UNIVERSIDADE
ESTADUAL
PAULISTA
FACULDADE
DE
CIÊNCIAS
E
TECNOLOGIA
C
AMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTEGustavo Antonio Valentim
TERMAS DE IBIRÁ - SP: ÁGUAS,
LAZER E SAÚDE
Presidente Prudente
UNIVERSIDADE
ESTADUAL
PAULISTA
FACULDADE
DE
CIÊNCIAS
E
TECNOLOGIA
C
AMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTEGustavo Antonio Valentim
TERMAS DE IBIRÁ - SP: ÁGUAS,
LAZER E SAÚDE
Monografia apresentada ao Conselho de Curso de Geografia da FCT/UNESP, Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus Presidente Prudente, para obtenção do título de bacharel em Geografia.
Orientadora: Profª. Drª. Claudemira Azevedo Ito
Presidente Prudente
FICHA CATALOGRÁFICA
Valentim, Gustavo Antonio.
V251t Termas de Ibirá –SP : águas, lazer e saúde / Gustavo Antonio Valentim. - Presidente Prudente : [s.n], 2015
72 f. : il.
Orientador: Claudemira Azevedo Ito
Trabalho de conclusão (bacharelado - Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia
Inclui bibliografia
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus pais...
AGRADECIMENTOS
Esta monografia é resultado de todo aprendizado e conhecimento que adquiri
durante minha graduação, que seguramente foi um importante período na minha
formação pessoal, posso dizer sem ressalvas que foram os anos mais felizes da
minha vida até agora.
O conhecimento que conquistei durante esta graduação foi fruto do trabalho e
dedicação dos excelentes professores que tive. Pessoas excepcionais dos quais
tenho a honra de dizer que fui aluno. Cada um a seu modo me ensinou mais que os
conteúdos das disciplinas, com eles aprendi lições para vida. A todos os professores
da FCT-UNESP o meu muito obrigado e minha sincera admiração.
Dentre estes professores faço um agradecimento especial a minha orientadora
Claudemira, pelo tempo e dedicação que empenhou em me orientar na realização
deste trabalho, sua amizade e apoio foram decisivos na minha formação acadêmica.
Minha infindável gratidão a você, Claudemira.
Entretanto o aprendizado que adquiri foi muito além das salas de aula, foram
festas, amizades, viagens, trabalhos e diversos outros fatores que transformaram
minha vida e a maneira como enxergo o mundo. Sem duvidas o Gustavo que
termina a graduação é outro, bem diferente daquele que chegou a Presidente
Prudente em 2009, sem nem sequer imaginar tudo o que estava por vir.
Em solo prudentino conheci algumas das pessoas mais especiais da minha vida,
os “primos”: Eloh, Luly, Kura, Jana, Rach, Igor e André, amigos estes que considero
parte da minha família, juntos vivemos grandes momentos que marcaram minha
vida. Além deles muitas pessoas fizeram parte desses momentos, como a Hair,
Prilinda, Pirapó, Vania, Alininha, Camilinha, Meire, entre outros onde cada um a sua
maneira possibilitou que vivêssemos historias memoráveis. Agradeço a Deus por ter
me dado à honra de tê-los em minha vida.
Este magnifico período da minha vida só foi possível graças ao apoio e amor
que recebi da minha família. Acredito que assim como uma casa necessita de um
alicerce que a sustente, uma pessoa para ser feliz precisa de uma família que a
Tenho a honra de fazer parte de uma família grande e unida, constituída por
pessoas especiais, onde cada um com suas características e seu jeito de ser
possibilitou a composição desta família amorosa e feliz, da qual sempre me orgulhei
muito de fazer parte. Sei que com eles posso contar e me amparar.
Ainda fui agraciado com a benção de ter como pais Aparecido e Maria de
Lourdes, duas pessoas maravilhosas e singulares, que sempre me amaram e
apoiaram incondicionalmente. Agradeço a Deus todos os dias pela honra de poder
tê-los como meus pais. Não há palavras que possam descrever o amor e respeito
que sinto por vocês. Aos dois meu amor e gratidão eternos.
Não o bastante ainda tive o privilégio de fazer parte da comunidade de São João
de Itaguaçu, um pedaço de Terra no interior paulista composto por pessoas
magníficas. Por mais que eu viaje ou construa minha vida em outros lugares é neste
cantinho especial do mundo que eu me sinto em casa.
Lá conheci minhas grandes amigas Leticia, Josidel e Mariane que considero
como irmãs. Crescemos e nos tornamos adultos juntos, do jardim de infância até a
faculdade foram 13 anos de convivência diária, onde vivenciamos grandes
momentos juntos. Há ainda grandes amigos e pessoas especiais como: Ana Paula,
Laís, Edninha, Geisa, Heitor, Luana, Leticia, Layla, Amanda, Bruna e Mayara. Dentre
tantos outros que fazem da minha vida mais feliz, aos quais sou muito grato pela
amizade e companheirismo. Á vocês meu muito obrigado e amor eterno.
Sou muito grato ainda, à consultora de turismo do Município de Ibirá Aline
Guerra, que cordialmente nos recebeu no balneário e muito solicita nos ajudou de
maneira prestativa e atenciosa. Sua ajuda foi de suma importância na realização
desse trabalho.
Agradeço e peço perdão a todas as pessoas que passaram pela minha vida
nesses anos e que eu possa ter me esquecido de mencionar, certamente
contribuíram para minha formação.
E por fim o meu agradecimento mais importante, a DEUS por ser tão bondoso e
generoso comigo, me possibilitando uma vida feliz, cheia de realizações e rodeada
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar,
Na verdade não há.
RESUMO
Nesta monografia buscamos compreender o termalismo na Estancia Hidromineral de
Ibirá e como ele influenciou o turismo local. A prática de buscar por tratamentos por
meio das águas termais é muito antiga. Na civilização romana os termas eram
espaços suntuosos frequentado pelos nobres. Esta pratica teve seu declínio durante
a Idade Média, sendo posteriormente reativada pela aristocracia. No Brasil as
praticas termais surgiram ainda no reinado de D. João VI, atualmente existem
diversas cidades termais no país. Essa pesquisa teve como objetivo compreender o
termalismo no Distrito de Termas de Ibirá, localizado no município de Ibirá no estado
de São Paulo. As águas locais sempre chamaram a atenção por se diferenciarem
das águas comuns. A partir da construção do Balneário na cidade o turismo termal
começou a se desenvolver no local. E desde então vem crescendo e se
desenvolvendo.
Palavras-chave: Termalismo. Balneário. Turismo. Água mineral. Tratamento. Ibirá -
ABSTRACT
This monograph aims to understand the thermalism in Estancia Hidromineral de Ibirá
and how it influenced the local tourism. The practice of searching for treatments
using of the thermal waters is very old. In Roman civilization spa were sumptuous
spaces frequented by the nobles. This practice had its decline during the Middle
Ages, and later reactivated by the aristocracy. In Brazil the thermal practices arose in
the reign of D. João VI, nowadays there are several thermal cities in the country. This
research aimed to understand the thermalism in Termas de Ibirá District, located in
Ibirá, in the state of São Paulo. Local water always drew attention for differentiate the
common waters. From the construction of the Balneary in the city the thermal tourism
began to develop on site. And since then has been growing and developing.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ibirá. Localização. 19
Figura 2 – Brasão do Município da Estância Hidromineral de Ibirá. 20
Figura 3 – Documento no qual o Estado adquiriu as terras para a
construção do Balneário em Ibiá.
22
Figura 4 - Ilustração das Termas de Caracala em Roma, Itália. 26
Figura 5 - A infraestrutura das Termas na Antiguidade. 27
Figura 6 – Localização das Fontes e Balneários no Parque. 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição físico-química da água da Fonte Carlos Gomes. 45
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1 – Local onde funcionou o Balneário de Bath, Inglaterra. 31
Fotografia 2 – Hospital termal de Caldas da Imperatriz, hoje funciona como
hotel.
35
Fotografia 3 - Fonte no local onde hoje se encontram os lagos no Parque
das Águas.
43
Fotografia 4 – Primeiro Balneário Construído em Madeira. 44
Fotografia 5 – Abertura da primeira fonte no Parque das Águas. 44
Fotografia 6 – Fachada do Balneário Joaquim Lemos. 46
Fotografia 7 – Vista aérea do Balneário Joaquim Lemos. 47
Fotografia 8 – Antiga fachada do Grande Hotel. 48
Fotografia 9 – Antigas instalações internas do Grande Hotel. 49
Fotografia 10 – Cassino do Grande Hotel. 49
Fotografia 11 – Pelé quando se hospedou no Grande Hotel 50
Fotografia 12 – Mazzaropi Hospedado no Grande Hotel. 51
Fotografia 13 – Um dos corredores do Grande Hotel atualmente. 52
Fotografia 14 – Salão onde funcionava o Cassino do Grande Hotel. 52
Fotografia 15 – Balneário Evaristo Mendes Seixas. 53
Fotografia 16 – Vista aérea do Parque das Águas. 54
Fotografia 17 – Fonte Saracura. 55
Fotografia 18 – Fonte Seixas. 56
Fotografia 19 – Tabela fixada na fonte Seixas com informações sobre sua
água.
Fotografia 20 – Fonte Carlos Gomes. 57
Fotografia 21 – Tabela da fonte Carlos Gomes com informações sobre sua
Água.
57
Fotografia 22 – Fonte Jorrante. 58
Fotografia 23 – Tabela com informações sobre a àgua da fonte Jorrante. 58
Fotografia 24 – Fonte Ademar de Barros. 59
Fotografia 25 – Fonte Jorrante e o estacionamento próximo. 60
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 16
1 A ESTÂNCIA HIDROMINERAL DE IBIRÁ 19
2 TERMALISMO 25
3 TERMALISMO NO BRASIL 34
4 TERMALISMO EM IBIRÁ 42
4.1 A construção do Balneário: Ações do poder público 46
4.2 O desenvolvimento de Termas de Ibirá e o Cassino do Grande Hotel 47
4.3 Termas de Ibirá atualmente. 53
CONSIDERAÇÕES FINAIS 67
INTRODUÇÃO
As águas com características distintas das águas comuns despertaram a
atenção das pessoas desde a Antiguidade: nas sociedades grega e romana. Nesta
época os tratamentos por meio das águas minerais se davam nos balneários, locais
que iam além dos tradicionais balneários que conhecemos hoje, eram construções
grandes e luxuosas com amplos ambientes onde eram realizadas diversas
atividades, como: banhos, leituras, descanso, jogos, etc. Estes espaços eram
frequentados pela nobreza da época.
Estas atividades entraram em declínio durante a Idade Média, devido a
perseguição da Igreja que consideravam os balneários locais pecaminosos e
condenavam as práticas ali realizadas. Passado o período medieval a Igreja passou
a reconhecer o poder terapêutico dessas águas e o termalismo começou a ressurgir
através da aristocracia.
Desde então surgiram estudos na área da medicina e outros ramos científicos
que passaram a analisar as propriedades dessas águas e como poderiam ser
melhor utilizadas, os tratamentos estéticos e medicinais através da água mineral
foram então se desenvolvendo e perduram até os dias atuais.
No Brasil a utilização das águas minerais vem desde 1818 com a instalação por
D. João VI de um hospital termal em Santo Amaro da Imperatriz, SC. Desde então
surgiram várias cidades termais espalhadas por todo o território nacional, atualmente
encontramos águas termais nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Paraná,
Ceara, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e São Paulo.
Com o desenvolvimento do termalismo nessas localidades, cresceu o número de
visitantes e com isso houve um forte crescimento do setor turístico nessas cidades.
Porém ainda são poucos os trabalhos que abordam a temática do Turismo Termal
no Brasil, como mostra Rego (2008).
muita atenção por parte dos pesquisadores é o turismo de saúde. Há trabalhos importantes em Portugal (ATP, 2007), na Turquia (SAYILI et al., 2007) e na Polônia (KAPCZYŃSKI e SZROMEK, 2007) mas no Brasil a literatura é escassa, apesar de haver muitas estâncias hidrominerais em vários estados do país. (REGO, 2008, p. 12)
Com este trabalho pretendemos analisar o desenvolvimento do termalismo e
consequentemente do turismo no município paulista da Estância Hidromineral de
Ibirá, tendo definido o recorte espacial da pesquisa o trabalho foi estruturado da
seguinte maneira:
Começamos no primeiro capítulo denominado A Estância Hidromineral de Ibirá,
com a apresentação do recorte espacial da pesquisa – Ibirá - através de uma síntese
de suas principais informações históricas, geográficas econômicas e culturais.
No segundo capítulo – Termalismo, fizemos uma contextualização histórica da
pratica termal, desde seu surgimento até a maneira como se encontra estruturado
atualmente no mundo. E no terceiro capitulo – Termalismo no Brasil, fizemos esta
mesma análise histórica do termalismo, mas tomando como base o caso brasileiro.
Tendo assim construído um embasamento sobre a história e as dinâmicas na
qual se da o termalismo partimos para a análise dele em Ibirá. No quarto capitulo -
Termalismo em Ibirá, analisamos o desenvolvimento do termalismo no município, e
como este trouxe consigo o incremento do turismo local.
Por fim, expusemos uma síntese do trabalho e nossas considerações sobre sua
CAPÍTULO 1
A Estância Hidromineral de Ibirá (Figura 1) é um município localizado no
noroeste paulista na latitude 21°04'54.5"S e longitude 49°14'20.0"W, que possui uma
altitude de 446 metros, e uma temperatura média de 24ºC, com um relevo levemente
ondulado, em sua extensão predomina o bioma da Mata Atlântica, porém, estima-se
que apenas aproximadamente 5% da área do município sejam coberta por florestas.
Figura 1 – Ibirá. Localização
Fonte: IBGE-2010
De acordo com a divisão do Comitê de Bacias Hidrográficas o município é um
dos 36 que pertencem a Bacia hidrográfica do Tietê-Batalha, sendo cortado pelos
córregos: Mococa, Pouso Alegre, Taperão e das Bicas afluentes do rio Cubatão.
A água de Ibirá se destaca por possuir particularidades em sua composição,
existem no município várias fontes de água mineral que são utilizadas em
tratamentos terapêuticos, dentre os vários minerais existentes nessas águas
Situado a cerca de 420 km da capital paulista, ocupando uma área de
aproximadamente 271,912 Km², e uma população estimada de 11.740 pessoas,
Ibirá configura-se como um dos 96 municípios da Região Administrativa de São José
do Rio Preto, limitando-se com os municípios de Urupês, Potirendaba, Cedral,
Uchoa, Catiguá e Elisiario.
No brasão do município (Figura 2) estão cunhados os setores importantes para a
economia local, tanto do passado como no presente. O setor agropecuário tem
grande importância na economia do município, bem como o setor de comercio e
serviços, além é claro do turismo, que é motivado pela água mineral encontrada em
suas terras.
Figura 2 – Brasão do Município da Estância Hidromineral de Ibirá.
Fonte: Site Memorial dos Municípios. (2015)
Sua origem deu-se no final do reinado de Dom Pedro II, quando o Imperador
doou uma porção de terra com aproximadamente 150 mil alqueires a Antônio
Bernardino de Seixas. Uma expedição organizada junto com seus filhos José e João
Bernardino de Seixas partiu de Casa Branca – SP, chegando às terras de Ibirá por
Ao chegarem estabeleceram-se próximo ao Córrego das Bicas, local que é
considerado o marco inicial da colonização local, atualmente encontra-se no local o
Distrito de Termas de Ibirá. Porém, fixaram-se decididamente 6 km adiante, onde
hoje se encontra a cidade de Ibirá. Esse deslocamento ocorreu devido às
dificuldades no terreno alagado e conflitos com índios que supostamente detinham
conhecimento sobre as propriedades medicinais das águas do local.
O local recebeu denominações como São Sebastião da Cachoeira e Cachoeira
dos Bernardino, porém, estima-se que a primeira denominação oficial tenha sido
Freguesia de Cachoeira, posteriormente tornou-se Freguesia de Ibira. Que deriva da
palavra ybyra que em Tupi significa árvore ou fibra.
Em agosto de 1906 foi criado o Distrito de Paz de Ibirá, que fazia parte do
Município de São Jose do Rio Preto, por meio da Lei nº 996, e elevado à categoria
de distrito policial em 1913. No dia 12 de dezembro de 1921, através da lei nº 1.817
foi criado o município de Ibirá, subordinado a comarca de São José do Rio preto,
sendo instalado solenemente em 22 de março de 1922. Já em outubro de 1922 o
município passou a ser subordinado a comarca de Catanduva.
Com o passar de aproximadamente 20 anos da criação do município, Ibirá
recebeu o titulo de Estância turística através do Decreto Lei nº. 13.157 de 30 de
dezembro de 1942, do interventor federal Fernando de Souza Costa, no qual
autorizava a Fazenda do Estado a adquirir no município uma área denominada de
“Fonte Águas Minerais de Ibirá” (Figura 3) com 24.472,52 m² no valor de Cr$
Figura 3 – Documento no qual o Estado adquiriu as terras para a construção do Balneário em Ibiá.
FONTE: Site Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
O lugar que outrora foi o primeiro local onde a comitiva dos Bernardinos se fixou
e que possui águas ricas em minerais é hoje o distrito Termas de Ibirá, com uma
população de aproximadamente 1.000 habitantes e distante 5 km da sede do
município, é onde se encontra o Parque das Águas, local procurado por pessoas
que buscam tratamentos termais.
Ibirá recebeu o título de estância turística em 1942 e a Lei nº 5.091 de 8 de maio
de 1986 do então governador de São Paulo André Franco Montoro, transformou
algumas estâncias turísticas em estâncias hidrominerais, dentre elas Ibirá. Para
receber este título o município deve preencher alguns requisitos estabelecidos pela
de São Paulo existem 11 municípios com o título de estância hidromineral, que são:
Águas da Prata, Águas de Lindóia, Águas de Santa Bárbara, Águas de São Pedro,
CAPÍTULO 2
Termalismo é a prática de utilizar água como tratamento medicinal, a partir de
antigas construções e outros vestígios arqueológicos sabe-se que este modelo
remota das antigas civilizações gregas e romanas, assim como a palavra termalismo
que denomina esta pratica origina-se do latim thermae e do grego thermai.
Ao discorrer sobre o tema das práticas termais, Quintela (2004) diz que:
As práticas termais tiveram uso ancestral e são associadas, sobretudo por médicos, à fase 'religiosa' e 'empírica' da medicina. Com o advento da medicina dita científica, os médicos sentiram
necessidade de se apropriar dessa prática terapêutica — para uns
popular, para outros do domínio da magia — de modo a que ela
acompanhasse a história da medicina. (QUINTELA, 2004, p. 2).
Em suma o termalismo consiste no uso da água para tratamento de alguma
enfermidade, Mourão (1992) o define:
Termalismo ou hidroclimatismo diz respeito ao conjunto de tratamento hidriático, climático, pelóidico, pepsâmico, cinésico, psicológico e higienodietético. E todos eles, sempre que possível, empregados simultaneamente, constituindo: um programa com diversas modalidades de cura e admitindo-se, em determinados casos, a complementação com fisioterapia e farmacoterapia. (MOURÃO, 1992, p. 13 apud MORAES, 2008 p. 2).
Estas práticas se davam nas termas que eram locais luxuosos (Figura 4) com
áreas para banhos e lazer, onde se reuniam inúmeras pessoas em busca não de
cura, mas também de diversão, como aponta Quintela (2004) “Na Antiguidade,
especialmente entre os romanos, as termas eram locais de cura e prazer, como
atestam os autores que a elas se referem” (cf. Burnet, 1963, p. 10; Narciso, 1935, p.
Figura 4- Ilustração das Termas de Caracala em Roma, Itália.
Fonte: Site The Archeology.
Sobre o início da utilização das práticas termais e sua difusão Marrichi (2009)
mostra que:
Os espaços compostos por estas termas eram verdadeiros complexos
arquitetônicos, além das grandes estruturas luxuosas compostas por vários
ambientes com colunas, fontes e adornos exuberantes, estes locais possuíam
engenhosidades que iam além das visitas dos usuários. Os hypocaustums (Figura 5)
eram uma rede subterrânea de salas que possibilitavam a circulação de ar quente
gerado por fornalhas.
Figura 5 - A infraestrutura das Termas na Antiguidade.
Fonte: Site The Archeology
Nestas termas o usuário dispunha de atividades como ginástica, massagens,
banhos coletivos e privados além de salas para repouso e refeitório. Ainda
discorrendo sobre o ambiente das termas Marrichi (2009) mostra o quão luxuoso e
diversificado era este ambiente
várias obras de arte. A parte externa destinava-se a estádios, peristilos, galerias para passeios, academias e pequenas exedras para os filósofos. As termas eram rodeadas de jardins e árvores frondosas. (MARRICHI, 2009, p. 4).
Segundo Rego (2008) o apogeu do termalismo nesta época se deu no império
romano “As obras de Homero descrevem situações sugestivas de banhos termais,
mas foi o povo romano que os popularizou como fonte de cura e prazer”.
(QUINTELA, 2004, apud REGO, 2008 p. 19).
Contudo durante a Idade Média as termas sofreram um declínio, como mostra
Rego (2008) “Com o declínio do Império Romano a natureza higiênica dos banhos
romanos começou a deteriorar-se. Houve então a proibição do uso de banhos
públicos pelos cristãos, havendo um declínio no uso dos sistemas de banhos
romanos” (BARUCH, 1920 apud REGO, 2008 p. 19). Pois a Igreja Católica
considerava que estes locais faziam alusão aos prazeres do corpo, sendo assim
eram consideradas pela Igreja como local pecaminoso que atentava contra as regras
da moral cristã.
Passado o período medieval a Igreja revê seu ponto de vista, definindo as águas
com propriedades curativas como santas, como mostra Quintela (2004).
É, então, apenas à dimensão da cura que se pretende dar visibilidade, ligando-a a esfera religiosa. Nesta associação residiu,
aliás, uma das motivações da procura das águas termais – bem
como de todas as águas a que se atribuem virtudes santas e/ou curativas. (cf. Sebillot, 1983 apud QUINTELA, 2004 p. 4).
Sendo assim, os locais com banhos termais começaram a ressurgir através da
As termas foram durante o século XVIII reabilitadas pela aristocracia, nomeadamente a francesa, com as idas da corte a banhos (cf. Vigarello, 1988; Wallon, 1981; Tailleux, 1991; Ferreira, 1994), e pela emergência de uma nova burguesia, como aconteceu, por exemplo, em Inglaterra, em Bath (cf. Urry, 1994; Wallon, 1981; Hemphry, 1997; Porter; Jarrassé 2002), dando origem ao desenvolvimento de novas cidades. (QUINTELA, 2004 p. 4).
Neste período vislumbrou-se então um novo advento do termalismo, onde as
pessoas se dirigiam as cidades que possuíam águas termais, Marrichi (2009) diz
que:
A partir do século XIX quando novas sensibilidades misturam-se a desejos até então não aprovados na esfera da coletividade, é que temos a grande moda do retorno às estações termais. Novas atividades como temporadas alternadas na cidade e no campo e a prática de exercícios para o corpo e para o espírito surgem como tentativas emancipadoras de comportamentos considerados até então, convencionais. (MARRICHI, 2009 p. 7).
Estas pessoas procuravam a chamada cura termal que Quintela (2004) definiu
como: [...] “o período necessário para fazer um tratamento com água termal, que
implica a permanência no local de existência das águas termais” (QUINTELA, 2004
p. 3). Este tratamento ia além do contato com as águas termais, o contato com a
natureza, o tempo de descanso e a viajem em si já fazia parte do tratamento.
Como afirma André Rauch, a viagem era recomendada pelos
médicos como “o remédio da moda para certas doenças” (Rauch,
Os frequentadores das cidades termais buscavam além da cura termal, um
período de descanso e fuga da rotina, sobre estes visitantes Quintela (2004) diz que,
Como afirma Philys Hemphry, em Inglaterra, em 1815, “taking the
cure” provocava nos visitantes das termas uma atracção maior pelos divertimentos sociais aí existentes do que propriamente pela busca de saúde. Os vários autores que escrevem sobre a vida nas termas no século XIX e inícios de XX enfatizam a vertente lúdica, a procura do ócio e dos divertimentos, nas estações de águas, vilas de águas (Blackbourn 2002; Porter 1995, Rodriguez 2002, Jarrassé 2002; Mackman 1997, Gerbod; Steward 2002). E nestas é ressaltado o papel preponderante do jogo e dos cassinos no desenvolvimento destes lugares. (QUINTELA, 2004, p.5).
Neste período multiplicavam-se na Europa as estâncias hidrominerais na
Europa, dentre as cidades destacam-se Bath na Inglaterra (Foto 1), Vichy na França
e Baden-Baden na Alemanha. Concomitantemente a este advento começaram a
surgir pesquisas relacionadas às propriedades destas águas, principalmente na área
da medicina, sobre isto Quintela (2004) discorre:
Foto 1 – Local onde funcionou o Balneário de Bath, Inglaterra.
Fonte: Site The Archeology
Sobre estas pesquisas na área medica Rego (2008) diz que “a Grã-Bretanha foi
o berço do nascimento da hidroterapia científica, com a publicação do Sr. John
Floyer, em 1697, com o tratado: “An Inquiry into the Right Use and Abuse of Hot,
Cold and Temperature Bath” (CUNHA et al., 1998 apud REGO, 2008 p. 20).
Neste período as águas termais começaram a despertar o interesse da classe
médica como mostra Moraes (2008).
Nessa terapêutica, o agente é a água termal, que foi transformada no final do século XIX, articularmente na França (Weiss, op. cit.), em
objeto de estudo de uma nova ciência — a hidrologia médica. E
numa Estância Termal”. (TEIXEIRA, 1990 p. 27 Apud MORAES, 2008, p. 2).
Com estudos científicos sobre os poderes curativos destas águas as cidades
termais ganharam cada vez mais notoriedade e passaram a atrair um maior número
pessoas, e esta prática termal se difundiu por várias partes do mundo, Quintela
(2004) o define como:
CAPÍTULO 3
No Brasil sabe-se a partir de estudos históricos que as águas termais já eram
utilizadas pelos indígenas para tratamentos, mesmo sem uma comprovação
científica de seu poder curativo.
Entretanto, o marco que regulariza o início da utilização das águas termais no
país, ocorre em 1818, ano em que foi criada a estância termal de Caldas da
Imperatriz em Santo Amaro da Imperatriz/SC (Foto 2), considerada a primeira do
Brasil. “Segundo Mourão (1992), a situação deve-se ao fato de, em 1812, terem sido
enviadas para a corte amostras de água termal das Caldas do Cubatão (SC), hoje
Caldas da Imperatriz, para se proceder à análise”. (MORAES, 2008, p. 3).
Reconhecendo a importância terapêutica desta água D. João VI construiu no
local um hospital termal, como mostra Quintela (2004)
Esta situação levou a que D. João VI tenha emitido em 1818 um decreto onde ordenava a construção de um hospital termal, que se deveria reger pelos estatutos do Hospital das Caldas da Rainha (Portugal). Este é considerado o marco do início do termalismo no Brasil (Mourão,17 1992; Silva, 1994), entendendo-se este como uma prática terapêutica desenvolvida a partir da água termal e usada no
espaço de um estabelecimento balnear – já que notícias de fontes de
águas com propriedades curativas já tinha havido no final do século XVIII. (Rodrigues, 1833; Gonsalves, 1936; Mourão 1992; MARRAS 2002 apud QUINTELA, 2004, p. 10).
Foto 2 – Hospital termal de Caldas da Imperatriz, hoje funciona como hotel.
Fonte: Site Hotel Caldas da Imperatriz-SC
Desde então as práticas termais começam a se desenvolver no Brasil,
principalmente a partir do século XIX, “tudo começa com a descoberta das análises
químicas, ainda na primeira metade desse século, e com a edificação de alguns
estabelecimentos termais (Caldas do Cubatão, Caxambu e Poços de Caldas) na
segunda metade do mesmo século”. (QUINTELA, 2004, P. 10).
As águas minerais no Brasil seguem uma classificação como mostra Macêdo
(2007) quando diz que: aságuas minerais conforme definido no Decreto Lei nº 7841,
de 8 de agosto de 1945, define em seu artigo 1º, que águas minerais:
Ressalta-se que, no § 2º- "poderão ser, também consideradas como águas minerais, as águas de origem profunda que, mesmo sem atingir os limites da classificação estabelecida nos capítulos VII e VIII, possuam inconteste e comprovada propriedade favorável à saúde. (MACÊDO, 2007, p. 1079).
Com o passar do tempo às estâncias termais foram se desenvolvendo no Brasil,
com suas características próprias foram conquistando espaço no turismo brasileiro.
Com isso surgiram também as pesquisas e publicações sobre o assunto, entretanto
é na área da medicina onde predominam as publicações sobre o tema.
O primeiro a discorrer sobre o tema foi Antônio Maria de Miranda Castro, na
Escola Medica do Rio de Janeiro em 1841. “Esta tese de medicina é o primeiro
inventário realizado sobre estações de águas brasileiras. E aí são mencionadas as
águas existentes nos estados brasileiros, classificadas segundo a sua composição
química. [...]” (AZEVEDO, 1892, p.34 apud QUINTELA, 2004, p. 11).
Nesta tese, o autor fala das potencialidades destas águas e da necessidade de o Brasil investir neste campo, à semelhança do que
se passava na Europa, onde as águas minerais serviram de “meio
sanitário” e “fundo precioso de interesse e prosperidade”, enriquecendo e civilizando “estéreis villas”, citando como exemplos Caldas da Rainha, Gerês (Portugal), Spa (Bélgica) ou Forges (França). (QUINTELA, 2004, p. 11).
Sobre o desenvolvimento do termalismo no Brasil Quintela (2004) define que
este processo histórico está dividido em duas fases, sendo:
A primeira, relativa ao século XIX, é a fase das descobertas das
águas minerais como “factos científicos”, medicamentos, na
medicina como detentora dos saberes relativos a esta prática terapêutica que cria mais um espaço para exercer a clínica, através
da prescrição do “medicamento natural” – a água. E na medida em
que a água é classificada como medicamento, e as termas como “uma pharmacia da natureza”, é na cadeira de terapêutica médica que são ministrados os saberes a ela relativos, tal como propõem Correia Neto (1917) e Renato de Sousa Lopes (1936). (QUINTELA, 2004, p. 12).
E a segunda fase compreende o período da consolidação de estabelecimentos
destinados às práticas termais, onde se misturam áreas para tratamento conjuntas
com áreas destinadas ao lazer. Quintela (2004) diz que:
É a segunda fase, iniciada no século XX, que corresponde à afirmação das estâncias hidrominerais como lugares de cura e de turismo. O período áureo do termalismo brasileiro terá acontecido entre 1930 e 1950 (Silva, 1994; Mourão, 1992), associado às
dimensões terapêutica e lúdica – uma das razões do declínio é
imputada à proibição do jogo em 194621. (SILVA 1994 apud QUINTELA, 2004, p. 12).
“Durante os anos de 1950 o chamado ‘termalismo científico” entra em declínio
no Brasil, com o desinteresse e consequente diminuição de publicações sobre o
assunto na área médica, entretanto Quintela (2004) mostra que:
Mesmo sem grande destaque o termalismo continua se desenvolvendo no país,
como diz Moraes (2008). “Com o forte apelo ao turismo de praia, atualmente pouco
percebe-se o desenvolvimento nas estâncias termo minerais, que embora não estão
em total evidência na mídia ainda existem.” (MORAES, 2008, p. 4).
Atualmente há iniciativas para revigorar este segmento no Brasil, como mostra
Lazzerini (2012),
Apesar do histórico descaso com as Estâncias Hidrominerais do Brasil, não só político, mas econômico e acadêmico; os últimos governos federais começam atentar-se para este tema. Com FHC, através do Decreto Federal de 08/07/2002 que prevê a criação de grupo executivo para integração entre a pesquisa e todo o setor produtivo relacionado às águas minerais, balneários e recursos hídricos; além de uma nova Comissão Permanente de Crenologia para rever o Código das Águas Minerais de 1945, que ainda regula estes recursos. E com LULA tivemos o grande avanço da Portaria do Ministério da Saúde 971 de 03/05/2006 que, seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde considera, entre outras, que: “o Termalismo Social/Crenoterapia constituem uma abordagem reconhecida de indicação e uso de águas minerais de maneira complementar aos demais tratamentos de saúde e que nosso País dispõe de recursos naturais e humanos ideais ao seu
desenvolvimento no Sistema Único de Saúde (SUS)”. (LAZZERINI,
2012).
A criação de um curso de bacharelado sobre o tema, sobre o qual Rego (2008)
aponta:
organização dentro do termalismo e que se possa desenvolver uma legislação específica sobre o assunto. (REGO, 2008, p. 22).
No Brasil as estâncias hidrominerais são regulamentadas pelo Decreto nº 20, de
13 de julho de 1972, que dispõem:
Artigo 3 º - Constituem requisitos mínimos para a criação de estâncias
hidrominerais:
I - A localização, no município, de fonte de água mineral natural ou
artificialmente captada devidamente legalizada por decreto de concessão de lavra
expedido pelo Governo Federal, com vazão mínima de 96.000 litros por vinte e
quatro horas. Ver tópico
II - A existência, no município de balneário de uso público para tratamento
crenoterápico, segundo a natureza das águas e de acordo com os padrões fixados
neste regulamento.
Em terras brasileiras encontramos águas termais segundo Rego (2008),
município de Iretama. Em São Paulo existe um grupo de 11 cidades intituladas pelo governo do Estado como Estâncias Hidrominerais. São cidades que reúnem uma série de exigências de estruturas e atrativos turísticos voltados para a prática do termalismo. Estas cidades são: Águas da Prata, Águas de Lindóia, Águas de Santa Bárbara, Águas de São Pedro, Amparo, Ibirá, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Poá, Serra Negra e Socorro. (REGO, 2008, p. 22).
Existem hoje poucos trabalhos que abordam o tema do termalismo, como mostra
Rego (2008),
Hunter-Jones (2005), Connell (2006) e Sayili et al. (2007) já afirmaram que a pesquisa científica no mundo sobre o termalismo é restrita e limitada a estudos descritivos sobre as técnicas aplicadas nos tratamentos. Porém já existem alguns trabalhos recentes sobre demanda turística em cidades de águas como os de Castro (2007). (REGO, 2008, p. 22).
Entretanto, o termalismo é uma importante vertente do turismo brasileiro, que se
difere do tradicional turismo de praia, teve seus períodos de altos e baixos, mas
continua atraindo pessoas que buscam tratamento e outras que procuram apenas
CAPÍTULO 4
Acredita-se que os primeiros a utilizar de maneira terapêutica as águas minerais
encontradas em Ibirá foram os índios que habitaram a região por volta dos anos de
1770, onde se banhavam nas águas para curar doenças e ferimentos.
Posteriormente com a colonização da região as águas continuaram a chamar a
atenção e despertar a curiosidade, relatos antigos dizem que nas imediações das
nascentes o solo era esbranquiçado, provavelmente devido ao sal carbonatado que
surgia após a evaporação da água. Há ainda relatos de uma fonte onde a força da
água q emergia a superfície era tanta que as pessoas conseguiam adentrá-la sem
afundar.
Quando conhecemos a fonte em seu nascedouro primitivo, a água emergia tumultuosamente, pondo em continuo movimento a areia que se antepunha à saída, apresentando-se como um grande atoleiro; quando uma pessoa entrava no “poço”, afundava até certa altura; entrava outra e assim sucessivamente três, quatro, até oito mais indivíduos nele iam se acomodando perfeitamente, alargando-se a sua capacidade de aparente exiguidade, para, num carinhoso amplexo, a todos acolher em sua água benfazeja, retornando, depois da saída dos banhistas, a sua dimensão anterior. (Site Águas de Ibirá, 2014).
Dentre as peculiaridades do local encontrava-se ainda uma fonte (Foto 3) que
jorrava água com cheiro de enxofre, hoje a mesma encontra-se submersa sob uma
das represas do parque, fato narrado pelo jornalista da região Toninho Cury em uma
de suas reportagens, onde ele escreve:
Vi a construção da represa, no início dos anos 70. Para mim, o maior crime ambiental de todos os tempos em toda nossa região. Lá, enterraram a famosa nascente de enxofre, que exalava cheiro de ovo choco a metros de distância. Sua água era milagrosa e seu barro, continha efeitos terapêuticos, que segundo comentários, era superior
a “lama de Araxá”. Vinha gente do mundo todo beber a água que
Foto 3 - Fonte no local onde hoje se encontram os lagos no Parque das Águas.
Fonte: Pagina Ibirá Retrô.
Segundo a história local o interesse em criar uma estrutura que propiciasse de
maneira mais fácil e confortável a utilização e comercialização da água e da lama
encontradas no local surgiu em 1920. Quando quatro amigos ibiraenses foram
pescar no local e devido ao calor acabaram se banhando nas águas, um dos
integrantes do grupo era Carmelo Zito, que possuía feridas na pele das pernas e
notou que ocorreu a cicatrização de suas feridas, após o banho naquelas águas.
A história desta “cura” através das águas de Ibirá despertou o interesse de um
grupo formado por Arthur Pagliusi, Orestes Pagliusi, Godofredo Pagliusi e Basílio
Baffi que construíram no local, por volta dos anos de 1930, um balneário de madeira
(Fotos 4 e 5) e passou a receber pessoas de todo o estado que vinham em busca de
Foto 4 – Primeiro Balneário Construído em Madeira.
Fonte: Site Águas de Ibirá.
Foto 5 – Abertura da primeira fonte no Parque das Águas.
Devido ao desentendimento entre seus sócios o balneário encerrou suas
atividades em 1941, entretanto este marcou a história do local, pois deu início à
divulgação e sistematização dos tratamentos terapêuticos no município.
A água de Ibirá se destaca por apresentar propriedades como sulfatos, flúor,
carbonatos e bicarbonatos (Tabela 1). Dentre os minerais encontrados o que mais
se destaca é o vanádio um mineral descoberto pelo químico sueco Nils Gabriel
Sefström, que o batizou em homenagem a Deusa da beleza na mitologia
escandinava, Vanadis. Este elemento raro esta presente em cerca de 0,02% da
crosta terrestre, atualmente a água vanadica é encontrada apenas na cidade de
Vichy na França e no Brasil em Ibirá.
Tabela 1 – Composição físico-química da água da Fonte Carlos Gomes.
PH 9,88
Alcalinidade em
HCO3 40,00 mg/l
Alcalinidade CO3 131,00 mg/l
Resíduo a 180° 298,00 mg/1
Fosfatos 0,40 mg/l
Cloretos. . . 3,50 mg/l
Sulfatos. . . 36,00 mg/l
Sílica. . . 36,00 mg/l
Flúor. . . .. 30,37 mg/l
Vanádio. . . 0,35 mg/l
Potássio. . . 0,60 mg/l
Sódio. . . 100,00 mg/l
Cobre. . . .. 0,01 mg/l
Ferro. . . 0,01 mg/l
Condutividade especifica a 25° C -- (Micro-Siemens Cm) 530 – 575
4.1 A construção do Balneário: ações do poder público
O desenvolvimento do termalismo nas Termas de Ibirá contou com o importante
apoio do Dr. Ademar Pereira de Barros, que conheceu a região em suas muitas
visitas ao até então esquecido interior do Estado de São Paulo, quando ainda era
interventor federal do estado, nomeado no governo do presidente Getulio Vargas.
Em 1947, já como governador do estado de São Paulo Ademar de Barros
inaugurou nas Termas de Ibirá um moderno Balneário (Fotos 6 e 7) que o
governador nomeou de Balneário Joaquim Lemos.
Foto 6 – Fachada do Balneário Joaquim Lemos.
Fonte: Administração do Balneário.
Foto 7 – Vista aérea do Balneário Joaquim Lemos.
Fonte: Administração do Balneário.
4.2 O desenvolvimento de Termas de Ibirá e o Cassino do Grande Hotel
Com a construção do novo Balneário surgiu em 1945 um ícone da história local,
o Cassino sito no Grande Hotel, a criação deste cassino seguiu um padrão das
cidades termais no mundo, como mostra Quintela (2004).
O período entre 1940 e 1960 é considerado “anos de ouro” para o turismo nas
Termas de Ibirá, neste período os visitantes se dividiam entre as águas termais e o
Grande Hotel (Fotos 8 e 9), construído em 1945 pela empresa J. Lemos &
Carpegiani, o luxuoso hotel em estilo colonial que possuía em suas dependências
um dos mais tradicionais cassinos dos anos de 1940 (Foto 10).
Foto 8 – Antiga fachada do Grande Hotel.
Foto 9 – Antigas instalações internas do Grande Hotel.
Fonte: administração do Balneário.
Foto 10 – Cassino do Grande Hotel.
Em sua lista de hospedes encontrava-se o nome de políticos e celebridades da
época como os jogadores Pelé (Foto 11) e Rivelino, e cantores como Vinicius de
Moraes, Silvinha e Toquinho; o ator Mazzaropi (Foto 12),entre outros, além do Dr.
Ademar de Barros que sempre foi um frequentador assíduo do hotel, onde todos
comentavam sobre o ilustre frequentador do Grande Hotel.
Foto 11 – Pelé quando se hospedou no Grande Hotel
Foto 12 – Mazzaropi Hospedado no Grande Hotel
Fonte: Pagina Ibirá Retrô.
Segundo relato para um jornal da região de Torival Bernardo de Souza,
ex-funcionário que trabalhou por 43 anos no Grande Hotel, o Governador Ademar
Pereira de Barros tinha até seu quarto preferido no hotel, era o quarto 103, sempre
se hospedou no mesmo quarto.
“O período áureo do termalismo brasileiro terá acontecido entre 1930 e 1950”
(Silva, 1994; Mourão, 1992 apud Quintela, 2004, p. 12), “associado às dimensões
terapêutica e lúdica – uma das razões do declínio é imputada à proibição do jogo em
1946” (Silva 1994 apud Quintela, 2004 p. 12). O mesmo ocorreu com o Grande
Hotel, que outrora foi palco de grandes festas e ícone do luxo e jogatina no interior
Foto 13 – Um dos corredores do Grande Hotel atualmente.
Fonte: VALENTIM, G. A. (2015)
Foto 14 – Salão onde funcionava o Cassino do Grande Hotel.
4.3 Termas de Ibirá atualmente
Com o passar do tempo o Balneário Joaquim Lemos foi se deteriorando e
tornando-se obsoleto. Analisando as necessidades de melhorias e adequações que
o local necessitava o governador do estado na época Laudo Natel determinou a
construção de um novo balneário, suas obras tiveram início no ano de 1973 e sua
inauguração ocorreu em 1975.
Com esta nova construção passou a ser denominado Balneário Evaristo Mendes
Seixas (Foto 15), que funciona até hoje. Situa-se no complexo chamado de Parque
das Águas (Foto 16) que abrange uma área de 21 alqueires e conta com uma
estrutura que possui saunas seca e a vapor, ducha escocesa, turbilhão, ducha
circular e alas para tratamentos dermatológicos e pedológicos. E uma área de lazer
com salões, quadras, parque infantil, lagos, bosques, área para camping,
lanchonete, piscinas e feira de artesanato, que acontece todos os finais de semana
e atrai artesãos de várias cidades vizinhas (Figura 6).
Foto 15 – Balneário Evaristo Mendes Seixas.
Foto 16 – Vista aérea do Parque das Águas.
Fonte: Site Memorial dos municípios.
Figura 6 – Localização das Fontes e Balneários no Parque.
Na área do parque estão dispersas cinco fontes que jorram água mineral, cada
uma com características químicas, sabor e utilizações específicas. Sendo elas,
Saracura (Foto 17), Seixas (Foto 18), Carlos Gomes (Foto 20), Jorrante (Foto 22) e
Ademar de Barros (Foto 24) que foi uma homenagem ao governador que fez parte
da história local sendo inaugurada por ele mesmo em 1944. Estas fontes recebem
diariamente pessoas quem vem recolher água em galões para levar pra casa, em
cada fonte o usuário encontra um cartaz informando as propriedades da água que
jorra no local (Fotos 19, 21 e 23).
Foto 17 – Fonte Saracura.
Foto 18 – Fonte Seixas.
Fonte: VALENTIM, G. A. (2015)
Foto 19 – Tabela fixada na fonte Seixas com informações sobre sua água.
Foto 20 – Fonte Carlos Gomes.
Fonte: VALENTIM, G. A. (2015)
Foto 21 – Tabela da fonte Carlos Gomes com informações sobre sua Água.
Foto 22 – Fonte Jorrante.
Fonte: VALENTIM, G. A. (2015)
Foto 23 – Tabela com Informações sobre a àgua da fonte Jorrante.
Foto 24 – Fonte Ademar de Barros.
Fonte: VALENTIM, G. A. (2015)
Entre elas a que possui os minerais de forma mais uniforme é a fonte jorrante,
esta também é a fonte que recebe maior número de visitantes, pois, esta localizada
do lado externo do parque (Foto 25), sendo assim seu acesso ocorre de maneira
mais fácil e o usuário não precisa pagar a entrada do Parque e possui duas bicas
que tem forte vazão de água, fazendo com que o usuário possa coletar água mais
rapidamente, visto que em outras fontes a vazão menor faz com que a coleta seja
Foto 25 – Fonte Jorrante e o estacionamento próximo.
Fonte: VALENTIM, G. A. (2015)
O complexo do parque das águas recebe visitante principalmente das cidades
da região, entretanto há também um número considerável de usuários de regiões
mais distantes e até outros estados. O período considerado de alta temporada são
os meses de férias escolares como dezembro, janeiro e julho.
O Parque das Águas oferece diversos serviços aos visitantes. Dessa forma,
apresenta um público variado no que diz respeito à idade e perfil socioeconômico. A
principal atração do Parque é o balneário que funciona de segunda-feira das
16h30min às 20h00, de terça-feira à sexta-feira das 8h30min às 11h30min e de
sábado, domingo e feriados das 9h00 às 17h00. Onde são oferecidos diversos
serviços de relaxamento, estética e cuidados com a saúde.
De modo geral, pode-se afirmar que os usuários do Parque das Águas de Ibirá
se dividem em grupos quanto à motivação da visita. Um grupo busca banhos e
tratamentos terapêuticos e estéticos, enquanto outro grupo vai em busca de lazer e
descanso.
O grupo que busca tratamentos terapêuticos e estéticos frequenta
preferencialmente o Balneário, demonstrando pouco ou nenhum interesse nos
demais atrativos como a piscina e quiosques. Isto se justifica pelo interesse principal
nas qualidades terapêuticas da água. Além da motivação da vista este público se
acima de 35 anos e com um poder aquisitivo mais elevado, vide a (Tabela 2) com os
preços a baixo.
Tabela 2- Serviços oferecidos no Parque das Águas de Ibirá
SERVIÇOS DO BALNEÁRIO
Banho de imersão R$ 14,00
Banho de hidromassagem R$ 18,00
Chuveiro R$ 6,00
Aluguel de toalha R$ 6,00
Ducha escocesa R$ 15,00
Aluguel de chinelo R$ 6,00
Sauna (inclusa ducha escocesa) R$ 25,00
Sauna (sem ducha escocesa) R$ 18,00
Piscina (por pessoa) R$ 15,00
SERVIÇOS DE ESTÉTICA (agendados)
Podologia R$ 60,00
Reflexologia R$ 48,00
Hidratação podal R$ 55,00
Curativo (podologia) R$ 36,00
Limpeza de pele R$ 70,00
Máscaras faciais R$ 70,00
Drenagem linfática R$ 60,00
Esfoliação drenagem R$ 70,00
Shiatsu R$ 60,00
Bamboo therapia R$ 60,00
Quiropraxia R$ 60,00
Terapia com pedras quentes R$ 70,00
Massagem relaxante R$ 60,00
RPG – reeducação postura global R$ 50,00
Iso stretching e pilates R$ 60,00
Osteopatia estrutural R$ 70,00
Osteopatia craniana R$ 70,00
Osteopatia visceral R$ 70,00
Fonte: Administração do Balneário.
Aqueles que buscam pela saúde demandam pelos banhos de imersão, são
realizados aproximadamente 2 mil banhos por mês, sendo que destes apenas 10%
são pessoas que buscam tratamento medicinal, os outros são usuários que buscam
descanso e relaxamento associado às qualidades terapêuticos da água, ou seja, não
estão em tratamento de saúde, mas buscam algum benefício.
Dentre os usuários que buscam tratamento de saúde pelas águas, um dos
benefícios mais procurados é o de cicatrização da pele. Há grande demanda de
pessoas com problemas na pele como psoríase, por exemplo. Geralmente estas
pessoas utilizam os banhos de imersão de 20 minutos, que é o tempo indicado para
que as substâncias da água possam penetrar a pele. O tratamento mais utilizado
preconiza a realização destes banhos diários pelo período de 21 dias consecutivos,
que seria o tempo ideal para a renovação das camadas da pele.
O grupo de usuários do Parque que busca apenas diversão e lazer são os que
frequentam das piscinas e quiosques para churrasco, que apesar de estarem se
beneficiando com os componentes das águas, estes não é o seu interesse principal.
Assim como outros utilizam os restaurantes ou as lojas de souvenirs.
Além destes grupos, há ainda pessoas que buscam os benefícios dessas águas,
recolher água e utilizá-la em sua residência. Ainda existem alguns que vão ao
Parque apenas para um passeio.
Para subsidiar a compreensão do processo de turistificação de Ibirá é
importante recorrer a Knafou (1999), que ao analisar o turismo identificou “três fontes de turistificação dos lugares e territórios”. Sendo elas: o turista, o mercado e os
planejadores e promotores territoriais.
Ainda, Cruz (2000) afirma que a “apropriação de uma determinada porção
do espaço pelo turismo resulta da convergência de diferentes fatores (sociais,
econômicos, culturais) e não simplesmente, de seus atributos naturais”. (CRUZ,
2000, p.19)
Assim, os turistas são incentivados a valorizar lugares e destinos que
antes desprestigiados, se o frio e a montanha eram os grandes atrativos, os litorais
passam a predominar após a Segunda Guerra Mundial, com os destinos conhecidos
como “sol e praia”. Isto corrobora com Menezes (2002) que afirma: “A paisagem não é universal”, ou seja, varia de uma civilização para outra.
Knafou (1999) lembra que na Côte d'Azur, na Riviera das Flores, em
Chamonix, Zermatt ou em Engelberg, o turismo nasceu espontaneamente, com o
deslocamento de citadinos, posteriormente chamados de turistas. Dessa forma, o
processo de turistificação nasceu com a prática social e não, pela invenção de um
produto.
No Brasil a criação de alguns lugares turísticos aconteceu desta forma,
com o interesse de visitantes sem a intervenção inicial do mercado e promotores
territoriais. Neste caso, Cruz (2000) lembra que este destino pode, ou não, ser
territorializado pelo mercado turístico. Como exemplos de apropriação organizada de
lugares turísticos “descobertos” por turistas, a autora cita: Canoa Quebrada e
Jericoaquara no Ceará e Porto Seguro na Bahia.
Voltando às considerações de Knaufou (1999) sobre as fontes de
turistificação, o mercado é a segunda fonte de criação de lugares turísticos, e hoje é
considerada a principal. Neste caso, a gênese do lugar turístico está na “concepção
turísticas em si”. As características naturais e/ou culturais de um lugar passam a ser
relevadas ao segundo plano na implantação do turismo, o que destrói a ideia de
transformação imediata de potencial turístico em atrativo, ou produto turístico.
Então, o mercado turístico é dotado de “enorme mobilidade espacial e uma
considerável independência de fatores antes determinantes da construção de
lugares turísticos, como fatores naturais” (CRUZ, 2000, p. 22).
Para ilustrar o caso do Município de Ibirá, a análise de Knaufou é muito
apropriada. Pois a terceira fonte de turistificação de espaços e lugares são os:
planejadores e promotores “territoriais”. “A intervenção do planejamento territorial na
configuração dos lugares turísticos resulta da necessária racionalidade imposta pelo
mercado bem como da competitividade espacial entre lugares, características da
atualidade”. (CRUZ, 2000, p.22).
Em Ibirá o processo de turistificação está relacionado com o planejamento
e investimento do poder público local e estadual, com doação de terras, a
construção de infraestruturas e a concessão do título de Estância termal.
Com o impulso do poder público, o termalismo se desenvolveu nas Termas de
Ibirá e ampliou também o setor turístico no município, onde foram criados hotéis,
restaurantes e lojas de artesanato, que buscam atender a demanda dos turistas. O
complexo hoteleiro no distrito vem se desenvolvendo, atualmente há 10 hotéis nas
Termas de Ibirá, que variam entre colônias de férias (Foto 26), pousadas e um hotel
fazenda (Figura 7). E três lojas de artesanato, além da feira de artesanato que
ocorre todo final de semana no balneário onde são comercializados trabalhos de
Foto 26 – Unidade de lazer da Afpesp nas Termas de Ibirá.
Fonte: Site Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (afpesp).
Figura 7 – Distribuição dos hotéis no Distrito de Termas de Ibirá.
É inegável a importância que o balneário exerce no município, tanto no setor
cultural, como na economia. Este simbolismo dos balneários foi abordado por Ninis
(2008) quando ela diz que:
As estâncias hidrominerais têm um alto valor agregado, no que diz respeito à sua condição de pólo turístico. Na análise da situação econômica e social dessas comunidades, devem ser ponderados a movimentação financeira gerada pelo turismo, os empregos diretos e indiretos, o ritmo de crescimento econômico e o nível qualidade de vida da população. Via de regra, tais localidades desenvolveram-se com base no turismo, sustentadas pelo valor medicinal de suas águas e pelos aspectos culturais que permeiam a vida de seus habitantes. Nesse caso, cultura e água são valores indissociáveis, pertencentes à tradição histórica dos municípios e presentes na qualidade de vida dos seus cidadãos. (NINIS, 2008, p. 159).
Desde sua criação o balneário sempre esteve sob a tutela do Estado de são
Paulo, entretanto em 1995 o então governador Mario Covas promulgou a Lei nº
9.280 de 21 de dezembro de 1995 que autorizava a venda de alguns balneários e
hotéis que estavam sob a tutela do estado, dentre eles o Balneário Evaristo Mendes
Seixas, que em 26 de abril de 1997 passou para as mãos do Município de Ibirá.
Visando melhoria no atendimento ao público e consequentemente atrair mais
visitantes, atualmente a prefeitura realiza no parque obras de revitalização e
melhoria orçadas em R$2.300.000,00, financiadas pela Secretaria de Turismo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa buscou-se analisar uma forma de turismo bastante comum no
Brasil, porém pouco estudada, o turismo termal. O trabalho foi realizado tomando
como base a Estância Hidromineral de Ibirá. Município situado no interior paulista e
conhecido por ser o único lugar do país onde se encontra água com vanádio.
Localidades onde são encontradas águas com propriedades diferentes das
águas comuns, geralmente acabam atraindo pessoas que buscam usufruir dos
benefícios dessas águas. Nestes locais desenvolve-se o chamado termalismo. Esta
pratica quem vem desde as civilizações gregas e romanas foram se reinventando e
se desenvolvendo ao longo do tempo, conseguindo assim perdurarem até os dias
atuais.
Ao estudar o termalismo no Brasil vimos que, as primeiras práticas termais aqui
realizadas oficialmente datam do reinado de D. João VI, em Caldas da Imperatriz,
SC. Atualmente no pais são encontradas águas termais em diversos locais. Em
alguns casos, o município no qual se encontram as fontes de águas minerais e uma
estrutura que atenda alguns requisitos relacionados ao turismo, é concedido o título
de Estância hidromineral, passando assim a receber subsídios financeiros que visam
o desenvolvimento do turismo local.
Ao analisar a história do recorte espacial de nossa pesquisa, a Estância
Hidromineral de Ibirá, observou-se que seu povoamento se deu com a chegada da
família Bernardino no local onde hoje se encontra o Distrito de Termas de Ibirá,
posteriormente eles migraram alguns quilômetros à frente onde fundaram a cidade
de Ibirá, atual sede do Município.
Entretanto é no Distrito das Termas de Ibirá que se encontra o Parque das
Águas, local onde estão situadas as fontes de água mineral e todo o complexo
turístico do município. Este pequeno núcleo urbano, com aproximadamente mil
habitantes, possui praticamente todas as suas atividades voltadas ao turismo gerado
pelas águas minerais do lugar. Assim como em outras estâncias termais, Termas de
Ibirá abrigou nos anos de 1940 e 1950 um cassino, que atraiu pessoas da elite e
O município possui o título de estância desde 1972, sendo elevada a categoria
de estância hidromineral em 1986. Para o desenvolvimento do termalismo em suas
terras Ibirá contou com o apoio de grandes políticos como, os governadores do
Estado de São Paulo Ademar de Barros e Laudo Natel, dentre outros grandes
nomes da política da época, os quais possibilitaram a criação do antigo e do atual
balneário.
Atualmente, a administração e conservação do Balneário é responsabilidade do
poder público municipal, contudo a manutenção do mesmo tem efeitos na economia
local que vão além dos dividendos gerados pelo Parque. Durante a pesquisa
verificou-se que, assim como em outras localidades termais, em Ibirá o visitante que
vem à cidade atraído pelas suas águas, faz com que se desenvolva no local um
complexo turístico, formado por hotéis, restaurantes, clubes e lojas de souvenirs que
visam suprir as demandas desses visitantes. Nota-se ainda que há uma grande
quantidade de colônias de férias de associações e sindicatos instaladas na cidade.
Pode ser observado também que há em Termas de Ibirá outros ramos que não
estão diretamente ligados ao turismo termal, como por exemplo, Imobiliária, fábrica
de moveis rústicos, dentre outros. Mas que existem ali para atender uma demanda
gerada pelo turismo.
Na realização desta pesquisa notou-se que o público que visita o Parque das
Águas é bem heterogêneo. Mesmo que a procura dos serviços do balneário ainda
seja quase que unicamente de pessoas com um nível socioeconômico de maior
poder aquisitivo. As piscinas e quiosques do Parque recebem pessoas de vários
níveis socioeconômicos, mostrando assim uma diversidade de serviços e a grande
abrangência do público que utiliza o Parque. Além do grande movimento de pessoas
que vão buscar água para consumir em suas residências. Dessa forma, pode-se
afirmar que o termalismo em Ibirá é bastante democrático ao atender pessoas de
diferentes setores sociais, visitantes de diversas procedências, ou do próprio
REFERÊNCIAS
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