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Algoritmos para a informação quântica: discriminação de estados quânticos e modelo híbrido

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ALGORITMOS PARA A INFORMAC¸ ˜AO QU ˆANTICA:

DISCRIMINAC¸ ˜AO DE ESTADOS QU ˆANTICOS E MODELO H´IBRIDO

Wilson Ricardo Matos Rabelo

(2)

Wilson Ricardo Matos Rabelo

ALGORITMOS PARA A INFORMAC

¸ ˜

AO QU ˆ

ANTICA:

DISCRIMINAC¸ ˜AO DE ESTADOS QU ˆANTICOS E MODELO H´IBRIDO

Tese apresentada ao Curso de P´os-Gradua-¸c˜ao em F´ısica do Instituto de Ciˆencias Exa-tas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencias.

´

Area de Concentra¸c˜ao: Mecˆanica Quˆantica e Informa¸c˜ao Quˆantica

Orientador: Prof. Dr. Reinaldo O. Vianna Co-orientador: Prof. Dr. Carlos H. Monken

Belo Horizonte

(3)
(4)

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo Seu dispor.

Ao professor Reinaldo Vianna, pela orienta¸c˜ao, confian¸ca e amizade nesses anos de P´os-Gradua¸c˜ao.

Aos professores da ´Optica Quˆantica, Carlos Monken e Sebasti˜ao P´adua, pelas discus-s˜oes frut´ıferas.

Aos professores com os quais cursei disciplinas, pela competˆencia e entusiasmo.

Aos professores Jo˜ao Plascak e Ronald Dickman, pelo incentivo e amizade.

Queria agradecer aos funcion´arios do Colegiado de P´os-Gradua¸c˜ao, do Departamento de F´ısica e da Biblioteca Setorial pelas muitas vezes em que minhas solicita¸c˜oes foram atendidas com eficiˆencia.

Aos amigos de trabalho, Fernando Brand˜ao, Marcello Talarico, Wallon Nogueira, Stephen Walborn, pelas preciosas discuss˜oes.

Ao amigo, professor da Universidade Federal do Par´a, Alexandre G. Rodrigues, pelas discuss˜oes sobre a Informa¸c˜ao Quˆantica.

Ao amigo, professor da Universidade Federal do Par´a, Jos´e Maria Filardo Bassalo, por ter me mostrado os caminhos da Ciˆencia, tortuosos e belos.

`

A minha fam´ılia, pelo amor e educa¸c˜ao que me deram incondicionalmente.

`

A querida Maria L´ucia, pelas discuss˜oes sobre F´ısica e pelo seu carinho.

Ao meu amigo e irm˜ao, Andr´e Luiz Costa, pelas horas de rock, pelas conversas sobre Ciˆencia, pelo incentivo, e pelo livro Writing Up Research.

A todos os amigos. Em especial, McGlennon Regis, Mois´es de Ara´ujo, Marco Sagioro Leal e Alexandre Gutenberg Moura.

Aos amigos da minha nova casa, Universidade Federal do Amap´a, professores Reinaldo Nery e Helyelson Moura, pelo incentivo.

(5)

N´os somos o caminho que escolhemos, O caminho por onde passo,

guarda-me

e eu sou o caminho onde passo e

embora passe

eu fico no caminho onde passo e vai o caminho comigo

caminho que fica por onde passo. E passa.

E passo. Ficamos.

(6)

RESUMO

Nesta tese consideramos um algoritmo para realizar a discrimina¸c˜ao ´otima de N

estados quˆanticos puros n˜ao-ortogonais e linearmente independentes. Este algoritmo implementa o melhor conjunto de Medidas Generalizadas para o problema da discrimina-¸c˜ao sem erro de estados. Atrav´es da extens˜ao do espa¸co de Hilbert aplica-se uma operadiscrimina-¸c˜ao unit´aria, que resulta em uma configura¸c˜ao final de estados, a qual fornece a melhor discrimina¸c˜ao. Apresentamos um procedimento matem´atico detalhado para realizar esta tarefa, usando os m´etodos de Programa¸c˜ao Semidefinida e Minimiza¸c˜ao da Norma. A primeira ´e usada para encontrar o melhor conjunto de amplitudes de probabilidades conclusivas para cada estado quˆantico do ensemble, e a segunda, determina a matriz que transforma os estados de entrada para uma configura¸c˜ao final. A etapa seguinte ´e a decomposi¸c˜ao da matriz unit´aria em uma sequˆencia de matrizes de rota¸c˜oes de 1-qubit. Posteriormente, mostramos aplica¸c˜oes deste algoritmo na Criptografia Quˆantica e na Filtragem de estados, e apresentamos o c´odigo computacional do algoritmo em MATLAB.

(7)

ABSTRACT

In this thesis we consider a protocol to perform the optimal quantum state discrimi-nation of N linearly independent non-orthogonal pure quantum states. This protocol obtains the best set of generalized measurements for the problem of the unambiguous state discrimination. Through the extension of the Hilbert space, it is possible to perform an unitary operation yielding a final configuration, which gives the best discrimination. We introduce a detailed mathematical procedure to realize this task by means of semidefinite programming and norm minimization. The former is used to fix which is the best detection conclusive probability amplitude for each quantum state of the ensemble. The latter determines the matrix which leads the input states to the final configuration. In a final step, we decompose the unitary transformation in a sequence of 1-qubit rotation matrices. Subsequently, we show applications of the protocol in the quantum cryptography and state filtering, and present a computational code in MATLAB.

(8)

LISTA DE FIGURAS

2.1 Os estados|φ1ie|φ2in˜ao-ortogonais e com pesos estat´ısticos iguais coloca-dos no plano |1i−|2i, visto que suas amplitudes s˜ao reais. Para este caso a probabilidade de erro ser´a m´ınima se a medida ´otima ´e dada pelas medidas projetivas nas bases|r1i e |r2i. . . 8

2.2 Procedimento de uma Medida Generalizada. Um sistema quˆantico prepa-rado em um estado representado pelo opeprepa-rador densidade ρ, sistema de interesse. Esse sistema quˆantico ´e acoplado com o sistema auxiliar. O sistema de interesse e o auxiliar evoluem um certo tempo segundo uma transforma¸c˜ao unit´ariaU. Posteriormente, realizamos uma medida proje-tiva sobre o sistema auxiliar. Um resultado poss´ıvel rj pode ocorrer onde o estado final ´eρ′

j, veja a Equa¸c˜ao (2.24). Se n˜ao gravamos o resultado da medida, teremos apenas o estadoρ′, Equa¸c˜ao (2.25). . . . 10

2.3 Ilustra¸c˜ao do Ensemble tern´ario. Os estados podem ser representados no plano, visto que os mesmos tem uma representa¸c˜ao real na base ortogonal

|1i,|2i. A rota¸c˜ao deπ/3 ´e feita no sentido anti-hor´ario. . . 14

2.4 Nos gr´aficos (A), (B) e (C) temos a vari´avel µi (peso do estado |Qii no ensemble) em rela¸c˜ao a vari´avel Pi (probabilidade de detec¸c˜ao conclusiva ´otima). No gr´afico (D) temos a vari´avel P? (probabilidade total de resul-tados inconclusivos) em rela¸c˜ao ao peso do ensembleµ1. . . 27

3.1 Ilustra¸c˜ao dos n´ıveis eletrˆonicos do ´ıon na cavidade. Somente as transi¸c˜oes do ´ıon s˜ao consideradas, tal que nenhum efeito de movimento ´e considerado. Os estados quˆanticos n˜ao-ortogonais s˜ao codificados nos n´ıveis |1i e |2i. Para realizar o procedimento da Medida Generalizada ´e necess´ario um n´ıvel adicional|3i. As transi¸c˜oes entre os n´ıveis eletrˆonicos|1i ↔ |3ie|2i ↔ |3i ´e devido ao campo cl´assico forte com polariza¸c˜oes espec´ıficas. . . 36

(9)

4.1 Diagrama da porta quˆantica CNOT[6, 52]. . . 61

4.2 Esquema para o Computador Quˆantico Tipo-II. . . 64

4.3 Algoritmo de Grover. . . 66

4.4 Representa¸c˜ao de ´arvore para o algoritmo FFT. Observe que a Transforma-da de Fourier discreta Transforma-da Fun¸c˜aoN = 8, pode ser divida em sub-problemas idˆenticos. . . 69

4.5 Circuito quˆantico para determinar as fases de Fourier. Note que a fun¸c˜ao do qubit auxiliar,|0i√+|1i

(10)

LISTA DE TABELAS

3.1 Uma especifica¸c˜ao dos parˆametros α, β, γ, e δ envolvidos na sequˆencia de opera¸c˜oes de dois n´ıveis no exemplo. . . 47

3.2 Especifica¸c˜ao dos parˆametros de cada rota¸c˜ao. Os parˆametros α, β, γ, e δ

s˜ao necess´arios para as opera¸c˜oes de dois n´ıveis, veja a Equa¸c˜ao (3.30). Os ˆangulosα, β, γ, e δ s˜ao dados em graus. . . 54

4.1 Procedimento para medir as fases de Fourier. . . 70

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS

AOD - Algoritmo ´Otimo Discriminador

BB84 - M´etodo de Criptografia Quˆantica

EPM - Equal Probability Mesuarement

FFT - Fast Fourier Transform

POVM - Positive Operator-Valued Measure

QFT - Quantum Fourier Transform

RSA - M´etodo de Criptografia Cl´assica

SDP - Semidefinite Programming

SVD - Singular Value Decomposition

(12)

SUM ´

ARIO

RESUMO vi

ABSTRACT vii

1 INTRODUC¸ ˜AO 1

2 DISCRIMINAC¸ ˜AO QU ˆANTICA 4

2.1 Discrimina¸c˜ao de estados puros com o m´ınimo de erro . . . 5

2.1.1 Medida Projetiva . . . 5

2.1.2 Teste da hip´otese quˆantica . . . 6

2.1.3 Discrimina¸c˜ao com m´ınimo de erro para dois estados puros . . . 7

2.1.4 Medida Generalizada . . . 8

2.1.5 Implementa¸c˜ao da Medida Generalizada . . . 10

2.1.6 Discrimina¸c˜ao com m´ınimo de erro para N estados puros . . . 12

2.2 Discrimina¸c˜ao de estados puros sem erro: Estrat´egia UD . . . 14

2.2.1 Discrimina¸c˜ao de dois estados puros . . . 14

2.2.2 Estrat´egia UD para m´ultiplos estados puros . . . 17

2.3 Discrimina¸c˜ao de estados mistos sem erro: Filtragem de estados quˆanticos . . . 27

2.3.1 Filtragem quˆantica sem erro . . . 29

3 DISCRIMINAC¸ ˜AO QU ˆANTICA: ALGORITMO PARA

(13)

3.1 Medida generalizada para ´ıons na estrat´egia UD . . . 35

3.2 Algoritmo ´otimo discriminador para a Estrat´egia UD . . . 38

3.2.1 A Minimiza¸c˜ao da Norma . . . 38

3.2.2 A decomposi¸c˜ao em rota¸c˜oes de 1-qubit . . . 39

3.2.3 Algoritmo ´otimo discriminador - AOD . . . 42

3.2.4 Criptografia Quˆantica . . . 47

3.2.5 AOD como ferramenta de invas˜ao . . . 48

3.2.6 AOD e a Filtragem quˆantica . . . 54

4 ALGORITMO SEMI-QU ˆANTICO 58 4.1 Modelo computacional para sistemas quˆanticos . . . 59

4.1.1 No¸c˜oes b´asicas . . . 59

4.1.2 Portas quˆanticas . . . 59

4.1.3 L´ogica revers´ıvel e a Computa¸c˜ao Quˆantica . . . 61

4.2 Um modelo h´ıbrido para a Computa¸c˜ao Quˆantica . . . 62

4.2.1 O Computador Semi-quˆantico . . . 63

4.2.2 O Problema de Busca e o Semi-quˆantico . . . 64

4.2.3 A Transformada de Fourier Discreta e o Semi-quˆantico . . . 67

5 CONCLUS ˜AO 73

A PROGRAMAC¸ ˜AO SEMIDEFINIDA 75

B DETERMINAC¸ ˜AO DAS AMPLITUDES DE PROBABILIDADES

INCONCLUSIVAS 77

C C ´ODIGO COMPUTACIONAL DO

ALGORITMO ´OTIMO DISCRIMINADOR 81

(14)

Cap´ıtulo 1

INTRODUC

¸ ˜

AO

Nos ´ultimos anos observamos uma revolu¸c˜ao no poder de processamento dos computa-dores. Este alto desempenho possibilitou aos cientistas abordarem problemas que aproxi-madamente h´a duas d´ecadas atr´as eram dif´ıcies do ponto de vista computacional, entre os quais citamos: as previs˜oes clim´aticas, o seq¨uenciamento gen´etico de sistemas biol´ogicos e as simula¸c˜oes de sistemas de muitas part´ıculas. Atualmente ´e comum a pr´atica da doa¸c˜ao do tempo ocioso dos computadores de empresas, funda¸c˜oes, associa¸c˜oes e universidades para resolu¸c˜ao de um problema que necessite de um grande poder computacional. Esta tecnologia ´e conhecida como Computa¸c˜ao em Grade, e permite utilizar o poder coletivo de milhares ou milh˜oes de computadores individuais espalhados pelo mundo para criar um “sistema virtual” com uma for¸ca computacional expressiva1.

O poder computacional ´e cada vez mais necess´ario em aplica¸c˜oes tecnol´ogicas, cient´ıfi-cas ou comerciais. A ´area da microeletrˆonica vem apresentando uma solu¸c˜ao para esta quest˜ao, disponibilizando no mercado atualiza¸c˜oes dos circuitos integrados. O poder de processamento desses circuitos ´e conseq¨uˆencia do processo de miniaturiza¸c˜ao, isto ´e, o crescente aumento do n´umero de portas l´ogicas em um ´unico circuito integrado. Entretanto, seguindo esta tendˆencia de miniaturiza¸c˜ao caminharemos para escala atˆomica, onde os efeitos quˆanticos ter˜ao de ser levados em conta para os novos circuitos.

Esta redu¸c˜ao no tamanho dos circuitos para uma escala atˆomica significa que uma nova tecnologia ter´a que surgir para substituir ou complementar a tecnologia corrente. Esta tecnologia poder´a oferecer muito mais que circuitos menores ou processadores mais r´apidos? Para responder esta quest˜ao, pesquisadores em diversas ´areas est˜ao estudando quais seriam os poss´ıveis candidatos para as novas arquiteturas computacionais.

No in´ıcio da d´ecada de 80 surgiram as primeiras id´eias sobre o uso de sistemas quˆanticos para o processamento da informa¸c˜ao[1, 2]. Mas foi somente dez anos depois que o interesse

(15)

pela computa¸c˜ao e a informa¸c˜ao quˆantica aumentou, principalmente pela descoberta de que certos algoritmos quˆanticos s˜ao mais eficientes que seus an´alogos cl´assicos, como, por exemplo, o de Fatora¸c˜ao de n´umeros grandes de Schor[3] e o Algoritmo de Busca Quˆantica de Grover[4].

Seguindo este caminho, os algoritmos quˆanticos deixaram de ser apenas propostas te´oricas ou fic¸c˜ao cient´ıfica e tornaram-se uma realidade em v´arios laborat´orios. Os protocolos de Criptografia Quˆantica, por exemplo, j´a est˜ao dispon´ıveis para a comerciali-za¸c˜ao[5, 6, 7, 8, 9]. O algoritmo de Teleporte de Estados j´a foi testado em v´arios laborat´orios[6, 7, 10]. Na parte computacional, os algoritmos de Fatora¸c˜ao, Busca Quˆan-tica e de corre¸c˜ao de erros quˆanticos estimularam a procura de uma implementa¸c˜ao f´ısica para o computador quˆantico[6, 7, 11, 12]. Atualmente os f´ısicos estudam formas de implementar o armazenamento, o processamento, a leitura ou a corre¸c˜ao da informa¸c˜ao codificada em sistemas quˆanticos de d-n´ıveis2 (d 2)[5, 6, 7, 8, 9].

O procedimento de leitura ´e fundamental em qualquer processamento computacional de dados cl´assicos e quˆanticos. A primeira parte desta tese (Cap´ıtulos 2 e 3) trata da leitura dos estados quˆanticos, ou mais especificamente, da discrimina¸c˜ao de estados quˆanticos[13, 14]. Na Mecˆanica Quˆantica, os estados quˆanticos podem ser n˜ao-ortogonais e, portanto, n˜ao podemos discrimin´a-los perfeitamente com uma ´unica medida. Entretan-to podemos procurar estrat´egias para minimizar os erros quando efetuamos uma medida sobre o sistema f´ısico.

No Cap´ıtulo 2 fornecemos uma revis˜ao da literatura sobre as estrat´egias da discri-mina¸c˜ao de estados quˆanticos. Nosso principal objetivo ´e apresentar a discridiscri-mina¸c˜ao com m´ınimo de erro e a discrimina¸c˜ao sem ambig¨uidade (sem erro) e, posteriormente, abordar um caso particular da discrimina¸c˜ao de dois estados mistos, conhecido na literatura como Filtragem de estados quˆanticos sem erro[13, 14]. Na Se¸c˜ao 2.1 tratamos da discrimina¸c˜ao de estados com um m´ınimo de erro. Na Se¸c˜ao 2.2 apresentamos a discrimina¸c˜ao sem ambig¨uidade. Esta estrat´egia mostra que, admitindo alguns resultados inconclusivos, podemos discriminar sem ambig¨uidade dois estados puros n˜ao-ortogonais. Na Se¸c˜ao 2.3 apresentamos a Filtragem de estados quˆanticos.

No Cap´ıtulo 3 demonstramos um novo algoritmo para a discrimina¸c˜ao de N estados quˆanticos n˜ao-ortogonais linearmente independentes. Desenvolvemos um procedimento que chamamos de algoritmo ´otimo discriminador (AOD), que fornece explicitamente a transforma¸c˜ao unit´aria U, a qual implementa as medidas generalizadas para a tarefa de discrimina¸c˜ao sem erros de N estados puros n˜ao-ortogonais. Em outras palavras, o AOD consiste em um procedimento matem´atico, que usa a Programa¸c˜ao Semidefinida e a Minimiza¸c˜ao da Norma para determinar a transforma¸c˜ao unit´aria U ´otima para a discrimina¸c˜ao. Esta opera¸c˜aoU leva cada estado de entrada para uma configura¸c˜ao final discrimin´avel com componentes conclusivas e inconclusivas. Na Se¸c˜ao 3.1 apresentamos uma implementa¸c˜ao da Medida Generalizada para ´ıons. Nas Se¸c˜oes 3.2.1 e 3.2.2 apresen-tamos as subrotinas necess´arias para o AOD e na Se¸c˜ao 3.2.3 apresenapresen-tamos o algoritmo. Nas Se¸c˜oes 3.2.4 e 3.2.5 demonstramos como o nosso algoritmo pode ser empregado na Criptografia Quˆantica e na Filtragem de estados quˆanticos.

(16)

No Cap´ıtulo 4 tratamos de uma arquitetura j´a conhecida na literatura, chamada de Computador Semi-quˆantico. Esta arquitetura h´ıbrida consiste de uma parte quˆantica, onde temos uma rede de n´os, com cada n´o sendo um computador quˆantico comnq qubits. A parte cl´assica consiste na comunica¸c˜ao dos n´os com um computador cl´assico, o qual processa algum dado e retorna com novas tarefas para os n´os quˆanticos.

Este tipo de abordagem possui v´arias vantagens para a computa¸c˜ao. As portas quˆanticas s˜ao mais simples para serem implementadas sobre a rede de n´os, onde cada n´o possui poucos qubits. Segundo, devido a facilidade e rapidez da atua¸c˜ao das portas quˆanticas, podemos efetuar o processo de medida de forma mais r´apida e reinicializar os estados quˆanticos dos n´os.

Discutimos a aplica¸c˜ao de dois algoritmos quˆanticos, a saber: o de Transformada de Fourier[3] e o de Busca[4], neste tipo arquitetura e estudamos a eficiˆencia destas implementa¸c˜oes em rela¸c˜ao ao computador puramente cl´assico. Na Se¸c˜ao 4.1 apresenta-mos o modelo computacional padr˜ao da Computa¸c˜ao Quˆantica, assim como as defini¸c˜oes de portas quˆanticas e circuito. Na Se¸c˜ao 4.2 mostramos nossos resultados para a arqui-tetura h´ıbrida. Em particular, se a prepara¸c˜ao dos estados quˆanticos for otimizada, nossos resultados sugerem que um computador Semi-quˆantico poderia ser mais ´util do que uma arquitetura puramente cl´assica.

No Cap´ıtulo 5 apresentamos as considera¸c˜oes finais. Neste cap´ıtulo apresentamos uma discuss˜ao dos resultados originais desta tese e demonstramos alguns questionamentos para pesquisa futura.

(17)

Cap´ıtulo 2

DISCRIMINAC

¸ ˜

AO QU ˆ

ANTICA

Na ´ultima d´ecada tem crescido o interesse pela discrimina¸c˜ao de estados. Este fato deve-se ao crescimento da pr´opria Teoria da Informa¸c˜ao Quˆantica e, conseq¨uentemente, a discrimina¸c˜ao deixou de ser um problema da F´ısica e tornou-se um problema da Teoria da Informa¸c˜ao e Computa¸c˜ao.

Em toda transmiss˜ao de dados temos o emissor e o receptor da informa¸c˜ao. O emissor prepara um sistema quˆantico em um dado ensemble de estados puros n˜ao-ortogonais. Ele pode preparar os estados com quaisquer probabilidades a priori (peso estat´ıstico de cada estado quˆantico no ensemble). Ele envia o ensemble para o receptor. O objetivo do receptor ´e obter o m´aximo de informa¸c˜ao do ensemble recebido, isto ´e, sua tarefa ´e discriminar cada estado quˆantico do ensemble. Na literatura, as diferentes estrat´egias de discrimina¸c˜ao est˜ao relacionadas com algum conhecimento da prepara¸c˜ao do ensemble e com o objetivo do receptor referente a informa¸c˜ao desejada.

(18)

2.1

Discrimina¸

ao de estados puros com o m´ınimo de

erro

2.1.1

Medida Projetiva

Antes de apresentarmos as estrat´egias de discrimina¸c˜ao de estados, revisamos rapida-mente o formalismo das Medidas Projetivas[15, 16].

Um estado quˆantico de um sistema ´e representado por um vetor |ψi normalizado no espa¸co vetorial complexo de Hilbert H. Para obtermos algum conhecimento do estado precisamos realizar medidas dos observ´aveis desse sistema. Na Mecˆanica Quˆantica, os observ´aveis s˜ao operadores Hermitianos no espa¸co vetorial complexo e tˆem uma decompo-si¸c˜ao espectral na forma

R=X

i

ri|riihri|= X

i

riPi , (2.1)

onde Pi = |riihri| s˜ao projetores sobre os subespa¸cos de R, com autovalores ri. O valor m´edio do observ´avel R para um conjunto de sistemas quˆanticos, preparados no mesmo estado |ψi, ´e dado como

hRi=hψ|R|ψi . (2.2)

Substituindo a Equa¸c˜ao (2.1) em (2.2), temos que o valor esperado deR ´e reescrito como

hRi=X i

ri|hψ|rii|2 . (2.3)

Portanto a probabilidade de obter o resultado ri, dado que o sistema esteja no estado quˆantico |ψi, ´e igual a

P(ri|ψ) =|hψ|rii|2, (2.4)

e o estado do sistema logo ap´os a medida, dado que ri ocorreu, ´e

|ψii= Pi|

ψi

q

P(ri|ψ)

. (2.5)

O sistema f´ısico pode apresentar-se como uma mistura estat´ıstica de estados puros

ρi =|ψiihψi|. O operador densidade do sistema ´e dado por

ρ=X

i

µi|ψiihψi|= X

i

(19)

onde a vari´avel µi representa a probabilidade do sistema estar no estado |ψii e a soma de todos os valores µi ´e igual a 1. Para o caso de um ensemble de estados puros dado pela Equa¸c˜ao (2.6), a probabilidade de obter o autovalorri, sendo que o estado inicial do sistema era ρ, ´e dada pela rela¸c˜ao

P(ri|ρ) = Tr(ρ|riihri|) =hri|ρ|rii , (2.7)

onde Tr significa a opera¸c˜ao de tra¸co, que no formalismo matricial ´e a soma dos elementos da diagonal. Desta forma, o valor esperado do observ´avel R ´e

hRi=X i

riP(ri|ρ) = Tr(ρR) . (2.8)

2.1.2

Teste da hip´

otese quˆ

antica

Do ponto de vista hist´orico, o primeiro a estudar a discrimina¸c˜ao de estados n˜ao-ortogonais foi Helstrom[17]. O m´etodo ´e conhecido como teste da hip´otese quˆantica. O procedimento consiste em realizar medidas para inferir sobre o estado e, posteriormente, a partir de um resultado poss´ıvel se toma a decis˜ao sobre qual estado ocorreu.

Para explicar mais detalhadamente, vamos conjeturar que o sistema quˆantico possa ser preparado em um ensemble de estados ρk, dado por

ρ= N X

k=1

µkρk , (2.9)

onde ρk =|ψkihψk|, com|ψki definido no espa¸co de Hilbert de dimens˜ao N. Os estados s˜ao n˜ao-ortogonais, isto ´e, |hψk|ψji| 6= 0 e as probabilidades µk s˜ao conhecidas a priori. Preparando um procedimento de medida, tal que obtendorj como um resultado poss´ıvel de uma medida de um observ´avel do sistema, fazemos a hip´otese que o estado recebido foi ρj.

Na literatura j´a ´e conhecida a impossibilidade da discrimina¸c˜ao perfeita de esta-dos n˜ao-ortogonais[6, 13, 14, 16]. Entretanto, existe uma probabilidade n˜ao-nula de detectar os estados corretamente. O procedimento do teste da hip´otese, por exemplo, permite discriminar probabilisticamente os estados n˜ao-ortogonais, isto ´e, existe uma probabilidade de erro PE para a detec¸c˜ao. O erro se refere `a ambig¨uidade da hip´otese, dado que ocorreu o resultado rj, n˜ao sabemos com certeza qual estado foi detectado, ρj ouρk.

Denotaremos PD, a probabilidade de detec¸c˜ao correta do estado, ondePD = 1−PE. Para determinar a probabilidade de erro, precisamos conhecer a priori a probabilidade

(20)

P(rk|ρj), para todoj, k. As probabilidades constituem a matriz [P(rk|ρj)]. Os elementos dessa matriz devem satisfazer a rela¸c˜ao de completeza

N X

k=1

P(rk|ρj) = 1 . (2.10)

Esta rela¸c˜ao revela o fato de que n˜ao importa qual seja o estado ρj que recebemos, sempre obtemos um dado resultado rk. Ent˜ao a probabilidade de erro totalPE pode ser escrita na seguinte forma

PE = 1−PD = 1− N X

i=1

µiP(ri|ρi) . (2.11)

O pr´oximo passo ´e simplesmente maximizar P(ri|ρi) e obter valores mais baixos para

PE.

Quando os estados a serem discriminados s˜ao todos ortogonais, a probabilidade de erro de uma detec¸c˜ao ´e nula. Na se¸c˜ao anterior, cada resultado de uma medida projetiva corresponde a um autovalor de um operador Hermitiano R. A partir de (2.4) observamos que a matriz [P(rk|ρj)] ´e dada pela sobreposi¸c˜ao entre os estados |ψji do ensemble e os auto-estados do operador R,

P(rk|ψj) = |hrk|ψji|2 . (2.12)

Examinando com cuidado a rela¸c˜ao (2.12), notamos que os elementos da diagonal da matriz devem ser todos iguais a 1 se a probabilidade de erro for nula, isto ´e, assumindo que os estados s˜ao todos ortogonais entre si,|ψji=|rji.

2.1.3

Discrimina¸

ao com m´ınimo de erro para dois estados puros

Para exemplificar a estrat´egia do teste da hip´otese, tratamos da discrimina¸c˜ao de dois estados puros n˜ao-ortogonais

|φ1i= cosθ|1i+ sinθ|2i ,

|φ2i= cosθ|1i −sinθ|2i , (2.13)

onde 0< θ < π/4 e |1i,|2i s˜ao bases ortonormais no espa¸co de Hilbert bidimensional. O valor da probabilidade m´ınima de erro PE para este caso foi derivado por Helstrom em 1976[17], com valor ´otimo

PEot= 1 2[1−

q

(21)

θ

θ

|

φ

1

>

|

φ

2

>

|

2

>

|

1

>

|

r

2

>

|

r

1

>

Figura 2.1: Os estados |φ1i e|φ2i n˜ao-ortogonais e com pesos estat´ısticos iguais colocados no plano

|1i−|2i, visto que suas amplitudes s˜ao reais. Para este caso a probabilidade de erro ser´a m´ınima se a medida ´otima ´e dada pelas medidas projetivas nas bases|r1ie|r2i.

Para o caso de dois estados puros com probabilidades a priori iguais, as medidas projetivas ´otimas ser˜ao nas bases |r1i e|r2i, dadas na seguinte forma

|r1i= 1

2[|1i+|2i] , (2.15)

|r2i= 1

2[|1i − |2i] . (2.16)

A probabilidade m´ınima de erro pode ser reescrita na forma,

Pot E =

1q1− |hφ1|φ2i|2

2 =

1sin 2θ

2 , (2.17)

onde os quatro estados para o caso acima s˜ao mostrados na Figura (2.1). Uma demons-tra¸c˜ao experimental desta curva te´orica foi dada por Barnett e Riis em 1997[19]. Para uma discuss˜ao mais completa da estrat´egia de detec¸c˜ao ´otima com erro, veja as referˆencias [13, 17, 18, 19].

No caso da discrimina¸c˜ao de m´ultiplos estados puros n˜ao-ortogonais, uma solu¸c˜ao anal´ıtica para a probabilidade m´ınima de erro ´e dif´ıcil. Antes de tratarmos da discrimina-¸c˜ao de v´arios estados puros com a estrat´egia do teste da hip´otese quˆantica, apresentamos o formalismo da Medida Generalizada.

2.1.4

Medida Generalizada

Na literatura ´e conhecida a opera¸c˜ao de Medida Generalizada ou medida de operador positivo[16] (POVM)1, onde os operadores de detec¸c˜ao Πj s˜ao chamados de elementos

(22)

do POVM. No formalismo dos operadores de detec¸c˜ao, os elementos do POVM devem satisfazer certas condi¸c˜oes:

1. A probabilidade de obter um resultado rj dado que ρ seja o estado inicial ´e

P(rj|ρ) =T r(Πjρ) . (2.18)

2. Como a probabilidade P(rj|ρ) n˜ao pode ser negativa, os operadores de detec¸c˜ao devem ser Hermitianos e positivos semidefinidos. Logo,

Πj = Π†j 0 . (2.19)

Os operadores positivos semidefinidos {Πj} possuem a caracter´ıstica de que seus valores esperados para quaisquer estados s˜ao n˜ao-negativos.

3. Para admitir todos os resultados poss´ıveis, temos que P

jP(rj|ρ) = 1 para todo ρ. A partir deste v´ınculo, os operadores de detec¸c˜ao formam uma decomposi¸c˜ao do operador identidade,

X

j

Πj =I . (2.20)

O principal objetivo ´e determinar a distribui¸c˜ao de probabilidades dos resultados rj. Entretanto nem sempre estamos interessados unicamente nas probabilidades dos resulta-dos, mas sim nos estados p´os-medida transformados pela opera¸c˜ao do POVM. Para isto, vamos definir os operadores de medida {Mj}, tal que

Mj =Uj q

Πj , (2.21)

onde Uj ´e qualquer operador unit´ario. Da Equa¸c˜ao (2.21) e levando em considera¸c˜ao a unitariedade de Uj, Uj†Uj =UjUj†=I, podemos reescrever os operadores de detec¸c˜ao Πj como

Πj =Mj†Mj . (2.22)

A probabilidade de obter o resultado rj dado que o estado inicial do sistema sejaρ ´e

P(rj|ρ) =T r(MjρMj†) , (2.23)

onde o operador densidade do estado p´os-medida, dado que o resultadorj ocorreu, ´e

ρ′j = MjρM

j

T r(MjρMj†)

(23)

Sistema auxiliar

Sistema de interesse

U

ρ

r

j ;

ρ

j

ρ

Figura 2.2: Procedimento de uma Medida Generalizada. Um sistema quˆantico preparado em um estado representado pelo operador densidadeρ, sistema de interesse. Esse sistema quˆantico ´e acoplado com o

sistema auxiliar. O sistema de interesse e o auxiliar evoluem um certo tempo segundo uma transforma¸c˜ao unit´aria U. Posteriormente, realizamos uma medida projetiva sobre o sistema auxiliar. Um resultado poss´ıvelrj pode ocorrer onde o estado final ´eρ′j, veja a Equa¸c˜ao (2.24). Se n˜ao gravamos o resultado da

medida, teremos apenas o estadoρ′, Equa¸c˜ao (2.25).

Note queρ′

j est´a normalizado, visto que Trρ′j = 1. Se n˜ao gravamos por algum motivo o resultado da medida, ent˜ao o estado do sistema quˆantico ter´a o seguinte operador densidade

ρ′ =X j

P(rj|ρ)ρ′j = X

j

MjρMj†. (2.25)

Esta rela¸c˜ao mostra que ρ′ ser´a dado por uma distribui¸c˜ao de operadores densidade

ρ′

j, com os seus respectivos pesosP(rj|ρ).

O resultado n´umerico de uma medida projetiva de um observ´avelR´e um autovalorrj, com seu auto-estado ortogonal |rji. Para cada auto-estado podemos associar operadores de proje¸c˜ao Pk =|rkihrk|. Os operadores de proje¸c˜ao satisfazem as trˆes condi¸c˜oes acima, isto ´e, s˜ao operadores Hermitianos, positivos semidefinidos e formam uma decomposi¸c˜ao do operador identidade, P

jPk = I. Al´em destas condi¸c˜oes, os operadores de proje¸c˜ao possuem mais uma restri¸c˜ao , PkPj = δk,jPj. Portanto, o procedimento da Medida Projetiva ´e um caso particular da Medida Generalizada.

2.1.5

Implementa¸

ao da Medida Generalizada

Qualquer Medida Generalizada pode ser realizada com um sistema auxiliar, uma ope-ra¸c˜ao unit´aria e uma medida projetiva2. Quem garante esta afirma¸c˜ao ´e o teorema

de Neumark[20]. Para realizar uma opera¸c˜ao de POVM com j resultados, precisamos aumentar o espa¸co de Hilbert utilizando sistemas auxiliares. Ap´os uma transforma¸c˜ao unit´aria que atua no espa¸co global (sistema de interesse mais o sistema auxiliar), realiza-se em realiza-seguida uma medida projetiva sobre o sistema auxiliar, veja a Figura (2.2). Como conseq¨uˆencia da opera¸c˜ao unit´aria e da medida projetiva sobre o sistema auxiliar, o estado inicial ´e transformado segundo as Equa¸c˜oes (2.24) ou (2.25)3.

2Para uma discuss˜ao sobre o teorema de Neumark, veja A. Peres, Quantum Theory: Concepts and

Methods[16].

(24)

O mesmo resultado pode ser obtido atrav´es da extens˜ao do espa¸co de Hilbert por meio de dimens˜oes extras, onde essas dimens˜oes fazem o papel do sistema auxiliar. Portanto, realiza-se a transforma¸c˜ao unit´aria e como ´ultimo passo as medidas projetivas. Nes-te procedimento, Nes-temos que introduzir estados auxiliares at´e a dimens˜ao do espa¸co de Hilbert alcan¸car o n´umero N de medidas necess´arias.

Vamos denotar o espa¸co estendido por |ji, onde {j = 1, . . . , N}. Associa-se cada resultado de uma Medida Generalizada com um ´unico estado da base ortonormal |ji. Por simplicidade, adotamos medidas sobre um sistema quˆantico descrito pelo operador densidade ρ no espa¸co de Hilbert bidimensional.

Em duas dimens˜oes, vamos definir os N elementos da opera¸c˜ao de POVM na forma Πj =|QjihQj|, com {j = 1, . . . , N}, onde

|Qji=qj1|1i+qj2|2i . (2.26)

|1i e |2i s˜ao bases ortonormais do sistema inicial ρ. Em geral os estados |Qji s˜ao n˜ao-ortogonais e n˜ao-normalizados. Levando em considera¸c˜ao que os elementos do POVM s˜ao uma decomposi¸c˜ao do operador identidade,

N X

j=1

|qj1|2 = N X

j=1

|qj2|2 = 1 , (2.27)

N X

j=1

qj1qj2∗ = N X

j=1

q∗j1qj2 = 0 , (2.28)

o objetivo central ´e representar os estados |Qji como proje¸c˜oes dentro do espa¸co gerado por{|1i,|2i}de um dado conjunto de estados ortonormais|Qji. Para esse fim, definimos um estado

|Θii= N X

j=1

qji|ji , (2.29)

onde{i= 1, . . . , N}. Pelas condi¸c˜oes (2.27) e (2.28), temos que|Θ1ie|Θ2is˜ao ortonorma-is. Para este conjunto ´e sempre poss´ıvel escolherN2 estados ortonormais|Θ3i, . . . ,|ΘNi, tal que |Θii, para {i = 1, . . . , N} formam uma base ortonormal. Observe que devido a ortonormalidade da base |Θii, temos que

N X

i=1

qji∗qik =δjk , (2.30)

portanto, podemos tamb´em mostrar que os estados

|Qji = N X

i=1

(25)

= |Qji+ N X

i=3

qji|ii , (2.32)

tamb´em formam uma base ortonormal do espa¸co de Hilbert N-dimensional. Podemos associar os N elementos do POVM no subespa¸co bidimensional com medidas projetivas no espa¸co de Hilbert N-dimensional, ou seja, Tr(ρΠj) = Tr(ρΠ′

j), onde Π′j =|QjihQj|. Podemos definir a seguinte opera¸c˜ao unit´aria dada na forma

U =

N X

j=1

|jihQj|= N X

i,j=1

qji|jihi| , (2.33)

onde relaciona-se o estado|Qjie o estado|ji. As rela¸c˜oes de ortonormalidade e completeza garantem que a transforma¸c˜ao U ´e unit´aria. Aplicando a transforma¸c˜ao unit´aria U no estado inicialρ, temos que

ρ′ = N X

i=1

µiU ρiU†= N X

i=1

µiU|φiihφi|U† (2.34)

= N X

i=1

µi N X

j=1

|hQj|φii|2|jihj| (2.35)

= N X

i=1

µi N X

j=1

|hQj|φii|2|jihj| . (2.36)

Como etapa final, podemos realizar uma medida projetiva na base|ji, dada pelo projetor

Pj =|jihj|,

Tr(Pjρ′) = Tr(Πjρ) .

Implementamos desta forma um elemento Πj do POVM com resultado j.

Resumindo, podemos sempre adicionar dimens˜oes extras e com uma transforma¸c˜ao unit´aria e uma medida projetiva, implementar o POVM.

2.1.6

Discrimina¸

ao com m´ınimo de erro para

N

estados puros

O problema da discrimina¸c˜ao de v´arios estados puros consiste de uma decis˜ao. Reali-zamos uma escolha entreN hip´oteses poss´ıveis sobre o estado do sistema, isto ´e, a hip´otese

Ij assegura que o sistema est´a no estado associado ao operador densidade ρj, com uma certa probabilidade de erro PE.

(26)

descobriram, independentemente, que os operadores de detec¸c˜ao (Medidas Generalizadas) devem satisfazer certas condi¸c˜oes necess´arias e suficientes para que a probabilidade de erro total seja m´ınima.

O objetivo central ´e minimizar a probabilidade total de erro, ou equivalentemente, determinar os operadores de detec¸c˜ao. A partir das Equa¸c˜oes (2.11) e (2.18), a probabi-lidade total de erro PE pode ser reescrita na forma

PE = 1− N X

j=1

µjT r(ρjΠj) , (2.37)

onde Πj ´e o elemento do POVM com resultado j. Em particular, para um ensemble de estados puros sim´etricos[17], com probabilidade a priori igual a 1/N para cada estado, o operador Πj pode ser determinado analiticamente. Um conjunto de estados puros s˜ao sim´etricos quando as duas condi¸c˜oes abaixo s˜ao certificadas:

(i) |φji=U|φj−1i=Uj−1|φ1i , (2.38)

(ii) U|φNi=|φ1i , (2.39)

para algum operadorU. A transforma¸c˜ao unit´aria U relaciona cada estado |φj−1i com o seu sucessor |φji.

Como exemplo de estados sim´etricos temos o ensemble tern´ario[17, 22, 23], que des-perta bastante interesse devido sua facilidade de implementa¸c˜ao com a tecnologia atual4. Este ensemble ´e definido pelo operador densidade,

ρ= 1 3

2 X

i=0

|φiihφi| , (2.40)

onde os estados |φii s˜ao linearmente dependentes e est˜ao no espa¸co de Hilbert bidimen-sional. Os estados s˜ao

|φ0i = |1i ,

|φ1i = |

1i+√3|2i

2 ,

|φ2i = −|

1i+√3|2i

2 , (2.41)

sendo os estados |1i e |2i bases ortogonais. Como os estados sim´etricos |φ0i, |φ1i e |φ2i possuem amplitudes de probabilidades reais, podemos represent´a-los no plano ortogonal

4Para mais detalhes sobre a implementa¸c˜ao com ´optica usando estados de polariza¸c˜ao linear de f´otons,

(27)

|2>

|1>

>

>

>

0 1 2

π/3

Figura 2.3: Ilustra¸c˜ao do Ensemble tern´ario. Os estados podem ser representados no plano, visto que os mesmos tem uma representa¸c˜ao real na base ortogonal |1i,|2i. A rota¸c˜ao deπ/3 ´e feita no sentido anti-hor´ario.

|1i,|2i, veja a Figura (2.3). A probabilidade m´ınima de erro (probabilidade ´otima) para este caso ´ePot

E = 1/3, que ´e obtida pelo seguinte POVM[17, 24, 25]5,

Πj = 2

3|φjihφj| , j = 0,1,2. (2.42)

Portanto quando os estados de entrada exibem uma condi¸c˜ao especial, por exemplo, a condi¸c˜ao de simetria, podemos obter uma forma anal´ıtica para a probabilidade ´otima de erro para quaisquer N estados sim´etricos[13, 17]. Em geral, derivar uma express˜ao anal´ıtica para a probabilidade m´ınima de erro para quaisquer N estados quˆanticos ´e um problema ainda aberto.

2.2

Discrimina¸

ao de estados puros sem erro:

Estrat´

egia UD

2.2.1

Discrimina¸

ao de dois estados puros

As medidas generalizadas foram usadas na discrimina¸c˜ao de estados do ensemble tern´ario. Esta esp´ecie de medida ´e o melhor que podemos fazer para discriminar os estados. A justificativa para este fato est´a no n´umero N de resultados poss´ıveis de uma medida projetiva, confinada a ser, no m´aximo, igual a dimensionalidade do espa¸co dos estados do sistema. Os m resultados poss´ıveis de uma Medida Generalizada podem ser

mN.

5Utilizando os estados de polariza¸c˜ao de f´otons, Sasakiet al. [24] e Mizunoet al. [25] implementaram

esta estrat´egia de discrimina¸c˜ao com m´ınimo de erro para PE utilizando o ensemble tern´ario sim´etrico.

(28)

Usando o formalismo de Medida Generalizada, em 1987 Ivanovic[26] introduziu uma nova estrat´egia no cen´ario das medidas quˆanticas. Esta estrat´egia consiste em discriminar estados quˆanticos n˜ao-ortogonais sem ambigu¨idade (UD)6 (ausˆencia de erros). Ivanovic mostrou que, admitindo alguns resultados inconclusivos, pode-se discriminar dois estados puros n˜ao-ortogonais igualmente prov´aveis sem ambig¨uidade. Neste tipo de estrat´egia, um dado resultado conclusivo est´a sempre correto.

Para exemplificar a estrat´egia UD, vamos considerar os estados|φ1ie|φ2ida Equa¸c˜ao (2.13),

|φ1i= cosθ|1i+ sinθ|2i ,

|φ2i= cosθ|1i −sinθ|2i . (2.43)

Considere os seguintes estados adicionais definidos no espa¸co de Hilbert bidimensional,

|Ψ1i= √1

2(tanθ|1i+|2i) ,

|Ψ2i= √1

2(tanθ|1i − |2i) ,

|Ψ?i= q

1tan2θ|1i. (2.44)

Note que|Ψ(1,2)i´e ortogonal a|φ(2,1)i. Considere agora a seguinte opera¸c˜ao de POVM,

Π1 =|Ψ1ihΨ1| ,

Π2 =|Ψ2ihΨ2| ,

Π? =|Ψ?ihΨ?| , (2.45)

onde os elementos do POVM est˜ao sujeitos ao v´ınculo Π?+Π1+Π2 =I. As probabilidades de detec¸c˜ao para os estados s˜ao

P(rj|ρj) =T r(ρjΠj) = hφ(1,2)|Π(1,2)|φ(1,2)i= 2 sin2θ , (2.46)

P(rk|ρj) =T r(ρjΠk) = 0 , (2.47)

onde P(rj|ρj) ´e a probabilidade de detec¸c˜ao correta para cada estado.

Como os estados s˜ao n˜ao-ortogonais, a distin¸c˜ao perfeita n˜ao ´e poss´ıvel. Entretanto, podemos admitir um resultado inconclusivo rotulado pelo ´ındice “?”7, e a probabilidade

6Na literatura inglesa esta estrat´egia ´e chamada deUnambiguous Discrimination.

7Alguns autores rotulam a probabilidade de um resultado inconclusivo como probabilidade de falha

(29)

para cada um dos estados ser´a dada pelo valor esperado do operador Π?. Como proce-dimento an´alogo ao teste da hip´otese quˆantica, o objetivo ´e minimizar a probabilidade total de um resultado inconclusivo,P? =hφ(1,2)|Π?|φ(1,2)i, onde

P? = 1− X

j=1,2

µjP(rj|ρj) . (2.48)

O problema consiste em determinar o valor ´otimoPot

? ou, equivalentemente, os valores deP(rj|ρj) que minimizam P?, sujeito ao v´ınculo da Equa¸c˜ao (2.48).

O problema da estrat´egia UD para dois estados puros n˜ao-ortogonais com proba-bilidade a priori µ1 = µ2 = 1/2 foi resolvido por Ivanovic[26], Dieks[27] e Peres[28], independentemente. Foi estabelecido um valor m´ınimo para a probabilidade de resultados inconclusivos. Este valor ´e conhecido na literatura como olimite de Ivanovic-Dieks-Peres

(IDP), dado por

P?ot=|hφ2|φ1i|. (2.49)

A probabilidade total de detec¸c˜ao conclusiva ´e obtida pela rela¸c˜aoP(r1|ρ1)=P(r2|ρ2)= 1− |hφ2|φ1i|. Um limite mais geral foi derivado por Jaeger e Shimony[29] para a UD de dois estados puros com probabilidade µ1 6= µ2. Uma abordagem pedag´ogica da solu¸c˜ao geral do problema de dois estados arbitr´arios|φ1i,|φ2ie quaisquer probabilidades a priori foi dada por Bergou, Herzog e Hillery[14]8.

Implementa¸c˜ao do POVM e o resultado inconclusivo

A implementa¸c˜ao da Medida Generalizada pode esclarecer certas perguntas na estra-t´egia UD. Surge um questionamento sobre os resultados de uma medida inconclusiva. O que significa ter um resultado inconclusivo, e o que acontece com o estado depois de um resultado inconclusivo? Vamos voltar aos estados da Equa¸c˜ao (2.13). Sabemos que os elementos do POVM (Equa¸c˜ao (2.45)) podem ser implementados por trˆes projetores ortogonais no espa¸co de Hilbert estendido:

P1 =|M1ihM1| ; P2 =|M2ihM2| ; P? =|M?ihM?| , (2.50)

onde os estados ortogonais s˜ao definidos no espa¸co de Hilbert tridimensional,

|M1i= 1

2(tanθ|1i+|2i+ q

1tan2θ|3i) , (2.51)

|M2i= 1

2(tanθ|1i − |2i+ q

1tan2θ|3i) , (2.52)

|M?i=− q

1tan2θ|1i+ tanθ|3i . (2.53)

8Neste artigo de revis˜ao os autores fornecem tamb´em os limites onde as medidas generalizadas s˜ao

(30)

Observe que usando esses projetores, as probabilidades conclusivas permanecem inva-riantes, P(rj|ρj) =T r(ρjΠj) = T r(ρjPj).

O estado do sistema depois de um resultado inconclusivo ser´a

ρf = P

?ρ(1,2)P?

T r(P?ρ(1,2))

= P?|φ(1,2)ihφ(1,2)|P?

T r(P?ρ(1,2))

=|φ′?ihφ′?| . (2.54)

Em geral, isto acontece quandoP?atinge seu valor ´otimoP?ot, Equa¸c˜ao (2.49). Observe que os estados|φ1i,|φ2is˜ao transformados para o mesmo estado |φ′?i. Portanto qualquer tentativa de discrimina¸c˜ao adicional sobre os mesmos torna-se in´util. Resumindo, quando obtemos um resultado conclusivo sabemos sempre qual ´e o estado, com probabilidade

1P?. Por outro lado, se um resultado inconclusivo for obtido, os estados tornam-se

menos distingu´ınveis9.

2.2.2

Estrat´

egia UD para m´

ultiplos estados puros

Uma quest˜ao interessante ´e sobre a generaliza¸c˜ao da estrat´egia UD para mais de dois estados puros. J´a sabemos da se¸c˜ao anterior que a Medida Generalizada desenvolve um papel importante nessa estr´ategia. Em 1998, Chefles[30] demonstrou que a estrat´egia UD existe somente para estados linearmente independentes. Em particular, Chefles derivou explicitamente uma rela¸c˜ao para a probabilidade ´otima de resultados inconclusivos, Pot

? , quando os estados s˜ao sim´etricos e igualmente prov´aveis.

Como mencionamos anteriormente, encontrar uma forma anal´ıtica fechada para o problema da discrimina¸c˜ao ´otima com ou sem erro ´e d´ıficil para o caso geral. Entretanto, Eldar[31] mostrou que a estrat´egia UD pode ser formulada como um problema de Progra-ma¸c˜ao Semidefinida10 (SDP)[32, 33], veja o Apˆendice A. A vantagem deste m´etodo n´ u-merico para a UD ´e quanto a sua aplica¸c˜ao para quaisquer N estados quˆanticos n˜ao-ortogonais linearmente independentes.

Solu¸c˜ao geral via SDP e o POVM ´otimo

Para um ensemble de estados puros n˜ao-ortogonais, a estrat´egia UD via SDP pode ser colocada na seguinte forma. Um sistema foi preparado em um estado quˆantico|Qii, com

{i= 1, ..., N}. Os estados|Qii s˜ao n˜ao-ortogonais, linearmente independentes e est˜ao no espa¸co de HilbertN-dimensional. Cada estado ´e preparado com uma probabilidade µi.

9Na discrimina¸c˜ao de m´ultiplos estados puros (N >2) ´e poss´ıvel obter alguma informa¸c˜ao dos estados

quando o procedimento de medida falhar. Podemos aplicar a estrat´egia da minimiza¸c˜ao do erro sobre os estados resultantes, visto que os mesmos s˜ao transformados em um conjunto de estados linearmente dependentes[14, 30].

(31)

O objetivo ´e identificar cada estado corretamente ou obter um resultado de falha do processo. Para uma discrimina¸c˜ao correta dos estados, os operadores de detec¸c˜ao Πj devem satisfazer a condi¸c˜ao

hQi|Πj|Qii=piδij , (2.55)

onde o resultado inconclusivo ´e dado pelo operador

Π? =I

N X

i=1

Πi . (2.56)

A probabilidade total de uma detec¸c˜ao correta ´e

PD = N X

i=1

µipi . (2.57)

Os operadores de detec¸c˜ao podem ser expressos na forma

Πi =pi|Q˜iihQ˜i|, (2.58)

onde cada estado |Q˜ii est´a no espa¸co de Hilbert N-dimensional. Os vetores |Q˜ii s˜ao os

estados rec´ıprocos associados com|Qii, tal que

hQ˜i|Qki=ζikδik , 1≤i, k ≤N , (2.59)

onde o fator ζik indica que o produto escalar n˜ao ´e normalizado. A rela¸c˜ao entre |Qii e

|Q˜ii´e dada pelas matrizes Ψ, ˜Ψ, onde as colunas destas matrizes s˜ao os vetores|Qii,|Q˜ii, respectivamente, sendo

˜

Ψ = Ψ(Ψ†Ψ)−1. (2.60)

O problema da estrat´egia UD ´e encontrar os operadores de medida Πi que maximizam

PD, com o v´ınculo da Equa¸c˜ao (2.56),

I

N X

i=1

pi|Q˜iihQ˜i| ≥0. (2.61)

As Equa¸c˜oes (2.56) e (2.57) s˜ao, respectivamente, o v´ınculo e o objetivo da estrat´egia UD, isto ´e,

(32)

com N + 1 v´ınculos,

I

N X

i=1

piQi ≥ 0,

pi ≥ 0, 1≤i≤N , (2.63)

onde |µi ´e um vetor com componentes µi, sendo µi a probabilidade a priori de cada estado|QiieQi =|Q˜iihQ˜i| ∈MN, sendo MN o espa¸co das matrizes HermitianasN×N. Para formular a estrat´egia UD como um problema de SDP, simplesmente definimos as matrizes Fi como matrizes de diagonais em blocos, isto ´e,

F0=       I 0 . .. 0      

;F1=       −Q1 1 . .. 0      

;. . .;FN=       −QN 0 . .. 1       .(2.64)

Ent˜ao o v´ınculo positivo semidefinido F(p) fica na forma

F(p) =F0+ N X

i=1

piFi=      

IPN i=1piQi

p1 . .. pN      

≥0 , (2.65)

onde os v´ınculos da rela¸c˜ao (2.63) s˜ao equivalentes aF(p).

Para confirmar que|pi´e a solu¸c˜ao ´otima de (2.62), usamos aformula¸c˜ao dual da SDP. O problema dual associado com as rela¸c˜oes (2.62) e (2.65) ´e

maxZ∈MN{−Tr(F0Z)}, (2.66)

sujeito aos v´ınculos

T r(FiZ) = −µi, 1≤i≤N ,

Z 0. (2.67)

O problema dual pode ser simplificado quando a matrizFi ´e estruturada. Como Fi ´e diagonal em bloco, definimos a vari´avel dualZ na mesma estrutura,

(33)

onde X MN ez

i ≥0. Note que

T r(F1Z) = T r             −Q1 1 . .. 0             X z1 . .. zN            

=µ1,

= T r

           

−Q1X 0 . .. 0       +       0 z1 . .. 0            

=µ1,

= T r(Q1X) +z1 =−µ1

= T r(Q1X)−z1 =µ1 . (2.69)

Podemos reescrever as equa¸c˜oes (2.66) e (2.67) e o problema dual fica na forma

maxX∈MN{D(X) =−Tr(X)}, (2.70)

onde agora os v´ınculos s˜ao

T r(QiX)−zi = µi , 1≤i≤N , (2.71)

X 0, (2.72)

zi ≥ 0, 1≤i≤N . (2.73)

Se|pi´e uma solu¸c˜ao ´otima, a condi¸c˜ao (2.63) ´e satisfeita. Existe tamb´em uma matriz

X e escalares zi, 1≤i≤N, tal que as rela¸c˜oes (2.71)−(2.73) s˜ao satisfeitas. Note que a partir da Equa¸c˜ao (A.7) (Apˆendice A),

ZF(p) = 0 = (

X(IPNi=1piQi) = 0,

zipi = 0, 1≤i≤N . (2.74)

Resumindo, para a discrimina¸c˜ao de N estados puros n˜ao-ortogonais linearmente independentes, Eldar[31] mostrou que utilizando o m´etodo da SDP, podemos determinar os operadores de detec¸c˜ao Πj e o valor m´aximo de PD, minp∈RN{PD(p) = hµ|pi}. Para

a confirma¸c˜ao do valor da probabilidade de detec¸c˜ao ´otima, usamos o problema dual maxX∈MN{D(X) =−Tr(X)}.

Vamos exemplificar o uso da formula¸c˜ao SDP para a estrat´egia UD. Seja o ensemble definido na seguinte forma

ρ= 1 3

3 X

i=1

(34)

com

|Q1i=    1 0 0  

; |Q2i= 1 √ 3    1 1 1  

; |Q3i= 1 √ 3    1 1 −1  

 , (2.76)

onde os estados s˜ao n˜ao-ortogonais e linearmente independentes. Os estados s˜ao prepa-rados com probabilidades iguais a 1/3 e est˜ao no espa¸co de Hilbert tridimensional. Nosso objetivo ´e discriminar estes estados sem ambig¨uidade.

Para determinar os operadores ´otimos de detec¸c˜ao Πi, primeiramente precisamos encontrar os estados rec´ıprocos |Q˜ii. Podemos calcular a partir da Equa¸c˜ao (2.60) a matriz ˜Ψ,

˜

Ψ = Ψ(Ψ†Ψ)−1 ,

˜ Ψ =

 

1,0000 0 0

−1,0000 0,8660 0,8660 0 0,8660 0,8660

 , (2.77)

onde as colunas de Ψ s˜ao dadas pelos estados|Qii, e os estados|Q˜iis˜ao as colunas de ˜Ψ. Podemos agora construir as matrizesQi =|Q˜iihQ˜i|,

Q1= 

 

1 1 0

−1 1 0

0 0 0

 ,Q2=

 

0 0 0

0 0,75 0,75 0 0,75 0,75

 ,Q3=

 

0 0 0

0 0,75 0,75 0 0,75 0,75

. (2.78)

Para finalizar constru´ımos as matrizesFi segundo as rela¸c˜oes (2.64) e definimos o vetor

i na forma

i=1 3    1 1 1  

, (2.79)

onde o vetor representa as probabilidades a priori de cada estado|Qii. Usando um c´odigo fonte escrito em MATLAB (Apˆendice C)11, minimizamos hµ|pi utilizando o m´etodo da SDP. Para este caso, o vetor de probabilidade ´otimo|pi´e

|pi= 

 

0,0000 0,6667 0,6667

, (2.80)

(35)

e o operador ´otimo de medida Πi =piQi ´e

Π1= 

 

0 0 0 0 0 0 0 0 0

 ,Π2=

 

0 0 0

0 0,5 0,5 0 0,5 0,5

 ,Π3=

 

0 0 0

0 0,5 0,5 0 0,5 0,5

. (2.81)

Para o exemplo acima, as probabilidades conclusivas de detec¸c˜ao s˜ao p1 = 0, p2 =

p3 = 0,66. Para a medida inconclusiva,

hQ2|Π0|Q2i=hQ3|Π0|Q3i= 0,33.

Para este conjunto de estados, discriminamos |Q2i e |Q3i com probabilidades iguais, e com uma probabilidade nula de detectar o estado|Q1i.

Para verificar que o vetor |pi dado pela Equa¸c˜ao (2.80) ´e a solu¸c˜ao ´otima, usamos a rela¸c˜ao (2.74). Para satisfazer (2.72) e (2.74), podemos construirX na formaX =t|τihτ|

para um t0, onde |τi ´e um vetor que gera o espa¸co nulo deIP3i=1Πi,

i= 

 

0 1 0

. (2.82)

Para o caso acima p1 = 0, p2 ≥0 e, p3 ≥0, e a partir da rela¸c˜ao (2.74), z2 =z3 = 0 e

z1 ≥0. A partir de (2.71) obtemos as seguintes rela¸c˜oes

Tr(XQ3) = Tr(XQ2) = 1

3 , (2.83)

Tr(XQ1) ≥ 1

3 . (2.84)

Para satisfazer as rela¸c˜oes acima, escolhemos

t= 1

3hτ|Q2|τi

= 0,444 . (2.85)

(36)

Detec¸c˜ao com probabilidades iguais

Para completar a discuss˜ao sobre a estrat´egia UD paraN estados puros, demonstramos como detectar N estados com probabilidades iguais. O procedimento de detec¸c˜ao com probabilidades iguais, com a sigla EPM12, foi desenvolvido por Eldar[31].

O EPM consiste em detectar cada estado com a mesma probabilidade pi = p(EP M), para qualquer estado |Qii, com {i = 1. . . N}. Para determinar p(EP M), realizamos a Decomposi¸c˜ao de Valor Singular[34] de Ψ (lembrando que as colunas de Ψ s˜ao os N

estados de entrada) na forma

Ψ =VΣW† , (2.86)

sendo V uma matriz unit´aria r×r, Σ ´e uma matriz diagonal r×n com os elementos da diagonal σi colocados em ordem decrescente, σ1 ≥ σ2 ≥ . . .≥ σn, e W ´e uma matriz unit´arian×n. A partir da Equa¸c˜ao (2.60),

˜

Ψ = Ψ(Ψ†Ψ)−1 = VΣW†h(VΣW†)†VΣW†i−1

= VΣW†hWΣ†V†VΣW†i−1

= VΣW†hWΣ2W†i−1

= VΣW†hW(Σ†)2W†i

= V(Σ∗)W, (2.87)

onde Σ∗ ´e uma matriz diagonal r×n com os elementos da diagonal 1i. Observe que

N X

i=1

Qi = N X

i=1

|Q˜iihQ˜i|= ˜Ψ ˜Ψ† =V(Σ∗)†(Σ∗)V† , (2.88)

e o maior autovalor dePN

i=1Qi ´e igual a 1/σ2n.

Para satisfazer as condi¸c˜oes da Equa¸c˜ao (2.74), a probabilidade de detec¸c˜ao para cada estado ´e igual a

p(EP M) =σ2n,

tal que o maior autovalor de (pPN

i=1Qi) seja igual 1. Portanto temos que encontrar certas condi¸c˜oes para os estados|Qii, tal que

Πi =p(EP M)|Q˜iihQ˜i|=σn2|Q˜iihQ˜i| , (2.89)

maximize a probabilidade de um resultado conclusivo.

(37)

Para obter uma medida ´otima de EPM, temos que satisfazer as Equa¸c˜oes (2.72) e (2.74). Para isto, definimos

X =ǫ|vnihvn| , (2.90)

onde|vkis˜ao as colunas deV eǫ≥0. Desde quepi ≥0, ent˜ao a partir das rela¸c˜oes (2.71) e (2.74) temos que zi = 0, e

Tr(QiX) = ǫ|hQ˜i|vni|2 =µi , (2.91)

onde 0in. Observe que a partir da rela¸c˜ao (2.87),

|Q˜ii=V(Σ∗)|wii, (2.92)

onde |wii denota a i´esima coluna de W†. Substituindo a Equa¸c˜ao (2.92) em (2.91),

ǫ|hwi|(Σ∗)V†|vni|2 =

ǫ σ2

n

|hwi|V†|vni|2 =

ǫ σ2

n

|wi(n)|2 =µi , (2.93)

onde wi(k) denota a k´esima componente de |wii. Sendo

n X

i=1

µi = n X

i=1

|vi(n)|2,

ent˜aoǫ deve ser igual a σ2

n. Ent˜ao o EPM ´e ´otimo se

|wi(n)|2 =µi . (2.94)

Portanto, para se obter o EPM ´otimo, o primeiro passo ´e fazer a Decomposi¸c˜ao de Valor Singular dos estados de entrada. Posteriormente, tomamos o m´odulo quadrado de cada elemento da ´ultima linha da matriz W†, |wi(n)|2, e o igualamos, respectivamente, ao peso estat´ıstico µi do estado |Qii do ensemble. Com este procedimento cada estado ´e detectado com a mesma probabilidade ´otima conclusiva p(EP M).

Exemplo - EPM

Para explorar o formalismo do EPM usamos o exemplo da se¸c˜ao anterior. Queremos determinar a probabilidade ´otimap(EP M) que discrimina os trˆes estados do ensemble,

ρ= 3 X

i=1

(38)

com

|Q1i=    1 0 0  

; |Q2i= 1 √ 3    1 1 1  

; |Q3i= 1 √ 3    1 1 −1  

 . (2.96)

Primeiramente, constru´ımos a matriz Ψ, onde as colunas s˜ao os estados de entrada

|Qii. Para este caso,

Ψ = 

 

1,0000 0,5774 0,5774 0 0,5774 0,5774 0 0,5774 0,5774

 . (2.97)

Fazemos a Decomposi¸c˜ao de Valor Singular, Ψ =VΣW†, onde

V =

 

0,8944 0 0,4472 0,4472 0 0,8944

0 1 0

 ,Σ =

 

1,4142 0 0

0 0,8165 0

0 0 0,5774

,(2.98)

W† =

 

0,6325 0,5477 0,5477 0 0,7071 0,7071

−0,7746 0,4472 0,4472 

 . (2.99)

A partir da Equa¸c˜ao (2.89), o EPM ´e

p(EP M)=σ32 = (0,5774)2 = 0,33,

isto ´e, a probabilidade conclusiva ´otima para detectar cada estado ´e igual a 0,33. A partir da Equa¸c˜ao (2.94), obtemos a detec¸c˜ao EPM com as seguintes probabilidades a priori µi para o estado|Qii,

|w1(3)|2 =µ1 = | −0,7746|2 = 0,6 ,

|w2(3)|2 =µ2 = |0,4472|2 = 0,2 ,

|w3(3)|2 =µ3 = |0,4472|2 = 0,2 . (2.100)

Para certificar que usando estes valores podemos obter p(EP M) = 0,33, redefinimos o vetor |µi na forma

i=

 

0,6 0,2 0,2

(39)

Utilizando o algorimo do Apˆendice C, o vetor |pi ´otimo ´e

|pepmi= 

 

0,3333 0,3333 0,3333

 . (2.102)

Para completar a discrimina¸c˜ao precisamos dos elementos do POVM. Em vista disto, a partir da Equa¸c˜ao (2.58),

Πi =p(EP M)|Q˜iihQ˜i|=p(EP M)Qi (2.103)

onde

Q1= 

 

1 1 0

−1 1 0

0 0 0

 ,Q2=

 

0 0 0

0 0,75 0,75 0 0,75 0,75

 ,Q3=

 

0 0 0

0 0,75 0,75 0 0,75 0,75

. (2.104)

Para concluir, precisamos do operador inconclusivo Π0. Logo,

Π0 =I− 3 X

i=1 Πi =

 

0,6667 0,3333 0 0,3333 0,1668 0

0 0 0,5

. (2.105)

Para mostrar que este p(EP M) =σ23 = 0,333 ´e o ´otimo global, podemos usar a fomula¸c˜ao dual SDP. Se adotarmos X como a Equa¸c˜ao (2.90), isto ´e, X = σ2

3|v3ihv3|, as rela¸c˜oes (2.71)(2.73) e (2.74) s˜ao satisfeitas.

Utilizando novamente o algoritmo do Apˆendice C, podemos completar a nossa an´alise sintetizando a discrimina¸c˜ao desses trˆes estados n˜ao-ortogonais em quatro gr´aficos (veja a Figura (2.4)), onde variamos as probabilidades a priori dos estados (peso estat´ıstico) no ensemble e observamos o comportamento da probabilidade de detec¸c˜ao ´otima. Nos gr´aficos (A), (B) e (C) temos a vari´avelµi (peso do estado|Qiino ensemble) em rela¸c˜ao a vari´avelPi (probabilidade de detec¸c˜ao conclusiva ´otima). O gr´afico (A) mostra o peso µ1 variando de 0 a 1. Observe que aproximadamente at´e a probabilidade a priori µ1 = 0,4, a probabilidade P1 de detec¸c˜ao do estado |Q1i ´e nula (conforme verificado no in´ıcio do exemplo da se¸c˜ao anterior, ondeµi = 1/3, i= 1,2,3). Acima de 0,4,P1 varia linearmente

com µ1, saturando para P1 = 0,5. Observe tamb´em que a partir deµ1 ∼= 0,7,

consequen-temente µ2 = µ3 ∼= 0,15, as probabilidades de detec¸c˜ao P2 e P3 dos estados |Q2i, |Q3i s˜ao iguais a zero, veja os gr´aficos (B) e (C).

(40)

0.2 0.4 0.6 0.8 1 0

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

µ1

P1

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

µ2

P2

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

µ3

P3

0.2 0.4 0.6 0.8 1 0.5

0.55 0.6 0.65 0.7

µ1

P?

(A) (B)

(C) (D)

Figura 2.4: Nos gr´aficos (A), (B) e (C) temos a vari´avel µi (peso do estado |Qii no ensemble) em

rela¸c˜ao a vari´avelPi (probabilidade de detec¸c˜ao conclusiva ´otima). No gr´afico (D) temos a vari´avelP?

(probabilidade total de resultados inconclusivos) em rela¸c˜ao ao peso do ensembleµ1.

e hQ2|Q3i = 13, logo o estado |Q1i possui uma sobreposi¸c˜ao maior com os outros dois estados e, assim, gera esta dificuldade na discrimina¸c˜ao.

Outro ponto importante ´e que podemos usar o algoritmo do Apˆendice C para fazer uma estimativa preliminar sobre qual o valor do EPM. Isto ´e, sem realizar o procedimento descrito anteriormente por Eldar. Observando os gr´aficos (A), (B) e (C), as probabilidades ´otimas convergem para P1 = P2 = P3 = PEP M = 0,33 em µ1 = 0,6, µ2 = µ3 = 0,2 respectivamente.

No gr´afico (D) temos a vari´avel P? (probabilidade total de resultados inconclusivos) em rela¸c˜ao ao peso do ensemble µ1. O gr´afico (D) mostra o custo do EPM, isto ´e, para

µ1 = 0,6 (µ2 = µ3 = 0,2), a probabilidade total de resultados inconclusivos atinge seu valor m´aximo de aproximadamente 66,6%. Isto significa que para detectar o estado |Q1i com a mesma probabilidade dos demais, aumentamos a chance de obter um resultado inconclusivo.

2.3

Discrimina¸

ao de estados mistos sem erro:

Filtragem de estados quˆ

anticos

(41)

densidade ´e dado pela dimens˜ao do suporte e o n´ucleo de um estado misto ´e o espa¸co ortogonal ao suporte[14, 35].

Agora que dispomos destas defini¸c˜oes, podemos proferir sobre o requisito necess´ario para discriminar estados mistos, mais precisamente para a discrimina¸c˜ao sem erro. A estrat´egia UD13para os estados mistos ´e poss´ıvel se os suportes dos operadores densidades s˜ao diferentes, isto ´e, as matrizes densidades devem ter conjuntos de autovetores e autova-lores diferentes[14, 35]. Por exemplo, admitindo dois estados mistos {pi,|ψii},{qj,|φji} gerando a mesma decomposi¸c˜ao espectral[34],

ρ=X

i

pi|ψiihψi|= X

j

qj|φjihφj|= X

k

λk|λkihλk| , (2.106)

onde|λkis˜ao ortonormais e os autovaloresλk s˜ao positivos. Para os estados mistos[6] que possuem suportes idˆenticos, existe uma matriz unit´aria14 u

ij, tal que

p

i|ψii= X

j

uij√qj|φji . (2.107)

Uma vez que existe a dependˆencia linear entre os estados dos ensembles (rela¸c˜ao (2.107)), torna-se imposs´ıvel o procedimento da discrimina¸c˜ao sem erro para estes dois ensembles, haja visto que em [30] foi mostrado que a discrimina¸c˜ao sem erro existe somente para estados puros linearmente independentes. Portanto de todos os ensembles poss´ıveis de um sistema quˆantico, vamos nos restringir `a classe dos ensembles que possuemsuporte diferente.

Outro ponto importante ´e quanto aos vetores que geram o espa¸co nulo dos estados mistos, isto ´e, os n´ucleos dos estados. Estes n´ucleos podem ter ou n˜ao uma interse¸c˜ao n˜ao-nula entre si. Rudolphet al. [35] estudaram a estrat´egia UD para dois estados mistos com n´ucleos ortogonais e n´ucleos unidimensionais e forneceram para a discrimina¸c˜ao de dois estados mistos um limite inferior para a probabilidade total de resultados inconclusivos. Em [36], Herzog e Bergou mostraram as condi¸c˜oes necess´arias para alcan¸car este limite inferior fornecido por Ruldoph et al.

Eldar em [37] mostrou que a estrat´egia UD para estados puros ou mistos s˜ao exemplos de problemas de otimiza¸c˜ao e, portanto, podemos usar o m´etodo num´erico da Programa-¸c˜ao Semidefinada. Em particular, Eldar demonstra como usar a SDP para a discriminaPrograma-¸c˜ao deN estados mistos com uma taxa fixa de erros. Eldaret al. [38] mostraram que usando a SDP, podemos derivar condi¸c˜oes necess´arias para que os operadores de detec¸c˜ao sejam ´otimos para a discrimina¸c˜ao dos estados mistos.

Na pr´oxima se¸c˜ao revisamos um procedimento bastante conhecido na literatura da discrimina¸c˜ao de estados, a Filtragem de estados quˆanticos. Este procedimento ´e um exemplo particular da discrimina¸c˜ao de dois estados mistos.

13Nesta tese vamos tratar somente da discrimina¸c˜ao de estados mistos sem erro ou estrat´egia UD. Existe

tamb´em a estrat´egia da minimiza¸c˜ao dos erros, isto ´e, minimizar a probabilidade de erro ao detectar os estados mistos. Para mais detalhes sobre esta estrat´egia, veja a referˆencia [14].

(42)

2.3.1

Filtragem quˆ

antica sem erro

Em [39], Sunet al. introduziram a estrat´egia da discrimina¸c˜ao sem erro para conjuntos de estados, conhecida na literatura como Filtragem de estados quˆanticos. Vamos supor um conjunto deN estados,{|ψ1i, . . . ,|ψNi}. Em seguida dividimos em sub-conjuntos. A finalidade ´e determinar em qual sub-conjunto, um dado estado |ψii pode estar. A vers˜ao mais simples deste problema ´e quando tratamos de apenas dois conjuntos de estados, onde o primeiro conjunto possui M estados e o segundo conjunto possui o restante, isto ´e, os N M estados. Nosso objetivo ´e determinar com certeza em quais destes dois sub-conjuntos um dado estado se encontra.

O caso mais simples ´e quando N = 2 e M = 1. Trata-se da discrimina¸c˜ao de dois estados puros, com um estado em cada conjunto. O pr´oximo caso ´eN = 3 e M = 1. Isto ´e, temos trˆes estados n˜ao-ortogonais,{|ψ1i,|ψ2i,|ψ3i}, com probabilidades a priori µ1, µ2

e µ3. No formalismo de operador densidade este problema fica na forma,

ρα = |ψ1ihψ1| ,

ρβ =

µ2

µ2+µ3|

ψ2ihψ2|+

µ3

µ2+µ3|

ψ3ihψ3| , (2.108)

com probabilidades a priori µα = µ1 e µβ = µ2 +µ3. Portanto a filtragem de estados para este caso pode ser vista como um problema de discrimina¸c˜ao de dois estados mistos, sendo um estado de posto um (estado puro) e outro estado misto de posto dois.

Vamos supor que o objetivo seja filtrar sem erro o estado|ψ1i, a partir do sub-conjunto

{|ψ2i,|ψ3i}.

Para solucionar este problema utilizamos a implementa¸c˜ao da Medida Generalizada. Sabendo-se que µi ´e a probabilidade a priori que o sistema esteja no estado |ψii, as probabilidades totais de obter um resultado conclusivo e inconclusivo na distin¸c˜ao de|ψii s˜ao dadas respectivamente por

PD =

X

i

µipi ,

P? = X

i

µiqi . (2.109)

Na rela¸c˜ao acima,qi = 1−pi ´e a probabilidade de um resultado inconclusivo. O problema ´e minimizar a probabilidade de resultados inconclusivos P? e para esta tarefa usamos a Medida Generalizada.

(43)

Para um dado estado |ψii, temos que

|ψK

i iin =|ψiHi , (2.110)

onde |ψiHi est´a no sub-espa¸coH, que ´e parte do espa¸co total K.

Aplicamos uma transforma¸c˜ao unit´aria U que atua no espa¸co globalK sobre o estado de entrada. O estado resultante da transforma¸c˜ao unit´aria ´e|ψK

i iout, que ´e dado por,

U|ψiKiin =|ψKi iout =|ψ

H

i i+|φAi i . (2.111)

Para finalizar o procedimento, realizamos uma medida projetiva sobre o estado resul-tante |ψiKiout, que projeta o estado em |ψi′i ou |φAi i. Por constru¸c˜ao os sub-espa¸cos s˜ao ortogonais e depois da atua¸c˜ao da transforma¸c˜ao unit´aria, discriminamos sem ambig¨ uida-de|ψ′

1i do sub-conjunto{|ψ2′i,|ψ3′i}.

Resumindo, podemos obter um resultado conclusivo com probabilidade pi para o estado |ψii com

i|ψ′ji=piδij , (2.112)

ou um resultado inconclusivo,

qi = 1−pi =hφi|φii , (2.113)

se a medida colapsa para o estado |φii (estado de falha ou inconclusivo). Para resolver este problema, as seguintes condi¸c˜oes s˜ao satisfeitas,

hψ1′|ψ′2i = hψ′1|ψ3′i= 0 , (2.114)

hφ1|φ2i = hψ1|ψ2i , (2.115)

hφ1|φ3i = hψ1|ψ3i . (2.116)

A condi¸c˜ao (2.114) ´e devido a discrimina¸c˜ao sem erro de|ψ1i. Tomando o produto escalar de |ψK

1 iout com os outros estados de sa´ıda, {|ψ2Kiout,|ψ3Kiout}, e em seguida, usando a condi¸c˜ao (2.114) e a transforma¸c˜ao unit´aria U, obtemos as condi¸c˜oes (2.115) e (2.116).

Agora o objetivo do problema se reduz a encontrar os estados ´otimos |ψ′

ii e |φii, tal que as condi¸c˜oes (2.112)(2.116) sejam satisfeitas.

Chefles[30] demonstrou que os estados de falha {|φii} devem ser linearmente

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