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A estrutura empresarial nos clubes de futebol.

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o&s - v. 1 6 - n . 4 8 - Ja n ei r o / Ma r ço - 2 0 0 9

A E

STRUTURA

E

MPRESARIAL

NOS

C

LUBES

DE

F

UTEBOL

M a r ci o Si l v a R o d r i g u e s* R o si m e r i Ca r v a l h o d a Si l v a * *

R

ESUMO

on sider an do qu e a dissem in ação dos pr essu post os em pr esar iais ( pr ocesso de em -p r e sa r i za çã o ) i n f l u e n ci a d i r e t a m e n t e n a m a n e i r a co m o o r g a n i za çõ e s d e o u t r a s n at u r ezas desen v olv em su as at iv idades e r essalt an do a im por t ân cia das or gan iza-ções cult ur ais em nossa sociedade, no pr esent e t ex t o, buscam os analisar os im pac-t os da adoção de um com por pac-t am enpac-t o em pr esar ial na configur ação espac-t r upac-t ur al do Figueir ense Fut ebol Clube e do Spor t Club I nt er nacional. Par a r ealizar est a pesquisa de nat ur eza des-cr it iv o- int er pr et at iv a, ut ilizam os a t écnica de est udo de m ult i- caso. Os ent r ev ist ados for am selecionados por j ulgam ent o e os dados for am colet ados de duas for m as: colet a de dados secu n d ár i o s ( est at u t os, n or m as, si t es) e col et a d e d ad os p r i m ár i os ( en t r ev i st a sem i -est r ut ur ada e obser v ação) . Os r esult ados ger ais indicam que ao ser em influenciadas pelo pr ocesso de em pr esar ização, am bas as or gan izações adot am car act er íst icas est r u t u r ais, at ent ando, inicialm ent e, par a a obt enção de r ecur sos financeir os. Essa condição, além de est ar in t im am en t e r elacion ad a com a p r of ission alização d as at iv id ad es ( m ecan ism o d e coor d en ação) , d esen cad eou m od if icações n os ou t r os elem en t os est r u t u r ais p esq u isad os ( com plex idade e cen t r alização) .

PALAVRAS- CHAVE: Est r u t u r a or gan izacion al. Fu t ebol. Em pr esar ização.

A

BSTRACT

on sid er in g t h at t h e d issem in at ion of b u sin ess p r in cip als ( en t er p r isat ion p r ocess) in f lu en ces dir ect ly in t h e w ay h ow ot h er or gan izat ion s dev elop t h eir act iv it ies an d em phasizing t he im por t ance of cult ural or ganisat ions in our societ y, in t his t ex t w e t r i ed t o a n a l y ze t h e i m p a ct s o f a b u si n ess b eh a v i o r a d o p t i o n i n t h e st r u ct u r a l co n f i g u r at i o n o f Fi g u ei r en se Fu t eb o l Cl u b e an d Sp o r t Cl u b I n t er n aci o n al . I n o r d er, t o accom plish t h is r esear ch of a descr ipt iv e- in t er pr et at iv e n at u r e, w e u sed a t ech n iqu e of m ult i- case st udy. The subj ect s w er e select ed by j udgem ent and t he dat a w er e collect ed in t w o w ays, secondar y dat a colect ing ( st at ut es, nor m s, sit es) and pr im ar y dada colect ing, in dept h ( sem i- st r uct ur ed int er v iew and obser v at ion) . The gener al r esult s indicat e t hat once in f lu en ced by en t er pr isat ion pr ocess, bot h or gan izat ion s, st r u ct u r ed t h em selv es, aim in g, at fir st , t o obt ain financial r esour ces. This condit ion, besides being closely r elat ed t o t he p r of ession alisat ion of act iv it ies ( m ech an ism of coor d in at ion ) , cau ses ch an g es in ot h er r esear ch ed st r u ct u r al elem en t s ( com plex it y an d cen t r alizat ion ) .

KEY- WORDS: Or g an izat ion al st r u ct u r e. Soccer. En t er p r isat ion .

* Pr of. da Faculdade de Adm inist r ação da Univer sidade Feder al de Pelot as - UFPel; Dout or ando em Adm inist r ação pelo PPGA da Univer sidade Feder al de Sant a Cat ar ina - UFSC

* * Pr ofª da Escola de Adm inist r ação da Univer sidade Feder al do Rio Gr ande do Sul - EA/ UFRGS

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A Sustentação das Idéias e os Objtetivos do Texto

Não bast a sim plesm en t e o t or cedor ser apaix on ado pelo clu be, n ós t em os qu e t r abalhar par a apr ov eit ar e agr egar algum as coisas sobr e essa paix ão, v isando for t alecer a m ar ca do I n t er . A gen t e en t en deu qu e só ser Color ado n ão bast a ( En t r ev ist ado do I n t er n acion al) .

O nosso pr incipal pr odut o é a em oção. A gent e cost um a falar aqui no Figueir ense que nós at uam os no r am o do ent r et enim ent o, nós v endem os em oção ( Ent r ev is-t ado do Figueir ense) .

dot ando a idéia de qu e, as or gan izações cu lt u r ais podem ser en t en didas com o aquelas que const r oem o sent ido de ident idade pelo que expr essam , sej a p or m eio d as ar t es ( d an ças, can t os e m ú sicas) , d os esp or t es e d a r eligião ( CARVALHO e ANDRADE, 2006) , est e t r abalho segue a linha daqueles pesquisador es que v êm analisando o pr ocesso de m er cant ilização nessas or -gan izações. De u m a m an eir a ger al, os t r abalh os pr eceden t es sobr e esse t em a indicam que as or ganizações cult ur ais v êm sofr endo pr ofundas t r ansfor m ações a par t ir da int r odução da lógica de m er cado que, inser ida no cont ext o de algum as dessas or ganizações, acent ua a ênfase por r esult ados e t r ansfor m a suas at ivida-des em m er cador ias.

Dir et am ent e r elacionado ao quadr o supr acit ado, dent r e as div er sas or gani-zações que com põem o cam po da cult ur a, o fut ebol, ao lado do car naval, além de r epr esent ar um dos pr incipais sím bolos nacionais, par ece ser o espor t e que m ais sofr e com os im pact os da int r odução de um a lógica m er cant il. Nesse sent ido, fut e-bol, com o espor t e or ganizado no âm bit o dos clubes, par ece est ar m igr ando de u m a or g an ização b asead a em v alor es e t r ad ições p ar a u m a or g an ização q u e enfat iza cr it ér ios de eficiência, r ent abilidade e com pet it iv idade.

Alguns anos após a sua chegada ao Br asil, o fut ebol er a cer cado por um a for m a cult ur al, lúdica e popular, era um a for m a de dist ração social, de cult ivo do ócio e do t em po livr e; era j ogado pelos clubes pelo sim ples prazer de j ogar. Ent r e-t ane-t o, com o passar dos anos, per cebe- se que div er sas são as e-t r ansfor m ações sociais que t êm ocor r ido no am bient e dos clubes de fut ebol. I niciadas, pr incipal-m ent e, a par t ir da década de 1970 coincipal-m as t r ansincipal-m issões ao vivo e eincipal-m cor es das par t idas de fut ebol, passando pela cr iação do Clube dos Tr eze, pela Lei Zico ( Lei nº . 8672/ 93) e culm inando com a sanção da Lei Pelé ( Lei n° 9615/ 98) ( com suas r efor m ulações e m edidas pr ovisór ias) , no Br asil, as r efer idas t r ansfor m ações or igi-nar am um a nova for m a de per ceber t al espor t e, vist o que com o um com ponent e pr esent e na sociedade e um dos elem ent os de ident idade nacional, o fut ebol pas-sou a ser explor ado, t am bém , com o um a font e ger ador a de r ecur sos financeir os, com o pode ser obser vado no est udo de Gonçalves et al. ( 2003) . Pois com o enfat izou Bour dieu ( 1983) , o espor t e, que nasceu dos j ogos r ealm ent e popular es ( pr oduzi-dos pelo pov o) , r et or na ao pov o sob a for m a de espet áculo espor t iv o pr oduzido par a o povo, com er cializado e t r at ado com o um pr odut o.

Na ânsia de ident ificar per spect iv as t eór icas que nos for necessem ex plica-ções sobr e esse fenôm eno, que possibilit assem a apr opr iação1 de um a t eor ia à r ealidade br asileir a e que est iv essem em consonância com os est udos acer ca do pr ocesso de m er cant ilização das or ganizações cult ur ais m encionados no pr im eir o par ágr afo dest e t ext o, encont r am os na t eor ia de Solé ( 2004) sobr e o pr ocesso de em pr esar ização do m undo, um a for m a de oper acionalizar essa discussão. De acor do com esse aut or, t al fenôm eno caract er iza se pela cr escent e influência que as em -pr esas ou que o m odelo em -pr esar ial ex er ce sobr e as dem ais or ganizações.

As ar gum ent ações de Solé sobr e o pr ocesso de em pr esar ização do m undo podem ser facilm ent e per cebidas a par t ir de um br eve apanhado hist ór ico sobr e a const it uição da sociedade m oder na. Podem os ver, assim , que, enquant o em

ou-A

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t r os t em pos, de acor do com Tragt enber g ( 1974) , o Est ado ( sob a for m a de um a or ganização bur ocr át ica) , além de ser a pr incipal or ganização, possuía a incum -bência de or ganizar t odo o com por t am ent o social e pr om over o desenvolvim ent o econôm ico, com o desenvolvim ent o do at ual sist em a, um a or ganização em out r os t em pos r elat ivam ent e insignificant e, a em pr esa, ganhou for ça e passou, pouco a pouco, a exer cer um a gr ande influência na sociedade m oder na; de m odo que, no século XX, t or nou- se a or ganização de r efer ência de t odo o sist em a social, com um a m agnit ude/ am plit ude im pensáv el por inst it uições e/ ou pov os que j á det iv e-r am o m esm o t ít ulo com o a I ge-r ej a, o Est ado e as civ ilizações ant igas ( egípcia, per sa, ast eca, chinesa) . Mais que isso, r ecor r endo a alguns im por t ant es pr incípios q u e f or m ar am a b ase id eológ ica d a socied ad e m od er n a ( o in d iv id u alism o, o ut ilit arism o, a racionalização, dent re out ros) , é possível perceber que t ais princípios encont r ar am , na m oder na em pr esa capit alist a, sua via m at er ial de per sonificação e dissem inação. I st o per m it e a Solé ( 2004) afir m ar que o nosso m undo é o m undo das em pr esas e que a em pr esa é um fat o social t ot al2.

Ap ós essa b r ev e d iscu ssão e r et om an d o as id éias sob r e o p r ocesso d e em pr esar ização do m undo, de acor do com Solé ( 2004) , a em pr esa, apoiada em pr essupost os de eficiência, qualidade, r esult ados e per pet uação, t em se fir m ado com o o principal m odelo das at ividades hum anas ( processo de em presarização do m undo) . At ualm ent e, a em presa ou os pressupost os em presariais, t alvez, devido à inex ist ência de out r os m odelos de adm inist r ação ( gest ão) , t or nar am - se cent r ais para a sociedade m oderna, responsáveis t ant o por propor um a nova dinâm ica ao indivíduo e às relações sociais ( m odificação da lógica de ação) , com o por, de acordo com Silva et al. ( 2007) , dissem inar a “ boa nova” da m odernização do m undo e das ferram ent as para “ aj udar” as organizações a se t ransform arem em em presas.

Tr an spon do essas idéias par a o con t ex t o das or gan izações fu t ebolíst icas, não é r ar o encont r ar car act er íst icas que, ant er ior m ent e, er am exclusivas das em -pr esas vist o que aquelas passar am a ut ilizar a linguagem , os m ét odos, as fer r a-m ent as das ea-m pr esas e, na a-m aior ia dos casos, est ão suj eit as à concor r ência e buscam o benefício econôm ico ( SOLÉ, 2004) . Por exem plo, qualquer indivíduo que acom panhe o discur so das pessoas env olv idas com fut ebol no Br asil ( dir igent es, com en t ar ist as, j ogador es) , per cebe algu m as dessas car act er íst icas: algu n s clu -bes possu em depar t am en t os de Mar k et in g, Recu r sos Hu m an os, Est r at égia et c, t r at am j ogador es com o um pr odut o e t or cedor es com o client es.

Em sínt ese, calcados em nossas pesquisas ( ver RODRI GUES E SI LVA, 2006; SI LVA et al., 2007; GONÇALVES et al. 2008; CARVALHO et al., 2003a ; CARVALHO et

al., 2003b; GONÇALVES et al., 2003 ; GONÇALVES et al., 2004; GONÇALVES, 2005;

dent r e out r os) e de out r os colegas ( PRONI , 2000; BRUNORO, 1997; AI DAR et al., 2 0 0 2 ; d en t r e o u t r o s) , as i n f o r m açõ es su p r aci t ad as r esu m em o p r o cesso d e em pr esar ização do fut ebol br asileir o e r evelam a hegem onia do m er cado fr ent e a ou t r os en clav es q u e com p õem o m acr ossist em a social. Mas a con st at ação d a em pr esar ização não é suficient e, é necessár io r eflet ir sobr e a r elação desse pr o-cesso de em pr esar ização com out r os aspect os que cont r ibuam par a a com pr een-são das t r ansfor m ações or ganizacionais que dele decor r em . O que acont ece com essas or ganizações à m edida que est as adot am um m odelo em pr esar ial de ges-t ão? O que aconges-t ece com sua esges-t r uges-t ur a e pr ocessos? Essas ges-t r ansfor m ações esges-t ão fazendo com que t ais or ganizações at inj am com m ais eficácia seus obj et ivos? Com r elação aos obj et iv os, est es con t in u am os m esm os? Qu ais os im pact os dessas ações sobr e a sociedade civ il?

Muit os dos quest ionam ent os acim a ainda pr ecisam ser r ealizados par a es-clar ecer esses fenôm enos. Por isso, nest e t r abalho, focalizar em os a r elação ent r e

2 Ver DURKHEI M, É. As r egr as do m ét odo sociológico. I n: Ém ile Dur kheim . São Paulo: Abr il Cult ur al,

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o p r ocesso d e em p r esar ização, q u e an alisam os em t r ab alh os an t er ior es, e as alt er ações sof r idas pela est r u t u r a das or gan izações, pois en t en dem os qu e, ao sofr er em os im pact os do pr ocesso de em pr esar ização e adot ar em um com por t a-m ent o coa-m car act er íst icas ea-m pr esar iais, os clubes de fut ebol a-m odificaa-m , ea-m ua-m pr im eir o m om ent o, sua lógica de ação ( or ient ação par a o m er cado) . Ao r ealizar em t al m udança, r econfigur am seus obj et ivos ( pr edom ínio de um a r acionalidade ins-t r um enins-t al) e, por conseguinins-t e, alins-t er am a m aneir a de dispor e or ganizar suas ains-t ivi-dades, ou sej a, sua est r ut ur a. Dit o de out r a for m a, consider ando que a inser ção de m ecanism os em pr esar iais nos clubes de fut ebol t êm influenciado e/ ou alt er ado a gest ão or ganizacional dos m esm os, ent endem os que est es podem apr esent ar m odificações na sua configur ação est r ut ur al; um a vez que a est r ut ur a or ganizacional cor r esponde, de acor do com Mint zber g ( 2003) , ao m odo com o as at iv idades são div ididas e depois coor denadas, consider ando a pr esença da lógica em pr esar ial nas or ganizações pesquisadas, com o est ão dispost as as at iv idades e com o est as são coor den adas den t r o das or gan izações.

De f at o, essa sit u ação r ef let e a con t ín u a con st r u ção e descon st r u ção da est r u t u r a or g an izacion al en f at izad a p or Ran son ; Hin in g s; Gr een w ood ( 1 9 8 0 ) . Ao r ealizar isso, ao sofr er a influência do pr ocesso de em pr esar ização ( ext er na) e r econ f igu r ar as at iv idades or gan izacion ais ( in t er n am en t e) , as or gan izações em quest ão reproduzem a ideologia vigent e e devolvem - na para a sociedade ( ext erior da or ganização) ; exat am ent e com o escr eveu Bour dieu ( 1979, p.69) , ao r efer ir - se sobr e o pr edom ínio do m er cado na sociedade m oder na, a saber :

A necessidade econôm ica que t ende a im por a subor dinação de t odas as finali-d afinali-d es ( e em p ar t icu lar finali-d as f in alifinali-d afinali-d es t r afinali-d icion ais) e finali-d e t ofinali-d os os m eios finali-d a at iv idade ao lucr o m onet ár io, as ant igas nor m as e par t icular m ent e aquelas que r egulav am as r elações com os par ent es, assim com o os ant igos v alor es de hon-r a e de solidahon-r iedade, devem t am bém cont ahon-r com as exigências do cálculo e, às v ezes, a ele se cur v a ( BOURDI EU, 1979, p. 69) .

Após essas br ev es con sider ações e r essalt an do qu e est e t r abalh o r epr e-sent a um a par t e de um est udo m ais am plo que ut ilizou o t em a em pr esar ização com o um m eio par a ident ificar a exist ência de indícios de m er cant ilização em clu-bes de fut ebol br asileir os e os r eflex os da adoção de um a post ur a em pr esar ial t ant o int er nam ent e ( est r ut ura, r elações de poder, cult ura) com o nas r elações do clube com a sociedade e/ ou o m er cado, pr et endem os, nest e ar t igo, analisar os im pact os do pr ocesso de em pr esar ização na est r ut ur a or ganizacional do Figueir ense Fut ebol Clube e do Spor t Club I nt er nacional.

Apesar de a est r u t u r a j á t er sido alv o de div er sas pesqu isas n a ár ea de est u d os or g an izacion ais, os p r im eir os est u d os r ealizad os sob r e o p r ocesso d e em pr esar ização levam a um quest ionam ent o que par ece j ust ificar m ais um est udo env olv endo a cat egor ia. I nicialm ent e, t ínham os por pr essupost o nos est udos so-br e em pr esar ização que or ganizações m ais em pr esar izadas apr esent ar iam t r ans-for m ações est r ut ur ais no sent ido de um a m aior bur ocr at ização de suas at iv ida-des. Se, por um lado, esse pr essupost o poder ia ser facilm ent e aceit o, por out r o, a obser vação de t r ansfor m ações nas or ganizações em pr esar iais, no sent ido da at e-nuação de algum as car act er íst icas da bur ocr acia, e a com pr eensão da per spect iva da t eor ia in st it u cion al sobr e a in flu ên cia do am bien t e, n o qu e diz r espeit o aos v alor es com par t ilhados, per m it em concluir que a análise das t r ansfor m ações da est r ut ur a indicar ia que o pr ocesso de em pr esar ização poder ia ser acom panhado por t r ansfor m ações na est r ut ur a que j á inser issem as m ais r ecent es m udanças nas car act er íst icas das bur ocr acias pr ivadas. É im por t ant e r essalt ar, com o bem m ost r ar am Dellag n elo e Mach ad o- d a- Silv a ( 2 0 0 0 ) , q u e n ão se en t en d e essas m udanças com o um afast am ent o da bur ocr acia, m as com o m ais um a adapt ação dest a, sem a r upt ur a t ão pr ofessada na lit er at ur a ger encial.

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out r os aspect os das at iv idades desenv olv idas por est as or ganizações e suas si-m ilar es. Recon h ecen do a pr ox isi-m idade en t r e o pr ocesso de esi-m pr esar ização e a con f igu r ação est r u t u r al de u m a det er m in ada or gan ização, ao su bor din ar em - se aos dit am es do m er cado, as or gan izações fu t ebolíst icas podem descar act er izar os laços sociais e com unit ár ios que a er igir am e, por conseguint e, t r ansm ut ar a idéia de j ogo, de cam peonat o, a concepção de vit ór ia, de r ivalidade, de disput a e, pr incipalm ent e, de t or cedor.

Dessa for m a, pr et endem os conv idar par a a r eflex ão aqueles int er essados no assunt o que, m uit as vezes, ludibriados por sua paixão, acabam ficando “ cegos” às est rat égias ou “ art im anhas” dos clubes de fut ebol ( e seus parceiros) realizadas em prol de seu sucesso financeiro, ou sej a, em m uit os casos, a paixão dos t orcedo-res é convert ida em ações que buscam aprisioná- los e t ransform á- los em consum i-dor es do pr odut o fut ebol. Por out r o lado, est e est udo ainda pr et ende cont r ibuir para que os clubes de fut ebol e out ras organizações do cam po do desport o, com -pr eendam não só a influência do -pr ocesso de em -pr esar ização e da est r ut ur ação organizacional no desenvolvim ent o de suas at ividades, m as, a part ir das reflexões apresent adas, dem onst rar, para aquelas organizações que desej am t rilhar o cam inho do fut ebol em presa, as im plicações da adoção desse m odelo e o t ipo de com -por t am ent o esper ado dessas or ganizações.

Adem ais, é r elev ant e salient ar que analisam os t al pr ocesso em or ganiza-ções br asileir as, o que pode par ecer evident e, m as se consider ar m os as r elaganiza-ções de poder car act er íst icas dos clubes br asileir os, o for t e apelo que est es t êm j unt o às com unidades m ais pobr es, t ant o no que diz r espeit o à r elação ent r e clube e t or cida, quant o ao significado que assum em quando se t or nam um a das possíveis vias de saída da m isér ia, per ceber em os com m ais clar eza a im por t ância de anali-sar os pr ocessos pelos quais passam essas or ganizações e as conseqüências que deles adv êm .

Assim , con sid er an d o q u e a cat eg or ia est r u t u r a or g an izacion al é cen t r al p ar a d iscor r er acer ca d os ob j et iv os p r op ost os e salien t an d o q u e as in f or m a-ções su p r acit ad as sob r e o p r ocesso d e em p r esar ização e a t r an sf or m ação d o f u t ebol n o Br asil, além de con st ar em em ou t r os t r abalh os dos au t or es em qu es-t ão, são su f icien es-t es par a con es-t ex es-t u alizar o pr esen es-t e es-t em a ( m oes-t iv o da ex es-t en são d est a i n t r o d u ção ) , n a seq ü ên ci a d est e ar t i g o , p r o cu r am o s d esen v o l v er u m a b r ev e sín t ese t eór ica sob r e o t em a est r u t u r a or g an izacion al. Log o ap ós, d is-cor r em os sob r e o m od o com o a p esq u i sa f oi op er aci on al i zad a. Em seg u i d a, além de apr esen t ar as or gan izações, descr ev em os, a par t ir de seu s elem en t os f o r m a d o r e s , a c o n f i g u r a ç ã o e s t r u t u r a l d e c a d a u m a d a s o r g a n i z a ç õ e s selecion ad as. Por ú lt im o, r ealizam os alg u m as sín t eses, d iscu ssões e cr ít icas em t or n o d os p ossív eis im p act os d a em p r esar ização sob r e a est r u t u r a e d e com o est a pode pr opor u m a n ov a din âm ica n o r elacion am en t o dos clu bes com a so ci ed ad e.

Estrutura Organizacional

Toda a or ganização, por m ais sim ples que possa par ecer, apr esent a um a m aneir a de dispor e r ealizar suas at ividades. Além de colabor ar par a m elhor ar o desem penho de um a or ganização, a est r ut ur a t am bém r evela infor m ações im por -t an-t es sobr e as car ac-t er ís-t icas dessa or ganização. Pois com o afir m ou Hall ( 2004) ,

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Den t r e as possív eis def in ições de est r u t u r a ( HATCH, 1 9 9 7 ; HALL, 2 0 0 4 ; BOWDI TCH E BUONO, 1992; dent r e out r os) , opt am os, com o for m a de esclar ecer o que quer em os dizer com o uso do t er m o, por ut ilizar o de Mint zber g ( 2003, p.12) , a saber : “ a est r ut ur a de um a or ganização pode ser definida sim plesm ent e com o a som a t ot al das m aneir as pelas quais o t r abalho é dividido em t ar efas dist int as e, depois, com o a coor denação é r ealizada ent r e as t ar efas” . À pr im eir a v ist a, t al conceit o par ece pr essupor que a est r ut ur a or ganizacional independe de qualquer out r o fat or ; ent r et ant o, o pr ópr io Mint zber g ( 2003) r essalva que nenhum a est r u-t ur a se susu-t enu-t a sozinha, pois fau-t or es de vár ias nau-t ur ezas, com o hum anos ( r ela-ções de poder ) , m at er iais ( idade/ t am anho, sist em a t écnico) e am bient ais, ent r e out r os, int er fer em na for m ação e at uação de um a est r ut ur a. Do aler t a desse au-t or, consider am os r elevanau-t e enfaau-t izar que os indiv íduos ( r elações) , em especial, r epr esent am um a gr ande for ça capaz de ger ar e/ ou sofr er im pact os devido à sua disposição e par t icipação dent r o da est r ut ur a or ganizacional. De acor do com Hat ch ( 1 9 9 7 ) , a est r u t u r a social é pr odu t o dos padr ões de in t er ação dos in div ídu os, assim com o d os p ad r ões d e n ão in t er ação, ou sej a, h av en d o n ecessid ad e d e r eest r u t u r ação da or gan ização, est a depen der á qu e os in div ídu os m u dem seu s padr ões de int eração e, por que não dizer, sua per cepção da r ealidade3.

Dessa int er ação ent r e os at or es e das m odificações das v ar iáv eis m encio-nadas por Mint zber g ( 2003) , um a out r a per spect iva ainda pode ser elucidada, j á q u e e st a d i z r e sp e i t o à co n t ín u a co n st r u çã o e d e sco n st r u cã o d a e st r u t u r a o r g a n i z a c i o n a l . Pa r a Ra n s o n ; H i n i n g s ; Gr e e n w o o d ( 1 9 8 0 ) , a e s t r u t u r a or ganizacional é um m ecanism o de cont r ole bast ant e com plex o e, por isso, sua conceit uação dev er ia cont em plar os padr ões de int er ação da or ganização, des-cr ev endo com o os at or es r ealm ent e conduzem os seus t r abalhos, for m ulam as polít icas e alocam r ecur sos, dem onst rando as disput as de r ecur sos de poder, ou sej a, as int er ações que fazem com que a est r ut ur a sej a const it uída e const it ut iva. Apesar da r iqueza da abor dagem de Ranson, Hinings e Gr eenw ood ( 1980) , nest e ar t igo não se adot ar á sua per spect iva, um a vez que pr ocur am os som ent e ident i-ficar as alt er ações na est r ut ur a sem apr ofundar sobr e o pr ocesso de t r ansfor m ação. Par ece nos, no ent ant o, que a abor dagem do poder é ext r em am ent e im por -t an-t e par a com pr eender esse pr ocesso.

Além disso, de acor do com Hall ( 2004) , a est r ut ur a dev e ser analisada a par t ir dos elem ent os que a const it uem . Desse m odo, no int ent o de t r at ar cada um desses elem ent os, per cebem os, a par t ir dos r efer enciais consult ados, que v ár ios aut or es consider am ou ut ilizam pr at icam ent e os m esm os elem ent os, apenas com algum as difer enças em sua sem ânt ica. Sendo assim , as cat egor ias ou elem ent os a s s o c i a d o s à e s t r u t u r a o r g a n i z a c i o n a l s ã o : c e n t r a l i z a ç ã o , c o o r d e n a ç ã o ( for m alização) e com plex idade ( div isão do t rabalho e depar t am ent alização) . Tais cat egor ias, segundo Hall ( 2 0 0 4 ) , podem ex ist ir em det er m inadas or ganizações, em m aior ou m enor gr au, dev endo, dessa m aneir a, ser em concebidas com o um

cont inuum .

De acor do com Hat ch ( 1997) , a ce n t r a liz a çã o est á associada ao plano em que as decisões são t om adas dent r o da or ganização. A cent r alização const it ui- se com o o m eio m ais cer r ad o d e coor d en ar a t om ad a d e d ecisão n o am b ien t e or ganizacional ( MI NTZBERG, 2003) . Per cebem os, a par t ir da cont r ibuição dos au-t or es explanados, que esse au-t er m o diz r espeiau-t o ao gr au em que a au-t om ada de deci-sões est á con cen t r ad a em u m ú n ico p on t o d a or g an ização. Min t zb er g ( 2 0 0 3 ) com plem ent a, ao ar gum ent ar que a cent r alização est á r elacionada com o t ipo de am bient e no qual a or ganização est á inser ida, por exem plo, em am bient es t ur bu-lent os ou inst áveis, opt a- se pela cent r alização da aut or idade; caso cont r ár io, des-cent r aliza- se o pr ocesso de t om ada de decisão. Por out r o lado, Law r ence e Lor sh ( 1967 apud STONER; FREEMAN, 1992) apont am que, em am bient es t ur bulent os, a

3 No caso específico do pr ocesso de em pr esar ização, ent endem os que a per cepção da r ealidade

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descen t r alização é apr opr iada, pois possibilit a m aior agilidade n a r esolu ção de pr oblem as.

Além de est ar r elacionada com a t om ada de decisão, a cent r alização r efer e-se, t am bém , à m aneir a com o as at ividades são avaliadas. Por avaliação, ent ende-m os, coende-m base eende-m Hall ( 2004) , a det er ende-m inação de t r abalho a ser r ealizado de m odo apr opr iado, cer t o ou pon t u al. Segu n do esse au t or, qu an do a avaliação é efet u ada por pessoas n o t opo da or gan ização, h á cen t r alização, in depen den t e-m ent e do nível ee-m que as decisões sej ae-m t oe-m adas. Assie-m , a par t icipação na t o-m ada de decisão não quer dizer que a or ganização possua uo-m a est r ut ur a descen-t r alizada, pois, pode hav er gr ande aber descen-t ur a par a opiniões, m as a decisão esdescen-t ar concent r ada sob o com ando de poucos ( VOLBERDA, 1998) . Com plem ent ando es-sas colocações, Hall ( 2004) ar gum ent a que a alt a cent r alização leva a supor que os m em br os pr ecisam de um cont r ole est r it o; por out r o lado, a baixa for m alização suger e que os m em br os podem dir igir a si pr ópr ios. Tal afir m at iva r esgat a um a ou t r a idéia pr opost a por esse au t or, de qu e est r u t u r as alt am en t e cen t r alizadas não possuem confiança em seus indivíduos, t ant o no pr ocesso decisór io com o na sua pr ópr ia av aliação. Por out r o lado, a r ecípr oca não necessar iam ent e é v er da-deir a, pois um a or ganização pode apr esent ar um a est r ut ur a descent r alizada por m er a necessidade de sobr ev iv ência e/ ou de adapt ação ao am bient e.

Por coor de na çã o, ent endem os o processo de int egrar obj et ivos e at ividades de unidades de t r abalho separ adas ( depar t am ent os ou ár eas funcionais) com o obj et iv o de r ealizar com ef icácia os obj et iv os da or gan ização. De acor do com Mint zberg ( 2003) , a est rut ura organizacional envolve duas exigências básicas, quais sej am : a divisão do t rabalho em diferent es t arefas ( com plexidade, diferenciação) e a consecução da coordenação ( int egração) ent re t ais t arefas. Desse m odo, o aut or apr esent a cinco m ecanism os de coor denação que podem abr anger as m aneir as fundam ent ais pelas quais as or ganizações coor denam suas t ar efas, confor m e se-guem : 1) o aj ust e m út uo – a coordenação do t rabalho é feit a pelo processo sim ples da com unicação inform al; 2) a supervisão diret a – coordena- se por m eio de um a pessoa que é responsável pelo t rabalho dos out ros, dá inst ruções a eles e m onit ora suas ações; e 3) a padronização, ou sej a, at ravés de norm as escrit as e pré- elabo-radas. Nesse caso, cada funcionário não deve se preocupar com o que o out ro faz, pois cada um j á sabe o que é esperado do out ro. A padronização pode ser de t rês t ipos, a saber: padronização dos processos de t rabalho, padronização dos out put s ( pr odut o ou desem penho) e padr onização das habilidades.

É im por t ant e r egist r ar que, de acor do com Mint zber g ( 2003) , na pr opor ção em que o t r abalho or ganizacional se t or na m ais com plexo, os m eios que facilit am a coor denação par ecem m udar, do aj ust am ent o m út uo para a super visão dir et a, e depois par a a padr onização, de pr efer ência par a a dos pr ocessos de t r abalho, ou, caso con t r ár io par a a das saídas, ou ain da par a a das h abilidades, f in alm en t e r ever t endo par a o aj ust am ent o m út uo inicial. Assim , dependendo da for m a com o os m ecan ism os de coor den ação, h ier ar qu ia e cen t r alização est ão com bin ados, difer ent es t ipos de est r ut ur a ser ão or iginados.

Consider ando que a padr onização const it ui- se com o um dos elem ent os de coor denação e que est a apr esent a a car act er íst ica de est abelecer ou for m alizar padr ões e nor m as, podem os afir m ar que a for m alização t am bém é um a for m a de se obt er coor denação e cont r ole. De acor do com Hat ch ( 1 9 9 7 ) , a for m alização im plica no gr au em que são explícit as as r egr as, nor m as, polít icas e pr ocedim ent os q u e g o v er n a m a s a t i v i d a d es o r g a n i za ci o n a i s. Seg u n d o Mi n t zb er g ( 2 0 0 3 ) , a for m alização pode ser de t r ês t ipos: 1) por função – quando as especificações são associadas à função em si, com o em um a descr ição de t ar efas; 2) por flux o de t r abalho - quando as especificações são associadas ao t r abalho; e 3) por nor m as, quando as especificações são em it idas par a o ger al.

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eces-sár ias são for necidas pela em pr esa) , a socialização ( dout r inam ent o que os funcio-nár ios r ecebem ao ingr essar na or ganização) e a especialização do t r abalho ( m odo pelo qual o t r abalho é dividido em t ar efas individualizadas) , t am bém , const it uem for m as de se coor denar.

Resg at an d o a id éia d e q u e a est r u t u r a é f or m ad a p ela d if er en ciação e int egr ação das unidades da em pr esa, na m edida em que um a or ganização au-m ent a o núau-m er o de suas at ividades, ela necessit ar á de uau-m a au-m aior difer enciação e int egr ação. Difer enciação por que ela pr ecisar á de um a diver sificação das at ivida-des as quais r ealiza, bem com o de int egr ação par a t or ná- la coesa e capaz de unir difer ent es unidades dent r o do m esm o am bient e or ganizacional. Assim , quando se fala em difer enciação, indir et am ent e, est am os nos r efer indo, t am bém , a com plexi-dade, div isão do t r abalho e depar t am ent alização.

Desse m odo, com o últ im o elem ent o for m ador da est r ut ur a, a com ple x ida

-de , confor m e salient ado, est á associada ao conceit o t ant o -de difer enciação hor

i-zo n t a l ( d i v i sã o d o t r a b a l h o ) , q u a n t o d e d i f er en ci a çã o v er t i ca l ( h i er a r q u i a ) . Com plem ent ando essa colocação, Hall ( 2004) ar gum ent a que exist em t r ês, e não dois elem ent os que per m it em avaliar a com plexidade: a difer enciação hor izont al, a difer enciação v er t ical e a disper são geogr áfica.

A difer enciação hor izont al, par a Hall ( 2 0 0 4 ) , r efer e- se ao m odo com o as t ar ef as desem pen h adas pela or gan ização são su bdiv idas. No en t en dim en t o de Mint zber g ( 2003) , a especialização hor izont al do t r abalho dem onst r a com o a or -gan ização su bdiv ide in ú m er as t ar efas e as dist r ibu i par a seu s fu n cion ár ios. De acor d o com Hall ( 2 0 0 4 ) , a d if er en ciação v er t ical, ou h ier ár q u ica, r ef er e- se à est r at ificação da hier ar quia que, por conseguint e, det er m ina a dist r ibuição da au-t or idade. A par au-t ir da especialização ver au-t ical do au-t r abalho, separ a- se o desem penho do t r abalho de sua adm inist r ação, ou sej a, o indivíduo sim plesm ent e execut a um a det er m in ada at iv idade, n ão sen do possív el r ealizar a t om ada de decisão sobr e seu t r abalho; est a fica a car go de um chefe sit uado acim a na hier ar quia. A disper -são geogr áfica, suger ida por Hall ( 2 0 0 4 , p. 5 3 ) , “ é um a for m a de difer enciação h or izon t al ou v er t ical, ist o é, as at iv idades e o pessoal podem est ar disper sos geogr aficam ent e, de acor do com as funções hor izont ais ou ver t icais, por m eio da separação dos cent r os de poder ou das t ar efas”. Desse m odo, a par t ir do conceit o de com plex idade, podem os dizer que, quando se est á difer enciando hor izont al-m ent e ual-m a or ganização, se est á, ou colocando especialist as alt aal-m ent e t r einados p ar a d esem p en h ar u m a at iv id ad e, ou p or m en or izan d o as at iv id ad es p ar a q u e sej am r ealizadas por pessoas não especializadas, ou sej a, est á sendo r ealizada a divisão do t r abalho ( HALL, 2004) . Na m edida em que há essa fr agm ent ação das at iv idades, a t en dên cia é agr u pá- las em depar t am en t os, ou sej a, r ealiza- se a depar t am ent alização ( funcional ou div isional) .

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às alt er ações das var iáveis cont ingenciais ( t am anho, t ecnologia, am bient e, est r a-t égia, dena-t r e oua-t r as) , ou sej a, um a v ez m odificadas as v ar iáv eis cona-t ingenciais, nov os ar r anj os est r ut ur ais sur gir iam e alt er ar iam o gr au de r igidez em que os elem en t os est r u t u r ais est ão p r esen t es n u m a or g an ização, g er an d o u m a n ov a configur ação est r ut ur al, m ais flexível.

Sistematizando a Discussão

Ten d o em v ist a a p r o p o st a d est e est u d o, en t en d em o s q u e, ap esar d e id en t if icar o q u e é com u m n as or g an izações em q u est ão, ao p er m an ecer m os aber t os par a per ceber a in div idu alidade, os sign if icados m ú lt iplos, os m ot iv os, as aspir ações, as cr en ças, os v alor es e as at it u des ( espaço m ais pr of u n do das r elações) , con sid er am os r elev an t e ad ot ar u m a ab or d ag em p r ed om in an t em en -t e qu ali-t a-t iv a ( in -t er pr e-t a-t iv a) . De acor do com Vieir a e Z ou ain ( 2 0 0 6 ) , a u -t iliza-ção dessa abor dagem , além de per m it ir m aior f lex ibilidade ao pesqu isador n a ad eq u ação d o r ef er en cial t eór ico ao f en ôm en o em est u d o, p ossib ilit a u m co-n h eci m eco-n t o d et al h ad o so b r e u m f eco-n ô m eco-n o sem sep ar á- l o d e seu co co-n t ex t o . A s s i m , d a d o o c a r á t e r d o e s t u d o e c o n s i d e r a n d o q u e b u s c a m o s o ap r of u n d am en t o a r esp eit o d e u m a d et er m in ad a r ealid ad e/ f en ôm en o ( en t en -der os por qu ês e com o acon t ece) , n os clu bes de f u t ebol ( n ív el or gan izacion al) , j u lgam os per t in en t e u t ilizar o m ét odo de est u do de casos m ú lt iplos.

Além d isso, com o n est e est u d o o u n iv er so d e p esq u isa est á d elim it ad o aos clu bes de f u t ebol qu e par t icipar am do Cam peon at o Br asileir o de 2 0 0 5 dos est ados de San t a Cat ar in a e do Rio Gr an de do Su l, com o obj et iv o de r ealizar u m e s t u d o c o m p a r a t i v o c o m u m c l u b e d e c a d a e s t a d o , a s o r g a n i z a ç õ e s selecion adas f or am : o Figu eir en se Fu t ebol Clu be e o Spor t Clu b I n t er n acion al. Nessas o r g an i zaçõ es p r o cu r am o s o b t er i n f o r m açõ es d aq u el es m em b r o s q u e p o s s u ía m m a i o r c o n h e c i m e n t o s o b r e o a s s u n t o d e s t e t r a b a l h o o u m a i o r r ep r esen t at iv id ad e p er an t e ou t r os m em b r os n essas or g an izações, t ais com o: p r esid en t es, v ice- p r esid en t es, d ir et or es, g er en t es, r ep r esen t an t es e f u n cion á-r ios. Aliás, n est a pesqu isa f oá-r am á-r ealizadas en t á-r ev ist as sem i- est á-r u t u á-r adas com m e m b r o s d e t o d a s e s s a s c a t e g o r i a s , t o t a l i z a n d o 1 5 e n t r e v i s t a s - 8 n o Figu eir en se e 7 n o I n t er n acion al. En t r et an t o, dev ido ao t eor das declar ações, pr et en den do m an t er em sigilo as iden t idades dos en t r ev ist ados, com v ist as a ev it ar q u aisq u er con seq ü ên cias p ar a os m esm os, n ão id en t if icam os n en h u m d os en t r ev i st ad os. Con t u d o, com b ase n essas i n f or m ações, é p ossív el d i zer qu e t an t o o pr ocesso de seleção das or gan izações, qu an t o o pr ocesso de sele-ção dos su j eit os são classif icados com o n ão- pr obabílist ico por j u lgam en t o.

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Br asileir o, m as, con sider an do r epr esen t at iv idade e t r adição dos clu bes n o ce-n ár io ce-n acioce-n al, opt am os por selecioce-n ar o Spor t Clu b I ce-n t er ce-n acioce-n al e 3 ) em r ela-ção a d u r aela-ção d as en t r ev ist as, salien t am os q u e est as t iv er am u m a d u r aela-ção m édia de u m a h or a cada u m a.

Com o obj et iv o de obt er dif er en t es per spect iv as ( com plem en t ar es ou con -t r adi-t ór ias) de u m m esm o obj e-t o de in v es-t igação, é im per a-t iv a a u -t ilização de d i v er sas f o r m as d e co l et a d e d ad o s. Desse m o d o , n a p r esen t e p esq u i sa o s dados f or am colet ados das segu in t es f or m as: 1 ) colet a de dados secu n dár ios – est at u t os, at as de r eu n iões, docu m en t os con t ábeis, algu m as n or m as de f u n ci-on am en t o, in f or m at iv os in t er n os ( dest in ados aos f u n cici-on ár ios) e ex t er n os ( dest in ados ao pú blico ex dest er n o) , f older es, r ev isdest as de cada u m dos clu bes, r egim en -t os in -t er n os, r eg u lam en -t os, si-t es, r ev is-t as esp ecializad as, p r og r am as d e -t ele-v isão e de r ádio; e 2 ) colet a de dados pr im ár ios – en t r eele-v ist a sem i- est r u t u r ada aplicada a par t ir do con t at o dir et o e da obser v ação.

Após os dados colet ados, con sider an do a per spect iv a pr edom in an t em en t e qu alit at iv a dest e est u do, u t ilizam os a t écn ica da an álise cat egor ial de con t eú -d o ( BARDI N, 1 9 8 8 ) p ar a an alisar t an t o os -d a-d os secu n -d ár ios com o os -d a-d os pr im ár ios. Segu n do Bar din ( 1 9 8 8 ) , a an álise cat egor ial de con t eú do f u n cion a a par t ir do desm em br am en t o do t ex t o em u n idades ( dif er en ciação) , em cat egor i-as ( su b - cat eg or ii-as, n esse ci-aso) e, em seg u id a, p elo r eag r u p am en t o seg u n d o o gên er o ( an alogia) dos dados colet ados. Tal an álise, car act er iza- se, t am bém , por u m con j u n t o de t écn icas de an álise das com u n icações, v isan do, por pr oce-d im en t os sist em át icos e ob j et iv os oce-d e oce-d escr ição oce-d o con t eú oce-d o oce-d as m en sag en s, obt er in dicador es qu an t it at iv os ou n ão, qu e per m it am a in f er ên cia de con h eci-m en t os r elat iv os às con d ições d e p r od u ção/ r ecep ção ( v ar iáv eis in f er id as) d as m en sagem . Com o f or m a de sist em at izar esse it em , Bar din ( 1 9 8 8 ) su ger e t r ês f ases f u n dam en t ais, qu e f or am u t ilizadas n o pr esen t e t r abalh o, par a se pr oce-der a u m a an álise de con t eú do: ( 1 ) a pr é- an álise, qu e se r ef er e à or gan ização do m at er ial obt ido ( t r an scr ição das en t r ev ist as e or gan ização do m at er ial se-cu n dár io) ; ( 2 ) a descr ição an alít ica, qu e con sist e n a codif icação, classif icação e cat egor ização dos dados ( agr u pam en t o t an t o das en t r ev ist as com o dos dados secu n dár ios por cat egor ias de an álise – com plex idade, m ecan ism os de coor den ação e ceden t r alização) ; e ( 3 ) o t r at am eden t o dos r esu lt ados, et apa em qu e ocor -r e a in t e-r p-r et ação dos dados ( iden t if icação t an t o do qu e e-r a com u m , com o das p ar t icu lar id ad es ex ist en t es n as or g an izações p esq u isad as) .

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o&s - v. 1 6 - n . 4 8 - Ja n ei r o / Ma r ço - 2 0 0 9 Qu a dr o 1 - D e fin içã o Ope r a cion a l de Est r u t u r a

Sub

-ca t e g oria s I ndi ca dor e s De t a lh a m e nt o

Di vi sã o do t r ab al ho

É o m od o co m o o tr a ba lh o é d iv id id o na or g an izaçã o. Car a ct er iza a d i fer en cia çã o hor i zon ta l.

Hi er ar q u ia Refe r e- se à d istr i bu içã o d e a ut or i d ad e em d if er en t es n ívei s. Ca r acte r iza a d ife r en ci ação ve r tica l.

Com ple x ida de

De p ar ta me n -t al ização

É o ag r u pa m en to d as at iv id ad es em u n id ad es a d mi ni str a tiv as.

A j ust e m ú tu o Coo r de na ção do tr a ba lh o pe lo pr o ce sso si m pl es d a co m un ica çã o i nf or m al .

S up er v isão d ir e ta

A tr i bu içã o d a r e sp on sab il id ad e da s at ivi d ade s de u m g r u po p ar a ap en as u m in di vídu o .

Pad r on iza çã o Rea li za a co or d en ação a pa r ti r da pa dr o n ização d as h a bi li da de s, d os p ro cesso s e d os p r od u to s.

Coor de n a çã o

For m al ização

G ra u em q ue são exp l ícit as as r e gr as, no r m as, p o líti ca s e p r oced im e nt os q ue g ov er n am as a ti vi da de s or g an izaci on ai s.

Tom a da d e d eci sã o

D escr ev e o g r au em q ue a au to r id ad e e stá

co nce nt r ad a e o níve l d e p ar t icip açã o d os m em b r os.

Cen t r a liza ç ã o

A val ia çã o de r e su l ta do s

Refl et e o g r au em q ue o s r e su lt ad o s sã o a val ia do s p o r níve is h ie rá r qu ico s su p er io r es.

Fon t e: elabor ado pelos au t or es

As en t r ev ist as, an ot ações d as ob ser v ações e os t ex t os d os d ocu m en t os f or am classif icados segu n do esses in dicador es e su b- cat egor ias, e or gan izados confor m e a dir eção que indicavam .

Apresentando as Organizações

Nest a et apa, de m aneira sint ét ica, m as com o obj et ivo de cont ext ualizar t em -poralm ent e cada um a das organizações selecionadas, apresent am os um breve le-vant am ent o hist órico do Figueirense Fut ebol Clube e do Sport Club I nt ernacional.

O Figu eir en se Fu t ebol Clu be f oi f u n dado em 2 1 de j u n h o de 1 9 2 1 e, de acor do com os ent r evist ados, sua hist ór ia pode ser dividida em dois m om ent os: o pr im eir o, com pr eendido ent r e os anos de 1921 e 1998, e um segundo, que inicia em 1999 e se m ant ém at é o pr esent e m om ent o. No pr im eir o per íodo, de acor do com os ent r evist ados 3, 6 e 7, o clube sem pr e t eve a m esm a for m a de adm inist r ar as su as at iv idades. Ou sej a, n a per cepção deles, o m odelo de gest ão adot ado pelo clu be er a car act er izado pelo am ador ism o n a gest ão, pelo v olu n t ar iado da pr esidência e pela dificuldade em obt er r ecur sos e pat r ocínios. Tais caract er íst icas, segundo eles, im pediam o clube de obt er r esult ados dent r o de cam po e, conse-qüent em en t e, im possibilit av am - n o de est ar n a elit e do f u t ebol br asileir o.

Mais t ar de, bu scan do r ev er t er a sit u ação n a qu al se en con t r av a o clu be e, con f or m e o en t r ev ist ad o 4 , “ id en t if ican d o u m a op or t u n id ad e d e m er cad o”, em 1 9 9 9 , q u at or ze em p r esár ios d a r eg ião r ealizar am u m ap or t e f in an ceir o e lan çar am u m a n ov a pr opost a de adm in ist r ação do clu be: a gest ão pr of ission al ( q u a n d o su r g e a Fi g u e i r e n se Pa r t i ci p a çõ e s) . A i m p o r t â n ci a e a f u n çã o d a Figu eir en se Par t icipações S/ A par a o Figu eir en se podem ser com pr een didas a par t ir da declar ação do en t r ev ist ado 7 : “ a Figu eir en se Par t icipações cu m pr e u m p ap el m u it o im p or t an t e n a t r an sf or m ação d o Fig u eir en se em clu b e- em p r esa, con st it u in do- se com o u m br aço do Figu eir en se, r espon sáv el por ex plor ar esse

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Mais que isso, apont ado pelos ent r evist ados com o o r esponsável por lançar essa idéia, Paulo Pr isco Par aíso, em um a ent r evist a à Revist a Cat ar inense do Ad-m inist rador, esclar ece as ações iniciais dessa nova par cer ia:

Qu an d o im p lan t am os a g est ão p r of ission al em d ezem b r o d e 9 8 , en con t r am os um clube que t inha um a adm inist r ação infor m al, não hav ia pr ocedim ent os nem fer r am ent as adm inist r at iv as [ . . . ] Quando o conselho assum iu, pr ior izam os qua-t r o ações; a pr im eir a delas foi j usqua-t am enqua-t e colocar or dem na casa, ou sej a, cr iar as r ot in as ad m in ist r at iv as q u e n ão ex ist iam ; a seg u n d a f oi san ear as d ív id as at r av és de par cer ias e negociações; a t er ceir a ação foi r ecuper ar um pat r im ônio que est av a dilapidado; por fim , fizem os pesados inv est im ent os no Depar t am en-t o de Fuen-t ebol Pr ofissional e nas divisões de base, afinal, o ‘pr oduen-t o’ do clube é o seu at let a4.

At ualm ent e, segundo os ent r ev ist ados, após t odas essas t r ansfor m ações, o Figueir ense sofr eu pr ofundas m odificações, com o discor r e o ent r ev ist ado 5: “ o clube m udou com plet am ent e, quando eles assum ir am o clube, m udar am com ple-t am enple-t e a m aneir a com o esse clube esple-t av a or ganizado. Mudando pr incipalm enple-t e a par t e de com o adm inist rar, colocando um m aior núm er o de funcionár ios”.

Finalm ent e, ao ser em quest ionados a r espeit o dos planos fut ur os do clube, t odos os ent r evist ados for am concisos em dizer que o obj et ivo do clube é um t it ulo n acion al n os p r óx im os cin co an os. Além d isso, seg u n d o eles, a t en d ên cia d o Figueir ense é cont inuar se pr ofissionalizando, m oder nizando se, for t alecer a m ar -ca Figueir ense, est ar na vanguar da do fut ebol brasileir o, bus-car, por m eio da or-ganização adm inist r at iva, o m elhor r esult ado dent r o de cam po e, confor m e o en-t r ev isen-t ado 3 , “ con en-t in u ar cam in h an do passo a passo par a a con dição de clu be-em pr esa, adot ando um a gest ão r ealm ent e pr ofissional”.

Por out r o lado, fundado no dia 4 de abr il de 1909, o Spor t Club I nt er nacional possui um desenvolvim ent o m ais gr adual que o do Figueir ense, ou sej a, enquant o a hist ór ia do Figueir ense pode ser div idida em dois m om ent os, no I nt er nacional per cebe- se u m a cer t a sem elh an ça cr on ológica en t r e o pr ocesso de desen v olv i-m ent o do fut ebol no Br asil e o seu desenvolvii-m ent o, pois gr ande par t e das fases at r av essadas por esse clube são condizent es, num a per spect iv a t em por al, com as t r ansfor m ações ocor r idas com o fut ebol no Br asil ( am ador - pr ofissional- em pr e-sa)5. Desse m odo, esse clu be, desde m u it o cedo ( an os 8 0 ) , com eça a r ealizar ações par a com er cializar o fut ebol. Ent r et ant o, segundo os ent r evist ados, as gr an-des m odificações com eçaram a ocor r er, a par t ir de 1998, por influência da Lei Pelé. A par t ir desse m om ent o, o clube ( os dir igent es) com eça a dem onst r ar um a gr ande pr eocupação com o pr ofissionalism o na gest ão, int ensificou a idéia de que o clube deve ser t r at ado com o um a em pr esa e que o fut ebol é um pr odut o. Com o ilust r a o ent r ev ist ado 10:

[ nesse per íodo] os dir igent es passar am a ent ender que é necessár ia a ocupação de out r os espaços e não som ent e aquele espaço no qual ele est á focado [ ...] at é por qu e, h oj e, os clu bes qu e se pr opu ser am a segu ir esse cam in h o com o, por ex em p lo, o São Pau lo, o San t os e o Cr u zeir o, q u e est ão n esse p r ocesso d e m u dan ça de post u r a, con segu ir am con qu ist as im por t an t es [ . . . ] os qu e n ão se pr eocupar am com isso, est ão passando por m om ent os delicados com o, por exem -p l o , o Fl a m e n g o , o Va sco , o Fl u m i n e n se [ . . . ] e sse s cl u b e s a g o r a e st ã o se r eer guendo. De que m aneir a? Per cebendo que não ex ist e out r o j eit o [ ...] que o n eg ócio é p r of ission alizar, f ocar o n eg ócio e t r an sf or m ar aq u ilo n u m p r od u t o. Com o se fosse u m a em pr esa. Mas isso é u m a m u dan ça cu lt u r al. Por cu lpa da ent r ada de gr andes em pr esas no país e por causa da globalização, as pessoas passar am a t er um ent endim ent o com plet am ent e difer ent e, passar am a visualizar o m er cad o.

Em busca dessa nova post ur a de gest ão, o I nt er nacional ader iu, em 2003, ao Pr ogr am a Gaúcho de Qualidade e Pr odut ividade ( PGQP) , obj et ivando buscar a

4 Disponível em : < ht t p: / / w w w .figueir ense.com .br > . Acesso em : 07 de j ulho de 2005.

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ex celência na gest ão e ex pandir suas at iv idades com er ciais ( fidelização de clien-t es e am pliação do m ix de pr oduclien-t os) . Desse m odo, no ano seguinclien-t e, após um r em odelam ent o e um a m odificação das at ividades do clube, a par t ir dos cr it ér ios est abelecidos por esse pr ogr am a, foi confer ido ao Spor t Club I nt er nacional o cer -t ificado I SO 9001. Segundo o pr esiden-t e do clube na época, Fer nando Car v alho, esse pr ogr am a busca a “ m oder nização da adm inist r ação do clube. Sem pr e se r e-clam ou que o I nt er er a adm inist r ado por um sist em a ar caico, e nós est am os t en-t ando nos adapen-t ar a um a m oder nidade por inen-t er m édio da busca pela ex celência dent r o da nossa gest ão”6. Assim , após algum as r euniões com os consult or es do PGQP, o I nt er nacional r eest abeleceu sua m issão, sua v isão, seu negócio e seus pr incípios de condut a. Dent r e esses m er ece dest aque o conceit o de negócio de t al or ganização: “ fut ebol de alt a per for m ance, for m ação de at let as de ex celência e valor ização da m ar ca do clube”.

Impactos da Empresarização

na Configuração Estrutural

Par t indo dos elem ent os for m ador es da est r ut ur a ( com plex idade, m ecanis-m os de coor denação e cent r alização) ecanis-m encionados sobr e est r ut ur a or ganizacional do pr esent e t ex t o, na seqüência, consider ando o espaço disponív el, apr esent a-m o s u a-m a sín t ese d a s p r i n ci p a i s ca r a ct er íst i ca s est r u t u r a i s i d en t i f i ca d a s n o Figueir ense Fut ebol Clube e no Spor t Clube I nt er nacional.

De um a m aneir a ger al, t ant o no Figueir ense Fut ebol Clube com o no Spor t Club I nt er nacional, cor r obor ando a afir m ação de que a est r ut ur a de um a or gani-zação é con st an t em en t e r econ st r u íd a, f eit a p or Ran son ; Hin in g s; Gr een w ood ( 1980) , ident ificam os, a par t ir das infor m ações colet adas, a const ant e r eadapt ação da est r ut ur a confor m e novas exigências ou novos obj et ivos assim ilados por essas or ganizações. Essa condição foi for t em ent e ev idenciada no Figueir ense, por ser m ais r ecent e e m ais “ br usca”, com o afir m ou o ent r evist ado 1:

A est r ut ur a do clube v ai m udando confor m e o t em po, e as ex igências v ão sur -gindo. Por ex em plo, at é 2001, o Figueir ense não t inha assessor ia de im pr ensa, agor a j á t em at é psicóloga que cuida das cat egor ias de base do clube, ou sej a, desde que eu ent r ei, at é hoj e, m uit as pessoas ent r ar am no clube e m uit os car -gos f or am cr iados.

Por out r o lado, no I nt er nacional, em bor a os ent r evist ados ar gum ent em acer ca da const ant e cr iação, m odificação e/ ou adapt ação da est r ut ur a e de gest ão, não se ev iden ciou u m cr escim en t o est r u t u r al t ão in t en so com o aqu ele apr esen t ado pelo out r o clube. Pelo cont r ár io, no at ual cont ext o, enquant o o Figueir ense apr e-sent a um a cr escent e expansão est r ut ur al ( cr iação de car gos, cont r at ação de fun-cionár ios) , no I nt er nacional, t alv ez por est ar const it uída, consolidada e est agna-da há m uit o m ais t em po, a pr eocupação com a expansão é subst it uíagna-da pela pr eo-cupação com o enxugam ent o da est r ut ur a, com o afir m a o Vice- Pr esident e de Ad-m inist r ação na época da ent r ev ist a, ao discor r er sobr e a pr eocupação do clube com os gast os e com o enxugam ent o da est r ut ur a do clube: “ em 2002, t ínham os 68 funcionár ios; em 2003, 47 funcionár ios; e, em 2004, 45 funcionár ios; consegui-m os r eduzir o núconsegui-m er o de funcionár ios e, aqueles que ficar aconsegui-m , desenv olv ê- los”7. I st o cor r obor a nossa pr eocupação em r ecuper ar as t r ansfor m ações est r ut ur ais ao longo da hist ór ia do clube e de consider ar a possibilidade de que a int ensificação do pr ocesso de em pr esar ização n ão r em et a a u m a est r u t u r a m ais bu r ocr át ica, m as j á incor por e as alt er nat ivas que as em pr esas vêm desenvolvendo em t er m os est r ut urais, ou sej a, um a cer t a flex ibilidade. É im por t ant e salient ar, no ent ant o, que em bor a o I nt er nacional venha dim inuindo o núm er o de t r abalhador es, por t er

6 Disponível em : < ht t p: / / w w w .int er nacional.com .br > . Acesso em : 07 de j ulho de 2005.

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com eçado há m ais t em po o pr ocesso de em pr esar ização, o clube passou por ní-v eis elení-v ados de bur ocr at ização no que t ange à com plex idade, seguindo aquilo que m uit os t eór icos põem em evidencia, ou sej a, a necessidade de passar por um elevado gr au de bur ocr at ização par a som ent e, ent ão, adot ar est r ut ur as m ais fle-x ív eis.

Assim , ent endem os que o gr au das m udanças apr esent adas var iam , consi-der avelm ent e, de um a or ganização par a out r a. De fat o, as alt er ações est r ut ur ais est abelecidas no Figueir ense, à pr im eir a v ist a, não r em et em à idéia de gr andes t r ansfor m ações, m as, em bor a alguns ent r evist ados não concor dem , essas alt er a-ções desencadear am um a sér ie de m udanças que afet ar am a com plex idade es-t r ues-t ur al dessa or ganização. Desse m odo, com a incor por ação e oficialização da Figueir ense Par t icipações com o ór gão de gest ão do clube, em busca de opor t uni-dades no m er cado, for am cont r at ados m ais funcionár ios par a o set or Adm inist r a-t ivo ( em a-t or no de 50) e os ligados dir ea-t am ena-t e ao fua-t ebol ( m édicos, fisioa-t er apeu-t as e psicólogos par a apeu-t odas as caapeu-t egor ias) , cr iar am - se novos car gos e novas fun-ções, aum ent ando a com plex idade est r ut ur al do clube. Essa com plex idade, por sua v ez, afet a dir et am ent e os m ecanism os de coor denação das at iv idades, bem com o a dist r ibuição de poder dent r o da or ganização ( cent r alização) . É im por t ant e at ent ar, ainda, para o fat o de que a est r ut ur a do Figueir ense é separada da est r u-t ur a da Figueir ense Par u-t icipações que se ocupa da gesu-t ão; logo, aum enu-t ando a com plex idade est r ut ur al.

No I nt er nacional, quando os ent r ev ist ados ar gum ent ar am que as t r ansfor -m ações est r ut ur ais for a-m ir r elev ant es, per cebe-m os que essa hipót ese pode ser v er dadeir a, segu n do r elat o de u m en t r ev ist ado qu e est á h á qu ase 3 0 an os n o clube: “ Desde o t em po em que eu ent r ei aqui no clube, o clube m ant ém a m esm a for m a de est r ut ura”. Realm ent e, pelo fat o de o clube apr esent ar há m uit o t em po ( m ais de 15 anos) , se com par ado ao Figueir ense, um a alt a com plexidade est r ut u-r al, a pont o de ident ificau-r a necessidade de enxugam ent o, os im pact os das alt eu-r a-ções est r ut ur ais, est at ut ár ios ou não, dessa or ganização, for am m ínim os em r ela-çã o à q u e l e s r e a l i za d o s n a o u t r a o r g a n i za ela-çã o p e sq u i sa d a . Ap ó s e ssa b r e v e co n t e x t u a l i za çã o , é p o ssív e l t r a ça r a s p r i m e i r a s i m p r e ssõ e s d a e st r u t u r a or ganizacional do Figueir ense e do I nt er nacional. Podem os afir m ar, por ex em plo, que o I nt er nacional possui um a est r ut ur a r elat ivam ent e gr ande e que o Figueir ense encont r a- se em um pr ocesso de ex pansão est r ut ur al.

Em sín t e se , n o q u e co n ce r n e à co m p l e x i d a d e ( d i v i sã o d o t r a b a l h o , depar t am ent alização e hier ar quia) dessas or ganizações, ident ificam os que o I n-t er nacional é esn-t r un-t ur alm enn-t e m ais com plexo, possui um a elevada r igidez na divi-são do t r abalho, um a depar t am ent alização funcional que chega a com pr om et er o r elacionam ent o ent r e depar t am ent os e um a hier ar quia de aut or idade que v ar ia pr opor cionalm ent e à com plex idade hor izont al. Difer ent em ent e, o Figueir ense não p o s s u i u m a d i v i s ã o d o t r a b a l h o t ã o c l a r a , a p r e s e n t a n d o u m a f o r m a d e depar t am ent alização funcional confusa, um a vez que não obedece cr it er iosam ent e às det er m inações est abelecidas no est at ut o do clube. Por exem plo, o ger ent e de

Mar ket ing é v inculado à Vice- Pr esidência de Finanças. Além disso, consider am os

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Figueir ense, a gent e é m uit o “ pessoa” e não função. É fr io, é m at er ialist a, m as esse é o m undo capit al”.

Ret om an do a idéia ex post a n o r ef er en cial dest e t r abalh o, de qu e a est r u -t u r a d e u m a or g an ização é f or m ad a p ela d if er en ciação e in -t eg r ação d e su as at iv id ad es, en t en d em os q u e, ao f r ag m en t ar as at iv id ad es, é p r eciso in t eg r á-las. De acor do com Wagn er I I I e Hollen beck ( 2 0 0 0 ) , o pr ocesso de in t egr ação v iabiliza se com o u so de m e ca n ism o s d e co o r d e n a çã o ( aj u st e m ú t u o, su per -v i s ã o d i r e t a , p a d r o n i z a ç ã o , f o r m a l i z a ç ã o , t r e i n a m e n t o , s o c i a l i z a ç ã o e p r of ission alização) . Assim , n a seq ü ên cia d est e t ex t o, d em on st r am os d e q u e m an eir a os r ef er idos m ecan ism os de coor den ação est ão pr esen t es n as or gan i-za çõ es p esq u i sa d a s.

No que concer ne à pr esença do aj ust e m út uo no Figueir ense, as infor m a-ções colet adas per m it em per ceber que esse er a o m ecanism o básico de coor de-nação ant es de 1999, com o afir m a o ent r evist ado 6: “ Era t udo m eio ‘bagual’, sem nenhum a r ot ina. A gent e fazia o que est ava pr ecisando ser feit o. Por exem plo, vai t er um j ogo de fut ebol [ ...] t odo m undo se m obilizava e t r abalhava em função das n ecessidades do j ogo, colocan do r edes, t r abalh an do n a bilh et er ia, t r abalh an do de por t eir o”. En t r et an t o, segu n do os en t r ev ist ados, com a adoção de u m n ov o m odelo de gest ão desse clube, a cont r at ação de m ais funcionár ios e a exist ência de t r ês dir igent es diar iam ent e no clube, as at ividades com eçar am a ser divididas, coor denadas e super v isionadas, dir et am ent e, por esses m em br os, com o aux ílio de alguns chefes de set or. Por out r o lado, no I nt er nacional, essa for m a de coor de-nação, dev ido a esse t ipo de pr át ica não t er gr ande v alidade, ex ist e em poucas ár eas do clube.

Em r elação à padr onização com o m ecanism o de coor denação, pr ocur am os ident ificar as seguint es for m as de padr onização: padr onização dos pr ocessos de t r a b a l h o , p a d r o n i z a ç ã o d e p r o d u t o s e p a d r o n i z a ç ã o d e h a b i l i d a d e s ( pr ofissionalização, t r einam ent o e socialização) . I nicialm ent e, no que diz r espeit o à padr onização dos pr ocessos de t r abalho, de um a m aneir a ger al, no Figueir ense, ex ist em poucos pr ocedim ent os padr onizados quando com par ado à out r a or gani-zação. No I nt er nacional, segundo os ent r evist ados, pelo fat o da dir et or ia do clube m udar a cada dois anos, caso a at ual não sej a r eeleit a, cr iou- se um a cult ur a, em alguns depar t am ent os, de r ealizar r euniões sem anais com o pr opósit o de definir as ações dos funcionár ios do set or em quest ão. Quant o à padr onização de pr odut os, o único caso evidenciado ocor r eu na Vice pr esidência de Mar keodut ing do I nodut er -n acio-n al. Nesse depar t am e-n t o, ide-n t if icam os, em algu m as at iv idades, com o a pr ospecção de sócios e a capt ação de em pr esas int er essadas em licenciar pr odu-t os com a m ar ca do clube, a exisodu-t ência de m eodu-t as, bem com o o esodu-t abelecim enodu-t o de quant ia m ínim a e de valor es na cont r at ação.

Adem ais, algum as v ezes, nem o t r abalho nem seus r esult ados podem ser p ad r on izad os, ain d a q u e a coor d en ação p ela p ad r on ização p ossa ser ex ig id a. N e s s e c a s o , p a d r o n i z a m - s e a s h a b i l i d a d e s p o r m e i o d o t r e i n a m e n t o , d a pr ofissionalização ou da socialização. No Figueir ense, afor a a t r adicional t r ansm is-são de conhecim ent os par a o funcionár io r ecém cont r at ado, o t r einam ent o - no sent ido de capacit ação ou apr im or am ent o dos dem ais funcionár ios - é com um so-m ent e par a os set or es ligados dir et aso-m ent e ao fut ebol, coso-m o so-m édicos, fisiot er a-peut as, m assagist as e pr ofissionais de Educação Física. Quant o ao I nt er nacional, após a sua adesão ao Pr ogram a Gaúcho de Qualidade e Pr odut ividade- PGQP, em 2003, os t r einam ent os t or nar am - se fr eqüent es não só aos funcionár ios dos set o-r es ligados ao fut ebol, m as, t am bém , aos do set oo-r adm inist o-r at iv o. Nesse clube, ev idenciam os, além de t r einam ent os específicos par a o desenv olv im ent o de um a at iv idade, pr incipalm ent e, par a as ár eas de Pat r im ônio, Mar k et ing e Finanças, a r ealização de out r os cur sos, obj et iv ando a dissem inação de alguns conhecim en-t os r elacionados à adm inisen-t r ação.

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ár ea de Recur sos Hum anos, um adm inist r ador com o ger ent e de Mar ket ing e um cont ador com o ger ent e de Adm inist r ação. O I nt er nacional, além de apr esent ar um gr au de pr ofission alização m u it o m aior qu e o ou t r o clu be, t em a pr et en são de pr ofissionalizar t odo o clube, com o afir m a o Sr. Már io Sér gio Mar t ins, 2° vice- pr esi-dent e do clube na época:

“ Tenho a idéia de que devem os profissionalizar ainda m ais o I nt ernacional; “ passo-a- passo, v am os bu scar o obj et iv o m aior qu e é v er pr ofission ais especializados t r ab alh an d o em t od os os d ep ar t am en t os e VPs, p ar a t er m os a con f ian ça d e est ar m os andando no cam inho cer t o, t r ilhado por especialist as”8.

Por fim , com r elação à for m alização, ident ificam os cer t o gr au de for m alização por nor m as, est at ut os e r egim ent os int er nos, em am bas as or ganizações. Afor a esses docum ent os, únicos pr ocedim ent os for m ais encont r ados no Figueir ense est ão r elacionados aos cr it ér ios de r elacionam ent o do t im e de fut ebol com a im pr ensa. No I nt er nacional, após a adesão do I nt er nacional ao PGQP, ocor r eram m uit as t rans-for m ações, dent r e elas a rans-for m alização por fluxo de t r abalho e pela função. No que diz r espeit o à for m alização por fluxo de t r abalho, quando o r esult ado final é pa-dr onizado e nor m at izado, ev idenciam os essa pr át ica som ent e em duas v ic pr e-sidências, a saber : a Vice- Pr esidência de Assunt os Jur ídicos e a Vice- Pr esidência d e Pat r i m ô n i o . Al ém d i sso , p ar ece ev i d en t e, t am b ém , n essa o r g an i zação , o sur gim ent o da for m alização por função, ou sej a, a descr ição de car gos. Segundo os ent r evist ados, esse t ipo de for m alização com eçou a ocor r er em 2003 e, com o ainda est á sendo desenvolvido e im plem ent ado pelo PGQP, m uit as vice- pr esidên-cias do clube ainda não passar am por esse pr ocesso.

No I n t er n aci on al , ex i st em t od os os m ecan i sm os d e coor d en ação; j á o Figu eir en se, de u m a m an eir a ger al, est á em u m m om en t o de t r an sição do aj u st am en st o m ú st u o par a a su per v isão dir est a com o o pr in cipal m ecan ism o de coor -den ação de su as at iv idades, v ist o qu e, m esm o apr esen t an do ou t r as f or m as de ex er cer esse con t r ole, a r ef er ên cia de pr edom in ân cia n o con t r ole das at iv ida-d es cen t r aliza- se n u m su per ior. No I n t er n acion al, essa qu est ão t or n a- se m ais com plex a, pois, em bor a o clu be cam in h e par a t er com o pr in cipal m ecan ism o de con t r ole a padr on ização, ao dist r ibu ir u m a au t or idade lim it ada ao lon go de t oda su a h ier ar qu ia, cr iou - se u m a con st an t e depen dên cia do f u n cion ár io ao seu n í-v el im ediat am en t e su per ior. Desse m odo, a cú pu la con segu e con t r olar t odas as at iv id ad es q u e d est oam d o cot id ian o d o clu b e, p or m ais q u e ex ist am ou t r as m an eir as de coor den ar as at iv idades, o m ecan ism o f u n dam en t al con t in u a sen -do a su per v isão dir et a.

Co m o ú l t i m o e l e m e n t o co n st i t u i n t e d a e st r u t u r a , a c e n t r a l i z a ç ã o , o p er aci o n al i zad a m ed i an t e o s i n d i cad o r es “ t o m ad a d e d eci são ” e “ av al i ação dos r esu lt ados”, a par t ir das in f or m ações colet adas, pela pr ópr ia com plex idade ap r esen t ad a p or essas or g an izações, f oi p ossív el p r ev er u m a g r an d e p r op en são à cen t r alização. En t r et an t o, p er ceb em os q u e, m esm o os clu b es ap r esen -t an do u m al-t o gr au de cen -t r alização, ex is-t em dif er en ças m ar can -t es com r elação à m an eir a com o a au t or idade est á dist r ibu ída ao lon go das lin h as h ier ár -q u icas n essas or g an izações. En -q u an t o o Fig u eir en se d et ém t od o o p od er d e decisão em u m ú n ico pon t o, o I n t er n acion al o dist r ibu i ao lon go da est r u t u r a. Talvez por essa sit u ação, n est e ú lt im o, ex ist a u m a gr an de depen dên cia h ier ár -q u ica, n a -q u al u m a d et er m in ad a p osição n a est r u t u r a p ossu i u m a au t or id ad e lim it ada e depen de, em m u it os casos, de u m a au t or idade su per ior par a desem -p en h ar su as at iv id ad es.

Aliás, considerando a adesão do I nt ernacional ao PGQP, t alvez esses indícios de descent r alização possam ser m ais um r eflexo da influência da em pr esar ização nesse clube, um a vez que, at ualm ent e, com o j á for a salient ado, exist e um discur -so m u it o f or t e de qu e as em pr esas dev em f lex ibilizar su as at iv idades par a se t or nar em m ais eficient es. Ent r et ant o, em bor a ex ist a a int enção de flex ibilizar a

Referências

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