'1
II
i~f.
u t L J " '
-INSTITUT
o
Cf.c.UIMICAUniversiuad8 de São Paulo
!)~q5Y
mar ia regi na a\cantara
a oolestericidade em
cristais líquidos liotrópicos:
helicidade, ordenamento e
alojamento de novos indutores.
tese de doutoramento apresentada ao
instituto de quimica do universidade de são paulo
J. A. Vanin
orientador
são paulo
• ..lOWt? opa~ lua:>
y
AGRADECII'tENTOS:
Quero expressar meus agradecimentos:
amigo,
- Ao Atilio, orientador, mestre, colega e
pela sua paciência, pela sua ajuda nas horas mais
difíceis, pelos seus ensinamentos e principalmente pela sua
confiança em mim. Após dez anos de convivência, qualquer palavra
<'"
de agradecimento seria insuficiente,
Muito Obrigado.
portanto só posso dizer:
- À Vera, pela sua amizade, pela sua
presen-ça mesmo estando ausente, pelo ombro amigo nas horas difíceis,
pelo seu entusiasmo nos momentos de alegria. Pela contribuição
decisiva que você deixou neste grupo. Até hoje muitas de
suas idéias ainda pairam sobre nossas discussÕes.
- Ao Oswaldo, por ter acreditado no trabalho
do grupo. Pela sua presença ao meu lado, pela sua ami~ade, pelo
seu carinho, pelo seu apoio, pelo seu entusiasmo. Pelas valiosas
discussões, fornaçendo idéias decisivas para algumas das
conclusões obtidas nesta tesa. Você não só reafirmou meu lado de
pesquisadora, mas me fez acreditar um pouco mais no meu lado de
professora.
pelas discussões,
- Ao Decio, pela sua presença, pelo seu apoio,
pelo seu incentivo. Por ter tornado este
~1
caminho mais alegre.
comigo.
v
quando das minhas incursões pela informática, pelo SeU
de modo geral.
incentivo
- À Téca, que embora com pouco tempo de
convivência soube demonstrar sua amizade com todo carinho.
- Ao Juvenal, ao Francisco e ao Jailton, por
estarem sempre dispostos a me auxiliar. Pelo carinho que eles têm
para comigo.
- Aos meus pais, por todo seu amor e
paciência, pelos todos os sacrifícios, por todas as privaçÕes que
passaram para que eu pudesse chegar até onde estou agora. Pelo
apoio nas horas tristes, pelo entusiasmo nos momentos de vitória.
Muito Obrigado.
- À minha irmt(
nho. Ao meu cunhado pelo carinho.
Ignez, pelo incentivo e
cari-- Aos meus sobrinhos Carlos Eduardo, Waldemar
e Ciça. Que esta tese possa servir de incentivo durante o caminho
que est~o iniciando.
À FAPESP e ao CNPq, pelo apoio financeiro
- À Ana e Terezinha, companheiras de equipe,
y
pelas horas alegres de conviv~ncia,
amizade de cada uma.
pelas discuss5es e pela
incentivo e carinho.
À Hita, sempr-e amiga, p~!aG p~lavra5 ~e
- Ao Mario e ao Homero, por
terem
ajudadoa
formar este grupo.
Em
especial ao Homero por seu entusiasmo pelogrupo.
amizade.
- Ao Fred, pelas diSCUSSÕes e pela sua
- Ao Henrique, por tod~ a SUa paci~ncia, pelos
seus conselhos, flúJas suas diBcu5sbes e pela sua amizade.
- À Lia e ao Toninho, pelas discussões.
- Aos colegas Márcia, Paulo Sérgio, Yoshio,
e Peter, pela amiz~de que cada um demonstrou. Pelas horas de
descontraçgo.
- Ao Prof. Sala, por todos os favores
prestados, e principalmente pela sua amizade.
Aos amigos do B-2T, Bete, Ivane, Tadeu,
Morino, Ana MeU'i a, Cecília, Denise e Sandra, pelos anos de
o I o L l \ ) j '.:. ' ' ;.c\
INSTITUTJ ;-.E ...Ji'"ICA
UnlversjJade üe Sáo Paulo
íNDICE
i
INTRODUÇ~O
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1OBJETIVOS· E CONTEúDO DA TESE
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3I CRISTAIS LíQUIDOS
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...
51.1 - Os Cristais Líquidos Termotrópicos •••••••••••••• 6
1.1.1
1. 1.2
Nemático
Esmético
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...
77
r.
1. 31. 1.4
Colestérico
Fases a:zuis
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8
12
1.1.5 Mesofases discóticas •••••.••••••••••.. ..•• 12
1.2 - Os Cristais Líquidos Liotrópjcos •••••••••••••••• 13
1. 2.1
1.2 .. 2
Liomesofases Nemáticas •••••••••••.•••••••.
Líomesofases Colestérícas •.••.••••••.••••• 17
22
1.2.2.1
1.2.2.2
Colestéricos Induzidos •.••...••.•••••
Colestéricos Intrínsecos •••••••••••••
22
23
1.3 - 1988 - Cem Anos de Cristais Liquidas •••••••••••• 24
I I TÊCNICAS UTILIZADAS
.
..
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...
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3111.1 - A Resson~ncia Magnética Nuclear ••••••••••••••••• 31
11.1.2 - A RMN em Cristais Líquidos •••••••••••••••• ii
35'/
11.1.2.1
11.1.2.2
A RMN de Deutério - Aspectos Gerais ••
o
Desdobramento Quadrupolar36
de Césio-133 . . • . . • . . . • . . . • . . . • • • 43
,
11.2 - Microscopia Optica sob Luz Polarizada ••••••••••• 44
11.2.1
11.2.2
Conceitos Fundamentais •••••.••••••••••••••
Texturas em Cristais Líquidos Liotr6picos • 44
47 /
4\
I
11.2.2.1 - Textura Nemática ou Schlieren
...
.
.
...
4911.2.2.2 - Textura Homeotr6pica ou
Pseudo - Isotr6pica
..
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...
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.
50 ./11.2.2.3 - Textura Chevron
...
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...
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.
50\; 11.2.2.4 - Textura Planar ou Focal - Cônica
.
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51 ./"Dificuldades na Caracterizaçâo de Sistemas
~ 11.2.3
Colestéricos
...
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...
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-
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53111 - PARTE EXPERIMENTAL •••••••••••••••••••••••••••••••••••• 57
111.1 - Instrumentaç~o •••••••••••••••••••••.•••••••••••• 57
111.2 - Compostos Utilizados •••••••••••••••••••••••••••• 59
111.2.1 - Preparação da diacetona - sorbose - d6
(OAS-d6)
• • • • • • • • • • w • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 61111.2.2 - Preparaç80 da diacetona - 2 - ceto
iii
111.3 - Preparação e Composiçgo das Liomesofases •••••••• 63
IV RESULTADOS E DISCUSSAO 64
1'.1.1 - Novos lndutores de Quiralidade •••••••••••••••••• 64
1'.1.2 - Determinação de Helicídade •••••••••••••••••••••• 69
lV.2.1 - Método da Cunha ••••••••••••••••••••••••••• 70
1'.1.2.2 - Método de De Vries •••••••••••••••••••••••• 71
IV.2.3 - Efeitos de Compensaçao •••••••••••••••••••• 73
1'.1.2.4 - Helicidades Originadas por Diferentes
Indutores li 74
Efeito de Solubilização de lndutores de
Duiralidade • • • • • • . • . . • • • • • • . • . . . . • • • . . • • • . . . • • . • 81
97
.
.
.
"Liomesofases de LK •••••••••••••••••••••••• 81
Liomesofases de CDA ••••••••••••••••••••••• 89
- Não Equivalência de Grupos Metila Ligados
a Carbono Pré-quiral e sua Distinção por RMN
1'.1.3.2 IV.3.1
1V.4 1'.1.3
1'.1.4.1
IV.4.2
- RMN de Deutério do 1ndutor DGK-d6
- RMN de Deutério do Indutor DA5-d6
..
..
.
.
.
.
~ 98101
IV.4.2.1 - Desbalanceamento Cs~/Na~ •••••••••••••• 104
CONCLUS5ES 112
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..
..,..1-INTRODUÇAO.
o
estudo de Cristaí~ Liquidas Liotrópicos Colestéricosiniciou-se no IQU8P por volta dQ ano de 1980, em coincidência com
aqueles executados nos principais centros de pesquisa neste ramo.
Da etapa inicial foram produzidas duas teses, com seus
respectivos artigos caracterizados por uma análise abrangente e
exploratória da linha da pesquisa que se iniciav~. POde-se notar
que o campo era complexo e suas propriedades básicas estavam
vinculadas a vários fatores que,
alguma forma av~liados.
naquela época, puderam ser de
Desde o início dos trabalhos uma indagação básica se
apresentava:
Como a informação de quiralidade é transmitida de uma
r;:
evidente que esta perguntÃ
-2-propunha o
esc 1 areci mento daH i nteraçOes b.tisiCi::\Eo que (11)1ir-;tt:?fO pnt.rn o :i.ndutor e/ou anfifílico quiral e as outras espécies presentes na mesofase
e qual a sua real contribuil;3o para a manutenç30 da
superestrutura helicoidal.
Ao longo das investigaç,Bes realizadas no decorrer do
mais uma vez se confirmou a certeza de
presente trabalho,
estarmos lidando
entendimento.
com sistemas complexos e de difícil
v
A necessidade de obter novas informaçÕes a respeito dossistemas colestéricos obrigou-nos a desenvolver novas
liomesofases utilizando indutores capazes de se alojar
diferentemente nos vários compartimentos da mesofase. Do mesmo
modo, as técnicas utilizadas também tiveram de ser ampliadas e
usufruídas de mDdo mais aprofundado. Neste sentido, foi
necessário adaptar os métodos para determinaç.ão da helicidade,
utilizados em termotrópicos, para sistemas liotrópicos. Na RMN, a
utilizaçgo do contra - íon Cs+ como probe forneceu informações
relevantes para um maior
espécie estava presente.
entendimento dos sistemas onde esta
Esta tese relata apenas parte do progresso atingido ao
longo de sua consecuç,go. Concluída, podemos afirmar que
resultados concretos foram obtidos, mas que, antes da responderem
às indagal;Bes iniciais de qualquer pesquisador que trabalha
neste ramo, abrem caminho a várias outras perguntas, que um dia
"~
_
....:...-OBJETIVOS E CONTEúDO DA TESE.
Dentro dos objetivos gerais propostos no presente
tr03ba1lio, uptou-sp puro tri lIléu' as !:.>eyuill\:e'.J 1i 1.110.1'3 de
investigac;~o:
a. Estudar a utilizaçao de três novos indutores de
quiralidade: SORBOSE, Diacetona-sorbose (DAS) e Diacetona - 2
-ceto - gulonato de potássio (DGK>;
b. Fazer um levantamento das propriedades ópticas e
magnéticas exibidas por mesofases a base de LK, SDS, CDA e em
alguns casos CsDS~ DeCK e NLSK, contendo estes indutores;
c. Determinar o sentido de enrolamento do arranjo colestérico
originado em cada um destes sistemas;
d. Obter os perfis de ordem das cadeias do anfifílico
sistemas utilizando técnicas de RMN.
e. Estudar as interaçbes do DAS e do DGK nos diferentes
perdeuterado em mesofases de LK e CDA,
Deutério;
-4-Através deste esquema, procuramos reunir informaçeles
sobre:
- a influência da natureza química do indutor sobre as
propriedades ópticas e magn~tica~ ~a ~esofa~aJ
- a existência ou não de correlaçÕes entre a helicidade de
uma mesofase e a configura~ão absoluta do indutor;
- o ordenamento intra-micelar;
Polarizada utilizada no desenvolvimento do presente trabalho.
A
presente tese está dividida em quatro capítulos:- a influência de variações na dupla camada elétrica sobre a
forma~~o do edifício helicoidal.
apre~entamos algumas informações a
RMN e Microscopia Óptica sob Luz
No Capitula 11,
respeito das técnicas de
No Capítulo
I,
procurou-se dar uma visão geral sobre osCristais Líquidos.
- o alojamento dos diferentes índutores nos diversos sistemas
liomesomórficos;
No Capítulo 111, mostramos a parte experimental,
descrevendo os métodos de preparação empregados~
discussão de cada tema abordado, mostrando as difuculdades que
cercam o esclarecimento de alguns pontos.
-5-CAPtTULO
l.
CRISTAIS
LíOUIDOS.
Os cristais líquidos constituem uma classe de materiais
se encontram arranjos ordenados de partículas que,
na qual
contudo,
líquido.
conservam propriedades características do estado
A aç~o L~ solvente, geralmente água, sobre um composto
Estes arranjos ordenados - de longo alcance - podem se
formar na fus~o de substâncias orgânicas com geometria
conveniente. O calor age no sentido de destruir o retículo
cristalino molecular de maneira gradativa, originando sistemas
que exibem ordenamentos intermediários até atingir o estado
Termotrópícos.
Líquidos
tem-se os chamados Cristais
Neste caso,
--l,,-de caráter anfifllico, is'to é, que apresenta uma parte
hidrofóbica 1i y ..\(la a um grupo pnlar tlidr'ofí 1i CO~ também di~ ari gem
~,
a arranjos ord0nados. Sistemas deste tipo pertence0' à classe
denominada de Liotrópicos.
1.1- OS CRISTAIS LíQUIDOS TERMOTROPICOS.
Os Cristais Líquidos Termotrópicos foram observados
pela primeira vez em 1888 por Frederick Reinitzer, um botânico
austríaco, quando da fusBo de benzoato de colesterila CREINITZER
- 1888). Na mesma época, Otto Lehmann observou que subst~ncias
1890,1890&) fur.dem, passando por um estado intermediário no
o líquido é bi~refringente.
como oleato da amÔnia e p-azoxi-fenetol <LEHt1ANN 1889,
qual
Coube a Lehmann propor a designaç~o CRISTAL LíQUIDO
(flUssige kristalle), que a sugeriu por pensar que a única
diferença entre os cristais líquidos e os cristais sólidos se
resumia ao grau de fluidez..
Três tipos de Cristais Líquidos Termotrópícos podem ser
observados, para os quais se mantém as denominac;5es propostas por
Todas as teses do grupo de Cristais Líquidos do IQUSP
(SUZUK1 - 1974, 1979; VANIN - 1974, 1985; PAOLI MONTEIRO - 1981;
MELO - 1982; ALCANTARA - 1982) descrevem os tipos de mesoformas
líquido-cristalinas. Por isso, aqui
moléculas
propriedades das
Suas de
faremos apenas um resumo.
estruturais
exibic;:':1o condic;t3es
a
as
para necessár- i as
direção preferencial de ordem.
distribuiçgo helicoidal de direç6es para descrever a mesoforma
u
-as as
ou distAncia
mencionar-se uma
anteriormente, Nestas mesofases,
quiral à uma mesofase
AL. - 1968; BAK ~ LABES
-de .determinados compostos
é comum
1922; De VRIES - 1951; CANO
&
corr"ente,
se verifica a variação angular de 2~ na
1979; SACKMANN ET
formados na fusão
(GIBSON
Além dr·s três tipos mencionados
O passo colestérico depende da temperatura, da ação de
elétricos e magnéticos e da presença de impurezas
Na linguagem
1.1.3 - Colestérico.
ou pela adiç~o de um soluto
Sgo
seguintes formas foram descritas mais recentemente: campos
(SAUPE-1968; BRO~;N- 1969; BROWN ~( CF<OO~:ER-1983).
característica na qual
colestérica. A esta hélice se associa um passo,
para outra subsequente (FRIEDEL
CHATELAIN - 1960, 1961, 1964) (Fig. 1.3).
moléculas se disl~0e com seus eixos longos moleculares paralelos
entre si e contidos no plano da camada.
A
direçao preferencial deordem das moléculas sofre um giro quando se passa do uma Camada
1975). A designaç~o "colestérico" se prende a que, no início dos
estudos em crista.s líquidos, significativo número de observaç6es quirais,
foi fei to sobre :.leri vados de col esterol • nemátíca
se distinguem entre si pela maneira de disposição das moléculas
-6-, O:J~dÇLq.OIll.Ja'l O:q:Pi1llaN - l · I \:.1~ln8I.:J
I
,' 111'
111
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a. vista laLeral dos planos
b. lllll plalll) vi~t:.o de cim<l
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a. vista lateral dos planos
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1111111111111111111
I
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J
Esmético A Esmético B (ou B )
n
Esmético C ESlllético H (DLI Bt )
·O:ltd. çLqolJua"\.t O:lt.J.::\. y:).sal°:J - \~... I ~.:nm8I.:l
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---
1:2.-1.1.4 - Fases Azuis.
Em particular, para o caso de termotrópicos, é possível
observar durante a fus~o de alguns compostos mesogênicos, na
transiç~o entre o cristal líquido colestérico e o líquido
isotrÓpico, uma faixa de temperatura muito estreita, na qual
aparecem as chamadas "blue phases" • Esta denominaç~o foi
estabelecida a partir de dados de microscopia óptica, onde se
observa uma textura formada por placas, numa coloraç~o azul
(BRINKMAN
&
CLADIS - 1982; BRDWN&
CRDDKS-1983>. Sabe-se hoje quea estrutura destas fases envolve uma cela unitária composta de
pequenas hélices arranjad<;\s segundo um arranjo cúbico
(SAUPE - 1969; HDRNREICH
&
SHTRIKMANN- 1980; JDHNSON ETAL.-1980; MEIBOOM
&
SAMMDN - 1980; MARCUS, 1981).o
aparecimentodestas fases está restrito a regiões muito estreitas do diagrama
de fase, sendo em geral mais facilmente observado durante o
resfriamento do sistema.
1.1.5 - Mesofases Discóticas.
Chandrasekhar e cols. (CHANDRASEKHAR ET AL.- 1979) descobriram a
existência de arranjos líquido~cristalinos nos quais a forma das
moléculas envolvidas é aproximadamente díscoidal, como mostra a
Fig. 1.4. Estas moléculas podem se dispor de modo tal que seus
s.
Nesta época,os sistemas termotrópicos conhecidos se
1979, Até
-13-eixos de simetria guardam um arranjo nemático, ou se empilham
que se dispõe lado a lado, dando origem a dando origem a colunas,
um esmétic~ (TAKENAKA ET AL. - 1984) (Fig. 1.5). As texturas
observadas ao microscópio polarizado podem ser vistas em Tinh et
aI., 1984.
De modo geral, o campo de estudo nestes dois últimos
tipos de termotrópicos é relativamente recente, sendo margeado
por algumas controvérsias e incertezas.
1.2 - OS CRISTAIS LiQUIDaS LIOTROPICOS.
Em 1950, Elliott ~ Ambrose observaram a forma~go de uma
fase líquida birrefringente, quando da dissolu~go de poli- ~
por Robinson
-benzil-L-glutamato
detalhados destas
(PBLG) em
fases foram
clorofórmio.
desenvolvidos
Estudos mais
(ROBINSON - 1956) o qual apontou as semelhan~as entre a
superestrutura molecular nas soluc;Bes concentradas de
polipeptideos e a estrutura encontrada em cristais liquidos
colestéricos termutrópicos <ROBINSON-1966; ROBINSON ~ WARD-1957;
ROBINSON, WARD L BEEVERS - 1958).
~-hélices se disporiam
um plano. Entre planos
de alinhamento sofre uma
1.6. RobinsQn propôs
(ROBINSON-dire~go preferencial
1956) que na mesoforma colestérica estas
paralelamente entre si, dentro de
AMBROSE - 1950) mostrada na Fig.
consecutivos, a
o
PBLG é um polímero sintético, cujas moléculas
-14-n
c
- sU~6titutdos; b) trifenilenos; c) truxenos.
lUoléçt..llas como as ele: a) benzenos hexa-R
R
R O
I
rAY'R
'C~
...c,
O .... 0
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n
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R/ ...0
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~c,
Y
"R
C O R
I
R R
b
a
R~R
R
J...-R
-Sl-
-17-rota~ão, dando origem à uma superestrutura helicoidal (Fig.
1.7) , a qual possLle propriedades típicas colestéricas.
devido à varia~ao angular da dire~go preferencial de ordem entre
os planos.
Estudos de raio-X de pequenos ângulos (ROBINSDN, WARD ~
BEEVERS - 1958> nestas fases, mostraram um arranjo hexagonal de
polipeptídeos quando observadas numa se~ao perpendicular aos
exposi~ao destas liomesofases de PBLG à campo
distorcido,
Este arranjo é levemente
A
ei xos das o(.-hél ices.
campo.
associar entre si, em virtude de sua baixa solubilidade em água.
A uma determinada
concentra~go,
tipicamente10-~M
<TANFDRD-1973; SHAW - 1975>, conhecida como concentra~go micelar crítica
magnético suficientemente forte leva a um desenrolamento da
estrutura colestéríca, formando uma estrutura macroscopicamente
nemática, na qual o eixo óptico nemático se orienta paralelo ao
água
é aquele
anfifílico em
a partir de solu~6es
Liquido Liotrópico
as cadeias parafínicas tendem a se
composto de caráter
por um
Ao se aumentar a cQncentra~go,
Outro tipo de Cristal
1.2.1 - Liomesofases Nemátícas.
<VANIN - 1985; FDRREST
&
REEVES - 1981>.diluídas de anfifílicos,
formado
(emc) , os agregados iÔnicos formam entidades esféricas, estáveis
na faixa de milissegundos, denominadas micelas, onde as cadeias
-8t-I
I
"
L"'-'~~~'
7~"
I
\
/W
\I
LâV
,
/,,7"
I,
I
\ \
-19-iÔnicos ou polar85 sua superfície, interagindo diretamente com o
solvente <TANFORD-1973; FENDLER L FENDLER - 1975). O aumento da
concentraç30 de anfif11ico conduz à deformaçBes na micela
isotrópica conduzindo ao aparecimento de micelas anisométricas.
Em C[JIll:elllr."ç;Oti~~:> mais elevadas, e!3la alli~otrDpí4 é transferida
ao meio, conferindo a este propriedades peculiares, com o
Trabalhos de RMN mostraram a existência de dois tipos de
mesofase nemática, que possuíam propriedades magnéticas diversas
surgimento
<diretor).
de uma direc30 5ingul~r de ordem orientacional
cilindros <N~) <FUJIWARA ET AL. - 1979; FUJIWARA
&
REEVES - 1980;As estruturas básicas inicialmente propostas para os
sistemas liquido-cristalinos eram micelas em forma de disco <N
D )
ó.
x.
=
-x:.palt - XptlZ., onde XfC\Q. eA..pe.Q.
são as componentes paraI el a eperpendicular ao eixo da cadeia hidrocarbÔnica. No Tipo I, Â~ >0
e no Tipo 11, ÓX
<O.
LEVELUT ~
magnética,
1979; CHARVOLIN,
anisotropia de susceptibilidade
1979;CHARVOLIN, HENDRIKX - 1980) e micelas em forma de
1978; AMARAL ET AL.
(TAVARES
SAMULSI<I
são reflexo da
(FORREST
L
REEVES - 1981; PAOLI MONTEIRO - 1981; RADLEY, REEVES ~TRACEY - 1976>. Pôde-se então, propor uma classificacão baseada
na maneira pela qual estas micelas se orientavam espontaneamente
na presença de um campo magnético (RADLEY, REEVES
&
TRACEY1976). Convencionou-se chamar de mesofase nemática do Tipo I as
fases cujos diretores micelares, ou eixo de simetria, se alinham
paralelamente ao campo magnético; por outro lado, chamou~se
nemático do Tipo 11 aqueles sistemas CUjO diretor se orienta
-20-FIGUEIREDO NETO
&
AMARAL - 1981; FIGUEIREDO NETO - 1981>, àsemelhança dos arranjos obtidos por Luzzati para sistemas
Enquantú estas observações eram realizadas, Charvolin e
binários (LUZZATI, MUSTACCHI
&
5KOULIOS - 1957,1958; LUZZATI,MUSTACCHI, SKOULIOS
&
HUSSON - 1960,1960a,1961>.desenvolvendo uma nomenclatura alternativa: Nemáticos Discóticos
(em disco>, ND, e Calamíticos (em cilindros>, N
c .
Os dados poreles obtido trouxeram uma polêmica acerca do tamanho e geometria
liomesofases
HENDRIKX ~
estas
&
SAMULSKI - 1979;investigaram LEVELUT
também
col s. <CHARVOLIN,
CHARVOLIN - 1981)
da unidade anisotrÓpica. Eles admitiram que, no estado
líquido-cristalino, as micelas teriam a form~ de elipsóides
oblatos (próximos a discos, Fig. 1.8> ou prolatas (próximos a
cilindros, Fig. 1.9>.
Estes elipsóides s~o propostos com dimensões de al~umas
dezenas de angstrons, ao contrário dos discos e cilindros, cujas
maiores dimensões foram admitidas na faixa de centenas de
angstrons.
Experiências mais recentes mostram a possibilidade de
existência de micelas bia>:iais (VU
&
SAUPE-1980; BOONBRAHAM&
SAUPE-1984). Estas micelas seriam essencialmente as mesmas tanto
nas regiões de comportamento magnetico tipo I quanto nas regiões
de propriedades magnéticas do tipo 11. O ónico fator que deveria
mudar é o eixo de degenerescência do sistema, ou em outras
palavras, o eixo no qual ocorrem rotações livres da$ unidades
micelares (FIGUEIREDO NETO - 1988>. A micela biaxial permite a
aplicaç~o das teorias consagradas de transiç~o de fase quando sa
-21-. /
,.
"..
-FIGURA 1.8 - Conc~pçlo das micelas liomesomórficas ConlO
elipsóides oblatos.
FIGURA 1.9 - Concepçgo das micelas liomesomórficas como
1.2.2.1 - Colestéricos Induzidos. 1.2.2 - Liomesofases Colestéricas.
-22-para
Esta hélice
ácido tartárico
descrito já
àquele
proposto para as liomasofasas
as micelas estariam dispostas com
semel han"te
é
Nesta classe,
de alinhamento deste com o eixo da hélice pode ocorrer o
colestéricos obtidos pela adição de colesterol,
ou sulfato de brucina foram, em seguida, investigados por Saupe e
cols. (RADLEY
&
SAUPE - 1978). Estes autores mostraram que estasmesofases apresentaram, ao microscópio polarizado, texturas
semelhantes às observadas para o PBLG, depois que as amostras
~ngL\lo
A idéia de induzir a formação de um sistema colestérico,
por adiç~o de compostos quirais a sistemas nemáticos, já se
encontra relatada por FRIEDEL-1922, para termotrópicos. Porém,
para liotrópicos, somente em 1975 Diehl ~ Tracey obtiveram o
primeiro colest6rico induzido, quando adicionaram 2-decilsulfato
de sódio à uma liomesofase de decilsulfato de sódio. Sistemas
desenrolamento da superestrutura helicoidal.
o
arranjo estruturalseus diretores micelares em planos, segundo um arranjo nemático.
De um plano a outro as direções de ordem sgo torcionadas dando
origem a um arranjo helicoidal (FRIEDEL- 1922).
também pode se orientar espontaneamente no campo magnético,
porém pode-se notar que dependendo da intensidade do campo e do
colestéricas
observar que nomes expressivos como Bernal,
-25-Lawrence e Zocher
tiveram suas atividades no campo registradas durante esta
reuni~o. Verifica-se ainda que até entao os Cristais Líquidos
entendimento mas também no preparo e manuseio de m2sofases.
líquido-cristalinos como matrizes de orientaçao se afigurou como
ressaltados os trabalhos de McBain CMcBAIN ET AL. - 1939, 1940,
~I
água.
Já em
Líquido
devem ser
1946) forneceu
observando os
o
sucesso da RMN emperíodo, Neste
no estado mesomórfico,
um avanço.
(PAA)
sua mobilidade no meio líquido. A utiliza<;go de meios
Líquidos desencadeou muitos progressos nao sÓ no
O
desenvolvimento da RMN (BLOCHET
AL.Após a grande discussao de 1933 o tema Cristal
1948), esclarecendo muitos diagramas de fases de sistemas
promover mais
Em 1962, Saupe
&
Englert puderam ~bservar pela primeirao espectro de próton do benzeno orientado em Cristal
vez
Cristais
uma possibilidade de obter bons resultados.
1953 Spence, Moses e Jain observaram o espectro de RMN de próton
restringir
Ao se iniciar a década de 60, o problema central entre
os especialistas de RMN era o de orientar moléculas sem
acoplamentos diretos. Os resultados obtidos nesta linha chamaram
atençgo de alguns especialistas do ramo mas, de modo geral, pouco
repercutiu na comunidade científica da época. do p-azm:i-anisol
uma técnica espectroscópica que viria revigorar o campo. 1943,
binários e alguns ternários baseados em anfifílico e
para
Liotrópicos eram quase que totalmente ignorados.
entrou em uma fase de pouca atividade. O desenvolvimento de novas
-26-Líquido. Dos acoplamentos dipolares diretos puderam calcular as
Foi também npsta época que se iniciou a investigação
dist~ncias irternucleares. A partir deste ponto, muito trabalho
foi dedicado à investigação da estrutura de moléculas soluto
por Flautt ~( Lawson (LAWSON
&
FLAUTT - 1967), quando observaram,por RMN de próton, a linha larga constituinte de uma mesofase
quaternária de decilsulfato de sódio.
dado
Mathias, Líquido,
isto se tornou
-fundamental no
Sim~o
para o completo tratamento destes espectros.
o
grande passo na investigaç~o de Liotrópicos foidos Cristais Líquidos no IQUSP, quando a Prof.
Ainda durante esta época podemos destacar os trabalhos
de Luzzati e cols. (LUZZATI, MUSTACCHI
&
SKOULIOS - 1957, 1958;LUZZATI, MUSTACCHI, SKOULIOS
&
HUSSON-1960, 1960a, 1961) que comex~ustivos estudos de raios-X puderam estabelecer a estrutura das
fases liotrópicas infinitas, formadas por sistemas binários. <DIEHL ~( I<HETRAPAL - 1969). Deve-se enfatizar que
possível graças ao trabalho de Saupe,
indispensável
desenvolvimento da teoria de matriz de ordem em Cristal
convidou o Praf. Leonard W. Reeves da Universidade de Waterloo,
no Canadá, a desenvolver um campo de pesquisas dentro de linhas
da físico-química moderna.
Liotrópicos se deu voltado para o estudo de estrutura de
moléculas e íons dissolvidos em meios liomesomórficos (KHETRAPAL
ET AL. - 1975). A partir de 1970 a micela liotrópica passou a ser
um dos principais alvos de estudo dentro deste campo, sendo mais
a de deutério em sua
em investigaç:;io
em especial
Pode-se afirmar que o começo da
--~.:~ /
--análi~;;.e de Perfil de Ordem dI:.' cadt"'ias perdeulfH-Lldas for-,~\fn ubtidos
o o de grupos para ênfase do este assunto Os resultados Reafirmando sua a maior importantes
ópticos de um soluto
porém,
muito utilizadas pelos
foram muito
1978 que Radley
&
Saupe publicarama estrutura de membranas biológicas.
sendo
época
objetivo de estudos por dois grupos:
época,
Qual a forma da rnicela? Basicamente,
Foi sOIT.ente em
Saupe na investigação de Liotrópicos.
Grande par-te dos conhec i mentos sobre as técni cas de
passari a a
sel-Charvolin na França e o de Amaral no Brasil.
obtidos naquela
até hoje.
de A.
estudos sistemáticos de colestericidade induzida em Cristais
Liquidas Liotrópicos. Era praticamente o início das atividades
A partir de 1979, a busca de um maior entendimento sobre
as micelas liotrópicas iniciaria uma discuss~o que se prolonga
valiosa contribu~ç~o no campo de Cristais Líquidos, já conhecida
em termotrópicos, o grupo encabeçado por ele viria a se tornar um
dos mais ativos também dentro dos sistemas Liotrópicos.
Em 1975, Diehl ~ Tracey obtiveram pela primeira vez um
e sim para a distinçgo dos isômeros
racêmico, por RMN.
trabalho ngo foi para as propriedades colestéricas deste sistema
específico de estudar
cblestérico liotrópico induzido,
liderados por Seelig (SEELIG - 1977, 1978; SEELIG
&
SEELIG-1980>e Ian Smith (SMITH - 1983; SMITH
&
JARREL - 1983>, com o objetivodurante esta
área.
Reeves (REEVES, FUJIWARA
&
SUZUKI-1976; FORRE5T&
REEVES - 1981)e Charvolin (CI~ARVOLIN
&
MELY - 1976; CHARVOLIN - 1984) nesta investigaçâo. Devemos destacar inicialmente os trabalhos de L.W.Após os primeiros anos, o campo de Colestéricos viria a
pesquisa os Cristais Líquidos Colestéricos.
alguns fatos devem ser ressaltados.
de
'.~U· "
porém
sendo
utilizaçâo em
entendimento das
larga
1888 até os dias atuais,
ainda têm como linhas de
sua
propriedades padrões,
a
nas suas
o desenvolvimento do campo de Cristais
1980 deve ser considerado um ponto
Atualmente, simples
desde sua descoberta em
Olhando-se
a ulilizaç~u de anfifílicos quirais como precursore~ de
o
ano dedesenvolvimentc. Líquidos
As propriedades eletro - ópticas características dos
sistemas termotrópicos, foram fator decisivo para o seu grande
Por outro lado, dentro dos chamados sistemas nemáticos,
a busca do maior entendimento sobre as transições de fase nos
sistemas mesomór"ficos e a procura da confirmaçâo da existência de
micelas bia>:iais nestes sistemas têm dirigido as linhas básicas
das pesquisas, florescentes na atualidade.
distribuidos por diversos países,
interaçÕes funo':.unentais que dirigem o arranjo helicoidal,
rapidamente substituído por assuntos de maior impacto dentro do
campo. De qual que modo, pode-se observar ainda que poucos grupos,
extremamente complexo no tocante a um maior
se revelar
liomesofases colestéricas traria uma ampliação no número de
sistemas até entgo conhecidos assim como nas anomalias possíveis
dentro das propriedades colestéricas esperadas. dúvida,
referência dentro do campo de colestéricos. Ele abriu caminho
grandes linhas Qinda s~o mantidas pelos mesmos pesquisadores.
isto mOS·Te o pouco impacto para a comunidade científica
que ainda nâo foi atingido pelos liotrópicos.
telas -29-Pode-se porém, as ainda sao Liotrópicos,
denota um grau de importancia e
é interessante notar que os mesmos
o campo de
calculadoras, jogos eletrÔnicos,
únicos que trabalham neste assunto.
a existência de alguns recentes grupos,
. ' . .
que lnlClaram
Por outro lado,
mencionar
mostradores de relógios,
Talvez
basicamente os grupos
de televis~o e computadores,
aplicabilidade,
destas linhas, à semelhança do que aconteceu no começo de
termotrÓpicos.
crescente, em publicaçÕes tradicionais de Física, mostrando um
maior interesse dos físicos pelo assunto. Mais interessante ainda
trabalhos de Liotrópicos eram desenvolvidos em laboratórios
o não das e os que tem de modo incipientes, A partir de 1980,
incluídos na classe de muito
cristais líquidos>
capacidade de solubilização
são ainda
Líquidos passou a ser tratado,
<solutos dissolvidos em
que conhecimentos físico-químicos a respeito
Os Cristais Líquidos podem ser
notar
atuais enfatizam o estudo da variedade polimérica,
é
daqueles colestéricps,
interaç6es intra e intermicelares,
Outro ponto interessante é o de que na década de
70,
osjustificando, absolutamente, o abandono do campo pelos químicos.
volumosos cinescópios e tubos de raios catódicos. As fronteiras
de substâncias, efeitos catalíticos destes sistemas, em especial
Novos Materiais. Através de suas propriedades ópticas inusuais
químicos
foi possível preparar mostradores que substituíram os pesados e
campo de Cristais
permitido preparar plásticos (p.e>:. poliamidas) de
-30-alta
resist.0n °ia, cujo emprego industrial ensejará soluçOes originais
em aplicações cotidianas.
Nascidos das investigaç5es de um bot~nico, os Cristais
Líquidos s~o tema de atualidade para físicos, matemáticos,
biólogos, químicos e tecnólogos. Enfeixam todas as
características típicas de uma sociedade "high-tech" e,
essencí é\lmente, pós-moderna, como o rompimento de hierarquias
pré-est belecidas e o desonvolvimento das interações
-31-CAP
íTULO
I
1.T~CNICAS
UTILIZADAS.
11.1 - A RESSONANCIA MAGNtTICA
NUCLEAR.
Quando este núcleo é submetido a ação de um campo
magnético estacionário B , a energia de interaçgo será dada pela
A um núcleo de spin 1#0, podemos associar
I- + I } ' ' '
-Angular L
=
~ [I(I+l)]~ e um Momento Magnético p=
ra=~o magnetog1rica) CPOPLE, SCHNEIDER
&
BERNSTEINexpressâo clássica:
...
E :::: - p.B
um Momento
<f.L("t=
1959) •
-32-Escolhendo convenientemente um sistemas de coordenadas
cartesianas com B
=
eixo z, chega-se a:E
= -
pz
.B
Uma
vez
quePa
=
1
L 2=
.~
1ím, teremos:E == - ~11mB
entre estes níveis, as quais, nos experimentos convencionais,
aquela necessária para que um núcleo dotado de momento magnético
Esta é a chamada condiç~o de ressonância,
é
isto é transições
Esta energIa
a aplica~ao de um
induzir na forma de radiaç~o
teremos:
-J=~B
/)/fI
=
~1.ou
n1veis de energia, cuja separa~ao
L\
E=
h
V
hJ.=~f1B
<21+1) valores de m,
quando
v=
t
B21t'
Desta forma,
Como E'J;:i stem
AE
=
-â1;
Bfornecida sob a forma de uma rádiofr-equência h)J
Se fornecermos energia ao sistema,
eletromagnética de frequência)), poderemos
obedecergo à regra de seleçgo
(separaç~o Zeeman) será dada por:
-:33-11.1.1 - Considerações Gerais.
Como técnica, a RMN permite o acesso a cinco par~metros Do
=
campo magnético aplicado pelo img.c
•
gera
A existência de
é válida ~penas para
varía com as vizinhanças
é a variaçâo da frequência
é, sem eletrosfera.
blíndagem que
isto
todos de grande potencialidade na investigaçgo de
DesloCi:Hlõi2nto Qu:!mico
<d):
i sol ados,
Esta condiç30 de resson~ncia
eletrOnicas do núcleo.
{i)
de ressonancia do sistema nuclear devido à mudança na
constante de blindagem. Pode haver contribuiçÕes
para-magnéticas e diamagnéticas, além de, em SOlUÇ~D, haver
~
=
constante denúcleos magneticamente ativos. diferentes,
v
:=i
[lo (1- () )onde:
interaçÕes magnéticas da vizinhança qui mica com os núcleos,
a necessidade de uma correçao:
absorva energia de uma radiaçâo eletromagnética. A distribuicâo
populacional entre os níveis em uma amostra em campo B , contendo
diversos núcleos de spin I, segue a de Boltzmann.
(v) Tempos de Relaxaçâo (Tj e T~ ): são medidas do tempo de
i riter-ouc1ear atr avés dos spi os f:?1etrônicos da 1i lJilc;30
rádiofrequência de resson~ncia (CORIO - 1966).
é
e em
-34-sistemas em
é uma interação
(D~~ ): é uma interação
observado
(ABRAHAM
&
LOFTUS - 1980>;é
perturbado pela aplicaçgo da
só
(sólidos e cristais líquidos), onde os
o surgimento de um momento quadrupolar
estado de equilíbrio,
nuclear, capaz de interagir com os gradientes de campos
elétricos das ligações químicas;
vida dos estados de energia mais altos, que se tornam
detel~mi na.
populados apÓs excitac;~o da amostra colocada no campo
magnético. Em outras palavras, o tempo de retorno ao
observado para núcleos com I~ 1. Sua origem está ligada
a uma distribuiç~o assimétrica de carga nuclear, que
n~cleos guardem posições definidas entre si
Desdobl' amento Quadrupol a,'- (t11·t~}: este par~metro só anisotrópicos
direta entre momentos dipolares de o~cleos vizinhos.
Este acoplamento
relação ao campo magnético (SLICHTER - 1963; BUCKINGHAM
&
BURNELL - 1967);Acoplament~ Spin-Spin Indireto (Jl~ ):
uma dependência do solvente
química entre os átomos que acoplam <RAMSEY
L
PURCELL- 1952; SLICHTER - 1963);
(iv)
(i i )
( ii ) Os espectros s~o simples,
-37-restringindo-se a algumas
linhas, de atribuiç~o inequívoca;
magnéticos, enqu2nto momentos quadrupolares elétricos interagem
dipolures maynéticos interagem com campos
(iii) Os aCGplamentos em geral,
movimentaçÕes sâo,
facilmente
dipolares diretos
detectar
~ possível
anisotrópicas. pequenos;
Momentos
(iv)
com gradientes de campos elétricos. As variações detectadas
interaçâo eletrostática entre o momento quadrupolar do
experimentalmente nos valores dos gradientes efetivos de campos
o
Hamiltoniano que descreve a interaç~o de um núcleo de~l
à
relacionado informaç30 sobre o
está
G campo magnético.
descreve a interaçgo do
que que
quadrupolar
magnético nuclear com
o núcleo observado se encontra (COHEN
&
REIFFse constituem em valiosa fonte de
momento
A A A
H :x:: H
M+ Ha.
A
H~= Hamiltoniano
A
H"=
Hamiltoni~~o magnético,l~ 1 com 8 0 , terá duas contribuições (SLICHTER - 1963):
onde: 1957).
-41-os níveis de energia serâo:
I[
1 2E",
~
- ..1-
Do +~
; ..--
~J
~,
l '
A diferença de frequ~ncias entre os sinais do dublete dá
As duas transições sâo nâo coincidentes, e darâo origem
e as transiçÔes de spin sgo dadas (em frequ~ncia) por:
tl~
1"1 ,li'
."1
I J
deutério: de
quadrupolar
I 1
11
(m - - )~ 2
+
I
1
0
91 2
2
== -
~Bo
desdobramento
flE
2
.} == -
1-B
1
o
= -
-I
B +~ V~
o a um dublete de frequ~ncias:
diretamente
Neste caso, os níveis de energia podem ser calculados 11.1.2.2 - O Desdobramento Quadrupolar de Césio-133.
Para o desdobramento quadrupolar de césio-133, valem as
-43-considerando desdobramento do
como descrito no
ser observadas sete
[ m +
~
.... .1l
angular
podem
~~J
UOla Illt?sofase,
[ 2 63]
m-_ 12
11.2>, cuja separaç.;âo será dada por
J~
2
va.... íaç.;::\o
--:;'B
:::
na
Em
cristais liquidas,
foram desenvolvidos métodos de ídentifica~go do
E.,=-
i-
B In +C "-'"1\-1
Nos
Neste caso, a separa~go entre os níveis será dada como: Baseados
6.
E ==transiç.;Bes definidas (Fig.
2
-.)"._ e Oiqi. 1 2
onde: - <3cos €f'-1>
~ - 1 4 '· t I 2
mesmas expressBes expostas para o caso de deutério,
através de:
entretanto que agora 1= 7/2.
quadrupolar
comport amer.-lo maiJlléti co de
't'~
-r .
I't'
T-~
"f-..t
" ,-óJ
'l:
-
-r-°'LIL ~ I
);)(tr--y.
-1-I ;::J • ' _ _ _
b
,l'C
1l.t_--,.,.",.. ... ...
I r __ u. _~-----~~i·~·-f·
.- --
-7
__ t _"__
- J .o<'l (t
O
T
L Lt>{r
(';, I
"to'
.~ I 5 I
9'
' I
falseando os resultados.
entre l~mína e lamínula ou em capilares de faces paralelas. Estes
liotrópicos aquosos, onde a perda de água altera a composiçâo,
no caso de
úteis e cOmodos
estando a amostra acondicionada
-49-(MP) ,
se entende a aparência observada ao
"te>: tura"
sgo especialmente
Por
A caracterizaç~o das propriedades ópticas nos sistemas
microscópio polarizado
últimos
líquido-cristalinos é baseada no aparecimento de quatro padrOes
ópticos principais:
Textura Nemática ou Schlieren;
11.2.2.1 - Textura Nemática ou Schlieren.
Te>:tura Chevron;
I
~
1I
associadas a
ópticos em cristais
est~o geralmente
é caracterizada pelo aparecimento de
que convergem para um ponto. Este padr~o,
dua~:. pr1mei ras
Textura Planar ou Focal - COnica.
Esta te>:tura
As
Textura Homeotrópica ou Pseudo-Isotrópica;
liquidas, também pode ser encontrado em colestéricos de baixa
ton;50 (NEHRING ~( S"\UPE - 1972) (Fig. II .4).
conhecido desde os primórdios dos estudos
filamentos escuros,
últimas est~o mais ligadas aos sistemas colestéricos.
11.2.2.3 - Textura Chevron.
esta textura está relacionada à observaçgo de uma amostra sob
caracterização de mesofases colestéricas <FRIEDEL - 1922; FRIEDEL
'11
I
II
.11
~
"I
::1
à
-50-é considerada típica para a
incidindo paralelamente ao seu
textura está relacionado
à direção do seu eixo óptica.
A designaçgo "pseudo-isotrópíca"
com luz
é explicado como derivado do arranjo
a texlur"C\ nemáticil surge de "defeitos" de
resulta apenas da posiç~o escolhida para a
a observaçgo ao microscópio polarizado mostra um
que passam a definir linhas singulares no material.
Este padr~o
Este tipo de textura
o
aparecimento destaque incide paralelamente
- 1964; DeGENNES - 1974; CHANDRASEKHAR - 1977).
11.2.2.2 - Textura Homeotrópica ou Pseudo-lso~rópica.
colestérico em planos superpostos, onde a direç:áo preferencial
Característica principalmente cie sistemas nemáticos,
meio isotrópico,
e1xo óptico.
observaçâo da amostra,
ao fato de que embora a padr~o observado corresponda aquele de um Neste casa,
sugerida por Lehmann (HARTSHORNE - 1974) procura chamar atençâo
campo completamente escura.
1LlZ
19~8). Na realidade,
distribuiçâo dos eixos ópticos ou diretores micelares <FRANK
-·53-comp I ct'Hnente uni forme. No entanto, qualquer defeito de
Existem vários tipos de textura focal-cÔnica, dependendo
11.2.3 - Dificuldades na Caracterizaçgo de Sistemas
Colestéricos ..
perpendicular ao plano das camadas, isto é, paralelo ao eixo
helicoidal no caso de colestéricos (Figs.II.6 e 11.7>.
ao
à observaçao
iremos nos referir
1972, 1973, 1974; VANIN
-(HARTSHORNE ~ STUART - 1970;
é aquele associado
(BOULIGAND
-neste trabalho,
que
ângulo de observaç80 em relaçao ao arranjo
1985). Particularmente,
tipo mais clássico,
principalmente do
definido pelas camadas
visíveis as elipses e as hipérboles
HARTSHORNE - 1974).
orientaçgo que crie ondulações nas camadas fará com que estas se
disponham de tal modo a len.brar um domínio focal-cônico, tornando
colestérico a textura resultante pode se tornar muito complexa e é muito focal-cônica
Dependendo das dimensÕes do passo
De modo geral, as texturas chevron e
Para sistemas nos quais o passo colestérico é menor que
é comum o aparecimento de um padr~o misto de textura
10
pm,
superfície do porta-amostra.
chevron e focal-cÔnica. Em particular, nestes sistemas,
difícil o processo de orientaçgo do eixo colestérico paralelo à
caracterizam perfeitamente o comportamento óptico exibido por
liomesofases colestéricas cujO passo helicoidal esteja na faixa
-55-de difícil caractcrizaçao.
Por outro lado, sistemas colestéricos com baixo poder de
torçgo, isto é com baixa capacidade de induzir um arranjo
helicoidal, t~m maior facilidade em desenrolar sua estrutura
orientaç:âo.
sistemas, poderemos observar o aumento do passo helicoidal, com o
microscópio polarizado para a identificação do tipo de mesofase
1982;
que a
N(;~s tas
maiores.
composta te,:tura
que embora o uso de
uma
ALCANTARA L VANIN
é inequívoco, uma vez
1982;
deve-se ressaltar
ele não
surgimento de o
efeitos de paredo e/ou campo magn~tico.
(ALCANTARA
de efeitos de parede além do próprio processo de
De modo geral, sentido,
também
ALC.'-'iNTAriA ET AL. - 1984a) (Fig. 11. 8) •
textura final depende, além das próprias características do meio, seja muito utilizado,
bai>:a torçgo
de grandes regiÕes escuras com alguns filamentos ou regi5es
birrefringentes caracterizam a existência de um colestérico de
Neste
heIi coi d,~d rHJI'"
-57-CAPiTULO I I1.
PARTE EXPERIMENTAL.
111.1 - INSTRUMENTAÇ~O.
A
maioria dos espectros de deutério foi registrada numaNo presente trabalho foi utilizado o espectrOmetro de
respectivamente, nas frequências de 15,3 e 13,1 MHz. Todos os
espectros foram obtidos por técnicas de acumulal;go de pulsos com
para a
operando
tempo de
à soma dos
usando um
e césio-133,
de 12,5 kHz,
de deutério
com capacidade multinuclear,
(SW>
de espectros
largura espectral
a posterior aplical;~o da Transformada de Fourier <FT>
dec~i~entos induzidos livres.
obtenl;~o
-59-utilizados nao ultrapassaram 20X, e o campo de observaç~o das
fotos varia de 1,7 a 6,2 mm.
àquelas
As cores vistas nas fotos não correspondem exatamente
observadas, mas não se afastam muito das reais, de tal
forma que constituem um bom testemunho do padrão observado, além
do que as peculiaridades texturais estgo claramente visíveis.
111.2 - COMPOSTOS UTILIZADOS.
Os anfifílicos e solutos empregados na preparação das
fases foram:
L~urato de Potássio (LK): preparado por neutralizaçgo do
ácido láurico com KOH e recristalizado de etanol.
Perdeutero-Laurato de Potássio <LK-d23): cedido gentilmente
pelo Prof. L.W. Reeves, j á na forma purificada.
- 2,2-Dideutero - Laurato de Potássio <LK-d2): idem.
Cloreto de DecilamOnio <COA): cedido gentilmente pelo Prof.
F.Y. Fujiwara, j á na forma purificada.
- Perdeutero - Cloreto de Decilamônio (CDA-d21): idem.
-63-,,-Decanol <DemO: J.T. Baker;
1<01-\ : I~eagen.
A água deuterada utilizada no preparo das fases tem
proceLJl~nci a 1"1l~rcl-, Shar-p :!< Dot\me (179,[ll..).
111.3 - PREPARAÇAO E COMPOSIÇAO DAS LIOMESOFASES.
A técnica de preparo de cristais líquidos liotrópicos já
foi descrita anteriormente (SUZUKI - 1979), e o ponto chave é a
perfeita homogeneizaçao da mistura. A pureza das substãncias
utilizadas é fator crítico no sucesso do preparo destas fases e
na reprodutibilidade dos resultados obtidos.
No presente trabalho foram utilizados vários sistemas
liomesomórficos colestéricos baseados em diversos anfifílicos.
As compusiç5es, expressas em porcentagem em massa e em
comportamento magnético utilizando técnicas de RMN de deutério,
sendo confirmado, para todas, o caráter tipo 11.
fraç~o molar, para os diversos sistemas utilizados no presente
traballlo est~o apresentados no Apêndice.
"
' seu
o segundo
foram caracterizadas
mesofases
i
I
ij
i
i
I
I
-64-CAPíTULO IV.
RESULTADOS E DISCUSSAO.
IV.1 - NOVOS INDUTORES DE QUIRALIDADE.
No presente trabalho, passamos a desenvolver a
utilização de três novos indutores de colestericidade, além do
colesterol já usado anteriormente: a L-sorbose, a diacetona
sorbose (DAS) e a diacetona - 2 ceto,gulonato de potássio
~ ~
(DGI<). Os sistemas estudados inicialmente foram: LK/COL, 1 ,
:~
U< / SORBOSE , CDA/SORBOSE e CDA/DAS. As amostras foram
caracterizadas como tipo 11 através da RMN de deutério da HDD
1I
1
orientada na superfície micelar, segundo procedimentos usuais I~.'"
~
....oIi
(PAOLI MONTEIRO - 1981; FORREST
&
REEVES - 1981). #l~
Algumas particularidades foram observadas,
-65-podendo-se
As duas observaç8es feitas através de resultados de RMN
notar que nos sistemas baseados em LK/COL e LK/SORBOSE os
é orientada
apresentando
podem também
CDA/SORBOSE e CDA/DAS
n~o apresentam nenhuma
observadas ao microscópio
em alguns casos,
os experimentos em sistemas a base de
evidenciando uma pronunciada afinidade pela
de amostras acondicionadas em capilares planos,
os sistemas LK/COL embora geralmente apresentem
análise das texturas
A
Este fato mostra que quando a amostra
Por outro lado,
com SORBOSE ou DAS como indutores,
A obser-vação conoscópica das amostras
apresentar o desenr-olamento da hélice colestérica. par-ticLllar,
textur-as típicas colestéricas,
mostrar-am que os sistemas LK/SORBOSE,
polar-izado,
de deutério vem corroborar observaç8es utilizando microscopia
óptica sob luz polarizada, também sobre estes sistemas.
apr-esentam o desenr-olamento da superestrutura helicoidal. Em
texturas homeotrópicas (decorrentes do desenrolamento da hélice)
mostrou par-a os sistemas CDA/SORBOSE e COA/DAS uma figura de
parede.
evidência de efeitos de parede semelhantes ao descrito. COA,
o
nas posiçÕes de 90 em relação ao campo e perpendicular à parede
do tubo de RMN,
estacionariamente no campo magnético, os diretores se concentram
espectros registrados imediatamente após uma rotaç~o de 90° do
relaç~o ao campo magnético (Figs. IV.1 e IV.2).
concentraç:io de diretore5 nas posiçOes relativas a 0° <e 180°) em
-67-interferência característica de amostras Uniaxiais, ou em outras
conduziu a um perfeito ordenamento dos diretores micelares
perpendiculares às paredes do capilar.
o desenrolamento completo do arranjo colestérico
palavras,
Por outro lado, as amostras de LK/SORBOSE e LK/COL,
apresentaram figuras de interferências Biaxiais (Fig. IV.3>,
mostrando a existência de dois eixos ópticos.
ser decorrente de uma
competiçao entre o efeito de orientaçao por parede e o poder de
torç~o característico dos sistemas colestéricos.
Baseado nestes fatos, podemos
desenrolamento do arranjo helicoidal deve
sugerir que o
privilegiadas de ordem, quanto nos espectros de amostra
estacionária, registrado após um giro de 90° do tubo de RMN. ~
exatamente nestas condiç8es que haverá o aparecimento de figuras
Quando o poder de torçgo for comparável ao efeito de
parede, começa a ocorrer a deformaçgo do arranjo helicoidal.
Nestes casos, observando-se os espectros de RMN de deutério da
HDD
orientada na superfície micelar, podemos constatar por partedestes sistemas, uma pronunciada afinidade pela parede, tanto no
1985> ,
direç(jes com
"spinning" em
(ALCANTARA - 1982; VANIN
amostras de
PÓ Modificado diagrama de
característico
Quando o poder de torç~o da fase, isto é, a capacidade
de induzir um arranjo colestérico, é grande em comparação ao
efeito de parede, podemos observar a manutenç~o da hélice
evidenciada pela verificação, na RMN de deutério da HDO orientada
nestes sistemas, do diagrama de PÓ característico e, na
-70-método indi~eto, baseado em efeitos de compensação.
Os métodos diretos para determinaç50 de helicidade
envolvem dois princípios:
Método da Cunha - baseado na variaçgo do poder óptico
rotatório com a variaç~o de espessura da amostra;
Método de De Vries - baseado na variação do poder
rotatório com a variaçao do comprimento de onda.
óptico
o
método indireto se baseia em preparar mesofasesIV.2.1 - Método da Cunha.
com helicidade conhecida, e observar a textura resultante.
espessura variável. Quando olhada ao microscópio polarizado sob
luz monocromática, esta amostra exibirá zonas de extinçao bem
é
1967,
pode-se mesofase
em uma cela de
a
1977; CANO
método,
originalmente aplicado a fases
Neste
um outro indutor de quiralidade
BILLARD L JACQUES
adicionalmente,
O método da cunha foi
Girando-se o analisador no sentido horário,
1968) •
definidas (BERTHAULD,
orientada espontaneamente em arranjo planar,
termotrópicas colestéricas.
utilizando~
observar o deslocamento destas zonas de extinçgo ao longo da
cela. Nestas condiçÕes, o deslocamento para as regi5es de maior
espessura mostra que o arranjo' helicoidal é destro, caso
contrário, o helicóide é levotorcldo.
-71-IV.2.2 - Método de De Vries.
l'i A à de e obtida óptico foi filtro é girado.
Ao
de--
-contínuoa variaçao de
para explicar o poder
as zonas de extinçao s~o círculos
líquidos termotrópicos colestéricos
caso,
monocromador
à luta~~o do conjunto com parafina,
cristais
um presente
No presente trabalho, foram usadas aquelas com poço
de
é colocada na cavidade e coberta com uma lamínula.
No
Nestas condi~ees,
utilizando-se
desenvolvida por De Vries,
rotatório
(De VRIES - 1951; RDBINSDN - 1961; CHANDRASEKHAR
&
SRINIVASA RAD1968; CHANDRASEKHAR
&
PRASAD - 1971). Recentemente, o métodofoi usado para determinar, a partir de dados de ORD e CD, a
helicidade em mesofases liotrópicas (TORIUMI
&
UEMATSU - 1984;TORIUMI ET AL. - 1983). O poder óptico rotatório é medido no
microscópio polarizado para vários comprimentos de onda
(Â>.
o
método de De Vries é essencialmente um método dedispers~o óptica rotatória. Ele foi elaborado a partir da teoria
para termotrópicos (BERTHAULD, BILLARD
&
JACQUES - 1977).atribui~ao da helicidade nestas amostras é a mesma daquela usada
concêntricos que se deslocam quando o analisador
biológicos.
amostra
cavadas~ disponíveis em diferentes especifica~Oes para estudos
orienta~~o da liomesofase por aç~o de campo magnético aplicado
numa dire~~o conveniente.
Procede-se ent~o