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A formação do cidadão: papel do pediatra.

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www.jped.com.br

ARTIGO

DE

REVISÃO

The

formation

of

citizens:

the

pediatrician’s

role

Dioclécio

Campos

Júnior

a,b

aDepartamentodePediatria,FaculdadedeCiênciasdaSaúde,UniversidadedeBrasília,Brasília,DF,Brasil

bComitêExecutivo,GlobalPediatricEducationConsortium(GPEC)

Recebidoem8dedezembrode2015;aceitoem15dedezembrode2015

KEYWORDS

Epigenetics; Prevention; Toxicstress

Abstract

Objective: Thisreviewarticleaimstodefinethefundamentalroleofthepediatricianinthe formationofcitizensinthe21stcentury.

Sourceofdata: Significant bibliographical contributionsproduced by neuroscience, ecology, andepigeneticsintheearlychildhoodscenario.

Synthesisofdata: Manydiseasesthatimpairthelivesofadultsresultfromsevereandoften uncontrollabledisorders thatoccurinearlychildhood, anirreplaceableperiod for thesafe constructionofthehumanbrain,personality,andintelligence.Thereisnoteworthyscientific evidencethathasbecomeunquestionable,according towhich abuseandneglectandother formsofviolencetowhichchildrenareexposedduringthethecourseoftheirlives,arethe genesisofmanyphysicalailmentsandothermentaldiseases,includingdepressivemorbidity andschizophrenia.Conversely,itisalsoemphasizedthathealthypracticessuchasreadingand listeningto/playingmusicareabletointensivelycontributetotheexerciseofcognitivecapacity inherenttothisperiodoflife,asaprerequisitefortheacquisitionoflearningindispensableto thehigheducationalperformanceduringtheschoolingperiod.

Conclusion: Inthelightofthedisclosedscientificevidence,thepediatricianemergesasthe mostdifferentiatedprofessionaltoprovidepreventiveandcurativecareindispensabletothe skilledformationofahealthycitizen.

© 2016 Sociedade Brasileira de Pediatria. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY-NC-ND license (http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/).

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.12.002

Comocitaresteartigo:CamposJúniorD.Theformationofcitizens:thepediatrician’srole.JPediatr(RioJ).2016;92(3Suppl1):S23---9. E-mail:dicamposjr@gmail.com

(2)

PALAVRAS-CHAVE

Epigenética; Prevenc¸ão; Estressetóxico

Aformac¸ãodocidadão:papeldopediatra

Resumo

Objetivo: Opresenteartigoderevisãocientíficatemporobjetivoconfiguraropapel funda-mentaldopediatranaformac¸ãodocidadãodoséculoXXI.

Fontesdosdados: Contribuic¸õesbibliográficasimportantesproduzidaspelaneurociência, eco-logiaeepigenéticanoâmbitodaprimeirainfância.

Síntesedosdados: Grande númerode doenc¸asque desqualificama vidadepessoas adultas resultadesérios,emuitasvezesincontroláveis,distúrbios,queocorremnaprimeirainfância, períodoinsubstituívelparaaconstruc¸ãoseguradocérebro,dapersonalidadeedainteligência humana. Destaca-se aevidência científicaque setornou inquestionável, segundo aqual os abusosenegligênciaeoutrasformasdeviolência,àsquaisacrianc¸aéexpostaduranteociclo devidademaiscomplexadinâmicaexistencial,estãonagênesedeváriasenfermidadesfísicas eoutrasdenaturezamental,inclusiveasmorbidadesdepressivaseaprópriaesquizofrenia. Ressalta,poroutrolado,aspráticassaudáveiscomoaleituraeamúsica,capazesdecontribuir intensamenteparaoexercíciodacapacidadecognitivainerenteaesseperíododevidacomo prerrequisitoparaaquisic¸ãodaaprendizagemindispensávelàaltaperformanceeducacionalno períododaescolaridade.

Conclusão: À luz das evidências científicas arroladas, opediatra emerge como o profissio-nal maisdiferenciado para aprestac¸ão dos cuidadospreventivose curativosindispensáveis àestruturac¸ãoqualificadadeumcidadãosaudável.

© 2016 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

O conceito decidadania é importante avanc¸o na história dacivilizac¸ão.Incluidireitosedeverescomoatributosdos indivíduosquevivememsociedade,incorporados,deforma progressiva,emfunc¸ãodasdistintasfasesdevidanasquais seconsolidaamaturidade físicaemental doserhumano, quepassaaexercerorelevanteprotagonismodeum cida-dão.

O sociólogo brasileiro Gilberto Freyre1 definiu as

eta-pasdeformac¸ãodocidadão.Aprimeiracorresponde àda

crianc¸aquevemaomundocomoserhumanoporpertencer

àespécieHomosapiens.Emseguida,noperíododainfância,

estrutura-seoindivíduocomoresultadododespertar

contí-nuodasuapersonalidade pormeiodovínculoafetivocom

amãeedemaisparentes.Grac¸asàinterac¸ãodesenvolvida

com outros membros dasociedade, em todosos

ambien-tes que vivencia, o indivíduo socializado converte-se em

pessoa. Na etapa seguinte, a pessoa evolui para cidadão

mediante o amadurecimento do processo de aprendizado

e conscientizac¸ão, ao longodo qual alcanc¸ao nível mais

diferenciadonecessárioàvidaemsociedade.

Mercêdessecontextoevolutivo,ograudeconhecimento

correspondente à diferenciac¸ão do cérebro, às condic¸ões

segurasdomeioambienteeaosfatoresdosquaisdepende

aexpressão adequadadosgenesquecompõemoDNAtem

permitido elucidar mecanismos que asseguram ou inibem

fenômenosdecisivosparaaconstruc¸ãodofenótipo.2

Abre--seassimamplaperspectivadetransformac¸õesnoâmbito

da saúde pública que possam concorrer para a

melho-ria do padrão evolutivo de que depende a essência do

cidadão.

Três campos de produc¸ão científica progrediram nas

últimas décadas, propiciaram informac¸ões capazes de

contribuir com os requisitos necessários à qualidade de

formac¸ão do ser humano, desde a sua concepc¸ão. Com

efeito,a ecologia,a neurociênciae a epigenética

cresce-rammuitonocenáriodaspesquisasvoltadasessencialmente

paraasreaisnecessidadesdasociedadehumana.

Nocontextosanitário,asdescobertassurgidasnessestrês

domíniosdeconhecimentoreforc¸amobservac¸õesque

des-tacam aimportânciaprimordialdasac¸õespreventivasdas

doenc¸as.Noentanto,aindaprevalece,nalógica dos

siste-masdesaúdedosdiversospaísesdomundo,oinvestimento

emdiagnósticoetratamentodasenfermidadesque

compro-metemodesenvolvimentosaudáveldaspessoas.

Exemplodissoéoimpactoproduzidopeloinvestimento

orc¸amentário emsaúdenosEstadosUnidos,quecomprova

a falta da referida prioridade das práticas preventivas.

Naquelepaís,persiste oinvestimentomacic¸odosrecursos

desaúdenamanutenc¸ãoesuprimentodarededeservic¸os

relacionados ao diagnóstico e tratamento das doenc¸as.

Segundopesquisaqueusouareduc¸ãodamortalidadecomo

indicador objetivo do impacto produzido pelas diferentes

ac¸ões do sistema de saúde americano, os resultados são

claros:90%dosrecursosaplicadosnadinâmicacurativa

pro-duzemumareduc¸ãodeapenas11%damortalidadenopaís;

1,5%investidoemmudanc¸asdeestilosdevidalevaàqueda

de43%damortalidade;1,6%destinadoaqualificaromeio

ambientediminui19%damortalidade;e7,9%despendidos

embiologiadesaúdefazembaixar27%doreferidoindicador.

Nãoháprovamaiscontundentedanecessidadedemudanc¸a

na lógica operacionala fimdequeprevalec¸aa prevenc¸ão

(3)

reduc¸ãonoscustosdossistemasdesaúdeeostorna

susten-táveis,mastambémaexpansãodepopulac¸õessaudáveis,

pressuposto insubstituível para o exercício qualificado da

cidadania.3

Importânciadomeioambientenaformac¸ão docidadão

A assistência à saúde do ser humano em crescimento e desenvolvimento deve guardar sintonia com o conceito abrangenteformuladopelaConferênciadasNac¸õesUnidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972: ‘‘O meio ambienteé o conjunto decomponentes físicos, químicos, biológicosesociaiscapazesdecausarefeitosdiretosou indi-retos,emumprazocurtooulongo,sobreosseresvivoseas atividadeshumanas’’.4

O impacto ambiental sobre as estruturas e reac¸ões

fisiológicos do organismo humano assume a dimensão de

umaevidênciacientíficainquestionável.Obem-estarfísico,

mentalesocial docidadãosóexisteefetivamentequando

em equilíbrio saudável com os fatores ecológicos de que

dependesua saúde.Particularmentenocenáriosocial em

queainfânciaeaadolescênciasedesenvolvem.Aecologia

éaciênciaquetemcontribuídoparaelucidarascrescentes

associac¸õesentreosagravossofridosnessafaixaetáriaeas

doenc¸asqueocorremnaidadeadulta.

Aênfase noscomponentessociaisque integramomeio

ambiente reforc¸a os fundamentos daepigenética, ciência

queevidenciaopapeldecisivodosfatoresambientaispara

aexpressãodosgenesdoDNA.Osconhecimentosoriundos

dessenovocampodepesquisatêmpermitidoestabelecer,

com elevado grau de probabilidade, a relac¸ão de causa

e efeito entre a violência contra crianc¸a e adolescente

e grande número das doenc¸as que se revelam no adulto

jovem.5

O principal fator desencadeante, por meio do qual os

maus-tratos geram morbidades no universo anatômico e

fisiológico doorganismo, é o estresse.6 As substâncias de

produc¸ãoendógena,oriundasdesse agravo,entreasquais

ohormôniocortisol,causamdistúrbiosnasconexões

sináp-ticas, desencadeiam alterac¸ões que estão na gênese de

moléstiasdedifícilcontrole.

A relac¸ão entre a exposic¸ão às adversidades na

infân-cia e na adolescência e os distúrbios mórbidos de várias

naturezasnaidadeadultaestáclaramentedemonstradaem

investigac¸õesfeitasaolongodasúltimasdécadas.Torna-se

assimmuitobemdestacadoopapeldeummeioambiente

adequado aocrescimentoe aodesenvolvimentosaudáveis

do ser humano nas distintas etapas que fazem parte da

formac¸ãodocidadão.Váriasevidênciascomprovama

vera-cidade de tal conceito. Trabalho clássico da psicologia7

demonstraqueaprivac¸ãomaternanessafaixaetáriaéfator

predisponentedecomportamentosagressivoseviolentosna

idadeadulta.

Ademaisdisso,constata-sequeboapartedasdoenc¸asda

maturidadedecorredetranstornosedesviosdocrescimento

e desenvolvimento, os dois fenômenos que caracterizam

a infância e a adolescência. As constatac¸ões científicas

são crescentes.Alguns exemplos sãofortemente

demons-trativos. Umestudo demetanálise sustenta,com elevada

significância estatística, a associac¸ão entre abusos e

maus-tratossofridosnainfânciaeoelevadoriscode

ocor-rência de diabetes tipo II na idade adulta.8 O efeito da

negligênciafoi bemmaisacentuadodoque o dosabusos.

Outroestudonamodalidadedemetanáliseapontaestreita

relac¸ão entreasadversidades sofridasna infância ---

mor-menteabusosfísicos,sexuaiseemocionais---eaobesidade

navidaadulta.9Outraanálisecientíficacorrelacionaabusos

físicos,sexuaiseviolênciaparentaldomésticacomdoenc¸a

inflamatóriaintestinal,particularmenteacoliteulcerativa.

Osautores especulamapossibilidade deque agentes

epi-genéticose neuroendócrinos possamatuar como possíveis

basesfisiopatológicasparaaassociac¸ãodescrita.10 A

hipó-tesederelac¸ãocausaeefeitoentreosagravosocorridosna

infânciae asdoenc¸asdoadulto é enfatizadaem pesquisa

feitacomdadosdoCDC nosEstadosUnidos,nomodelode

estudotransversal,queestabeleceestreitaassociac¸ãoentre

aocorrênciadetais adversidadesna faixaetáriacitada e

asmanoadulto.11

Osdispositivosfisiopatológicospormeiodosquaisos

abu-sosenegligênciassofridosnainfânciadeterminamdiversas

morbidadesao longoda vida ainda nãoestão bem

escla-recidos. Com esse intuito, as avaliac¸ões científicas têm

destacadooconceitodealostase,entendidocomoumgrau

deestabilidadealcanc¸adoatravés deajustesadaptativos,

bemcomoodoestressedevidaacumulado,entendidocomo

cargaalostáticadeMcEwen.12Sãoambosvalorizadospara

quesejamentendidasasmarcasnosológicasdainfânciana

vidaadulta.

Contribuic¸õesdaneurociência

Afora o pleno crescimento físico gerado pelas trans-formac¸ões em todo o seu organismo, o pleno alcance da formac¸ão do cidadão requer a complexa estruturac¸ão do cérebro, órgão cujo funcionamento adequado é o pressu-postoinsubstituíveldaqualidade devida.Corresponde ao alicercequefundamentaaconstruc¸ãodacapacidade cogni-tiva,gênesedadinâmicamentalindispensávelàinteligência quegaranteaexpressãodasoriginalidadesdecada indiví-duo,suasvirtudesinovadoraseseuperfilcriativo.

O crescimento e a diferenciac¸ão do cérebro ocorrem nos primeiros seis anos de vida, definidos como primeira infância.Nãoapenasovolumecerebralaumenta significa-tivamentenesseperíodocomotambémsedáoincremento exponencialdonúmerodesinapsesestabelecidas.Sãocerca de15.000para cadaneurônio,nos três primeirosanosde idade,comumamédiade700conexõesporsegundo. Pos-teriormente,sobrevémo processodapoda, queseleciona e mantém assinapses, configura o perfil cerebral que se projetanavidaadulta.13

O estabelecimento dessas conexões sinápticas supõe

nutric¸ão adequada e estimulac¸ão afetiva compatível com

asnecessidades própriasdapersonalidadeem construc¸ão.

Émaisumaprovadopapel decisivo domeioambientena

gênesedoindivíduo,dapessoaedocidadão.14Corresponde

àmodalidadedeumútero socialem queorecém-nascido

passaacresceresedesenvolverapósvencer otraumado

nascimento.Écompostonãosomentepelafamília,que

equi-valeàplacentaextrauterina,masportodososintegrantes

(4)

Algumasevidências científicas sãoexemplosda

veraci-dadedetaisformulac¸õesconceituais.Sustentamahipótese

recente, fundada em estudos damicroestrutura da

subs-tância brancado cérebro, que indica como possível fator

fisiopatológico da esquizofrenia as adversidades sofridas

na infância, que parecem serresponsáveis por alterac¸ões

na conectividade estrutural das redes corticolímbicas.15

Por outro lado, com base no uso da neuroimagem, foi

avaliadaa correlac¸ãoentreadversidades sofridasnos

pri-meiros anos de vida e alterac¸ões produzidas no volume

de substância cinzenta do cérebro. Os resultados

obti-dos mostraram que não apenas os agravos extremos,

como negligência severa e mau trato, mas também os

moderados, ocorridos durante a infância e adolescência

precoces, produzem efeitos desfavoráveis ao

desenvolvi-mentodocérebrodoadolescente. Concluemqueprevenir

a exposic¸ão da crianc¸a às agressões mencionadas pode

garantirodesenvolvimentoeadiferenciac¸ãoadequadosdo

cérebroereduzir,assim,oriscodedoenc¸asmentaisnafase

adulta.16

Àmedidaqueseaprofundaaneurociêncianaelucidac¸ão

dosfenômenosfisiológicosindispensáveisaocrescimentoe

amadurecimentodocérebro, crescea constatac¸ão

cientí-ficadequeainterac¸ão doorganismo deumacrianc¸acom

um meio ambiente seguro e estimulante é prerrequisito

para a evoluc¸ão biopsicossocial do ser humano em todas

asetapas da sua existência, particularmente na primeira

infância.

Contribuic¸õesdaepigenética

Asdescobertascientíficasnocampodaepigenética explici-tamasrelac¸õesentrecomponentesecológicoseaexpressão fenotípicadoindivíduo,desdeavidaintrauterina.Estudos de revisão consolidam a importância dos fenômenos epi-genéticossubjacentesàsmorbidadesneuropsiquiátricasdo adulto,taiscomomudanc¸ascomportamentais,distúrbiosda ansiedadeeesquizofrenia.

Essas alterac¸ões descritas podem refletir disfunc¸ão do eixo de resposta fisiológica ao estresse, que se mantém presente após os agravos sofridos na infância, conforme evidenciado pela avaliac¸ão da capacidade de resposta aos agentes estressores ao longo da vida. Resultados obtidos realc¸am as alterac¸ões provocadas pelos agentes estressores nos componentes genéticos ligados à expres-são funcional do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, assim como nos genes do receptor de glicocorticoide. Por outro lado, as alterac¸ões epigenéticas em outros grupos de genes, como aqueles ligados aos fatores neurotrófi-cos e transportadores de serotonina, resultam também de exposic¸ão ao estresse nos primeiros anos de exis-tência, convertem-se em instrumentos desencadeadores da suscetibilidade do adulto aos distúrbios psiquiátricos mencionados.17

Tambémadesnutric¸ãocrônica,amudanc¸anascondic¸ões

sociaiseasexperiências adversasna vidaprecoce podem

estimularmecanismosepigenéticoscapazesdemodificara

expressãodosgenese,comoconsequência,criarperfis

feno-típicos que contribuem para risco de doenc¸as nas etapas

posterioresdavidaadulta.18

As pesquisas mencionadas reforc¸am conceitos que

emergem de evidências científicas segundo as quais as

adversidades a que são expostas crianc¸as e

adolescen-tes podem produzir consequências patológicas de longa

durac¸ão.Nessesentido,opapeldoestressetóxicona

infân-ciatem sido cada vez maisidentificado como mecanismo

produtordasmorbidadesposteriores,comenfoquenos

dis-túrbiospsicopatológicos,cardiovasculareseimunológicos.

UmapesquisafeitanaRepúblicaDemocráticadoCongo

permitiu reforc¸ar os fundamentos dessa conceituac¸ão.

Ainvestigac¸ãofoibaseadaemtrabalhosanterioresque

suge-riam aassociac¸ãoentreexperiênciasadversasvivenciadas

na infância --- incluindo o período de vida intrauterino

---e o risco aumentado de doenc¸as crônicas iniciadas

poste-riormente. Baseia-se,além disso, na suposic¸ão de quehá

umafasecríticanodesenvolvimentodaplasticidade

intrau-terina, quando se dáuma selec¸ão de fenótipo fetalmais

adaptadoaoambientepré-natal.Ograndeméritoda

inici-ativa éque setrata doprimeiro estudo que testa aideia

de queos estressorespsicossociaisextremos dagestante,

comoobservadonaRepúblicaDemocráticadoCongo,podem

modificarolocusespecíficodosmarcadoresepigenéticosdo

recém-nascidoealteraropadrãodedesenvolvimentodasua

saúde.Otrabalhodemonstrouumarelac¸ãodecausaeefeito

entreograudeestressepré-nataleoíndicedebaixopeso

do recém-nascido, bem como elevada taxa de metilac¸ão

dopromotordoreceptordeglicocorticoideNR3C1do

neo-nato, proporcional ao grau doagente estressor durante a

vidaintrauterina.Verifica-se,dessamaneira,queoaumento

dametilac¸ãopodeconstrangeraneuroplasticidadena

sub-sequenteexpressão dogeneerestringir,assim,amargem

derespostaadaptativaaoestressedoorganismodos

indiví-duosatingidos,queospredispõeaoriscodedoenc¸asnafase

adulta.19

Os fundamentos científicos provenientes desse novo

campo de investigac¸ões realc¸am os resultados de vários

estudosexperimentais,clínicoseepidemiológicosque

enfa-tizam opapel daprogramac¸ão epigenética, traduzida nos

mecanismos de metilac¸ão e desacetilac¸ão doDNA, capaz

dealteraraexpressãodosgenescomreflexosnaestrutura

e func¸ãodocérebro e repercussõesnegativasao longoda

existência.

Pode-se,assim,divisar,tambémnohorizontedaciência

epigenética,indíciosdaproduc¸ãodeconceitose

fundamen-tosquedarãosuporteamodificac¸õesprofundasdoexercício

daassistênciamédicanoséculoqueseinicia.Multiplicam-se

provasdequenovasestratégiaspreventivasestarãosendo

oferecidasafimdequeaexpressãofavoráveldospotenciais

genéticospossarealmenteocorrer.Novosrecursos

diagnós-ticosquepermitamidentificaralterac¸õesdasproteínasdo

nucleosomapassarãoaintegrararotinadosprofissionaisque

atuam nocampo dasaúde e lhes assegurarão base sólida

para as ac¸ões preventivas e terapêuticas, tanto em nível

individualquantocoletivo.

Osnovosconhecimentoscientíficosindicamarelevância

deac¸õesrelacionadasàqualidadedomeioambientecomo

verdadeiro caminho para que se possareduzir o impacto

doestressetóxiconainfância.Assim,opapelda

epigené-ticanaprevenc¸ãoepromoc¸ãodasaúdeevoluisolidamente.

Passa a integrar os conteúdos essenciais da formac¸ão

dopediatraafimdequeseudecisivopapelnaformac¸ãodo

(5)

Acapacidadecognitivadacrianc¸a:oembrião dapersonalidade

Os estudos mais recentes têm demonstrado que a capa-cidade cognitiva da crianc¸a, na primeira etapa da sua existênciaextrauterina,ouseja,nosseisprimeirosanosde vida,atingeoíndicemaisaltodetodasasfaixasetáriasdo serhumano. Essa característicatraduza alta plasticidade dosistema nervoso central,que favorece a receptividade maioraosestímulos domeioambienteque desencadeiam conexõessinápticasemprofusão.

Configura-seassimodesenvolvimentodacognic¸ão,que étantomaiorquantomaisaltaamencionadaplasticidade, característicaestruturaldocérebro,quedeclina progressi-vamentedesde onascimentoatéa idadeadulta. Poressa razão, o esforc¸o necessário ao estabelecimento de cone-xões sinápticastambém crescecom o passar daidade, é mínimoduranteaprimeirainfância.Valeconsiderar,além disso, queavelocidadedecrescimentodocérebro ocorre nosníveismaiselevadosduranteosprimeirosseismesesde vida extrauterina e declinaprogressivamente atéo sexto ano.Adensidadesinápticadessafasepeculiardo desenvol-vimentocerebralédemilharesdetrilhões.Refleteaintensa atividade fisiológica da evoluc¸ão cerebral que confere à crianc¸anosprimeirostemposdevidaamaisaltacapacidade cognitiva,que,segundoestimativasobjetivamentefeitas,é duasvezesmaiordoqueadeumacrianc¸anafasedoensino fundamental.

Tratando-se de período de elevada plasticidade cere-bral,quenãoserepetirá,deve-sereconhecerevalorizara importânciadessafaixaetárianaestruturac¸ãoda personali-dade,nainterac¸ãocomomeioambiente,noaprendizadode atividadesindispensáveisaodesenvolvimentofísicoe men-tal,bemcomodaexpressãodeoriginalidades,capacidades criativas e inovadoras que cada recém-nascido traz con-sigo.Cabe,pois,àsociedadeassegurarcondic¸õesadequadas ao exercício dessa capacidade cognitiva indispensável à evoluc¸ãodapersonalidadeedefinirprecocemente operfil comportamentaldecadaindivíduo.

Acumulam-se provas científicas que apontam para o caráteressencial dessadinâmica fase cognitiva.Osdados demonstramasingularidadedeumperíododevidaque pre-cisa ser tratado com o cuidado que merece, enriquecido pelos ingredientesafetivos da ternura e do afeto sem os quais os intrincadoscomponentes fisiológicos da cognic¸ão infantilnãoseestabelecememníveladequado,oque acar-retaprejuízos muitasvezes irreparáveisparaamente em estruturac¸ão. Estudo de metanálise pertinente identifica que crianc¸as de seis a 23 meses e que são amamentadas apresentamíndicessignificativamentemaisaltosde desen-volvimentocognitivo doque aquelasque são alimentadas comfórmulasinfantis.20

Investigac¸ão científica posterior, feita em estudo de

coorte, comprova que o aleitamento materno se associa

positivamente à boa performance do desempenho

edu-cacional expresso na habilidade cognitiva revelada aos

15 anos.A amamentac¸ão na fasede lactentefoi também

significativamente associada à boa capacidade de leitura

aos53anos,independentementedonívelsocialprecocee

dodesempenho educacionalatingidonaidadeadulta,mas

largamente baseado na elevada habilidade cognitiva aos

15 anos. A investigac¸ão permite concluir que o benefício

daamamentac¸ãotemumimpactopotencialdelongotermo

atravésdesuainfluêncianacognic¸ãoduranteainfânciae

norespectivodesempenhoescolar.21Aindanoqueserefere

àamamentac¸ãocomosíntesedarelac¸ãoafetivamãe/filho,

osefeitosproduzidospelapráticasãomarcantes.Conforme

demonstradoemoutrapesquisa,quantomaioréadurac¸ão

daamamentac¸ãoexclusivadeumacrianc¸a,maiora

espes-suracorticaldoslóbulosparietaissuperioreinferior.Além

disso,osadolescentesquereceberamamamentac¸ão

exclu-sivapormaistempotiverammelhordesempenhonostestes

deavaliac¸ãodoquocientedeinteligência(QI)doque

aque-lesquenãoforamamamentados.22

Importante trabalho sobre o tema dacapacidade

cog-nitiva inclui aferic¸ão avaliativa feita no desenvolvimento

pré-natal, na audic¸ão, visão e incapacidade cognitiva do

adulto.Aavaliac¸ãodetaisfunc¸õesnoadulto relaciona-se

aopesodenascimentoreferidopelos própriosintegrantes

da amostraavaliada, usado como indicador do

desenvol-vimento pré-natal, e, por outro lado, à estatura na fase

adulta, consideradaindicador de desenvolvimentona

pri-meirainfância.Forammedidosacuidadevisualeauditiva,o

tempodereac¸ãoeocoeficientedeinteligênciadosadultos

avaliados.Aperformance sensorialecognitivafoi

reavali-adaapós quatro anos. Tanto aestatura do adulto quanto

seupesoaonascermostraram-sepositivamenteassociados

àsfunc¸ões sensoriais e cognitivas. Fica, pois, evidente a

possibilidadedequeexperiênciasadversasnoperíodo

pré--natalenainfânciarepresentemriscodebaixodesempenho

dafunc¸ãocognitivaesensorial,bemcomode

desencadea-mento maisprecoce deinsuficiência sensoriale cognitiva

do adulto. Diante desse relevante achado, desdobram-se

implicac¸ões claramente perceptíveis quanto ao papel da

ac¸ãopreventivanosentidodereduziraperdaprogressivada

capacidadecognitivaesensorialnaidademaisavanc¸ada.23

Noâmbitodoscomponentessociaisquetêmavercom

o desenvolvimentoda crianc¸a, um delesé a denominada

competênciasocial,istoé,acapacidadedeusaros

recur-sos cognitivos e comportamentais no intuito de alcanc¸ar

objetivospessoaisnocontextodosgruposdequeparticipa

napré-escola.PesquisafeitaemPortugalbuscou

determi-narseessacompetênciaadquiridanomencionadoperíodo

estárelacionadaaopadrãodossubgruposvivenciadospela

crianc¸a.Foramavaliadas,pormeiodaanálisedosdadosde

proximidadeinterativa, as características do subgrupo ao

qual estava afiliado cada umdos integrantes da amostra

observada.A competência socialfoi aferida commedidas

observacionais e sociométricas adequadas ao objetivo do

trabalho.Ascrianc¸asquepertenciamagruposdeafiliac¸ão

maiscoesivos,commaiorproximidadeeinterac¸ão,

apresen-taramoperfilmaiselevadodecompetênciasocial,enquanto

asquenãodesfrutavamdeumgrupodeafiliac¸ãotiveramos

índicesmaisbaixosdesse mesmo indicador. Há,portanto,

forteindíciodequeossubgruposdeafiliac¸ãopodemtanto

refletirquantoapoiarasdiferenc¸asnabuscapelas

compe-tênciassociaisduranteaprimeirainfância.24

No cenário dessas pesquisas, o progresso do

conheci-mento científico relativo ao desenvolvimento cerebral da

crianc¸a confirma a validade de práticas tradicionais que

merecem e devem ser mais amplamente difundidas no

intuito de contribuir para a sólida formac¸ão do cidadão.

Umdosexemplosbemdemonstrativosrefere-seaopapelda

(6)

da memória de trabalho durante a infância e

adolescên-cia,prerrequisitoinquestionáveldaconsolidac¸ãoqualificada

doperfildepersonalidade,inteligênciae capacidade

cria-tivadoindivíduo emevoluc¸ão.Umdosestudosfeitosvisa

a esclarecer e comprovar o efeito do treinamento

musi-cal no desenvolvimento da capacidade cognitiva durante

a infância. O estudo é centrado em avaliac¸ão

longitudi-nal do desenvolvimento infantil, que permitiu analisar a

associac¸ãoentreapráticamusicaleodesempenhodo

raci-ocínio,velocidadedeprocessamentointelectualememória

detrabalho. Foramestudados 352 indivíduos entreseis e

25anos,testadospormeiodeavaliac¸õesneuropsicológicas

e neuroimagens em duas outrês ocasiões, com dois anos

dediferenc¸a.Ficoudemonstradoqueapráticamusicaltem

umaamplaassociac¸ãopositivacomamemóriadetrabalho,

comavelocidadedeprocessamentointelectualecomo

raci-ocínio.Além disso,constatou-sequeascrianc¸as tocadoras

deinstrumentomusicaltêmumvolumemaiordesubstância

cinzentado cérebro, tantonocórtexda região

temporal--occipitalquantonocórtexinsular,áreasquejáhaviamsido

referidascomo relacionadasà leitura das notas musicais.

Asmudanc¸as namemóriadetrabalhoforamproporcionais

aonúmerodehorassemanalmentedespendidasna prática

musical.Em conclusão,osdadosconfirmamaimportância

dessapráticaparaodesenvolvimentodamemóriado

traba-lhoduranteainfânciaeaadolescência.25

Outraconduta de valorcientificamente identificado na

formac¸ãodo cidadãomereceserconsiderada. Trata-seda

leituradelivroparacrianc¸a,noperíodopré-escolar,feita

principalmente pelos pais e também por outros

cuidado-res.Ativa,precocemente,deformaqualificada,oprocesso

de aprendizagem que sustenta a diferenciac¸ão cerebral;

reforc¸aviassensoriaisquepodemdarsustentac¸ãoà

habili-dadedascrianc¸aspararelatar,entendereexploraromundo

emquevivem;e,seiniciadanainfânciaeconduzidaatravés

dosanosnapré-escola,permiteaaquisic¸ãodasferramentas

fundamentaisdequenecessitamparasobreviveremnossa

cultura,quaissejam,alfabetizac¸ão,aritméticaeas

habili-dadesdepesquisa.

Se a leitura de livros integrar a rotina cotidiana da

vida desde a infância, ascrianc¸as serão beneficiadas por

oportunidades de manter ativos os pré-requisitos para

as habilidades de alfabetizac¸ão, aritmética e pesquisa.

A alfabetizac¸ão reúne vários componentes, incluindo

lin-guagemoral,compreensãodenarrativaereconhecimento

de fonemas e letras. O rico vocabulário adquirido nos

trêsprimeirosanosdevidaégeradordos fundamentosda

alfabetizac¸ão.Elacomec¸aadesabrocharquandoascrianc¸as

entendem a leitura e o processo de escrita, buscam

sig-nificado do texto combinado ao desenrolar da história e

à estrutura da linguagem, incorporam a ideia de que a

obraimpressarepresentalinguagemfaladaepensamentos.

A habilidade da crianc¸a para extrair significado de texto

impressoésolidificadacomacompreensãomaiordossons

dasletrasereconhecimentodaspalavras.

Pediatrasamericanosdesenvolveramumprograma

cha-mado Reach Out and Read. Consiste de três práticas

integradasàsvisitas regularesao consultório,que

corres-pondemà orientac¸ãosobre aleitura permitida;aoslivros

dedesenhosemprestadosparaseremlidosemcasa;e aos

voluntáriosdacomunidadequeleemnasaladeesperado

consultório. Avaliac¸ões feitas indicam que esse programa

aumentaaleituradelivrosemcasaemelhoraosresultados

das habilidades deleitura nas fases precoces da

escolari-dade.Apráticajáéadotadaemoutrospaíses.NoCanadá,o

acompanhamentodospaisindicaqueaproximadamente60%

delesleemparasuascrianc¸ascotidianamenteequealeitura

diáriaémenorparacrianc¸asmaisjovensdoque18meses.

De acordo com as experiências divulgadas, as mensagens

queospediatrasdevemrepassaraospaissãoasseguintes:a)

enfatizarosmúltiplosbenefíciosdaleituradesuascrianc¸as,

desdeidadesbemprecocesatéoiníciodosanosescolares;

b)prescreverleituradiáriaparacrianc¸asjovenscominício

apartirdooitavoounonomêsdevida,comousodopadrão

prescritivonormaldopediatra;c)estimularospaisalerem

identificadoscomprimeiraslinguagensdacrianc¸aeaqueles

querevelemdificuldadesdeleituradevemserestimulados

acontarhistóriasbaseadasnasfigurasdoslivros;epropiciar

oenvolvimentodosfilhosnaleitura.26 NoBrasil,programa

semelhantecomec¸aa serdesenvolvidocomoresultado de

parceriaentreaSociedadeBrasileiradePediatriaeo

Insti-tutoItaúSocial.

Opapeldopediatranodesenvolvimento docidadão

Asevidênciasquebrotamdaspesquisasmencionadasa pro-pósitoda formac¸ão do cidadãonoséculo XXI delineiam a perspectivadeumasólidabasepediátricaquepoderá sus-tentaraqualidadecrescentedoprocessodediferenciac¸ão doserhumano. Para tanto,ocaráter prioritáriodo inves-timento na protec¸ão preventiva da primeira infância é rotainsubstituível.Nãosepodefazerconstruc¸ãosólidase desprovidadealicerce.Arelevânciadapuericultura repre-senta, pois, a lógica ideal dos cuidados com a saúde da crianc¸anoperíododecisivodequedependeumacidadania corretamenteplanejada.

O papel do pediatra nunca foi tão claramente defi-nido. Torna-se inquestionável a singularidade de sua especializac¸ão médica global como profissional realmente comprometido com acomplexidade dos cuidadosaserem dispensadosàsaúdedacrianc¸aeadolescente.

(7)

riscoresponsáveispelodesencadeamentodegrandenúmero demorbidadesquesemantêmaolongodavida.27

Conflitos

de

interesse

Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.

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