PERCEPÇÃO DE PODER DE ENFERMEI RAS FRENTE AO SEU PAPEL CLÍ NI CO
Diná de Alm eida Lopes Mont eir o da Cr uz1 Cibele Andr ucioli de Mat t os Pim ent a1 Mar ia Fer nanda Vit a Pedr osa2 Ant ônio Fer nandes da Cost a Lim a3 Raqu el Rapon e Gaidzin sk i4
Est e art igo relat a est udo sobre a percepção de poder clínico de enferm eiras, ant es e após a im plem ent ação de um a classificação de diagnóst icos de enfer m agem . Sessent a enfer m eir as ( idade m édia = 3 7 , 2 ± 7 anos) , de um hospit al br asileir o de ensino, r esponder am o inst r um ent o Pow er as Know ing Par t icipat ion in Change Tool, ant es e após a im plem ent ação de um a classificação de diagnóst icos. Esse inst rum ent o t em 4 dom ínios e provê escor es par ciais e t ot ais. Os coeficient es de confiabilidade do inst r um ent o for am de 0,88 a 0,98. Os escor es t ot ais não for am est at ist icam ent e difer ent es ent r e as av aliações ( p= 0,21,) , m as os escor es de “ Env olv im ent o na Criação de Mudanças” foram m ais alt os após a im plem ent ação da classificação ( p= 0,04) . O im pact o do uso de sist em as de classif icação de en f er m agem n a per cepção das en f er m eir as sobr e seu poder clín ico ain da r equer est udos que for neçam ev idências út eis par a guiar decisões no ensino e na clínica.
DESCRI TORES: at it ude; papel do pr ofissional de enfer m agem ; diagnóst ico de enfer m agem ; desenv olv im ent o de pessoal
NURSES’ PERCEPTI ON OF POW ER REGARDI NG THEI R CLI NI CAL ROLE
This ar t icle r epor t s on a st udy on nur ses’ per cept ion of pow er r egar ding t heir clinical r ole befor e and aft er im plem ent at ion of a nur sing diagnosis classificat ion. Six t y clinical nur ses ( av er age age = 37. 2 ± 7. 0 y ear s) from a Brazilian t eaching hospit al answered t he Power as Knowing Part icipat ion in Change Tool ( PKPCT) before an d aft er t h e im plem en t at ion of a diagn osis classificat ion . PKPCT h as fou r dom ain s an d pr ov ides t ot al an d par t ial scor es. Reliabilit y coefficien t s r an ged fr om 0 . 8 8 t o 0 . 9 8 . Tot al scor es w er e n ot st at ist ically differ en t bet w een assessm ent s ( p= 0.21) , alt hough scores in t he “ I nvolvem ent in Creat ing Change” dom ain w ere higher in t he second assessm ent ( p= 0.04) . Furt her st udies providing sound evidence regarding t he im pact of nursing classif icat ion sy st em s on n u r ses’ pow er per cept ion ar e n eeded t o gu ide decision s on t each in g an d clin ical p r act ice.
DESCRI PTORS: at t it ude; nur se´ s r ole; nur sing diagnosis; st aff dev elopm ent
LA PERCEPCI ÓN DE PODER DE LAS ENFERMERAS FRENTE A SU PAPEL CLÍ NI CO
Est e ar t ículo r elat a un est udio sobr e la per cepción de poder clínico de las enfer m er as, ant es y después de la im plem en t ación de u n a clasificación de diagn óst icos de en fer m er ía. Sesen t a en fer m er as ( edad pr om edio = 37,2± 7 años) , de un hospit al brasileño de enseñanza, respondieron el inst rum ent o Power as Knowing Part icipat ion in Change Tool, ant es y después de la im plem ent ación de una clasificación de diagnóst icos. Ese inst r um ent o t iene 4 dom inios y provee punt aj es parciales y t ot ales. Los coeficient es de confiabilidad del inst rum ent o fueron de 0,88 la 0,98. Los punt aj es t ot ales no fuer on est adíst icam ent e difer ent es ent r e las ev aluaciones ( p= 0,21) , sin em b ar g o los p u n t aj es d e “ Par t icip ación en la Cr eación d e Cam b ios” f u er on m ás alt os d esp u és d e la im plem ent ación de la clasificación ( p= 0,04) . El im pact o del uso de sist em as de clasificación de enfer m er ía en la per cepción de las en fer m er as sobr e su poder clín ico t odav ía r equ ier e est u dios qu e en t r egu en ev iden cias út iles par a guiar decisiones en la enseñanza y en la clínica.
DESCRI PTORES: act it ud; r ol de la enfer m er a; diagnóst ico de enfer m er ía; desar r ollo de per sonal
I NTRODUÇÃO
A
im port ância dos sist em as de classificação é i n t e r n a ci o n a l m e n t e r e co n h e ci d a . Si st e m a s d e cl a ssi f i ca çã o d e e n f e r m a g e m sã o b a se s d e represent ação do conhecim ent o que t ornam possível a recuperação de dados úteis de enferm agem . Em bora haj a considerável lit erat ura sobre o desenvolvim ent o de v ocabu lár ios, t er m in ologias e classif icações de enfer m agem e de seus im pact os na docum ent ação de enferm agem , pouco se encont ra sobre os efeit os d as classif icações em ou t r os asp ect os d a p r át ica clínica.I m p lem en t ar u m sist em a d e classif icação num serviço de saúde é processo de m udança. Est e art igo relat a est udo sobre a percepção de poder de enferm eiras frente ao seu papel clínico, antes e após a im plem entação da North Am erican Nursing Diagnosis – I nt ernat ional Classificat ion ( NANDA- I )( 1).
A p er cep ção d e p od er d as en f er m eir as é com ponent e im port ant e no desenvolvim ent o de seu papel clínico( 2). A literatura sugere que as enferm eiras
fr equent em ent e se per cebem im pot ent es v ist o que são subm et idas ao poder de out ros( 2- 3).
O principal pressupost o dest e art igo é que a im plem ent ação de um a classificação de diagnóst icos de enferm agem influencia posit ivam ent e a percepção de poder das enferm eiras.
Pod er
No senso com um , prevalece a ideia de que poder é a capacidade de exercer influência sobre um a pessoa ou grupo para que aceit em ideias diferent es, m esm o contra sua vontade, ou a capacidade de um a, ou m ais pessoas, alcançar o que desej a por um a ação colet iv a.
A l i t e r a t u r a so b r e p o d e r é v o l u m o sa e apresent a várias definições e t eorias de poder. Poder t em nat ureza abst rat a e as definições m ais ant igas f o r a m a sso ci a d a s a a çõ e s d e co n t r o l e m i l i t a r e governam ent al, represent ando ideias de aut oridade, força, coerção, m anipulação, influência e cont role( 4).
Ao lado de visões de poder com o um relacionam ento social, em v isões m ais r ecen t es, p od er t em sid o d e scr i t o co m o f e n ô m e n o t r a n sf o r m a ci o n a l q u e p r o m o v e o cr esci m en t o i n d i v i d u al e g r u p al p el o e n co r a j a m e n t o d a r e ci p r o ci d a d e , e st ím u l o a o pensam ent o cr iat iv o, ex pansão do conhecim ent o e favorecim ent o da conscient ização( 5- 6).
O poder t em dois significados principais: um é o ‘poder para’ e outro é ‘poder sobre’( 7). ‘Poder sobre’
é a ca p a ci d a d e d e i n f l u e n ci a r p e sso a s, e st á relacionado ao controle, com petitividade e autoridade. ‘Poder para’ refere- se à eficácia e inclui a capacidade para alcançar obj et ivos, os m eios para assegurá- los e habilidades para agir de acordo com eles( 7).
O foco deste estudo foi a percepção de poder d a s e n f e r m e i r a s p a r a r e a l i za r m u d a n ça s n o s r e su l t a d o s d e sa ú d e d o s p a ci e n t e s, e n ã o p a r a in f lu en ciar ou t r as p essoas p or m eio d e con t r ole, com pet it iv idade e aut or idade. Poder foi v ist o com o u m d e se j o i n t e n ci o n a l d e t o m a r p a r t e e m t ransform ações; a perspect iva foi do ‘poder para’( 7).
Poder com o part icipação conscient e
A visão do ‘poder para’ represent a ext ensão da noção de poder que focaliza a pessoa e o am biente com o um todo integralm ente relacionado. Congruente com essa visão, foi desenvolvida um a teoria de poder baseada na Ciência dos Seres Hum anos Unit ários( 8).
Essa t eo r i a d ef i n e p o d er co m o a cap aci d ad e d e p a r t i ci p a r co n sci e n t e m e n t e d a n a t u r e za d a s m udanças, caract erizando padronização cont ínua dos ca m p o s h u m a n o e a m b i e n t a l( 9 ). Po d e r co m o
participação consciente é estar cônscio do que se está escolhendo fazer, sent ir- se livre para fazer o que se e sco l h e u , e i n t e n ci o n a l m e n t e f a ze r o q u e se escolheu( 6,9).
Essa est r u t u r a t eór ica of er ece ex plan ação par a a par t icipação in t en cion al em m u dan ças qu e pode ser aplicada a vários cont ext os da experiência hum ana. O foco deste estudo foi a percepção de poder de enferm eiras, relacionada ao seu papel clínico. Para esse p r op ósit o, p od er clín ico f oi d ef in id o com o a percepção da enferm eira de ser int elect ual, física e em ocionalm ent e capaz e preparada para int erpret ar respost as hum anas, planej ar, im plem ent ar e avaliar int er v enções de enfer m agem de for m a eficaz. Com base na teoria de poder escolhida( 6), a conscientização
da enferm eira sobre quais ações de cuidado escolhe f a ze r, se n t i r - se l i v r e p a r a f a zê - l a s e f a zê - l a s i n t en ci o n al m en t e r ep r esen t a o p o d er cl ín i co d as en f er m eir as.
As m anifest ações observáveis de poder são o ‘est ar cônscio’, as escolhas, a liberdade para agir in t en cion alm en t e e o en v olv im en t o n a cr iação d e m udanças( 6). ‘Estar cônscio’ refere- se a ter consciência
estudo, refere- se à enferm eira ter consciência de seu p a p e l cl ín i co . Esco l h a s sã o se l e çõ e s e n t r e a s possibilidades de part icipar das experiências( 6). Nest e
est udo, são seleções de possibilidades de part icipar d e e x p e r i ê n ci a s cl ín i ca s. Li b e r d a d e p a r a a g i r int encionalm ent e é a experiência da capacidade que a pessoa t em para fazer algo ou realizar aquilo que t em em m ent e( 6). Nest e est udo, é a experiência da
capacidade da enferm eira de exercer o papel clínico guiado por seus próprios princípios e conhecim ent o. O e n v o l v i m e n t o n a cr i a çã o d e m u d a n ça s é o en g aj am en t o i n o v at i v o n o i m p r ev i sív el p r o cesso m ú t u o en t r e p essoa e am b ien t e p ar a t or n ar r eal algum as possibilidades e não out ras( 6). Dessa form a,
aqui, é o engaj am ent o da enfer m eir a no pr ocesso m ú t u o en t r e am bien t e e pessoas par a r ealizar os pot enciais de saúde dos pacient es.
Diagnóst ico de enfer m agem
A i m p o r t â n ci a d o s d i a g n ó st i co s d e enferm agem t em sido crescent e e há esforços para d esen v o l v er cl a ssi f i ca çõ es d e d i a g n ó st i co s p a r a representar o universo de possibilidades relativas aos f o co s d a e n f e r m a g e m cl ín i ca . Esse u n i v e r so d e possibilidades per m it e às enfer m eir as ident ificar os focos clínicos per t inent es ao cuidado que pr est am . I d e n t i f i ca r o f o co cl ín i co , p o r su a v e z, d á à s en f er m ei r as m ai o r co n sci en t i zação d e seu p ap el clínico, m ais int encionalidade e env olv im ent o par a decidir o que fazer para influenciar de m odo benéfico o e st a d o d e sa ú d e d o p a ci e n t e . Em sín t e se , a id en t if icação d os f ocos clín icos p od e au m en t ar o sentim ento de “ poder” das enferm eiras, de se sentirem “ capazes” de in t er fer ir e r ealizar os pot en ciais de saúde dos pacient es.
Classif icações cien t íf icas são in st r u m en t os p a r a a p r i m o r a r a s e x p e r i ê n ci a s h u m a n a s e o s significados das palavras ou frases nelas contidas são f u n d am en t ad as n a ex p er i ên ci a d o s u su ár i o s d as pr ópr ias classificações( 10). Confor m e as enfer m eir as
com eçam a u sar u m sist em a de classificação elas p r ecisam p en sar n os sig n if icad os d e p alav r as ou frases e isso as aj uda a organizar suas experiências no m undo da enferm agem .
O uso de um a classificação de diagnóst icos pode aum entar a percepção de poder das enferm eiras por oferecer certa organização do conhecim ento sobre
os focos clínicos da enfer m agem . O conhecim ent o m ais or g an izad o d os f ocos clín icos f acilit a m aior conscient ização das enfer m eir as sobr e os m esm os. Al é m d i sso , u m a cl a ssi f i ca çã o d e d i a g n ó st i co s a p r e se n t a a l t o n ú m e r o d e a l t e r n a t i v a s p a r a a s conclusões diagnóst icas, ist o é, ofer ece r efer ência par a a escolha dos m elhor es diagnóst icos em cada sit uação. O acesso à infor m ação, r epr esent ada por um a classificação de diagnóst icos, pode aum ent ar o senso de liberdade para agir intencionalm ente e m aior en v olv im en t o p ar a cr iar m u d an ças n a saú d e d os pacient es( 11).
OBJETI VO
O o b j e t i v o d o e st u d o f o i co m p a r a r a percepção de poder das enferm eiras ant es e depois da im plem ent ação da classificação de diagnóst icos da NANDA- I( 1), em um a unidade hospitalar. A hipótese
t e st a d a f o i a d e q u e o p o d e r d a s e n f e r m e i r a s aum ent aria com a im plem ent ação da classificação.
MÉTODO
Foi u m est u do lon git u din al r ealizado n u m hospital público e de ensino de São Paulo, Brasil. Esse hospital é um a instituição de m édio porte e, na época do estudo, dispunha de 246 leitos ( unidades de clínica m édica, cir úr gica, pediat r ia, cuidados int ensiv os e m at er n i d ad e) , am b u l at ór i o e em er g ên ci a. Desd e 1 9 8 0 , quando o hospit al foi cr iado, o pr ocesso de e n f e r m a g e m é a p l i ca d o e d o cu m e n t a d o . O Depart am ent o de Enferm agem iniciou o processo de im plem ent ação da classificação da NANDA- I em m aio d e 2 0 0 4 . Um a n o d e p o i s, m a i o d e 2 0 0 5 , a docum ent ação dos diagnóst icos da NANDA- I passou a ser requerida nos prontuários de todos os pacientes da I nst it uição. Na época de sua int rodução, a edição da classificação da NANDA- I usada foi a de 2003-2004( 1).
m anifestas no início, foram lentam ente transform adas em posições m ais ou m enos entusiásticas em relação à classificação na prát ica clínica. Nesse clim a é que ocorreu a prim eira colet a dos dados.
De m aio de 2004, quando a prim eira colet a dos dados ocorreu, até m aio de 2005, as enferm eiras planej ar am , negociar am e r ealizar am as m udanças n ecessár ias n os sist em as de docu m en t ação ( t odo m anual) para que pudessem t er os diagnóst icos de enferm agem da NANDA- I docum entados, diariam ente, para t odos os pacient es. Em m aio de 2005 t odas as enferm eiras t inham que docum ent ar os diagnóst icos de pacient es dos quais cuidavam . A segunda colet a dos dados foi realizada em m aio de 2005.
To d a s a s e n f e r m e i r a s, t r a b a l h a n d o n a I nst it uição, foram convidadas a part icipar do est udo. Em m aio d e 2 0 0 4 , h av ia 1 8 6 en f er m eir as e 1 1 5 ( 61,8% ) fizeram parte da prim eira avaliação. Em m aio de 2005, 60 enferm eiras que participaram da prim eira a v a l i a çã o p a r t i ci p a r a m d a se g u n d a . Se sse n t a enferm eiras part iciparam das duas avaliações o que represent ou cerca de 33% do t ot al das enferm eiras da I nst it uição.
Os d a d o s f o r a m co l e t a d o s p o r u m q u est i o n á r i o d i st r i b u íd o a t o d a s a s en f er m ei r a s t r a b a l h a n d o n a I n st i t u i çã o . Os p a r t i ci p a n t e s r esp o n d er a m o q u est i o n á r i o i n d i v i d u a l m en t e. O questionário era com posto de duas partes: a prim eira incluía dados sociais e um conj unt o de 5 it ens sobre o t ipo e grau de experiência com os diagnóst icos de enferm agem ; a segunda parte foi o instrum ento Power as Know ing Par t icipat ion in Change Tool (PKPCT)( 6). Esse instrum ento foi desenvolvido para avaliar o poder com o a capacidade para part icipar conscient em ent e na natureza da m udança; usa a técnica do diferencial sem ânt ico; t em 4 dom ínios ( Consciência, Escolhas, Liberdade para Agir I nt encionalm ent e e Envolvim ent o na Criação de Mudanças) e 48 it ens. Os escores dos itens podem ser som ados para cada dom ínio ( variação possív el de 12 a 48 pont os) , e par a a escala t ot al ( variação possível de 48 a 336) . A frase “ Em relação à m inha prática clínica...” foi fornecida com o contexto p a r a a s r e sp o st a s a o s i t e n s. Ne st e e st u d o , a s co n si st ê n ci a s i n t e r n a s d a e sca l a , p e l o a l f a d e
Cr on b ach, v ar iar am de 0,88 ( pr im eir a aplicação) a 0 , 9 8 ( se g u n d a a p l i ca çã o ) , m o st r a n d o b o a confiabilidade. O PKPCT( 6) foi adapt ado para a língua
por t u gu esa, com per m issão da au t or a, em est u do ainda não publicado, realizado com 313 participantes. No est u d o d e ad ap t ação d a escala, a an álise d e co m p o n e n t e s p r i n ci p a i s, co m r o t a çã o V a r i m a x ,
confir m ou as 4 dim ensões do inst r um ent o or iginal, todas com autovalores m aiores que um . Essa solução ex p l i co u 5 3 , 7 % d a v a r i â n ci a e a s co n si st ên ci a s i n t er n as, p el o al f a d e Cr o n b a ch, d as d i m en sõ es
v a r i a r a m d e 0 , 8 7 a 0 , 9 6 . As e st i m a t i v a s d e co n f i ab i l i d ad e d o i n st r u m en t o n a l ín g u a o r i g i n al v ar iar am d e 0 , 6 3 a 0 , 9 9( 6 ). Par a p ar ear as d u as
avaliações dest e est udo os part icipant es inform aram os últ im os 3 dígit os do CPF nos inst rum ent os.
A e x p e r i ê n ci a co m d i a g n ó st i co s d e e n f e r m a g e m f o i a v a l i a d a p o r a u t o r r e l a t o . As e n f e r m e i r a s r e sp o n d e r a m o q u a n t o h a v i a m : 1 ) p a r t i ci p a d o e m e v e n t o s so b r e d i a g n ó st i co s d e enferm agem , 2) lido sobre o assunt o, 3) part icipado d e cu r sos sob r e d iag n óst icos, 4 ) t r ab alh ad o com diagnóst ico na prát ica clínica e 5) pesquisado sobre diagnóst ico de enfer m agem . O gr au de ex per iência f oi pon t u ado de 1 a 4 ( 1 = n ada; 2 = m u it o pou co; 3= pouco; 4= m uit o) . Um escore t ot al ( variando de 5 a 20) foi obt ido pela som a dos it ens. A consist ência int er na dessa m edida foi boa nas duas av aliações ( alfa de Cronbach = 0,73) .
O proj et o foi aprovado pelo Com it ê de Ét ica da I n st it u ição e t odos os par t icipan t es assin ar am t erm o de consent im ent o livre e esclarecido.
As d if er en ças en t r e os escor es d o PKPCT f o r a m a n a l i sa d a s p e l o Te st e t Pa r e a d o , a p ó s a
confir m ação de que os escor es t inham dist r ibuição norm al. A t endência cent ral foi analisada por m édia e desv io- padr ão. Par a v er ificar se as ex per iên cias com os diagnóst icos de enferm agem variaram ent re as duas colet as de dados, o t est e de Wilcox on foi
aplicado aos escor es de gr au de ex per iên cia com diagnóst icos de enferm agem . Por se t r at ar de t est e n ã o - p a r a m é t r i c o , f o i u s a d a a m e d i a n a ( P5 0 ) , s e g u n d o ( P2 5 ) e t e r c e i r o ( P7 5 ) q u a r t i s p a r a d e s c r e v e r t e n d ê n c i a c e n t r a l , p o i s , p a r a e s s e s dados, não foi confir m ada a dist r ibuição nor m al, o q u e i m p e d i u o u s o d e t e s t e p a r a m é t r i c o . Fo i aplicado o nív el de significância de 5% par a t odos o s t e s t e s . O s d a d o s f o r a m a n a l i s a d o s c o m o p r og r am a SPSS® Ver sion 1 3 . 0 .
RESULTADOS
A Tabela 1 apresent a os result ados sobre os t ipos e gr au s de ex per iên cia com diagn óst icos de
enferm agem nas duas avaliações e os resultados dos t est es est at íst icos.
s o i n í m o
D Antes Depois TesttPareado
% 5 9 I
C t p-value
a i c n ê i c s n o
C 68.6(8.4) 67.7(9.7) -1.3 3.1 0.8 0.42 s a h l o c s
E 70.1(14.7) 68.6(8.6) -2.5 5.5 0.7 0.46 e d a d r e b i L r i g a a r a
p 67.3(9.5) 68.3(10.3) -3.9 1.9 -0.7 0.51 o t n e m i v l o v n E a ç n a d u m a
n 65.6(11.2) 68.5(10.4) -5.7 -0.1 -2 0.04 l
a t o
T 269.6(31.7) 273.6(33) -10.5 2.4 -1.3 0.21
Tabela 1 - Graus de experiência* com os diagnóst icos de enferm agem ant es e depois da im plem ent ação da classificação da NANDA- I ( N= 60)
* Para cada tipo de experiência os escores poderiam ser 1= nada; 2= m uito pouco; 3= pouco; 4= m uito
Os participantes avaliaram a si m esm os com o t en d o p ou ca ou m u it o p ou ca ex p er iên cia com os diagnósticos de enferm agem , tanto antes com o depois da im plem ent ação da classificação da NANDA- I , e os escor es de ex per iência com a pr át ica clínica for am significat ivam ent e m ais alt os após a im plem ent ação ( p= 0,001) ( Tabela 1) .
A Tabela 2 apresenta os escores nos dom ínios do PKPCT e os resultados dos testes estatísticos para co m p a r a r a s m e d i d a s a n t e s e d e p o i s d a im plem en t ação.
Tabela 2 - Escores nos dom ínios do PKPCT, ant es e depois da im plem entação da classificação da NANDA-I ( N= 60)
DI SCUSSÃO
A hipót ese dest e est udo não foi confirm ada, apesar de os escores do dom ínio de Envolvim ento na Cr iação d e Mu d an ças, ap ós a im p lem en t ação d a classificação da NANDA- I , terem sido estatisticam ente m a i o r e s q u e a n t e s d a i m p l e m e n t a çã o (p= 0 , 0 4 )
( Tabela 2) . O Envolvim ent o na Criação de Mudanças refere- se ao senso de com prom isso da pessoa com a natureza das m udanças que ocorrem nos am bientes.
No pr ocesso de im plem ent ação da classificação da NAND A- I , a I n st i t u i çã o m o d i f i co u m é t o d o s e in st r u m en t os d a p r át ica clín ica d as en f er m eir as, m odificando o cont ex t o de t r abalho. Essa m udança foi realizada de form a part icipat iva. Quase t odas as enferm eiras se envolveram nos program as educativos e oficinas sobre a classificação da NANDA- I e raciocínio diagnóstico e nas definições de estratégias e m étodos para im plem ent á- los na prát ica clínica( 12). As pessoas a u m e n t a m su a p e r ce p çã o d e p o d e r q u a n d o se envolvem na im plem ent ação de m udanças dent ro de seus am bient es( 13).
Est udos sobr e os efeit os das classificações no em poder am ent o das enfer m eir as são escassos. Em u m est u d o f o i an al i sad o o ef ei t o d o u so d e classificações de enferm agem , por m eio de sist em as com pu t ador izados, n a per cepção qu e en f er m eir as escolares tinham de seu poder para aj udar as crianças e nos result ados de saúde das próprias crianças( 11).
Os escor es t ot ais n o PKPCT d as en f er m eir as q u e u sar am as cl assi f i cações ( n = 6 ) f or am 2 6 2 ± 4 0 , 6 ( an t es) e 2 7 9 ± 2 7 , 6 ( ap ós) . Não h ou v e d if er en ça est at íst ica no nível de 5% ent re os escores ant es e após a im plem ent ação do sist em a; os escor es em cad a d om ín io d o PKPCT n ão f or am r elat ad os. No presente estudo, os escores totais do PKPCT tam bém não foram diferent es ant es e após a im plem ent ação d a cl a ssi f i ca çã o d a NAND A- I ( 2 6 9 , 6 ± 3 1 , 7 e 273,6± 33,0; p= 0,21) ( Tabela 2) .
Os par t icipant es dest e est udo av aliar am - se com o t endo m uit o pouca ou pouca experiência com os diagnóst icos de enfer m agem , t ant o ant es com o d e p o i s d a i m p l e m e n t a çã o ( Ta b e l a 1 ) . Ap ó s a im plem ent ação houv e aum ent o do escor e m ediano r e l a t i v o à p r á t i ca cl ín i ca (p= 0 , 0 0 1 ) e n o t o t a l a i c n ê i r e p x E s e t n
A Depois p-valor
5 2
P P50 P75 Média(DP) P25 P50 P75 Média(DP) WlicoxonTest
s o t n e v
E 2 3 3 2.5(0.7) 2 3 3 2.5(0.8) 0.98 a
r u ti e
L 3 3 4 3.4(0.5) 3 4 4 3.5(0.6) 0.34 s
o s r u
C 3 3 3 3.1(0.7) 3 3 4 3.2(0.6) 0.51 a
c it á r
P 2 3 4 2.8(1) 3 4 4 3.6(0.7) 0 a s i u q s e
P 1 2 3 1.8(0.9) 1 2 3 2.1(1) 0.18 l
a t o
(p= 0,009) . Esses result ados apóiam a int erpret ação
de que a im plem ent ação da classificação da NANDA-I aum ent ou a ex per iência das enfer m eir as com os diagnóst icos de enfer m agem e que esse ganho de experiência poderia est ar relacionado ao aum ent o da percepção de poder no dom ínio de Envolvim ent o na Criação de Mudanças ( Tabela 2) .
As com p ar ações en t r e an t es e d ep ois d a im plem ent ação m ost raram não t er havido m udanças e st a t i st i ca m e n t e si g n i f i ca n t e s n o s d o m ín i o s Co n sci ê n ci a , Esco l h a s e Li b e r d a d e p a r a Ag i r I nt encionalm ent e ( Tabela 2) . Análise cuidadosa dos conceit os env olv idos nesses dom ínios pode aux iliar na int erpret ação desses result ados.
O d o m ín i o Co n sci ê n ci a d i z r e sp e i t o à conscient ização da enfer m eir a quant o ao seu papel clínico. O dom ínio Escolhas refere- se ao poder para se l e ci o n a r i n t e r v e n çõ e s d e e n f e r m a g e m p a r a o p a ci e n t e . O d o m ín i o Li b e r d a d e p a r a Ag i r I nt encionalm ent e concerne ao desem penho de ações d e cu i d a d o p a r a i m p l e m e n t a r a s i n t e r v e n çõ e s sel eci o n a d a s. A sel eçã o ( d o m ín i o Esco l h a s) e a im plem ent ação ( dom ínio Liberdade) de int ervenções d e en f er m ag em são d ir et am en t e r elacion ad as ao cuidado do pacient e. Considerando que o uso clínico d a cl a ssi f i ca çã o d a NAND A- I e st a v a a p e n a s se iniciando, pois havia um m ês que tinha sido requerido o regist ro dos diagnóst icos em t odos os pront uários, a e x p e r i ê n ci a d o s p a r t i ci p a n t e s d e cu i d a r d o s pacient es usando a classificação er a r ecent e. Esse p eq u en o t em p o em q u e as en f er m eir as est av am u san do a NANDA- I n o cu idado f oi su f icien t e par a a u m e n t a r o se u n ív e l d e e x p e r i ê n ci a co m o s diagnóst icos na pr át ica clínica ( Tabela 1) , m as não aum entou significativam ente os escores nos dom ínios de Consciência, Escolhas e Liberdade. Considerando que um efeito é dependente da quantidade de tem po d e e x p o si çã o , p r o v a v e l m e n t e u m t e m p o m a i o r usando a classificação da NANDA- I poderia produzir diferentes resultados. Medidas repetidas da percepção de poder após longo t em po de exposição ao uso de u m si st e m a d e cl a ssi f i ca çã o n a p r á t i ca cl ín i ca p od er i am p r od u zi r d ad os p ar a m el h or est u d ar a influência de sist em as padronizados de linguagem na per cepção de poder das enfer m eir as.
A ausência de nor m as par a os escor es do PKPCT par a aux iliar na int er pr et ação de r esult ados de pesquisa e de out r os est udos com o PKPCT, em am ost r as br asileir as, t or na difícil det er m inar se os escores dos part icipant es dest e est udo foram alt os,
m o d er a d o s o u b a i x o s. Ap esa r d i sso , o s esco r es o b ser v a d o s p o d em ser co n si d er a d o s m o d er a d o s desde a prim eira avaliação ( 269,6± 31,7) ( Tabela 2) . Nessa av aliação, o escor e t ot al m éd io d o PKPCT correspondeu a 80% do m áxim o ( 269/ 336) , e após a im p lem en t ação cor r esp on d eu a 8 1 , 3 % . O escor e m édio do PKPCT de enfer m eir as ex ecut iv as nor t e-am ericanas correspondeu a 86,3% do m áxim o ( 289/ 3 3 6 )( 1 4 ). Os escor es m éd ios t ot ais d o PKPCT d as enfer m eir as dest e est udo par ecem ser m ais baix os q u e aq u eles en con t r ad os em ou t r os est u d os. Os esco r es m éd i o s o b ser v ad o s em am o st r a d e 3 4 9 est udant es do bacharelado em enferm agem ant es e a p ó s u m cu r so cl ín i co f o r a m 2 7 4 e 2 8 0 , r e sp e ct i v a m e n t e( 1 5 ). Em o u t r o e st u d o , co m 8 8 est udant es de enferm agem , o escore m édio t ot al do PKPCT f oi 2 8 7 , 6( 1 6 ). Em am ost r as d e en f er m eir as
ex ecut iv as os escor es obser v ados for am 290± 23, 4 ( n= 182)( 14) e 289± 25,9 ( n= 89)( 17), e foram os m aiores
en t r e os est u d os an alisad os. Con sid er an d o q u e a p er cep çã o d e p o d er en t r e a s en f er m ei r a s d est e e st u d o n ã o p o d e se r g e n e r a l i za d o p a r a a s enferm eiras brasileiras e que nos Est ados Unidos da Am érica há poucos estudos sobre essa variável, além de que a m aioria foi realizado com estudantes e com enfer m eir as execut ivas, as com par ações devem ser feit as com caut ela.
Pa r a a i n t e r p r e t a çã o d o s r e su l t a d o s é im por t ant e consider ar que os escor es do PKPCT se i n cl i n a m p a r a v a l o r e s e l e v a d o s r e l a ci o n a d o s à “ desej abilidade social” , que m ascar a a ident ificação de am ost ras com percepção de baixo poder( 18). São,
portanto, necessários outros estudos sobre as norm as para o PKPCT.
CONCLUSÃO
nas m udanças no est ado de saúde dos pacient es. As cl a ssi f i ca çõ e s d e e n f e r m a g e m p o d e m se r in st r u m en t os capazes de aj u dar as en f er m eir as a aum entar a conscientização do seu papel clínico e do poder desse papel.
Ou t r o s e st u d o s p a r a a u m e n t a r o conhecim ent o sobr e as r elações ent r e a per cepção de poder das enfer m eir as e m odelos, est r at égias e i n st r u m e n t o s, a p l i ca d o s n a p r á t i ca cl ín i ca , sã o n ecessár ios.
REFERÊNCI AS
1 . No r t h Am e r i ca n Nu r si n g D i a g n o si s Asso ci a t i o n -I n t e r n a t i o n a l . Nu r si n g d i a g n o se s: d e f i n i t i o n s a n d classificat ion 2003 - 2004. Philadelphia: NANDA – I ; 2003. 2. Bousfield C. A phenom enological inv est igat ion int o t he r ole of t he clinical nur se specialist . J Adv Nur s 1997 Feb; 2 5 ( 2 ) : 2 4 5 - 5 6 .
3. Robert s DW, Vasquez E. Power: an applicat ion t o t he nursing im age and advanced pract ice. AACN Clin I ssues 2004 April-Ju n e; 1 5 ( 2 ) : 1 9 6 - 2 0 4 .
4. Jacobson W. Power and int erpersonnal relat ions. California: Belm ont ; 1972.
5. Maas M. A m odel for organizat ional power: analysis and si g n i f i can ce t o n u r si n g . Res Nu r s & Heal t h 1 9 8 8 Ju n e; 1 1 ( 3 ) : 1 5 3 - 6 3 .
6. Barret t EAM. A m easure of power as knowing part icipat ion i n ch an g e. I n : St r i ck l an d OL, Di l or i o C, or g an i zad or as. Measurem ent of nursing out com es. New York: Springer; 2003. p. 21- 39.
7. Haw ks JH. Pow er : a concept analysis. J Adv Nur s 1991 Ju n e; 1 6 ( 6 ) : 7 5 4 - 6 2 .
8 . Rog er s M. An in t r od u ct ion t o t h e t h eor et ical b asis of nur sing. Philadelphia: Davis; 1970.
9. Caroselli C, Barret EAM. A review of t he power as Knowing Part icipat ion in Change lit erat ure. Nurs Sci Q 1998 Spring; 1 1 ( 1 ) : 9 - 1 6 .
10. Hay ak aw a SI , Hay ak aw a SI . Language in t hought and
Recebido em : 9.2.2008 Aprovado em : 23.12.2008
act ion. San Diego: Harcourt Brace Com pany; 1990. 1 1 . Lu n n ey M, Par k er L, Fior e L, Cav en dish R, Pu lcin i J. Feasibilit y of st udying t he effect s of using NANDA, NI C, and NOC on nurses’ power and children’s out com es. Com put ers I n f or m at ics Nu r s 2 0 0 4 Nov em b er Decem b er ; 2 2 ( 4 ) : 3 1 6 -2 5 .
1 2 . Li m a An t ô n i o Fe r n a n d e s Co st a , Ku r cg a n t Pa u l i n a . Significados do pr ocesso de im plem ent ação do diagnóst ico de enferm agem para enferm eiras de um hospit al universit ário. Rev Lat ino- am Enfer m agem 2006 set ./ out .; 14( 5) : 666- 73. 1 3 . Bar r et t EAM, Car oselli C. Met h od olog ical p on d er in g s relat ed t o t he Power as Knowing Part icipat ion in Change Tool. Nur Sci Q 1998 Spr ing; 11( 1) : 17- 22.
14. Moult on PJ. An invest igat ion of t he relat ionship of power and em pat hy in nurse execut ives. [ t ese] . New York: New York Un iv er sit y ; 1 9 9 4 .
1 5 . Gar r et t MP. Th e r elat ion sh ip s am on g b accalau r eat e nursing st udent s’ percept ion of invit ing t eaching behaviors, sel f - est eem , a n d p o w er i n t h e cl i n i ca l set t i n g . [ t ese] . Philadelphia: Widener Univ er sit y ; 1998.
16. Hobbs MB. Manifest at ions influencing em pow er m ent in t h e e d u ca t i o n a l e n v i r o n m e n t o f b a cca l a u r e a t e n u r si n g st udent s. [ t ese] . Birm ingham : Universit y of Alabam a; 1991. 1 7 . Car oselli C. Pow er an d f em in ism : a n u r sin g scien ce per spect iv e. Nur Sci Q 1995 Fall 8( 3) : 115- 9.