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Análise comparativa dos produtores de frutas do pólo Petrolina-Juazeiro – um paralelo com os fruticultores de toda a área de atuação do BNB

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Academic year: 2017

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FACULDADE BOA VIAGEM – FBV

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PRODUTORES DE FRUTAS DO

PÓLO PETROLINA-JUAZEIRO

UM PARALELO COM OS

FRUTICULTORES DE TODA A ÁREA DE ATUAÇÃO DO BNB

SÉRGIO MAIA DE FARIAS FILHO

(2)

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PRODUTORES DE FRUTAS DO

PÓLO PETROLINA-JUAZEIRO

UM PARALELO COM OS

FRUTICULTORES DE TODA A ÁREA DE ATUAÇÃO DO BNB

Dissertação apresentada pelo aluno Sérgio Maia de

Farias Filho ao Curso de Mestrado em

Administração do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração da Faculdade

Boa Viagem, como requisito complementar

para obtenção do grau de Mestre em

Administração.

Orientador: Prof. Augusto César Santos de Oliveira, Ph.D

(3)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a DEUS pelo dom da vida, a saúde e disposição de cumprir com mais essa importante etapa da minha vida.

A minha querida mãe, pelo apoio, ensinamento e estímulo de seguir sempre em frente vencendo todos os obstáculos.

Aos meus queridos filhos RENATA e THIAGO, pelo amor, amizade e união eterna.

Aos meus irmãos: Suely, Sandra, Saulo e Sávio, e demais familiares pelo amor e apoio irrestrito.

Ao Prof. Ph.D Augusto César Santos de Oliveira, pela transmissão dos conhecimentos, dedicação, companheirismo e orientação essenciais para a elaboração do presente trabalho.

Aos amigos do Banco do Nordeste, especialmente, à equipe técnica do ETENE, cujo apoio e disponibilização da base de dados da pesquisa, foi fundamental e sem a qual não seria possível o presente trabalho.

Aos amigos da Superintendência Estadual do Banco do Nordeste em Pernambuco, pela paciência, ajuda e companheirismo, e, em especial, à minha amiga Andréa Vasconcelos, técnica de campo, pela paciência e auxílio na elaboração do trabalho.

Aos parceiros do Vale do São Francisco e produtores que, gentilmente e dedicados, cooperaram no fornecimento dos dados das pesquisas.

Aos colegas da turma de Mestrado pela amizade e troca de experiências.

(4)

"É enfrentando as dificuldades que você fica forte.

É superando seus limites que você cresce.

É resolvendo problemas que você desenvolve a maturidade.

É desafiando o perigo que você descobre a coragem.

Arrisque e descobrirá como as pessoas crescem

quando exigem mais de si próprias.”

(5)

RESUMO

Na região semi-árida do Nordeste se encontram as melhores condições de clima, solo, exposição solar e disponibilidade de mão-de-obra abundante, dentre outros fatores, para a exploração da fruticultura irrigada, desde que se disponha de recursos hídricos para irrigação. O principal pólo de produção de frutas dessa região é o perímetro irrigado de Petrolina-Juazeiro, mas o Nordeste conta ainda com outras localidades onde se pratica a fruticultura irrigada e de sequeiro, totalizando 16 pólos produtores de frutas. Esse trabalho foi realizado com o objetivo de isolar os resultados do levantamento realizado no pólo Petrolina-Juazeiro e traçar um comparativo entres as condições de atuação desses produtores e as mesmas condições entre os produtores da amostra total dos outros pólos do Nordeste. Foi utilizada uma base de dados obtida por um modelo de amostragem probabilístico casual simples, aplicado em 90,0% das áreas de maior concentração de fruticultura de toda a região Nordeste. Os fruticultores selecionados responderam um questionário composto por 145 questões, divididas em nove temas, sendo estes: Caracterização do produtor, identificação da unidade produtiva, sistemas de produção adotado, assistência técnica e capacitação, pesquisa sobre fruticultura, assistência creditícia, comercialização e mercado, organização social e questão ambiental. As análises confirmam a hipótese de que as condições materiais e de conhecimento dos fruticultores, bem como a sua integração com os meios agroecológico e socioeconômico estão fortemente correlacionadas com os resultados por eles obtidos. Os fruticultores que apresentaram melhor desempenho contam com uma base material superior à dos demais, têm uma maior dotação de conhecimento formal, contam com uma assistência técnica mais assídua e sabem buscar melhor as informações. Os resultados reforçam a importância da dotação de capital físico para uma fruticultura de sucesso, mas destacam a necessidade de uma escala mínima. Destacam ainda que o fortalecimento do capital humano, na forma de educação voltada para a produção, a comercialização e a gestão da propriedade deveria ter tanta importância quanto o capital físico.

(6)

ABSTRACT

EVALUATING THE PERFORMANCE OF PRODUCERS OF FRUIT OF THE POLE-PETOLINA- JUAZEIRO - A PARALLEL TO THE GROWERS FOR THE ENTIRE AREA OF ACTION OF BNB

Brazilian’s Northeast semi-arid region, faces the best conditions of climate, soil, sun exposure and availability of labor, among other factors, for the exploitation of irrigated orchards, provided if they have water for irrigation. The main center for fruit production is irrigated perimeter of Petrolina- Juazeiro, but the Northeast also has other locations where the practice fruits irrigated or not, totaling 16 clusters of fruit producers. This work was carried out for isolating the results of the survey results from Petrolina-Juazeiro pole and drawing a comparison between the work conditions of these producers and the same conditions among the total sample producers of other Northeast centers. We used a database obtained by a probabilistic model of random sample, weared out in 90.0% of the highest concentration areas of fruit trees through the Northeast region. The selected farmers answered a 145 questions questionnaire, shared into 9 themes, which are: producer characterization, plant identification, production systems adopted, technical assistance and building capacity, research on fruit production, credit assistance, market and marketing, social organization and environmental issue. The tests confirmed the hypothesis that the material conditions and the farmers knowledge and their integration with the socioeconomic agroecological means are strongly correlated with the results obtained by them. The farmers fruit growers who had better performance had a material basis superior to the other, had a more formal appropriation of knowledge, more assiduous technical assistance and had known and fetched more information. The results emphasize the importance of the capital appropriation for the success of a fruit crop, but also emphasized the need for a minimal scale. Still emphasized that the strengthening of human capital in the form of education geared to the production, marketing and proper management should have as much importance as physical capital.

(7)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Áreas cultivadas e volume de produção no pólo Petrolina-juazeiro ... 16 TABELA 2 – Exportações brasileiras de frutas frescas ... 18 TABELA 3 – Classificação dos produtores por grupo ... 20 TABELA 4 – Distribuição espacial dos grupos de fruticultores da região de atuação do

BNB ... 23 TABELA 5 – Composição da amostra por porte de produtor Pólo Petrolina-Juazeiro ... 30 TABELA 6 – Critérios para classificação dos produtores ... 31 TABELA 7 – Classificação dos produtores da região nordeste e do Pólo Petrolina- Juazeiro 36 TABELA 8 – Discriminação da natureza jurídica dos fruticultores do Pólo

Petrolina-Juazeiro ... 37 TABELA 9 – Discriminação da Natureza Jurídica dos fruticultores da região Nordeste ... 38 TABELA 10 – Área explorada com fruticultura, comparativo entre a região Nordeste e o

Pólo Petrolina-Juazeiro ... 41 TABELA 11 – Comparativo da condição de exploração da unidade produtiva ... 43 TABELA 12 – Comparativo das tecnologias usadas pelos produtores da região Nordeste e

do Pólo Petrolina – Juazeiro ... 46 TABELA 13 – Comparativo das tecnologias usadas pelos produtores da região Nordeste e

do Pólo Petrolina – Juazeiro, segundo a auto-avaliação dos produtores ... 47 TABELA 14 – Relação das atividades não agrícolas desenvolvidas pelos fruticultores do

Pólo Petrolina-Juazeiro e do Nordeste ... 48 TABELA 15 – Faixa etária dos produtores rurais - pessoa física ... 49 TABELA 16 – Comparativo entre o Pólo e Região Nordeste do tipo de assistência técnica

utilizada pelos fruticultores ... 57 TABELA 17 – Participação de fruticultor ou preposto em cursos sobre fruticultura ... 58 TABELA 18 – Discriminação do tipo de evento freqüentado pelos fruticultores ou

prepostos ... 59 TABELA 19 – Ocorrência de Instituições de pesquisa no município/região por grupo de

produtores ... 60 TABELA 20 – Solução dos problemas do fruticultor por grupo de produtor pelos órgãos de

(8)

TABELA 21 – Formas de aquisição de conhecimento do fruticultor por grupo de

produtores ... 62

TABELA 22 – Participação do fruticultor na elaboração do projeto por grupo de produtores na região Nordeste e no Pólo ... 64

TABELA 23 – Comparativo entre a região Nordeste e o Pólo quanto a diversificação da fruticultura por grupo de produtores ... 67

TABELA 24 – Adoção de faixa verde com vegetação arbórea/arbustiva nativa por grupo de produtores ... 68

TABELA 25 – Percentual de fruticultores que recolhem ou não as embalagens de defensivos ... 69

TABELA 26 – Comparativo do uso de agrotóxico com base em receituário por grupo de produtores ... 71

TABELA 27 – Comparativo do uso de EPI por grupo de produtores ... 72

TABELA 28 – Anotação do uso de agrotóxico por parte dos fruticultores ... 73

TABELA 29 – Vinculação dos agricultores com as organizações de produtores ... 74

TABELA 30 – Relação do quantitativo de financiamento nos agentes financeiros identificados no Nordeste e no Pólo ... 76

TABELA 31 – Percentual de produtores com crédito em ser no BNB ... 77

TABELA 32 – Tipo do financiamento para fruticultura em ser no BNB ... 78

TABELA 33 – Percentual dos produtores que apresentam dificuldades em amortizar o pagamento dos empréstimos em cada grupo do pólo estudado. ... 79

TABELA 34 – Relação das dificuldades apresentadas pelos clientes do Pólo para amortização dos financiamentos ... 81

TABELA 35 – Relacionamento do BNB com os fruticultores por grupo de produtores ... 82

TABELA 36 – Relacionamento dos fruticultores com instituições de pesquisa ... 83

TABELA 37 – Descrição das principais frutas produzidas no Pólo e na Região Nordeste ... 91

TABELA 38 – Formas de comercialização das principais frutas na região Nordeste e no Pólo ... 92

TABELA 39 – Resumo das Variáveis de base material relevantes ... 95

TABELA 40 – Resumo das Variáveis de base conceitual relevantes ... 95

(9)

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

FIGURA 1 – Distribuição espacial das áreas de concentração de fruteiras ... 21 GRÁFICO 1 – Comparativo entre as categoria dos produtores da região Nordeste com o

Pólo Petrolina-Juazeiro enquadrados nos grupos A e C ... 39 GRÁFICO 2 – Classificação da tipologia de fruticultura desenvolvida pelos produtores do

Pólo Petrolina –Juazeiro e do Nordeste ... 43 GRÁFICO 3 – Tecnologia utilizada segundo a escala de produção dos fruticultores do

Pólo Petrolina-Juazeiro ... 45 GRÁFICO 4 – Nível de instrução do fruticultor por grupo de produtor no Pólo

Petrolina-Juazeiro ... 50 GRÁFICO 5 – Nível de instrução do fruticultor por grupo de produtor no Nordeste ... 51 GRÁFICO 6 – Tempo de experiência com a fruticultura dos produtores do Pólo Petrolina

–Juazeiro ... 52 GRÁFICO 7 – Tempo de experiência com a fruticultura dos produtores do Nordeste ... 53 GRÁFICO 8 – Comparação entre os métodos de irrigação utilizados pelos fruticultores do

Pólo entre os dois grupos estudados ... 54 GRÁFICO 9 – Comparativo entre os métodos de irrigação utilizados pelos fruticultores

do Pólo e Nordeste no Grupo A ... 55 GRÁFICO 10 – Comparativo entre os métodos de irrigação utilizados pelos fruticultores

do Pólo e Nordeste no Grupo C ... 55 GRÁFICO 11 – Comparativo entre os grupos A e C quanto a diversificação da fruticultura

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNB – Banco do Nordeste do Brasil S/A

CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Delta do Parnaíba

DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca

GTDN – Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste

GEIDA – Grupo Executivo de Irrigação para o Desenvolvimento Agrícola IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar VALEXPORT – Associação dos Produtores Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco

(11)

S

umário

1. Introdução 12

1.1. O Nordeste e o Semi-Árido nordestino 12

1.2. Avaliação do setor da fruticultura irrigada 14

1.3. A fruticultura do Pólo Petrolina-Juazeiro 15

1.4. O mercado de frutas frescas no mundo 17

1.5. A pesquisa sobre a fruticultura regional 19

1.6. Justificativa ... 22

2. Premissas da pesquisa 24

3. Objetivos do trabalho 25

3.1. Objetivo geral 25

3.2. Objetivos específicos 25

4. Revisão de literatura sobre o Pólo 26

5. Metodologia 29

5.1. Da amostra estatística 29

5.2. Da avaliação do desempenho dos fruticultores 30

5.3. Pressupostos teóricos 32

5.3.1. Variáveis de base material 33

5.3.2. Variáveis de base conceitual 33

5.3.3. Variáveis de forma de integração com os meios agroecológico e

socioeconômico 34

5.3.4 Instrumento de coleta de dados 35

6. Resultados e Discussões 36

7. Conclusões, limitações e sugestões 97

8. Referências bibliográficas 103

(12)

1. Introdução

No Brasil existem várias cadeias do agronegócio, dentre elas a frutícola, que por tempos não havia sido explorada de forma a buscar meios alternativos para a obtenção de lucros. No entanto este setor está se mostrando inovador, ou seja, um mercado que se encontra em expansão, sendo agora considerado um dos setores de maior potencial para o agronegócio brasileiro. Devido ao aumento da exploração do setor, este tem sido afetado principalmente pela competitividade global, com atores como grandes empresas e redes varejistas que visam o fortalecimento de suas posições de mercado. Essas redes estão ampliando suas estratégias de crescimento através de fusões e aquisições, no decorrer da captação de maior fatia de mercado.

A fruticultura contribui de quatro maneiras importantes para o crescimento da economia brasileira. Primeira, é fonte de alimentação. Segunda, é geradora de emprego para a população. Se considerarmos que cada hectare plantado com fruticultura gera em média dois empregos diretos e que o Brasil tem uma área plantada com fruticultura em torno de 2,8 milhões de hectares, chega-se facilmente à estimativa de 6 milhões de empregos diretos gerados dentro da fazenda. Isso sem levar em consideração outros tantos empregos indiretos que são gerados antes e depois da porteira. O contingente de 6 milhões equivale à população conjunta de três capitais do Nordeste: Salvador, Fortaleza e Aracaju. Terceira, é geradora de divisas. Somente com as exportações de suco de laranja o país consegue divisas da ordem de 2 bilhões de dólares e outros 900 milhões com as exportações de frutas frescas e secas. Quarta, o valor da produção da fruticultura é superior a 10 bilhões de reais anuais.

1.1. O Nordeste e o Semi-Árido nordestino

(13)

O Semi-Árido brasileiro representa 18% do território nacional e abriga 29% da população do País. Possui uma extensão de 858.000 km2, representando cerca de 57% do território nordestino, sendo que a área designada como Polígono das Secas (ocorrência de secas periódicas) é estimada em 1.083.790,7 km2. No Semi-Árido, vivem 18,5 milhões de pessoas, com destaque para o fato de que 8,6 milhões pertencem à zona rural, caracterizada por alta vulnerabilidade, já que estão entre os mais pobres da região, com índices de qualidade de vida muito abaixo da média nacional. Sua densidade demográfica de 20 hab/km2 não parece alta quando comparada com a média nordestina que é de 28 hab/km2 (IBGE, 2008). Contudo, tomando por base outras regiões semi-áridas no mundo, apresenta-se como uma das mais elevadas. Acresçam-se a esse fato as próprias características naturais ali predominantes. Longe de se caracterizar como um espaço homogêneo, o Semi-Árido pode ser apresentado como um "grande mosaico".

Como principais características climáticas, destacam-se as temperaturas médias elevadas e precipitações médias anuais inferiores a 800 mm, extremamente concentradas, gerando os períodos de chuva e estiagens. Cerca de 50% dos terrenos do Semi-Árido são de origem cristalina, rocha dura que não favorece a acumulação de água, sendo os outros 50% representados por terrenos sedimentares, com boa capacidade de armazenamento de águas subterrâneas. Suas feições de relevo refletem a dinâmica climática e estrutural, mas, apesar de dominar grandes extensões dissecadas, é possível registrar significativas áreas ocupadas por serras e vales úmidos.

São apenas dois os rios permanentes que cortam o Semi-Árido: o São Francisco e o Parnaíba; sendo que os demais aparecem de forma intermitente (apenas nos períodos de chuva), desempenhando, contudo, um papel fundamental na dinâmica de ocupação dos espaços nessa região. Mas a disponibilidade de água existente e potencial deve ser vista considerando, também, os açudes públicos e reservatórios privados, além das alternativas crescentes de captação de água para o consumo doméstico.

(14)

de tecnologia moderna em contraste com setores de ponta oriundos da agricultura irrigada.

1.2. Avaliação do setor da fruticultura irrigada

O Nordeste possui excelentes condições de clima e solo para produção de frutas tropicais, além de localização estratégica para os grandes centros consumidores mundiais de frutas frescas. O clima no Nordeste, especialmente no Semi-Árido, com temperatura elevada e constante, baixo teor de umidade relativa do ar e quase 3.000 horas de insolação anuais, possibilita a produção de um leque variado de espécies vegetais tropicais, algumas delas proporcionando mais de uma safra por ano.

As condições climáticas do Nordeste sinalizam, ainda, elevadas produtividades agrícolas e diminuição na incidência de pragas e doenças na fruticultura regional, resultando, portanto, na produção de frutas frescas de melhor qualidade e com maior teor de sacarose, além da possibilidade de se ofertar, em qualquer época do ano, frutas tropicais através do uso adequado da prática da irrigação e da indução floral em algumas espécies frutícolas, abastecendo mercados consumidores do mundo inteiro, principalmente com frutas tropicais “in natura”,

sendo assim um importante gerador de divisas para o país.

A fruticultura é uma atividade dinâmica e de forte potencial de crescimento, podendo ser um dos grandes vetores da reversão do quadro de dificuldades sócio-econômicas do Semi-Árido nordestino. A atividade vem sendo desenvolvida com o apoio de ações proporcionadas por uma visão estratégica governamental, consolidada sob a forma de fortes investimentos em infra-estrutura em áreas de identificado potencial para essa finalidade, associada à atração de capitais privados nacionais e externos.

(15)

beneficiamento (com estrutura de packing house adequada), permitiu a agregação

de maior valor aos frutos.

Anualmente, a fruticultura brasileira vem ampliando, modernizando e diversificando suas linhas de produção visando elevar sua participação no mercado externo de frutas tropicais. O maior produtor de frutas do Brasil é o estado de São Paulo, porém grande parte da boa performance desse segmento da agricultura nacional é creditada a fruticultura desenvolvida no Nordeste, que vem se firmando como importante região produtora de frutas tropicais de sequeiro e irrigada. O Vale do são Francisco, por exemplo, é atualmente o maior produtor nacional de uvas finas de mesa, sendo responsável por 95% das exportações brasileiras da fruta. É também o maior exportador nacional de manga com quase 96,6 mil toneladas. O Rio Grande do Norte e o Ceará também já são importantes produtores e exportadores de frutas do País.

Grande parte da produção brasileira e nordestina de frutas é destinada ao mercado interno, sendo as exportações pouco representativas e concentrada em poucos produtos. Dessa forma, há ainda um grande potencial de mercado de frutas tropicais a ser explorado. O mercado externo consumidor de frutas é promissor, no entanto, a cada dia é mais exigente.

1.3. A fruticultura do Pólo Petrolina-Juazeiro

A Região Nordeste desponta como o grande pólo nacional de produção de frutas tropicais frescas, dadas suas condições de clima, solos, existência de recursos hídricos e mão-de-obra abundantes. O Vale do Sub-médio São Francisco – mais precisamente o Pólo Petrolina-Juazeiro, formado pelas cidades de Petrolina, Santa Maria de Boa Vista, Lagoa Grande e Orocó, em Pernambuco, além de Juazeiro, Curaçá, Casa Nova e Sobradinho, na Bahia – Esse Pólo é o principal centro de produção e exportação de frutas tropicais do semi-árido nordestino e do país, responsável por cerca de 92% das exportações de uva e de manga do país, de acordo com dados da VALEXPORT (2007).

(16)

implantação dos perímetros públicos e privados, no final dos anos 60, e dos investimentos estatais em infra-estrutura para captação e distribuição de água e geração de energia elétrica, a agricultura irrigada, mais especificamente a fruticultura irrigada torna-se a principal atividade econômica da região produzindo impactos significativos sobre a renda e emprego. O desenvolvimento de padrões produtivos em bases modernas impõe à produção agrícola um estreitamento de relações com os setores industriais à montante (fornecedores de insumos e equipamentos) e à jusante (indústrias agrícolas), de comercialização e serviços tais como os que dizem respeito ao crédito, à assistência técnica, pesquisa e formação de mão de obra (LACERDA E LACERDA, 2004).

O vale do São Francisco, com a agricultura irrigada, deixou de ser apenas uma região de grande potencial, para se tornar uma região produtora de fato. O pólo Petrolina/Juazeiro, no Submédio São Francisco, onde a Codevasf já implantou cerca de 100 mil ha irrigados, é hoje o maior centro produtor de uvas finas de mesa do país, contribuindo com 90% das exportações brasileiras. Responde também por 80% das exportações de manga, destinadas aos mercados europeu e americano e mais recentemente ao mercado asiático. Estima-se em 1 bilhão de reais o valor da produção de frutas na região (CODEVASF, 2006).

Além da produção de manga e uva, o Pólo dedica-se também a exploração de outras fruteiras, sendo responsável também pelo abastecimento de diversos mercados consumidores de frutas na região e no país. A Tabela 1 apresenta as áreas cultivadas e o volume de produção por tipo de fruta, explorados no pólo objeto principal desse trabalho.

TABELA 1 – Áreas cultivadas e volume de produção no Pólo Petrolina-Juazeiro

Fruta Área (Ha) Produção (Ton.)

Manga 23.256 403.200

Uva 11.363 198.852

Goiaba 5.682 116.490

Melancia 2.419 31.036

Melão 1.263 16.690

Acerola 1848 30.516

Maracujá 1377 7.075

Limão 251 1.982

Pinha 136 1.810

Tomate 385 4.550

(17)

Fonte: CODEVASF, 2006

1.4. O mercado de frutas frescas no mundo

A produção de frutas frescas é um dos segmentos da exploração agrícola que têm alcançado elevado grau de especialização na forma como é praticada internamente. O desenvolvimento da atividade apresenta grande potencial de expansão, diante da existência de um mercado nacional e internacional em crescimento e ainda com baixa participação dos produtos brasileiros.

De acordo com a FAO (2006), a produção mundial de frutas foi de 690.756.513 de toneladas em 2005. A fruta mais produzida foi a banana, com um total de 105,69 milhões de toneladas, seguida pela melancia, com 99,39 milhões de toneladas e pela uva, com 66,24 milhões de toneladas. Laranja, maçã e coco ocuparam a quarta, quinta e sexta colocações respectivamente.

A China foi o maior produtor mundial de frutas em 2005, apresentando uma produção de 167 milhões de toneladas. Este país ocupou lugar de destaque nas produções de melancia, maçã, manga, melão, tangerina, pêra, pêssego/nectarina e ameixa. Em termos de participação, representou 24,2% da produção mundial de frutas nesse ano. A Índia ocupou a segunda colocação na produção de frutas em 2005, com 57,9 milhões de toneladas e apresentou grandes produções de banana, coco, manga, abacaxi, limão/lima e castanha-de-caju. O Brasil ocupa o terceiro lugar como produtor mundial de frutas e exportou 920 mil toneladas em 2007, indicando 35,88% mais do que no ano anterior, o que corresponde à comercialização de US$ 644 milhões. Essas exportações foram representadas, principalmente, pelas culturas da laranja, banana, coco, abacaxi, mamão, castanha-de-caju, caju e castanha-do-brasil.

A fruticultura constitui uma das atividades econômicas mais importantes da agricultura brasileira, a qual apresentou grande dinamismo nos últimos 15 anos. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas in natura, cuja

(18)

A atividade gera cerca 6 milhões de empregos diretos no Brasil, o que representa 27% do total da mão-de-obra agrícola ocupada do país (REETZ, et. al., 2007; BRAZILIANFRUIT, 2007).

O aumento no consumo de frutas frescas, assim como nos níveis de processamento e nas exportações, tem impulsionado a produção brasileira. Em 2006, segundo os últimos dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram colhidas 41,9 milhões de toneladas, em um elenco de 20 espécies, com área de 2,8 milhões de hectares. Em relação a 2005, o volume cresceu 4,6% (ANUÁRIO, 2008).

Cerca de 56% da produção nacional de frutas é absorvido pelo próprio mercado interno, um mercado que tem crescido, puxando a expansão da produção de frutas pelos produtores do próprio país. A produção interna tem se elevado mais do que o aumento do consumo local, crescendo a cada ano o excedente que é encaminhado para o mercado exterior. A Tabela 2 mostra o volume de comercialização e um comparativo entre as exportações de frutas brasileiras nos anos de 2004 e 2005.

TABELA 2 – Exportações Brasileiras de frutas frescas

US$mil(fob) Vol.(ton) US$mil(fob) vol.(ton) US$mil(fob) vol.(ton)

Uva 52.755 28.815 107.276 51.213 103,30% 77,70%

Melão 63.251 142.807 91.479 179.831 44,60% 25,90%

Manga 64.187 111.037 72.526 113.758 13,00% 2,50%

Maçã 72.550 153.043 45.771 99.332 -36,90% -35,10%

Banana 26.983 188.087 33.027 212.176 22,40% 12,80%

Papaia 26.563 35.930 30.638 38.757 15,30% 7,90%

Limão 18.299 37.326 26.300 44.258 43,70% 18,60%

Laranja 21.492 90.119 8.953 30.652 -58,30% -66,00%

Outros 23.676 61.145 24.159 57.731 2,00% -5,60%

Totais 369.756 848.309 440.129 827.708 19,00% -2,40%

Fonte: SECEX (2007) e IBRAF (2007)

2004 2005 variação 2004/2005

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1.5. A pesquisa sobre a fruticultura regional

O Banco do Nordeste do Brasil-BNB, através do ETENE1, realizou em 2004/2005, um profundo estudo sobre a fruticultura da Região Nordeste, tomando como ponto de partida a base de clientes do Banco. O intuito do trabalho era conhecer melhor a fruticultura do Nordeste, as razões dos desempenhos constatados e especialmente as suas vulnerabilidades para, a partir disso, verificar a possibilidade de modificar os procedimentos que adota, fazendo inclusive recomendações aos demais parceiros que apóiam a atividade. Intitulado de

“Fruticultura nordestina: desempenho recente e possibilidades de políticas”, o

estudo foi apresentado durante o XLIV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural-SOBER, em julho/2007.

Tendo como objeto as informações prestadas principalmente pelos clientes do BNB, o estudo elabora um perfil dos principais elos dos agronegócios das frutas abacaxi, acerola, banana, caju, coco, goiaba, laranja, limão, mamão, manga, maracujá, melão e uva, partindo do pressuposto de que, como atividade econômica dinâmica, a fruticultura seria capaz de dar respostas sócio-econômicas aos investimentos realizados com o intuito de desenvolvê-la.

Foram identificados os principais pólos de concentração da produção das frutas mencionadas, chegando-se a um conjunto de 16 sub-regiões de produção, entre elas o Pólo Petrolina-Juazeiro (Figura 1).

Cada um dos pólos tiveram a amostra de seus produtores rurais separados em três grupos, que foram segregados a partir de um elenco de características. Ficaram estabelecidos um Grupo A – agregando fruticultores que apresentavam características produtivas mais positivas (condicionantes acima da média); o Grupo C – agregando fruticultores que abandonaram a fruticultura, os que abandonaram a atividade rural e os que apresentaram características produtivas abaixo da média; e o Grupo B (intermediário) - agregando produtores estabelecidos entre os dois extremos, A e C.

(20)

A Tabela 3 apresenta o percentual de produtores pertencentes a cada um dos três grupos.

TABELA 3 – Classificação dos produtores por grupo

Grupo %

A 22,53

B 33,52

C 43,95

Total 100

(21)

(22)

A intenção era compreender, com os resultados do levantamento, a contradição apresentada pela fruticultura nordestina, em sua forma mais ampla, de reunir a um só tempo um enorme potencial explorador, e obter resultados considerados ainda muito modestos.

Sob a ótica do nível tecnológico, organizacional e de gestão, o perfil do fruticultor (culturas irrigadas e de sequeiro) no Nordeste compõe-se de: fruticultor tradicional com baixo nível tecnológico e de organização/gestão (baixa produtividade e rentabilidade, bastante vulnerável na comercialização), articulação permanente com os segmentos de comercialização, processamento, agentes financeiros, prestadores de serviços, dentre outros); fruticultor integrado (empresa ou grande fruticultor, supridor de insumos, presta assistência técnica, comercializa a produção dos pequenos e médios fruticultores, e resulta, portanto, na criação de uma organização que gera benefícios mútuos); fruticultor competitivo

(desenvolve isoladamente as etapas de produção, pós-colheita, transporte, distribuição e comercialização e raramente, processamento da produção) e a

organização de fruticultores (cooperativas e associação).

1.6. Justificativa

Além de disponibilizar alimentos, o Pólo frutícola Petrolina-Juazeiro é um importante gerador de divisas para o Nordeste, contribuindo para a geração de empregos e renda não só no setor primário, mas também através das amplas ligações com outros setores da economia, produzindo efeitos sócio-econômicos positivos sobre a população. O Vale do São Francisco (VSF), tem se destacado dentro do cenário nacional como maior centro de exportação de frutas in natura,

enviando sua produção principalmente para os Estados Unidos e União Européia. O que nos chama a atenção é um aparente paradoxo representado pelo fato de que esse mesmo pólo produtivo, aparentemente tão eficiente em relação aos demais, figura entre os três piores pólos, quando a questão é o percentual de produtores rurais que se encontram num grupo de produção abaixo da média.

(23)

de produção abaixo da média, considerando que possuem entre os seus produtores uma grande gama de exploradores da fruticultura de sequeiro (principalmente o pólo de Sergipe). Retornando ao Pólo Petrolina-Juazeiro, este é dedicado quase que exclusivamente à fruticultura irrigada e bastante representativo na exportação de frutas, como visto anteriormente.

A Tabela 4 mostra a distribuição dos grupos de fruticultores (A, B e C) conforme a sua localização nas dezesseis áreas de concentração de frutas trabalhadas no Nordeste, inclusive na região do norte de Minas Gerais, como já citado no presente trabalho.

A área do Pólo Petrolina-Juazeiro, objeto principal de estudo da dissertação, concentra sozinha 21,48% dos fruticultores da amostra regional, definidos como pertencentes ao Grupo A.

TABELA 4 – Distribuição espacial dos grupos de fruticultores da região de atuação do

BNB GRUPOS

ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO A B C

Petrolina-Juazeiro (PE/BA) 4,84 5,59 3,91

Norte de Minas Gerais (MG) 3,17 2,79 9,31

Sul de Sergipe (SE/BA) 3,17 2,98 5,96

Açu-Mossoró (RN) 2,42 2,79 1,12

Guanambi (BA) 1,68 1,68 0,74

Sapé (PB/PE) 1,47 5,03 1,12

São Domingos (MA) 1,3 0,93 1,31

Barreiras (BA) 1,3 1,49 0,56

Cruz das Almas (BA) 0,93 0,93 3,35

Cariri Cearense (CE) 0,75 0,74 2,8

Baixo Jaguaribe (CE) 0,56 1,68 2,22

Ibiapaba (CE) 0,56 0,74 2,05

Teresina (PI) 0,19 0,76 1,86

Alto Piranhas (PB) 0,19 1,49 1,67

Acaraú-Curu (CE) 0 1,49 2,8

Baixo São Francisco (AL/SE) 0 2,42 3,16

Total 22,53 33,53 43,94

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Assim, o propósito deste trabalho consiste em relacionar o porquê do aparente paradoxo verificado no pólo produtivo Petrolina-Juazeiro, aparentemente tão eficiente em relação aos demais e figura entre os três piores pólos, quando a questão é o percentual de produtores rurais que se encontram no Grupo C.

Procurou-se identificar quais as características que diferenciam o Pólo Petrolina-Juazeiro das condições de produção do conjunto de áreas de exploração da fruticultura na Região Nordeste, mediante avaliação comparativa dos diversos aspectos levados em consideração na metodologia.

2. Premissas da Pesquisa

A hipótese de trabalho terá como base as diferenças de condições de cunho material, conceitual e de integração que possam explicar os distintos resultados no Pólo em relação ao conjunto de áreas de exploração da fruticultura no Nordeste, tanto pelo lado positivo, representado pelos produtores do Grupo A, como pelo lado negativo, referente aos produtores pertencentes ao grupo C.

São testadas as seguintes hipóteses:

a) Os fruticultores do pólo Petrolina-Juazeiro estão entre aqueles caracterizados como de melhor desempenho, por conta das condições naturais e de infra-estrutura existente na sub-região, além da adoção de práticas produtivas mais avançadas;

b) Os produtores desse Pólo, que pertencem ao Grupo C, praticam atividades que, apesar de irrigadas, não conseguem inserção competitiva porque não utilizam as tecnologias apropriadas, que os produtores do Grupo A adotam;

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3. – Objetivos do trabalho

3.1 - Objetivo Geral

Apresentar uma análise comparativa dos fruticultores do Pólo Petrolina-Juazeiro e identificar as principais características que fazem com que esse Pólo se destaque como o mais dinâmico da Região – apresentando o maior número de produtores que apresentam desempenho acima da média (Grupo A), em comparação aos fruticultores dos demais Pólos, e, por outro lado, identificar os motivos que fazem com que um Pólo dinâmico e competitivo apresente uma quantidade representativa de produtores com baixo desempenho (Grupo C).

3.2 - Objetivos Específicos

Verificar entre as condições de base material, que influências a tipologia, o porte e as tecnologias exercem na diferenciação entre os produtores do Pólo caracterizados como pertencentes aos extremos Grupos A e C;

Identificar até que ponto o grau de instrução, a ausência de assistência técnica e a capacitação dos produtores do Grupo C, pertencentes ao Pólo, os diferenciam dos produtores do Grupo C da amostra total;

Averiguar de que maneira o crédito realizado pelo BNB tem influenciado nos resultados dos produtores do Pólo sob foco, comparativamente ao que acontece com os produtores da região Nordeste como um todo; e

(26)

4. Revisão de literatura sobre o Pólo

O processo de produção de frutas no Pólo iniciou-se de forma lenta nos anos 70 e ganhou nova dinâmica com a implantação dos projetos de irrigação conduzidos pela CODEVASF- Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, sob a orientação do Governo Federal. Esses investimentos permitiram que o Pólo atingisse um crescimento da ordem de 286% em sua área de exploração, no período compreendido entre 1970 e 1990, segundo LIMA e MIRANDA (2001).

Como política pública, a irrigação começa a aparecer nos trabalhos do GTDN-Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste, com a lembrança da possibilidade de utilização da faixa irrigável do São Francisco, favorecendo a elevação da oferta de alimentos:

“...considerar a ampliação da frente agrícola nas terras potencialmente irrigáveis das margens do São Francisco, solução que implica, evidentemente, maior imobilização de capital e envolve problemas complexos de organização.... A irrigação das margens do São Francisco apresenta o atrativo adicional de poder integrar-se num plano de colonização, contribuindo para absorver parte das

populações excedentes que deverão ser deslocadas de outras zonas”(GTDN, 1959).

Os trabalhos de SAMPAIO, FERREIRA IRMÃO e GOMES (1994), constatam a existência de poucos avanços por ocasião da preparação do I Plano Diretor da SUDENE (1961-63), tendo sido incorporada linha de ação específica para a irrigação do Sub-Médio São Francisco somente quando do II Plano Diretor (1963-65). Com os resultados dessa experiência, os autores relatam que no III Plano Diretor (1966-68), ficou estabelecido como objetivo “implantar a irrigação,

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No período entre 1968 e 1998 ocorre uma verdadeira transformação no Pólo, provocada pela irrigação. Em 1968 inicia-se o assentamento de colonos nos projetos Mandacaru e Bebedouro. Em 1982, após o aprendizado com as experiências anteriores, tem início a implantação dos projetos Curaçá e Maniçoba. Em 1984 é a vez da implantação do projeto Nilo Coelho, atualmente o maior projeto de irrigação desse Pólo produtivo.

Nesse período intermediário foram publicados vários estudos sobre agricultura irrigada, exploração da fruticultura no Pólo Petrolina-Juazeiro e os seus efeitos sobre a população e o meio ambiente, ao longo das duas últimas décadas. Os trabalhos de MAFFEI, FERREIRA IRMÃO e SOUZA (1986), OLIVEIRA et al

(1991), SOUZA (1989, 1990), destacam principalmente os impactos sócio-econômicos provocados pela irrigação, enfatizando questões relacionadas com a geração de emprego e renda. Já HALL (1978), CAVALCANTE(1997) e CARVALHO (1988, 1997), se detém também sobre a análise de questões sócio-ambientais.

Quando da implantação dos perímetros irrigados em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a partir de 1968 (Perímetro Irrigado de Bebedouro), as culturas mais exploradas eram as ditas anuais (cebola, feijão, tomate, melão e melancia). A década de noventa foi marcada, no Pólo, por uma mudança da agricultura em área irrigada, em particular, assistiu-se a uma dinâmica de especialização regional na fruticultura perene irrigada. Na comparação entre 1991 e 1997, consta que, em seis anos, a área explorada com fruticultura perene passou de 14% para 47% das áreas irrigáveis totais (Marinozzi & Correia, 1999).

Segundo FAYET (2001), a fruticultura tem uma perspectiva de mercado muito mais favorável do que os grãos, por exemplo, tanto no País (mercado interno) como no mercado de exportação (mercado internacional).

(28)

O Vale do São Francisco é, na atualidade, uma das regiões agrícolas mais dinâmicas do Nordeste brasileiro. Esse lugar de destaque na economia deve-se originalmente ao forte apoio recebido do Estado, a partir dos anos 70, por meio de seus projetos de desenvolvimento referentes à introdução de esquemas de irrigação estimulados pelo potencial hidroelétrico oferecido pela construção da barragem de Sobradinho e às características de sua inserção nos mercados interno e internacional (CAVALCANTI, 1997).

Dos estudos mais recentes, podem ser destacados alguns trabalhos que contribuem para o entendimento do processo de desenvolvimento desse pólo agrícola. VERGOLINO e VERGOLINO (1997) aborda questões relacionadas com as condições de trabalho dos empregados da fruticultura irrigada. As condicionantes para o desenvolvimento da região, com ênfase naquelas que dependem da atuação do Estado, são apontadas no trabalho de SILVA, REZENDE e SILVA (2000). Já LIMA e MIRANDA (2001) abordam questões ligadas à competitividade da produção agrícola dessa região, enfatizando os efeitos da incorporação de avanços tecnológicos pelos produtores sobre a geração de renda e emprego. O trabalho de SAMPAIO, SAMPAIO e SOUZA (2004), aprofunda a análise dos impactos dos investimentos públicos e privados realizados no local.

A fruticultura no vale do São Francisco tem experimentado, nos últimos anos, um vertiginoso crescimento. A área plantada supera os 100 mil hectares, incluindo as áreas privadas e os perímetros públicos de irrigação da CODEVASF. Nos últimos três anos apresentou um crescimento médio de 9 mil hectares /ano (CODEVASF, 2006).

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apresenta forte depressão dos preços. A diversificação das espécies e cultivares explorados é uma solução apontada para minimizar os riscos inerentes ao mercado, em especial, ao externo.

5. – Metodologia

A metodologia utilizada no presente trabalho, numa primeira etapa, constou de revisão do material bibliográfico disponível na literatura a respeito do tema proposto no presente estudo. A segunda etapa, constou de uma abordagem da atuação dos fruticultores do Pólo Petrolina-juazeiro, em várias dimensões, baseada em dados coletados em pesquisa de campo descrita na seção seguinte.

5.1. - Da amostragem estatística

A segunda etapa foi realizada através da análise de dados com características e fatores de produção dos fruticultores localizados no Pólo Petrolina-Juazeiro e demais regiões produtoras de frutas do Nordeste. Os principais dados foram obtidos no ETENE (Escritório de Estudos Técnicos do Nordeste), que realizou pesquisa de campo com aplicação de questionário entre os fruticultores da área de atuação do BNB. Também foram analisados dados disponibilizados pela VALEXPORT, CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A base de dados da pesquisa a ser analisada na dissertação foi obtida por amostragem. Adotou-se como método de coleta de dados um modelo de amostragem probabilístico casual simples, aplicado em 90,0% das áreas de maior concentração de fruticultura de toda a região Nordeste. (SANTOS et al., 2007).

As principais áreas de concentração de frutas constituíram-se nas localidades integrantes da população-alvo, relacionadas na Tabela 4, no capítulo introdutório dessa dissertação.

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cerca de 68,3% do universo dos produtores de grandes porte, 34% dos produtores dos médio produtores e 1,55% dos produtores de mini e pequeno portes. A tabela 5 apresenta a distribuição da amostra do pólo focalizado, por porte de produtor.

TABELA 5 – Composição da amostra por porte de produtor no Pólo Petrolina-Juazeiro

PORTE PARTICIPAÇÃO NA AMOSTRA

MINI E PEQUENO 44

MÉDIO 18

GRANDE 15

TOTAL 77

Fonte: Pesquisa Autor

5.2. - Da avaliação do desempenho dos fruticultores

A diversidade de situações identificada nos levantamentos realizados em todos os pólos, deixou claro que seria pouco útil desenhar, ao final da pesquisa, um perfil médio ou modal do fruticultor. Daí haver-se decidido pela divisão dos fruticultores em três grandes grupos ou categorias, representativos de situações acima da média, na média e abaixo da média, a partir do atendimento de um conjunto de características pré-estabelecidas.

Feita essa opção, o trabalho foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa os produtores foram separados em dois grupos, relacionados com a consolidação das atividades. Um primeiro grupo (desejável) considerado de produtores com atividades consolidadas, e um segundo de produtores não consolidados (situação não desejável), considerando aqueles produtores que abandonaram suas atividades agrícolas.

A segunda etapa consistiu no estabelecimento de quatro atributos relacionados com resultados da atividade, na forma abaixo:

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b) Atributo 2 – Obtenção de produtividades agrícolas iguais ou superiores aos níveis projetados (situação desejável). O complemento das situações 1 e 2, obviamente, constituem-se nas situações indesejáveis;

c) Atributo 3 – Situação das operações de crédito “em ser”2 junto ao BNB

classificada como normal (situação desejável), em atraso (situação intermediária)e em prejuízo (situação indesejável).

d) Atributo 4 – Participação das receitas geradas com a atividade na receita total dos entrevistados:

i. receitas com fruticultura ≥ 70% (situação desejável);

ii. receitas com fruticultura ≤ 30% (situação indesejável);

iii. receitas com fruticultura > 30% e < 70% (situação intermediária). Com base nesses critérios, os fruticultores de atividade consolidada (ou seja, que permaneciam com a fruticultura) foram separados em três grupos, de acordo com a Tabela 6, conforme a quantidade de situações desejáveis obtidas.

TABELA 6 – Critérios de identificação dos fruticultores

Grupos N° Indicadores Desejáveis Grupo A (desempenho acima da média) 3 e 4

Grupo B (desempenho médio) 2

Grupo C (desempenho abaixo da média) Somente 1

Fonte: SANTOS et al (2006)

Posteriormente foram adicionados ao grupo C os fruticultores que abandonaram a fruticultura, mas que continuavam explorando outras atividades agropecuárias, bem como aquele grupo que abandonou as atividades rurais.

Esse critério permitiu realizar uma análise quantitativa e qualitativa dos fruticultores, a partir dos grupos delimitados, que representam situações extremamente distintas de obtenção de resultados com a atividade. Essa

(32)

dissertação, somente fará referência à análise das características dos fruticultores dos grupos extremos (A e C), para compreender melhor que fatores vêm contribuindo para essa diferenciação.

5.3. – Pressupostos teóricos

Os fatores explicativos do desempenho dos fruticultores dos grupos A e C –

ou seja, aqueles de resultados relativamente superiores e inferiores, conforme os indicadores de resultado anteriormente comentados, foram analisados mediante a adoção da abordagem utilizada por ALVES (2005). Acrescente-se que referida metodologia foi também vista na análise do conjunto de pólos frutícolas nordestinos, realizada por (SANTOS et al., 2007).

A abordagem da autora – ALVES (2005) estabelece uma separação dos agricultores em categorias sociais e econômicas em função das bases material e conceitual de que dispõem, bem assim em função da integração dessas bases com os meios agroecológico e socioeconômico.

Partindo do pressuposto de que o desenvolvimento capitalista gera desigualdades de condições econômicas e sociais, a autora defende que esses efeitos podem ser sentidos em todas as atividades econômicas, como é o caso da atividade agrícola. Mais ainda, seria possível percebê-lo ao nível de um grupo produtores rurais, e identificá-lo em cada unidade produtiva.

De acordo com essa teoria, as diferenças individuais de cada produtor, caracterizadas inclusive pelos recursos utilizados no processo produtivo, acabam por gerar diferentes categorias sócio-econômicas de produtores rurais.

Essas diferenças poderiam ser divididas, em função da sua natureza, em dois grupos distintos: a) a base material, relacionada com a quantidade e a qualidade da terra e dos meios de produção; e b) a base conceitual, que tem a ver com conhecimento, técnicas e volume de informações acumuladas pelo produtor.

(33)

condições objetivas de produção desiguais, determinando então os diferentes níveis de acumulação e possibilidades de reprodução.

À medida que o agricultor consegue adotar as técnicas e os conhecimentos adquiridos, mais ele pode avançar na utilização da base material no meio em que atua, o qual pode colocar limites às ações do agricultor. De acordo com a autora, dependendo das condições ele pode transformar a sua base material, definindo outros objetivos e condições de produção, estabelecendo-se uma nova situação produtiva, com a necessidade de novas decisões e ações compatíveis com ela.

As variáveis sobre as quais serão analisadas as bases material e conceitual dos grupos, bem como a forma de interação com os meios agroecológico e socioeconômico com que interagem, de acordo com essa metodologia, estão elencados em seguida.

5.3.1. – Variáveis de base material

São as seguintes as variáveis analisadas para conhecimento da base material dos produtores:

a) natureza jurídica dos fruticultores; b) categoria do produtor;

c) tamanho da área explorada com fruticultura; d) condição de ocupação da unidade produtiva; e) tipologia da fruticultura;

f) tecnologia adotada na fruticultura; g) atividades não-agrícolas praticadas;

5.3.2. – Variáveis de base conceitual

(34)

a) idade do fruticultor e data de constituição da empresa frutícola no Nordeste; b) grau de instrução do fruticultor (pessoa física);

c) experiência com a fruticultura;

d) acesso dos fruticultores nordestinos aos sistemas de irrigação; e) acesso à assistência técnica;

f) acesso à capacitação;

g) acesso à pesquisa tecnológica e de mercado;

h) acesso à informação (jornal, revista, rádio, televisão e Internet);

i) participação dos fruticultores nordestinos na elaboração de seus projetos produtivos.

5.3.3. – Variáveis de formas de integração com os meios agroecológico e socioeconômico

Variáveis a serem consideradas: a) diversificação da produção;

b) adoção de práticas ambientais;

c) organização social na produção de frutas; d) relacionamento com os agentes financeiros; e) relacionamento com as instituições de pesquisa;

(35)

5.3.4. – Instrumento de coleta de dados

Para obtenção dos dados dos produtores, foi utilizado o questionário que está disponível nos anexos. O questionário foi composto por um conjunto de 145 perguntas, divididas em nove temas assim denominados:

1. Caracterização do produtor;

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6. Resultados e discussões

As características – decorrentes dos quesitos constantes dos questionários –

estão agrupadas conforme sejam manifestações das condições de bases material e conceitual e deintegração com os meios agroecológico e socioeconômico. A simples constatação de que é possível, com base em alguns poucos quesitos indicadores de resultados, separar um conjunto tão grande de fruticultores em três grupos distintos, que apresentam desempenho acima da média (A), num nível intermediário (B) e abaixo da média (C) demonstra que a fruticultura nordestina, mesmo quando apoiada na prática da irrigação e em vantagens comparativas e competitivas reconhecidas, não é sinônimo de sucesso para todos os produtores. Conquanto a análise que se segue seja de cada característica isoladamente, é importante alertar que a condição dos fruticultores que se encontram no grupo C (aqueles de piores resultados dentro dos critérios estabelecidos) resulta da ação conjunta dessas variáveis, as quais devem ser consideradas quando da formulação das políticas e estratégias para a fruticultura nordestina. Não se pode ignorar que existem algumas variáveis, dentro ou fora da unidade produtiva, que têm maior contribuição no sucesso ou insucesso dos fruticultores, mas a existência (ou a ausência) de muitas delas reforça as demais.

6.1 - Classificação dos produtores

De acordo com a metodologia explicada na seção anterior, podemos afirmar que os fruticultores da área de atuação do BNB distribuem-se pelos três grupos delimitados nas proporções da Tabela 7.

TABELA 7 - Classificação dos produtores em termos relativos

Grupo Toda a região

Pólo Petrolina-Juazeiro (%)

A 22,53% 29,87%

B 33,52% 41,56%

C 43,95% 28,57%

(37)

Verifica-se através dos resultados, uma maior concentração dos produtores do sub-grupo (pólo Petrolina Juazeiro) de estudo no Grupo B. Do ponto de vista absoluto, as proporções de produtores dos Grupos C e A se equivalem no pólo. Em comparação com a proporção dos produtores dos Grupos A e C dos demais grupos de produtores do estudo, o pólo Petrolina Juazeiro, apresenta-se com a maior proporção de produtores no Grupo A, aparecendo o grupo C com percentual inferior aos demais. A primeira constatação apresenta-se normal, considerando a expectativa de que os produtores desse importante pólo estejam realmente entre as de melhores condições. O que se apresenta, a princípio, como anormal é esse mesmo pólo, do ponto de vista relativo, apresentar-se também como destaque em proporção de produtores do Grupo C, como revelado no problema da dissertação.

6.2 – Variáveis de base material

As variáveis de base material são as variáveis que caracterizam os produtores, juntamente com suas atividades, vejamos os resultados por cada uma das variáveis.

6.2.1 - Natureza jurídica dos fruticultores

É esperado que entre as pessoas jurídicas estejam presentes as melhores disponibilidades de capital e organização, essenciais para a prática mais eficiente das atividades produtivas. Nas tabelas 8 e 9 podemos verificar os dados da natureza jurídica dos produtores do Pólo e de toda a região Nordeste.

TABELA 8 – Discriminação da Natureza Jurídica dos fruticultores do Pólo Petrolina-Juazeiro

Discriminação Grupo A Grupo C

% %

Pessoa física 65,22 86,36

Pessoa jurídica 30,43 13,64

Não informado 4,35 0

Total 100 100

(38)

TABELA 9 – Discriminação da Natureza Jurídica dos fruticultores da região Nordeste

Discriminação Grupo A Grupo C

% %

Pessoa física 84,4 94,5

Pessoa jurídica 11,6 5,5

Total 100 100

Fonte: SANTOS et al, 2007

No Pólo, ainda predominam os produtores caracterizados como pessoa física. Verifica-se que o Grupo A apresenta maior participação de firmas, chegando a cerca de 30% dos produtores, percentual elevado frente aos cerca de aproximadamente 12% verificados entre os produtores deste grupo para todo o Nordeste.

Observa-se através das Tabelas, uma diferença de 18,83 pontos percentuais a mais entre os fruticultores do Grupo A, do pólo Petrolina-Juazeiro, com forma de pessoa jurídica, em relação às pessoas jurídicas de todos os pólos da região Nordeste, confirmando a expectativa aventada sobre capital e organização.

Também entre os produtores do grupo C há uma maior proporção de pessoas jurídicas entre os produtores do pólo, em relação a toda a região, mas a diferença equivale a menos da metade da diferença, em termos percentuais, constatada entre os produtores do Grupo A.

6.2.2 - Categoria do produtor

(39)

No gráfico 1 abaixo, pode-se verificar que no Grupo A, a participação de produtores de grande porte é bastante superior no pólo, o que confirmaria o pressuposto levantado anteriormente. No entanto, também entre os produtores de grande porte do Grupo C (menos eficientes), há uma maior participação de produtores do pólo, em relação a toda a região.

GRÁFICO 1 - Comparativo entre as categoria dos produtores da região Nordeste com o Pólo Petrolina-Juazeiro enquadrados nos grupos A e C

Fonte: Pesquisa Autor e SANTOS et al., 2007 (BNB - ETENE)

(40)

A classificação do porte considerada nesse trabalho seguiu o parâmetro estabelecido pelo Banco do Nordeste do Brasil S/A que classifica o produtor em função da receita bruta anual, como segue:

a) miniprodutor: quando a renda agropecuária bruta anual média for igual ou inferior a R$ 150.000,00 e representar, no mínimo, 80% das receitas totais (rurais e extrarrurais);

b) pequeno produtor: quando a renda agropecuária bruta anual média for superior a R$ 150.000,00 e igual ou inferior a R$ 300.000,00 e representar, no mínimo, 70% das receitas totais (rurais e extrarrurais);

c) médio produtor: quando a renda agropecuária bruta anual média for superior a R$ 300.000,00 e igual ou inferior a R$ 1.900.000,00 e representar, no mínimo, 60% das receitas totais (rurais e extrarrurais);

d) grande produtor: quando a renda agropecuária bruta anual média for superior a R$ 1.900.000,00.

A apuração da receita agropecuária bruta anual para fruticultura permite a dedução de 50% das receitas brutas, permitindo uma maior adequação dos clientes que exploram essa atividade, considerando o elevado volume de despesas que a atividade necessita.

6.2.3- Tamanho da área com fruticultura

(41)

TABELA 10 – Área explorada com fruticultura, comparativo entre a região Nordeste e o Pólo Petrolina-Juazeiro

Área (ha) Grupo A Grupo C

NE Pólo Dif NE Pólo Dif

0 a 5 19,80% 8,70% 11,10% 63,98% 54,50% 9,48% 6 a 10 22,30% 8,70% 13,60% 11,44% 9,09% 2,35% 11 a 20 10,70% 17,39% -6,69% 5,08% 0,00% 5,08% 21 a 40 13,22% 21,74% -8,52% 6,36% 9,09% -2,73% 41 a 80 14,05% 8,70% 5,35% 5,51% 9,09% -3,58% 81 a 160 9,09% 8,70% 0,39% 2,54% 4,55% -2,01% 161 a 320 6,61% 21,74% -15,13% 3,39% 9,09% -5,70% 321 a 480 1,65% 4,35% -2,70% 1,27% 4,55% -3,28% 481 a 640 1,65% 0,00% 1,65% 0,42% 0,00% 0,42% 641 a 800 0,83% 0,00% 0,83% 0,00% 0,00% 0,00%

Total 100% 100% 0 100% 100% 0

Fonte: Pesquisa Autor e SANTOS et al., 2007 (BNB - ETENE)

Entre os fruticultores do Pólo, podemos verificar que no Grupo C, existe uma maior concentração de produtores com áreas exploradas menores que 6 hectares, com quase 55% de seus integrantes. Enquanto os componentes do Grupo A, possuem áreas mais extensas.

A predominância no grupo A de fruticultores com áreas superiores a 11ha e a predominância no grupo C de fruticultores com áreas inferiores a 11ha explorada com fruticultura confirmam plenamente que esses são fatores extremamente correlacionados com o desempenho da fruticultura no Pólo.

(42)

No comparativo do Pólo com a região Nordeste, Tabela 10, observa-se que no Grupo A existe uma maior concentração de produtores com áreas até 10 ha (42,1%), no universo da região Nordeste. Já no pólo, a área típica entre os produtores do Grupo A está entre 11ha e 40ha (39,1%), com grande incidência também de produtores com área entre 161ha e 320ha (21,7%) nesse grupo.

Entre os produtores do Grupo C, aqueles considerados como de menor eficiência, verifica-se uma maior proporção de produtores que exploram propriedades menores entre aqueles do pólo comparando-se com a região Nordeste, indicando que a pequena propriedade seria explorada de forma mais ineficiente do pólo do que na região nordeste como um todo.

6.2.4 Condições de ocupação da unidade produtiva

Acredita-se, que a propriedade não se configura apenas status social ao produtor, pois além de dotá-lo de condições de acesso a financiamentos bancários, possibilita a uma melhor exploração da unidade produtiva. Além do que, essa condição de ocupação da propriedade permite uma avaliação dos resultados econômicos e financeiros da atividade com mais precisão.

Quase não há diferenciação entre as condições de ocupação das unidades produtivas entre grupos, quando se comparam os produtores da região como um todo com os produtores apenas do pólo Petrolina-Juazeiro, a não ser pela maior concentração de irrigantes de projetos públicos entre os produtores do Pólo (tabela 11).

A quantidade de produtores do Pólo pertencente ao Grupo A é quase três vezes superior à quantidade de produtores do Nordeste nesse mesmo grupo, fenômeno que não ocorre entre os produtores do Grupo C, que se equiparam entre os dois universos de estudo.

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TABELA 11 – Comparativo da condição de exploração da unidade produtiva

Discriminação Grupo A Grupo C

NE Pólo Dif NE Pólo Dif

Proprietário 69,8% 47,8% 22,0% 50,2% 59,1% -8,9%

Arrendatário 4,0% 0 4,0% 1,2% 0 1,2%

Posseiro 0,8% 0 0,8% 4,3% 0 4,3%

Cessionário 0 0 0,0% 8,5% 4,5% 4,0%

Irrigante de projeto público 16,7% 47,8% -31,1% 24,9% 22,7% 2,2% Assentado de reforma agrária 8,7% 4,3% 4,4% 10,1% 13,6% -3,5%

Parceiro 0 0 0,0% 0,4% 0 0,4%

Outros 0 0 0,0% 0,4% 0 0,4%

Total 100,0% 100,0% 0,0% 100,0% 100,0% 0,0%

Fonte: Pesquisa Autor e SANTOS et al., 2007 (BNB - ETENE)

6.2.5 - Tipologia da fruticultura

A prática da irrigação constitui-se uma variável de sucesso para fruticultura regional, constatada a irregularidade e a má distribuição das chuvas, o que torna a agricultura de sequeiro muito mais vulnerável.

Todos os entrevistados da amostra no Pólo utilizam a prática de irrigação, resultado diferente do encontrado para todo o Nordeste, em que cerca de 27% dos produtores do Grupo A e de 36% do Grupo C não utilizam esta prática (Gráfico 2).

GRÁFICO 2 – Classificação da tipologia de fruticultura desenvolvida pelos produtores do Pólo Petrolina –Juazeiro e do Nordeste.

0 20 40 60 80 100 120

Grupo A no Polo

Grupo C no Polo

Grupo A NE

Grupo C NE

(44)

Fonte: Pesquisa Autor e SANTOS et al., 2007 (BNB - ETENE)

Sabe-se que a prática da irrigação na fruticultura, por si só, não pode garantir bons resultados econômicos e sociais para os fruticultores, já que os resultados finais dependem do bom funcionamento dos demais elos do agronegócio das frutas. Entretanto, no caso do Nordeste e principalmente no Semi-Árido, a prática da irrigação constitui-se numa das variáveis potencializadoras do sucesso –

ao menos no que respeita aos aspectos produtivos – pela redução das vulnerabilidades dos cultivos aos problemas climáticos, propiciando maior produtividade e regularidade na oferta de frutas.

De um modo geral, a prática da irrigação constitui uma das variáveis responsáveis pelo êxito da fruticultura no Nordeste, uma vez que 73% dos fruticultores do grupo A utilizam um ou mais métodos de irrigação, contra 64% no grupo C.

A existência de cerca de 27,3% de fruticultores do grupo A da Região Nordeste que tem a fruticultura de sequeiro como única atividade econômica significa dizer que, no Nordeste, existem áreas com vocação para espécies frutícolas sem a adoção da prática da irrigação, a exemplo do litoral, Zona da Mata, inclusive o Recôncavo Baiano e o Extremo Sul da Bahia e as serras úmidas nordestinas. Nas áreas de São Domingos do Maranhão (MA), nos municípios litorâneos e Ibiapaba, no Ceará, Sapé (PB/PE), Sul de Sergipe (SE/BA) e Cruz das Almas (BA) a fruticultura é desenvolvida, predominantemente, sem a prática da irrigação (SANTOS et al., 2007).

(45)

6.2.6 - Tecnologias adotadas na fruticultura

6.2.6.1 - Tecnologias adotadas, segundo escala de produção

A evolução impressionante apresentada pela fruticultura brasileira nos últimos anos está diretamente associada à introdução de novas tecnologias e à potencialização dos recursos disponíveis nas diversas regiões.

Para classificação dos produtores quanto a tecnologia utilizada, esse critério apoiou-se no elenco de 41 técnicas utilizáveis na fruticultura, quando da aplicação dos questionários (ANEXOS). A classificação do fruticultor nordestino, quanto ao nível tecnológico, foi baseada na quantidade de técnicas utilizadas, obedecendo à seguinte escala:

a) até 10 técnicas – nível tecnológico tradicional; b) de 11 a 20 técnicas – nível tecnológico moderno; e

c) acima de 20 técnicas – nível tecnológico avançado ou de ponta.

Os resultados abaixo indicam a escala de tecnologia utilizada dentro dos grupos de estudo contrastantes, A e C, na região do Pólo Petrolina-Juazeiro.

(46)

Fonte: Pesquisa Autor

O gráfico acima possibilita observar diferenças quanto a adoção de tecnologias entre os grupos contrastantes da pesquisa.

No grupo C verifica-se um equilíbrio entre as classes de tecnologias adotadas. No grupo A é possível identificar uma maior presença de propriedades com uso de tecnologia avançada ou de ponta o que demonstra a importância da adoção de tecnologias para o sucesso da fruticultura.

Utilizando-se da mesma metodologia de classificação do estudo aplicado ao Nordeste, verifica-se que os produtores do Pólo têm nível tecnológico elevado frente à média do Nordeste – diferença de 55,7% no Grupo A e 27,1% no Grupo C (Tabela 12).

Também é verificado que irrigantes com técnicas tradicionais têm maior participação no Grupo C.

A adoção de tecnologias adequadas à realidade de cada produtor, principalmente entre os pequenos, é considerada como condição fundamental para a transformação de sua realidade produtiva, com reflexos no desenvolvimento rural (SANTOS et al., 2006).

TABELA 12 – Comparativo das tecnologias usadas pelos produtores da região Nordeste e do Pólo Petrolina – Juazeiro

Grupo A Grupo C

Discriminação NE Pólo dif NE Pólo dif

Tradicional 27,3% 8,7% 18,6% 60,6% 36,4% 24,2% Moderna 54,5% 17,4% 37,1% 34,7% 31,8% 2,9% Avançada/ponta 18,2% 73,9% -55,7% 4,7% 31,8% -27,1% Total 100,0% 100,0% 0,0% 100,0% 100,0% 0,0% Fonte: Pesquisa Autor e SANTOS et al., 2007 (BNB - ETENE)

Imagem

TABELA 1  –  Áreas cultivadas e volume de produção no Pólo Petrolina-Juazeiro
TABELA  4  –   Distribuição  espacial  dos  grupos  de  fruticultores  da  região  de  atuação  do
TABELA 5  –  Composição da amostra por porte de produtor no Pólo Petrolina-Juazeiro
TABELA  8  –   Discriminação  da  Natureza  Jurídica  dos  fruticultores  do  Pólo  Petrolina- Petrolina-Juazeiro
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