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O trabalho de enfermagem psiquiátrica e os problemas de saúde dos trabalhadores.

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Academic year: 2017

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O TRABALHO DE ENFERMAGEM PSI QUI ÁTRI CA

E OS PROBLEMAS DE SAÚDE DOS TRABALHADORES

1

Marissol Bast os de Carvalho2 Vanda Elisa Andres Felli3

Carvalho MB, Felli VEA. O t rabalho de enferm agem psiquiát rica e os problem as de saúde dos t rabalhadores. Rev Lat ino- am Enferm agem 2006 j aneiro- fevereiro; 14( 1) : 61- 9.

Est e est udo, fundam ent ado na det erm inação social e na sist em at ização de Laurell e Noriega, busca com pr een der o pr ocesso saú de- doen ça v iv en ciado pelos t r abalh ador es de en f er m agem em u m h ospit al psiquiát rico, com os obj et ivos de ident ificar as cargas a que est ão expost os os t rabalhadores de enferm agem em um hospital psiquiátrico, apreender os processos de desgaste, vivenciados por eles, e analisar as estratégias de enfr ent am ent o apont adas com o pr ocessos pot encializador es da qualidade de v ida no t r abalho. Par a a colet a foi ut ilizado o grupo focal do qual part iciparam 6 suj eit os. Os result ados possibilit aram apreender que o obj et o de t r abalho, o pacient e psiquiát r ico, é v ist o com o ex cluído socialm ent e. Em r elação às car gas de trabalho, os trabalhadores estão expostos a todos os tipos, m as essas são potencializadas pelas cargas psíquicas. O desgast e apr esent a- se t ant o físico com o m ent al. Os t r abalhador es apr esent am int enso desgast e m ent al pelas condições de t rabalho vivenciadas e não, especificam ent e, pelo convívio com o obj et o de t rabalho.

DESCRI TORES: enferm agem psiquiát rica; saúde; t rabalhadores; saúde m ent al

PSYCHI ATRI C NURSI NG W ORK AND W ORKERS’ HEALTH PROBLEMS

This st udy, based on social det erm inat ion and t he syst em at izat ion by Laurell and Noriega, aim s t o understand the health- disease process experienced by nursing workers at a psychiatric hospital, with a view to ident ifying t he burdens nursing workers at a psychiat ric hospit al are exposed t o; underst anding t he exhaust ive processes t hey experience and analyzing t he coping st rat egies indicat ed as processes t hat increase qualit y of life at work. Dat a were collect ed t hrough a focal group wit h 6 part icipant s. Result s showed t hat t he obj ect of w or k, i.e. t he psy chiat r ic pat ient , is seen as socially ex cluded. Wit h r egar d t o t he w or k load, w or ker s ar e exposed to all kinds of burdens, but the work load is intensified by the m ental burden. Exhaustion is present in phy sical as w ell as m ent al t er m s. Wor k er s pr esent gr eat m ent al ex haust ion, due t o t he w or k condit ions experienced or not , specifically because of living wit h t he obj ect of work.

DESCRI PTORS: psychiat ric nursing; healt h; workers; m ent al healt h

EL TRABAJO DE ENFERMERÍ A PSI QUI ÁTRI CA

Y LOS PROBLEMAS DE SALUD DE LOS TRABAJADORES

Est e est udio, basado en la det erm inación social y en la sist em at ización de Laurell y Noriega, busca com pr en der el pr oceso salu d- en f er m edad v iv en ciado por los t r abaj ador es de en f er m er ía en u n h ospit al psiquiát r ico. Los obj et iv os fuer on los de ident ificar las car gas a que est án ex puest os los t r abaj ador es de enferm ería en un hospit al psiquiát rico, aprehender los procesos de desgast e vivenciados por ellos y analizar las est rat egias de enfrent am ient o apunt adas com o procesos pot encializadores de calidad de vida en el t rabaj o. Para la recopilación de datos se utilizó el grupo focal con 6 participantes. Los resultados posibilitaron aprehender que el obj et o de t rabaj o, el pacient e psiquiát rico, es vist o com o excluido socialm ent e. En cuant o a las cargas de t rabaj o, los t rabaj adores est án expuest os a t odos los t ipos, pero est as son pot encializadas por las cargas psíquicas. El desgast e se present a t ant o físico com o m ent al. Los t rabaj adores present an un int enso desgast e m ent al por las condiciones de t rabaj o vivenciadas y no debido al convivio con el obj et o de t rabaj o.

DESCRI PTORES: enferm ería psiquiát rica; salud; t rabaj adores; salud m ent al

1 Trabalho ext raído da dissert ação de m est rado; 2 Enferm eira, Professor do Cent ro Universit ário das Faculdades Met ropolit anas Unidas- UniFMU,

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I NTRODUÇÃO

N

o sen so com u m , h á a cr en ça d e qu e o t r ab al h ad o r d e en f er m ag em - TRE q u e at u a em psiquiat r ia est á m ais pr openso ao r isco de adoecer m entalm ente, “ enlouquecer”, risco esse m aior do que daqueles profissionais que est ão inseridos em out ras e sp e ci a l i d a d e s. Essa cr e n ça r e v e l a a m a i o r possibilidade desses t r abalh ador es desen v olv er em so f r i m en t o p síq u i co em f u n çã o d o t r a b a l h o q u e r ealizam .

Encontra- se na literatura, sobretudo nacional, e sca sse z d e e st u d o s q u e a b o r d a m a sa ú d e d o t rabalhador de enferm agem que at ua em assist ência psiquiátrica. Na literatura internacional, há diversidade de t em as abor dados, inclusiv e sobr e os incident es de v iolên cia n o t r abalh o e su as r eper cu ssões n os pr ofissionais.

Um est u d o so b r e o p r o v áv el i m p act o d a violência no trabalho na saúde m ental do trabalhador f o i r e a l i za d o co m 8 0 e n f e r m e i r a s p si q u i á t r i ca s forenses da com unidade na I nglaterra e País de Gales, i d en t i f i can d o co m o r esu l t ad o s q u e o s i n d i v íd u o s v i v e n ci a n d o a l t o s n ív e i s d e e st r e sse a d o t a m com portam entos paliativos, tais com o, o uso de álcool. Referem que as enferm eiras apresent am escores de e x a u st ã o e m o ci o n a l m a i s a l t o s. Os r e su l t a d o s, t am b ém , su g er em o su p or t e d e ch ef es e coleg as com o fat ores im port ant es na m elhora da experiência de est resse( 1).

Dentre os estudos nacionais, a m aioria retrata sit uações específicas, com o lidar com o suicídio e o estado de alerta perm anente no cotidiano do trabalho q u e p o d e m co m p r o m e t e r a sa ú d e m e n t a l d o t rabalhador( 2- 3).

Essa r e a l i d a d e v e m se co n st r u i n d o hist oricam ent e paut ada na form a com o o indivíduo, com pr oblem as m en t ais, v em sen do cu idado pela sociedade, passando a ser ex cluído e r ecluso. I sso r ep er cu t e at é os d ias at u ais, im p lican d o sob r e o t rabalhador que os cuida.

Um e st u d o f o i r e a l i za d o e m u n i d a d e d e em ergência psiquiát rica de um hospit al int egrado ao Sist em a Único de Saúde ( SUS) no Rio de Janeiro( 4), com am ost ra de 42 profissionais de enferm agem . Os a u t o r e s i d e n t i f i ca r a m e m r e l a çã o a o s f a t o r e s geradores de est resse no am bient e de t rabalho, que os profissionais não fazem pausa de descanso durante a j or n ada e, n o f in al dessa, n ecessit am de m u it o e sf o r ço p e sso a l p a r a r e a l i za r a s a t i v i d a d e s. Os

pr ofissionais, t am bém , r ev elam que ex er cem suas a t i v i d a d es co m r ecu r so s m a t er i a i s d ef i ci en t es e insuficient es com presença de agent es físicos com o ruído, lum inosidade e t em perat ura inadequados.

Em b o r a a l g u n s e st u d o s a p o n t e m o s p r o b l e m a s d e sa ú d e v i v e n ci a d o s p o r e sse s t r abalhador es, com o decor r ent es da for m a que se inser em socialm ent e, ainda ex ist e gr ande v azio de co n h e ci m e n t o . Em e st u d o( 5 ) co m o s TRE f o r a m ident ificados det erm inant es que perm it em evidenciar a relação trabalho de enferm agem em psiquiatria e a sa ú d e d o s t r a b a l h a d o r e s. Os d e t e r m i n a n t e s d e r e l a çã o t r a b a l h o - sa ú d e( 6 ) e st u d a d o s f o r a m : o processo de trabalho, inserido socialm ente; as cargas de t r abalho a que os t r abalhador es est ão ex post os ao interagir com o obj eto, os m eios e instrum entos e as for m as de or ganização do t r abalho; o desgast e ger ado pela exposição às car gas biológicas, físicas, quím icas, m ecânicas, fisiológicas e psíquicas; e o perfil saúde- doença dos t rabalhadores de enferm agem( 5).

Co m e sse s d e t e r m i n a n t e s b u sco u - se apreender a relação trabalho saúde dos trabalhadores d e e n f e r m a g e m p si q u i á t r i ca co m o s se g u i n t e s obj et ivos: ident ificar as cargas a que est ão expost os os t r abalh ador es de en f er m agem em u m h ospit al psiqu iát r ico; apr een der os pr ocessos de desgast e, v iv en ciados por esses t r abalh ador es e an alisar as e st r a t é g i a s d e e n f r e n t a m e n t o , a p o n t a d a s p e l o s t rabalhadores, com o processos pot encializadores da qualidade de vida no t rabalho.

TRAJETÓRI A METODOLÓGI CA

Trat a- se de pesquisa descr it iva, um est udo de caso, com abordagem qualit at iva.

A p esq u i sa f o i r eal i zad a em u m h o sp i t al psiqu iát r ico pr iv ado, con v en iado com o SUS par a int ernação, localizado na cidade de São Paulo. Esse Hospit al foi fundado na década de 40, do século XX, que hoj e at ende pacient es port adores de t ranst ornos m ent ais de am bos os sexos, m aiores de 18 anos.

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Resolução de núm er o 196/ 96 do Conselho Nacional de Saú de. O pr oj et o foi apr ov ado pelo Com it ê de Ét ica da Escola de Enferm agem da USP. As sessões d o g r u p o f o r a m r e a l i za d a s p e l a p e sq u i sa d o r a acom panhada de um a observadora, no próprio local de t r abalho dos suj eit os e dur ant e a j or nada, com duração de 1 hora 30 cada.

Os dados for am colet ados pela t écn ica de grupo focal, para t ant o foi elaborado um rot eiro com as seguint es quest ões nor t eador as: descr ev a com o é seu trabalho. Com o você considera que seu trabalho é or ganizado? A que car gas v ocês est ão ex post os? Qu a i s sã o o s p r o b l em a s d e sa ú d e g er a d o s p el a

s a i r o g e t a

C Subcategorias Indicadores

o h l a b a r t e d o s s e c o r P o t e j b

O Naturezaevínculo

s o t n e m u r t s n i e s o i e

M Loca,lsaber,métodos,técnicas,materiaiseaitvidades

o h l a b a r t o d o ã s i v i d e o ã ç a z i n a g r O o n o ã ç r e s n i , o i c í t a g e r p m e o l u c n í v ,l a o s s e p e d o t n e m a n o i s n e m i D e d o ã ç i u b i r t s i d , s a g l o f e d a m e u q s e , a d a n r o j , o h l a b a r t e d o d a c r e m , o h l a b a r t o d l a u x e s o ã s i v i d , s e r a n il p i c s i d it l u m s e õ ç a l e r , s a f e r a t e d a d il i b a s n o p s e r e m e g a m r e f n e e d o ã s i v r e p u s a ç n e o d -e d ú a s o s s e c o r P s a g r a C s a c i s í F

- Umidadeeluminosidade

s a c i g ó l o i s i F

- Permanênciaprolongadaempé,manipulaçãodepesoedistâncias

s a d i r r o c r e p s a c i g ó l o i B

- Parasitoseselfuídoscorpóreoshumanos

s a c i n â c e M

- Agressãofísica

s a c i m í u Q

- Exposiçãoàfumaçadecigarro

s a c i u q í s P -, e t n e n a m r e p a t r e l a e d o d a t s e ,l a b r e v o ã s s e r g a ,l a u x e s o i d é s s a , o d e M e d o m t i r o d o ã ç a c if i s n e t n i , a if e h c a d o d l a p s e r / o ã s i v r e p u s e d a tl a f r o d a h l a b a r t o d o ã ç a z i r o l a v s e d e o n il u c s a m o h l a b a r t , o h l a b a r t o t n e m a t n e r f n E s a d a z il it u o t n e m a t n e r f n e e d s a i g é t a r t s E -o ã ç i u t it s n I a d o r t n e d o ã ç a p i c it r a p e o h l a b a r t e d s a g e l o c s o d e t r o p u s , o h l a b a r t o n o ã ç a f s it a S l a c o f o p u r g o n a r o f s a d a z il it u o t n e m a t n e r f n e e d s a i g é t a r t s E -o ã ç i u t it s n I a

d Lazer

e t s a g s e D o c i s í F

- Problemasdecoluna,dores,hematomas,fraturaseedema

l a t n e M

- Fadiga,estresse,insaitsfação,desânimo,desmoitvação,atleraçãode l o o c l á e d o s u b a e a v i a r , e d a d il i b a t i r r i , e d a d e i s n a , o r o h c , o t n e m a t r o p m o c

exposição a essas cargas? Quais são as possibilidades de fortalecim ento do grupo para o enfrentam ento das sit uações cot idianas?

Ao final da colet a de dados, t ranscreveu- se o m aterial gravado na íntegra e realizou- se a Análise de Con t eú do( 7 ). Os dados em pír icos for am , en t ão, discut idos, segundo o r efer encial da det er m inação social, com base nas cat egorias predefinidas com o( 5-6 ): o p r o cesso d e t r a b a l h o e seu s el em en t o s, a ex posição às car gas de t r abalh o e o pr ocesso de d esg ast e g er ad o, as su b cat eg or ias e in d icad or es, conform e Tabela 1.

Tabela 1 - Cat egorias, subcat egorias e indicadores obt idos pela análise dos discursos dos Trabalhadores de Enferm agem . São Paulo, 2003

A P R ES EN T A ÇÃ O E D I S CU S S Ã O D O S

RESULTADOS

Assi m , a o se r e co m p o r o p r o c e s s o d e t ra ba lho de enferm a gem na I nst it uição, apreende-se t rês subcat egorias que apreende-serão analisadas, ou apreende-sej a, o obj et o de t r abalho, os m eios e inst r um ent os e a organização e divisão do t rabalho.

Os TRE descrevem a natureza do obj et o de t r a ba lho, t razendo conceit os m uit o próxim os a um a v isão da sociedade sobr e o doen t e m en t al, qu e é f u n d a m e n t a d a e m co n ce p çõ e s t é cn i ca s, co m o exem plifica a fala:

Olívia: “ ... são aqueles que lá fora ... perant e a sociedade são m ais desprezados” .

A n a t u r e za d o o b j e t o d o t r a b a l h o d e enferm agem psiquiát rica é definida com o um adult o de am bos os sexos e inst it ucionalizado. Apreende- se o pacient e psiquiát rico com o um indivíduo segregado d a so ci e d a d e , p e r ce b e - se q u e t a l v i sã o e st á r el a ci o n a d a co m o co n t ex t o h i st ó r i co - so ci a l d a s inst it uições psiquiát r icas. A nat ur eza do obj et o de t rabalho caract eriza- se pela exclusão, com o t am bém evidenciam out ros aut ores( 8- 9).

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A subcat egor ia m e ios e in st r u m e n t os d e t r a b a l h o é r ecom p ost a p elos in d icad or es: local, saber, m ét odos, t écnicas, m at eriais e at ividades.

A percepção do local ( espaço inst it ucional) , onde ocor r e o cuidado pelos TRE, é ilust r ada pela fala, a seguir:

Olívia: “ ... é o pavilhão m ais isolado, que tem daquele lado é o C, que separa aquela porta. É igual aqui se fecha a porta

do corredor, isola aquela”.

No local, not a- se a divisão sexual dos leit os ( pav ilhão fem inino e m asculino) , o desej o dos TRE dessa separação ser m ais concret a, ist o é, ao invés d e u m a t el a q u e d i v i d a os p av i l h ões, u m m u r o, dif er en t em en t e de ou t r os locais de assist ên cia de enferm agem hospitalar, onde esse controle não é tão rígido( 5- 10).

As u n i d ad es d e p si q u i at r i a em r el ação à ar qu it et u r a e est r u t u r a podem est ar pr ov idas de: quart os, equipados com banheiro; salas de t erapias; post o de enferm agem ; banheiro para funcionários e por t a de acesso fechada par a im pedir fugas, pode t er t am b ém u m v ig ia p er m an en t e com o cir cu it os fechados de TV( 11). Na sugest ão dest a aut ora sobre plant a física para um a unidade psiquiát rica, percebe-se o qu an t o o espaço r epr odu z a n ecessidade de vigilância e cont role ao pacient e psiquiát rico exercido por t ant o t em po pela enferm agem .

O saber é car act er izado pelo conhecim ent o dos TRE a respeito de seu cotidiano de trabalho. Muitas vezes, caract erizado por um saber- fazer, com pouco conhecim ent o t écnico- cient ífico.

O m ét odo ut ilizado pelos TRE em sit uações d e a g i t a çã o p si co m o t o r a , p o t e n ci a l d e a g i t a çã o p si co m o t o r a , ep i só d i o s d e a u t o - a g r essi v i d a d e e het er oagr essiv idade e r isco de fuga é a cont enção m ecânica. A escassez de recursos hum anos faz com qu e o pr ocedim en t o sej a r ealizado sem o u so do m étodo apropriado, parecendo em alguns relatos um a briga ent re o pacient e e os TRE.

A e n f e r m a g e m p si q u i á t r i ca b r a si l e i r a em pr ega a cont enção m ecânica, enquant o t écnica, co m o f o r m a d e d et er m i n ar o l i m i t e co n cr et o d o co m p o r t am en t o so ci al ao p aci en t e, d ev en d o ser ut ilizada com o ação para cont er im pulsos, lim it ar o outro, m as não apenas os im pulsos físicos, sobretudo os em ocionais( 12).

Nas t écn icas, os t r abalh ador es descr ev em co m o r e a l i za m d e t e r m i n a d o s p r o ce d i m e n t o s d e enferm agem , com o a adm inistração de m edicam entos e as diet as.

Os TRE q u ei x am - se d a f al t a d e m at er i al exist ent e na I nst it uição, dificult ando o seu t rabalho.

A equipe de enfer m agem psiquiát r ica além d e r ea l i za r a t i v i d a d es ex er ci d a s p el a eq u i p e d e enfer m agem de um hospit al ger al com o o cont r ole d e si n a i s v i t a i s e t c, r e a l i za o ce n so d e f o r m a rudim entar através da contagem diária dos pacientes. As f or m a s d e or g a n iz a çã o e d iv isã o d o t r a ba lh o são evidenciadas pelos relat os em relação ao dim ensionam ent o de pessoal quando se referem à p r o p o r ci o n a l i d a d e q u e ca d a p r o f i ssi o n a l é r esp o n sáv el p o r p aci en t es, p er ceb e- se, al ém d a im possibilidade de um a assist ência de enfer m agem pr est ada com o m ín im o de qu alidade, u m a cr ít ica desses TRE sobr e o que ser ia par a eles o ideal ao pr est ar em cu idados aos pacien t es, apon t am com o crit ério de dim ensionam ent o de pessoal a gravidade do quadro do pacient e:

Clara: “ ... A gente sem pre deixa, …, um em cada setor com exceção do H, do B e do C, a gente sem pre tenta deixar três

pra caso haja um a em ergência, um ajuda o outro, na agitação. As

alas fem ininas quando tem agitação, elas ligam pros m eninos. Eles vêm buscar e levam ”.

Há pouca discussão nacional sobre quant os p a ci e n t e s p si q u i á t r i co s u m t r a b a l h a d o r d e enfer m agem consegue assist ir t er apeut icam ent e( 13). Par a ou t r os p acien t es essa d iscu ssão j á av an çou m uit o( 14).

Os TRE r elat am a ex p er iên cia d o v ín cu lo em pr egat ício na I nst it uição, com o o fat o de alguns serem funcionários cooperados e a sua relação com a m esm a. Esse v ínculo é fr ágil, um a v ez que não gar ant e a cont inuidade do t r abalho e, por t ant o, da assist ência, com o seria desej ado( 15).

Na i n ser çã o n o m er ca d o d e t r a b a l h o n a en f er m ag em p siq u iát r ica, ap en as u m t r ab alh ad or relatou ter escolhido a área por opção. Para os dem ais colegas, a in ser ção ocor r eu por m eio da pr im eir a opor t unidade de em pr ego do r ecém - for m ado, par a um a out r a t r abalhador a, a inser ção acont eceu pela i d ad e av an çad a ser u m f at or l i m i t an t e p ar a su a perm anência no hospit al geral.

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Os TRE apont am o funcionam ent o da escala de folgas na I nstituição, que a escala não difere entre cooperados e contratados pelo regim e celetista quanto ao núm ero de folga.

Na dist ribuição de t arefas, considera- se que o cuidado diret o prest ado ao pacient e psiquiát rico é r ealizado pelo aux iliar de enfer m agem , enquant o o enferm eiro delega a dist ribuição de t arefas.

As r elações m ult idisciplinar es est abelecidas com os dem ais trabalhadores m anifestam - se por m eio de sentim entos positivos e negativos. Os sentim entos n egat iv os são ex pr essos pela cu lpabilização pelos e p i só d i o s d e a g r e ssi v i d a d e d o s p a ci e n t e s, a necessidade de que os out r os pr ofissionais sofr am agressões para com preenderem com o é ser agredido. César : “ . . . pr ecisa apan h ar m édico, en f er m eir a, superior, todo m undo precisa apanhar pra sentir o que é o auxiliar passa na m ão com o paciente psiquiátrico”.

Os com ent ários depreciat ivos servem apenas de desest ím ulo, ger ando sent im ent os de desânim o, can saço e d esg ost o, p ois d em on st r am a f alt a d e reconhecim ent o pelo t rabalho realizado( 16).

Os TRE, t am bém , r elat am o r espeit o pelo t rabalho desenvolvido por det erm inados profissionais. As relações const rut ivas com os dem ais profissionais t razem reconhecim ent o pelo t rabalho bem realizado do outro. Enfatizam que a agressão física pelo paciente d e se n ca d e i a u m a a p r o x i m a çã o , p e l o o u t r o com preender o que é ser agredido pelo pacient e.

A div isão sex u al do t r abalho r eflet e- se na d i v i sã o sex u a l d o s l ei t o s. Pa r a t r a b a l h a r co m a sexualidade exacerbada de alguns pacient es, é m ais fácil quando o t rabalhador é do m esm o sexo que os pacient es.

A enferm eira traz um pouco de seu papel na supervisão de enferm agem, relat a com o exerce sua f u n çã o , se n d o a ú n i ca e n f e r m e i r a p a r a t o d a a I nst it uição durant e o período diurno.

Um est udo bibliogr áfico de publicações de en f er m ag em sob r e a at iv id ad e ad m in ist r at iv a d o en f er m eir o em saú de m en t al, r ealizado em n osso Pa ís, co n si d e r o u q u e a m a i o r i a d o s t e x t o s selecionados aponta que o enferm eiro é o profissional d a e q u i p e d e sa ú d e m e n t a l q u e m e n o s r e a l i za at endim ent os dir et os à client ela, ocupando a m aior par t e de seu t em po com at ividades de or ganização do t rabalho das inst it uições onde at ua( 17).

D e a co r d o co m o e st u d o d o s a u t o r e s considera- se o quanto a prática da enferm eira condiz com a descrição, pois em nenhum m om ento ela realiza

um a at ividade assist encial de enfer m agem , com o o r e l a ci o n a m e n t o i n t e r p e sso a l o u a f o r m a çã o d e gr u pos.

Os TRE q u e st i o n a m q u a n d o r e a l i za m det er m inadas t ar efas se, por algum as v ezes, essas sã o a t r i b u i çõ e s d o se r v i ço d e e n f e r m a g e m . A responsabilidade da equipe de enferm agem sobre a ocorrência de um a fuga de paciente é um a atribuição relacionada à vigilância e ao controle, papel designado hist oricam ent e à enferm agem psiquiát rica.

Na ca t e g o r i a p r o c e s s o s a ú d e - d o e n ç a

analisou- se os dados em pír icos que r ecom põem as su b cat eg or ias: car g as d e t r ab alh o, p r ocessos d e desgast e e est rat égias de enfrent am ent o.

Os TRE est ão ex post os a div er sas ca r g a s

de t r abalh o, com o f ísicas, f isiológicas, biológicas, m ecânicas, psíquicas e quím icas. Dent r e as car gas f ísi ca s, h á ex p o si çã o à i l u m i n a çã o p r ecá r i a e à u m idade.

A e x p o si çã o à u m i d a d e e à i l u m i n a çã o inadequada são as pr incipais font es de fadiga dos t r abalh ador es( 1 8 ). Du r an t e o t r aj et o per cor r ido n a j ornada de t rabalho, pela inexist ência de cobert uras, pr opor ciona desconfor t o nos TRE j á que esses não podem trocar de roupa ou usar algum a capa de chuva cedida pela I nst it uição, por exem plo.

Na exposição às cargas fisiológicas, os TRE co m e n t a m so b r e o e sf o r ço f ísi co , p e r ío d o q u e perm anecem em pé durante a j ornada de trabalho, a m anipulação de peso e a dist ância per cor r ida pela I nst it uição. Os TRE queixam - se do rit m o de t rabalho im post o que os lev a a ficar em longos per íodos em p é, d u r an t e a ex ecu ção d e t ar ef as, p elo n ú m er o insuficient e de t rabalhadores.

A m anipulação de peso ocorre na prest ação de cuidados, com o a realização de banho no leito dos pacient es dependent es e ao aj udá- los a se vest irem . Para m inim izarem a exposição a essa carga solicitam aj u d a d os p r óp r ios p acien t es. Os TRE p er cor r em l o n g o s t r aj et o s n a I n st i t u i ção , d o s p av i l h õ es ao refeit ório, à farm ácia, à lavanderia e ao pát io. Esses percursos não podem ser evit ados, os t rabalhadores, tam bém , não conseguem usar de algum recurso para m inim izar t al event o.

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O cont at o com secreções corporais hum anas ocorreu at ravés de m ordedura hum ana.

Henrique: “ ... a gente tem m uito contato com sangue ..., porque eu t ive cont at o, m ordida. ... A boca dele j á t ava

sangrando, se debateu, jogou a cabeça no chão e a gente tentando

segurar, ... Aí vai saber de quem é o sangue nessas horas? Nem

sabia se era m eu, entendeu? Aí com o ele afundou bastante os

dentes entendeu? Aí a gente não soube, ficou naquela, aí é m elhor

fazer o teste”.

Apesar de se relacionar que o acidente sofrido por Henrique com o um a exposição à carga biológica, n ão se pode deix ar de associar e salien t ar qu e o evento possui intensa carga psíquica, além da própria m o r d e d u r a ca r a ct e r i za r - se co m o u m a ca r g a m ecânica. Nesse evento, percebe- se a potencialização de t rês cargas.

As cargas m ecânicas, a que est ão expost os os TRE, const it uem as agr essões físicas com et idas p elos p acien t es. Du r an t e a j or n ad a d e t r ab alh o, encontram - se expostos a agressões, até m esm o, com obj etos, com o facas, pedaços de m adeira, vidros etc. As agressões físicas m anifestam - se em chutes, socos, t ent at iva de est rangulam ent o e t apas.

Ao se lev an t ar as car gas p síq u icas a q u e e st ã o e x p o st o s o s TRE, p e r ce b e - se q u e e st ã o pr esent es em t odo o pr ocesso de t r abalho. Os TRE sent em m edo pela possibilidade de serem agredidos fisicam ente e pelas am eaças de agressão física feitas pelos pacient es. O assédio sex ual do pacient e aos TRE concr et iza- se no convit e de r elações sexuais e nos discur sos hiper sexualizados. Os TRE sent em - se incom odados pelas agressões verbais dos pacient es, per cebem com o ofensas m or ais.

A possibilidade de lidar com o im previsível, em especial, as agressões físicas e a j ornada de 12 horas de trabalho contínua, deixa nos TRE um estado de alert a perm anent e.

A falt a de supervisão const ant e e diret a da chefia im ediat a proporciona int ensa desprot eção nos TRE, ger an do sen t im en t o de solidão, pois, m u it as v e ze s, a ssu m e m d e t e r m i n a d a s d e ci sõ e s se m possuírem aut onom ia suficient e para t al.

Os TRE relacionam a int ensificação do rit m o d e t r a b a l h o co m o a t u a l q u a d r o d a e q u i p e d e en f er m ag em d a I n st it u ição, com as at iv id ad es e t ar efas qu e lh e são at r ibu ídas. Os TRE sen t em - se sobrecarregados com as cobranças exist ent es pelos superiores no cum prim ent o dessas.

O t rabalho m asculino caract eriza- se pelo uso da for ça física dos TRE n os episódios de agit ação

psicom ot or a dos pacient es. A at uação dos TRE do sex o m asculino aum ent a a ex posição dos m esm os às car gas m ecânicas.

Há um a condição perigosa quando ocorre o u so e x ce ssi v o d a f o r ça d e t r a b a l h o co m o d em o n st r a çã o d e m a scu l i n i d a d e, p o d en d o g er a r f ad ig as e t r au m as p or ex cesso d e lev an t am en t o/ carregam ent o de peso( 19).

Os TRE se n t e m - se d e sv a l o r i za d o s p e l o s dem ais integrantes da equipe m ultiprofissional, quanto a o d e se m p e n h o n a r e a l i za çã o d e d e t e r m i n a d a s atividades e/ ou tarefas não ser valorizado pela chefia, pr opor cionando insat isfação nos TRE, por sent ir em q u e p e r t e n ce m a u m a cl a sse d e t r a b a l h a d o r e s infer ior izada.

Os TRE relatam apenas a exposição à fum aça d o cig ar r o com o car g a q u ím ica. No cot id ian o d e inst it uições psiquiát r icas, pelas suas det er m inadas caract eríst icas, os pacient es, em sua m aioria, fum am dem asiadam en t e.

No est udo realizado na cidade de São Paulo com t r abalhador es de enfer m agem de um hospit al geral, a exposição à fum aça do cigarro é citada com o decorrent e do hábit o de fum ar de alguns colegas de t r abalho, apesar do fum o em local de t r abalho ser l e g a l m e n t e p r o i b i d o , f a z co m q u e o s o u t r o s t r ab alh ad or es n ão- f u m an t es t or n em - se f u m an t es p a ssi v o s. Os d a n o s m a i s sé r i o s r e l a ci o n a d o s à exposição à fum aça do cigarro são a carcinogenicidade e os processos alérgicos de vias respirat órias( 5).

A exposição dos TRE às cargas de t rabalho foi por eles percebidas, com o geradoras de desgast e f ísico e m e n t a l.

O d e sg a st e f ísi co é r e l a t a d o co m o o s pr oblem as de coluna, apesar de inespecíficos, são sent idos pelos t rabalhadores e os m esm os associam com a j ornada de t rabalho.

As dores são sent idas pelos t rabalhadores e, m u i t a s v e ze s, e sse s n ã o co n se g u e m a sso ci a r o m om ento e/ ou situação que as provocou. Muitas dores e st ã o a sso ci a d a s à s a g r e ssõ e s f ísi ca s so f r i d a s. Enquanto os hem atom as, as contusões, as fraturas e edem as são, t am bém , conseqüências das agressões físicas vivenciadas pelos t rabalhadores, t am bém , são m ar cas v isív eis dessas agr essões.

(7)

Du r an t e e ap ós a j or n ad a d e t r ab alh o, a fadiga é vivida pelos t rabalhadores. Apreende- se que a pausa de 36 hor as na j or nada desses TRE não é suficiente para repor esse estado de fadiga ocasionado no am bient e da I nst it uição.

O est r esse v iv ido na I nst it uição m anifest a-se t am b ém n as r elações f am iliar es, e em ou t r os pr ofissionais da I nst it uição, com o os t r abalhador es da faxina.

Um est udo sobr e est r esse ocupacional em enferm agem psiquiát rica na I nglat erra, com am ost ra d e 7 8 en f er m ei r a s p si q u i á t r i ca s, r ef er i u q u e o s e st r e sso r e s m a i s f r e q ü e n t e s n o cu i d a d o co m o pacient e psiquiát r ico são os incident es v iolent os, o risco de suicídio e a observação( 20).

A insat isfação e o desânim o pelo t r abalho r ealizado ger am desconfor t o nos TRE. O desânim o sen t id o p od e se som ar ao est ad o d e can saço ou f adiga, t or n an do- se im por t an t e f at or de desgast e m ent al.

A d e sm o t i v a çã o g e r a d a n o co t i d i a n o d o t rabalho, t am bém , é resgat ada pelos TRE, provocada p e l a o r g a n i za çã o d o t r a b a l h o , p e l o d i f íci l r e l a ci o n a m e n t o e d e sv a l o r i za çã o d o t r a b a l h o realizado, por alguns profissionais.

A alt er ação de com por t am en t o su r ge pelo r elat o de sit uações v iv enciadas por out r os colegas de t rabalho. Essa experiência t raz m uit o desconfort o a o s TRE, p o i s e sse s q u e st i o n a m se o s co l e g a s apr esent am alt er ações de com por t am ent o, apenas por ex er cer em su a at iv idade pr of ission al em u m a in st it u ição p siq u iát r ica ou se j á p ossu em alg u m a pr edisposição genét ica ou com por t am ent al.

Alguns TRE choram em sit uações difíceis. O choro, m uitas vezes, funciona com o vazão para outros sent im ent os diant e das sit uações difíceis vivenciadas n o t r ab alh o, d ecor r en t es d a ex p osição às car g as psíquicas. A ansiedade, t am bém , é vivenciada pelos TRE, essa é gerada no trabalho e percebida no retorno para a casa do t rabalhador. A irrit abilidade t am bém presente na casa dos trabalhadores, gerando conflitos fam iliares, dificult ando m ais ainda o convívio fora do espaço in st it u cion al. A r aiv a de ser agr edido pelo pacient e psiquiát r ico e não poder r ev idar, assim , a a g r e ssã o é b a st a n t e v i v e n ci a d a p e l o s TRE. Ta l sentim ento precisa ser controlado, pois não é possível revidar a agressão no agressor.

O abuso de álcool é um a vivência de alguns t rabalhadores t razida para o grupo pelos TRE.

Apesar do trabalho realizado, constantem ente ser fonte de desgaste, esse m esm o trabalho, tam bém ,

gera pot encialidades e prazer nos t rabalhadores, por m eio do sent im ent o de r ealização na execução das t arefas por alguns ou por est arem vivenciando um a out ra experiência de t rabalho.

Co n st i t u e m e s t r a t é g i a s d e e n fr e n t a m e n t o o suport e dos colegas de t rabalho, por v iv enciar em as m esm as sit uações no dia- a- dia d a I n st i t u i çã o . Esse su p o r t e m a n i f e st a - se n a im portância da união da equipe de enferm agem , sendo o com p ar t ilh ar t r azid o com o u m m om en t o m u it o im port ant e para eles.

Os TRE co m e n t a m a r e sp e i t o d e su a par t icipação no gr upo focal e a pr ópr ia ex per iência vivenciada no decorrer das sessões, com o ret rat a a fala, a seguir.

Henrique: “ a gente nunca tinha tido um a reunião, algum a coisa do trabalho”.

Ex i st e u m a ca r ê n ci a d e p r o p o st a s q u e , concret am ent e, apont em na direção de int ervenções p o ssív e i s d e se r e m i m p l e m e n t a d a s n e sse enfrentam ento, tendo em vista a realidade, de grande part e dos serviços, onde há escassez de recursos de toda a ordem( 21).

A participação no grupo focal para os TRE foi apontada com o um a estratégia que aparece de form a event ual e significou que são ouvidos no t rabalho ao per ceber em a vivência nas sessões.

O lazer f oi apon t ado com o u m a at iv idade social realizada fora do local de t rabalho, cit ando os am igos for a do am bient e de t r abalho, o passeio, a m úsica e o banho são técnicas utilizadas pelos nossos TRE.

CONCLUSÕES

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Na o r g a n i za çã o e d i v i sã o d o t r a b a l h o , p er ceb e- se o q u an t o os TRE p ossu em u m a v isão cr ít i ca r eal ao d i m en si o n am en t o d e p esso al e à necessidade de que sej am adot ados cr it ér ios par a u m a p r o p o r ci o n al i d ad e m ai s eq u i l i b r ad a en t r e o núm ero de pacient es designados a cada t rabalhador. O vínculo em pregatício verifica- se por m eio de regim e celetista e de cooperativa na I nstituição, ocasionando se n t i m e n t o s d e a b a n d o n o a o s t r a b a l h a d o r e s cooperados quant o aos direit os t rabalhist as.

A inser ção no m er cado de t r abalho ocor r e ex t r em am en t e r elacion ad a ao at u al m om en t o d e d e se m p r e g o . A j o r n a d a e o e sq u e m a d e f o l g a s realizam - se de form a int ensa. Os TRE quest ionam a d i st r i b u i çã o d e t a r e f a s, co m o a p r ó p r i a r esponsabilidade nas at iv idades desenv olv idas pela super v isão de enfer m agem ocor r er à dist ância. As relações m ult idisciplinares acont ecem t ant o de form a d e st r u t i v a co m o co n st r u t i v a . O co m p o r t a m e n t o hiper sex ualizado de alguns pacient es r eflet e- se na cr en ça d o t r ab alh ad or d a n ecessid ad e d e d iv isão sexual dos leit os.

Con sider an do a cat egor ia pr ocesso saú de-doença, os TRE est ão expost os a t odas as cargas de

t r abalho, essas est ão pot encializadas pelas car gas psíquicas. A exposição gera o processo de desgast e que se car act er iza em desgast e físico e m ent al. A pot encialização das car gas psíquicas leva, t am bém , ao processo de desgaste m ental m ais intenso do que o físico.

As est r at égias de enfr ent am ent o adot adas pelo grupo const it uem - se em est rat égias individuais e não de m odo colet ivo à I nst it uição, t ant o que aos TRE a participação no grupo focal foi incorporada com o u m a e st r a t é g i a d e e n f r e n t a m e n t o p e l a su a caract eríst ica de int ervenção na realidade.

Desse m odo, pode- se concluir com o ocor r e o pr ocesso de t r abalh o n a I n st it u ição. Pelas su as condições, os t r abalhador es encont r am - se ex post os a t od as as car g as d e f or m a in t en sa e esp ecíf ica, ger an do u m pr ocesso de desgast e físico e m en t al m uit o int enso. Um desgast e m ent al que se aproxim a d o so f r i m en t o p síq u i co , p el a p o t en ci a l i za çã o d a exposição à carga psíquica e não pelo convívio com o obj eto de trabalho, com o o senso com um nota, m as sim pelas condições de trabalho a que estão inseridos esses t r abalhador es de enfer m agem .

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Referências

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