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Revista
Brasileira
de
CIÊNCIAS
DO
ESPORTE
ARTIGO
ORIGINAL
Análise
dos
gols
do
Campeonato
Brasileiro
de
2008
---
Série
A
Marcelo
Teixeira
de
Andrade,
Luciano
Chequini
Espirito
Santo,
André
Gustavo
Pereira
Andrade
e
Gustavo
Guimarães
Aguiar
Oliveira
∗EscoladeEducac¸ãoFísica,FisioterapiaeTerapiaOcupacional,UniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil
Recebidoem9dejunhode2012;aceitoem1deabrilde2013 DisponívelnaInternetem20defevereirode2015
PALAVRAS-CHAVE
Futebol;
Análiseestatística; Observac¸ão; Desempenho
Resumo O objetivo deste artigo é quantificar e analisar a ocorrência de assistências, finalizac¸ões epontosdabaliza ondeabolaentrou, para compararaprevalênciadas variá-veisentreasequipeslocaisevisitantes.Osdadosforamcompostospor1.035gols,marcados em380jogosdoCampeonatoBrasileirode2008.Osgolsforamanalisadosapartirdeum cam-pogramaedeummodelodedivisãodatrave.Oslocaisdeassistênciadebolaemmovimento queresultaramemgolsforamdeforadaáreaaocentroeforadaáreanapontaesquerda.Os principaislocaisdefinalizac¸ãoforamagrandeáreaeforadaáreaao centro.A maioriadas bolasentrounaparteinferiordogol.Houveumnúmerobaixodegolsdeforadaárea,oque demonstraanecessidadedeexploraresterecursoparaaobtenc¸ãodogol.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
KEYWORDS
Soccer;
Statysticalanalysis; Observation; Performance
Analysisofthegoalsscoredinthe2008BrazilianChampionship---ASeries
Abstract Thisstudyaimstoquantifyandanalyzetheoccurrenceofassists,shots,andlocations wheretheballenteredthegoal,inordertocomparetheprevalenceofvariablesamonghome andvisitorteams.The sampleconsistedof1,035goalsscoredin380gamesintheBrazilian Championship2008.Themainassistancelocationsofmovingballsleadingtogoalswere:from outsidetheareatothecenterandfromoutsidetheareaattheleftwing.Themainlocations forshotswerethepenaltyareaandoutsidetheareatothecenter.Mostballsenteredthegoal atthelowerpartofthecrossbars.Itisconcludedthattherewasalownumberofgoalsfrom outsidethearea,whichshowstheuseofthisresourceislackingwhenitcomestoscoringthe goal.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:gustavoguimaraes68@hotmail.com(G.G.A.Oliveira). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2013.04.001
PALABRASCLAVE
Fútbol;
Análisisestadístico; Observación; Desempe˜no
ElanálisisdelosgolesmarcadosenelCampeonatoBrasile˜no2008---PrimeraDivisión
Resumen: Elestudiotuvocomo objetivo cuantificaryanalizar la ocurrencia deasistencias, tiros,lugaresenlosqueelbalónentraseenlametaycompararlaprevalenciadelasvariables entreelhogarylosequiposvisitantes.Lamuestraconsistióen1.035golesen380partidosenel CampeonatoBrasile˜node2008.Loslugaresprincipalesdeasistenciadepelotasenmovimiento queconducenalosobjetivosfueronlossiguientes:desdefueradeláreaparaelcentroydesde fuera delárea en elala izquierda,en loque respectaal origen delos disparos finaleslas principalesáreasfueroneláreayfueradelazonaalacentro.Lamayoríadelosbalonesentró enlametaenlaparteinferiordelasbarrastransversales.Seconcluyequehubounbajonúmero degolesdesdefueradelárea,quemuestraelusodeesterecursoquefaltacuandosetratade marcarelgol.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todoslos derechosreservados.
Introduc
¸ão
OCampeonato Brasileirode Futebolvemevoluindo muito nosúltimosanos.Suaprimeiraedic¸ãoocorreuem1971.Em 2003,passouaserdisputadonosistemadepontoscorridos, deformacontínua,emturnoereturno.Atéentão,não obe-deciaàsmesmasregras,sendofrequentesasmudanc¸asno regulamento(Artuso,2007)quantoacalendário,sistemade disputaenúmerodeparticipantes.
Apesardeofutebolserconsideradoumesporteemque a sortee o aproveitamento das chances são determinan-tes dos resultadosdos jogos, essa subjetividade, pouco a pouco,vemcedendolugaràciência(Cunhaetal.,2001).Nas últimasdécadas,ampliaram-seosestudosorientadospara aanálisedos jogos(Garganta,2001a)edasistematizac¸ão doconhecimentosobreo futebol(Garganta etal.,2001). Asinvestigac¸õesrelacionadasàanálisedojogocomec¸aram em 1936, quando se passou a registrar a quantidade de passes, as técnicas dojogo e a efetividadedessas técni-casnaevoluc¸ãodasac¸õesdeataqueedefesadasequipes (Godik,1996).Em síntese,pode-se dizerque aanálise do jogopermiteestabelecerpadrõesdasatividadesdos joga-doresedasequipes,descreveraatividadecujapresenc¸aou ausênciasecorrelacionaaresultadospositivos,promovero desenvolvimentodemétodosdetreinosquegarantammaior especificidadeeindicartendênciasevolutivasdasdiferentes modalidadesesportivas(Garganta,2001a).
Uma ferramenta que contribui para a análise do jogo é o scout,definidocomo umprocesso numérico que atri-buidados à determinadaequipe durante os jogos(Cunha etal.,2001)eavaliaosfundamentostécnico-táticos execu-tadospelos jogadoresdurante aspartidas(RamoseAlves, 2006).NoBrasil,aocontráriodoqueocorrenovoleibolcom grandesucesso,esterecursoquasenãoéutilizadonofutebol (Venditeetal.,2000),oqueseconstituiemfatorlimitador, poispoderiacriarumabasededadoscompletasobrecada jogo,possibilitandoàcomissãotécnicamelhoraro desem-penhodaequipe(Giacominietal.,2011;Macieletal.,2011; Souzaetal.,2012).Oscouttambémpodeserutilizadopara abuscadeinformac¸õessobreoadversário(Garganta,1997; SilvaeCamposJúnior,2006).
A utilizac¸ão do scout na Eurocopa de 2004 evidenciou que68%dos77golsocorreramcombolaemmovimento,dos quais40% foramconcluídosdentrodaárea,equedebola parada ocorreram 32% dos gols, incluindofaltas diretase indiretas,pênaltiseescanteios(Ramos;Oliveira,2008).Na LigaEspanholade1998/1999,forammarcados1.003golsem 380partidas.NaCopadoMundode1994,forammarcados 93golsem36jogos.NaCopadoMundode1998,realizada naFranc¸a,ocorreram126golsem48partidas(Lopéz,1999). As estatísticas mostram que o mando de campo pode favorecerasequipes,poisváriosfatorespodeminfluenciar comoatorcida,oprivilégioarbitral,afamiliaridadecomo campodejogoeofatodenãosofreremdesgastecom via-gens(Silva,2004;SilvaeMoreira,2008;Silvaetal.,2010). Naliteraturapesquisada,nãoforamencontradosestudos queutilizaram oscoutparao apontamentodasac¸õesque levamaosgolsesuarelac¸ãocomofatormandodecampo ---oquemotivouaelaborac¸ãodesseestudo.
Oobjetivodoestudoéquantificareanalisarosgolsdo CampeonatoBrasileirode2008---SérieA,combaseemum scoutemquefoiregistradoolocaldeondepartiramas assis-tências para os gols, as finalizac¸ões e os locais da baliza ondeabolaentrou.Alémdisso,procedeu-seàcomparac¸ão daprevalênciadessasvariáveis(p.ex.finalizac¸ões)entreas equipeslocaisevisitantes.
Materiais
e
métodos
Osdadosforamcompostospor1.035golsmarcadosnos380 jogos,realizadosnoperíododemaioadezembro,no Cam-peonatoBrasileirode2008---SérieA.
Campo
B1 B2
B3 B4 B5
B6 B7 B8
A1
A4 A5 A6
A2 A3
Figura1 Áreasdocampoondeocorreramasac¸ões.
A análise dos gols foi feita com base na técnica de anotac¸ão manual (scout), como proposto por Garganta (2001).Assim,acoletadedadosfoidivididaem:
- Área de assistências de bola em movimento e de bola parada;
- Áreadas finalizac¸õesqueoriginaramde assistênciaeas quenãotiveramorigemdeassistência(p.ex.rebote); - Locaisnametaondeabolapassou.
Caracterizac¸ãodasac¸õesutilizadasnoscout:
1. Assistência para gol: último passe antes de uma finalizac¸ão. Estes passe não é resultado de uma bola parada.
2. Assistênciaparagoldebolaparada:passesqueresultam em finalizac¸ão a partir de bola parada (p.ex. faltas e escanteios).
3. Golquenãoseoriginoudeumaassistência:
3.1. Gols de rebote (RB): ocorreu a apartir de um rebote.Ouseja,orebotefoipropiciadopelogoleiro ou qualquer defensor que esteja em posic¸ão que impec¸aaboladeentrar.
GOL
G1 G2 G3 G4 G5
G6 G7 G8 G9 G10
G11 G12 G13 G14 G15
Figura2 Posic¸õesondeabolaentrou.
3.2. Golsdefaltadireta(FD):detirolivresdireto cobra-dosdeforadaáreaemqueabolaébatidadireta aogol.
3.3. Golscontra(GC):feitoporumintegrantedaequipe emsuaprópriameta.
3.4. Golsdepênalti(PT):detirolivrediretocobradode dentrodaáreapenal.
3.5. Golsolímpicos (OL):queocorreu a partirde uma bolacobradadiretamentedeumescanteioaogol. 3.6. Golsdejogadaindividual(JI):em queo lancefoi realizadoporapenasumjogador.Ouseja,quando as manobras, como dribles e conduc¸ões, foram decisivas.
4. Finalizac¸ão queresultou em gol:ponto exatode onde partiuoarrematequeprecedeuogol.
Aanálisee posterior registrodos golsforamrealizados pordoispesquisadores independentes, eumterceiro pes-quisadorparticipounassituac¸õesdedivergência.Asimagens foramexaminadastrêsvezesepausadasnoiníciodajogada. Oobjetivofoiminimizaroserroscausadosporanálisesfeitas emdiferentesângulos.
Os dados foram tabulados em uma planilha (Microsoft Office Excel, versão 2010), o que permitiu quantificar as áreasdeorigemecompararafrequênciadasvariáveis cita-dasentreasequipesmandantesevisitantes.
Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva observacional.Osdadosforamapresentadosemvalores per-centuais,calculadosnoMicrosoftOfficeExcel,versão2010. As comparac¸ões da frequência das variáveis (assistências paragols,assistênciasdebolaparada,golsquenãoforam deassistência de um passe e finalizac¸ões) entre as equi-pes mandantese visitantes foramrealizadas por meiodo testequi-quadradodeproporc¸ões,comnívelde significân-ciadep<0,05. Opacoteestatísticoutilizado paraanálise inferencialfoioSPSS18.0.
Resultados
NoCampeonatoBrasileirode2008---SérieAforam marca-dos1.035gols,commédiade2,72golsporpartida.Desses 1.035gols,627ocorreramapartirdeassistências,dosquais 519(82,8%)foramdecorrentesdebolaemmovimentoe108 (17,2%)debolaparada.
O mando de jogo interferiuno númerode assistências de bola em movimento: 336 (64,7%) das equipes locais contra 183 (35,3%) das equipes visitantes, resultado afe-ridopelotestequi-quadrado(p=0,003). Asequipes locais tambémforamresponsáveispor66(61,1%)assistênciasde bolaparada,índicesuperior(p=0,021)aodasvisitantes42 (38,9%)(tabela1).
Tabela 1 Assistências que resultaram em gols: Comparac¸ão entre equipes locais e equipes visitantes (%)
CASA FORA
ACM 64,7* 35,3
ACP 61,1* 38,9
ACM,assistênciascombolaemmovimento; ACP,assistênciascombolaparada.
* Valordepfoimenorqueoníveldesignificânciaadotadode
p<0,05.
Tabela 2 Gols que não se originaram de assistência e comparac¸ãoentreequipeslocaiseequipesvisitantes(%)
Variáveis
FD PT OL GC RB JI 10,5 27,5 0,5 3,4 40,0 18,1 CASA 62,7*
FORA 37,3
FD,golsdefaltadireta,PT,golsdepênalti,OL,golsolímpicos, GC,golscontra,RB,golsderebote,JI,golsdejogadaindividual. * Valordepfoimenorqueoníveldesignificânciaadotadode
p<0,05.
Osgolsquenãoapresentaramorigemdeassistência tota-lizaram408(39,4%).Destes,163foramderebote(RB),112 depênaltie 74dejogadas individuais(JI).Comparando o número de gols que não se originaram de uma assistên-cia(p.ex. rebotes)entreasequipeslocaise visitantes, os valoresforam256(62,8%)e152(37,3%),respectivamente, sendosignificativamentemaior(p=0,001)pelotestede qui--quadradoparaasequipeslocais(tabela2).
Emrelac¸ãoàorigemdasfinalizac¸õesqueresultaramem gols,50,1%(519)partiramdaáreaA5,23,1%(239)daárea
Campo
B1
25,9%
B3
10,2%
B4
14,8%
B5
B6 B7 B8
9,3%
0,9% 38,9%
B2 A1
A4 A5 A6
A2 A3
Figura3 Assistênciascombolaemmovimento(%).
Campo
B1
4,8% 8,3%
5,4%
7,0% 1,0%
3,8%
25,4% 14,7%
B2 A1
A4 A5 A6
A2 A3
B3
6,4%
B4
29,8%
B5
B6 B7 B8
6,2%
0,2% 0,8% 0,5%
Figura4 Assistênciasdebolaparadaqueresultaramemgol
(%).
Campo
B1
5,2% 50,1%
4,3%
0,9% 23,1%
1,3%
0,2% 0,5%
B2 A1
A4 A5 A6
A2 A3
B3
0,3%
B4
13,8%
B5
B6 B7 B8
0,3%
Figura5 Origemdasfinalizac¸õesqueresultaramemgol(%).
A2 e 13,8% (143) da área B4 (fig. 5). As finalizac¸ões que resultaram em gol, quando comparadas entre as equipes locaisevisitantes,foram:658(63,57%)afavordaslocaise 377(36,43%)dasvisitantes,sendosignificativamentemaior (p=0,001)pelotestedequi-quadradoparaasequipeslocais (tabela3).
Tabela3 Finalizac¸õesqueresultaramemgol:Comparac¸ão entreequipeslocaiseequipesvisitantes
CASA FORA
FIN 63,6* 36,4
FIN,finalizac¸ões.
* Valordepfoimenorqueoníveldesignificânciaadotadode
p<0,05.
Discussão
NoCampeonatoBrasileirode2008---SérieA,das380 parti-dasdisputadas,96terminaramempatadas,em208ostimes locaisvencerameem76ostimesvisitantes.Ocorreram658 golsafavordasequipeslocaise377afavordasequipes visi-tantes.Omandodejogointerferiunasvariáveisanalisadas, poisasequipeslocais apresentaramnúmeros significativa-mentemaioresdeassistênciasdoqueasequipesvisitantes (p=0,003), maior número de assistências de bola parada (p=0,021), maior quantidadede gols que não se origina-ramdeassistência,porexemplo,rebotes(p=0,001)emaior númerodegols(p=0,001).Estesresultadospodemser expli-cados pelo grande volume dejogo imposto pelas equipes locais. A vantagem de jogar em casa já foi demonstrada emestudosanteriores(NevilleHolder,1999;Pollard,2002; Silva,2004;Silva;Moreira,2008;Silva;Medeiros;Silvaetal., 2010; Almeida et al., 2011). Os fatoresantipatia da tor-cidaesuainfluênciasobreosárbitroseequipesvisitantes, condic¸ões do campo,longas viagens e diferenc¸as climáti-caspodemserindíciosparaexplicaressavantagem(Nevill e Holder, 1999; Nevill et al., 2002; Pollard,2002; Silva e Moreira,2008).
Forammarcados1.035gols,commédiade2,72golspor partida.Noscampeonatospaulistasde2009(SérieA1,A2e A3),a médiafoide 2,84gols porpartida (Mascara etal., 2010);noBrasileirode2001,de2,77gols(Oliveira,2003); e no espanhol de1998/1999, de2,63 gols (Lopéz, 1999). Avariac¸ão nessesresultados podeserexplicada pelofato deaformadedisputadascompetic¸õesnãosertotalmente similar.Em1994,amédiadaCopadoMundofoide2,58gols porpartida eem1998 foide2,62(Lopéz,1999).NaCopa de2006ocorreuàmédiamaisbaixadetodasasCopas:2,30 (Silvae Moreira,2008).NaEurocopa,a médiafoide 2,48 (Ramos;Oliveira,2008).
Estes resultados mostram que a maior dificuldade de fazergols nas Copas, nasEurocopase nos torneioscurtos
GOL G1
3,9 1,9 1,2 1,4 4,3
7,9 3,2 4,3 3,7 3,7
22,9 8,4 5,1 5,3 18,3
G2 G3 G4 G5
G6 G7 G8 G9 G10
G11 G12 G13 G14 G15
Figura6 Locaisdabalizaondeabolaentrou(%).
podeser explicadapela formac¸ãotática dasequipes, tra-duzidos pela maior preocupac¸ão com a defesa (Ramos; Oliveira,2008),jáqueumgolpodecausaraeliminac¸ãoda competic¸ão.NaCopa,emqueamédiadegolsfoiamenor, isso foi confirmado, pois muitas Selec¸ões priorizaram um esquemadejogo(4-5-1)defensivo(SilvaeCampos Júnior, 2006).
NoCampeonatoBrasileirode2008---SérieA,ocorreram 770(74,4%)golsdebolaemmovimentoe265(25,6%)gols debolaparada. JáosresultadosdoCampeonatoEspanhol de 1998/1999 foram: 840 (83,7%) gols de bola em movi-mento e 163 (16,3%) gols de bola parada (Lopéz, 1999). Essapequenadiferenc¸apodeestar relacionadaao fatode muitasequipes brasileirasseutilizarem das bolasparadas comoferramentadecisivanabuscadeseusresultados.Em competic¸ões curtas,a bola parada tambémé privilegiada nasac¸õesofensivas,já queexiste poucotempode traba-lhoparaamodelac¸ãodaequipe.TalvezporissonaCopado Mundode1994,naCopadoMundode1998ena Eurocopa de2004osvaloresreferentesàsbolasparadastenhamsido similares e superiores aos reveladosneste estudo quando comparadosdeformaabsoluta.Somente naCopade2006 houveumapequenareduc¸ão.Arazãoparaomaiornúmero de gols de bola parada nas competic¸ões disputadas por Selec¸ões pode ser explicada pelo fato de que as equipes jogam mais na defesa e priorizam este tipo de jogada (Ramos; Oliveira, 2008). Outro aspecto a ser considerado équeemtaiscompetic¸õesestãopresentesgrandes especi-alistasnestetipodelanc¸amento,osquaispodemgarantira vitóriasemumagrandeexposic¸ãoaoataque(Lopéz,1999). Neste estudo,apurou-se que 627 gols (60,6%) do Cam-peonato Brasileiro --- Série A ocorreram a partir de uma assistênciacontra408(39,4%)quenãoapresentaram assis-tência antes da finalizac¸ão. Os principais locais de onde partiram as assistências foram às áreas B4 (29,8%) e B1(25,1%),sugerindo a falta de utilizac¸ão dolado direito do campo, o que possibilitaria maior número de gols, e anecessidade deconcentrar a atenc¸ão defensiva nolado esquerdo e na área central do campo. Dos 627 gols que ocorreramdeassistência,519(82,8%dototalde assistên-cias)foramde bolaem movimento e 108(17,2%) debola parada.Essesdadosdemonstramaimportânciadasjogadas debola parada, pois10,4% dos 1.035 gols surgiram deste tipodejogada. As faltasforam responsáveispor52 assis-tências(5,0% dos1.035 gols) e ascobranc¸as de escanteio por56(5,4%dos1.035gols).
dototaldasassistências,sendoasáreasB4(aocentro),B3 (ladoesquerdo)e B5(lado direito) osprincipais locaisde origem. NaEurocopa de2004, 8% (Ramos;Oliveira,2008) dosgolsocorreramapartirdefaltaindireta;enaCopade 2006,6,1%(SilvaeCamposJúnior,2006).
Ocorreram334gols(somadeFD, PT,RB, GCeOL)sem assistência prévia. Este resultado (fig. 7) chama atenc¸ão paraanecessidade deumaanálise maispontualdos trei-nadores,poisnoCampeonatoBrasileirode2008 ---SérieA 10,8% dos gols ocorreram de pênalti, resultado parecido aodaCopade2006,quandoocorreram8,8% dosgols(13) (SilvaeCampos Júnior, 2006)e na Eurocopa de2004,9%. Issoretrataumdado relevantesobre aformacomo agem osdefensoresdentrodaárea,realc¸andoosaspectos relaci-onados ao treinamento de marcac¸ão. Aconteceram 15,7% (143) gols em func¸ão de rebotes. Isso pode estar ocor-rendoem razão da falta de pressão sobre o jogador que realizouo gol.Neste estudo,apurou-se que4,1% (43)dos gols originaram de falta direta. No Campeonato Espanhol de1998/1999, foram4,6% (47)dos gols, configurando um resultadosimilar.NasCopasde1994e1998,asfaltas dire-tasforamresponsáveis por11,8% (11) dos gols e 5,3%(5) dosgols (Lopéz, 1999).NaEurocopa de2004, 4%dos gols deveram-seaessaac¸ão(Ramos;Oliveira,2008).Asjogadas individuaisforamresponsáveispor 7,1%dos gols apurados nesteestudo.NasCopasdoMundode1994e1998,11,8%e 11,1%,respectivamentedosgolstiveramorigememjogadas individuais;noCampeonatoEspanholde1998/1999,14,9% (Lopéz,1999).Nãohouveapreocupac¸ãoem definiroque seja‘‘jogadaindividual’’,limitando-seacomparac¸õescom esteestudo.
Emrelac¸ãoàsfinalizac¸õesqueresultaramemgols,84,9% ocorreram dentro da área. Destes, 50,1% (519) partiram daáreaA5e 23,1%(239) daáreaA2.Foradaárea, ocor-reram 15,1% dos gols, sendo 13,8% (143) daárea B4.No CampeonatoEspanholde1998/1999,83,6%dosgols foram finalizadosdentrodaáreae16,4%defora daárea(Lopéz, 1999). NaCopa de 1994, 81,7% dos gols foram dentro da áreae18,3%deforadaárea.NaCopade1998,89,7% ocor-reramdentrodaáreae 10,3%fora daárea(Lopéz,1999). NaEurocopa de2004, 49%dosgols partiramde dentroda área e 51% de fora da área (Ramos; Oliveira, 2008). Na Copade2006,82,3%dosgolsforamdentrodaáreae17,7% fora da área. Apesar de existirem diferenc¸as em relac¸ão aosmétodosutilizadosnestesestudos,ficaevidentequeos treinadoresdevemorientarsuasequipes,pois aregião do campoquecompreendeagrandeáreaéolocalcommaior incidênciadegols.Verificou-sequeaúnicacompetic¸ãoque nãoapresentou similaridadecom o estudorealizado foia Eurocopa. Estesestudos apontamuma informac¸ão útil na elaborac¸ão dejogadas ofensivas e defensivasdas equipes (Lopéz,1999).
Quantoaolocalondeabolaentrou60%dasocorrências ocorreram na parte inferior datrave. Destas, 22,9% (237 dosgols)naposic¸ãoG11e18,3%(189dosgols)naposic¸ão G15.Sugere-sequeostreinadoresdasequipesenfatizemos treinosdefinalizac¸ão,pois426golsentraramnestaárea.
Opresenteestudoquantificoueanalisouosgolsdo Cam-peonatoBrasileirode2008---SérieA.Entretanto,osdados sãoreferentes ao ano de 2008 e os campeonatos mudam deumanoparaoutro, poismodificam osjogadorese20% das equipes. Além disso, o presente estudo não analisou
a posic¸ão do jogador que marcou o gol. Esta informac¸ão também poderia auxiliar os treinadores das equipes na preparac¸ãoofensivaedefensivadasuaagremiac¸ão.
Conclusão
Este estudo apurou queos mandantesmarcaram 659gols contra376dasequipesvisitantes.Outroaspectorelevante é que 39,4% dos gols nãotiveram assistência, o que pos-sibilita a reflexão a respeito da participac¸ão elevada de ac¸ões individuaisno resultado dosjogos. Obaixo registro degolsforadaárea(15,1%)demonstraafaltadeutilizac¸ão desterecurso.Onúmerodeassistênciadentrodaáreafoi de30,3%,demonstrandoanecessidadededispensaratenc¸ão maiorparaotreinamentodemarcac¸ão.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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