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Caminhos cruzados: educação e gênero na produção acadêmica.

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Academic year: 2017

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(1)

C a m i n h o s c r u z a d o s :

edu ca ção e gê ne ro na pro du ção aca dê mi ca

Fúl via Ro sem berg

Fun da ção Car los Cha gas e PUC-SP

R e s u m o

O ar t i go dis cu t e a pro du ção aca dê mi ca con t em po râ nea brasi -leira so bre edu ca ção e gê ne ro (ou mu lhe res) a par t ir da aná li se de t rês f on t es de da dos: a base de t e ses e dis ser t a ções de pro

-gra mas de Edu ca ção f i li a dos à ANPEd no pe río do 1981- 1998; o diret ório de pes qui sa do res(as)

Quem pes qui sa o quê em Edu ca

-ção: 1998

; e seis co le ções de re vis t as es pe ci a li za das em Edu ca -ção e Est u dos Fe mi nis t as (de gê ne ro).

A aná li se do ca t á lo go da ANPEd (1999) evi den cia um au men t o de t e ses/ dis ser t a ções em nú me ros ab so lu t os no pe río do, uma

con cen t ra ção em cer t as uni ver si da des, de au t o ria e de ori en t a ção ma jo ri t a ri a men t e f e mi ni na. Tal per f il da pro du ção aca dê mi -ca é con f ir ma do, no ge ral, pe los da dos so bre pes qui sa do res(as) in clu í dos(as) no di re t ó rio or ga ni za do pela ANPEd.

Qu an t o à t e má t i ca, no t a- se dis per são e au sên cia re la t i va d e

ques t ões que com põem a agen da edu ca ci o nal con t em po râ nea. Te ses e dis ser t a ções f o ca li zam mais a con di ção f e mi ni na que o sis t e ma edu ca ci o nal numa pers pec t i va de gê ne ro. Est a par t i cu la ri da de f oi t am bém no t a da nas re vis t as es pe ci a li za das em Edu ca -ção. Por seu lado, as re vis t as f e mi nis t as dão mu i t o pou co es pa ço ao t ema e dis ci pli na da Edu ca ção. Daí os ca mi nhos cru za dos en

-t re Edu ca ção e Es-t u dos so bre a M u lher ou Gê ne ro.

O ar t i go con clui des t a can do os pos sí ve is ef e i t os de le t é ri os d e t al f ra gi li da de aca dê mi ca no pla no das pro pos t as at u a is so bre igual da de de gê ne ro na edu ca ção.

P a la v r a s - c h a v e

Edu ca ção – Gê ne ro – M u lher(es) – Pro du ção aca dê mi ca.

(2)

C r o s s in g p a t h s :

education and gender in academic production

Fúl via Ro sem berg

Fun da ção Car los Cha gas e PUC-SP

A b s t r a c t

The article discusses the contemporary Brazilian academic

production on education and gender (or women) from the

analysis of three sources: the 1981- 1998 database of theses

and dissertations of graduate programs affiliated to A NPEd

(Brazilian Research A ssociation in Education), the

re-searchers directory

Quem pesquisa o quê em Educação: 1998,

[W ho researches what in Education: 1998] and six collections

of specialized journals in Education and Feminist Studies

(gender).

The analysis of A NPEd’s 1999 catalog makes clear an

increase in the absolute number of theses/dissertations in that

period, a concentration of works from some universities, and

a largely feminine authorship and supervision. The same

profile is broadly confirmed by the data of researchers

included in A NPEd’s directory.

W ith respect to the themes of work, dispersion and a relative

absence of issues of the contemporary educational agenda can

be noticed. Theses and dissertations tend to focus on the

feminine condition rather than on a gender perspective of the

education system. This feature was also noted in specialized

journals in Education. In their turn, feminist periodicals

dedicate little space to the theme and subject of Education.

Hence, the crossing paths of Education and W omen or Gender

Studies.

The pa per con clu des by high ligh ting the pos si ble de tri men tal

ef fects of such aca de mic fra ilty on the le vel of cur rent

pro po sals about gen der equa lity in edu ca ti on.

K e y w o r d s

Education- Gender- W omen - A cademic production.

(3)

O t ema edu ca ção das mu lhe res ou edu ca ção e gê n e ro vem con ci t an do a at en ção de pes -qui sa do res(as) e es pe ci a lis t as em di f e ren t es

pa í ses do mun do, in clu si ve no Bra sil, es pe ci al men t e du ran t e os anos 1990. Assim, por exem -plo, des de a Con f e rên cia

Edu ca ção para To dos

, re a li za da em 1990 em Jom t i en, as gran des con

-f e rên ci as mun di a is re a li za das sob a égi de d a ONU n a ú l t i ma dé ca da – como as de De sen vol -vi men t o (Co pe nha gue), de Po pu la ção (Ca i ro), da M u lher (Pe quim) – in clu í ram o t ema em sua pa u t a (REPEM , 1997).

No pla n o aca dê mi co des t a co, por exem

-plo em ce ná rio in t er na ci o nal, a in clu são do t ema

igual da de dos se xos em edu ca ção e for

-ma ção

no gran de even t o f ran cês Bi en na le de l’Éducat ion em 1996, e que deu ori gem ao li vro edi t a do por Ni co le M os co ni (1998). Na in t ro

-du ção des se li vro, M os co ni t ece as se guin t es con si de ra ções:

Após um pri me i ro pe río do que se po de ria de no mi nar de “ apa gão” (black- out no ori gi nal), quan do a va riá vel sexo era com ple t a

-men t e au sen t e, ou t ra t a da como va riá vel se cun dá ria (...), sur ge, com a as cen são d o neo- f eminismo e do au men t o de mu lhe res pes qui sa do ras e uni ver si t á ri as, um pe río do de crí t i ca epis t e mo ló gi ca (...) [na edu ca

-ção]. Enquan t o no pe río do pre ce den t e, o pon t o cen t ral era a f or t e cor re la ção en t re ori gem so ci al e su ces so es co lar, o pe río do pos t e ri or evi den ci ou um f at o pa ra do xal: um me lhor apro ve i t a men t o es co lar das mo -ças, pois as mo ças das clas ses po pu la res

apre sen t am ren di men t o es co lar equi va len t e ao dos ra pa zes de clas se mé dia, ao mes mo t em po [em que se ob ser va] a per sis t ên cia de uma in t en sa di f e ren ci a ção se xu al n os ra -mos de es t u dos. (1998, p. 16- 17)

Para apo i ar t ais in f or ma ções, M os co ni (1998) cit a o já f a mo so l i vro

A llez les fil les

, da du pla de au t o res so be ja men t e ci t a da no Bra sil nos anos 1970 e 1980, Ba u de lot e Est a blet,

na que le mo men t o re f e ri da ao pa ra dig má t i co li vro

L’école ca pi ta lis te en Fran ce

(1971), me t á f o ra per f e i t a para a mu dan ça de f oco as

-si na la da por M os co ni (1998).

No Bra sil da era dos apa gões, se o

black- out

so bre o t ema edu ca ção/ gê ne ro/ mulher não mais ocor re (Spon chi a do, 1997;

Rosemberg, 2001), o ce ná rio ain da é mu i t o in -sa t is f a t ó rio. Assim Ro sem berg e co la bo ra do ras (1990), apo i a das em le van t a men t o bi bli o grá f i co que lo ca li zou 755 t í t u los pu bli ca dos no pe -río do 1975- 1989 so bre edu ca ção f or mal da mu lher bra si le i ra, as si na la ram:

a t e ma t i za ção per sis t e sen do edu ca ção da mu

-lher e não edu ca ção e re la ções de gê ne ro;

gran de par t e das pes qui sas edu ca ci o na is ig no

ram o co nhe ci men t o que vem sen do acu mu la

-do na área de es t u -dos so bre a m u lher; a área

de es t u dos so bre mu lher/ gê ne ro t em pro du zi

do pou ca re f le xão t eó ri ca (e mes mo in f or ma

-ções em pí ri cas) so bre a edu ca ção (...). Há um

f os so en t re am bas as áre as de pro du ção de co

-nhe ci men t os. São dois gue t os que co e xis t em,

ig no ran do se qua se que t o t al men t e. As in t e ra

ções são f or t u i t as e oca si o na is, t an t o na li

-t era-t ura re f le xi va so bre o co nhe ci men -t o

pro du zi do, quan t o na pró pria pro du ção at u al

de es t u dos e pes qui sas. O que mar ca e dá o

t om é a se pa ra ção. ( 1990, p. 9)

Ten do sido in ci t a da a vi si t ar o t ema para u m ba lan ço so bre os apor t es dos es t u dos de gê ne ro em f ace dos di le mas da edu ca ção bra si le i ra, f ui a cam po ori en t a da pela per gun

-t a: -t e ria a dé ca da de 1990 al -t e ra do o ce ná rio des cri t o an t e ri or men t e?

(4)

Re la t a rei, a se guir, o que en con t rei em cada t ipo de f on t e.

T e s e s e d is s e r t a ç õ e s e m E d u c a ç ã o

O pon t o de par t i da para est e t ó pi co f oi a

dis ser t a ção de mes t ra do de Ju s t i na Inês Spon -chi a do –

Do cên cia e re la ções de gê ne ro: um es

-tu do de dis ser ta ções e te ses de fen di das em

ins ti tu i ções bra si le i ras no pe río do de 1981 a

1995

–, de f en di da em 1997 jun t o ao Pro gra ma de Pós- Graduação de His t ó ria e Fi lo so f ia da

Edu ca ção, da PUC SP, sob ori en t a ção de Ne re i -de Sa vi a ni, que par t iu da aná li se do ban co d e da dos de t e ses e dis ser t a ções de f en di das em pro gra mas f i li a dos à ANPEd.

Para est e meu t ra ba lho, ha via pla ne ja do

ape nas at u a li zar a pes qui sa de Spon chi a do (1997) para o pe río do ul t e ri or à pes qui sa men -ci o na da (1996- 1998). Po rém, ao ma nu se ar a base de da dos da ANPEd, per ce bi que Spon chiado (1997) não ha via aci o na do t o dos os ín -di ces -di s po ní ve is e nem o ma i or n ú me ro

pos sí vel de t er mos/ des cri t o res para cap t ar a t e má t i ca que nos in t e res sa. Por exem plo, apo i an -do- se ex clu si va men t e no ín di ce de des cri t o res, Spon chi a do (1997) ob ser vou, ju di ci o sa men t e, que a base de da dos ain da não ha via in cor po ra

-do a pa la vra- chave GÊNERO! Po rém, ao aci o nar o ín di ce “ t í t u lo e des cri t or” , lo ca li zei 29 t e -ses/ dis ser t a ções que t ra zem o t er mo gê n e ro n o t í t u lo.1

Assim, ape sar de t er- me ins pi ra do n a dis ser t a ção de Spon chi a do (1997), t ive que, além de at u a li zar sua aná li se, re f a zer par t e do

per cur so.2

Est u dos so bre mu lher(es), con di ção f e mi -ni na, iden t i da de f e mi -ni na, f e mi -nis mo, pa péis f e mi ni nos, se xis mo; es t u dos so bre ho mens, mas cu li ni da de(s) he ge mô ni ca(s)ou não, iden t i -da de mas cu li na, pa péis mas cu li nos, do mi na ção mas cu li na, ma chis mo; es t u dos de gê ne ro, iden t i da de de gê ne ro, pa péis de gê ne ro, su bor di na -ção/ do mi na ção de gê ne ro; re la ções so ci a is d e sexo, pa t ri ar ca do f o ram ex pres sões ou t er mos

(por ve zes em pre ga dos i n ge nu a men t e) que en con t rei na li t e ra t u ra e que re me t em a uma plu ra li da de de con ce i t os e en f o ques t eó ri cos,

mu i t o dis t an t es da una ni mi da de. Tal di ver si da de pode ser en t en di da como si nal de f ra gi li -da de ou de di na mis mo so ci al e t eó ri co de es t u dos so bre mu lher/ gê ne ro, ou, ain da, d a

f al t a de con sen so como as si na la Flax (1992). Int er pre t o, po rém, a mul t i pli ci da de de des cri t o res e t er mos que en con t rei no ar qui vo como in dí cio de que o cam po de co nhe ci men t os ain da não est á cons t i t u í do, pois au t o -res(as) e or ga ni za do -res(as) da base de da dos pa re cem não dis por de in di ca do res cla ros para

iden t i f i car o novo re cor t e (Qu a dro 1). É ine vi t á vel a su ges t ão de in clu são do des cri t or gê -ne ro na base de da dos e de uma at en ção es pe ci al de au t o res(as) aos des cri t o res se le ci o

na dos, ao in de xa rem t e ses e dis ser t a ções, es -pe ci al men t e de po is da dis po ni bi li da de de um

te sa u ro

em por t u guês so bre gê ne ro ela bo ra do por Brus chi ni e co la bo ra do ras (1997).

Est a dos da art e so bre a pes qui sa bra si -le i ra em Edu ca ção são unâ ni mes em af ir mar

que sua base ins t i t u ci o nal con t em po râ nea são os pro gra mas de pós- graduação se di a dos nas uni ver si da des (Cam pos & Fá ve ro, 1994; Cu nha, 1991; Gat t i, 1983; War de, 1993; Velloso, 1999). Ape sar de os pro gra mas de

pós graduação em Edu ca ção se rem os prin ci -pa is f o cos de pro du ção aca dê mi ca so bre a disciplina, daí a es co lha da base de da dos d a ANPEd como prin ci pal f on t e para est e le van -t a men -t o, é ne ces sá rio des -t a car, de iní cio, que est a as so ci a ção não é t o t al, pois: nem t o das

t e ses/ dis ser t a ções so bre edu ca ção são pro du

(5)

zi das em pro gra mas de pós- graduação em Educação;3

nem t o das as t e ses/ dis ser t a ções pro du zi das em pro gra mas de pós- graduação em Edu ca ção são so bre edu ca ção. Nos le van t a -men t os aqui re f e ri dos, por exem plo, t an t o Spon chi a do (1997) quan t o eu mes ma lo ca li za

-mos in ú me ros t í t u los apa ren t e men t e mu i t o dis t an ci a dos de um re cor t e da Edu ca ção (o uso de “ apa ren t e men t e” de cor re do f at o de que es -sas con clu sões ba se a ram- se ex clu si va men t e n a aná li se de t í t u los e re su mos e da imen si dão do cam po da Edu ca ção se aí in clu ir mos t o dos o s t e mas e sub t e mas da

edu ca ção per ma nen te

), t en do sido aco lhi dos em pro gra mas de pós- graduação em Edu ca ção. Aspec t o cru ci al que será t ra t a do ao f i nal do t ó pi co.

No pe río do sob exa me – 1981 a 1998 –

lo ca li zei, usan do a mul t i pli ci da de de ín di ces e

t er mos/ des cri t o res men ci o na dos, 233 t e -ses/ dis ser t a ções re f e rin do- se ou t ra t an do d e mu lher/ re la ções de gê ne ro.4

Spon chi a do (1997), ana li san do a pro gres são do nú me ro de t e ses e dis ser t a ções so bre o t ema que lo ca -li zou na base de da dos da ANPEd, qua -li f i ca a

área como

can den te

. Est e qua li f i ca t i vo pode ser u sa do se at en t ar mos ex clu si va men t e para a pro gres são em nú me ros ab so lu t os. Se é ver -Qu a dro 1. Índi ces e ter mos/des cri to res/pa la vras-chave pes qui sa dos na base de da dos da ANPEd: 1981-1998

Índi ces Ter mos/des cri to res/pa la vras-chave

Tí tu los e des cri tor Des cri to res

Explo são de des cri to res Des cri tor ono más ti co

alu na(s) gê ne ro mu lhe res in fra to ras

alu no(s) ho mem(s) ma da me

an dro gi nia ido sas ma dre

apren di za gem so ci al

da mu lher in fra to ras mãe

con di ção da mu lher ins ti tu to fe mi ni no da Ba hia mãe de alu nos

dis cri mi na ção se xu al ir mãs ma dras ta

do més ti ca(s) me ni na(s) pai

don ze la me ni no(s) pa péis fe mi ni nos

edu ca ção fe mi ni na

edu ca ção da mu lher me ni nos e me ni nas de rua pa péis mas cu li nos

edu ca ção para o lar mas cu li no(s) pa péis da mu lher

edu ca do res mas cu li ni da de pro fes sor(es)

fada mu lher(es) pro fes so ra(s)

fe mi ni na re e du ca ção fe mi ni na

fe mi nis mo mu lher zi nha so ci a li za ção da mu lher

fe mi ni za ção mu lhe res es cra vas união das mu lhe res ce a ren ses

3 . Por exemplo, no levantamento efetuado por Blay e colaboradores (1990) sobre teses defendidas na USP no período 1985-1985, o tema educação foi identificado em sete delas, sendo que seis dentre elas foram defendidas em programas não filiados à ANPEd.

(6)

da de que en con t ra mos um au men t o do nú me ro de t e ses e dis ser t a ções so bre mu lher/ re la ções de gê ne ro in de xa das no ca t á lo go da ANPEd,

esse cres ci men t o pa re ce de cor rer da ex pan são da pós- graduação em Edu ca ção mais do que, di ga mos, do vi gor do t ema na área.

Com ef e i t o, a pro por ção de t e ses/ dis ser

t a ções so bre o t ema, no côm pu t o ge ral da pro -du ção di s cen t e pós- gra-duada em E-du ca ção, não apre sen t a cur va as cen den t e, mas den t e a da

em t or no dos ex t re mos 1,1% (1990 e 1992) e 4,1% (1987). Assim, o per f il da dis t ri bu i ção de t e ses e dis ser t a ções so bre mu lher/ re la ções de

gê ne ro por ano, no t rans cor rer do pe río do, não evi den cia o cres ci men t o pro gres si vo que a gran de área Edu ca ção apre sen t a (Ta be la 1, Grá f i co 1).

Além dis so, com pa ran do com ou t ros t e -mas já pes qui sa dos na mes m a base de da dos, a fa t ia re f e ren t e à edu ca ção da mu lher/

Ta be la 1. Dis tri bu i ção do nú me ro de te ses e dis ser ta ções in de xa das por ano: 1981-1998.

Ano Ge ral Edu ca ção da mu lher e re la ções so ci a is de sexo/gê ne ro

N % N %1* %2**

1981 145 1,8 5 2,1 3,2

1982 165 1,9 2 0,8 1,2

1983 238 2,7 6 2,6 2,5

1984 335 3,8 8 3,4 2,3

1985 227 2,6 3 1,3 1,3

1986 227 2,6 8 3,4 3,5

1987 270 3,1 1 1 4,7 4,1

1988 375 4,3 9 3,9 2,4

1989 451 5,2 1 3 5,6 2,9

1990 460 5,3 5 2,1 1,1

1991 461 5,3 1 1 4,7 2,4

1992 624 7,2 7 3,0 1,1

1993 614 7,1 1 0 4,3 1,6

1994 698 8,0 2 0 8,6 2,9

1995 802 9,2 2 4 10,3 3,0

1996 836 9,6 3 3 14,2 3,9

1997 891 10,3 2 4 10,3 2,7

1998 860 9,9 2 4 10,3 3,9

TOTAL 8688 100% 233 100% 2,7

Fon te: ANPEd (1999).

* %1 base de cál cu lo: o to tal de te ses/dis ser ta ções lo ca li za das so bre edu ca ção da mu lher e re la ções so ci a is de sexo/gê ne ro no pe río do 1981- 1998.

(7)

re la ções de gê n e ro pa re ce re du zi da: Gi glio (1998) en con t rou 12% de t e ses/ dis ser t a ções so bre f or ma ção do cen t e re f e ren t es ao pe río do 1986 1995; Elo i sa Can dal Ro cha (1999) iden t i f i cou 292 t e ses/ dis ser t a ções so bre edu ca ção in

-f an t il (4,6%) no pe río do 1983- 1996. Po rém, sua po si ção é van t a jo sa quan do com pa ra da ao re cor t e

edu ca ção e re la ções ra ci a is

con f or me le van t a men t o de Luiz Gon çal ves e Pe t ro ni lha B.

G. Sil va (2000), que iden t i f i ca ram ape nas vin t e

dis ser t a ções/ t e ses so bre esse t ema.

O ba lan ço so bre t e ses/ dis ser t a ções de -f en di das em pro gra mas de pós- graduação bra si le i ros em Edu ca ção, ef e t u a do por M a ria M al t a Cam pos e Osmar Fá ve ro (1994), des t a ca

t rês pon t os cru ci a is, além da con so li da ção da área, que de t ec t o, t am bém, da mes ma f or ma qu e Spon chi a do (1997) o f i ze ra, para o t ema em ques t ão: des pro por ção en t re dis ser t a ções

e t e ses; dis t ri bu i ção de si gual pelo t er ri t ó rio Grá fi co 1. Por cen ta gem de te ses/dis ser ta ções so bre mu lher/re la ções

de gê ne ro in de xa das pela ANPEd por ano.

Fon te: ANPEd (1999)

Nota: Cál cu lo da %: te ses/dis ser ta ções so bre mu lher/re la ções de gê ne ro so bre te ses/dis ser ta ções em ge ral in de xa das no ano.

Qu a dro 2. Ca rac te rís ti cas pre va len tes de 233 te ses/dis ser ta ções so bre edu ca ção da mu lher e re la ções de gê ne ro: 1981-1998.

Ca te go ri as N %

Dis ser ta ções 207 88,8

Au to ria de mu lher 215 92,3

Ori en ta ção de mu lher 163 70,0

Uni ver si da des do Su des te/Sul 157 67,3

(8)

na ci o nal e di vul ga ção pre cá ria dos re sul t a dos (Qu a dro 2). Obser va mos, en t ão, aqu i t am bém, pre va lên cia de dis ser t a ções so bre t e ses, re a li za

-das no Sul/ Su des t e do país, de au t o ria e sob ori en t a ção de mu lhe res.5

A aná li se da dis t ri bu i ção de f re qüên cia de t e ses e dis ser t a ções pe las uni ver si da des mais

pro f í cu as mos t ra uma cer t a de f a sa gem na po si -ção ocu pa da quan do se com pa ra a pro du -ção ge ral em Edu ca ção à pro du ção es pe cí f i ca so bre o t ema edu ca ção da mu lher e re la ções de gê -nero. Com ef e i t o, ape sar de t er lo ca li za do t e ses e dis ser t a ções so bre o t ema em 30 (81,1%) das

37 uni ver si da des ca t a lo ga das pela ANPEd, 72% da pro du ção con cen t ra se em nove uni ver si da -des, si t u a das pre do mi nan t e men t e no eixo Sul/ Su des t e (ex ce ção ad vém da UFPb). Po rém, as cam peãs de pro du ção de t e ses e dis ser t a ções

so bre o t ema (em nú me ros ab so lu t os e per cen -t u a is) nem sem pre ocu pam po si ção equi va len -t e

no cam po am plo da Edu ca ção (Ta be la 2). Ist o é, po de ría mos f a lar em f o cos de pro du ção dis cen t e so bre edu ca ção da mu lher

e re la ções de gê ne ro: a UFRGS, sem dú vi da, é a gran de cam peã; a PUC SP, com o ma i or per cen t u al f ren t e à pro du ção dis cen t e dos pro -gra mas em Edu ca ção, se gui das da USP, da

UFM G e PUC RGS. Den t re elas, me re ce des t a -que a UFRGS, -que apre sen t a o per f il mais cons t an t e de pro du ção ao lon go do pe río do 1981- 1998. Fo ram pou cos os anos (81, 82,

5 . O referido relatório (Campos & Fávero, 1994) também menciona, de passagem, a prevalência de mulheres na pós-graduação em cursos de Ciências Humanas e Sociais. A grande proporção de mulheres como autoras, portanto, pós-graduandas em nossas universidades, associada ao período de vida familiar em que se encontram (idade de procriação), leva-me a apontar a necessidade de que as agências de fomento tratem com seriedade, humanidade e eqüidade a questão da licença-maternidade, questão omitida nos debates contemporâneos sobre eficiência da pós-graduação e da agenda feminista para a educação.

Ta be la 2. Uni ver si da des que pro du zi ram o ma i or nú me ro de te ses/dis ser ta ções em pro gra mas fi li a dos à ANPEd e so bre edu ca ção da mu lher e re la ções de gê ne ro: 1981- 1998.

Ge ral Edu ca ção da mu lher e re la ções de gê ne ro

Po si ção Uni ver si da de N % Po si ção Uni ver si da de N %1* %2**

1 ª UNICAMP 9 1 3 10,5 1ª UFRGS 3 2 13,7 7,4

2 ª USP 5 9 8 6,9 2ª UNICAMP 2 9 12,4 3,2

3 ª UFRJ 5 7 3 6,6 3ª PUC-SP 2 0 8,6 11,4

4 ª UFRGS 4 3 1 5,0 4ª USP 1 9 8,1 3,2

5 ª PUC/RGS 4 3 0 4,9 5ª UFMG 1 8 7,7 6,3

6 ª UFF 3 7 8 4,4 6ª PUC/RGS 1 7 7,3 3,9

7 ª UNIMEP 3 4 4 4,0 7ª UFF 1 1 4,7 2,9

8 ª UFSC 3 4 1 3,9 8ª UFPb 1 1 4,7 6,2

9 ª UFMG 2 8 4 3,3 9ª UFRJ 1 1 4,7 1,9

10ª IEA 2 5 3,2 ---- De ma is 28,0

----TOTAL 8688 100,0 233 100,0

Fon te: ANPEd (1999).

* %1 base de cál cu lo: o to tal de te ses/dis ser ta ções in de xa das so bre edu ca ção da mu lher e re la ções de gê ne ro (N= 233).

(9)

85, 86, 88, 92, 97) em que essa uni ver si da de n ão t e nha l e va do à de f e sa uma dis ser t a ção ou t ese so bre o t ema. Além dis so, a UFRGS t em

con t a do em seu qua dro do cen t e com pro f es so -res(as) ori en t a do -res(as) pro f í cu os(as) no ge ral e re la t i va men t e cons t an t es na ori en t a ção de t e -ses e dis ser t a ções so bre o t ema edu ca ção d a

mu lher e re la ções de gê ne ro (Ta be la 3). Se al gu mas do cen t es, como Nara M a ria Gu az zel li Ber nar des e Gu a ci ra Lo pes Lou ro, os -t en -t am f lu xo de ori en -t a ções mais con di zen -t e com um rit mo de “ es pe ci a lis t a” ,6 ou t ros do cen -t es imen sa men -t e pro f í cu os ori en -t a ram -t e ses e

dis ser t a ções so bre edu ca ção da mu lher e re la -ções de gê n e ro em rit mo bis sex t o, de cor rên cia pos sí vel de um per f il mais “ ge ne ra lis t a” . Pon t o im por t an t e a con si de rar so bre o im pac t o des se per f il de pro du ção: cer t a di s per são que di f i cul

-t a a cons -t i -t u i ção de li nhas de pes qui sa com con t i nu i da de e apro f un da men t o t eó ri co, além de, pro va vel men t e, obs cu re cer a vi si bi li da de d a pro du ção aca dê mi ca em Edu ca ção na área de es t u dos so bre mu lher/ re la ções de gê ne ro, ques t ão dis cu t i da adi an t e.

Ana li san do a evo lu ção da pro du ção no pe río do 1981 1995 por uni ver si da des, Spon -chi a do (1997) dis t in guiu t rês gru pos: um

pri me i ro gru po no qual a ma i or pro du ção se con cen t ra no pe río do ini ci al, de ca in do ou de -sa pa re cen do pos t e ri or men t e (UFPb e UNIM EP,

além do pro gra ma de Psi co lo gia da Edu ca ção da PUC- SP); um se gun do gru po, no qual a ma i or pro du ção con cen t ra se no meio do pe río do (UNICAM P e UFCE); e um t er ce i ro gru

-po, no qual a pro du ção se ini ci a ou se con cen t ra após 1991 (UFRJ, UFSC, UFBa, UFGO, UNB, UFAM e PUC- Pet rópolis).

Ape sar da ne ces si da de de apro f un dar a in ves t i ga ção (por exem plo, cru zan do o f lu xo de de f e sa com a épo ca de cri a ção de mes t ra dos e dou t o ra dos e o n ú me ro de apo sen t a do

-ri as), o per f il t ra ça do por Spon chi a do (1997) pa re ce cons t i t u ir mais um in dí cio de que o t ema ain da não es t e ja con so li da do nos pro -gra mas de pós- -graduação em Edu ca ção.

O per f il da pro du ção de t e ses e dis ser t a -ções so bre o t ema não pa re ce, pois, di ver gir do per f il t ra ça do por Ro sem berg so bre os es -t u dos so bre mu lher/ re la ções de gê n e ro em ge ral (e não ape nas em Edu ca ção):

Ta be la 3. Do cen tes mais pro fí cu os na ori en ta ção de te ses e dis ser ta ções so bre o tema edu ca ção da mu lher e re la ções de gê ne ro: 1981- 1998.

Do cen te Uni ver si da de no ge ral so bre o tema

Nara Ma ria Gu az zel li Ber nar des PUC-RGS 18 8

Gu a ci ra Lo pes Lou ro UFRGS 11 6

Eli a na Mar ta Te i xe i ra Lo pes UFMG 16 5

Gla u ra Vas ques Mi ran da UFMG 21 4

Me ri on Bor das UFRGS 22 4

Juan Jose Mou ri no Mos que ra UFRGS 77 4

Nil ton Bu e no Fis her UFRGS 45 4

Mi ri an Sir ley Ca mi ot to PUC-RGS ? 4

Fon te: ANPEd (1999).

(10)

Há al gu mas evi dên ci as de que a t e má t i ca

mulher/ gê ne ro t e nha se in f il t rado na uni ver si

-da de, não sen do mo no pó lio de al gu mas pou cas

es pe ci a lis t as (...) a ex pan são t em ocor ri do pe las

bre chas pro vo ca das pela pró pria ins t i t u ci o na li

za ção das hu ma ni da des da u n i ver si da de bra

-sileira (...) f ra gi li da de de cor ren t e do ain da

pe que no nú me ro de aca dê mi cas. Uma t ese, uma

bol sa mais lon ga no ex t e ri or [acres cen t o ago ra,

uma apo sen t a do ria] po dem in t er rom per t em po

ra ri a men t e as at i vi da des de cer t os n ú cle os. Ain

-da so mos mu i t o pou cas at u an do numa rede cuja

t ra ma vem sen do t e ci da in f or mal men t e, su ge

-rin do de se nho im pre vi sí vel (...). Há in dí ci os d e

re no va ção das aca dê mi cas. Con t i nu a mos sen do

pro cu ra das por jo vens mes t ran das, mu i t as de las

in t e res sa das nos es t u dos so bre mu lher/ gê ne ro e

que t i ve ram uma vi vên cia edu ca ci o nal bas t an t e

di ver sa das ve t e ra nas. (1993, p.221, 222, 223,

224)

No t am- se ago ra, po rém, al guns pou cos in dí ci os de cons t i t u i ção de es pe ci a lis t as: uma mes ma au t o ra pro du zir, no pe río do, uma dis

-ser t a ção de mes t ra do e uma t ese de dou t o ra do so bre edu ca ção da mu lher/ re la ções de gê n e ro, in di can do con so li da ção de t ra je t ó ria aca dê mi ca. De t ec t a mos (o plu ral, aqui re f e re se ao es -t u do de Auad, 1998), -t am bém, ca sos d e

“ con ver são” : uma mes ma au t o ra pro du zin do um mes t ra do f ora da t e má t i ca e um dou t o ra do na t e má t i ca. Dada a ju ven t u de de al guns dou t o ra dos, con si de ro pre ma t u ro va t i ci nar um f u -t u ro. Con si de ro, po rém, re le van -t e que nos pre o cu pe mos com a pro gres são aca dê mi ca d e

pes qui sa do res(as) so bre o t ema, vi san do à con -so li da ção de li nhas de pes qui sa, con di ção

sine

qua non

para o acú mu lo dos co nhe ci men t os.

A aná li se do ca das t ro da ANPEd evi den cia, ain da, que se t ra t a de uma pro du ção f e m i -ni na: 92,3% de t e ses/ dis ser t a ções são de au t o ria de m u lhe res, per cen t a gem que cai para 70% quan do se f o ca li zam ori en t a do ras. Est a di f e ren ça en t re au t o ria e ori en t a ção, pos si vel -men t e, re f le t e ca rac t e rís t i cas da do mi na ção d e

gê ne ro do mer ca do de t ra ba lho: em se t ra t an -do de uma área de at u a ção com pre -do mí nio de mu lhe res, “ ho mens coringa” gal gam, ra pi

-da men t e, po si ções de des t a que, i n ver sa men t e ao que ocor re com mu lhe res em pro f is sões mas cu li nas.7

A aná li se do ban co de da dos da ANPEd

per mi t e, t am bém, que se apre en dam sub t e -mas pre va len t es e emer gen t es. Com pa ran do- se à pro du ção da dé ca da an t e ri or, not a se o pro gres so no t á vel da His t ó ria, as so ci a do à pro du -t i vi da de de ori en -t a do ras pro f í cu as -t ra ba lhan do em cen t ros pro f í cu os e que apre sen t am um

per f il pró xi mo ao que Ro sem berg (1993) iden -t i f i ca ra na aná li se dos

cur ri cu la vi tae

de pes -qui sa do ras/ do cen t es da área de es t u dos da mu lher/ gê ne ro: uma es pe ci a li za ção par ci al n a t e má t i ca mu lher/ gê ne ro, man t en do pro du ção

(e pos si vel men t e diá lo go) na gran de área de ori gem, nes t e caso, a His t ó ria da Edu ca ção.

A par t ir de um olhar mais im pres si o nis t a so bre a pro du ção dos anos 1990, como se de um vôo de pás sa ro, con f i gu rei o se guin t e qua dro: mu lher e re la ções so ci a is de sexo/ gê

ne ro cons t i t ui uma ques t ão aco lhi da por pro -gra mas de pós- -graduação em Edu ca ção que po dem, ou não, es t i mu lar a pro du ção de t e ses e dis ser t a ções que t ra t em de pro ble má t i ca con si de ra da re le van t e pela dis ci pli na; as t e ses

de dou t o ra do cons t i t u em n o vi da de dos anos 1990 e é essa dé ca da que as sis t e, de um lado, a ma i or en t ra da de ho mens como au t o res e en quan t o t ema (mas cu li ni da de) e, de ou t ro, sua me n or par t i ci pa ção como ori en t a do res.

Na exor t a ção f i nal do ba lan ço so bre

Estu dos so bre mu lher e re la ções de gê ne ro

, Ro sem berg des t a ca va, en t re ou t ras ne ces si da -des: “ Há que en con t rar es t ra t é gi as para apoiar, es pe ci al men t e, o pe que no con t in gen -t e de mu lhe res ne gras edu ca das, pre cur so ras

(11)

po t en ci a is de uma nova f ase dos es t u dos so bre mu lher/ gê ne ro (...)” (1993, p. 224). Nes se pas -se io a vôo de pás sa ro por t e -ses/ dis -ser t a ções d a

dé ca da de 1990, f o ram en con t ra dos al guns t í -t u los so bre e-t nia/ re la ções ra ci a is, pra -t i ca men -t e ine xis t en t es na dé ca da an t e ri or.

Esse mes mo pas se io per mi t iu que apre en

des se a in cor po ra ção de as sun t os que t êm mo -bi li za do ONGs, or ga ni za ções m u l t i la t e ra is e mí dia: me ni nos(as) em si t u a ção de rua, gra vi -dez ado les cen t e. É pa ra do xal que a par t ir do t er mo “ me ni nas” e “ me ni nos” t e nham se le -van t a do qua se que ex clu si va men t e re f e rên ci as

a “ me ni nas(os) de rua” (e não alu nas/ os) e que f o ram qua se ine xis t en t es os t í t u los que f o ca li zam di re t a men t e os t e mas/ pro ble mas pri o ri za -dos seja pelo mo vi men t o de mu lhe res (como se xis mo no cur rí cu lo e em li vro di dá t i co), seja

pel o de ba t e na ci o nal em edu ca ção (por exem -plo, re pro va ção/ at ra so es co lar), com ex ce ção da f or ma ção/ at u a ção do cen t e.

A con di ção de cri an ça pa re ce não t er mo -bi li za do, ain da (ou mu i t o pou co), a pro du ção aca dê mi ca na ci o nal so bre edu ca ção. Est a m os

lon ge do mo vi men t o ob ser va do, por exem plo, n a So ci o lo gia da Edu ca ção an glo- saxônica ou f ran có f o na dos anos 1990, es pe ci al men t e a par t ir da di f u são de cor ren t es pós es t ru t u ra lis -t as: a con cep ção de cri an ça como a-t or so ci al

(Si ro t a, 2001). Ra rís si mos es t u dos pa re cem t er i do à bu s ca do lu gar da in f ân cia na cons t ru ção so ci al das re la ções de gê ne ro no sis t e ma edu ca ci o nal. Ora, 61% da po pu la ção es t u dan t il bra si -le i ra é com pos t a por cri an ças e ado -les cen t es com at é 14 anos de ida de.8

E é essa f a i xa et á ria

que vive a “ hora da ver da de” da edu ca ção bra -si le i ra (Fon t e: PNAD 99).

Do es t u do de Spon chi a do, des t a co u m as pec t o de gran de re le vân cia: a dis per são t emát ica e abran gên cia dis ci pli nar de t e ses/ dis ser t a ções re a li za das em pro gra mas de pós gra -du a ção em E-du ca ção. A ques t ão não é nova: War de (1993) ha via des t a ca do a f rag men t a ção e pul ve ri za ção de t e mas e abor da gens em t e ses/ dis ser t a ções em Edu ca ção; Cam pos e Fá ve

-ro (1994, p. 6) des cre ve ram essa p-ro du ção como “ um con jun t o bas t an t e he t e ro gê neo n o qu e se re f e re à qua li da de, à co ber t u ra dos t e

-mas mai s i m por t an t es da área, e ao im pac t o que t em pro du zi do so bre a re a li da de edu ca ci -o n al bra si le i ra” .

No cam po de es t u dos de Edu ca ção e gê

ne ro, po rém, t al ob ser va ção quan t o a ge ne ra li -da des cons t i t ui apre ci a ção nova. Foi essa abran gên cia dis ci pli nar que im pul si o nou Spon chi a do (1997) a clas si f i car dis ser t a ções e t e ses em duas ca t e go ri as: aque las so bre “ edu -ca ção es co lar” , que se re f e rem à “ prá t i -ca so ci al que se dá na es co la” ; aque las so bre “ edu ca ção

no seu sen t i do am plo” , di ria mes mo mu i t o am -plo pois se re f e rem ao “ pro ces so cons t i t u t i vo do ser hu ma no” (1997, p. 66). De acor do com t al pro ces so de clas si f i ca ção, a au t o ra en con

-t rou um me nor nú me ro de -t e ses e dis ser -t a ções re f e ri das à edu ca ção es co lar pro pri a men t e dit a (48,5% do t o t al). Essa pri me i ra cons t a t a ção é car re ga da de im pli ca ções: há f or t es i n dí ci os d e que um pou co mais da me t a de de t e ses e dis -ser t a ções de f en di das so bre mu lher/ gê ne ro em

pro gra mas f i li a dos à ANPEd man t ém la ços f rou xos com a dis ci pli na Edu ca ção. Por t an t o, a ma i o ria (51,5%) da pro du ção lo ca li za da por Spon chi a do (1997) no pe río do 1981 1995 t ra -t a de edu ca ção em sen -t i do am plo, abrin do em

mu i t o o le que de as sun t os. Como sa li en t a a pró pria au t o ra, t ra t a- se t an t o de um cam po d e es t u dos so bre a “ con di ção f e mi ni na” quan t o de Edu ca ção e gê ne ro. Se me per mi t em a me t á f o ra, vá ri os pro gra mas de Edu ca ção pode -riam se con f i gu rar como “ út e ros de alu guel” .

Nes sa ca t e go ria, os as sun t os que pre va le cem são aque les que t am bém pre va le cem na área de es t u dos da mu lher/ re la ções de gê ne ro pro -du zi dos f ora dos pro gra mas de pós- gra-duação

(12)

em Edu ca ção, t e mas va lo ri za dos, ain da, pela prá t i ca milit ant e (Sar t i, 1988): t ra ba lho, sa ú de, se xu a li da de, vi o lên cia, cul t u ra, mo vi men t os so

-ci a is e iden t i da de. Ou seja, um pou co mais da me t a de de t e ses e dis ser t a ções so bre o t ema de -f en di das em pro gra mas de Edu ca ção com pe t e com t e ses e dis ser t a ções pro du zi das em ou t ras

áre as dis ci pli na res: So ci o lo gia, Ant ro po lo gia, His t ó ria, Psi co lo gia.

Alguns t í t u los de t e ses/ dis ser t a ções pin -ça dos po dem exem pli f i car t al abran gên cia:

Mu lher e tra ba lho

: du plo pre con ce i t o (Na va jas, 1995);

O ima gi ná rio cul tu ral mo der no e a

cons ti tu i ção do su je i to ado les cen te

: con t ri bu i ção ao es t u do da ado les cên cia at ra vés da aná li -se de uma re vis t a f e mi ni na (Sou za, 1998);

Do

des ti no bi o ló gi co ao des ti no so ci al

: uni da des do més t i cas ge ren ci a das por mu lhe res –

1970/ 1995 (Na der, 1996).

Se a f or ma de aná li se de Spon chi a do (1997) – ex clu si va men t e at ra vés de t í t u los, re -su mos e des cri t o res – re co men da pru dên cia em ge ne ra li za ções, as sim mes mo a cons t a t a ção me re ce at en ção. A par t ir des ses i n di ca do res,

Spon chi a do ca rac t e ri za o cam po como es t an do em cons t i t u i ção.

Qu an t o a cer t a “ pu l ve ri za ção” de as sun t os,

veri f i cada in clu si ve nas t e ses, est a pode ca rac

t e ri zar dis per são e f al t a de acú mu lo – e por t an

-t o de apro f un da men -t o – mas -t am bém pode

de ver se às con di ções de um pe río do (e es t a

-m os f a lan do de 15 an os pró xi -mos do f i nal do

sé cu lo) em qu e os ol ha res se vol t am para mu i

t as e di f e ren t es f a ce t as, de uma mes m a ques

-t ão, pos si bi li -t an do des per -t ar para ele men -t os

i m por t an t es da com pre en são das re la ções d e

gê n e ro e das re l a ções so ci a is no seu sen t i do

am pl o. Espe ci al men t e n o caso des sa t e má t i ca,

pa re ce com pre en sí vel que as co i sas de dêem

des sa m a ne i ra por t ra t ar- se de um cam po em

con s t i t u i ção. (1997, p. 70)

O pro ble ma não é a dis per são de qual quer olhar, mas a dis per são de t e mas, pos si vel

men t e na cons t ru ção do ob je t o das in ves t i ga ções, que di a lo gam com áre as de co nhe ci -men t o f ora da Edu ca ção.

Da ni e la Auad (1998), ou t ra jo vem pes -qui sa do ra que se at e ve à aná li se da pro du ção re cen t e so bre edu ca ção e gê n e ro –

For ma ção

de Pro fes so ras

: um es t u do dos Ca der nos de Pes qui sa a par t ir do re f e ren ci al de gê ne ro –, relê est a pas sa gem, en ri que cen do a e con t ra -pon do- se, en t ão, a S-pon chi a do (1997), vin do em de f e sa do cam po:

A pre sen ça de gê ne ro em di f e ren t es t e m as

edu ca ci o na is, a meu ver e con t ra ri a men t e ao

que af ir m a Spon chi a do, in di ca que já exis t e

um cam po de pes qui sa em gê ne ro cons t i t u í do

e t al ca t e go ria não se con f i nou a de t er mi na do

t ema edu ca ci o nal, mas é con si de ra da em pes -qui sas edu ca ci o na is de va ri a dos t e mas, ain da

que es t as pesquisas re pre sen t em uma pe que na

parcela da pro du ção dos Pro gra mas de

Pós- Graduação no Bra sil. (Auad, 1998, p. 50,

gri fo meu).

A ques t ão que me pa re ce per t i nen t e nes se de ba t e de cor re do sen t i do que se dê a “ con si de rar” e o que se es pe ra da pro du ção aca dê mi ca. É pos sí vel con cor dar com Auad (1998) se at ri bu ir sen t i do am plo a consi derar,

in clu in do, at é mes mo, o sim ples men ci o nar. Di ria que o cam po da Edu ca ção não ig -no ra a exis t ên cia de um de ba t e so bre gê ne ro na aca de mia,9

mas que a pro du ção dis cen t e pós- graduada em seu con jun t o não mos t ra in dí ci os de um cam po es t a be le ci do de co nhe

ci men t os na dis ci pli na. Con si de ra se, men ci o -na- se, re f e re- se ao de ba t e mu l her e re la ções so ci a is de sexo/ gê ne ro, al gu mas ve zes, do mes mo modo que po lí t i co pede a bên ção a um lí der re li gi o so ilus t re. A ques t ão que me pa re -ce em jogo aqui (ou pelo me nos aque la que

(13)

me mo bi li za) é a de sa ber o quan t o a pers pec t i -va de aná li se mu lher e re la ções de gê ne ro em Edu ca ção t em con t ri bu í do para com pre en der

di le mas da Edu ca ção no Bra sil.

Essa ima gem do “ pe dir a bên ção” ve io- me à ca be ça ao ef e t u ar a aná li se de t í t u los e re su mos de dis ser t a ções e t e ses a par t ir dos des cri t o

-res/ t er mos equi va len t es a “ pro f es so ra” , n o f e mi ni no, no ban co de da dos da ANPEd. Essa bus ca aci o nou 107 re f e rên ci as. M eu pri me i ro mo vi men t o f oi f i car en t u si as ma da com a “ pes -ca ria” . Len do os re su mos, dei- me con t a que o f e mi ni no que subs t i t u ía o ge né ri co mas cu li no

an t e ri or (in f luên cia, ou não, do co nhe ci do ar t i -go de Brus chi ni e Ama do de 1988) re f e ria- se, em mu i t os ca sos, ao f at o de que os su je i t os “ em pí ri -cos” eram mu lhe res, como po de ri am ser ho mens ou ne u t ros. Ou ge né ri cos f e mi ni nos. Sem mais.

Para com ple t ar est a aná li se, de t i ve- me na pro du ção de t e ses e dis ser t a ções so bre mu lher/ re la ções de gê n e ro re a li za das na Uni ver si -da de de São Pa u lo. Lo ca li zei dez t e ses de dou t o ra do e nove dis ser t a ções de mes t ra do, t o -das de au t o ria f e mi ni na, a ma i o ria de f en di -das

após 1994 e ori en t a das por mu lhe res. Di f e ren t e men t e do que ob ser va ra para o con jun t o na -ci o nal, aqui pre do mi na ram t e ses/ dis ser t a ções ver san do di re t a men t e so bre t e mas educacio nais. O que mar ca a pro du ção da USP é o re du

-zi do nú me ro de t e ses/ dis ser t a ções so bre o t ema em f ace do mon t an t e da que las i n de xa das no

ar qui vo da ANPEd: 3,2% ou seja 19 t e ses/ dis -ser t a ções so bre o t ema para um t o t al de 595 t e ses/ dis ser t a ções i n de xa das pela ANPEd (a

USP res pon de por 6,8% das t e ses/ dis ser t a ções ca t a lo ga das pela ANPEd).

A pes qui sa de Blay e co la bo ra do ras (1990) já con t i nha i n f or ma ções, para t oda a

área de es t u dos so bre mu l her na USP, re la t i vas ao pre do mí nio de dou t o ra dos so bre mes -t ra dos e à pe que na par -t i ci pa ção da Edu ca ção e da Fa cul da de de Edu ca ção na pro du ção d e t e ses/ dis ser t a ções so bre o t ema. Com ef e i t o, das 120 t e ses/ dis ser t a ções (mes t ra do, dou t o

-ra do e li vre- docência) lo ca li za das por Bl ay e co la bo ra do ras (1990) na USP no pe río do 1985 1989, ape n as set e (5,8%) ver sa ram so bre Edu ca ção e ape nas uma ha via sido de f en -di da na Fa cul da de de Edu ca ção! Oxa lá o

cres ci men t o ob ser va do ago ra pos sa se man t er ou acen t u ar nos pró xi mos anos!

E d u c a ç ã o e g ê n e r o n o d i r e t ó r io d e p e s q u i s a d o r e s ( a s )

Em 1997 a ANPEd or ga ni zou o di re t ó rio

Quem pes qui sa o quê em Edu ca ção: 1998

, iden t i f i can do pes qui sa do res(as) que at u a vam (en t re 1991 e 1995) em pro gra mas d e pós- graduação

stric to sen su

em Edu ca ção qu e res pon di am a t rês con di ções no sis t e ma de ava li a ção da CAPES; pro gra mas re co nhe ci

-Qu a dro 3. Ca rac te rís ti cas pre do mi nan tes de te ses/dis ser ta ções so bre mu lher/gê ne ro em pro gr a mas da usp fi li a dos à ANPEd: 1981-1998

Ca rac te rís ti cas N

Au to ria de mu lher 19

Ori en ta ção de mu lher 13

Dou to ra do 10

Foco na edu ca ção 14

Pos te ri or a 1994 16

(14)

dos; cur sos no vos; cur sos ain da sem ava li a ção. Vi san do

f a ci li t ar o in t er câm bio en t re pes qui sa do res em

edu ca ção no Bra sil (...), o di re t ó rio in di ca t ra ços

do per f il aca dê mi co dos pes qui sa do res e de sua

pro du ção, além de in f or ma ções que per mi t em

uma co mu ni ca ção en t re eles (Vel lo so, 1999, p.9).

O di re t ó rio di vul ga uma f i cha por pes qu i -sa dor(a) na qual cons t am seis cam pos: nome, t i t u la ção, áre as de in t e res se de pes qui sa, pro j e t os de pes qui sa, pu bli ca ções (li mi t e de cin co t í

-t u los), in f or ma ções que se re f e rem ao pe río do 1991- 1995.

No con t ex t o des se ba lan ço, a aná li se do di re t ó rio (t ra ba lho sa, pois t ive aces so ape nas à ver são em pa pel da qual não cons t a ín di ce re

-mis si vo de pa la vras- chave) f oi pos sí vel gra ças à in clu são de pa la vras- chave nos cam pos so bre pro je t o e pu bli ca ções, além, evi den t e men t e, d e o cam po “ áre as de in t e res se” re me t er a re cor t es t e má t i cos ou t eó ri cos.

Ana li sei, en t ão, ma nu al men t e cada uma

das 490 f i chas que in t e gram o di re t ó rio, iden t i f i can do aque las em que os(as) pes qui sa do -res(as) em pre gam, em qual qu er um dos cam pos per t i nen t es, pa la vra- chave as so ci a da ao t ema es t u dos so bre mu lher/ re la ções de gê n e ro.

Nes sa bus ca lo ca li zei 31 pes qui sa do res(as) que men ci o na ram al gum t ipo de pro -du ção (pro je t o ou pu bli ca ção) ou área de

in t e res se pelo t ema em ques t ão, o que sig ni f i ca 6,3% do di re t ó rio. No qua dro 4, f o ram des -t a ca das as ca rac -t e rís -t i cas pre va len -t es des se con jun t o de f i chas.

No t a- se uma con sis t ên cia, at é cer t o pon t o es pe ra da, com da dos e i n t er pre t a ções apre sen t a dos a par t ir da aná li se da base de da dos so bre dis ser t a ções e t e ses: pre do mí nio ní t i do de pes qui sa do ras (80,6%); dis t ri bu i ção em pou cos pro gra mas ou uni ver si da des (41,7% dos 36 pro gra mas ar ro la dos pelo di re

-t ó rio); po si ção de des -t a que as su mi da pe las UFRGS e UFM G que os t en t am o ma i or nú me ro de pes qui sa do res(as) so bre o t ema; dis per são por uma va ri a da gama de pa la vras- chave e

áre as de in t e res se, com aber t u ra para o con -ceit o de edu ca ção em seu sen t i do am plo (ver qua dro 5).

De ve se no t ar, t am bém, que o t ema es -t u dos so bre mu lher/ re la ções de gê ne ro, no âm bi t o dos pro gra mas de pós- graduação em

Edu ca ção, cons t i t u i “ área de in t e res se” de pes qui sa ape nas para quin ze pes qui sa do res(as), 3,1% da que les ca das t ra dos(as) n o di -re t ó rio 1998 da ANPEd, ci f ra pró xi ma à de t e ses e dis ser t a ções de f en di das no pe río do.

Qu a dro 4. Ca rac te rís ti cas pre va len tes em 31 fi chas do di re tó rio de pes qui sa do res(as) da ANPEd ver são 1998.

N

Pes qui sa do ra mu lher 25

Gê ne ro/Mu lher men ci o na do em: • Área de in te res se • Pro je to de pes qui sa • Pu bli ca ção

15 12 24

Pro gra mas di fe ren tes 15

Pro gra mas com mais pes qui sa do res(as) • UFRGS

• UFMG

5 4

(15)

O t e m a e m r e v is t a s a c a d ê m i c a s

Nes t a se ção apre sen t a rei e dis cu t i rei o que en con t rei em re vis t as aca dê mi cas: de um lado, o t ra t a men t o dado ao t ema mu lher/ re la ções de gê ne ro em duas co le ções de re vis t as es -pe ci a li za das em Edu ca ção; de ou t ro, o

t ra t a men t o dado à Edu ca ção em re vis t as es pe ci a li za das em es t u dos f e mi nis t as, so bre a mu -lher ou re la ções de gê ne ro.

• M u lher/ gê ne ro em re vis t as da Edu ca ção. Vi san do am pli ar a mar gem de se gu ran ça para avan çar na pis t a lan ça da por Spon chi a do

(1997), dada a f ra gi li da de da base em pí ri ca, que apo i ou se ape nas em re su mos de t e ses/ dis ser t a -ções, ef e t u ei uma aná li se com ple men t ar de duas co le ções de re vis t as com po si ção re co nhe ci da na Edu ca ção: o s

Ca der nos de pes qui sa

1 0

da Fun da

-ção Car los Cha gas e a re vis t a

Edu ca ção e re a li

-da de

da UFRGS. Essas re vis t as f o ram es co lhi das por sua as so ci a ção a gru pos que vêm t ra t an do, de modo re la t i va men t e con t í nuo, o t ema aqui des t a ca do, e por que cons -t am, de seu qua dro de pes qui sa do ras, au -t o ras den t re as mais ci t a das em t e ses e dis ser t a ções com pul sa das por Spon chi a do (1997)1 1

.

10 . Na apresentação dos Cadernos de pesquisa encontra-se a seguinte caracterização da revista: “ revista de estudos e pesquisas em Educação publicada desde 1971, tem como objetivo divulgar a produção acadêmica sobre educação, gênero e raça, propiciando a troca de informações e o debate sobre as principais questões e temas emergentes na área” .

11. Nicole Mosconi (1998), na introdução do livro Égalité des sexes en éducation et formation, efetua um interessante balanço da produção francesa, mostrando o tardio envolvimento das Ciências da Educação francesas com temas e perspectivas de estudos feministas/da mulher: final dos anos 1980. É do início dos anos 1990 que datam os estudos franceses de fôlego: Mosconi (1989), Baudelot e Establet (1992), Duru-Bellat (1990). Sua análise da Revue française de pédagogie (1982 a 1996) evidencia, também, uma pequena produção de artigos sobre o tema: 6%, ou uma média de um por ano! (Mosconi, 1998). Qu a dro 5. Pa la vras- chave e áre as de in te res se re la ti vos ao cam po de es tu dos mu lher/gê ne ro iden ti fi ca dos

no di re tó rio de pes qui sa do res(as) da ANPEd ver são 1998.

Do cên cia e gê ne ro Iden ti da de de gê ne ro

Edu ca ção de me ni nas Le i to ras

Edu ca ção e gê ne ro (ou vi ce-versa) Le i tu ra e gê ne ro

Edu ca ção e re la ções de gê ne ro (ou vi ce-versa) Ma ter ni da de

Edu ca ção, sub je ti vi da de, gê ne ro e et nia Me mó ria das mu lhe res

Edu ca ção po pu lar e mu lher Me ni nas

Edu ca do ras de mu lhe res Mu lher(es)

Fe mi nis mo Mu lher e en si no su pe ri or

Fe mi ni za ção do en si no (ma gis té rio) Pi o ne i ras

Gê ne ro e cur rí cu lo Prá ti ca do cen te

Gê ne ro e dan ça Pro fes so ra pri má ria

Gê ne ro e de sem pe nho (aca dê mi co) Pa pel da mu lher

Gê ne ro e sa ú de Re la ções de gê ne ro

His tó ria das mu lhe res Re la ções de gê ne ro e prá ti ca do cen te

His tó ria das re la ções de gê ne ro Se xu a li da de (de me ni nas)

Iden ti da de fe mi ni na Sub je ti vi da de fe mi ni na

(16)

Pro cu rei, por meio de t í t u los, des cri t o res e uma le i t u ra (ou re le i t u ra), por ve zes em di a go nal, clas si f i car os ar t i gos so bre mu lher/ gê ne

-ro em duas ca t e go ri as: aque les es pe cí f i cos e di re t os so bre Edu ca ção; aque les so bre ou t ros t e mas ou re me t en do a uma con cep ção am pli a -da de Edu ca ção, não re f e rin do- se ao sis t e ma de

en si no/ edu ca ção f or mal.

Evi den t e men t e não es t ou cri t i can do nem a qua li da de nem a per t i nên cia dos ar t i gos pu bli -ca dos nes sas re vis t as. Por exem plo,

Edu ca ção e

re a li da de

pu bli cou uma sé rie de t ra du ções in -dis pen sá ve is de au t o res(as) de es col, no cam po

de es t u dos de gê ne ro, abrin do e apro f un dan do o le que de t ex t os t eó ri cos dis po ní vel em por t u -guês so bre gê ne ro. Para me mó ria, des t a co o v. 20, nº 2 de jul/ dez 1995, que t rou xe o t rio Scot t , Bour di eu e Con nel. M i nha ar gu men t a ção, aqui,

é que, ao re t i rar da mas sa de pro du ção em Edu -ca ção os es t u dos e as pes qui sas so bre mu lher e re la ções so ci a is de sexo/ gê ne ro no ge ral, re du zo, sen si vel men t e (pela me t a de), a pro du ção es pe cí -f i ca em Edu ca ção.

Além dis so, ouso f or mu lar a per gun t a:

se ri am os pro gra mas de pós- graduação em Edu ca ção os es pa ços ins t i t u ci o na is mais ade qua dos para apo i ar a re a li za ção de t e ses e dis -ser t a ções so bre as sun t os não- educacionais e que dis põem de um acer vo t eó ri co me t o do ló

-gi co am plo e com ple xo – em de ba t e e em ba t e acir ra dos – em ou t ras dis ci pli nas? Te ri am es sas pes qui sas chan ce de com pe t ir com aque las pro du zi das em con t ex t os uni ver si t á ri os de dis ci pli -nas t ais como a Ant ro po lo gia, So ci o lo gia,

Po lí t i ca, Sa ú de, por exem plo?

Tal vez essa dis per são e ge ne ra li da de de boa par t e da pro du ção aca dê mi ca em Edu ca

-ção pos sa ex pli car, par ci al men t e, a re du zi da pe ne t ra ção do t ema na área de es t u dos so bre mu lher/ re la ções de gê ne ro,1 2

que no Bra sil, dada sua con f i gu ra ção his t ó ri ca, evi den cia

uma f or t e as so ci a ção a dis ci pli nas vi n cu la das às Ciên ci as So ci a is.

Fo ca li zei, aqui t am bém, at en ção es pe ci al à USP, ana li san do ar t i gos pu bli ca dos nos 51 nú me ros da re vis t a da Fa cul da de de Edu ca ção em suas duas de no mi na ções:

Re vis ta da Fa

-cul da de de Edu ca ção

e

Edu ca ção e pes qui sa

(1975 a 2000). Os re sul t a dos f o ram de sa len t a -do res: -dos 376 ar t i gos pu bli ca -dos, in clu in -do dos siês, ape nas qua t ro t ra t a ram de t e mas re la -t i vos a mu lher/ gê ne ro. Ou seja, nem mes mo a

pro du ção de t e ses/ dis ser t a ções de f en di das n a pró pria Fa cul da de de Edu ca ção, no f or ma t o de ar t i gos, en con t ra ram, em seu ve í cu lo de di vul -ga ção, um ca nal para di f u são.1 3

Por t an t o, con si de rei a ob ser va ção de Spon chi a do (1997) uma pis t a ins t i gan t e e re

-12 . Não estou querendo simplificar o complexo tema da produção e divulgação de conhecimentos, especialmente de novos temas e abordagens que também ajudam a criar e recriar espaços de poder, dentro e fora da universidade. Propus-me a levantar apenas uma pista no plano “ operacional” da competição pela divulgação de conhecimentos.

13 . Os artigos foram: de Ruy Nunes (1976), Angela Merici, o renascimento e a educação; de Elza Nadai (1991), A educação de elite e a profissionalização da mulher brasileira na Primeira República; de Marília P. de Carvalho (1995), A história de Alda: ensino, classe, raça e gênero; de George Noblit (1993), Poder e desvelo na sala de aula.

Ta be la 4. Fre qüên cia de ar ti gos so bre mu lher/re la ções de gê ne ro por sub te mas nas re vis tas

Ca der nos de pes qui sa e Edu ca ção e re a li da de*.

Re vis ta Pe río do sob aná li se Arti gos so bre mu lher/gê ne ro

em ge ral as so ci a dos à edu ca ção TOTAL

Edu ca ção e re a li da de set/dez 1983 – jan/jun 2000 12 11 2 3

Ca der nos de pes qui sa dez 1975 - jul 2000 41 31 7 2

(17)

le van t e para pro cu rar en t en der o de sin t e res se que t e nho ob ser va do nos es t u dos f e mi nis t as bra si le i ros (ou de gê ne ro) pelo t ema/ dis ci pli na

da Edu ca ção.

• Re vis t as es pe ci a li za das em gê ne ro/ f e mi nis mo Ou t ra pos si bi li da de de aná li se da in t e ra -ção en t re as áre as da Edu ca -ção e es t u dos so bre

mu lher e re la ções de gê ne ro pro vém das re vis -t as es pe ci a li za das em gê ne ro/ f e mi nis mo. Como vi mos, t an t o os

Ca der nos de pes qui sa

qu an t o a

Edu ca ção e re a li da de

aco lhem, com uma f re qüên cia re la t i va men t e alt a, ar t i gos so bre mu -lher e re la ções de gê ne ro para além da

edu ca ção. Ve ja mos, ago ra, qu al o es pa ço do t ema Edu ca ção nas pu bli ca ções f e mi nis t as e/ ou so bre es t u dos so bre mu lher(es) e re la ções de gê ne ro.

Do acer vo de pe rió di cos i n de xa dos na Bi

bli o t e ca Ana M a ria Pop po vic, da Fun da ção Car -los Cha gas, se le ci o nei t rês para aná li se1 4

:

Ca der no es pa ço fe mi ni no

,

Ca der nos Pagu

e

Estu dos fe mi nis tas

(Ta be la 5). Os re sul t a dos da bus ca f o ram pí f i os: pou quís si mos ar t i gos so bre Edu ca ção (14 ao t odo nas t rês re vis t as). Af o r a

es ses ar t i gos, a Edu ca ção apa re ce em re se nhas, na t rans cri ção de do cu men t os e, se cun da ri a -men t e, como -men ção em ar t i gos so bre t ra ba lho as so ci a da ao t ema da ca pa ci t a ção pro f is si o nal, pro f is si o na li za ção e na t rans cri ção de re la t os

de de po en t es adul t as so bre sua pró pria ex pe -riên cia edu ca ci o nal quan do cri an ças!

Uma aná li se dos ar t i gos pu bli ca dos pe las re vis t as (Qu a dro 6) su ge re que o t ema da

Edu ca ção apa re ce as so ci a do a ou t ros t e mas que t êm me re ci do des t a que (raça/ et nia, mas -cu li ni da de) e em vá ri os ar t i gos es t ran ge i ros,

pro du zi dos e re f e ren t es a pa í ses es t ran ge i ros (es pe ci al men t e pro ve ni en t es do en con t ro Bra sil, Fran ça, Ca na dá re a li za do e pu bli ca do em 1994 pela

Re vis ta es tu dos fe mi nis tas

).1 5

Há um cam po aber t o para in ves t i ga ção: a sub- represent ação de cor re do quê? De uma ini bi ção da dis ci pli na da Edu ca ção que não sub me t e ria sua pro du ção a es sas re vis t as? Con cor rên cia de se qui li bra da dado o peso da pro du ção “ ge ne ra lis t a” em Edu ca ção não

com pe t i t i va em f ace da pro du ção dos pro gra -mas es pe ci a li za dos nas dis ci pli nas de Ciên ci as So ci a is? Idi os sin cra si as das re vis t as es pe ci a li -za das? Dis cri mi na ção? Des co nhe ci men t o? Agen da f e mi nis t a na ci o nal e i n t er na ci o nal?

M es mo que t i mi da men t e e com mu i t a pre ca u ção, le van t o mais uma pis t a para t en t ar com pre en der o re la t i vo af as t a men t o das áre as: a au t o- ref erência das pes qui sas so bre mu lher e re la ções de gê ne ro. Em ou t ras pa la vras, o “ adul t o cent rismo” . M u lhe res adul t as es t u

-dam mu lhe res adul t as. Assim, uma aná li se

14 . A análise consistiu no exame de toda a coleção de cada revista, destacando a presença ou ausência do tema Educação em todas as seções. Agradeço a colaboração das bibliotecárias para o levantamento preliminar cujo resultado coloco à disposição dos(as) interessados(as), como também a seleção efetuada na base de dados e no diretório de pesquisadores(as) da ANPEd.

15 . A Revista estudos feministas publicará em 2001 um dossiê sobre Educação e gênero.

Ta be la 5. Dis tri bu i ção de fre qüên cia de ar ti gos em re vis tas fe mi nis tas so bre gê ne ro por tema.

Arti gos/se ções* so bre mu lher/gê ne ro

Re vis ta Edu ca ção Ou tros te mas/dis ci pli nas TOTAL

Ca der no es pa ço fe mi ni no 4 23 2 7

Ca der nos Pagu 1 1 138 149

Estu dos fe mi nis tas 1 9 182 201

(18)

at en ci o sa dos ar t i gos so bre ou men ci o nan do a Edu ca ção pu bli ca dos nas t rês re vis t as su ge -riu- me que eles se re f e rem, es pe ci al men t e, à edu ca ção re la ci o na da a mu lhe res adu l t as: do -cen t es, ci en t is t as, et c.

Se o su je i t o do f e mi nis mo bra si le i ro f oi, em seu iní cio, a mu lher t ra ba lha do ra (Sar t i,

1988), t al vez seja pos sí vel af ir mar que des d e en t ão, mes mo com a am pli a ção de re cor t es ( saúde/ di re i t os re pro du t i vos, vi o lên cia, cul t u ra,

iden t i da de/ sub je t i vi da de), o f oco con t i nua sen do a mu lher adul t a ou as re la ções de gê ne ro da ót i ca da vida adul t a, com aber t u ra, at u al, para a t er ce i ra ida de, o en ve lhe ci men t o.1 6

Daí o uso do qua li f i ca t i vo au t o ref erência: a i n o -Qu a dro 6. Arti gos di re ta men te so bre edu ca ção pu bli ca dos por Ca der no es pa ço fe mi ni no (CEF),

Ca der nos Pagu (CP) e Estu dos fe mi nis tas (REF)

Re vis ta Re fe rên cia Au tor(a) Tí tu lo

CEF

(94) v.1, n.1 Sou sa, Vera l. Inter na tos

(96) v.3, n.1/2 Algran ti, Le lam Chris ti ne Pi zan e o li vro das três vir tu des: re fle -xões so bre a edu ca ção fe mi ni na

(96) v.3, n. 1/2 Sou za, Eus tá quia S. de As re la ções de gê ne ro no en si no da Edu ca ção Fí si ca

(96) v.3, n. 1/2 Ve ris si mo, Ma rar A. M. Ima gens fe mi ni nas e mas cu li nas no li vro di dá ti co

CP

(94) n.3 Ri be i ro, Aril da I. M. Mes tres e alu nos do sé cu lo XIX: o Co lé gio Flo -ren ce de Cam pos

(96) n.6-7 Go mes, Nil ma L. Edu ca ção, raça e gê ne ro: re la ções imer sas na al te ri da de

(98) n.10 Ve lho, Lea & Leon, Ele na A cons ti tu i ção so ci al da pro du ção ci en tí fi ca por mu lhe res

REF

(94) v.2, n.3 Hah ner, June Edu ca ção e ide o lo gia: pro fis si o na is li be ra is na Amé ri ca La ti na do sé cu lo XIX

(94) nú me ro es pe ci al Za id man, Cla u de A ad mi nis tra ção es co lar do re gi me mis to na es -co la pri má ria

(94) nú me ro es pe ci al Bou chard, Pi er ret te

O êxi to es co lar das me ni nas em Qu e bec: o sur gi men to de uma nova ide o lo gia de sexo ou o dis -cur so da usur pa ção

(94) nú me ro es pe ci al Cos ta, Ana A. & Sar den -berg, Ce cí lia M. B.

Te o ria e prá xis fe mi nis tas na aca de mia: os nú cle os de es tu dos so bre a mu lher nas uni ver si da -des bra si le i ras

(95) v.3, n.2 Lima, Mar cia H. de Tra je tó ria edu ca ci o nal e re a li za ção só -cio- econômica das mu lhe res ne gras

(95) v.3, n.2 Re ich mann, Re bec ca Mu lher ne gra bra si le i ra: um re tra to

(98) v.6, n.2 Car va lho, Ma rí lia P. Vo zes mas cu li nas numa pro fis são fe mi ni na

(19)

va ção dos anos 1970, nos t er mos f i xa dos como su je i t o objet o de pes qui sa em Ciên ci as Hu ma -nas e So ci a is, deu vi si bi li da de a nós mes mas,

mu lhe res adul t as. Qu an do mu lhe res adul t as bran cas f e mi nis t as abri ram es pa ço para a di ver si da de, ela veio por in t er mé dio de mu lhe res ne -gras e ho mens... adul t os(as).

Além dis so, a in t er pe ne t ra ção en t re o f e mi nis mo como at u a ção mi li t an t e e es t u dos so -bre mu lher/ re la ções de gê ne ro deve ser le va da em con t a, para que se com pre en da est e qua dro, par t i cu lar men t e no Bra sil (Sar t i, 1988; Ro sem berg, 1993). Ist o sig ni f i ca at en t ar para a pe

-que na i m por t ân cia (e po bre za) dada à Edu ca ção na agen da f e mi nis t a bra si le i ra, ca -rac t e rís t i cas com par t i lha das, apa ren t e men t e, com ou t ros pa í ses la t i no americanos (Gon zá -lez, 2000; St rom quist , 1996). Tem sido di f í cil

ao mo vi men t o e t e o ria f e mi nis t as en f ren t ar o de sa f io de in t er pre t ar, si mul t a ne a men t e, u m mo de lo de do mi na ção de gê ne ro e i n di ca do res de es co la ri da de que apon t am igual da de de aces so/ per ma nên cia no sis t e ma es co lar en t re ho mens e mu lhe res ou mes mo su pe ri o ri da de

f e mi ni na, es pe ci al men t e nos pa í ses sub de sen -vol vi dos.

Em sín t e se: est e ba lan ço, am plo em ex -t en são, mas ain da pre li mi nar, so bre a pro du ção de co nhe ci men t os re la t i vos à Edu ca ção, mu lher

e re la ções de gê ne ro pa re ce i n di car pe que no avan ço da dé ca da de 1990 em re la ção à dé ca da an t e ri or. Tal vez essa re t a guar da ain da pou co es t ru t u ra da ex pli que, pelo me nos em par t e, a po bre za das aná li ses de si t u a ção, de agen das e de me t as a se rem at in gi das no pla no das po lí t i

-cas edu ca ci o na is sob a ót i ca da igual da de de opor t u ni da des de gê ne ro.

Nas “ con si de ra ções f i na is” do ar t i go Est u -dos so bre mu lher e edu ca ção: al gu mas ques t ões so bre o ma gis t é rio, Cris t i na Brus chi ni e Tina Ama do (1988) af ir ma ram: “ Ape sar de não t er sido f e i t a uma pes qui sa exa us t i va, pa re ce cla ro, a est a al t u ra, que os es t u dos so bre mu lher e os es t u dos em edu ca ção pou co t êm- se be ne f i ci a do dos co nhe ci men t os acu mu la dos em uma e ou t ra

área” (p.11). E con clu em mais adi an t e:

Boas idéi as não f al t am, o que é pre ci so é que a

eli mi na ção da dis cri mi na ção de gê ne ro seja as

-su mi da como ques t ão pri o ri t á ria por mes t res e

mes t ras, aca dê mi cos e aca dê mi cas, e ela bo ra

-do res(as) de po lí t i cas pú bli cas. (Brus chi ni &

Ama do, 1988, p. 12).

Dez anos mais t ar de, ou t ra pes qui sa do ra, Da ni e la Auad (1998), ao f i nal de sua dis -ser t a ção na qual ana li sou dez ar t i gos pu bli ca dos pe los

Ca der nos de pes qui sa

so bre f or ma ção de pro f es so ras, cons t a t ou “ ca rên -cia” de co mu ni ca ção en t re os en f o ques da Edu ca ção e de gê n e ro.

Apon t ar ca rên ci as e exor t ar sua su pe ra -ção são prá t i cas cons t i t u t i vas do es t i lo

pesquisador(a) en ga ja do(a). Po rém, se com -par t i lha mos al gu m t ipo de ob je t i vo ge ral – no caso, a de mo cra t i za ção da edu ca ção em sua f or mu la ção mais am pl a –, nos sa di men são hu ma na nos co lo ca numa com ple xa t ra ma d e jo gos de po der, de ali an ças e con t ra- alianças,

e de op ções po lí t i cas e t eó ri cas, por ve zes, di -ver gen t es (re a i s ou ca mu f la das) que po dem des f a zer a una ni mi da de. Assim, Pe dro n ão l ê (ou não cit a) M a ria, que não lê (ou não cit a) Jo a na, que pre f e re ler (ou ci t ar) John, que es

-cre veu qua se a mes m a co i sa que João, que não f oi lido (ou ci t a do) por Jo a n a.

Est a cor ren t e da “ má von t a de” pode se hi per t ro f i ar quan do en t re João, Jo a na, John e M a ria dis t ri bu í mos o go ver no e se t o res t éc ni cos da ad mi nis t ra ção pú bli ca, or ga ni za ções in

-t er na ci o na is (ou mul -t i la -t e ra is) e o mo vi men -t o so ci al. Ist o é, at o res so ci a is que par t i ci pam, mais in t en sa men t e que aca dê mi cos(as), da ela -bo ra ção das agen das de po lí t i cas so ci a is.

(20)

no t á ve is, na me di da em que os t em pos de pro -du ção/ in t er ven ção e os es t i los de co mu ni ca ção se dis t an ci am em mu i t o, além das di f e ren ças

en t re pes qui sa f u n da men t al e pes qui sa apli ca -da (t ema apa ren t e men t e mais dis cu t i do nas Ciên ci as Bi o ló gi cas que nas Ciên ci as Hu ma nas). Em ou t ro t ra ba lho (Ro sem berg, 2001),

apon t ei o qu an t o a agen da con t em po râ nea d e me t as e es t ra t é gi as so bre igual da de de opor t u

ni da des de gê ne ro na Edu ca ção t em sido ina -de qua da e i n su f i ci en t e para cer t os pa í ses, como o Bra sil, que apre sen t am igual da de de

aces so e pro gres são para ho mens e mu lhe res (est a úl t i ma com li ge i ro pre do mí nio f e mi ni no), as so ci a da a in t en sa de si gual da de eco nô -mi ca e ra ci al. Como at u ar para su pe rá- la com

pou cas pes qui sas, t ão di s per sas e ca na is blo -que a dos de di vul ga ção?

R e f e r ê n c ia s b ib lio g r á f ic a s

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Referências

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