW

n ´e o multigrafo onde

V(GWn ) = Vn∪ {zn},

E(GWn ) = E(Gn)∪ {e ∈E(G);

ΨG(e)∩Vn= 1} e (1.1)

ΨGW

n (e) =

(

ΨG(e), se e∈E(Gn)

(ΨG(e)∩Vn)∪ {zn}, caso contr´ario.

Temos por defini¸c˜ao que GW

n ´e um m´ultigrafo sem la¸cos, e a condutˆancia nos elos de GWn

´e a mesma dos correspondentes elos deG. Definimos a condutˆancia efetivade a para ∞

por

C(a↔ ∞) = lim

n→∞C(a↔zn) =

X

x∼a

c(a, x)· lim

n→∞P[a→zn],

onde C(a ↔zn) e P[a→zn] correspondem ao grafo GWn . Note que

P[a→zn]≥P[a→zn+1],

logo limn→∞P[a → zn] existe e ´e a probabilidade do passeio n˜ao retornar a a. Logo a

condutˆancia efetiva dea para ∞em Gest´a bem definida. Veja que um passeio aleat´orio ´e transiente em Gse, e somente se,

lim

(17)

ou seja, o passeio aleat´orio ´e transiente se, e somente se,C(a↔ ∞)>0. Isto nos permite enunciar o seguinte lema.

Lema 1.1.2. Um passeio aleat´orio em um grafo ´e transiente se, e somente se, a con-dutˆancia efetiva de qualquer um de seus v´ertices para infinito ´e positiva.

A seguir definimos as chamadas fun¸c˜oes harmˆonicas, provaremos alguns fatos elemen-tares sobre estas fun¸c˜oes e depois introduziremos os conceitos de voltagens e correntes em grafos.

Defini¸c˜ao 1.1.3. Uma fun¸c˜ao f :V(G)→R ´e dita harmˆonica em x∈V(G), se

f(x) =

X

y∼x

c(x, y)f(y)

X

y∼x

c(x, y) .

Se f ´e harmˆonica para todo x∈W ⊆V(G), dizemos ent˜ao quef ´e harmˆonica em W.

Exemplo 1.1.4. Seja G um grafo finito e sejam A e Z dois subconjuntos disjuntos de

V(G). Defina Ax,A,Z para ser o evento em que o passeio aleat´orio come¸cando em x visita

algum v´ertice em A antes de visitar um v´ertice de Z. A fun¸c˜ao

F(x) =P(Ax,A,Z)

´e harmˆonica em V(G)\(A∪Z). ´E claro que F|A= 1 e que F|Z = 0. Note que para todo

x6∈A∪Z temos

F(x) = X

y

P(primeiro passo ´e de x para y)P(Ax,A,Z|primeiro passo ´e de x paray)

= X

x∼y

p(x, y)F(y) =

X

x∼y

c(x, y)F(y)

X

x∼y

c(x, y) .

Lema 1.1.5 (Pr´ıncipio do M´aximo). Seja G um grafo, H um subgrafo conexo de G, e

f : V(G) → R uma fun¸c˜ao harmˆonica em V(H). Se existir x ∈ V(H) de modo que

f(x) = supyV(G){f(y)}, ent˜ao f ´e constante em V(H). Demonstra¸c˜ao. Seja

W ={y∈V(G); f(y) = supf}.

Note que sex∈V(H)∩W teremos que {x} ⊆W pela harmonicidade de f em x. Como H ´e conexo e V(H)∩W 6=∅, temos V(H)⊆W.

Lema 1.1.6 (Pr´ıncipio do Unicidade). Seja G um grafo, W (V(G) com|W| <∞. Se

f, g : V(G) → R s˜ao fun¸c˜oes harmˆonicas em W, tais que f|V(G)\W = g|V(G)\W, ent˜ao

f =g.

Demonstra¸c˜ao. Tomeh=f−g. Note queh|V(G)\W = 0. Suponhamos por absurdo que h

(18)

Lema 1.1.7(Pr´ıncipio da Existˆencia). SejaGum grafo,W (V(G)ef0 :V(G)\W →R

uma fun¸c˜ao limitada. Ent˜ao existe f :V(G)→R tal que f|V(G)\W =f0 e f ´e harmˆonica

em W.

Demonstra¸c˜ao. Para todo passeio aleat´orio come¸cando em um v´erticex, sejaXo primeiro v´ertice em V(G)\W visitado por este passeio aleat´orio, se este ´e visitado. Defina Y = f0(X) quandoV(G)\W ´e visitado eY = 0 caso contr´ario. De maneira similar ao Exemplo

1.1.4 vemos que f(x) = Ex(Y) ´e harmˆonica, onde Ex(Y) corresponde a esperan¸ca da

vari´avel aleat´oria Y cujo passeio aleat´orio come¸cou em x.

Defini¸c˜ao 1.1.8. Seja G um grafo finito, A e Z dois subconjuntos disjuntos de V(G). Uma fun¸c˜ao v : V(G)→ R ´e dita ser uma voltagem entre A e Z se v ´e harmˆonica para todox6∈A∪Z. Dada uma voltagemv, definimos a fun¸c˜ao corrente i:V(G)×V(G)→R

entre A e Z com respeito a v por

i(x, y) =c(x, y) v(x)−v(y),

onde consideramos c(x, y) = 0 quando x6∼y.

Em alguns casos consideramos quev|A = 1 ev|Z = 0, e neste caso temos pelo Exemplo

1.1.4 e pelo Pr´ıncipio da Unicidade que v(x) =P(Ax,A,Z) para todo x∈V(G). Note que

i(x, y) =−i(y, x), e se x∼y temos que

i(x, y)>0⇔v(x)> v(y).

Podemos interpretar que a corrente flui atrav´es dos elos, seguindo a dire¸c˜ao em que a voltagem diminui. Agora dev ser harmˆonica, temos que para todo x6∈A∪Z,

X

y;x∼y

i(x, y) =v(x) X

y;x∼y

c(x, y)− X

y;x∼y

c(x, y)v(y) = 0.

Defini¸c˜ao 1.1.9. Seja G um grafo, A e Z dois subconjuntos disjuntos de V(G). Uma fun¸c˜ao θ :{(x, y)∈V(G)2;x´e vizinho de y} →R ´e um fluxo entre A e Z, se

θ(x, y) =−θ(y, x)

para todos x e y vizinhos e

X

y; x∼y

θ(x, y) = 0

para todo x6∈A∪Z. Se G ´e infinito, dizemos queθ ´e um fluxo de A parase a ´ultima igualdade valer para todo x6∈A.

Pela observa¸c˜ao feita para correntes, temos que toda corrente entre A e Z ´e tamb´em um fluxo entre A e Z.

A fim de facilitar a escrita para o estudo de fluxos, vou definir algumas nota¸c˜oes. Seja G um grafo, ee um elo deG de extremos xe y. O elo e possui duas orienta¸c˜oes, uma de xparay e a outra deypara x. Escolha para cada elo edeGuma orienta¸c˜ao e denotemos os extremos deepore− ee+ de modo que o ele eesta orientado dee

− para e+. Um grafo

(19)

Um fluxo em um grafo Gpode ser pensado como o fluxo de ´agua passando por canos, onde os canos represent˜ao os elos de G. Em tal interpreta¸c˜ao dizemos que a ´agua sai do v´ertice x e chega ao v´ertice y, vizinho a x, se θ(x, y) > 0, caso contr´ario dizemos que a ´agua sai dey e chega ax. Deste modo, o fluxoθ define uma orienta¸c˜ao nos elose tais que

θ(e) > 0, dada pelo sentido que o fluxo est´a pecorrendo. Logo fluxos de A para Z em

um grafo G podem ser vistos como fun¸c˜oes n˜ao negativas de E(G) para uma orienta¸c˜ao adequada dos elos deG, e de modo que a quantidade de ´agua que “chega” em um v´ertice x6∈A∪Z seja a mesma quantidade que “sai” dele.

Uma ´arvoreT enraizada emopossui uma orienta¸c˜ao natural em seus elos. See∈E(T), orientamos este elo no sentido de se afastar da origem, isto ´e, e− ´e o extremo de e mais

pr´oximo de o enquando e+ ´e o seu extremo mais distante da ra´ız.

Seja G um grafo, denotaremos com abuso de nota¸c˜ao, por E1/2(G) todos os elos G

com uma orienta¸c˜ao fixada e denotamos por

E(G) = E1/2(G)∪ {−e; e∈E1/2(G)}.

Temos que E(G) corresponde aos elos de G com as duas orienta¸c˜oes poss´ıveis, enquanto E1/2(G) cont´em apenas um de cada par e,−e. Quando n˜ao especificar se estou

conside-randoe como um elemento de E(G) ou E1/2(G), assuma que e∈E(G).

Seja G um grafo finito. Denotamos por L2 V(G) o espa¸co de Hilbert das fun¸c˜oes

reais deV(G) com produto interno dado por

(f, g) = X

x∈V(G)

f(x)g(x).

Denotamos tamb´em por L2

− E(G)

o espa¸co das fun¸c˜oes antisim´etricas α em E(G) isto ´e, α(−e) =−α(e) para todoe∈E(G) com produto interno dado por

(α, β) = 1 2

X

e∈E(G)

α(e)β(e) = X

e∈E1/2(G)

α(e)β(e).

Considere a fun¸c˜ao

d: L2 V(G) −→ L2

− E(G)

f 7−→ df :E(G) −→ R

e 7−→ f(e−)f(e+),

e consideremos tamb´em a fun¸c˜ao

d∗ : L2

− E(G)

−→ L2 V(G)

α 7−→ d∗α :V(G) −→ R

x 7−→ X

e−=x

α(e).

O lema abaixo mostrar´a que d e d∗ s˜ao adjuntos e ser´a utilizado em v´arias das provas a

seguir.

Lema 1.1.10. Para todo f ∈ L2 V(G) e todo α ∈ L2

− E(G)

, temos que

(20)

Demonstra¸c˜ao. Basta ver que

(α, df) = X

e∈E1/2(G)

α(e)df(e) = X

e∈E1/2(G)

α(e)f(e−)− X

e∈E1/2(G)

α(e)f(e+)

= X

x∈V(G)

X

e−=x

α(e)f(x)

!

= X

x∈V(G)

X

e−=x

α(e)

!

f(x)

= X

x∈V(G)

d∗α(x)f(x) = (d∗α, f).

Como quer´ıamos provar.

O lema que provarei a seguir mostra que se temos um fluxo entre A e Z, ent˜ao a “quantidade que sai” de A ´e a mesma que “chega” emZ. Antes disso, definimos a for¸ca

de um fluxo θ entreA e Z por

For¸ca(θ) =X

x∈A

d∗θ(x).

Um fluxo θ ´e dito ser unit´ario se For¸ca(θ) = 1.

Lema 1.1.11 (Conserva¸c˜ao de Fluxo). Seja G um grafo finito, A e Z dois subconjuntos disjuntos de V(G). Se θ ´e um fluxo entre A e Z, ent˜ao temos

For¸ca(θ) = −X

x∈Z

d∗θ(x)

.

Demonstra¸c˜ao. Por defini¸c˜ao de fluxo, temos qued∗θ(x) = 0 para todox6∈AZ, e pelo

Lema 1.1.10, temos

For¸ca(θ) +X

x∈Z

d∗θ(x) = X

x∈A∪Z

d∗θ(x) = X

x∈V(G)

d∗θ(x) = (d∗θ,1) = (θ, d1) = (θ,0) = 0.

Segue ent˜ao o lema.

Agora definiremos a energia de um fluxo a partir de um novo produto interno em

L2

−(E(G)). Veremos depois que a energia da corrente unit´aria est´a associada com a

condutˆancia efetiva entre um v´ertice e ∞.

Defini¸c˜ao 1.1.12. Definimos um novo produto interno em L2

−(E(G)) com respeito as

condutˆancias c de G da seguinte maneira

(α, β)c =

α c, β

= α,β c ,

kαkc =

p

(α, α)c.

Para indicar que estamos com este novo produto interno, denotamos o espa¸co L2

−(E(G))

por L2

−(E(G), c). Definimos tamb´em a energia de α por

ξ(α) = kαk2

c =

X

e∈E1/2(G) α(e)2

c(e) .

(21)

Considere G um grafo finito, a ∈ V(G) e a 6∈ Z ⊆ V(G). Seja v a fun¸c˜ao voltagem harmˆonica para todox6∈ {a} ∪Z, comv(a)>0 ev(Z) = 0. Utilizando a mesma nota¸c˜ao do Exemplo 1.1.4, vemos que

v(x)

v(a) =P(Ax,a,Z).

O lema a seguir mostrar´a que a energia da corrente unit´aria entrea eZ ´e igual ao valor da condutˆancia efetiva entre a e Z. Na demonstra¸c˜ao do lema abaixo veremos tamb´em que podemos sempre escolher o valor dev(a) para que a corrente i seja unit´aria.

Lema 1.1.13. Seja G um grafo finito, a ∈ V(G) e a 6∈ Z ⊆ V(G). Seja v a fun¸c˜ao voltagem tal que v(a) > 0, v(Z) = 0, e v harmˆonica para todo x 6∈ {a} ∪Z. Se i ´e a corrente unit´aria entre a e Z, temos que

ξ(i) = 1

C(a↔Z).

Demonstra¸c˜ao. Pela defini¸c˜ao de corrente, temos quei(e) = c(e)dv(e), e pelo Lema 1.1.10 temos

ξ(i) = (i, i)c =

i,i c

= (i, dv) = (d∗i, v) =d∗i(a)v(a) +X

x∈Z

d∗i(x)v(x) = For¸ca(i)v(a).

Usando a mesma nota¸c˜ao do exemplo 1.1.4 temos

P(a→Z) = X

x

p(a, x) 1−P(Ax,a,Z)

=X

x

c(a, x)

X

x∼a

c(a, x)

1− v(x)

v(a)

= 1

v(a)X

x∼a

c(a, x)

X

x

c(a, x) v(a)−v(x)

= 1

v(a)X

x∼a

c(a, x)

X

x

i(a, x) = 1 v(a)X

x∼a

c(a, x)For¸ca(i).

Veja que i´e a corrente unit´aria se, e somente se,

v(a) = 1 P(a→Z)X

x∼a

c(a, x).

Logo supondo icorrente unit´aria temos que

ξ(i) = v(a) = 1 P(a→Z)X

x∼a

c(a, x) = 1

C(a↔Z).

Provando assim o lema.

(22)

de modo que d∗i = dθ. Ser´a conveniente fazer algumas observa¸c˜oes antes de provar o

teorema.

Definimos para cada e∈E(G) a fun¸c˜aoχe ∈ L2

− E(G)

tal que

χe(f) =

    

1, sef =e ∈E1/2(G) −1, sef =−e ∈E1/2(G)

0, sef 6∈ {e,−e}

Veja que

(χe, θ)c =

θ(e) c(e) e

X

e−=x

c(e)χe, θ

c

=d∗θ(x).

Logo se i´e uma corrente de A para Z, ent˜ao para todox6∈A∪Z temos que

 

X

e−=x

c(e)χe, i

 

c

=d∗i(x) = 0

e se (e1, e2,· · · , en) ´e um ciclo orientado (isto ´e,e+i =e−i+1 para todo i, ee+n =e−1) ent˜ao

n

X

k=1

χek, i

c = n X k=1

i(ek)

c(ek)

=

n

X

k=1

v(e−k)−v(e+k)= 0

Teorema 1.1.14 (Pr´ıncipio de Thomson). Seja G um grafo finito e A e Z dois subcon-juntos dissubcon-juntos de V(G). Seja θ um fluxo de A para Z e i uma corrente de A para Z

com d∗i=dθ. Ent˜ao

ξ(θ)> ξ(i),

exceto se θ =i.

Demonstra¸c˜ao. Primeiro estabeleceremos algumas nota¸c˜oes. A fun¸c˜ao Pe=xc(e)χe ser´a

denominada a estrela de x e denotamos por ⋆ o subespa¸co de L2

− E(G), c

gerado por todas as estrelas. E denotamos por ♦o subespa¸co gerado pelasfun¸c˜oes ciclos que s˜ao as fun¸c˜oes da forma Pnk=1χek, onde (e

1, e2,· · · , en) forma um ciclo orientado.

Suponha que exista Θ ∈ L2

− E(G), c

tal que θ seja ortogonal a ⋆ e a ♦. Tome

g(e) = Θ(e) c(e).

Por Θ ser ortogonal a ♦, temos, a menos da adi¸c˜ao de uma constante, uma fun¸c˜ao realf dos v´ertices de G tal que g =df. Por Θ ser ortogonal a ⋆´e facil ver que f ´e harmˆonica em todoV(G). Por Gser finito, segue do Princ´ıpio da Unicidade que f ´e constante, logo g = 0 e por fim Θ = 0. Note portanto que

+=L2 E(G), c.

Veja tamb´em que para toda estrelaPe=xc(e)χee todo ciclo

Pn

k=1c(e)χek, temos que

X

e−=x

c(e)χe,

n

X

k=1

χek

c

(23)

uma vez que esta estrela e este ciclo poder˜ao ou n˜ao ter elos em comum, ou terem dois elos em comum que contribuiram para o produto interno acima com 1 e −1. Logo os subespa¸cos⋆ e s˜ao ortogonais.

Pelo que vimos temos que

L2 E(G), c=⋆⊕ ♦.

Pelo que discutimos antes do teorema, temos que a corrente i ´e ortogonal a ♦, logo pertence a ⋆. Se θ ´e um fluxo de A para Z com di = dθ, ent˜ao θ i tamb´em ´e um fluxo que ser´a ortogonal a ⋆, logo pertencer´a a . Ent˜ao temos que

θ=i+ (θ−i)

´e a decomposi¸c˜ao ortogonal de θ com respeito a ⋆⊕ ♦. Denotamos por P⋆ a proje¸c˜ao

ortogonal no subespa¸co ⋆, e veja que

i=P⋆(θ),

logo vemos que dado um fluxo θ existe uma corrente i tal que d∗i = dθ. Veja tamb´em

que

kθk2

c =kik2c +kθ−ik2c.

Comoξ(θ−i)≥0, o resultado segue.

Agora temos ferramentas suficientes para provarmos a Condi¸c˜ao de Nash-Willians que nos dar´a condi¸c˜oes para que o passeio aleat´orio em G seja recorrente. Seguir´a como corol´ario o Teorema de P`olya para d= 1,2.

Lema 1.1.15 (Desigualdade de Nash-Willians). Sejam a e z v´ertices distintos de um grafo finito. Considere tamb´emΠ1,Π2,· · · ,Πn cortes entre a e z, 2 a 2 disjuntos. Ent˜ao

1

C(a ↔z) ≥

n

X

k=1

X

e∈Πk c(e)

−1

.

Demonstra¸c˜ao. Pelo Lema 1.1.13, basta mostrar que a corrente unit´ariaientreaez tem energia no m´ınimo igual ao lado direito da desigualdade que queremos provar.

Seja Π um corte entre a ez, e seja Z o conjunto dos extremos dos elos de Π que s˜ao separados dea por Π, e denotemos porA o conjunto dos v´ertices que n˜ao s˜ao separados de a por Π. Veremos os elos de Π com a orienta¸c˜ao de A para Z. Seja H = G[A∪Z]. Veja que iinduz um fluxo unit´ario iH dea para Z, e segue do Lema 1.1.11 aplicado a H

que

1 =−X

x∈Z

d∗iH =−

X

e−∈Z, e∈E(H)

i(e).

Se ambos extremos de e pertencerem a Z, ent˜ao e n˜ao contribuir´a na soma acima, uma vez quei(−e) = −i(e). Logo temos que

X

e∈Π

i(e)≥1,

e pela desigualdade de Cauchy-Schwarz segue que

X

e∈Π

i(e)2

c(e)

X

e∈Π

c(e)≥

X

e∈Π

i(e)

(24)

donde

ξ(i) = X

e∈E1/2(G) i(e)2 c(e) ≥ n X k=1  X

e∈Πk i(e)2 c(e)  ≥ n X k=1  X

e∈Πk c(e)

 

−1

.

Como quer´ıamos provar.

Teorema 1.1.16 (Crit´erio de Nash-Willians). Seja G um grafo infinito. Seja {Πn}n∈N

uma sequˆencia de cortes, dois a dois disjuntos, que separam um v´ertice a∈ V(G) de. Temos que

1

C(a↔ ∞) ≥

X

n

 X

e∈Πk c(e)

 

−1

.

Em particular, se o lado direito da desigualdade acima ´e infinito, teremos que G´e recor-rente.

Demonstra¸c˜ao. Seja {Vn}n∈N uma sequˆencia de subconjuntos conexos e finitos, todos

contendo o v´ertice a, tais que Vn ⊆ Vn+1, SnVn = V(G), e suponha tamb´em que Vn

contenha todos os extremos de Πn. Podemos identificar V(G)\Vn a um ´unico v´ertice

zn, igual fizemos para definir condutˆancias efetivas, obtendo assim uma sequˆencia de

multigrafos finitos GW

n . Vemos que

1

C(a↔ ∞) = limn→∞

1

C(a ↔zn)

,

onde C(a ↔ zn) ´e a condutˆancia efetiva com respeito ao multigrafo GWn . O resultado

seguir´a da Desigualdade de Nash-Willians. A particulariza¸c˜ao segue do Lema 1.1.2.

Corol´ario 1.1.17 (P`olya). Um passeio aleat´orio sim´etrico em Zd ´e recorrente para d = 1,2.

Demonstra¸c˜ao. Basta tomar

Πn={e∈E(Zd); d(0, e−) =n−1 e d(0, e+) = n}.

Para d= 1, vemos que|Πn|= 2 para todo n, e como c(e) = 1 para todo elo e, segue

que

1

C(a↔ ∞) ≥

X

n

1 2 =∞.

Para d= 2, pode-se mostrar que|Πn|= 8n−4 para todo n, donde

1

C(a↔ ∞) ≥

X

n

1

8n−4 =∞.

Logo pelo Crit´erio de Nash-Willians temos que Z eZ2 s˜ao recorrentes.

Definimos a energia de um fluxo θ entrea e ∞ em um grafo infinitoG por

ξ(θ) = X

e∈E1/2 θ(e)2

c(e) .

(25)

Teorema 1.1.18. SejaGum grafo infinito. Se existir um fluxo unit´ario emG de energia finita entrea ∈V(G) e, teremos que G ´e transiente.

Demonstra¸c˜ao. Seja {Vn}n∈N uma sequˆencia de subconjuntos conexos e finitos de V(G)

tal queVn ⊆Vn+1, V(G) =SnVn ea∈V0. Seja GWn ezncomo definido em (1.1). Temos

por defini¸c˜ao que

C(a↔ ∞) = lim

n C(a↔zn).

Denotemos por in a corrente unit´aria de a para zn em GWn , e seja vn as voltagens

corres-pondentes. Comoξ(in) =C(a↔zn)−1, temos que

C(a↔ ∞)>0⇔lim

n ξ(in)<∞.

Observemos que cada elo de GW

n corresponde a um elo de G, possivelmente com um

extremo diferente. Note que seθ ´e um fluxo unit´ario emG entrea e∞ de energia finita, ent˜ao para todon suficientemente grande, temos que θ|E(GW

n ) ´e um fluxo emG

W

n entre os

v´ertices a ezn. Pelo Pr´ıncipio de Thomson temos que

ξ(in)≤ξ(θ|E(GW

n))≤ξ(θ)<∞. Segue o teorema a partir do Lema 1.1.2.

Dado um grafoG, dizemos que um fluxo ´eadaptadoao grafo seθ(e)≤c(e) para todo

e∈ E(G). Agora suponha G um grafo finito e sejam A e Z dois subconjuntos disjuntos deV(G). Ent˜ao existe um fluxoθ de for¸ca m´axima entre todos os fluxos adaptados deA paraZ. Isto ´e claro, pois os fluxos adaptados deAparaZ formam um conjunto compacto deRE(G). SeG´e um grafo infinito, tome{Vn}n∈Numa sequˆencia de subconjuntos conexos

e finitos deV(G) tal que Vn⊆Vn+1 e

S

nVn =V(G). Seja Gn=G[Vn] com condutˆancias

iguais aos correspondentes elos de G. Seja θn o fluxo adaptado de maior for¸ca em Gn.

Temos que θn converge, elo a elo, para um fluxo θ adaptado em G. Segue do Teorema

da Convergˆencia Dominada que θ ´e um fluxo adaptado de for¸ca m´axima em G. Abaixo provarei o Teorema do Fluxo-M´aximo Corte-M´ınimo para ´arvores finitas e depois darei uma vers˜ao deste teorema para ´arvores infinitas.

Defini¸c˜ao 1.1.19. Dada uma ´arvore T enraizada em o, dizemos que um v´ertice x6=o ´e uma folha de T se dx= 1. Denotamos por

L(T) =x∈V(G)\ {o}; dx= 1

o conjunto das folhas de T.

Teorema 1.1.20 (Teorema do Fluxo-M´aximo Corte-M´ınimo para ´Arvores). Seja T uma ´arvore finita enraizada em o. Ent˜ao

max{For¸ca(θ); θ ´e um fluxo de o paraL(T) tal que ∀e, 0≤θ(e)≤c(e)}

= min

X

e∈Π

c(e); Π ´e um corte entre o e L(T)

(26)

Demonstra¸c˜ao. Seja θ o fluxo de maior for¸ca, e Π um corte qualquer entre A eZ. Segue do Lema 1.1.11 que

For¸ca(θ) =X

e∈Π

θ(e)≤X

e∈Π

c(e).

Donde

For¸ca(θ)≤min

X

e∈Π

c(e); Π ´e um corte entre o e L(T)

.

Agora mostrarei que existe um corte tal que a igualdade ocorra. Para isto, dizemos que o caminho (o = x0, x1,· · · , xn) ´e um caminho aument´avel se para todo i = 1,· · · , n

tivermos que θ(xi−1, xi)< c(xi−1, xi). Seja A o conjunto de v´erticesx, tais que existe um

caminho aument´avel de o parax. Se A∩L(T)6=∅, ent˜ao existe um caminho aument´avel γ = (0 =x0,· · · , xn) com xn∈L(T). Mas neste caso, tome

ǫ= min

e∈E(γ){c(e)−θ(e)},

e veja que o fluxo

θ′(e) =

(

θ(e) +ǫ, se e∈E(γ) θ(e), caso contr´ario

possui for¸ca maior que θ, o que contradiz a maximalidade de θ. Logo devemos ter que L(T) ⊆ A. Seja Π o conjunto de elos conectando um v´ertice de A a um v´ertice de Ac.

Note que Π separa o de L(T). Por defini¸c˜ao do conjunto A, temos que θ(e) = c(e) para todo e∈Π. Agora note que

For¸ca(θ) = X

e∈Π

c(e).

Completando assim a prova.

Teorema 1.1.21. Seja T uma ´arvore infinita enraizada em o ∈V(G). Temos que

max{For¸ca(θ); θ ´e um fluxo de o paratal que ∀e, 0≤θ(e)≤c(e)}

= min

X

e∈Π

c(e); Π ´e um corte entre o e

Demonstra¸c˜ao. Sejaθ o fluxo adaptado deopara∞de maior for¸ca emT. Mais uma vez, segue do Lema 1.1.11 que se Π ´e um corte entre o e ∞que

For¸ca(θ) =X

e∈Π

θ(e).

Donde

For¸ca(θ)≤min

X

e∈Π

c(e); Π ´e um corte entre o e∞

.

Considere agora{Vn}n∈Numa sequˆencia de subconjuntos conexos e finitos deV(T) tal

queVn ⊆Vn+1,SnVn=V(T) eo ∈V1. TomeTn =T[Vn]. Denotemos porC(H) o ´ınfimo

da soma de cortes entre o eL(H) em H, e note que C(T) = infnC(Tn). Denote tamb´em

porθno fluxo de maior for¸ca em Tn. Como Tns˜ao ´arvores finitas segue do Teorema 1.1.20

que

(27)

Sejaθ o limite, elo a elo, dos fluxos θn e veja que

For¸ca(θ)≥C(T) = min

X

e∈Π

c(e); Π ´e um corte entre o e ∞

,

demonstrando assim o teorema.

Agora definiremos o n´umero de ramifica¸c˜ao de uma ´arvore, e depois provaremos um teorema que relaciona este n´umero com passeios aleat´orios em ´arvores.

Defini¸c˜ao 1.1.22. O n´umero de ramifica¸c˜ao de uma ´arvore T (enraizada em o), br(T), ´e definido como o

br(T) = sup{λ≥1;existe um fluxo n˜ao nulo θ em T de o a ∞, tal que

∀ e∈T, 0≤θ(e)≤λ−|e|o,

onde|e|=d(o, e). Pelo Teorema 1.1.21 temos que

br(T) = sup

λ≥1; inf

Π

X

e∈Π

λ−|e| >0

,

onde Π pecorre os cortes separando a ra´ız de.

Exemplo 1.1.23. Seja T a ´arvore regular de grau r enraizada em o. Tome o corte

Πn ={e∈E(T); d(o, e) = n}

e observemos que

|Πn|=r(r−1)n−1.

Se λ > r−1 teremos a partir do Lema 1.1.11 que para todo fluxo θ satisfazendo

0≤θ(e)≤λ−|e|

que

X

o∼x

θ(o, x) = X

e∈Πn

θ(e)≤ X

e∈Πn

λ−n = r r−1

r−1 λ

n

→0.

Logo temos que brT ≥r−1.

Mas se λ < r−1, podemos tomar o fluxo n˜ao nulo de o paradado por

θ(e) = (r−1)−|e| ≤λ−|e|.

Segue portanto que brT =r−1.

Lema 1.1.24. Seja T uma ´arvore infinita, e seja wn uma sequˆencia de n´umeros positivos

tais que

X

n

wn<∞.

Todo fluxo θ em T satisfazendo

0≤θ(e)≤w|e|c(e), ∀e ∈E1/2(G),

(28)

Demonstra¸c˜ao. Segue do Lema 1.1.11 que

ξ(θ) = X

e∈E1/2(T) θ(e)2

c(e) =

X

n

X

|e|=n

θ(e)[θ(e)r(e)]≤X

n

wn

X

|e|=n

θ(e)≤X

n

wnFor¸ca(θ)<∞.

Pois For¸ca(θ) ´e finita uma vez que o tem grau finito.

SejaT uma ´arvore (enraizada emo), denotamos porRWλ o passeio aleat´orio associado

as condutˆancias c(e) =λ−|e|, onde|e|=d(o, e).

Teorema 1.1.25 (Lyons ’90). Seja T uma ´arvore infinita, ent˜ao λ < br(T) ⇒ RWλ ´e

transiente e λ > br(T)⇒RWλ ´e recorrente.

Demonstra¸c˜ao. Se λ > br(T), temos que

inf

X

e∈Π

λ−|e|; Π ´e um corte entre o e ∞

= 0,

donde segue do Crit´erio de Nash-Willians que RWλ ´e recorrente.

Se λ < br(T), tome λ′ λ, br(t) e seja w

n = (λ/λ′)n. ´E claro que

P

nwn < ∞, e

pela defini¸c˜ao de br(T), temos que existe um fluxo θ satisfazendo

0≤θ(e)≤(λ′)−|e|=wnλ−|e|.

Segue do Lema 1.1.24 que θ tem energia finita e a partir do Teorema 1.1.18 temos que RWλ ´e transiente.

1.2

Ponto Cr´ıtico em ´

Arvores

Na se¸c˜ao anterior construimos todas as ferramentas necess´arias para provar a igualdade pc(T) =br(T)−1. A seguir, atrav´es do M´etodo do Primeiro Momento, daremos uma prova

simples que pc(T)≥br(T)−1.

Lema 1.2.1. Para toda ´arvore infinita T (enraizada em o),

pc(T)≥

1 brT.

Demonstra¸c˜ao. E claro que para todo corte Π separando´ o de ∞temos que

|Co|=∞ ⊆

[

e∈Π

{e∈Co},

logo para todo p∈[0,1] temos

Pp(|Co|=∞)≤inf

X

e∈Π

Pp(e∈Co); Π ´e corte separando o de∞

.

´

E claro quePp(e∈Co) = p|e|. Pela Defini¸c˜ao 1.1.22 temos que

p−1 > brT ⇒Pp(|Co|=∞) = 0,

(29)

Para a desigualdade contr´aria, utilizaremos o M´etodo do Segundo Momento. A seguir ser´a constru´ıda uma vari´avel aleat´oria, que atrav´es do seu segundo momento ser´a permi-tido unir toda a teoria desenvolvida na se¸c˜ao anterior para mostrar pc(T) = br(T)−1.

TomeGum grafo e oum v´ertice fixo de G. Seja Π um corte entreo e∞, e denotemos porP(Π) o conjunto de todas as medidas de probabilidade em Π, isto ´e,

P(Π) =

µ: Π→R+;

X

e∈Π

µ(e) = 1

.

Podemons interpretar cadaµ∈ P(Π) como pesos nos elos de Π. Nosso objetivo ser´a fazer uma contagem, com respeito aos pesos, do n´umero de elos de Π conectados ao. Para isto, definimos para cada µ∈ P(Π) a vari´avel aleat´oria X(µ) definida em {0,1}E(G) por

X(µ)(ω) =X

e∈Π

µ(e) Pp(e∈Co)

I{e∈Co}(ω),

onde I{e∈Co}(ω) ´e igual a 1 se e∈Co em ω, e 0 caso contr´ario. Note que E(X(µ)) = 1. ´

E claro que

{X(µ)>0} ⊆ [

e∈Π

{e∈Co}={o ↔Π}. (1.2)

Agora note que

{ |Co|=∞}=

\

Π

{o ↔Π},

onde Π varia entre todos os cortes entreo e∞. Tamb´em ´e f´acil ver que dados Π1,· · · ,Πn

cortes entre o e∞, existe um corte Π′ separando Sn

i=1Int(Πi) de ∞, donde podemos ver

que{o ↔Π′} ⊆Tn

i=1{o↔Πi}. Feitas estas observa¸c˜oes, vemos que

Pp(|Co|=∞) =Pp

\

Π

{o↔Π}

= infPp(o ↔Π); Π ´e um corte entreo e∞ .(1.3)

Feitas estas observa¸c˜oes podemos provar o lema a seguir.

Lema 1.2.2.Dada um processo de percola¸c˜ao em um grafoGeΠum corte entreo∈V(G)

e, temos que para todo µ∈ P(Π)

Pp(o ↔Π)≥

1

E X(µ)2,

onde E denota a esperan¸ca.

Demonstra¸c˜ao. Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz temos que

1 = E(X(µ))2 =E X(µ)I{X(µ)>0}

2

≤E X(µ)2E I{2X(µ)>0}

= E X(µ)2)P X(µ)>0≤E X(µ)2Pp(o ↔Π),

onde a ´ultima desigualdade decorre de (1.2).

Corol´ario 1.2.3. Dada uma percola¸c˜ao em um grafo G, temos

Pp(|Co|=∞)≥inf

(

1

infµ∈P(Π)E(X(µ)2)

; Π ´e corte entre o e

)

(30)

Demonstra¸c˜ao. Segue de (1.3) e do Lema 1.2.2.

Nosso objetivo ser´a escolher µ∈ P(Π) que minimiza E(X(µ)2). Definimos a energia

deµ para ser

ξ(µ) = E X(µ)2 = X

e1,e2∈Π

µ(e1)µ(e2)

Pp(e1, e2 ∈Co)

Pp(e1 ∈Co)Pp(e2 ∈Co)

.

Agora seja T uma ´arvore enraizada em o, dizemos que y ´e um ancestral de x, se y pertencer ao ´unico caminho emT que ligao ax. Denotemos porx∧y o ancestral comum dexey mais distante deo. Sejame, f ∈E(G), denotamos por e≤f se o eloe pertencer ao menor caminho emT contendoo ef. Denotamos tamb´em pore(x) para ser o elo mais pr´oximo de o, tendo x como um de seus extremos. Podemos portanto escrever µ(x) ao inv´es deµ(e(x)).

O lema a seguir mostra que ξ(µ) =ξ(θ) para um fluxo θ adequado.

Lema 1.2.4. Seja T uma ´arvore infinita (enraizada em o), Π um corte entre o ee

µ∈ P(Π). Seja T′ =Int(Π), e seja θ o fluxo em Tinduzido por µ∈ P(Π), isto ´e,

θ(e) = X f∈Π; e≤f

µ(f).

Se para todo x ∈ V(T′) tivermos P

p(x ∈ Co) = C(o ↔ x) em T′, ent˜ao teremos ξ(µ) =

ξ(θ).

Demonstra¸c˜ao. Note que

ξ(µ) = X

e(x),e(y)∈Π

µ(x)µ(y) Pp(x, y ∈Co) Pp(x∈Co)Pp(y ∈Co)

= X

e(x),e(y)∈Π

µ(x)µ(y) Pp(x∧y∈Co)

.

Veja tamb´em que

ξ(θ) = X

e∈E1/2(T′) θ(e)2

c(e) =

X

e∈E1/2(T′) 1 c(e)

X

x,y∈L(T′) e≤e(x),e(y)

µ(x)µ(y)

= X

x,y∈L(T′)

µ(x)µ(y) X

e≤e(x∧y)

1 c(e).

Basta agora vermos que para todo x∈V(T′), temos

X

e≤e(x)

1 c(e) =

1

C(o↔x).

Seja (o=x0, x1,· · · , xn =x) o ´unico caminho em T′ entre os v´ertices o e x. Seja

V∗ ={x0, x1,· · · , xn} ∪∂v{o}

e considere tamb´em T∗ = T[V], preservando o valor das condutˆancias nos elos

(31)

aleat´orio come¸cando em o visitar x antes de retornar a o em T′ ´e igual a probablilidade

do mesmo evento trocando-seT′ porT. Como em Ttemos que

C(o↔x) = X

y∼o

c(o, y)P[o→x],

basta ent˜ao calcularmosP[o →x]. ´E claro que

C(o ↔x1) =

X

y∼o

c(o, y)P[o →x1] =

X

y∼o

c(o, y)Pc(o, x1)

y∼oc(o, y)

=c(o, x1).

Agora note que P[o → x2] em T∗ ´e igual a probabilidade do passeio aleat´orio dar o

primeiro passo para o v´ertice x1 e o segundo de x1 para x2, donde segue que

C(o ↔x2) =

X

y∼o

c(o, y)P[o →x2] =

X

y∼o

c(o, y)· Pc(o, x1)

y∼oc(o, y)

· c(x1, x2)

c(o, x1) +c(x1, x2)

= c(o, x1)c(x1, x2) c(o, x1) +c(x1, x2)

=

1 c(o, x1)

+ 1

c(x1, x2)

−1

.

Se repetirmos o mesmo processo emT′ calculandoP[x

2 →o] chegar´ıamos novamente que

C(x2 ↔o) =

1 c(o, x1)

+ 1

c(x1, x2)

−1

.

Isto nos mostra que podemos construir uma ´arvore T∗

2 eliminando o v´ertice x1 de T∗ e

adicionando um elo entre o e x2 com condutˆancia igual a C(o ↔ x2). Repetimos este

mesmo procedimente paraT∗

2, e por um processo indutivo vemos que

X

e≤e(x)

1 c(e) =

1

C(o ↔x),

como quer´ıamos provar.

Para utilizar o lema anterior, temos um pequeno problema quando x∧y = o, uma vez que Pp(o ∈ Co) = 1 e C(o ↔ o) = ∞. Vamos dizer ent˜ao que as condutˆancias s˜ao

adaptadasao processo de percola¸c˜ao se para todo x tivermos 1

Pp(x∈Co)

= 1 + 1

C(o↔x).

Decorrer´a da demonstra¸c˜ao do lema anterior que ξ(µ) = 1 + ξ(θ). Nosso objetivo era minimizar a fun¸c˜ao ξ(µ), e reduzimos este problema a minimizar 1 +ξ(θ), onde agora poderemos usar a teoria de fluxos e as condutˆancias para nos auxiliar.

Observamos tamb´em que na demostra¸c˜ao do lema anterior encontramos uma maneira simples de calcular condutˆancias efetivas entre dois v´ertices em ´arvores, e notamos tamb´em que isto nos mostra que

1 c(e) =

1

C(o↔e+)

1

C(o↔e−)+ 1−1 =

1 Pp(e+ ∈Co)

− 1

Pp(e− ∈Co)

= 1−p Pp(e+∈Co)

.

O que nos mostra que as condutˆancias dadas por

c(e) = Pp(x∈Co) 1−p =

p|e|

(32)

s˜ao adaptadas ao processo de percola¸c˜ao de parˆametro p. E estas condutˆancias tamb´em correspondem ao passeio aleat´orio RW1

p. O teorema que provaremos a seguir, relacionar´a o processo de percola¸c˜ao em ´arvores com a condutˆancia efetiva entre a ra´ız e ∞.

Teorema 1.2.5(Lyons ’92). Para o processo de percola¸c˜ao de parˆametropem uma ´arvore infinita T (enraizada em o), com condutˆancias adaptadas a este processo de percola¸c˜ao, temos

C(o↔ ∞)

1 +C(o↔ ∞) ≤Pp(|C0|=∞).

Demonstra¸c˜ao. Usaremos o Corol´ario 1.2.3 para provar este teorema. Para isto tome Π um corte entre o e ∞. Seja µ∈ P(Π) de energia m´ınima e tome θ o fluxo induzido por µ. Segue das condutˆancias serem adaptadas ao processo de percola¸c˜ao, do Pr´ıncipio de Thomson e do Lema 1.1.13 que

ξ(µ) = 1 +ξ(θ) = 1 + 1

C(o ↔Π).

Logo

P(o ↔ ∞)≥inf

Π

1 + 1

C(o ↔Π)

−1

=

1 + 1

C(o↔ ∞)

−1

,

como quer´ıamos.

Agora podemos finalmente provar o teorema central deste cap´ıtulo, o

Teorema 1.2.6 (Lyons ’90). Para toda ´arvore infinita T (enraizada em o),

pc(T) =

1 brT.

Demonstra¸c˜ao. Provamos no Lema 1.2.1 que

pc(T)≥

1 brT. Agora seja

p > 1 brT.

Segue do Teorema 1.1.25 que o passeio aleat´orio RW1

p ´e transiente e pelo Lema 1.1.2 temos que C(o↔ ∞)>0. Finalmente o Teorema 1.2.5 nos garante que

Pp[|Co|=∞]>0,

donde

pc(T)≤

1 brT, obtendo assim a igualdade desejada.

Corol´ario 1.2.7. Seja T ´e a ´arvore regular de grau r. Temos que

pc(T) =

1 r−1.

(33)

Cap´ıtulo 2

Percola¸

ao em Outros Grafos

O estudo do processo de percola¸c˜ao independente de Bernoulli em um grafo G faz sentido apenas quandoG´e um grafo infinito, conexo e localmente finito. Em todo cap´ıtulo (salvo men¸c˜ao ao contr´ario) vamos designar simplesmente por grafo os grafos infinitos, conexos e localmente finitos. Na primeira se¸c˜ao come¸caremos relacionando o processo de percola¸c˜ao em elos com o processo de percola¸c˜ao nos v´ertices, em seguida mostraremos que todo grafo com constante de Cheeger positiva admite transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial, e por fim, definirei algumas constantes relacionadas a fronteira dos subconjuntos de v´ertices de um grafo. Na segunda se¸c˜ao provaremos o Argumento de Peierls, que me permitir´a a partir de uma contagem, cotar o ponto cr´ıtico de um grafo, como consequˆencia teremos que grafos planares de crescimento polinomial com dimens˜ao maior que 1 percolam, al´em de mostrar que grafos satisfazendo certas desigualdades isoperim´etricas tamb´em percolam. Na ´ultima se¸c˜ao ser´a apresentado os grafos de Cayley, daremos algumas conclus˜oes destes grafos em rela¸c˜ao a percola¸c˜ao e terminaremos provando que grafos de Cayley de grupos finitamente apresent´aveis com um fim percolam.

2.1

Desigualdades Isoperim´

etricas

Nesta se¸c˜ao definiremos algumas constantes ligadas a fronteira de subconjuntos de um grafo, e relacionaremos estas constantes com o ponto cr´ıtico deste grafo. Mas primeiro iremos provar dois teoremas que relacionam o processo de percola¸c˜ao em elos com o processo de percola¸c˜ao em v´ertices (para estes dois teoremas ver [8] e [7], respectivamente).

Teorema 2.1.1 (Hammersley, 1961). Seja G um grafo, p ∈ (0,1) e o ∈ V(G). Temos

θvo(p)≤θo(p). Dondepvc(G)≥pc(G).

Demonstra¸c˜ao. Para provar este lema, iremos construir um acoplamento entre a medida de percola¸c˜ao e a medida de percola¸c˜ao nos v´ertices. Ou seja, dado ξ ∈ {0,1}V(G),

construiremosω ∈ {0,1}E(G), de modo que, seξ tem distribui¸c˜ao Pv

p em G, ent˜ao ω tem

distribui¸c˜ao Pp em G. Al´em disto, se a componente conexa de o em ξ ´e infinita, ent˜ao

tamb´em ´e infinita a componente conexa deo em ω.

Seja{x1, x2,· · · }uma ordena¸c˜ao qualquer dos v´ertices deG, tal quex1 =o. Considere

tamb´em{Xe}e∈E(G) vari´aveis aleat´orias independentes de Bernoulli de parˆametro p.

Seja ξ o subgrafo aberto resultante do processo de percola¸c˜ao de parˆametro p nos v´ertices de G. Se o v´ertice o ´e fechado (isto ´e, ξ(o) = 0), n˜ao fazemos nada, sen˜ao seja A1 =o,B1 =∅, en1 = 1. Agora suponhamos definidosAk−1eBk−1. Se∂vAk−1\Bk−1 =∅,

onde∂v ´e a fronteira com respeito ao grafo G, paramos. Caso contr´ario, seja n

(34)

´ındice dos v´ertices em∂vA

k−1\Bk−1. Denotamos porx′ko vizinho de xnk de menor ´ındice em Ak−1 e definimos ω([xk′, xnk]) =ξ(xnk). Se ξ(xnk) = 1 definimosAk=Ak−1∪ {xnk} e Bk =Bk−1, mas seξ(xnk) = 0 tomamos Ak=Ak−1 eBk=Bk−1∪ {xnk}.

Se paramos, ent˜ao existe k tal que ∂vA

k = Bk, e portanto temos que a componente

conexa deoemξ´e finita e definimosω(e) =Xepara todo elo deGque n˜ao foi definido seu

valor no processo acima. Se o processo nunca terminar, ent˜ao as componentes conexas de o emξ e em ωs˜ao infinitas, e tomamosω(e) =Xe para todos os elos restantes deG. Pela

argumenta¸c˜ao feita, vemos claramente que θv

o(p)≤θo(p), e portantopvc(G)≥pc(G).

Para o pr´oximo teorema precisamos do conceito de domina¸c˜ao estoc´astica. Seja S um conjunto enumer´avel, considere tamb´em Y ={Ys; s∈ S} e Z ={Zs; s∈S} fam´ılias de

var´ıaveis aleat´orias de Bernoulli. Dizemos que Z ´e dominada estocasticamente por Y se

E f(Y) ≥E f(Z)

para toda fun¸c˜ao mensur´avel f :{0,1}S R, n˜ao-decrescente e limitada.

Teorema 2.1.2 (Grimmett-Stacey, 1998). Seja G um grafo de grau m´aximod, p∈(0,1)

e o ∈V(G) de grau do. Temos que

θov 1−(1−p)d−1≥ 1−(1−p)d0θ

o(p).

Donde pv

c(G)≤1− 1−pc(G)

d−1

.

Demonstra¸c˜ao. Para provar este lema, iremos construir um acoplamento entre as duas medida de percola¸c˜ao. A partir de ω ∈ {0,1}E(G), construiremos ξ ∈ {0,1}V(G), de

modo que, seωtem distribui¸c˜aoPp emG, ent˜aoξter´a uma distribui¸c˜ao estocasticamente

dominada por Pv

q em G, onde q= 1−(1−p)d−1. Al´em disto, se a componente conexa de

o em ω ´e infinita, ent˜ao tamb´em ´e infinita a componente conexa deo em ξ.

Seja{x1, x2,· · · }uma ordena¸c˜ao qualquer dos v´ertices deG, tal quex1 =o. Considere

tamb´em {Xx}x∈V(G) vari´aveis aleat´orias independentes de Bernoulli de parˆametro q.

Seja ω o subgrafo aberto resultante do processo de percola¸c˜ao de parˆametro p nos elos de G. Se ω(e) = 0 para todo elo incidente em o, paramos. Caso contr´ario definimos A1 = {o}, B1 = ∅, ξ(o) = 1 e n1 = 1. Observemos que a probabilidade de algum elo

incidente a o estar aberto ´e 1−(1−p)do.

Suponhamos definidos Ak−1 eBk−1. Se ∂vAk−1 ⊆Bk−1, paramos. Caso contr´ario seja

nko menor ´ındice dos v´ertices em∂vAk−1\Bk−1. Se existir algum v´erticex6∈Ak−1∪Bk−1

tal que ω(xnk, x) = 1, definimos Ak = Ak−1 ∪ {xnk}, Bk = Bk−1 e ξ(xnk) = 1. Caso contr´ario definimos Ak = Ak−1, Bk =Bk−1∪ {xnk} e ξ(xnk) = 0. Observamos que dado Ak−1 eBk−1, a probabilidade condicional de ξ(xnk) = 1 ´e igual a 1−(1−p)

rq, onder

´e o grau do v´ertice xnk em G\(Ak−1∪Bk−1).

Se o processo parar em algum momento, definimosξ(x) = Xxpara todos os v´ertices em

que n˜ao definimos seu valor. Mas se o processo n˜ao terminar, teremos uma componente conexa infinita de o em ξ (note que a componente conexa de o em ω pode ser finita). Definimos tamb´em ξ(x) = Xx para todos os v´ertices em que n˜ao definimos seu valor.

Note que a lei que define ξ ´e dominada estocasticamente pelo processo de percola¸c˜ao nos v´ertices de G com parˆametro q, condicionada a termos ξ(o) = 1. Logo temos a desigualdade desejada.

Para todo p > pc(G), temos que θo(p) >0, donde segue que θvo 1−(1−p)d−1

> 0. Logo temos que 1−(1−p)d−1 > pv

c(G). Basta ent˜ao tomarmos p → pc(G) e seguir´a a

(35)

Como consequˆencia destes ´ultimos dois teoremas, temos o

Corol´ario 2.1.3. Seja G um grafo de grau m´aximo. Temos que

pc(G)<1⇔pvc(G)<1.

Logo todos os resultados deste texto que dizem que um grafo de grau limitado admite transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial para o processo de percola¸c˜ao nos elos, tamb´em dizem que estes grafos tamb´em possuem transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial para o processo de percola¸c˜ao nos v´ertices.

Na busca para se determinar condi¸c˜oes gerais para que um grafo apresente transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial, apareceram constantes que relacionam o tamanho de subconjuntos finitos de v´ertices com suas fronteiras. A primeira constante neste sentido, estudada neste texto ´e a chamada constante de Cheeger, que ser´a definida a seguir.

Defini¸c˜ao 2.1.4. Seja G um grafo. A constante de Cheeger de G ´e denotada porh(G) e definida da seguinte maneira

h(G) = inf

|∂W|

|W| ; W ⊆V(G), W conexo, 0<|W|<∞

.

Tamb´em definimos a constante de Cheeger nos v´ertices de G por

hv(G) = inf

|∂vW|

|W| ; W ⊆V(G), W conexo, 0<|W|<∞

.

Exemplo 2.1.5. Seja T uma ´arvore regular de grau r. Seja ∅ 6= W ⊆ V(G), conexo e finito. ´E f´acil ver que

r|W|=|∂W|+ 2E(G[W]),

e como G[W] tamb´em ´e uma ´arvore, temos que

|∂W|

|W| =r−

2E(G[W])

|W| =r−

2(|W| −1)

|W| =r−2 +

2

|W|

donde h(T) = r−2. Pelo cap´ıtulo anterior, sabemos que

pc(T) =

1 r−1 =

1 h(T) + 1.

A primeira desigualdade isoperim´etrica que nos garantir´a que um grafo admite transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial ´e apresentada no teorema abaixo.

Teorema 2.1.6. Seja G um grafo. Ent˜ao

pvc(G)≤ 1

hv(G) + 1

e

pc(G)≤

1 h(G) + 1.

Em particular, hv(G)>0 (h(G)>0) implica que pv

(36)

Demonstra¸c˜ao. A demonstra¸c˜ao para elos ´e identica da demonstra¸c˜ao para v´ertices. Ire-mos provar apenas para v´ertices.

Sejax∈V(G), e seja {yn}n∈N uma ordena¸c˜ao qualquer deV(G) de modo quey1 =x.

Se x ´e fechado, definimos An = ∅ para todo n. Caso contr´ario tomamos A1 = {x}

e B1 = ∅. Seja n ≥ 2. Se ∂vAn−1 = Bn−1, definimos An = An−1 e Bn = Bn−1. Caso

contr´ario, escolhaxno v´ertice de menor ´ındice em∂vAn−1\Bn−1. Sexn´e aberto, definimos

An =An−1∪ {xn} e Bn =Bn−1, sen˜ao definimos An =An−1 e Bn=Bn−1∪ {xn}.

Seja A = SnAn. Se A ´e finito, n˜ao vazio, ent˜ao existe N tal que ∂vAN = BN.

Podemos supor N m´ınimo. Segue que

|BN|=|∂vAN| ≥hv(G)|AN|.

Por defini¸c˜ao temos|AN|+|BN|=N, logo|BN| ≥hv(G)(N −|BN|), donde

|BN| ≥

N hv(G) 1 +hv(G).

Isto ´e, de N vari´aveis aleat´oria independentes de Bernoulli de parˆametro p, obtivemos pelo menos N hv(G)(1 +hv(G))−1 zeros. Mas se

p > 1

hv(G) + 1 = 1−

hv(G)

hv(G) + 1

e pensarmos numa sequˆencia infinita de vari´aveis aleat´orias independentes Xi ∼Ber(p),

temos com probabilidade positiva, que para todo N, as N primeiras vari´aveis possuem menos que N hv(G)(hv(G) + 1)−1 zeros. Para vermos este ´ultimo fato, note que da Lei

Forte dos Grandes N´umeros temos que existe M tal que

P

Pm i=1Xi

m > 1

hv(G) + 1, para todo m≥M

≥ 1

2, donde temos que

P

N

X

i=1

Xi >

N

hv(G) + 1,para todoN ≥1

≥ ≥ P N X i=1

Xi >

N

hv(G) + 1, para todo n ≥M e X1 = 1, X2 = 1,· · · , XM−1 = 1

≥ ≥ P N X i=1

Xi >

N

hv(G) + 1, ∀n≥M| M−1

Y

i=1

Xi = 1

P

M−1

Y

i=1

Xi = 1

≥ 1

2p

M−1 >0.

Logo com probabilidade positiva, temos A infinito. Donde temos que G admite transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial se

p > 1 hv(G) + 1.

A particulariza¸c˜ao ´e clara.

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