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Argumento de Peierls e Alguns Resultados

Cap´ıtulo

2.2 Argumento de Peierls e Alguns Resultados

O Argumento de Peierls, que ser´a apresentado a seguir, embora possua uma demons- tra¸c˜ao simples, ser´a de extrema importˆancia para provar os teoremas a seguir, uma vez que permite concluir que um grafo admite transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial resolvendo um problema combinat´orio.

Teorema 2.2.1 (Argumento de Peierls). Seja G um grafo. Suponha que exista r > 0 e x ∈ V (G) tais que  Π corte entre x e ∞; |Π| = n ≤ rn,

para todo n ∈ N. Ent˜ao pc(G) ≤ 1 −

1 2r.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que Cx, a componente conexa aberta do v´ertice x, seja finita.

Ent˜ao existe um corte Π separando x de ∞ contido na fronteira de Cx, em particular,

temos que Π ´e formado apenas por elos fechados. Feito isto, observe que Pp |Cx| < ∞



= Pp(∃Π corte entre x e ∞ de elos fechados)

= X

n≥1

Pp ∃Π corte entre x e ∞ de elos fechados, |Π| = n

 ≤ X n≥1 X Π corte entre x e ∞; |Π|=n (1 − p)n≤X n≥1 r (1 − p)n.

Logo se p > 1 − 1 2r, teremos que Pp |Cx| < ∞  < 1, donde θx(p) > 0. Conclu´ımos assim que pc(G) ≤ 1 − 1 2r.

Dizemos que um grafo G tem crescimento polinomial, se existirem a ∈ R+ e n ∈ N,

tais que para todo x ∈ V (G) e todo r ∈ N tenhamos B(x, r) ≤ arn. O primeiro resultado que abordarei decorrente do Argumento de Peierls, diz que todo grafo planar de dimens˜ao maior que 1 e crescimento polinomial percola. Mas antes disso definirei o conceito de dual de um grafo planar.

Defini¸c˜ao 2.2.2. Dada uma representa¸c˜ao planar de um grafo G sem v´ertices de acu- mula¸c˜ao, definimos o multigrafo G, dual de G, cujos v´ertices s˜ao as faces de G e para

cada elo e pertencente a um par de faces em G, associamos um elo eligando as respectivas

faces em G.

Note que em geral G∗ n˜ao ´e necess´ariamente localmente finito. O lema abaixo al´em

de garantir a existˆencia de G∗, me permitir´a cotar o n´umero de cortes de tamanho fixo

em G, a partir de uma cota para o n´umero de certos ciclos de G∗.

Lema 2.2.3. Seja G um grafo planar sem v´ertices de acumula¸c˜ao. Ent˜ao Gexiste e satisfaz:

1. Existe uma bije¸c˜ao entre E(G) e E(G). Denotamos tal bije¸c˜ao por ∗.

2. Um corte de G entre x ∈ V (G) e ∞ ´e levado por ∗ em um ciclo de Ge um ciclo

de G ´e levado por ∗ em um corte entre algum v´ertice de G e ∞. Demonstra¸c˜ao. Ver [9]

Exemplo 2.2.4. Note que (Z2)= Z2. Sejam G

T e GH respectivamente as redes triangu-

lar e hexagonal, que ser˜ao definidas na pr´oxima se¸c˜ao, temos que G

T = GH e G∗H = GT.

Seja Π um corte de G entre x ∈ V (G) e ∞. Neste caso dizemos que o ciclo γ = ∗(Π) em G∗ circunda o v´ertice v ∈ V (G).

Teorema 2.2.5. Seja G um grafo que possui representa¸c˜ao planar sem v´ertice de acu- mula¸c˜ao. Se G tem crescimento polinomial e dim(G) > 1, ent˜ao pc(G) < 1.

Demonstra¸c˜ao. Como G tem crescimento polinomial, temos que existem n´umeros c e d tais que para todo x ∈ V (G) e r ≥ 1, B(x, r) ≤ crd. O fato de dim(G) > 1, implica que existem k, ǫ > 0 tais que para todo W ⊆ V (G) conexo, finito e n˜ao vazio, |∂W | ≥ k|W |ǫ. Pelo lema anterior em conjunto com o Argumento de Peierls, basta mostrar que para algum x ∈ V (G), existe uma constante C tal que

{γ ciclo em G∗; |γ| = n e γ circunda x} ≤ Cn.

Para isto, vamos incialmente cotar o n´umero de caminhos de tamanho n entre dois v´ertices de G∗. Sejam a6= b∈ V (G), definimos p(a, b, n) como o n´umero de caminhos em G

de tamanho n com v´ertice inicial a∗ e final b. Definimos tamb´em

p(n) = max

a∗6=b∈V (G)p(a

, b, n).

Mostraremos que p(n) ≤ cn

Fixemos um caminho γ∗ de tamanho 2n com v´ertice inicial ae final b. Seja δum

caminho qualquer de mesmo tamanho e mesmos extremos de γ∗. Cotaremos quantos

poss´ıveis δ∗ existem. Para cada e∈ γ, existem dois v´ertices adjacentes a e em G. Seja

{v1, v2, · · · , v4n} o conjunto de todos estes v´ertices. Denotemos por f∗ o n-´esimo elo de

δ∗ e por w

1, w2 os v´ertices correspondentes ao elo f em G. Como γ∗ ∪ δ∗ ´e um passeio

come¸cando e terminando no mesmo v´ertice, ou f∗ ∈ γ, ou f∈ β⊆ γ∪ δ, onde

β∗ ´e um ciclo. Suponha que f∈ β. Uma vez que β ´e corte, definimos Q para ser a

componente conexa finita de G \ β e denotemos por w o v´ertice de f pertencente a Q. Note que β∗ 6⊆ δ, uma vez que δ´e um caminho, logo existe v ∈ {v

1, v2, · · · , v4n} ∩ Q.

Agora veja que

|∂Q| = |β| ≤ |γ∗∪ δ| ≤ 4n,

o que implica pela condi¸c˜ao da dim(G) > 1 que |Q| ≤ 4n k

1 ǫ

. Como Q ´e conexo, temos dist(v, w) ≤ (4n/k)1/ǫ, donde

w ∈ 4n [ i=1 B  vi,  4n k 1 ǫ  .

Caso ocorra que f∗ ∈ γ, tome w = w

1. Segue que w = vi para algum i, e que

w ∈ 4n [ i=1 B  vi,  4n k 1 ǫ  .

Decorre do crescimento polinomial de G, que temos no m´aximo 4nc(4n/k)d/ǫ possi-

bilidades para w. Segue tamb´em do crescimento polinˆomial de G que todo v´ertice de G tem no m´aximo c vizinhos, donde temos no m´aximo 4nc2(4n/k)d/ǫ possibilidades para f ,

o que implica que temos no m´aximo 8nc2(4n/k)d/ǫ possibilidades para o v´ertice do meio

de δ∗. Segue portanto que

p(2n) ≤ 8nc2 4n k

d ǫ

p(n)2.

Seja c1 = max{8c2(4/k)d/ǫ, 1}, c2 = 21+d/ǫ e c3 = 1 + (2/k)1/ǫ. Se existir pelo menos 2

elos entre dois v´ertices distintos de G∗, teremos em G cortes de tamanho 2, cujo tamanho

da componente conexa finita ´e no m´aximo (2/k)1/ǫ, feito isso ´e f´acil ver que p(1) ≤ c 3.

Aplicando a desigualdade

p(2n) ≤ c1n1+

d ǫp(n)2

repetidas vezes, teremos p(21) ≤ c 1c02p(1)2 ≤ c1c02c23 = c2 1−1 1 · c02· c2 1 3 , p(22) ≤ c 1c2p(2)2 ≤ c1c2(c1c23)2 = c2 2−1 1 · c1·2 0 2 · c2 2 3 , p(23) ≤ c 1c22p(2)2 ≤ c1c22(c31c2c43)2 = c2 3−1 1 · c (2·20+1·21) 2 · c2 3 3 , e de modo geral p(2n) ≤ c1cn−12 p(2n−1)2 ≤ c1cn−12 c2 n−1−1 1 c (Pn−3i=0(n−2−i)2i) 2 c2 n−1 3 2 = c21n−1·c( Pn−2 i=0(n−1−i)2i) 2 ·c2 n 3 .

Agora mostraremos por indu¸c˜ao que

n−2

X

i=0

(n − 1 − i)2i ≤ 2n

para todo n ≥ 2. ´E imediato para n = 2, e supondo verdade para n − 1, temos que

n−2 X i=0 (n − 1 − i)2i ≤ n−2 X i=0 2i+ n−3 X i=0 (n − 2 − i)2i ≤ 2n−1+ 2n−1 = 2n.

Logo, para todo n ∈ N,

p(2n) ≤ (c 1c2c3)2

n

.

Segue da mesma argumenta¸c˜ao usada ateriormente, que para todo m ≤ n temos p(n + m) ≤ c1n1+

d

ǫp(n)p(m).

Provaremos agora, usando novamente indu¸c˜ao, que para todo n temos p(n) ≤ cn 0, onde

c0 = c21c22c3. Para n = 1 e demais potˆencias de 2 j´a foi feito. Agora suponha a desigualdade

v´alida para todo i < n, seja m tal que que 2m < n < 2m+1 e tome j = n − 2m. Note que

p(n) = p(2m+ j) ≤ c1(2m)1+ d ǫp(2m)p(j) ≤ c1cm 2 (c1c2c3)2 m (c21c22c3)j ≤ (c21c22c3)2 m+j ≤ cn0.

Agora seja x ∈ V (G) e considere γ um corte de tamanho n que separa x de ∞. Como γ ´e a fronteira da componente conexa de G \ γ que cont´em x, temos que o tamanho desta componente ´e ≤ (n/k)1/ǫ e portando est´a contida na bola B(x, (n/k)1/ǫ). Pelo

crescimento polinomial n˜ao temos mais que c(n/k)d/ǫ poss´ıveis v´ertices pertencentes a

esta componente e portanto n˜ao temos mais que c2(n/k)d/ǫ elos que podem participar

de γ. Para cada um destes elos e, um corte que cont´em e ´e levado por ∗ em um ciclo contendo e∗ e outros n − 1 elos de G. Logo o n´umero de poss´ıveis cortes de tamanho n

que separam x de infinito ´e igual a

{γ ciclo em G∗; |γ| = n e γ circunda x} ≤ c2 n k d ǫ p(n − 1) ≤ c2 n k d ǫ cn−10 ≤ Cn

para alguma constante C > 0, como quer´ıamos provar.

Nosso pr´oximo objetivo ser´a provar que grafos com grau limitado, constante de con- torno positiva e que possuam bi-geod´esica infinita admitem transi¸c˜ao de fase n˜ao trivial. Tamb´em mostraremos que grafos com grau limitado, tais que as constantes PG e RG s˜ao

positivas, percolam. Mas primeiro ser´a demonstrado o Teorema de Euler, muito conhecido na teoria de grafos, que nos permitir´a, dado um grafo G, cotar o n´umero de subconjuntos conexos de V(G) contendo um v´ertice dado e de tamanho fixado. Esta cota ser´a utilizada durante a demonstra¸c˜ao dos teoremas mencionados acima.

Lema 2.2.6. Seja G um multigrafo finito tal que cada v´ertice de G tenha grau pelo menos

Demonstra¸c˜ao. Se G cont´em um la¸co ou elo m´ultiplo, temos o resultado. Suponha ent˜ao G um grafo. Fixe v0 ∈ V (G), iremos construir um ciclo como se segue. Escolha v1 vizinho

a v0, e para cada i > 1, escolha um v´ertice vi vizinho a vi−1mas diferente de vi−2. Sempre

´e poss´ıvel a escolha dos vi’s pois G tem grau m´ınimo ≥ 2. Como

V (G) < ∞ temos que existem i 6= j de modo que vi = vj. Seja

n = minj; vj = vi para algum 0 ≤ i ≤ j − 1

e seja m ∈ {0, 1, · · · , n − 1} tal que vm = vn. Note que (vm, vm+1, · · · , vn−1, vn) ´e um

ciclo.

Teorema 2.2.7 (Euler). Seja G um multigrafo conexo e finito. Todo v´ertice de G tem

grau par se, e somente se, existe um circuito em G que cont´em todos os seus elos. Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que todo v´ertice de G tenha grau par. A prova ser´a feita

por indu¸c˜ao no n´umero de elos de G. Se E(G) = 1, e pelo fato dos v´ertices de G terem grau par, devemos ter que G ´e um la¸co, e este la¸co ser´a o circuito procurado.

Agora seja G tal que E(G) > 1. Como G ´e conexo e todos seus v´ertices tem grau par, temos que o grau m´ınimo de G ´e pelo menos 2. Pelo Lema 2.2.6 temos que G cont´em um ciclo γ. Caso γ possua todos os elos de G, o teorema estar´a provado. Caso contr´ario seja H = G \ E(γ). Note que H possui todos seu v´ertices de grau par, e ´e claro que E(H) < E(G) , logo pela hip´otese de indu¸c˜ao temos que cada componente conexa de H (exceto v´ertices isolados) possui um circuito contendo todos os seus elos. Pela conexidade de G, cada componente conexa de H cont´em um v´ertice em γ. Para obter o circuito desejado em G, basta seguir pelos elos de γ at´e encontrar um v´ertice n˜ao isolado de H, pecorrer o circuito na componente conexa de H correspondente ao v´ertice e depois continuar pecorrendo os elos de γ, repentindo este processo at´e retornamos ao v´ertice inicial.

A rec´ıproca ´e ´obvia.

Corol´ario 2.2.8. Seja G um grafo com grau m´aximo ∆ e x um v´ertice fixo de G. Temos que



A ⊆ V (G); |A| = n, x ∈ A e A ´e conexo ≤ ∆2(n−1).

Demonstra¸c˜ao. Seja A ⊆ V (G) conexo, |A| = n e o ∈ A. Escolha T uma ´arvore geradora

de G[A], isto ´e, T ´e um subgrafo de G[A] que ´e uma ´arvore e V (T ) = A. Seja T o multigrafo obtido a partir de T por dobrar cada um de seus elos. ´E claro que todos os v´ertices de T possuem grau par e decorre do Teorema de Euler que existe um circuito em Tcontendo todos os seus elos. Em particular existe um passeio em G come¸cando em x de tamanho 2(n − 1) que cont´em todos os v´ertices de A. Segue do fato do grau m´aximo de G ser ∆ que podemos cotar o n´umero de passeios em G come¸cando em x de tamanho 2(n−1) por ∆2(n−1) uma vez que cada passo pode ser tomado de no m´aximo ∆ maneiras distintas.

Como elementos distintos em A ⊆ V (G); |A| = n, x ∈ A e A ´e conexo correspondem a passeios distintos, o resultado segue.

Teorema 2.2.9. Seja G um grafo de grau m´aximo ∆. Se G tem uma bi-geod´esica infinita e RG> 0, ent˜ao

pc(G) ≤ 1 −

1 2(2e∆2)RG1 .

Demonstra¸c˜ao. Seja γ uma bi-geod´esica infinita de G. Escolha x um v´ertice de γ e seja ρ

e ρ′ os dois raios geod´esicos come¸cando em x tais que γ = ρ ∪ ρ. ´E claro que todo corte Π

que separa x de ∞ cont´em pelo menos um elo do raio ρ, e seja ex(ρ, Π) o elo pertencente

a ρ ∩ Π mais pr´oximo de x. Definimos rn(x, ρ) =



e ∈ E(ρ); ∃Π corte de tamanho n entre x e ∞ tal que e = ex(ρ, Π)

. Como ρ ´e um raio geod´esico, temos que

rn(x, ρ) ≤ supd(x, ex(ρ, Π)); Π ´e corte de tamanho n entre x e ∞ . Segue de ρ ∪ ρ′ ser uma bigeod´esica infinita com ρ e ρcome¸cando em x que

d(x, ex(ρ, Π)) ≤ d(ex(ρ, Π), ex(ρ′, Π))

para todo corte Π entre x e ∞. Em geral, se e e e′ s˜ao dois elos de Π, corte entre x e ∞,

temos que d(e, e′) ≤ dt

G(Π), e por defini¸c˜ao da constante de contorno temos que

dtG(Π) ≤|Π| RG

.

Agora variando Π entre os cortes de tamanho n entre x e ∞, teremos rn(x, ρ) ≤ sup Π d(x, ex(ρ, Π)) ≤ sup Π d(ex(ρ′, Π), ex(ρ, Π)) ≤ sup Π dtG(Π) ≤ n RG ≤ eRGn .

Agora, note que  Π corte entre x e ∞; |Π| = n X e∈rn(x,ρ)  Π corte entre x e ∞; |Π| = n, e ∈ Π ≤ rn(x, ρ) sup e∈E(G)  Π corte entre x e ∞; |Π| = n, e ∈ Π . Agora cotaremos a cardinalidade de Π corte entre x e ∞; |Π| = n, e ∈ Π . Para isto, definimos um mapa τ que a cada corte Π de tamanho n tal que e ∈ Π associa uma ´arvore τ (Π) que ´e um subgrafo de G tal que Π ⊆ E(τ (Π)) e E(τ (Π)) = dtG(Π). Como supomos RG> 0, temos que para todo corte Π de tamanho n, dtG(Π) ≤ n/RG e portanto

E(τ (Π)) ≤ n/RG. Logo temos no m´aximo  n

RG

n 

≤ 2RGn

maneiras de escolher o conjunto Π de tamanho n em E(τ (Π)). Veja que  Π corte entre x e ∞; |Π| = n, e ∈ Π X τ ´arvore em G |E(τ )|=n/RG e∈E(τ ) 2RGn .

Segue do corol´ario 2.2.8 e de G ter grau m´aximo ∆ que



Π corte entre x e ∞; |Π| = n, e ∈ Π 2∆2RGn , ∀e ∈ E(G).

Logo pelo que vimos, temos



Π corte entre x e ∞; |Π| = n ≤ rn onde r = 2e∆2RG1 .

Corol´ario 2.2.10. Todo grafo quase-transitivo G com RG> 0 percola.

Demonstra¸c˜ao. Basta mostrar que todo grafo quase-transitivo possui uma bi-geod´esica

infinita.

Fixe um v´ertice o ∈ V (G), irei mostrar primeiramente que G possui um raio geod´esico come¸cando em o. Seja {o = v0, v1, · · · , vn, · · · } uma ordena¸c˜ao de V (G), e escolha para

cada i um caminho γi entre os v´ertices o e vi de tamanho d(o, vi). Como o tem grau finito,

temos que existe w1 vizinho de o que pertence a infinitos γi’s. Defina

Γ1 = {γi; w1 ∈ V (γi)},

e como |Γ1| = ∞ e w1 tem grau finito, temos que existe w2 vizinho a w1 que pertence

a infinitos caminhos de Γ1. Uma vez definido wj e Γj, e de wj ter grau finito, podemos

escolher um wj+1vizinho a wj tal que wj+1 pertence a infinitos caminhos de Γj. Definimos

ent˜ao

Γj+1 = {γi ∈ Γj; wj+1 ∈ V (γi)},

e veja que Γj = ∞. Pelas escolhas feitas acima, ´e claro que d(0, wj) = j para todo j, donde

ρ = (o, w1, w2, · · · , wn, · · · )

´e um raio geod´esico de G come¸cando em o.

Agora tome ∅ 6= W = {w1, · · · , wn} ⊆ V (G) tal que para todo x ∈ V (G) existe um

automorfismo ϕ de G satisfazendo ϕ(x) ∈ W , o que ´e garantido por G ser quase-transitivo. Seja ρ = (o = x0, x1, x2, · · · , xi, · · · ) um raio geod´esico come¸cando em o. Definimos

para todo 1 ≤ i ≤ n o conjunto

Ai = {x ∈ V (ρ) \ {o}; ∃ϕ ∈ Aut(G), ϕ(x) = wi}.

Como V (ρ) = ∞, temos que |Ai| = ∞ para algum i. Fixemos agora este i e seja Ai = {xi1, xi2, · · · }, onde ij ∈ N e ij < ij+1 para todo j. Note que para todo j, temos um

automorfismo ϕj de G de modo que ϕj(xij) = wi. E mais, se ρj = (x0, x1, · · · , x2ij), temos

que δj = ϕj(ρj) ´e um caminho geod´esico de G centrado em wi, de tamanho 2ij ≥ 2j.

Defina

∂j = B(wi, j) \ B(wi, j − 1),

e seja ∂j

2



o conjunto dos subconjuntos de 2 elementos de ∂j. Iremos construir uma

bigeod´esica infinita de G do seguinte modo: Seja β0 = (y0 = wi).

Agora como ∂1

2



´e finito, temos que existe um par {y−1, y1} ∈ ∂21



que pertence a δj para

infinitos j. Definimos

∆1 = {δj; y−1, y1 ∈ V (δj)},

β1 = (y−1, y0, y1).

Uma vez que |∆1| = ∞ e ∂22



´e finito, temos que existe um par {y−2, y2} ∈ ∂22



de modo que y−2 ∼ y−1 e y2 ∼ y1 que pertence a infinitos caminhos de ∆1. Definimos

∆2 = {δj ∈ ∆1; y−2, y2 ∈ V (δ)},

Definidos ∆i e γi, vemos de |∆i| = ∞ e ∂i+12



ser finito, que temos a existˆencia de um par {y−(i+1), yi+1} ∈ ∂i+12



com y−(i+1) ∼ y−i e yi+1∼ yi que pertence a infinitos caminhos

de ∆i. Definimos assim

∆i+1= {δ ∈ ∆i; y−(i+1), yi+1 ∈ V (δ)},

βi+1= (y−(i+1), y−i, · · · , y−1, y0, y1, · · · , yi, yi+1).

Como βi ´e um caminho geod´esico para todo i, temos que

β =[

i

βi = (· · · , y−2, y−1, y0, y1, y2, · · · )

´e a bigeod´esica infinita procurada.

Teorema 2.2.11. Seja G um grafo de grau m´aximo ∆. Se RG > 0 e PG > 0, temos que

pc(G) < 1 −

1 2(2∆2)RG1 ePG1

.

Demonstra¸c˜ao. Escolhamos um v´ertice x de G. Como G ´e conexo, infinito e de grau

limitado, temos que existe um raio geod´esico ρ come¸cando em x (ver demonstra¸c˜ao do Corol´ario 2.2.10). Seja rn(x, ρ) como definido na demonstra¸c˜ao do Teorema 2.2.9. Uma

vez que PG> 0, teremos para todo corte Π de G entre x e ∞, que

|Π| ≥ PGlog  diam Int(Π). Ent˜ao rn(x, ρ) ≤ sup n

diam Int(Π); Π ´e corte de tamanho n entre x e ∞o≤ ePGn

Na demonstra¸c˜ao do Teorema 2.2.9 vimos que  Π corte entre x e ∞; |Π| = n rn(x, ρ) (2∆2) n RG

Logo temos que 

Π corte entre x e ∞; |Π| = n ≤ rn, onde r = ePG1 (2∆2)RG1 . O resultado segue pelo Argumento de Peierls.

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