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A educação continuada dos alunos egressos: compromisso da universidade?.

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REFLEAo

A EDUCACAO CONTINUADA DOS ALUNOS EGRESSOS: COMPROMISSO DA

UNIVERSIDADE?

TH E CONTI N U E D E D U CATI O N OF EGRESSED STU D E NTS : IS IT A COM M ITMENT OF TH E

U N IVERSITY?

LA E D U CAC I O N CONTI N UADA D E LOS ALU M N OS EGRESOS: GCOM P ROM I SO DE LA

U N IVERS I DAD?

Vania Marli Schubert Backes1 Elisabeta Albertina Nietsche2 Silvia mar Camponogara3 Rosana da Silva Fraga4 Rita de Cassia Cerezer 5

RESU MO: Objetivamos, com esta reflexao te6rica, tecer algumas considera;oes acerca da importancia da Universidade, enquanto institui;ao formadora, no sentido de fomentar um processo educativo que remeta os individuos a consciencia do inacabamento, segundo referencial de Paulo Freire, e, por conseguinte, ao relevante papel da educaao/forma;ao continuada, durante e ap6s a forma;ao academica. Para isso, torna-se imprescind ivel resgatar e apontar como metas a integra;ao en sino, pesquisa e extensao, bem como a constru;ao de uma cultura institucional comprometida com a educa;ao continuada e a forma;ao de parcerias e nucleos de apoio ao aluno egresso, como forma de concretizar 0 compromisso da universidade com a educa;ao continuada dos alunos egressos.

PALAVAS-CHAVE: ensino de enfermagem, ensino-servi;o, educa;ao continuada, universidade

ABSTRACT: The objective of this study is to reflect on the role of the university as a fomenter of continued education, during and after undergraduation, according to the referential of Paulo Freire. Thus, it is necessary to rescue and indicate as a goal the integration of teaching, research and extension, as well as the construction of an institutional culture committed to continued education and the development of partnerships and support group for egressed students.

KEYWORDS: nursing education, education-service integration, continued education, university

RESUMEN : Pretendemos con esta reflexi6n te6rica tejer algunas consideraciones sobre la impotancia de la Universidad , mientras instituci6n formadora, en el sentido de fomentar un proceso educativo que remita a los individuos a la conciencia del inacabamiento, segun referencial de Paulo Freyre y, por consiguiente, al relevante papel de la educaci6n/formaci6n continuada, durante y despues de la formaci6n academica. Para ello, es imprescindible rescatar y apuntar como metas la integraci6n enseianza, investigaci6n y extensi6n, asi como la construcci6n de una cultura institucional comprometida con la educaci6n continuada y la formaci6n de grupos y nucleos de apoyo al alumno egreso, como forma de concretar el compromiso de la universidad con la educaci6n continuada de los alumnos egresos.

PALABRAS CLAVE: enseianza de enfermeria, integraci6n enseianza-servicio, educaci6n continuada, universidad

Recebido em 31/01 /2002 Aprovado em 26/06/2002

1 Doutora em Enfermagem. Professora Adj u nta do Departamento de Enfermagem da U F S M-RS. Coordenadora do GEPES/ UFSM. Pesq u isadora da FAPERGS e C N P q .

2 Doutora em E nfermag e m . Professora Adj u nta do Departamento d e E nfermagem d a U FSM-RS. Pesqu isadora da FAPERGS.

200

3 Mestre em Enfermage m . Professora Assistente do Departamento de Enfermagem da U FS M-RS. 4 Enfermeira Membro do G E P ES/U F S M .

5 Academica d e Enfermagem 70 Semestre da U FS M-RS . Boisista d e trabalho do H U S M .

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INTRODU;Ao

o home m , sem d u v i d a , e u m ser q u e busca constantemente crescimento e aperfeigoamento. Nao fosse isso verdadeiro, nao estariamos vivenciando tamanho progresso cientifico, cultural, social. Nos dias de hOje, essa busca por conhecimento parece intensificar-se cada vez mais, visto estarmos vivendo um periodo de intensa explosao tecnologica e globalizante.

No entanto, a conquista do conhecimento precisa acompanhar algumas eta pas formais, que passam pela escolarizagao em nivel fundamental, medio e pela formagao profissional, que encontra lugar na U niversidade.

E

na Universidade que 0 individuo en contra terreno fertil para desenvolver e aprimorar valores relacionados a sua vida profissional e pessoal . Neste meio, atraves da busca do conhecimento cientffico, tambem deve encontrar condigoes para 0 desenvolvimento da consciencia critica e do seu papel enquanto cidadao. Esses quesitos sao essenciais para uma formagao profissional que resulte em comprometimento com a sociedade em que esta inserido.

Nao obstante, torna-se importante destacar que esse processo de formagao nao deve se encerrar no momenta de conclusao de um curso de profissionalizagao, mas deve continuar por toda a vida do individuo. Essa perspectiva deve surgir no bojo da formayao profissional, atraves do afloramento de valores que permitam ao individuo reletir sobre seu papel enquanto cidadao, comprometido com a sua comunidade e sociedade.

Ha que se pensar, porem, qual seria 0 compromisso da Universidade com a educagao continuada dos egressos, no sentido de viabil izar este p rocesso de formagao continuada. Tendo por base tal questionamento, 0 presente estudo objetiva refletir sobre esta tematica, encontrando sustentagao teorica em Freire ( 1 999) e tambem apoio nos estudos e vivencias obtidos junto ao Grupo de Pesquisa de E d u cagao em E n ferm a g e m e S a u d e - G E P E S d a Universidade Federal d e Santa Maria - U FSM/RS n a Linha de pesquisa: Educagao, Enfermagem e Saude. Inicialmente, procuraremos fundamentar 0 estudo com alguns conceitos e reflexoes, para , posteriormente, a pontar a l g u m a s estrategias d e a g a o com vistas a d espertar para a necessidade de se investir, ja na formagao universitaria, em educagao continuada.

Neste sentido, cabe destacar que a Lei nO 9 .3941 1 996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educagao Brasileira , referida por Santos et al. ( 1 997), tambem faz referencia a Educayao Continuada, evidenciando, nos Artigos 40 e 80, 0 seguinte:

At. 40 - A educayao profissional sera desenvolvida em articulagao com 0 ensino regular ou por diferentes estrategias de educa�ao conti n uada, em instituiyoes especializadas ou no ambiente de trabalho.

Art . 8 0 - 0 P o d e r P u b l i co i n ce nt i v a ra 0 desenvolvimento e a veiculagao de programas [ .. . ], em todos os n iveis e mod a l i d ades d e e n s i n o , e d e e d u ca�ao conti nuada.

Estas consideragoes vem fortalecer ainda mais a importancia de estimular novos desafios, estudos e vivencias, em relagao ao processo de ed ucagao continuada na construgao de sujeitos comprometidos com a qualidade de

BACKES, . M . S.; N I ETSC H , E . A . ; CAMPONOGARA, S . et al.

vida propria e coletiva.

COMPROMISSO DA U NIVERSIDADE COM A EDUCA;Ao CONTINUADA: U M CONVITE

A

REFLExAo

E mbora seja u m conceito a ntigo, somente na atualidade 0 conceito de Educagao Continuada tem sofrido as reformulagoes compativeis com seu real valor para a sociedade moderna e pos-modema. Enquanto, antigamente, a Educagao Continuada estava atrelada a um mero processo de apefeigoamento tecnico-profissional, atualmente ja vem sendo entendida como um processo mais amplo.

Segundo Backes et al. (2000, p. 9), a Educayao Continuada refere-se a

u m p rocesso ed u cativo formal ou i nform a l , d i n a m ico, d i a l 6g i co e co n t i n u o , de rev i t a l i z a : a o p e s s o a l e p rofissi o n a l , d e modo i n d ivid u a l e col etivo , buscando q u a l ifi c a :a o , postu ra etica , exercicio d a c i d ad a n i a , c o n s c i e n ti z a :a o , reafi r m a :a o o u refo rm u l a : a o d e v a l o r e s , con stru i n d o re la:6es i ntegrad o ras e ntre os sujeitos envolvidos , para uma praxis critica e criadora .

Esta forma abrangente de entender 0 processo de Educayao Continuada acreditamos vir ao encontro dos anseios da sociedade, que vive a era da globalizayao e da revoluyao da informatica, atrelada a graves problemas de ordem social e economico. Sob esta otica, a Educagao Conti n u a d a nao pode estar relacionada somente ao aperfeiyoamento tecnico, mas tambem a uma constante reflexao de valores, dentro de um contexte coletivo.

Cabe ressaltar, entretanto, que esta visao ainda necessita ser internalizada pelas pessoas e instituiyoes. No que se refere a Universidade, analisando 0 contexte atual, percebe-se que ela pode nao esta r satisfazendo as expectativas da opiniao publica, por isso torna-se necessaria a reflexao sobre seu verdadeiro papel, no contexte historico em que esta inserida. Segundo Penna (1 993, p.1 64), durante muito tempo a universidade brasileira "exerceu um papel de mera formadora de mao-de-obra especializada e quase exclusivamente voltada para 0 ensino". Apesar dos avangos das atividades d e extensao e da ampliayao da sua autonomia, em muitos casos ha um relativo isolamento dos Centr�s U niversitarios, limitados as suas construgoes e alheios as mudangas no quadro politico, economico, social e institucional do pais. Somando-se a isso, reforga Penna ( 1 993, p . 1 65), "determinados veiculos de comunicayao promovem campanhas insuladoras levando ao conhecimento d a opiniao publica , uma avaliagao distorcida sobre a Universidade Publica e sua funyao social".

N o entanto , i ndependentemente do Pais e do contexte historico em que a universidade esta inserida, h8 um elo comum a todas, materializado na relayao estabelecida entre a compreensao da universidade enquanto centro de conhecimento e de preparagao do homem e sua insergao social. Ainda de acordo com Penna ( 1 993), nos diferentes momentos historicos, a u niversidade se coloca como instituiyao voltada para 0 conhecimento, visto ora como produto acabado (apenas transmitido, repassado), ora como processo que requer a participagao de todos os sujeitos.

Diante disso, concordamos com Penna (1 993, p. 1 66) quando diz ser necessario que a Universidade brasileira retome sua finalidade maior que e a de ser um centro de

(3)

A educagao continuada .. .

refl exao perm a n e nte , o n d e a p ro d u g a o d e n ovos conhecimentos se realize em conson€mcia com as demandas sociais e por meio de um processo interativo que privilegie sua relagao com a sociedade civil.

Segundo Faria (2000), a maior parte da produgao brasileira em ci€mcia representa muito pouco para 0 mundo e importamos quase toda tecnologia de que dispomos, 0 que leva grande parte do nosso Produto Intemo Bruto - PIB. Concordamos com a a u to ra q u a n d o refere que as universidades brasileiras encontram neste ponto 0 seu maior desafio, pelo fato de ser nelas produzida quase que a totalidade da ciencia e que, sem um projeto de identificagao comprometido com 0 social, a ciencia nao chegara a ter uma tecnologia libertadora . Neste contexto, emerge a i m port€mcia d a extensao u nivers itaria , colocando a universidade solid aria com a sociedade.

Na tentativa de convergir para este intento, a partir de 1 968, de acordo com Fernandes ( 1 994), a Reforma U n iversita ria v e m e n fati z a r a n e ce s s i d a d e d a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensao, nao como uma composigao compartimentada, mas realmente como uma agao que visasse formar 0 homem para atuar em plena conson€mcia com a sua realidade de forma critica e transformadora.

Esta tentativa logrou alguns resultados positiv�s para o contexte Universidade/Sociedade, mas notamos que ainda existem algumas lacunas a serem preenchidas, as quais poderiam resultar em maior potencial critico, criativo e transformador. Neste aspecto, em particular, a Educagao Continuada poderia contribuir sobremaneira , visto ser um processo que remete primeiramente a uma revisitayao intema de valores, com posterior reflexo no nivel profissional.

Acreditamos que 0 compromisso do profissional com a sociedade se da no mesmo n ivel do compromisso consigo mesmo. Neste sentido, Freire ( 1 999, p.20) relata que "como homem, que nao pode estar fora de um contexte historico-social em cujas relagoes constroi seu eu e um ser autenticamente comprometido, falsamente comprometido ou impedido de se comprometer verdadeiramente", ou seja, 0 profissional age de acordo com a grande maioria, comporta­ se como mero receptor e executor de ordens impostas por uma minoria, por nao ter a consciencia da necessidade de ser verdadeiramente comprometido consigo e com os outros, ou 0 profissional se tom a comprometido com as questoes do seu dia-a-dia, transformando a realidade.

Freire ( 1 999, p.21) nos d iz que 0 profissional nao deve julgar-se

. . . habitante de un mundo estranho, m undo de tecnicas, e e s p e c i a l i stas s a l v a d o re s d o s d e m a i s , d o n o s d a verdade, proprietarios do saber q u e devem ser doados aos ignorantes e inca pazes. Habitantes de u n gueto, de onde saiu messia n icamente p a ra salvar os perdidos, que esio fora .

o profissional que assim se compota nao esta se comprometendo verdadeiramente, nem como profissional nem como home m , simplesmente esta se alienando. Considerando a Universidade como instituiyao formadora de profissionais e um centro de "concentragao do saber", ela deve estar tambem comprometida com os profissionais que forma, pois, como diz Freire ( 1 999, p.2 1 ), "nao e possivel u m compromisso autentico s e , a q u e l e q u e se j u l g a

comprometido, na realidade s e apresenta como algo dado; estatistico e i m utave l , [ . . . J, se percebe a rea lidade enclausurada em departamentos estanques". Portanto, nao podemos ter uma Universidade realmente comprometida com a sociedade e com os seus ex-alunos, parte integrante desta, se a Instituigao nao ve e nao capta a realidade como uma totalidade, cujas partes se encontram em constante interayao. Uma Universidade comprometida com a realidade nao pode focalizar suas agoes sobre partes isoladas desta, mas sim deve direciona-Ias para transformar a totalidade (sociedade, pais). I sto e, se 0 que desejamos sao profissionais comprometidos em suas profissoes e com a sociedade, devemos atuar no sentido de transformar a Universidade em um centro realmente comprometido com a formagao do profissional para atuar e intevir criadoramente no mercado de trabalho e no mundo. Esse compromisso deve se dar tanto no ambito universitario, enquanto alunos, como tambem apos sua graduagao. Como salienta Freire ( 1 999, p.21 ), "0 compromisso nao pode ser um ate passiv�, mas praxis-agao e reflexao sobre a realidade". Continua 0 mesmo autor, referindo que inserida

. . . no com p ro m isso do p rofissiona l , seja ele quem for, esta a exiglncia de seu constante aperfe:oa mento, de su pera:ao do especia l ismo [ ... J , 0 profissional deve i r

a m p l i ando s e u s conhecimentos em torno do homem, d e s u a forma de estar sendo no mundo, su bstitu indo por u m a visao critica a visao i ngenua da realidade Freire ( 1 999, p . 2 1 ).

Assim sendo, nao pod em os esperar profissionais comprometidos com 0 desenvolvimento de uma sociedade ou nagao, se nao Ihes foi proporcionado, pela instituigao formadora, subsidios para 0 desenvolvimento de uma vi sao critica, do contexte historico-social em que esta inserido. N este aspecto , d eve-se esperar d a U n iversidade 0 compromisso em nao reduzir 0 aluno ao tecnicismo, a um "automato manipulavel".

Nao obstante, a construgao do conhecimento, tanto em uma instituigao como individualmente, tem um carater politico ligado a interesses sociais e pessoais. 0 papel da universidade nesse contexte se estabelece a medida que vai "formando" 0 profissional, de modo a conduzi-Io ao desnudamento critico da realidade em que esta inserido, despertando-Ihe a responsabilidade e 0 compromisso com as questoes sociais. Isso pode ser adquirido atraves do desenvolvimento de atividades integradas de ensino, pesquisa e extensao, levando a forma;ao profissional caracterizada pela construgao de uma d imensao politica e critica da realidade onde vai atuar, interligando 0 ensino, atraves da prod ugao de novos conhecimentos, que deverao dar respostas coerentes e adequadas as necessidades sociais. De acordo com Tavares (2000), a concepgao de uma universidade voltada para atender os interesses da populaao, buscando diminuir a desigualdade social existente por meio da democratizayao do conhecimento elaborado e transmitido pela universidade, torna necessaria a explicitagao da extensao universitaria junto ao ensino e a pesquisa.

Assim, a universidade deve cumprir seu papel de centro produtor e difusor de ciencia, tecnologia e cultura, sendo um elemento de extrema relevancia para a construgao da cidadania.

Ainda segundo Tavares (2000, p.

7),

(4)

. . . a compreensao da natu reza publ ica da u niversidade se confirmara na propo:ao e m que d iferentes setores da p o p u l a : a o b ra s i l e i ra u s u fr u a m os re s u l t a d o s prod uzidos pela atividade academica, e isso s e dara , n a medida em q u e a u n iversidade passa a ter 'a cara d e socied a d e ' . I sto e , e m outro s termos , q u a n d o a s u a preocupa:ao com os problemas sociais s e torne

. visivel nas salas d e a u l a , nos l a b o rat6rios e nas ativld ades extra m u ros.

A Universidade, entao, nao pode se furtar ao papel de proporcionar ao aluno a oportunidad.e de des.e

��

olver.

sta consciencia critica. A Educa:ao Contlnuada, Inlclada Ja na forma:ao academica , e 0 meio ideal de asseg ura r 0 desenvolvimento integral do profissional que traga, como conseqOencia, 0 comprometimento com 0 seu meio, com a sociedade em que vive.

que Neste sentido, Penna ( 1 993, p. 1 95) complementa . . . a U niversidade d eve ser dos sabios, mas tambem dos cidadaos com isso a produ:ao u niversitaria tendera a ser coleti

a , nao havera mais 0 sabio isolado responsavel por uma matriz do pensamento, mas sa bios q u e por i ntermed io de uma com u n idade cientifica , possam fu ndar correntes e concep:6es orig inais.

Ao patilhar suas informa:oes, a Universidade e ex­ alunos adquirem um grau de maior responsabilidade frente aos problemas sociais, economicos, culturais, entre outros, enfrentados por ambos, desenvolvendo-se uma cumplicidade que se refletira numa valoriza:ao da Universidade por.

a

e da sociedade, que passa, por sua vez, a encontrar na clencla desenvolvida pela comunidade universitaria 0 instrumento capaz de atender as aspira:oes coletivas. .

Assim, 0 horizonte para a indissociabilidade Enslno/ Pesquisa/Extensao - EPE pode ser expresso como a:ao vinculada, continua e processual de uma nova politica, uma nova postura fomentando a parceria docencia-sevi:o numa disposi:ao para ultrapassar os limites da Universidade, propiciando um fluxo de troca de saberes sistematizados e favorecendo um trabalho interdisciplinar e, igualmente, fornecendo elementos para interpreta:ao e transforma:ao da realidade de saude.

Essa d isposi:ao de integra:ao, de parceria e de mudan:a, mais do que no plano do conhecimento, situa-se na praxis. Uma praxis, segundo Reis ( 1 992), que tenha disposi:80 para produzir conhecimento hist6rico inova

?

or, voltado para a realidade de saude da regiao e que seja obJeto do ensino e suporte da presta:ao de sevi:os a comunidade. A nosso ver, assumir essa d isposi:ao passa pel a necessidade de articula:ao com os profissionais egressos no mercado de trabalho, aproximando e fotalecendo a triade da indissociabilidade EPE atraves da estrategia de educa�o continuada em servi:o.

Esse esfor:o requer uma reflexao critica da forma:ao basica profissional, das experiencias academicas oferecidas e a realidade profissional encontrada no mercado de trabalho, pois, como refere Faria (2000, p.02), "e 0 conhecimento quem controla 0 potencial criativo da humanidade nesta era de globaliza:ao.

E

ele que move 0 mundo em torno de uma economia do conhecimento".

Historicamente, a educa:ao continuada, enquanto educa:ao de adultos, tem side relegada a um segundo plano.

BACKES, . M. S . ; N I ETSC H , E . A.; CAM PONOGARA, S . et a l .

Entreta nto , este q u a d ro vem se mod ifica ndo face a n e cess i d a d e d e a co m p a n h a me nto d o i n d i v i d u o as transforma:oes tecnol6gicas e sociais que vem ocorrendo no mundo e no trabalho. A educa:ao continuada em servi:o, proporcionada atraves da parceria docencia-servi:o, precisa levar em considera:ao 0 saber adquirido pelo profissional nas experiencias de trabalho. A valoriza:80 desse saber permite apontar com maior propriedade a realidade desse servi:o, a expressao de suas necessidades e problemas, estimulando, no processo de educa:ao continuada, a troca mutua de experiencias, a cria:ao de novo saber e nova pratica, a partir da crftica e instrumentaliza:ao gerada pela vivencia deste processo.

CONSIDERACOES FINAlS

Tendo em vista estas reflexoes, podemos perceber q u e a e s s e n c i a d a fo r m a : 8 0 p rofi s s i o n a l esta n a conscientiza:ao do individuo sobre seu papel enquanto cidadao. De posse desta consciencia critica, pod era ele instrumentalizar-se para melhor concretizar sua atua:ao junto a sua comunidade.

Sabidamente a Universidade e 0 tereno mais propicio

para a germina:ao de valores que remetam 0 individuo a este envolvimento com a sociedade. No entanto, parece estar havendo u m certo d istanciamento entre 0 aluno e a Universidade, ap6s sua forma:ao academica. Esta lacuna d ificu lta 0 avan:o do i n d ivid u o , enquanto cidadao e proissional, pois ele vai desenvolver sua atividade profissional de forma isolada, m uitas vezes, desvinculada da sua realidade. A Universidade, por sua vez, ao perder este contato com 0 aluno egresso, limita seu conhecimento no que se refere ao mercado de trabalho em que esta inserido este egresso , i m possibilitando 0 desenvolvimento de uma produ:ao de conhecimento mais coerente com a realidade que 0 aluno ira encontrar ap6s a conclUS80 do curso. Alem d isso, este d istanciamento entre ambos acaba por tolher a participa:ao d a com u n i d a d e em gera l , dos servi:os desenvolvidos pela pr6pria Universidade, tanto na perspectiva d e u s u a ri a d estes s e rvi :os , como n a condi:ao d e "participante" ativa dos mesmos.

Particularmente, a nossa vivencia junto ao GEPES e ao P rojeto d e Pesquisa i ntitu lado "Projeto Parceria Docencia-Servi:os de Saude: U ma Proposta de Educa:80 C o n ti n u a d a " p o s s i b i l ito u - n o s exercitar a l g u m a s considera:oes sobre 0 papel d a Universidade n a Educa;ao Continuada dos alunos egressos. Este projeto, em especial, objetiva promover a Educa;ao Continuada desenvolvendo a parceria entre a docencia e os sevi:os de saude, atraves do p rofi s s i o n a l e g resso do C u rso de E nferm age1 d a Universidade Federal d e Santa Maria - RS. As cqnstantes d iscussoes ocorridas no grupo permitiram a forma:ao de algumas expectativas no que se refere ao intercambio entre a Universidade/Alunos Egressos/Servi:os de Saude, que, acreditamos, poderiam auxiliar na supera:ao de algumas lacunas existentes na forma�o profissional do aluno e, ap6s, enquanto trabalhador.

Primeiramente, consideramos ser fundamental a i nclusao d e u m a fi l osofi a h u m a n istica na forma:80 profissional, que 0 auxilie a refletir sobre seus pr6prios valores e a;oes e que 0 instrumentalize a buscar uma praxis critica

(5)

A educa;ao continuada .. .

e transformadora . Aliado a isso, acreditamos q u e 0 fortalecimento da integra;ao entre ensino, pesq uisa e extensao possibilitaria um redimensionamento da produ;ao de conhecimento gerida na Universidade e de suas a;6es junto a sociedade.

O utro fato r q u e p o d e ri a contri b u i r p a ra 0 fortalecimento do vinculo entre a Universidade e 0 aluno egresso e a forma;ao de uma cultura institucional favoravel a Educa;ao Continuada, 0 que pode ter inicio atraves da sensibilizaao do seu quadro docente. A Universidade precisa estar aberta a politica de qualifica;ao docente, visto que os professores necessitam estar preparados para construir 0 conhecimento cientifico conjuntamente com os academicos, incentivando-os ao desenvolvimento da etica e da cidadania, do trabalho em equipe, da participa;ao em projetos, dentre outros.

A Universidade deve tambem divulgar intensamente os seus sevi;os junto a comunidade, assim como deve buscar, junto a esta, informa;6es referenciais sobre as necessidades dessa comunidade. Entendemos que algumas formas de concretizar este vinculo se dao atraves da formaao de Nucleo de Apoio ao Aluno Egresso e do fomento de parcerias entre Universidade/Alunos Egressos/Servi;os

de Saude. 0 Nucleo atuaria como meio de manuten;ao do

vinculo, minimizando um dos problemas comuns atualmente, que e a ruptura entre aluno e universidade no momenta da conclusao do curso de gradua;ao ou p6s-gradua;ao. A parceria enquanto projeto politico institucional poderia motivar o aluno a Educa;ao Continuada e contribuiria para a qualifica;ao do ensino desenvolvido na Universidade, bem como possibilitaria sua valorizaao enquanto centro formador. Por fim, entendemos que, concomitantemente ao desenvolvimento deste processo, deveria acontecer um trabalho de estimulo, junto as institui;6es, para torna-Ias mais receptivas a forma;ao de parcerias com a Universidade e, por conseqOencia, a educa;ao continuada em si.

Em suma, podemos concluir que a Universidade deve i m p l ementar m e i o s q u e ve n h a m c o n c retiza r m a i s objetivamente s e u vincu lo com os a l u nos eg ressos . Acreditamos que, atraves deste comprometimento com 0

homem e profissional em forma;ao, a Universidade estara cumprindo seu papel junto a sociedade.

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Referências

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