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Utilização da classificação na prática e no ensino de enfermagem experiência brasileira.

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Academic year: 2017

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RELATO DE EXPERI�NCIA

UTILIAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO NA PÁTICA E NO ENSINO DE ENFERMAGEM

EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

U S E OF TH E C LAS S I F I CATI O N l N P RACTI C E AN O l N T H E TEAC H I N G O F N U RS I N G B RAZ I L lAN EXP E R I E N C E

E L U S O D E LA C LAS I F I CAC I Ó N E N L A P RÁCTI CA Y E N LA E N S E NANZA D E E N F E R M E RíA LA EXP E R I E N C IA B RAS I L E NA

Maria da Graça Oliveira Crossetti' Vera Dias 2

RESUMO: As autoras descrevem as estratégias utilizadas para a construção e implementação de um modelo de classiicação informatizado utilizado no cotidiano profissional de enfermeiros de um hospital u niversitário. A classificação é estruturada nos referenciais teóricos de Benedet e Bub ( 1 999) cuja taxonomia tem por base a teoria das necessidades básicas de Horta(1 979), Carpenito ( 1 997) e NANDA ( 1 999) . O modelo se constitue uma realidade na prática e um avanço na produção do conhecimento da enfermagem brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: enfermagem, processo de enfermagem, classificação

ABSTRACT: The authors describe the strategies used for the construction and implementation of a classification model computerized used in the nurses' of an academical hospital daily professional. The classification is structured in the theoretical reference of Benedet and Bub ( 1 999) whose taxonomia has for base the theory of the basic needs of Horta (1 979), Carpenito ( 1 997) and NAN DA ( 1 999). The model constitute a reality in practice and a progress in the production of the knowledge of the Brazilian nursing.

KEYWORDS: nursing, nursing process, classification

RESU MNEN: Las Autoras describem las estrategias utilizadas para la construción y implementación de um modelo de clasificación informatizado utilizado en el cotidiano profesional de enfermeras de um hospital universitario. La clasificación és estruturada em los referenciales teoricos de Benedet y Bub ( 1 999) cuja taxonomia tiene por base la teoria de las necessidades basicas de Horta ( 1 979), Carpenito ( 1 997) y NAN DA ( 1 999). EI modelo constitue uma realidad en la practica y un avanzo en la produción dei conocimento de la enfermería brasiliena.

Descriptor: enfermeria, procesos de enfermeria, clasificacion

Recebido em 1 2/09/2002 Aprovado em 06/03/2002

, Enfermeira. Doutora em Filosofia em Enfermagem. Pro'. Adjunta da EEUFRGS. Coordenadora do NECE, Grupo de Enfermagem do HCPA e do G ru po de Estudos do Diagnóstico de Enfermagem - GTDE .

2 Enfermeira. Especialista em Gestão em Saúde (UFRGS), e Informática em Saúde pela PUC-RS, atuando junto ao Grupo de Sistemas do HCPA. Membro do GTDE.

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INTRODUÇÃO

A evolução d a produção d o conheci mento na enfermagem expressa o interesse crescente das enfermeiras em descrever os fenômenos que a estruturam enquanto disciplina, fato que lhe confere singularidade e conseqüente identidade. Este desvelar do corpo de con heci mentos específicos define as dimensões da enfermagem , logo sua natureza.

Neste sentido a busca de u m modelo para cuidar tem sido um constante desafio, uma vez que a enfermagem enquanto proissão social está afeta às transformações sócio­ pol íticas e econômicas. Aspectos que têm se caracterizado como importantes determinantes de mudanças no quadro epidemiológico das populações, fazendo ressurgir e/ou eclodir danos ou riscos no processo de viver e ser saudável do ser humano, levando-o a enfrentamentos d iversos diante dos riscos de viver e das possibilidades de morrer. Somando-se a estes se tem o crescente e rápido desenvolvimento tecnológico dos métodos de diagnósticos e tratamentos em saúde, constituindo-se em tecnologias as quais, muitas vezes, são consideradas como indispensáveis , pois, sem elas pensa-se não ser possível curar e/ou cuidar, fato que nos leva a acreditar que o foco das ações de saúde pode estar centrado na técnica , em detrimento daquele que deve ser o sujeito das atenções, ou seja, o ser humano.

P e rcebe-se , a s s i m , m u d a n ça s nos va l o re s particulares e universais, os q u a i s s e está a resgatar diante dessas evidências que atestam a urgência de se fundamentar às práticas em modelos que ofereçam , com eficiência e efi cáci a , reso l utivid a d e aos pro b l e m a s d e saúde d a população.

É em busca destes referenciais para cuidar que inúmeras tem sido as iniciativas das enfermeiras, no sentido de constru írem e testarem modelos teóricos e taxonomias de enfermagem, de modo a permitir aos profissionais, a apreensão de maneira u niforme dos fenômenos que a caracterizam . Fato que torna necessário o exercício do d iálogo com u m , logo, com p reensíve l , med ia nte u m a linguagem padronizada entre o s enfermeiros resultando n a qualidade d a informação e conseqüente tomada d e decisão, evidenciando os fenômenos de que se ocupa a enfermagem, e sua contribuição específica no processo saúde-doença e nos cuidados ao ser humano, tornando assim visível o saber e o fazer da enfermagem. É, pois, buscando preencher esta lacuna que enfermeiros de d iferentes rea l i d ades têm procurado estruturar uma linguagem padronizada através de classificações.

I nseridas neste compromisso ético e moral, que pressupõe o cuidar na enfermagem com universalidade e diversidade, um grupo de enfermeiras do Hospital de Clínicas de Poto Alegre (HCPA), hospital universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, (re )construíram o modelo de sistematização da assistência de e nfermagem ou do processo d e enfermage m . S e b u scou constru i r uma classificação que tivesse aderência a esta metodologia que é aplicada na instituição há mais de duas décadas, cujas bases teóricas são a teoria das Necessidades H u manas Básicas d e Horta ( 1 9 7 9 ) , o modelo Redacional para Prescrição de Enfermagem de Paim ( 1 977) e o Sistema de Registros Orientado para Problemas de Weed ( 1 973).

Neste sentido se buscou sustentação teórica na Taxonomia dos Diagnósticos de Enfermagem de Benedet e B u b ( 1 9 9 9 ) , N A N D A ( 1 9 9 9 ) , C a rpe n i t o ( 1 9 9 7 ) , e principalmente na prática profissional do grupo de enfermeiras e n q u a nto d ocentes e ou assistenciais que atuam na instituição. Foi com base nestes referenciais se estruturou o modelo de classificação i mplantado em toda a Instituição e conseqüentemente operacionalizado pelas enfermeiras de acordo com o perfil da clientela. Assim, esta apresentação tem por objetivo descrever a estrutura desta classificação que é utilizada no cotidiano da prática de enfermagem , cujo mundo do cuidado se caracteriza por ser o de um hospital u niversitário que tem em sua missão o tripé assistência, ensino e pesquisa.

POR QUE CLASSIFICAÇÃO NA ENFERMAGEM?

A idéia de se classificar os fenômenos de diferentes áreas do conhecimento não é recente, reside num passado rem oto e m q u e estu d i osos p reocu pados em torn a r compreensível o s eventos de u m a determi nada prática mediante o uso de uma linguagem comum, desenvolveram classificações. Como exemplo se tem a escala musical de Guido, desenvolvida pelo músico Guido D'Arezzo no século 1 1 que permite hoje a qualquer músico ler ou tocar qualquer co m po s i ç ã o m u s i c a l em q u a l q u e r pa rte d o m u n d o ( M CCLOS KEY; B U L E C H E K , 1 996). Outro exemplo se evidencia na biologia através da taxonomia de Linneus que criou o sistema binominal de classificação, o qual ordena os seres vivos em categorias taxonômicas, o que se constitui em um sistema u niversal . Hoje, um biólogo para criar ou descrever uma espécie , deve submetê-Ia a um Código Internacional de Nomenclatura Botânica ou Zooloógica para ser aceita na comunidade científica, que determina regras mundiais, tais como nomes genéricos e específicos, bem como, diagnoses, em latim (CROSSETTI, 2002).

Na e nfe r m a g e m a p reocupação com desenvolvimento de classificação se constata através de estudos tais como de e Abdellah que na década de 60 propôs uma linguagem comu m a partir da classificação dos 21 problemas cl ínicos apresentados pelos pacientes, que exigiam cuidados de enfermagem , representando assim os domínios da profissão. A busca por linguagem padronizada através da construção e i mplementação de classificações na enfermagem passa a ser percorrida e a ter prioridade nas ultimas décadas por enfermeiras docentes e assistenciais, assim como pelos órgãos de classe da enfermagem, que as reconhecem como i m portante instrumento na defin ição dos domínios da enfermagem e no seu reconhecimento enquanto d isci p l i n a (NAN DA, 1 99 9 , MCCLOS KEY; B U L E C H E K , 1 996,JOH NSON; MAAS, 1 997).

Dentre os motivos pelos quais se deve aplicar a linguagem padronizada através das classificações autores como Denehy ( 1 998), McCLoskey e Bulechek (1 996), e Broks e Massanari ( 1 998) apontam:

- qualiicar e quantificar o perfil da clientela, obtendo assim subsídios para a reorientação das intervenções de enfermagem;

- gerar informações que subsidiem a tomada de decisão da enfermeira no que se refere a alocação de recursos h umanos e orçar custos das intervenções de

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Utilização da classificação .. .

enfermagem d e acordo com o pefil da clientela ,

- deinir o referencial teóico que oientará o s registros de enfermagem no que se refere a anamnese e exame físico do paciente, diag nóstico , i nterven ção e evol u ção de enfermagem, estabelecendo linguagem comum entre os enfermeiros;

- ind ivi d u a l izar a a ssistência de e nfermagem respeitando as crenças e valores do paciente, fam ília ou comunidade, promovendo o cuidado humanizado;

- desenvolver pesquisas que tenham como tema as questões inerentes a avaliação e aperfeiçoamento contínuo da classificação, como a mensuração dos resultados das intervenções de enfermagem;

- Desenvolver o conhecimento da enfermagem no que se refere á relação entre os diagnósticos, intervenções e resultados,

- D e s e n v o l v e r s i ste m a s de i nfo r m a çõ e s d e enfermagem e cuidados d e saúde, possibilitando a tomada de decisões com qualidade no gerenciamento da assistência - ensinar a tomada de decisão para estudantes de enfermagem, promovendo a relação teoria e prática na assistência ao paciente,

- articular com classificações de outros proissionais de saúde, como o Código de Doenças I nternacional ( CID ) publicado pela Organização M u ndial de Saúde (CID- 1 0, 1 996).

- promover a auto valorização proissional na medida em que o enfermeiro tem a visão do seu papel e conseqüente do foco de atenção da enfermagem,

-oportun izar o desenvolvi mento teórico conceituai d a enfermagem, pela aplicação de marcos referenciais na estruturação da classificação, e

- torna r visível as fu nções e ou d o m í n i os d a enfermagem n a medida em q u e a classificação traduz a aplicação de uma linguagem padronizada conhecida apenas pelos elementos da equipe de enfermagem. Assim, deinindo a competência e o poder que são conferidos enfermagem em suas d i m e n sões de c u i d a d o , permiti n d o o seu (re)conhecimento enquanto d isciplina que contribui para a solução dos problemas de saúde.

Isto posto, se percebe a i mportância da utilização de classificação para a assistência, o ensino e a pesqu isa na enfermagem.

O uso d a c l a s s ificação d o s fen ô m e n o s d a enfermagem tem s e tornado rea l idade nos hospitais cujo modelo de gestão tem por base sistemas assistenciais e de informações gerenciais, pois além de permitir a linguagem padronizada e conseqüente qualidade dos dados, faz-se necessário que a enfermagem acompanhe o desenvolvimento da tecnologia em saúde, aqui d estacado pelo uso da informática enquanto ferramenta de apoio na tomada de decisão nos processos diagnósticos e de tratamento do ser humano.

ESTRATÉGIAS PARA CO NSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO I N FO RMATIZADO NA ENFERMA­ GEM

Conscientes do momento porque passa a evolução do conhecimento na enfermagem no q u e se refere a metod o l o g i a d o p rocesso d e e nfe rm a g e m , m a i s

especificamente quanto à aplicação d a fase d o diagnóstico, atrelado a necessidade de mudanças da plataforma de informática do hospital, se procurou desenvolver um sistema de classificação de d i a g n ósticos e i n tervenções d e enfermagem. A construção deste sistema percorreu diferentes momentos os quais compreenderam um projeto de pesquisa do tipo desenvolvimento. A definição das estratégias foi feita a partir do planejamento das atividades prioritárias a serem percorridas, uma vez que outras foram surgindo ao longo do desenvolvi mento do projeto. Neste sentido o caminho seguido contempla as seguintes etapas:

- formação do gru po de trabalho sobre diagnóstico de Enfermagem (GTDE), com representantes de diferentes áreas de atuação do enfermeiro;

- instrumentação teórico-prática sobre o processo diagnóstico, dos componentes do GTDE , utilizando como referencial teórico básico a taxonomia de Benedet e Bub ( 1 999), por ser esta estruturada na teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta ( 1 979) adaptada a taxonomia da NAN DA (NORT AMERICAN N URSING DIAGNOSIS ASSOCIATION). Além deste referencial se utilizou como apoio a Taxonomia I da NAN DA ( 1 999) e os estudos de Carpenito (1 997) .

- elaboração e aplicação do instrumento para a coleta de dados das etapas do Processo Diagnóstico visando a elaboração dos Diagnósticos de Enfermagem Mínimos (DEM), de acordo com o perfil da clientela da instituição, ou seja ped iátrico, emergência adulto e pediátrico, terapia intensiva adulto e pediátrica, neonatologia, médico-cirúrgica, centro obstétrico, i nternação obstétrica e psiquiatria,

- estruturação de um novo modelo de registro de Anamnese e Exame Físico do Paciente de acordo com o perfil da clientela, baseado no modelo de registro de Iyer, Taptich e Bernocchi-Losey ( 1 993), orientado para o diagnóstico d e e nfermagem , constru ído visando sua informatização,

- elaboração dos manuais de orientação para o preenchimento da Anamnese e do Exame do Paciente, de acordo com o Perfil da clientela. 'foram elaborados manuais de orientação para coleta de dados em pediatria, adulto , neonatologia , gestante e puérpera , e em psiquiatria.

- realização de u m Fórum do GTDE onde foram apresentados e d iscutidos 68 DEM elaborados a partir da aplicação do instrumento " elaboração processo diagnóstico", com as respectivas intevenções e 32 problemas colaborativos segundo a denominação de Carpenito(1 997) . Neste fórum que contou com a presença dos membros do GTDE, e com o gerentes do Grupo de Enfermagem do HCPA, se definiu q u e n este m o m e n t o n ã o s e e l a boraria p ro b l e m a s colaborativos, considerando a necessidade d e mudanças na forma de raciocínio lógico dos enfermeiros, pois sua formação e desenvolvimento profissional tiveram como referência o modelo biomédico, o que os levava freqüentemente a identificar diagnósticos médicos, rotinas técnicas dentre outras condições como problemas de enfermagem no modelo de processo de enfermagem aplicado na instituição. Assim, receando a permanência neste raciocínio ao estabelecerem as causas ou etiologias dos d iagnósticos de enfermagem á diagnósticos m é d i co s , se deci d i u buscar nos outros referenciais teóricos que seviram de base para a construção da classificaçã o , a elaboração daq ueles tidos como

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"Classificação é o conjunto de construtos hierarquizados, que têm um

encadeamento lógico c s istematizado que tcm por objctivo orientar o enfermeiro na elaboração dos diagnósticos de enfermagem"

"Classificação é o conjunto de construtos hierarquizados, que têm um encadeamento lógico e sistematizado que tem por objetivo orientar o enfermeiro na elaboração dos diagnósticos de enfermagem"

colaborativos,

- desenvolvimento de um Sistema Informatizado do Processo de Enfermagem - com as etapas do processo diagnóstico e prescrição de enfermagem concebida também no projeto como intervenção de enfermagem, o que deu concretude a classificação hoje utilizada na prática ,

- capacitação d e 1 00 % dos enfermei ros d a s unidades de internação do hospital quanto ao novo modelo i n formati zad o , c o m a i n d i c a ç ã o d e e n fe r m e i ro s multiplicadores por área de atuação,

-reestruturação do GTDE em um Grupo Central (GC)I com um coordenador e representantes dos diferentes seviços de enfermagem do Genf/HCPA, e criação dos Petit Comitês por unidade de internação ou por serviço de enfermagem , cujo coord e n a d o r é m e m b ro d o G C ; d efi n i ção d a s competências deste grupos;

- implantação da classificação i nformatizada em todas as unidades de internação de acordo com o perfil da clientela, e

- real ização d e estudos clínicos com foco nos diagnósticos de enfermagem de acordo com o perfil da cliente l a , d o q u a l p a rtic i p a m enfe r m e i ros d ocente s , assistenciais, alunos de graduação e pós graduação de enfermagem, realizados mensalmente.

ESTRUTU RA D A C LASSIFICAÇÃO

Concebe-se classificação, neste estudo, como o conj u nto d e construtos h i e ra rq u izados, q u e têm u m encadeamento lógico e sistematizado, que tem por objetivo orientar o enfermeiro na elaboração do diagnóstico de enfermagem e respectivas intervenções mediante raciocínio clínico.

Ao se estruturar a classificação se utilizou como princípio fundamental manter a base teórica do processo de enfermagem aplicado pelas enfermeiras do Genf/HCPA, qual seja a teoria das Necessidades H umanas Básicas de Horta (1 979) e o modelo redacional para prescrição de enfermagem de Paim ( 1 977). Neste contexto, o domínio da classificação que se construiu são as necess idades h umanas básicas . Seus construtos são grupos de necessidades, sub-grupos de necessidades específicas, sinais e sintomas, etiologias ou causas, d iagnósticos de enfermagem e intervenções de enfermagem, assim definidos : .

- G r u p o d e n e c e s s i d a d e s : s e refe re a s necessidades humanas básicas q u e o ser humano prescinde no processo de viver e ser saudável, são as necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais.

sub-grupo 1- necessidades ps icob iológ icas : se referem as necessidades fisiológicas e terapêuticas do paciente, são vitais, logo são as que têm prioridade de intervenção de enfermagem;

su b-g ru po 2 - n ecess idades p s i cossoc i a i s : referem-se as necessidades de relação/sociais do paciente, família ou comunidade. Dependendo do diagnóstico de enfermagem estas poderão ter prioridade de intevenção de enfermagem;

sub-grupo 3 -necessidades psicoespirituais : se referem as necessidades religiosas do paciente, suas crenças, religiosidade e valores pessoais;

Os s u b-gru pos de n e c e ss i d a d e s co m p ree n d e m as

necessidades humanas básicas específicas.

· s i n a is e s i ntomas : se referem as manifestações subjetivas e objetivas do ser humano;

· etiolog i a : se refere ao que está causando as manifestações subjetivas e objetivas do ser humano;

· i nt e rve n ções : se refere as prescrições de enfermagem que têm por objetivo eliminar ou amenizar as causas das manifestações subjetivas e objetivas manifestas pelo ser humano. As i ntervenções de enfermagem se caracterizam em intervenções de rotina ( ex: troca de sonda nasogástrica) seu enunciado inicia com o verbo implementar; i ntervenções que exijam complemento obrigatório ( ex: aplicar calor local- necessita especificar tempo de exposição, local, como) seu enunciado inicia com o verbo implementar, exigem o complemento, sem este o sistema não fecha ao salvar a prescrição ,que se; intervenções específicas (são aquelas que determinam o grau de dependência do paciente) individualizam as intevenções a partir do verbo que determina o grau de dependência, do conteúdo e do aprazamento da prescrição.

Na informatização da classificação estes construtos receberam um códígo de referência numérico a semelhança do código da Classificação I nternacional de Doenças - CID, organizado e publicado pela Organização Mundial de Saúde (CID-1 O, 1 996).

A estrutu ra lógica d a prática da classificação compreende 03 grupos de necessidades, com 28 sub-grupos de necessidades q u e compreendem 1 6 necessidades ' psicobiológicas, 1 1 psícossociais e 1 psicoespiritual, 63 1 sínais e sintomas, 563 etiologias, 1 52 d iagnósticos de enfermagem e 8 1 6 intevenções de enfermagem.

Hoje, sendo uma realidade implantada há mais de dois anos, a classificação está sendo amplamente utilizada pelas enfermeiras no cotidiano profissional na instituição. Se acred ita q u e s e r i a i n v i á v e l sua construção e operacionalização sem o planejamento feito a priori e durante o seu desenvolvimento, e muito menos se tivesse sido concebida sem a previsão do uso da informática como ferramenta de apoio na sistematização da assistência de enfermagem.

Figura 1 - Estrutura da classificação por grupo de necessida­ des

Rev. Bras. Enferm . , B rasília, v. 55, n . 6 , p. 720-724 , nov./dez. 2002 7 2 3 723

Intervenções de enfermagem

Sinais e sintomas

etiologia

Diagnósticos de enfermagem

Necessidades

Psicobiológicas Psicossociais Psicoespirituais

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Utilização da classificação .. .

CONSIDERAÇÕES FI NAIS

A utilização da linguagem padronizada visando tomar compreensível os fenômenos que circunscrevem os domínios da enfermagem enquanto disciplina é uma das prioridades na prática profissional d o enfermeiro no exercício da assistência, ensino e ou pesquisa. Pensa-se ser esta uma das características fundamentais para que o saber e o fazer profissional torne-se visível e reconhecido dentre as demais áreas do conhecimento. Ao se constru i r a classificação informatizada, ora utilizada pelos enfermeiros do Genf-HCPA, se enfrentou diferentes desafios até sua operacionalização no cotidiano destes profissionais na instituição. Desafios expressos pelo desconhecimento d a s estruturas das taxonomias dos diagnósticos de enfermagem, inseguranças quanto ao novo olhar que se estava q uerendo imprimir ao processo de enfermagem aplicado na instítuição por mais de vinte anos de forma ininterrupta com base no referencial teórico de Horta( 1 979), bem como as dificuldades enrentadas quanto ao uso da informática no processo de cuidar em enfermagem. Contudo, vencido estes desafios, hoje são expressivas as manifestações de aceitação dos enfermeiros com o novo modelo d e s i stematizar o p rocesso de enfermagem. Fato concreto atestado no cotidiano da prática profissional no hospital e manifesto por recente estudo realizado sobre o olhar do enfermeiro em relação a esta nova maneira de fazer acontecer a enfermagem (SILVA, 2002).

Isto posto se conclui d izendo que o desafio agora é outro, ele continua, pois a utilização da classificação no cotidiano da enfermagem no HCPA, constitue-se em um projeto em desenvolvimento, sendo objeto de diferentes estudos visando aprimorá-Ia, tanto no que se refere ao seu conteúdo relativo ao processo diagnóstico e ás intevenções de enfermagem, como no que diz respeito à lógica do sistema informatizado. O N ECE-E E U F R G S e o GTDE-HCPA assumiram para si esta responsabilidade na coordenação de projetos de pesquisa, promoção de eventos e programas de educação continuada, visando contribuir com a produção do conhecimento relativos à temática uso da classificação na enfermagem.

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Figura 1  - Estrutura da classificação por grupo de necessida­

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